Brasil de Fato PR - Edição 293

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Esportes | p. 8

Cultura | p. 7 Editorial | p. 2

O futebol que vale Slam das “gurias” Por que a reforma agrária?

Em ano de copa feminina, futebol para em amistoso da seleção masculina

PARANÁ

Batalha de poesia está marcada para o fim de semana

É preciso destinar terras para produtores de alimentos saudáveis

Ano 5 Edição 293 23 a 29 de março distribuição gratuita www.brasildefatopr.com.br

O pior momento da educação

Professores relatam que Curitiba vive crise, com falta de funcionários, baixos salários, turmas lotadas e sem infraestrutura Paraná | p. 2, 4 e 5

Manifestação de professores em Curitiba por melhores condições de trabalho e salário

Opinião | p. 2

Greca abandona a educação municipal

Apesar do discurso, faltam condições e estrutura

Cidades | p. 6

Moradia ou lixão?

Ocupação Tiradentes 2 denuncia impactos de aterro sanitário na CIC

Sismmac
Divulgação

EXPEDIENTE

Brasil de Fato PR

Desde fevereiro de 2016

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 293, Especial Educação Pública, do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM

Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini

COLABOROU NESTA EDIÇÃO

Direção Sismmac

ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio

Mittelbach e Manoel Ramires

REVISÃO Lea Okseanberg

ADMINISTRAÇÃO Bernadete

Ferreira e Denilson Pasin

DISTRIBUIÇÃO Clara Lume

DIAGRAMAÇÃO Vanda

Moraes CONSELHO OPERATIVO

Daniel Mittelbach, Fernando

Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com

REDES SOCIAIS

/bdfpr @brasildefatopr

Terra para quem quer produzir alimentos!

No Brasil, 1% dos maiores proprietários detém quase a metade das terras rurais do país, enquanto os 10% dos pequenos agricultores possuíam apenas 0,2% das terras. Conforme o Incra, há cerca de 100 mil famílias acampadas em todo o Brasil, aguardando a oportunidade de serem assentadas.

São áreas reivindicadas para a reforma agrária, mas que ainda não foram destinadas para esse fim por uma sé-

rie de paralisações, falta de orçamento e vontade política. Os dados do Incra apontam que há 112 mil famílias cadastradas que esperam pela realização da política pública.

A reforma agrária é uma diretriz constitucional e legal, mas as ações tomadas caminharam na direção oposta, ampliando os conflitos rurais, o armamentismo privado de organizações de grandes produtores rurais e a titulação

individual em assentamentos que já estavam consolidados, enfraquecendo a gestão territorial coletiva de agricultores familiares. Se a política não se concretiza, os movimentos sociais e as organizações da sociedade civil têm o direito de lutar pela implementação da reforma agrária, pela agroecologia e pela justiça social no campo, questão central também para a soberania alimentar e a recuperação ambiental.

A sociedade deve lutar pela garantia do direito à educação de qualidade

opinião

Direção do Sismmac, Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba, fundado em outubro de 1988

Curitiba, que completa 330 anos no dia 29 de março. É uma cidade rica, com grande capacidade orçamentária, mas que deixa muito a desejar na educação: há crianças sem vaga em Cmeis, faltam professores e as salas de aula estão superlotadas. Sem professoras em número suficiente, a integridade física das crianças e estudantes está comprometidas. Sem professoras em número suficiente, o processo de ensino e aprendizagem está comprometido!

Em 2014, Curitiba aprovou (antes da gestão Greca) um Plano Municipal de Educação que pretendia avançar no direito à educação das crianças. Esse plano foi construído com ampla participação da sociedade. Mas boa parte dele não saiu do papel e, para piorar, não foram realizadas conferências/encontros com todos os setores da sociedade (pais e mães, estudantes, sindicatos, profissionais da educação, de escolas públicas e privadas) para verificar se este plano estava sendo cumprido.

A atual gestão municipal anunciou que algumas escolas ofertariam Educação Integral já no início do ano

letivo, e depois voltou atrás porque algumas dessas escolas não tinham nem profissionais nem estrutura física para atender a demanda, como banheiros adaptados para as crianças menores e refeitórios adequados.

Enquanto a Prefeitura transfere milhões para as grandes empresas de transporte coletivo, economiza no atendimento das crianças nas escolas. Não podemos aceitar isso.

A educação é um direito constitucional e, para a sua garantia com qualidade, mães e pais precisam estar atentos, participar da vida escolar dos filhos e filhas, estar presentes, conversar com as professoras e diretoras.

Observar se a escola tem boas condições materiais, se o prédio está em condições de atender com segurança; cobrar alimentação de qualidade, se há um número de profissionais suficiente para ministrar as aulas, cobrar dos vereadores e fazer denúncias. Vamos exigir ambientes de aprendizagem bonitos, saudáveis e acolhedores para todos e todas. Nesta edição do Brasil de Fato Paraná, serão apresentados problemas sobre a educação municipal que a gestão do prefeito Greca e da secretária Maria Bacila insistem em maquiar. A comunidade escolar precisa saber a verdade por trás de tanta propaganda enganosa!

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2 Opinião
editorial
SEMANA

EDITAL DE CONVOCAÇÃO

A COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA, AGROINDUSTRIALIZAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DO NOROESTE DO PARANÁ, COPACANP, vem através de seu Presidente, Sr. SIDINEI LEDIO APOLINÁRIO, no uso das suas atribuições que lhe são conferidas pelo Estatuto Social desta entidade e as leis vigentes, CONVOCAR os seus associados, para participar da Primeira Assembleia Geral Ordinária, a ser realizada no dia 31 de Março de 2023 (Sexta-feira), Centro Comunitário do Projeto de Assentamento Milton Santos, s/n, Zona Rural, no Município de Planaltina do Paraná – PR, CEP 87.860-000, às 08:00h em primeira convocação, às 09:00h em segunda convocação e as 10:00h em terceira e última convocação, para deliberarem sobre a seguinte ordem do dia: 1 – Prestação de Contas; 2 – Destinação das sobras apuradas ou rateio das perdas; 3 – Eleição da Diretoria e dos componentes do Conselho Fiscal; 4 - Fixação do valor da gratificação de representação para as funções dos(as) diretores(as) presidente, tesoureiro(a) e secretário(a) da cooperativa. 5 – Quaisquer outros assuntos de interesse social.

Amaporã/PR, 13 de março de 2023.

SIDINEI LÉDIO APOLINÁRIO Presidente

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Entre os maiores

NOTAS BDF

Por Frédi Vasconcelos

Na quarta, 22, o embaixador do Japão no Brasil anunciou que o primeiro-ministro Fumio Kishida convidará o presidente Lula para o encontro que reúne as maiores economias do mundo, em maio, em Hiroshima. O Brasil havia sido excluído dessas reuniões nos quatro anos do governo Bolsonaro. O G7 é composto por países como Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Inglaterra. Entre os temas que serão discutidos estão mudança climática, saúde e desenvolvimento.

Atentados do PCC

A Polícia Federal, junto com forças estaduais, descobriu plano do PCC para sequestrar e matar autoridades como o senador Sergio Moro e promotor Lincoln Gakiya, que atua há anos em investigações sobre a atuação da facção. A PF fez uma série de diligências, foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão, 7 de prisão preventiva e 4 de prisão temporária em Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo e Paraná. Ao menos 9 já foram presos.

Disse o senador Randolfe Rodrigues após a PF ter descoberto planos contra opositores do governo, como o ex-juiz Sérgio Moro, e prendido membros de uma facção criminosa que planejavam atentados

Proteger o adversário

Moro prendeu Lula e é um dos principais adversário do governo federal, mas o ministro Flávio Dino, chefe da PF, destacou que isso não foi levado em conta. “Mostramos como atua uma Polícia Federal que não é aparelhada politicamente, ao contrário do que estão dizendo na internet neste momento. Estão dizendo que a operação tem a ver com política, é o contrário. A PF mostrou qual é a orientação do presidente Lula e do ministério, que é fazer o bem sem olhar a quem”, disse.

As joias ainda não voltaram

Vencido o prazo dado para que o ex-presidente Jair Bolsonaro devolva joias que pegou de maneira irregular do governo da Arábia Saudita, seus advogados oficiaram ao Tribunal de Contas da União para que determinasse onde os objetos deveriam ser entregues. Após resposta do TCU, é esperado que Bolsonaro faça a entrega. O que não impede possíveis processos.

Quanto vale o Porto de Paranaguá?

Com certeza, não é o valor que estão pagando por ele. Em mais uma atitude de entregar o patrimônio paranaense para o setor privado, o porto foi arrematado por apenas R$ 1 milhão na Bolsa de Valores. Isso em suaves prestações de R$ 250 mil. Um negócio fantástico para quem arremata, podendo gerenciar o terminal de armazenamento e movimentação de granéis líquidos no Porto de Paranaguá por 25 anos.

Mas o “negócio à la joia escondida na bolsa” não deve ser entregue de mão beijada à única empresa que quis “assumir o risco” por onde é escoada a safra paranaense. A trava mais uma vez pode acontecer no governo federal. E quem está alertando para o “negócio das arábias” é o deputado federal Tadeu Veneri (PT/PR), que entrou com questionamento na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

A demanda foi levada ao ministro dos Portos, Márcio França (PSB). “O edital afugentou todo enorme universo de potenciais licitantes, em franco prejuízo do interesse público e da violação da nalidade da licitação, que é a de trazer a maior competitividade possível ao certame”. Essa é mais uma ratoeira que o governador Ratinho Júnior terá que explicar.

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“A Polícia Federal deixou de ser de uma facção política e voltou a ser instituição de estado, que combate o crime organizado e defende o cidadão”
SEMANA Geral 3
FRASE DA
Divulgação
Félix Leal | AEN
Félix Leal | AEN

Escolas especiais vêm sendo precarizadas aos poucos, critica sindicato

Unidades sofrem com falta de profissionais e estrutura

Com três escolas especiais, a Prefeitura de Curitiba oferta Educação Infantil e Ensino Fundamental para crianças e estudantes de 4 a 24 anos com deficiência intelectual moderada, associada ou não a outras deficiências ou autismo.

Para o sindicato do magistério municipal (Sismmac) há falta de estrutura adequada, profissionais capacitados e plano de carreira para os professores nas escolas municipais.

Segundo Adriane

Alves da Silva, diretora do Sismmac, a situação é complicada nas escolas especiais e coloca em risco o desenvolvimento e aprendizado dos alunos. “As escolas especiais, durante a gestão do prefeito Rafael Greca, foram sendo precarizadas aos poucos. Com a falta de profissionais, a Prefeitura teve que juntar turmas. E a gente sabe que o limite de estudantes nas escolas especiais é menor do que o regular por conta das especificidades desses estudantes”.

Professores vivem cotidiano de ataque à saúde mental

Adriane ainda cita problemas relacionados à falta de estrutura das escolas e profissionais. “Eles ampliaram as vagas, mas não ampliaram as condições estruturais do espaço, então hoje tem escola especial que não tem quadra coberta, para que possam ocorrer atividades com os estudantes. Outra questão também é estrutura de profissionais, para além dos professores. Tem escola hoje em que há três profissionais de limpeza com uma estrutura grande, para estudantes que precisam mais de perto dessa questão da higiene”, critica.

Outro lado Para tentar resolver o problema da falta de agentes educacionais, a Prefeitura de Curitiba enviou um projeto de lei, aprovado nesta semana, na Câmara de Vereadores, que abre cerca de mil vagas, de nível médio, para atuarem nas unidades de ensino. A Prefeitura de Curitiba foi procurada para saber a respeito das críticas do Sismmac. Até o fechamento desta matéria, não houve resposta.

Desvalorização e sobrecarga de trabalho estão entre fatores que favorecem adoecimento

Lia Bianchini da rede pública e 39,7% de professores dos anos iniciais. Professores da região Sul do Brasil têm maior percentual de avaliação negativa da própria saúde mental. Como agravante, 44,6% dos educadores afirmaram não contar com nenhum suporte profissional para lidar com problemas relacionados à saúde mental.

Salas superlotadas, ausência de profissionais de apoio para os estudantes de inclusão, falta de valorização profissional e de carreira. Esses são alguns dos fatores que contribuem para a piora da saúde mental de professores, segundo relatos obtidos pelo Brasil de Fato Paraná

K*, uma professora que preferiu não ter seu nome divulgado, conta que o dia a dia na sala de aula a fez desenvolver transtorno de ansiedade. “Fui me sentindo deprimida, outras vezes irritada...até desencadear crises de ansiedade, cheguei a achar que estava infartando, num primeiro momento. Só aí fui buscar tratamento. Hoje gasto horrores com isso: remédios, psicólogo”, conta.

