Brasil de Fato PR - Edição 204

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PARANÁ

Ano 5

Edição 204

25 a 31 de março de 2021

distribuição gratuita

www.brasildefatopr.com.br

SÓ PIORA País vive crise social e sanitária

Fotos: Giorgia Prates

Brasil chega a 300 mil mortos. Paraná também bate recordes

Crise permanente

Índice de auxílio emergencial aos trabalhadores é 13% do valor nos EUA. Iniciativa de auxílio em Curitiba não anda pág. 3 e 5

Um ano depois, reportagem conversa com famílias impactadas pela crise econômica e social. As medidas restritivas seguem necessárias, porém governos federal, estadual e municipal não garantem condições para o isolamento social. Solange Aparecida Domingues, por exemplo, precisa do auxílio já que o brechó em que trabalha está fechado.

Um ano depois, trabalhadores seguem sem perspectivas e lutam para sobreviver pág. 4 e 5 Paraná poderia fabricar oxigênio em fábrica fechada por Bolsonaro pág. 6


Brasil de Fato PR 2 Opinião

Brasil de Fato PR

Paraná, 25 a 31 de março de 2021

O país real e o Bolsonaro real

EXPEDIENTE

EDITORIAL

E

nquanto o presidente disse em rede nacional que todas as medidas contra a pandemia foram tomadas, o Brasil alcança o número de 300 mil mortes por Covid-19. O número de mortes chega a 3 mil mortes diárias, índice comparável a uma guerra civil. Bolsonaro prejudica o país. Deve ser removido e punido nos tribunais. Confunde a população. Demora

na aprovação do auxílio-emergencial. Reduz o valor. Não aplicou medidas de isolamento urgentes desde 2020. Não preparou compra ampla de vacinas. Brasil é na verdade o número 73 em aplicação de vacinas por mil habitantes. O que explica uma fala mais moderada de Bolsonaro? A união inicial de seu governo e o “partido Lava Jato”

está desmoralizada, dividindo o campo conservador. O Centrão no Congresso o pressiona por favores. A vida do povo piora. Já Lula, com direitos políticos recuperados, abre um canal entre a esquerda e a população e tem denunciado o governo, que ainda apresenta 30% de apoio, embora sua rejeição aumente desde o final do ano (54%). Tem a retaguar-

Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016

da dos militares e de empresários que cobram a entrega a preço de banana de empresas lucrativas – caso da Eletrobras, Correios e setores da Petrobras. Neste cenário, porém, ações ainda mais autoritárias e conservadoras do governo, por baixo do discurso domesticado, são possíveis e devem ser denunciadas fortemente.

SEMANA

OPINIÃO

EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Robert de Almeida Marques ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www. facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com

Vila Torres e a Covid-19

Robert de Almeida Marques,

Morador da Vila das Torres, estudante de Geografia na Universidade Federal do Paraná, integrante dos Agentes Populares de Saúde – Curitiba

A

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 204 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

“Favela do Capanema”, localizada no Prado Velho, tem sua história iniciada nos anos de 1950. Em 1990 ocorreu a regularização da região, que passou a se chamar “Vila das Torres”. A região possui aproximadamente 5 mil habitantes, sendo que boa parte sobrevive da coleta e separação de materiais recicláveis.

Com a implosão da pandemia de Covid-19 e a paralisação de algumas atividades, a vulnerabilidade socioeconômica (logo, sanitária) intensificou-se na região. Como combate, a medicina preventiva, da família e comunidade, são ainda mais essenciais neste momento e um dos sujeitos que mais protagonizam esse tipo de saúde são os Agentes de Saúde, categoria que sofre com o sucateamento promovido contra o SUS. Com essa defasagem, e com a experiência da campanha Periferia Viva, foi decidida a construção de uma capacitação de Agentes Po-

