19ª Bienal de São Paulo (1987) - Exposição: Marcel Duchamp

Page 62

conseqüência de um sentimento inconsciente de culpa (quando está envolvida a castração), assim como do esforço para alcançar uma personalidade integrada, em termos junguianos, de realizar a individuação, quando está envolvida a androginia. Em Compromissos Para a Roleta de Monte Carla, o Celibatário assume um aspecto de fauno, enquanto que no Procurado ... , além de ser um transgressor da lei, também assume, novamente, uma identidade feminina (a última linha do cartaz especifica que o criminoso é também conhecido como Rrose Sélavy). Porte, 11, Rue Larrev (Porta, Rua Larrev, 11), de 1-927, é outro item que ilustra a "liberdade da indiferença" de Duchamp e sua rejeição às soluções precisas. "Não há solução porque não há problema." Jean van Heeckeren e Jacques-Henry Lévesque comentaram esse item pela primeira vez em 1933: "No apartamento que Marcel Duchamp construiu inteiramente por conta própria, há, no estúdio, uma porta de madeira natural que dá para o quarto. Quando essa porta se abre para que se entre no quarto, fecha a entrada para o banheiro; e quando aberta para que se entre no banheiro, fecha a entrada para o estúdio; está pintada de branco num dos lados, como o banheiro. 'Uma porta deve estar aberta ou fechada', pareceu-me sempre uma verdade insofismável; mas Duchamp conseguiu construir uma porta que ficava ao mesmo tempo aberta e fechada" . 50 Portas, em geral, representam uma ambigüidade fundamental, uma síntese de chegadas e partidas. Duchamp observou que a porta deriva seu nome de Jano, de dupla face. 51 E 8achelard observou que há dois seres na porta.

l

:1 ~

I

II11 J

~

~

Fechadura de Segurança com Colher/Verrou de SOreté à la Cuiller, 1957

60

Porta: Rua Larrev, lI/Doar: 11, Rue Larrev, 1927, réplica de 1963


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.
19ª Bienal de São Paulo (1987) - Exposição: Marcel Duchamp by Bienal São Paulo - Issuu