O sentimento de desgaste mental causado pela profissão é sentido de forma geral entre professores. A pesquisa “Saúde Mental dos Educadores 2022”, realizada pela Nova Escola, aponta que 21,5% dos professores consideram sua saúde mental “ruim” ou “muito ruim”. A pesquisa foi realizada com 5 mil profissionais da educação de todo o Brasil, sendo 84,6%

K conta que não existe apoio profissional nas escolas de Curitiba para profissionais com questões de saúde mental. “Muita gente já naturalizou nosso adoecimento mental, como se fosse parte inerente da profissão, viver estressado, cansado se tornou normal. Só depois que adoecemos é que fazem algo: encaminhar para a saúde ocupacional”, relata.

O trabalho como profissional do magistério tem um agravante, segundo a professora: a ideia de vocação ou amor à profissão, que deveria superar qualquer tipo de problema que exista no cotidiano. “Parece que admitir que o trabalho nos adoeceu seria um sinal de desamor, reflexo do discurso maternal que ainda cerca a Educação das crianças pequenas”, afirma. Na avaliação da professora, a prevenção do adoecimento mental de professores tem uma única saída: melhorar as condições de trabalho.

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Daniel Castellano | SMCS Levy Ferreira | SMCS
As escolas especiais, durante a gestão do prefeito Rafael Greca, foram sendo precarizadas aos poucos

Para professoras de Curitiba, rede municipal vive o pior cenário que já enfrentaram

Turmas que deveriam ter entre 20 e 25 alunos são autorizadas a funcionar com 35 ou mais.

Salários são baixos, faltam profissionais e há condições de trabalho precárias

Em Curitiba foi debatido e implantado o Plano Municipal de Educação, na Conferência Municipal de Educação, em 2014. Dentre suas diretrizes, a cada três anos as cidades deveriam realizar novo encontro para avaliar o cumprimento das metas. O que não ocorre na gestão de Rafael Greca. Para educadores, isso refletiu na falta de planejamento e no desmonte da educação pública municipal. Além disso, para professoras ouvidas pela reportagem do BDF-PR, o atual cenário é o pior que já viveram. Defasagem salarial, aumento de número de alunos e turmas associado à falta de professores, desvalorização profissional, com a paralisação dos planos de carreira, falta de profissionais para atendimento de inclusão, desmonte da educação integral e descaso com a estrutura física das escolas estão entre os problemas.

Educação Integral sem qualidade

E os problemas vêm se agravando na educação integral, o chamado “tempo ampliado”. “Iniciei minha trajetória numa escola integral. Esse nome foi mudando ao longo dos anos.

Em muitas escolas, a Prefeitura não realizou reformas que pudessem garantir infraestrutura para atender a crianças pequenas

Ana Carolina Caldas Uma professora, que não quis ser identificada, disse à reportagem que nunca viveu, em seus mais de 15 anos no magistério, situação como a atual. “As maiores dificuldades estão na falta de professores. Começaram os contratos PSS (professores temporários) e muitos já chegam desmotivados”, diz. Segundo dados do sindicato dos professores municipais, Sismmac, o ano de 2023 começou com um dos maiores déficits de professores. De 2017 para cá, se aposentaram 3.128 professores e, segundo o Portal da Transparência, hoje há 2.700 professores a menos do que o número necessário nas unidades educacionais. E de 2016 a 2022 não houve concursos públicos.

Ângela Maria de Castro, professora na rede municipal há 27 anos, destaca que hoje Curitiba é também uma das cidades que paga os menores salários. “Não temos hoje um plano de carreira e há defasagem salarial de

DESCASO

Para a pedagoga Milaine Alves Barszcz, que está há 19 anos na rede municipal de Curitiba, a atual situação revela descaso da Prefeitura. “Os professores sempre sofreram com os governantes frente à desvalorização pro ssional. No entanto, o que ocorre atualmente é a mais intensa desconstrução da educação pública, é o sucateamento da escola. Atualmente as unidades educacionais de Curitiba são depósitos de crianças e estudantes, os poucos pro ssionais que ainda resistem tentam fazer a diferença, mas estamos sendo engolidos pela má vontade do prefeito e demais governantes”, analisa.

mais de dez anos. Curitiba é uma das cidades que menos paga, o que leva muitos professores a fazerem concurso em outras cidades”, explica. Para ela, a situação fica ainda mais complicada com o aumento de número de alunos por sala autorizado pela Secretaria de Educação. “Temos um gargalo na educação infantil, que é onde precisa ter um espaço adequado, estrutura e condições humanas para as crianças. A política adotada pela Prefeitura é aumentar ainda mais o número de alunos e turmas. Tem profissional sozinha nas turmas, que deveria ter também auxiliar, tem alunos de inclusão etc.” O Plano Municipal de Educação definiu que o limite de estudantes por profissional e por turma seria, na educação fundamental séries iniciais, de até 20 por turma. No ensino fundamental séries finais, até 25. Porém, a Secretaria aumentou para 35 e 38 crianças, respectivamente.