pulares de Saúde na Vila, ministrado por integrantes de movimentos populares, e da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares. As funções desse agente variam desde a identificação de doenças que afetam a população de sua rua ou quadra, até o repasse dessas informações à Unidade de Saúde para que tome providências. Neste momento de pandemia e de desinformação, esse agente surge como um dos protagonistas do combate a essas duas situações. O primeiro módulo consistiu no resgate histórico e identitário de

reconhecimento como sujeito pertencente à Vila, e no combate às “fake news” e a importância da vacinação. Somado a isso foram feitos vários encontros com o objetivo de ensinar as medidas de combate ao vírus, e as orientações caso alguém apresente sintomas. O grupo responsável por essa capacitação tem por objetivo a implementação do módulo 2 na comunidade, e a expansão da mesma capacitação para outras áreas vulneráveis de Curitiba, principalmente as novas ocupações que surgiram com a pandemia.


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Paraná, 25 a 31 de março de 2021

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FRASE DA SEMANA

“Muito triste ver uma pessoa jovem a ponto de precisar de transplante por usar uma medicação que não funciona”

Auxílio de Bolsonaro representaria 13% do que é pago nos EUA Depois que trocou de presidente, o governo dos EUA mudou sua política em relação ao combate à pandemia. O país está investindo na vacinação da população e nas medidas de restrição da circulação. Por lá, o governo Biden manteve e ampliou o cheque de 1,4 mil dólares que serão entregues a 100 milhões de cidadãos. Já no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro ainda mantém sua política contra o lockdown e desidratou o auxílio dado aos brasileiros. A ajuda dada aos estadunidenses de U$ 1,4 mil representa R$ 7.686 mil. É um cheque que é enviado às pessoas e custará U$ 1,9 bilhão. A medida está dentro da lógica que é preciso salvar a economia e as pessoas ao mesmo tempo. Os EUA estabeleceram como meta de 100 milhões de cheques até 4 de julho. Já no Brasil, Jair Bolsonaro reduziu o auxílio emergencial que chegou a ser de R$ 1,2 mil por família para apenas R$ 375 no máximo. O governo ainda limitou as pessoas que podem receber o auxílio. Com a mudança, um beneficiário, em quatro parcelas, receberá no máximo R$ 1 mil, o que representa 13% pago aos estadunidenses.

Disse, em seu Twitter, o presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), Fred Fernandes. Ele foi solicitado a fazer uma avaliação para uma paciente com hepatite medicamentosa. E postou: “Hepatite medicamentosa por Ivermectina. 18 mg por dia por uma semana. Por Covid leve em jovem... em uma situação que não precisa de remédio algum”, escreveu.

Divulgação

EDITAL DE CONVOCAÇÃO O Diretor Presidente da Cooperativa de Produtores Familiares de Crédito de Carbono do Paraná - COOPERCARBONO, no uso das atribuições que o Estatuto Social lhe confere, CONVOCA seus Associados aptos a votar, para se reunirem em Assembleia Geral Ordinária, que será realizada no dia 30 de março de 2021, no CASARÃO, sito à Rua Paraná s/n, em Querência do Norte - PR, às 13:00 horas, em primeira convocação , com a presença de 2/3 (dois terços) dos sócios, às 14:00 horas em segunda convoca-

ção, com a presença de 50% (cinquenta por cento) mais 01 (um) dos associados ou ainda, às 15:00 horas em terceira e última convocação, com a presença de no mínimo 10 (dez) sócios aptos a votar, para deliberarem sobre a seguinte Ordem do Dia: 1) Prestação de Contas do exercício social de 2020, acompanhado de Parecer do Conselho Fiscal, compreendendo: • Relatório da Gestão; • Balanço Geral (Demonstrações Contábeis); • Demonstrativo das sobras ou das perdas; • Plano de Ativi-

dades para o exercício 2021; 2) Destinação do Resultado apurado do Exercício; 3) Eleição dos membros do Conselho Fiscal; 4) Fixação do valor dos honorários para membros da Diretoria e da Cédula de Presença para Conselheiros Fiscais; Querência do Norte, 19 de março de 2021. Giovani Braun, Diretor Presidente

