Boletim Bairro a Bairro, ano 26, nº 4, nov. 2022

Na edição do mês de novembro de 2022 explicaremos o porquê do dia 13 de maio, o dia da Abolição da Escravatura, não ser o dia da Consciência Negra no Brasil. Na Hora da Leitura trouxemos uma escritora mineira excepcional para você descobrir no quadro Quem é?! Além disso, há uma lista de livros do nosso acervo com temáticas ou autores afrodescendentes para você conhecer um pouco mais sobre a cultura e a resistência dos negros no Brasil e no mundo. Para fechar, no Voz & Voto iremos listar algumas leis de igualdade racial do país.

O Boletim Bairro a Bairro é o boletim informativo do Carro Biblioteca do Centro de Extensão da Escola de Ciência da Informação da UFMG na sua comunidade!

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Universidade

Pintura: Danza Africana – Ivey Haies

Projeto Rádio Janela Profª Maria Guiomar da Cunha Frota Profª Marina Cajaíba da Silva Horta

Projeto Voz e Voto Profª Maria Guiomar da Cunha Frota Profª. Marina Cajaíba da Silva Horta

Coordenação do Carro-Biblioteca Profª Marina Cajaíba da Silva Horta

Bárbara Vitória Fernandes dos Reis (Letras), Giovanna Sabadini Franco Ferreira (Letras), Ingrid Ferreira das Dores Andrade (Museologia), Laís Vilaça de Souza Gomes (Letras), Letícia Vitória de Oliveira (Biblioteconomia) e Thainá Soares CoelhoProença(Letras).

Vozes-mulheres

A voz de minha bisavó ecoou criança nos porões do navio. ecoou lamentos de uma infância perdida. A voz de minha avó ecoou obediência aos brancos-donos de tudo. A voz de minha mãe ecoou baixinho revolta no fundo das cozinhas alheias debaixo das trouxas roupagens sujas dos brancos pelo caminho empoeirado rumo à favela.

A minha voz ainda ecoa versos perplexos com rimas de sangue e fome.

A voz de minha filha recolhe todas as nossas vozes recolhe em si as vozes mudas caladas engasgadas nas gargantas. A voz de minha filha recolhe em si a fala e o ato. O ontem – o hoje – o agora. Na voz de minha filha se fará ouvir a ressonância o eco da vida-liberdade.

Quem é essa escritora?

Carolina Maria de Jesus

Conceição Evaristo

Maria Firmina dos Reis

Noémia de Souza

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Charge de Nando Motta

Se tem uma forma divertida de aprender é por meio de um belo jogo!

O jogo AFROMEMÓRIA possui:

48 cartas que são divididas de acordo com as figuras (imagens dos escritores da Literatura Africana e Afro-Brasileira); ficha técnica de cada escritor(a); capa dos livros que se encontram no acervo do Carro-Biblioteca correspondente a cada autor(a) e cartas curingas que dão o poder de duas jogadas consecutivas.

É um jogo da memória bem criativo e fácil de jogar.

O objetivo do jogo é que tanto os autores(as) da literatura negra, bem como seus livros, sejam conhecidos e locados com mais frequência pelos usuários do Carro-Biblioteca, já que o jogo tem como propósito a apresentação e o reconhecimento das imagens dos(as) autores(as) da Literatura Africana e Afrobrasileira de forma rápida, de modo a despertar o conhecimento e o raciocínio entre os participantes.

Bora jogar? Traga seus amigos, crianças e familiares para aprender jogando! Esse jogo possui livros exclusivos! Confira no Carro Biblioteca.

Resposta:

B) Conceição Evaristo Maria da Conceição Brito nasceu aqui, em Belo Horizonte, em 1946. É uma linguista e escritora brasileira muito importante na atualidade. Agora aposentada, teve uma produtiva carreira como pesquisadoradocente universitária. É uma das mais influentes literatas do movimento pós-modernista no Brasil, escrevendo nos gêneros da poesia, romance, conto e ensaio. Dia 29 de novembro Conceição Evaristo fará 76 anos de idade! Viva Conceição Evaristo!

Será que a escravidão foi abolida em 1888?

Até hoje em algumas escolas, é bastante comum aprender que o Brasil foi descoberto pelos portugueses e que a população negra se tornou livre após a abolição da escravidão em 1888. Este lado da história é uma versão do colonizador, a qual ignora processos e lutas daqueles que foram reféns desse sistema escravocrata.

Quando observamos um marco histórico, como é o caso da Abolição da escravatura, muitas vezes compreendemos como um ocorrido pontual e repentino, porém não é dessa maneira que a história acontece. Devemos ter em mente que a história é feita de processos, os quais são moldados a partir de estruturas e rupturas, diz Lucas Tadeu Gomes Ferreira, bacharel em História.

Aliás, foi após outras leis abolicionistas, como a Lei Eusébio de Queirós (1850), Lei do Ventre Livre (1871) e Lei dos Sexagenários (1885) e após a pressão de outros países que o Brasil, através da princesa Isabel, assinou a Lei Áurea, a qual ordenou que os escravocratas liberassem seus escravos. Apesar de ter libertado mais de 700 mil escravos, muitos não tinham como se sustentar e, consequentemente, voltavam para

VOCÊ SABIA? VOCÊ SABIA?

a escravidão ou se sujeitavam a salários baixíssimos para sobreviver. Além disso, com o passar dos anos, migraram para lugares que nenhuma pessoa com condições financeiras queria morar, como cortiços, morros e, chegando aos dias atuais, às favelas.