Outro lado Em nota enviada ao BDF-PR, a assessoria da secretaria da educação diz que o trabalho de contratação de professores é permanente no município e que os contratados começaram a trabalhar nas unidades distribuídas por todas as regionais da cidade, de acordo com a necessidade indicada pela Educação. Leia a íntegra no site www.brasildefatopr.com.br

Conforme a gente vai estudando a educação integral, sabe que esses significados não atingem a educação de uma forma ampla na rede municipal de ensino. As crianças deveriam ter um tempo de qualidade, que desenvolvessem suas habilidades em toda a sua plenitude, mas não podemos ter isso porque nas escolas de Curitiba faltam profissionais, não tem estrutura,” conta Ângela.

Já para outra professora (que não quis ser identificada), o sentimento é de frustração. “Educação integral é a gente trabalhar numa proposta que permita o protagonismo das crianças. Hoje, o que temos são turmas muito lotadas, como nunca visto antes. Fica impossível fazer o atendimento individualizado e várias outras atividades. Temos uma legislação que determina número de alunos por turma, que não está sendo cumprida”, diz.

Segundo o Sismmac, há, além da falta de profissionais, improvisação de refeitórios em várias escolas, ausência de saída de emergências e espaços alternativos para atividades das crianças, que ficam dentro da escola por mais de 8 horas. Para Diana de Abreu, presidente do sindicato, houve total falta de planejamento da gestão Greca. “Apressou-se, neste ano, a fazer a implementação do ensino em tempo ampliado e abriram-se vagas nos Cmeis. Fez isso na urgência, sem ter planejado a estrutura física, material e profissional. Temos nesses Cmeis crianças pequenas sem banheiros adaptados, refeitórios adequados, mobiliário e espaços suficientes. É uma gestão que age na urgência, com ausência de planejamento”, afirma Diana.

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Brasil 5
Divulgação | Sismmac Divulgação | Sismmac

Ocupação Tiradentes 2: uma última fronteira entre a vida, o lixo e o lucro

64 famílias correm risco de reintegração de posse movida pelo aterro sanitário da empresa Essencis

Acomunidade Tiradentes 2, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), lançou a Campanha Fica Tiradentes 2! contra o risco de despejo forçado. A área foi ocupada no segundo semestre de 2021, organizada pelo Movimento Popular por Moradia (MPM), e hoje abriga 64 famílias.

A urgência da campanha se deve ao fato de que, no dia 20 de março, o juiz de direito substituto Paulo Fabrício Camargo solicitou o cumprimento da ação de reintegração de posse e pediu reforço policial. A empresa Essencis Soluções Ambientais SA, gestora do aterro sanitário, que fica ao lado da comunidade, é a autora da ação de despejo. A Essencis é um dos 39 aterros do grupo Solví.

Entidades sociais e ambientais questionam a própria existência do aterro da Essencis, instalado na CIC desde 1997, recebendo lixo industrial e hospitalar, com grave proximidade de áreas como mananciais, represa do Passaúna, moradias e

Casa de Custódia de Curitiba, entre vários pontos.

“A luta da comunidade também é uma luta ambiental e social. Curitiba, que se diz uma capital ecológica, tem um aterro bem no meio da Cidade Industrial, que recebe lixo perigoso. A comunidade vai resistir contra o despejo”, afirma Paulo Bearzoti Filho, dirigente do MPM.

Campanha Despejo Zero Em reunião da Campanha

Parlamentares se posicionam ao lado de moradores

Disputa na região entre aterro e movimentos

1997 Instalação do aterro sanitário da Essencis para depósito de material hospitalar, industrial e demais resíduos sólidos. Perto da represa do Passaúna, local de nascentes e biomas de Mata Atlântica

17 de abril de 2015

Presentes ao lançamento da campanha, as vereadoras Giorgia Prates e Professora Josete (PT) e o vereador Ângelo Vanhoni (PT) expressaram apoio direto à causa dos moradores.