EDITAL DE CONVOCAÇÃO Da 26ª (vigésima sexta) Assembleia Geral Ordinária, O Diretor Presidente da Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária Avante - Ltda - COANA, no uso das atribuições que lhe confere o Art.35, alínea d, do Estatuto Social, CONVOCA seus Associados que nesta data que somam 231 (duzentos

e trinta e um) sócios aptos a votar, para se reunirem em Assembleia Geral Ordinária e extraordinária, que será realizada no dia 31 de março de 2021, no CASARÃO, sito à Rua Paraná s/n, em Querência do Norte - Pr, às 13:00 horas, em primeira convocação , com a presença de 2/3 (dois terços) dos sócios, às 14:00 horas em

segunda convocação, com a presença de 50% (cinquenta por cento) mais 01 (um) dos associados ou ainda, às 15:00 horas em terceira e última convocação, com a presença de no mínimo 10 (dez) sócios aptos a votar, para deliberarem sobre a seguinte Ordem do Dia: 1) Prestação de Contas do exercício social de 2020,

acompanhado de Parecer do Conselho Fiscal, compreendendo: • Relatório da Gestão; • Balanço Geral (Demonstrações Contábeis); • Demonstrativo das sobras ou das perdas; • Plano de Atividades para o exercício 2021; 2) Destinação do Resultado apurado do Exercício; 3) Eleição dos membros

do Conselho Fiscal; 4) Fixação do valor dos honorários para membros da Diretoria e da Cédula de Presença para Conselheiros Fiscais; Querência do Norte, 19 de março de 2021. Giovani Braun. Diretor Presidente


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Paraná, 25 a 31 de março de 2021

Paraná, 25 a 31 de março de 2021 Paraná, 25 a 31 de março de 2021

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O pior momento da pandemia no Brasil e no Paraná Giorgia Prates

País tem mais de 3 mil mortes em um dia. Paraná e Curitiba, mesmo com mediadas restritivas, sofrem com aumento de casos

Redação

N

a terça-feira, 23 de março, o Brasil registrou pela primeira vez, desde o início da pandemia, mais de 3 mil mortes pela Covid-19 em 24 horas. No mesmo dia, Curitiba registrou 45 mortes, recorde diário. O Paraná também ultrapassou na data 15 mil óbitos, com mais de 800 mil contaminados. Ao mesmo tempo a vacinação continua lenta e mesmo com medidas restritivas, os casos de contaminação e óbitos continuam avançando. Enquanto isso, famílias têm o desafio de sobreviver. Veja relatos de como estão enfrentando este momento da pandemia.

PEQUENO COMÉRCIO IMPOSSIBILITADO

“O povo está comendo madeira do barraco” Condições de vida da população pioram após fim de auxílio emergencial Giorgia Prates e Pedro Carrano No início do impacto da pandemia no Brasil, ao longo de março de 2020, a reportagem do Brasil de Fato Paraná conversou com dez famílias que vivem no chamado Bolsão Formosa, no bairro Novo Mundo, em Curitiba, região de luta por regularização fundiária. O local abriga cinco associações de moradores e diversos barracões de material reciclável. Um ano depois, voltou a ouvir essas famílias, que têm as mesmas incertezas e estão na luta pela sobrevivência: ainda não sabem quando poderão retirar o auxílio, agora na nova versão do governo. Muitas delas enfrentaram nesse período o desemprego, o esgotamento da chance de conseguir renda. Receberam doações e solidariedade. Numa das áreas de ocupação na região sul de Curitiba, a reportagem ouviu a expressão: “o

povo está comendo madeira do barraco”, diante da dificuldade de acesso à geração de renda. Nos relatos sobre a piora das condições de vida, reafirmam que a crise já era grave no início da pandemia, quando medidas sanitárias e econômicas não foram tomadas por parte dos governos federal, estadual e municipal. Agora, em comum, o impacto que a ausência do auxílio emergencial causou. O novo valor, de R$ 175 individualmente, R$ 250 para famílias e R$ 375 para mãe de família é incomparável com os R$ 600 e R$ 1.200 (para mães chefes de família) aprovado pelo Congresso em 2020. Cadastro da Associação de Amigos e Moradores das Vilas Maria e Uberlândia (Amavu) aponta que, de 80 famílias da região, 95% tiveram que recorrer ao auxílio, ferramenta indispensável que alcançou 67 milhões de brasileiros. A crise sanitária se agrava. E o tempo econômico urge.