É por esse motivo que não comemoramos o dia da Abolição da Escravatura (dia 13 de maio), como o maior símbolo da luta negra. Ao contrário disso, escolhemos o dia 20 de novembro em homenagem ao Zumbi dos Palmares, um líder dos quilombos. Dizem que ele faleceu em 20 de novembro de 1695, por isso a data comemorativa. Assim, é possível concluir que a abolição não se deu, na prática, em 1888 e isso demorou bastante para ocorrer em nosso país. Afinal, quantas leis você conhece que não são colocadas em prática? Leia o Voz & Voto a seguir para saber cobrar de seus representantes a efetivação de leis que contribuem para a garantia dos direitos civis da população negra no Brasil.

O 20 de novembro foi incluído no calendário escolar nacional em 2003, porém, apenas em 2011, a então presidenta Dilma Rousseff (PT) sancionou a Lei 12.519 que instituiu oficialmente a data como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. No entanto, para ser decretado feriado, cada estado ou cidade brasileira precisa aprovar uma lei regulamentando o feriado. (CUT, 2021)

LEIS DE IGUALDADE RACIAL LEIS DE IGUALDADE RACIAL

NO BRASIL NO BRASIL

Apesar da maioria da população brasileira ser negra, os negros são os que menos ocupam cargos políticos. Isso ocorre devido ao racismo estrutural da sociedade e a falhas de políticas públicas. Como exemplo, tivemos alguns candidatos se aproveitaram da Lei de Cotas para "trocar de cor" nas últimas eleições. Portanto, é preciso ficar vigilante para que as leis de igualdade racial sirvam para o seu verdadeiro fim. Vamos ficar atentos às leis? Deixo aqui uma lista para você garantir seus direitos.

A lei 1390/51 (1951), conhecida como “Lei Afonso Arinos”, proíbe qualquer tipo de discriminação racial no país. Sua aplicabilidade não demonstrava qualquer eficácia, visto que as punições não eram aplicadas, mesmo em casos claros de discriminação.

A “Lei Caó”, de 1989, tipificou o crime de racismo no Brasil. Hoje, esse crime é imprescritível e inafiançável no país. Além da “Lei Caó”, há a injúria racial (Art. 150, CP), utilizada nos casos de ofensa à honra pessoal, valendo-se de elementos ligados à cor, raça, etnia, religião ou origem.

No caso da inclusão dos negros no sistema educacional brasileiro, foi criada a Lei 12.711/12, que determina a criação de cotas em universidades públicas para a população negra.

Para maior presença no campo de trabalho, foi determinada, também, uma cota relacionada a concursos públicos, através da Lei 12.990/14. 20% das vagas oferecidas nos concursos são destinadas aos negros.

RECEITA DO MÊS RECEITA DO MÊS

Você conhece a polêmica história da feijoada? Há uma versão que diz que ela surgiu nas senzalas, onde as pessoas escravizadas aproveitavam os pedaços de porco que os senhores jogavam fora, como pés, orelhas e rabo, e misturavam no feijão preto.

Outra versão conta que os portugueses já tinham o hábito de fazer o prato, como um cozido. Quando os africanos passaram a prepará-lo aqui no Brasil, acrescentaram a farofa e a laranja. Então, o prato se popularizou no Rio de Janeiro e hoje cá estamos, fazendo uma feijoada mineira!

Essa feijoada que vou lhes ensinar é simples e não requer tantos tipos de pedaços de carne. Bora aprender?

Feijoa

Ingredientes:

1 copo de feijão preto 2 gomos de paio em rodela 1 gomo de calabresa em ro 200 gramas de bacon picad 3 folhas de louro 3 dentes de alho cebolinha Cozinhe o feijão preto por 15 minutos após pegar pressão. Enquanto isso, fervente por 10 minutos as linguiças e o bacon em água para tirar o excesso de sal.

de preparo:

Escorra a linguiça e o bacon já fatiados e ferventados. Em uma frigideira frite o bacon - isso o deixará mais saboroso. Reserve quando estiver douradinho.

Frite as linguiças (calabresa e paio) também até dourarem e reserve. Após o cozimento do feijão por 15 minutos, retire a pressão e coloque o bacon e as linguiças já fritos.

Na mesma frigideira usada, frite o alho junto com as folhas de louro e, na sequência, adicione-os no feijão.

Dica: Frite o alho e o louro na frigideira para ativar os sabores. Mexa bem e deixe na pressão por mais 15 minutos, sempre contando o tempo após começar a chiar o pino. Após o tempo indicado, retire a pressão e deixe ferver por 10 minutos em fogo alto para o caldo engrossar. Adicione a cebolinha picada para finalizar e, se necessário, acerte o sal.

O Acervo de Escritores Mineiros (AEM) é um espaço permanente de exposição e pesquisa que abriga acervos e coleções de livros, documentos e objetos de escritores, artistas e personagens de destaque na história literária e cultural de Minas Gerais e do Brasil.

Um dos programas mais famosos do acervo é o Encontro Marcado. Já fui no encontro com Leila Ferreira e outro com Ricardo Aleixo em 2019 e vale muito a pena! Fique ligado no site e no YouTube para não perder as atividades do Acervo e para ver os encontros antigos, que são muito bons!

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Movimento Negro no Brasil: <https://www.politize.com.br/movime nto-negro/>

Receita do mês: <https://www.tudoreceitas.com/receit a-de-feijoada-simples-e-barata7191.html>.