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A corrida OURO do

IMPONENTE!

Ao lado: o costado apresenta dois grandes estabilizadores, amplas janelas e linhas ousadas; Abaixo: vista do solário de popa

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O dourado iate de 161 metros Khalilah foi, sem dúvida, o mais comentado durante o Boat Show de Miami. Ele estava ancora-do em uma casa particular no Indian Creek Wa-terway, a poucos metros da feira, e não fazia parte do showcase de milhões de dólares. Mas a sua qualidade escultural abstrata, acabamento dourado e perolado com detalhes em metal e preto fizeram dele uma atração inevitável.

Na água, a SuperSport é elegante e esportiva, com uma longa proa terminando em uma curva ascendente. Acima, no deck, nada é revelado - ausência de tenders ou guindastes, sem âncoras ou guinchos. Apenas perceptível abaixo da superfície da água, quando o iate repousa no píer, é um detalhe do corta-ondas, concebido para separar a água.

Este barco em fibra de carbono exala o melhor do estilo automotivo com genes da Palmer Johnson. O sundeck se junta com o perfil do cas- co e o para-brisa inclinado camufla o pilothouse em um arco que termina no convés principal, perto da popa. Não há superestrutura elevada, uma característica que o estaleiro tem evitado há muitos anos.

Visto da terra, o iate oferece uma perspectiva muito diferente e revela sua escala imponente (são 53 metros de altura, a partir da linha d’água). O deck principal da popa aproveita a parte mais larga do casco. Isso porque logo abaixo estão dois estabilizadores projetados para dar uma incomum estabilidade. Após uma olhada mais de perto, é possível verificar que essas abas possuem portas quase imperceptíveis construídas logo acima para permitir que a tripulação descarregue os tenders e outros brinquedinhos de água. Visto de dentro, eles ajudam a expandir o espaço de armazenamento de forma significativa. Duas garagens laterais, uma com um mini posto de combustível, guardam um tender de 23 pés e três motos-aquáticas em espaços individuais protegidos por porta de vidro. Com pelo menos três funções diferentes, os estabilizadores são uma parte integrante do projeto e, mais notadamente, quando oiate está ancorado, contribuem em grande parte para a sensação de espaço a bordo.

O convés de popa dá a sensação de ser maior do que realmente é (nada que os 360 metros quadrados já não sejam o suficiente). Para potencializar esse efeito, no salão principal há o uso extensivo de vidro, o que abre vistas em todos os lugares que olhar. Sentado na área de refeição ou deitado sobre os grandes sunpads, você ainda pode desfrutar de vistas panorâmi -

A Utiliza O Predominante De Grandes Vidros Potencializam A Entrada De Luz Natural E Privilegiam A Vista A Bordo

cas. Painéis de vidro bloqueiam a ação do vento de forma eficaz, mas não interrompem a vista. A estrutura do costado também recebe grandes janelas panorâmicas. “Elas são maiores do que no barco de Steve Jobs [Feadship Venus]”, disse Timur Mohamed, dono do estaleiro.

Cada painel é encaixado sem batente, para não interromper a visão, por todo o nível do salão (22 pés x 7 pés). O estaleiro trabalhou com especialista em vidros da Nova Zelândia, Glasshape. Cada painel é feito com duas camadas de vidro laminado e uma camada intermediária de resina que refrata o calor. Com uma polegada de espessura, pesa mais de uma tonelada. “São as maiores janelas já instaladas em um superiate nos Estados Unidos”, disse Andrew Forrest, diretor da Glasshape na América do Norte.

Isso por si só ilustra o grau de esforço e inovação envolvidos nesta nova série. Ele vem sendo desenvolvido desde 2010, quando Mohamed recebeu um projeto que serviria como ponto de partida para um iate capaz de agitar as coisas no mundo conservador do iatismo. “A intenção do projeto tinha uma meta clara e corajosa desde o início: criar um superiate que não comprometesse a velocidade, eficiência, conforto e espaço. Uma vez decidido os elementos exteriores, juntamente com a nova forma do casco, o próximo passo foi trabalhar o design, tecnologia e desempenho”, disse.

