ricamente, em suas pinturas-como, por exemplo, em Ready, steady, go [Aprontar, preparar, largar], de 1990, onde ele transpõe as atividades desinibidas de workshop do grupo "Rosebud" e entra no espaço abstrato e prazeiroso de uma pintura feita por sua colega Angela Brennanutilizando as técnicas aprendidas na psicoterapia em grupo. Querdizer, usando o que as pessoas conhecem como resultado daquilo que já vivenciaram para explorar conceitos mais amplos, desdobrar sua estrutura em vários outros meios cooperativos-os quais ele não cria, mas dirige, juntamente com sua sóciaJacqueline Riva: um grupo de projeto (A constructed world) [Um mundo construído], um fanzine de arte (ARTFAN), e um vídeo coletivo (Scenes from the Whipstickforest. .. ) [Cenas da floresta Whipstick ... ]. Por intermédio do ARTFAN, um projeto desenvolvido por Aconstructed world e publicado pelo próprio grupo desde 1993, Lowe e Riva procuram restabelecer as comunicações entre o mundo da arte e o mundo exterior, extraindo insights e impulsos sobre a arte de uma grande variedade de vozes concorrentes. Cada exposição ou nova edição é apresentada em cerca de cem palavras porquatro pessoas-um crítico, um artista, um indivíduo de profissão não-correlata e um leigo no mundo das artes, que representa o público em geral. Enquanto reconhece que "a reação à arte é seu maior capital"11, a ARTFAN se esforça para equilibrar a voz do observador-avaliador, estimulando várias outras opiniões sobre a aparência da arte e a própria experiência da observação. Scenes from the Whipstick forest ... , uma série de "sketches" filmados em vídeo, também é feita "para o momento da experiência real de se juntar pessoas só para ver no que dá". Com uma câmera de vídeo doméstica, ferramenta "ágil, presente, democrática, de fácil manejo para o indivíduo ou grupo, barata e divertida~', que utiliza relativamente sem talento ou perícia, Lowe filma performances coletivas na paisagem ilimitada e caprichosa, na procura de seu caminho de retorno para o que é o não conhecer. "As pessoas fazem um monte de coisas frente à câmera: cantam, tiram suas roupas, revelam algo secreto. Parecem incorpóreas ou em estado de graça, abençoadas ou radiantes, melhores no vídeo do que na pintura, de alguma forma mais meigas, efêmeras, mais presentes, mais desejáveis. Mas, no caso da paisagem, é necessário conhecer a iluminação disponível, os ângulos etc., para se conseguir alguma sensação de 'estar ali', caso contrário ela parecerá plana, sem nuances e 'unidimensional', desprovida de características de paisagem. O vídeo é como uma pintura, na medida em que você tende a aprender.sobre o mundo enquanto testemunha algo que pode ser representado ... alguns sentimentos não se dão a ver, precisam ser significados."12 Todos os meios que o grupo A constructed world utiliza em seu repertório são adotados com o propósito de oferecer múltiplos pontos de entrada em tópicos comuns ao coro de vozes que constitui a comunidade de artistas e amadores, em constante evolução, trabalhando em torno de Lowe. Imagens e opiniões de pessoas famosas ou comuns competem lado a lado, fantasias e fatos vivenciados flertam e entram em conflito mútuo. Assim, a imaginação de Lowe se recoloca no mundo exterior que usa como cenário, "uma cena temporal solta, onde a história acontece e a cu Itu ra se forma"13. "Sem pre tive enorme confiança no local, e não no país ou estado, pois ele representa a oposição ao domínio da cultura mundial, uma vez que advém da repetição de suas próprias experiências. Locais poderão ser bons ou maus, porém são verificáveis. Você constrói um senso de lugar com base naquilo que acontece com você" .14 Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós ... Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaual. .. Contra a realidade social, uestida e opressora, cadastrada por Freud ... Fascinante e enigmática, Up in the sky [Lá no céu] (1997), a fuga fotográfica de Tracey Moffatt, traz evocações obscuramente religiosas da interpenetrabilidade entre indivíduo e paisagem. Moffatt explora seu "coração de trevas"-aquilo que não conhece-numa queda livre, a alta definição controladora de sua visão artística que lhe permite relembrar, repetidas vezes, aqueles poucos momentos de ansiedade proibida necessários para o clic perfeito enquanto se posta, em segurança, detrás da lente.
48 XXIV Bienal "Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros."