33ª Bienal de São Paulo (2018) - Catálogo de registro / Catalogue of the exhibition

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bruno moreschi

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LAURA COSENDEY: Seu trabalho tem a particula-

LAURA COSENDEY: Your work has the particularity

ridade de se desenvolver ao longo da Bienal, de se

of being developed over the course of the Bienal, of

alimentar justamente do que ainda vai acontecer,

being fed precisely by what is still going to happen,

e contaminar o arquivo oficial da instituição. Como

and directly “contaminating” the institution’s official

você encara essa forma de trabalhar?

archive. How do you see this way of working?

BRUNO MORESCHI: Encaro como um convite para

BRUNO MORESCHI: I see it as an invitation to

pensar a Bienal de uma maneira não tradicional. Quatro perguntas nos interessam: o que é presença hoje? O que as pessoas não especializadas têm a dizer? O que reverbera (do prédio para o resto do mundo)? O que fica? São perguntas propositadamente amplas. Gosto de lembrar à equipe que trabalha comigo (o pesquisador Gabriel Pereira, a produtora Nina Bamberg, o programador Bernardo Fontes e o designer Guilherme Falcão) que não precisamos provar nada. Queremos reunir o resultado de experiências que não são aquelas que costumam constituir um arquivo oficial. Uma imagem me orienta desde o início: no futuro, alguém chega à Bienal para estudar a 33ª edição e se depara com o arquivo oficial esperado, mas também com outro conjunto de documentos, que são fruto de nossas ações. Gosto de imaginar que isso pode ser um convite para esse pesquisador. “Olha, você também pode incluir em sua pesquisa esse modo experimental de construir o passado, ressignificá-lo ainda mais, não se contentar apenas com o ontem formalizado da maneira esperada.”

think about the Bienal in a nontraditional way. We are interested in four questions: what is presence today? What do the nonspecialized people have to say? What reverberates (from the building to the rest of the world)? What stays? These are purposefully broad questions. I like to remind the team that works with me (researcher Gabriel Pereira, producer Nina Bamberg, programmer Bernardo Fontes and designer Guilherme Falcão) that we don’t need to prove anything. We want to gather the result of experiences that are not those which normally constitute an official archive. An image has guided me since the outset: in the future, someone arrives at the Bienal to study the event’s 33rd edition and comes upon the expected official archive, but also upon another set of documents, which are the result of our actions. I like to imagine that this could be an invitation for that researcher. “Look, you can also include in your research this experimental way of constructing the past, re-signifying it even more, not being satisfied only with the yesterday formalized in the expected way.”

Como essas ações se afastam do convencional?

How are these actions different from the

Elas têm em comum a característica de ampliar os discursos oficiais construídos e propagados pela curadoria e a instituição durante a 33ª Bienal. Para além dessa oficialidade, há uma série de outras compreensões possíveis. Para ficar só em alguns exemplos: o que os guardas e o pessoal de limpeza, que convivem diariamente com a arte exposta ali, têm a dizer sobre a mostra? Leituras alternativas também são produzidas quando as imagens e os textos da 33ª Bienal (e de outras edições) são interpretados por Inteligências Artificiais (IAs) não totalmente treinadas para entender o sistema da arte.

conventional?

They share in common the characteristic of enlarging the official discourses constructed and disseminated by the curatorship and the institution during the 33rd Bienal. Beyond this official viewpoint, there is a series of other possible understandings. To give just a few examples: what do the guards and the cleaning staff, who live daily with the art displayed there, have to say about the show? Alternative readings are also produced when the images and texts of the 33rd Bienal (and of other editions) are interpreted by artificial intelligences (AIs) not totally trained to understand the art system.

É como se a programação, as IAs, fossem encaradas como uma voz, não? Uma voz que diz coisas dife-

It is as though the software, the AIs, were considered

rentes da instituição e do público especializado. Seu

as a voice, isn’t it? A voice that says things different

projeto tem um olhar sobre esse conteúdo, desta-

from the institution and from the specialized public.

cando o lado humano da sistematização de dados.

Your project has an outlook about this content,


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