Um dos relatos mais fortes da conversa no ano passado, de Solange Aparecida Domingues, que já naquele momento, mesmo antes de qualquer medida de governos contra a pandemia, dizia: “O que eu mais queria era o R$ 600, pois vendi a geladeira pra pagar o aluguel”. Solange relata que hoje a dificuldade segue.

Ela afirma que sentiu o impacto do rompimento do auxílio emergencial que tem um brechó infantil, mas não pode abri-lo durante o lockdown. “Às vezes uma ou outra pessoa me procura em casa para comprar, também recebo doações. Tenho um terreno em Araucária, mas fica longe para trabalhar. Tudo muito difícil”, decreta. Giorgia Prates

UBER ENDIVIDADO No início da crise no ano passado, Anderson Amâncio era motorista de Uber, vinha financiando o automóvel, porém a crise “ferrou com todos nós, me fez devolver o carro para o banco, não consegui pagar, desde então tenho feito bicos, está bem difícil, bem complicado mesmo. Como eu sou autônomo ficou bem difícil, as contas são muitas, não dá para pagar tudo, afetou bastante”, lamenta. Sua esposa trabalha em autoescola. “Ganhava por aula e agora ganha menos, está fechado todos os dias”, lastima.

ARRIMO DE FAMÍLIA Quando o problema não é pessoal, é a preocupação com um parente mais velho. Cristiane dos Passos, funcionária terceirizada do Hospital de Clínicas, fala da mãe, Vera, com quem compartilha o terreno de uma casa e que não tem aposentadoria. “Minha mãe acessou o auxílio emergencial porque está tudo muito caro. Agora, compro algumas coisas para minha mãe, pago luz, irmão paga conta de água”, relata. “Os vizinhos também ajudam”, completa. Conta que o marido também conseguiu manter o trabalho nesse período como vigilante terceirizado.

DESEMPREGO E DIÁRIAS A diarista Regina Carvalho convive desde o aprofundamento da crise com o desemprego. Vive com a companheira e o filho dela, sobrevivendo com as diárias que ela e a mãe de Regina fazem esporadicamente. “Estou desempregada, fui em entrevistas, minha companheira faz diárias, uma ou duas vezes por semana. Queremos fazer o cadastro da minha mãe (para o auxílio), mas temos dúvidas quanto ao cadastro. A mãe é diarista, conseguindo às vezes um trabalho, morando em cinco pessoas”, afirma.

Vereador propõe auxílio emergencial em Curitiba Município mais rico da região Sul tem condições de pagar R$ 250 por três meses Frédi Vasconcelos Projeto do vereador Renato Freitas (PT) pretende que Curitiba pague uma “Renda Solidária”, auxílio emergencial para as pessoas inscritas no Cadastro Único do governo federal para quem tem renda de até meio salário mínimo. O auxílio seria de R$ 250 por três meses para cada uma das 127 mil famílias cadastradas na cidade. A ideia é que seja uma renda complementar ao auxílio emergencial do governo federal. O projeto foi proposto no começo de março, com pedido de tramitação em caráter de urgência. Até o momento, apenas seis vereadores assinaram, mas são necessários pelo menos treze para que seja analisado rapidamente no Legislativo. Concordaram com essa tramitação os três vereadores do PT eleitos no ano passado, mais dois do PDT e a vereadora do PV. “O problema é que a base de apoio do prefeito Rafael Greca, que é maioria na Câmara, não parece interessada no projeto, mas estamos trabalhando para ir a votação”, diz Freitas.