Também compareceram a deputada estadual Ana Júlia Ribeiro (PT) e o deputado federal Tadeu Veneri (PT), todos criticando o histórico da Essencis na região.

Despejo Zero no Paraná, a situação das famílias da Tiradentes 2 tornou-se foco das ações de apoio do mês de março e abril. A ideia é que uma comunidade deve ser ajudada por todas as outras. Ao todo, são onze ocupações recentes em Curitiba e Região, organizadas desde o período da pandemia.

QUANTO?

R$ 1,187 bilhão

Patrimônio líquido total dos controladores da Solví, gerando séria questão entre o direito do lucro ou então das famílias

Cerca de 700 famílias ocupam área ao lado do aterro, uma massa falida da empresa Stirps, sublocada para a Essencis

2016 Tentativa de diálogo do movimento com os órgãos públicos. O pedido de realocação das famílias não tem resultado. A Essencis também não consegue execução do despejo

2021 Nova ocupação, chamada Tiradentes 2, logo abaixo da Tiradentes 1, ocupa terreno diretamente reivindicado pela Essencis

2023 No dia 19 de março, é lançada campanha

Tiradentes 2 Fica! No dia 21, manifestantes vão em frente à Câmara de Vereadores pedir negociação com a Essencis

Exigência de espaço de negociação com a empresa No dia 21 de março, integrantes do MPM, apoiadores e moradores estiveram em frente à Câmara de Curitiba para exigir paralisação do risco de despejo, canal de diálogo com a Essencis e espaço de negociação, mediado pelos vereadores, via comissões.

OUTRO LADO

A reportagem do BdF-PR tentou, por vários canais, locais e nacionais, contato com assessoria de imprensa do grupo Solví. Até o fechamento da edição,não conseguimos. O espaço está aberto para resposta da empresa.

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6 Cidades
Google Maps Casa de Custódia Essencis Ocupação Tiradentes Ocupação Dona Cida Ocupação Nova Primavera Passaúna
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Pedro Carrano

Rapper mineira Brisa Flow participa do Slam das Gurias CWB

Evento acontece há quatro anos em Curitiba com microfone aberto para “manas” e “monas”

Redação

OSlam das Gurias CWB é uma batalha de poesia falada com recorte de gênero, que acontece há 4 anos pelas ruas de Curitiba, de forma gratuita, com o objetivo de promover o protagonismo feminino por meio de uma competição poética onde as rimas de “manas” e “monas” podem alcançar corações e mentes abertas a ouvir poesia marginal.

“Já são quatro anos de resistência, surgimos junto com a Frente Feminista de Curitiba. Somos um movimento de rua, de poesia falada que já acontece há 4 anos em espaços públicos de Curitiba, entre praças, universidades e ruas da cidade. E todo ano fazemos comemoração do aniversário do Slam das Gurias. Cobramos um valor de entrada para fazer essa movimentação de

Dramaturgia e música

uma economia solidária entre mulheres e pessoas trans”, explica Jaqueline Mancebo, umas das artistas fundadoras.

Em 26 de março, acontecerá mais uma edição comemorativa, que contará com a presença da cantora e compositora Brisa Flow, artista mineira defensora da cultura

“Movimentos Sobre a Cidade” é a nova realização da Cia Ilimitada, que reúne três jovens artistas no elenco e uma equipe de criação experiente que tem como foco investigar a criação da dramaturgia e composição musical autoral, a partir da vivência de seus corpos na cidade. Surgiu de forma virtual durante o isolamento, imposto pela pandemia, e teve seu primeiro encontro presencial em uma oficina de dramaturgia, ministrada pelo diretor Marcio Abreu na Biblioteca Pública do Paraná, em agosto de 2022.

Fogo no Mato

O livro “Fogo no Mato, a Ciência Encantada das Macumbas”, de Luiz Antonio Simas e Luiz Runo, foi a principal referência no processo criativo. Ele propõe uma interpretação do Brasil a partir do conhecimento acumulado na macumba e em outros saberes populares. A direção e dramaturgia de Marcio Juliano, com textos de Manuella Prestes, Elton Louis e Noe Carvalho, músicas de Elton Louis, Noe Carvalho e Marcio Juliano.

indígena, que está em destaque na cena do Rap Nacional, tendo sido premiada em 2022 como compositora do ano pelo WME Awards, além de ter o nome confirmado para 2023 no Festival Lollapalooza.

Acontecerá também o show de lançamento do EP “Manifesto” de Jaquelivre, primeiro projeto musi-

Apresentações gratuitas

Além das apresentações abertas e gratuitas no Miniauditório do Teatro Guaíra, de 16 a 26 de março, o projeto também oferece apresentações a alunos da rede pública do Ensino Médio. Na sequência, o espetáculo seguirá em temporada, de 29 de março a 1º de abril, no Teatro da Caixa Cultural, dentro da MOSTRE CURITIBA.

cal solo da artista, lançado no mês de fevereiro e que conta com produção musical de Lucas Bin, Ricardo Cabes e Paola Spena, além de participação de Bernardo Beduino. A programação terá ainda microfone aberto, em que todas as mulheres e pessoas trans poderão se inscrever para apresentar poesias ou outras performances artísticas, com duração máxima de 3 minutos. Como mestre de cerimônias do evento estará a Poeta Gabriela, uma das fundadoras do Slam das Gurias CWB.

Serviço

Quando 26/3, das 15h às 22h

Quanto A partir de R$25. Pelo link https:// www.sympla.com.br/slam-dasgurias-convida-brisa-flow__1914552

DICAS MASTIGADAS | Canjica

1 xícara (chá) de canjica

1 litro de água

1 xícara (chá) de leite Terra Viva

200 ml de leite de coco

½ xícara (chá) de açúcar orgânico

3 cravos-da-índia

1 rama de canela

raspas de 1 laranja-baía mel a gosto para servir amendoim torrado sem casca e picado a gosto para servir

Modo de preparo

Numa tigela, coloque a canjica e cubra com 3 xícaras (chá) de água. Tampe com um prato e deixe de molho em temperatura ambiente por 12 horas. Passado o tempo, escorra a água e transfira a canjica para a panela de pressão, com 1 litro de água, os cravos e a canela. Cozinhe por cerca de 40 minutos. Após o cozimento, adicione o leite, o leite de coco e o açúcar. Volte a panela sem a tampa ao fogo médio. Assim que ferver, abaixe o fogo e deixe cozinhar por cerca de 30 minutos, ou até o caldo engrossar levemente. Desligue o fogo e transfira a canjica para uma tigela. Sirva a seguir, regada com raspas de laranja, mel e polvilhada com amendoim.

Paraná, 23 a 29 de março de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR
Divulgação Reprodução
Cultura 7
FélixLeal|AEN

A torcida pela seleção que vale neste ano

Futebol masculino vai para amistoso sem técnico e nada a disputar. Para as mulheres, vem mundial aí

Frédi Vasconcelos um amistoso com técnico interino, sem um projeto de time, num jogo que não vale absolutamente nada. Só para a CBF ganhar dinheiro.

Ocalendário maluco do futebol brasileiro reserva surpresas. Nesta semana não há futebol na maioria dos estados, já que campeonatos estaduais, a Copa do Brasil e a Libertadores deram um tempo para a Data Fifa. A paralisação, novidade implantada este ano, traz certa crise de abstinência a quem está acostumado a duas ou até três partidas de seu time na semana. Pior, a espera nem vale muito a pena.

No sábado, às 19h, jogam Brasil e Marrocos, em Tânger. A seleção africana tem até seus encantos depois da última Copa do Mundo. O problema é o Brasil, que vai para

O interino Ramon Menezes, campeão do Sul-Americano com a seleção sub-20, não tem nada com isso e vai tocando o barco. A boa surpresa deve ser o atacante Vitor Roque, do Athletico, com a possibilidade de, pela primeira vez, vestir a camisa titular da seleção adulta. De resto há uma mistura de veteranos que disputaram a Copa e novos jogadores. O time que vem treinando tem: Ederson (Weverton), Emerson Royal, Eder Militão, Ibañez e Alex Telles; Casemiro e Andrey; Rodrygo, Lucas

Às Oitavas-de-Final, Verdão!