Foram horas de pesquisa e desenvolvimento dos primeiros modelos de projeto, produzidos internamente.

“Foi um projeto de alto risco”, disse Mohamed, que admitiu gostar desse tipo de desafios. Um segundo casco, vendido no início deste ano, está em construção.

Com esse primeiro SuperSport, um iate de deslocamento total, capaz de atingir 30 nós, ele pode, de fato, ter alcançado seu objetivo. “Trinta nós em um casco de deslocamento simplesmente não acontece”, diz ele. Em fevereiro, pouco antes de ir para a Flórida, o GPS do iate registrou 29,9 nós.

Graças à arquitetura naval (com popa e proa que perfuram as ondas) e o material utilizado na construção (composto de carbono, que representa uma economia de peso de cerca de 22 toneladas, em comparação de alumínio de acordo com estimativa do próprio PJ), o SuperSport

A PEDIDO DO PROPRIETÁRIO, A DECORAÇÃO DEVERIA SER ALEGRE, ASSIM, O SALÃO PRINCIPAL TRAZ

UMA ACONCHEGANTE MISTURA DE TONALIDADES. DESTAQUE PARA

OS GRANDES VIDROS LATERAIS E

O LUSTRE EM FORMA DE POLVO

NAS PRIMEIRAS MEDIÇÕES, O DOURADO IATE ATINGIU OS 30 NÓS. ELE É EQUIPADO COM DUPLA MOTORIZAÇÃO

DIESEL MTU M94S, COM 5.200 HP

48 precisa de uma força relativamente modesta para alcançar uma velocidade considerável. Assim, dois motores diesel MTU M94s 16V com potência de 5.200 HP equipam o barco (para ter uma comparação, iates de tamanho similar necessitam do dobro de potência e motores maiores para atingirem velocidades semelhantes).

O estaleiro Palmer Johnson já trabalha com inovação há muitos anos. Na década de 1960, ele deu um grande passo a frente de seu tempo quando começou a construir rápidos veleiros com estrutura em alumínio. Anos depois, ampliou o leque para o segmento de megaiates, em cooperação com a empresa italiana de design Nuvolari Lenard. Na verdade, o que despertou o interesse de Mohamed em adquirir a empresa foi o lançamento da série inovadora, em meados da década de 2000: o primeiro PJ120 Cover Drive foi o seu iate. “É tudo parte da história PJ. Desde Fortuna (um modelo de 100 pés construído para o rei de Espanha) para as Sportyachts, até a série SuperSport, o estaleiro sempre criou iates de performance com estilo dinâmico à frente do mercado”, disse Mohamed.

Para construir o maior iate privado em composto de carbono, o estaleiro buscou ajuda do estaleiro norueguês Brødrene Aa, reconhecido mundialmente por trabalhar com esse material desde a década de 1970. Assim, o casco e a superestrutura montados, com motores e drives nos respectivos lugares, viajaram da Noruega até Wisconsin no final de 2013, e os trabalhadores da PJ instalaram toda a mecânica, eletrônica e construíram o interior personalizado para as necessidades do proprietário.

Este proprietário queria um interior simples, porém divertido. Talvez isso explique a espiral de luzes LED embutidas no teto acima do hall de entrada e um polvo de vidro utilizado como lustre. O layout apresenta um salão principal maior, uma cozinha em um piso um pouco mais abaixo e uma suíte máster palaciana que ocupa toda a boca do iate na popa do convés principal. Khalilah tem um layout diferente de acordo com a vontade do seu proprietário. A cozinha, um espaço contemporâneo e sedutor com janelas, traz eletrodomésticos em aço inoxidável e armários em madeira no tom laranja. Duas suítes do proprietário (praticamente idênticas em tamanho) estão mais a frente, se beneficiando de excelentes vistas através de vigias verticais.