Giorgia Prates

Como comparação, o auxílio nos três meses teria impacto de R$ 95 milhões no orçamento da cidade. Cerca de metade do “auxílio” que a base de Greca aprovou para os donos das empresas de ônibus, que pode chegar a até R$ 300 milhões com novo projeto que será votado em breve estendendo a “ajuda”. Esse auxílio às empresas teve tramitação rápida, com a concordância de toda a base de apoio do prefeito, que domina mais de 2/3 dos votos dos 38 vereadores. Qualquer projeto para ser aprovado tem de ter a anuência deles. Essa mesma base aprovou no ano passado um orçamento de R$ 500 milhões para enfrentamento da pandemia. R$ 300 milhões iriam para a saúde e os outros R$ 200 milhões para outras ações, mas estão indo para as empresas de ônibus. “O município mais rico da região Sul pode pagar esse auxílio para que as famílias tenham condições de enfrentar o pior momento da pandemia, com o ‘lockdown’ decretado pelo prefeito”, conclui o vereador.

Álcool em gel fornecido pela Prefeitura de Curitiba é ineficaz contra a Covid-19 Nenhuma das amostras tem concentração de etanol necessária para eliminar o vírus Redação

O

álcool em gel fornecido pela Prefeitura de Curitiba está abaixo da concentração necessária para ser eficaz contra o Covid-19. Esse é o resultado de teste realizado pelo Laboratório Multiusuário de Ressonância Magnética Nuclear da Universidade Federal do Paraná (UFPR) com base em amostras de produtos distribuídos pela administração às escolas municipais. O resultado, que saiu no último dia 18, informa que o percentual detectado nas amostras varia entre 26,65% e 62,33%. Segundo a Anvisa, essa concentração tem de ser no mínimo de 70%. “Isso mostra que os servidores estão complemente desprotegidos e coloca em xeque um dos pilares no protocolo de segurança definido pela Prefeitura para funcionamento dos equipamentos de saúde, assistência social e educação. Entre as amostras analisadas, tem até mesmo um produto com concentração de etanol

menor do que o de uma garrafa de rum ou cachaça”, diz nota divulgada por sindicatos do funcionalismo. Resposta da Prefeitura de Curitiba Por meio da assessoria de imprensa, a Prefeitura enviou a seguinte nota: “A Prefeitura de Curitiba está solicitando informações mais precisas aos responsáveis pela coleta, envio e análise dos produtos em questão, de forma a ter mais subsídios no rastreamento e na checagem dos resultados por eles divulgados. Da forma como o referido teste foi exposto até aqui, não há como localizar os lotes a que se referem os produtos – e, portanto, como averiguar adequadamente o suposto problema apontado. Como padrão, o município segue critérios rigorosos na aquisição de produtos relacionados à Covid-19 e em conformidade com o rito processual definido na legislação federal e nos decretos municipais... (veja a nota completa no site www.brasildefatopr.com.br


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Paraná, 25 a 31 de março de 2021

Aumentam atendimentos para crianças com suspeita de Covid-19 Hospital Pequeno Príncipe pede cuidados redobrados às famílias Divulgação

AULA REMOTA

Ana Carolina Caldas

J

á são mais de 400 atendimentos mensais de casos suspeitos de coronavírus em crianças e adolescentes realizados em 2021 no Hospital Pequeno Príncipe, que é referência em pediatria no Paraná. A média mensal já é maior em comparação ao ano passado: de março a dezembro de 2020, segundo dados do hospital, a taxa de casos confirmados era de 19,3%. Em 2021, somente nos primeiros quinze dias de março, subiu para 40,6%. Apesar do número de internações ainda não acompanhar o aumento de casos e atendimentos, já é possível verificar crescimento significativo. Segundo informações do hospital, a média mensal de internamentos de março a dezembro de 2020 era de 8,4 casos. Em 2021, nos três primeiros meses, a média passou para 13 casos. Desses internamentos, no ano passado, o hospital pediátrico registrou cinco mortes por

Covid-19. Neste ano, uma criança morreu. E, atualmente, 8 crianças com Covid-19 estão internadas no hospital. Descuidos provocam aumento, diz infectopediatra Segundo a assessoria de imprensa do hospital, há aumento na procura no pronto-atendimento nas últimas semanas com o avanço da pandemia. Para o vice-diretor técnico do hospital, o infectopediatra Vic-

tor Horácio de Souza Costa Junior, mesmo com o aumento, ainda nas crianças os sintomas são leves. “É feito no hospital o diagnóstico e a maioria dos casos foi confirmada, tiveram sintomas leves, sem necessidade de UTI e recomendou-se o isolamento domiciliar,” explicou. O médico, no entanto, alerta que o aumento se dá por relaxamento dos cuidados com as medidas sanitárias. “Estes dados são de-

correntes de feriados, férias e viagens, onde os cuidados como distanciamento, isolamento, higienização das mãos e uso de máscaras foram deixados de lado. Somando a esses descuidos, há uma nova variante do coronavírus circulando no Paraná que tem como característica uma maior transmissibilidade e maior poder patógeno. Este cenário justifica também o aumento de casos na faixa etária pediátrica.” Giorgia Prates

Segurança da CoronaVac em crianças e adolescentes Redação A farmacêutica chinesa Sinovac, parceira do Butantan no desenvolvimento da CoronaVac, divulgou na segunda, 22, resultados de testes em fase inicial sobre a eficácia e a segurança da vacina em crianças e adolescentes. Segundo Zeng Gang, pesquisador da Sinovac, os níveis de anticorpos gerados pela CoronaVac em

crianças foram maiores do que os vistos em adultos de 18 a 59 anos e em idosos. O pronunciamento foi feito em uma conferência acadêmica em Pequim, na China. Foram realizados testes clínicos com 500 pessoas, de idade entre 3 e 17 anos, que receberam duas doses médias ou baixas do imunizante ou placebo. A maior parte das reações adversas foi branda. Duas crianças que receberam a dose mais

baixa relataram febre alta, categorizada como grau 3. A dose menor induziu reações de anticorpos favoráveis em crianças de 3 a 11 anos, enquanto a dose média funcionou bem para os jovens de 12 a 17 anos. Os dados preliminares divulgados ainda não foram publicados em periódicos científicos. Os testes em estágio avançado da Sinovac no exterior ainda não incluíram menores de idade.

Com o agravamento da pandemia no Paraná, o Hospital Pequeno Príncipe emitiu uma nota, alertando, especialmente as famílias com crianças. “A diversidade ambiental e étnica do Brasil, tendo a presença de diferentes cepas do vírus circulantes nesta fase incipiente da vacina, cria um ambiente propício e singular para a proliferação de mutações do vírus, de proporções nunca vistas, com impacto social, econômico e ambiental. Sendo assim, recomendamos às famílias com crianças sob sua proteção que ajam com o maior rigor e consciência coletiva possível. Todas essas medidas não só protegerão seus filhos como também seus familiares e o restante da sociedade”, diz a nota. E, ainda, recomenda que, neste momento, as crianças se mantenham em aulas remotas, além de outros cuidados: “evitar o convívio familiar com pessoas que não residem no mesmo local; reforçar os cuidados diários de higiene e desinfecção da casa; não levar as crianças às compras, seja no supermercado, lojas de rua ou shoppings; priorizar o acesso às aulas remotas, retornando às aulas presenciais quando o cenário permitir; manter um ambiente domiciliar tranquilo e acolhedor para que as crianças possam enfrentar a pandemia com a devida proteção de suas famílias, adquirindo a consciência de que as restrições praticadas são por um bem maior.”