Vivemos o sétimo ano consecutivo sem participação coxa-branca em torneios continentais, o que magoa a massa alviverde e desestimula a formação de potenciais futuros torcedores e sócios entre crianças e adolescentes. Distante também do G-10 da Série A e frequentando com assiduidade a 2ª Divisão, o Coritiba tem por obrigação fazer bom papel na Copa do Brasil, competição na qual chegou à fase semi nal em cinco ocasiões e avançou à nalíssima duas vezes. 23º do ranking da CBF, precisava da eliminação de sete clubes para ir ao sorteio da 3ª fase no privilegiado “pote dos 16 grandes”. Como isso aconteceu, terá como próximo adversário um time mais fraco. O jogo de ida será no meio da segunda semana de abril, antes da estreia no Brasileiro contra o Flamengo, no Maracanã. O da volta, quatro dias depois de receber o Fortaleza no Couto Pereira pela 2ª rodada.

Paquetá, Vinicius Jr; Vitor Roque. Chama a atenção a falta de um centroavante de ofício.

O que importa Se a seleção masculina está em ritmo de espera, no futebol de mulheres a coisa pega em 2023. A técnica Pia Sundhage fez uma de suas últimas convocações para jogos importantes contra a Inglaterra e Alemanha (leia coluna ao lado). E a preparação segue forte para a Copa do Mundo que será disputada entre julho e agosto na Austrália e Nova Zelândia. Com 32 times, o Brasil começa a disputa por um título que não tem no Grupo F, junto de França, Jamaica e Panamá.

Quem é que vai querer?

“Tenho que ser muito incompetente para entregar o Clube pior do que peguei”. Assim disse o atual presidente do Paraná Clube, Rubens Ferreira, o Rubão, quando assumiu o tricolor. Não queremos aqui julgar a competência dele, tem que ser muito guerreiro para encarar esse desao, mas o fato é que a coisa piorou. No entanto, ele se mantém rme no posto, talvez para provar sua competência até o nal do mandato, que se encerra em 2024. Quem pediu para sair diante das di culdades atuais foi o presidente do Conselho Deliberativo, Renato Collere. Junto com ele, renunciou todo o Conselho, formado por outros quatro integrantes. Collere alegou problemas de saúde, mas admitiu que a desistência também vem da gravidade da situação do Clube. Vale dizer que nenhum dos citados recebe um centavo para coordenar as ações do Paraná Clube. Alguém aí tá a m de assumir o posto?!

ELAS POR ELA

Fernanda Haag Convocação

Estamos em março, ou seja, faltam apenas 4 meses para a Copa do Mundo 2023. A ansiedade cresce a cada dia! Mas para saciar a empolgação, em abril teremos dois jogos da Seleção Brasileira. O primeiro é a Finalíssima contra a Inglaterra. As duas equipes campeãs continentais se enfrentam no dia 6 no Estádio de Wembley. Logo depois, dia 11, no Estádio Max Morlock, em Nuremberg, teremos um amistoso com a Alemanha, que foi vice para as inglesas na Eurocopa. Ou seja, são dois grandes desa os para o Brasil, visando à preparação para o Mundial.

A Seleção passa por um momento de renovação, isso não é novidade, a ideia é ter um time competitivo para a Copa, claro, mas em uma perspectiva mais ampla estamos plantando sementes agora para colher no futuro. A treinadora Pia Sundhage convocou 26 atletas para os dois jogos e a lista conta com estreantes: a goleira Camila, do Santos, e a atacante Aline, da Ferroviária. Infelizmente, as lesões continuam assombrando a Seleção, desfalcando de nomes como Ludmilla, Debinha e Lorena. Mas Marta, que retornou na última convocação, segue rme e de acordo com Pia, mais forte do que antes da lesão.

Goleada em boa hora

Por

A primeira vitória das gurias do Furacão veio em grande estilo. Jogando no CT do Caju, no último sábado, a equipe athleticana goleou o Real Ariquemes – RO por 4 a 1. O placar foi aberto pela atacante Nathália, aos 20 do primeiro tempo. Aos 34, a lateral aís ampliou, em boa cobrança de falta. A atacante ayslane ampliou aos 47, fechando um primeiro tempo esmagador.

No segundo tempo, novamente o problema dos cartões assolou a equipe: Camila Pini tomou o segundo amarelo e foi expulsa aos 13 minutos. No minuto seguinte, gol do Real. Parecia que a história dos jogos anteriores ia se repetir. Mas a equipe conseguiu segurar bem o placar, e aos 40 ainda deu tempo de ampliar com a meio campista Duda. Goleada que chega em boa hora, empurrando o Z4 para longe e mostrando que dá para sonhar alto.

Paraná, 23 a 29 de março de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR 8 Esportes
Divulgação
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