CONVÉS PRINCIPAL

A praça de popa do Khalilah foi beneficiada graças à grande largura do barco. Uma decoração clean, porém, com muito luxo

As cabines de hóspedes, incluindo uma cabine VIP decorada com tapetes macios e confortáveis, estão no convés inferior. Cada uma tem um esquema de cor diferente, uma decoração altamente personalizada com mármore e mosaicos coloridos nos chuveiros, que exigiu um grande trabalho dos artesãos da PJ. As cabines da tripulação (quatro duplas e uma single para o capitão) estão à frente, com um refeitório exclusivo para eles. A utilização inteligente de claraboias permite a entrada de luz para os decks inferiores.

A pilothouse, acima do convés principal, é espelhada e extremamente tecnológica. Tudo lá dentro foi concebido, montado e construído com painéis de controle da Praxis Automation Technology. O amplo para-brisas oferece uma sur- preendentemente vista, apesar da inclinação. Uma segunda cabine, de menor tamanho, está no sundeck, acima.

O iate tem um mastro de navegação, mas ele fica escondido no interior do iate quando não está em uso. A única indicação de que há algo lá é a forma arredonda na teca, a frente dos sunpads, na proa. Um sistema pneumático permite levantar o mastro. Abrindo uma escotilha camuflada pela teca, uma escada revela uma sala onde ficam os tripulantes que supervisionam as operações de atracação do iate. Duas âncoras saem verticalmente do fundo da sala.

Praticidade ditou a maioria das decisões do estaleiro para a parte técnica, desde a escolha do material de isolamento acústico (dynamat, um produto aplicado em automóveis e residên -

Uma Tecnol Gica Cabine De Comando E Sala De M Quinas Com Detalhes

EM DOURADO NOS MOTORES. ESSE É KHALILAH!

cias) até dos geradores Kohler, muito usado no segmento. Mas quando você pretende provocar uma reação emocional e criar uma forte ligação do proprietário com o seu iate, os detalhes contam. Nesse caso, o dono do Khalilah claramente tem atração pela cor dourada, que é possível encontrar até na sala de máquinas e um acabamento nos blocos dos motores MTU.

Ouro sugere glamour e confiança, mas também coragem e paixão. Vamos esperar que o dourado Khalilah também traga prosperidade para que o estaleiro americano continue construindo iates desse nível.

KHALILAH NÃO PARTICIPOU DO MIAMI BOAT SHOW, MAS CHAMOU A ATENÇÃO DE TODOS QUE ESTIVERAM

A praça de popa apresenta um imenso solário, um grande sofá e mesa para refeições

Comprimento:

160’8” (49 metros)

Boca: 36’ (11 metros)

Calado:

6’9” (2,1 metros)

Tonelagem bruta: aproximadamente

490 GT

Motorização:

A cabine de comando é um show à parte. Espelhada e extremamente tecnológica

No deck inferior estão mais quatro cabines VIP

A suíte máster está no deck principal e ocupa toda a boca da embarcação

PALMER JOHNSON - KHALILAH

2 x MTU 16V 2000 M94

2.600 hp

Velocidade (máxima / cruzeiro): 30 nós / 28 nós

Autonomia: 1.500 milhas náuticas a 24 nós

Geradores: 2 x Kohler 80 kW

Tanque de combustível: 30 mil litros

Tanque de água doce: 6 mil litros

Tanque de águas negras: 4.500 litros

Proprietário

+convidados: 12 pessoas

Tripulação: 9 pessoas

Construção: composto de carbono

Arquitetura Naval: Palmer Johnson

Design Exterior: Palmer Johnson

Decoração: Palmer Johnson / proprietário

Construção / ano: Palmer Johnson / 2014 Sturgeon Bay, Wisconsin, EUA tel: (920) 746-6342 info@palmerjohnson.com www.palmerjohnson.com