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Paraná, 25 a 31 de março de 2021

Com Fafen e Petrobras atuantes, falta de oxigênio poderia ser evitada

Pademia | 7

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Sobrecarga dos profissionais de saúde e falta de equipamentos também seria amenizada Camila Mendes

Giorgia Prates e Pedro Carrano

N

o Brasil de hoje, por um lado faltam insumos, materiais e até mesmo oxigênio medicinal para o atendimento ao número de internados por Covid-19, que é cada vez maior. Por outro lado, o País aprofun-

dou recentemente o desmonte de estruturas produtivas que poderiam estar a serviço da produção e do combate à Covid-19. Essa foi a contradição central exibida pelo programa Brasil de Fato Paraná Entrevista, na segunda, 22, com a participação de Gerson Castellano, trabalhador da Fafen Fertilizantes, de

Araucária, fechada em 2020, que poderia produzir cilindros de oxigênio. Participou também do programa a fisioterapeuta Paula Prates, graduada em Fisioterapia e com pós-graduação em Fisioterapia cardiorrespiratória Neonatal e Pediatria. Paula está na linha de frente no combate contra a Covid em três hospitais com atuações distintas (pediatria, hospital público e um hospital de campanha). O relato da jovem trabalhadora da saúde é fortíssimo. Revela a sobrecarga a que os profissionais são submetidos neste momento em que a pressão se intensifica cada vez mais. “Desde o início, vivemos o problema de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e faltaram máscaras, muitos hospitais fechando no começo por contaminação de seus funcionários. Isso foi acontecendo ao longo de 2020 e ainda hoje os hospitais têm essa dificuldade em EPIs. A criação de hospitais de campanha conseguiu isolar algumas pessoas com sintomas. Ainda faltam medicamentos de sedação, como fisioterapeuta preciso de sedação para a ventilação mecânica”, relata.

Oxigênio não precisaria faltar Levantamento recente de Frente Nacional de Prefeitos (FNP) indica que o oxigênio para pacientes de Covid pode acabar em pelo menos 76 municípios de 15 estados. Em São Paulo, 54 cidades aventam esse risco no começo da semana. No Paraná, foram cedidos 200 cilindros, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), vindos do Amazonas. Castellano aponta como as pre-

feituras de Curitiba e de Araucária e, sobretudo, o governo do Paraná têm sido indiferentes ao apelo de reabertura da Fafen. “O governador justifica que o oxigênio não é o problema, apenas a produção de cilindros”, critica. A unidade de Araucária foi fechada em janeiro de 2020, por decisão da Petrobras no governo Bolsonaro, causando 1.000 demissões diretas, além das indiretas. Por parte da sociedade, relata

Castellano, há forte pressão pela reabertura da planta industrial, o que passa por articulações na Câmara de Vereadores de Curitiba e na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Ao longo da entrevista, vários trabalhadores enviaram mensagem questionando a Petrobras, que poderia ter posição mais atuante no combate à pandemia. “A prioridade neste momento tem que ser a vida”, enfatiza o sindicalista.

FAKE NEWS Ao lado da ausência de estrutura, profissionais na linha de frente no combate contra a Covid apontam a dificuldade de combater preconceitos e criação de notícias falsas, disseminadas entre a população. “Buscamos questionar a pessoa, fazer com que ela entenda apenas a informação – as pessoas não querem acreditar que é uma doença grave, fatal, comprovadamente no mundo. Isso impacta sim na lotação dos hospitais e no tratamento que acaba sendo tardio, mascarando um pouco os sintomas e evolui para algo mais grave”, afirma Paula.


Brasil de Fato PR 8 | Cultura

Biblioteca Pública disponibiliza gratuitamente coleção digital de livros

Por Paulo Venturelli

Pulsar de palavras

Iniciativa comemora 164 anos da instituição. Obras são da editora da instituição Redação

P

ara comemorar o aniversário de 164 anos, completados no domingo, 7, a Biblioteca Pública do Paraná lançou uma coleção digitalizada com todos os livros já publicados pelo seu braço editorial, o selo Biblioteca Paraná, criado em 2011. São mais de 40 títulos, entre antologias de autores paranaenses, resgates literários, coletâneas com entrevistas publicadas no “Jornal

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Paraná, 25 a 31 de março de 2021

Cândido”, obras vencedoras dos concursos promovidos pela BPP e séries como “Um Escritor na Biblioteca” e “Roteiro Literário”. Todas as obras, anteriormente disponíveis apenas em formato físico, agora podem ser baixadas gratuitamente no site da biblioteca. Os Editores O livro reúne 11 entrevistas com profissionais do mercado editorial brasileiro (entre eles nomes como Luiz Schwarcz,

Maria Amélia Mello, Jacó Guinsburg e Ivan Pinheiro Machado). Os bate-papos, originalmente publicados no jornal literário “Cândido” entre 2017 e 2018, são centrados nas transformações ocorridas no setor nas últimas quatro décadas. Além de comentar essas mudanças, os entrevistados relembram fatos marcantes em suas trajetórias e assuntos como educação, literatura brasileira e hábitos de leitura.

Naquela manhã, Yridiu ligou o rádio bem cedo. As notícias reverberaram contra o peito. Fato indefi nido levou -o a consultar as gavetas. Abriu-as uma a uma. Mofadas soltavam no ar apelo arfante. Yridiu apalpou coisas - álbuns, cartões, estatuetas, livros, pedras, canetas usadas, réguas, fitas, fotos-vai-saber-de-quem. Cada lance embalsamado pelo inútil. Artifícios do que se foi. Em meio à bagunça, a fita azul. Lembrou-se de HOLOCAUSTO, Caio Fernando Abreu. Perfeito mal-estar. Entendia o que jamais percebera. Caio morto. O pulsar das palavras alto demais. no arra ro C d e P

Divulgação

DICAS MASTIGADAS

Abobrinha recheada A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr. com.br Ingredientes 2 abobrinhas orgânicas. 2 xícaras do queijo de sua preferência. ½ cebola orgânica.

101 Poetas Paranaenses Com uma produção sempre intensa, a poesia paranaense não poderia deixar de refletir os movimentos que, desde 1853, se alastraram pelo Brasil. É o que fica evidente nessa antologia organizada por Ademir Demarchi. Dividida em dois volumes, a obra faz um recorte da produção lírica do Paraná, apresentando poetas ativos entre a segunda

metade do século XIX e começo do século XXI. Um Escritor na Biblioteca Reunião das entrevistas do projeto homônimo, retomado pela Biblioteca Pública do Paraná após uma interrupção de 26 anos. São quatro volumes, que cobrem o período entre 1984 e 2018. A variedade dos entrevistados que passaram pe-

lo auditório da BPP e estão presentes nos livros é grande. Escritores veteranos e já consagrados, como Mario Prata, Ana Miranda, Affonso Romano de Sant’Anna, Silvano Santiago, Marina Colassanti e João Silvério Trevisan, dialogam com autores mais jovens, como Daniel Galera, Fabrício Capinejar e Angélica Freitas, entre outros.

1 dente de alho orgânico. azeite a gosto. Sal e pimenta a gosto. Queijo parmesão ralado a gosto. Folhas de hortelã a gosto.

Modo de Preparo Preaqueça o forno a 180 ºC (temperatura média). Lave bem a casca das abobrinhas, seque e corte cada uma ao meio no sentido do comprimento. Com uma colher de sobremesa retire o miolo das abobrinhas, deixando-as em formato de canoa. Pique bem o miolo das abobrinhas. Descasque e pique cebola e alho. Em uma panela aquecida, coloque o azeite e refogue o alho e a cebola. Junte o miolo da abobrinha, tempere com sal e pimenta e refogue até ficar bem macio. Transfira o refogado para uma tigela, junte a ricota e misture bem com um garfo. Tempere a gosto, prove e ajuste o sal. Coloque as abobrinhas numa assadeira, com a cavidade voltada para cima. Tempere o interior de cada uma. Distribua o recheio de ricota nas cavidades das abobrinhas e regue com um fio de azeite. Polvilhe com queijo parmesão ralado e leve ao forno para assar por cerca de 30 minutos, até dourar. Sirva salpicado com folhas de hortelã frescas.


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