José Leonilson Fortaleza, Brasil, 1957 – São Paulo, Brasil, 1993. A obra de José Leonilson organiza-se em torno da ambiguidade do lugar do corpo em um mundo que dissolve identidades, ou as embaralha e confunde. Construídos principalmente em desenho, aquarela e tecidos bordados, seus trabalhos fazem referências nítidas às relações afetivas que o corpo administra, colocando-as em destaque e afirmando a impossibilidade de sua representação clara e precisa. Por meio de imagens e palavras, as obras de José Leonilson enunciam um “discurso amoroso” incompleto e feito de
cacos, que depende de circunstâncias aleatórias, insignificantes e dispersas, uma coreografia que é a todo instante recriada. Nelas, inscreve e sugere situações em que emergem sentidos cambiantes de angústia, carinho, ciúme, conivência, culpa, dependência, encontro, festa, lembrança, plenitude, sedução, mentira e verdade. Pobre Sebastião; Para o meu vizinho de sonhos; Das 3 armas; Leo não consegue mudar o mundo; e Sem título são glossários amorosos que documentam experiências comuns e ativam a memória sensível de quem os observa. É da soma provisória desses fragmentos que emergem os indícios insuspeitos da possibilidade de uma vida partilhada.
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no ombro): Isso, ótimo! Você está tão certo de que me toca tanto quanto de que me vê, não é? Sirelli: Eu diria que sim. Laudisi: O importante é que você não duvida disso. Volta pra lá. Senhora Sirelli (Ao marido apatetado que continua junto de Laudisi): É inútil você continuar aí com essa cara – senta um pouco!
(À senhora Sirelli, depois que o marido voltou ao lugar anterior): Agora, por favor, vem cá senhora. Mudando de ideia) Não, não, eu vou aí. (Fica diante dela, se ajoelha sobre um joelho.) Está me vendo, não está? Agora levante uma mãozinha e me toque (E como a senhora Sirelli, sentada, lhe coloca a mão no ombro, ele se inclina pra beijá-la): Bela mãozinha! Sirelli: Hei, hei, hei! Laudisi