3º Concurso Literario Senac Ribeirão Preto

Biblioteca Senac RIP 2021

3º CONCURSO LITERÁRIO TRIBUTO A MINHA HISTÓRIA

Biblioteca Senac RIP 2021

3º CONCURSO LITERÁRIO TRIBUTO A MINHA HISTÓRIA

INTRODUÇÃO TRIBUTO A MINHA HISTÓRIA

Com o objetivo de integrar a instituição e incentivar a produção artístico-literária, abrimos inscrições para o 3º concurso Literário para os funcionários e docentes do Senac.

O tema da Semana Senac de Literatura esse ano foi Biografia.

Acreditando na importância de olhar para nossa trajetória pessoal com respeito, reconhecendo a potencia dessas histórias.

Convidamos os inscritos a refletirem e escreverem uma mensagem / homenagem em terceira pessoa como se um amigo tivesse contando um pouco dessa história.

Assim, reunimos nesse e-book os “Tributos a minha história” e abraçamos nossos colegas e suas vivências.

Sumário Ela não quer que o trem pare! ...............................................13 Festejo dos anos ou o ciclo do sol.........................................12 Tributo a minha história............................................................14

"SE VOCÊ FAZ TUDO SEMPRE IGUAL, É SEGURO QUE NUNCA SE PERCA MAS É POSSÍVEL QUE NUNCA SE ACHE." SERGIO VAZ

TRIBUTO A MINHA HISTÓRIA MENSAGENS E HOMENAGENS

ELA NÃO QUER QUE O TREM PARE!

Por muito tempo ela esperou na estação, só olhando, De repente, percebeu que o trem que chega é o mesmo que vai, Gostava de horários planejados, intervalos regulados, destino certo, Comprava tickets com antecedência e na plataforma prevista, E sabia exatamente como seria sua próxima viagem.

Mas a vida não se repete na estação.

Com a experiência aprendeu a pular vagões, com o trem em movimento, A enaltecer o caminho, a aconchegar seus sentimentos, A sentir o sabor do café com pão, da vida, Deixou o ar entrar pela janela, inspirando, No encontro com as pessoas, devagar revisitava sua humanidade, Nos deslocamentos, na ida, na vinda e nos que nunca se vão.

Entendeu que trilhos quebrados, atrasam chegadas, Que alguns acentos ficariam sempre vazios, Ao se permitir sentar-se de costas para o caminho, Descobriu o que a tirava da inércia da partida, Reconheceu que muitas vezes precisou, pelo peso das malas, De ajuda para subir no vagão e de óculos para disfarçar as lágrimas.

A menina bonita, sozinha, deu lugar para a mulher mais velha, Ela agradeceu, mas sabia que a viagem era agora mais curta, Que por isso precisava aproveitar cada momento, sensata, Talvez as rugas a tenham tornado mais experiente, Talvez sabedora da certeza que a locomotiva seguia em frente.

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Afinal de repente num solavanco pode chegar à partida, Ela ainda não sabe quem a espera na chegada, Mas com uma esperança nos olhos, daquela menina, Que esperou tanto tempo na estação, prudentemente, Agora sabe que precisa como um trem seguir em frente, E aproveitar que o apito da chegada ainda não tocou.

Ela está partindo ou chegando, qual é o plano?

Quando ela olha para o nada, não dá para saber em seus olhos verdes, Se está ansiosa pelo futuro ou triste pelo passado...

Se pergunta apenas se vão lembrar dela. Talvez o maquinista...

Ela não sabe a verdadeira intenção da sua vida, Só sabe que vai simbora e que leva pouca gente.

Escrito por: Ingrid Ribaldo

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FESTEJO DOS ANOS OU O CICLO DO SOL Donana, aos quarenta e quatro, compartilhou sua história as dez e dez no diz dez. Para ela, a lógica textual é consuetudinária, mas não crucial, não há exigências de justificativas ou explicações, visto que as fontes são vozes de sua cabeça e, pelo menos por enquanto, dispensam revisão bibliográfica. Com grande hesitação, ela que já não confia em palavras escritas ou faladas, mas crê em absoluto na unidade da língua escrita, situada entre dois espaços em branco, ou entre espaço em branco e sinal de pontuação, decidiu compartilhar seu fomento humano e autorizou a colocação literária de seu pensamento, conforme apresentado abaixo.

Ela, mulher branca, cabelos médios, castanhos escuros, alguns grisalhos por falta de tingimento, vestindo biquíni na cor preta embaixo de uma cachoeira. Pés descalços e pouca água. Disseram que seu corpo está “de velha”. Que sua pela está enrugada e flácida. Cheia de celulites e a barriga não estava chapada. Num momento de reflexão, reconheceu e então vociferou: VERDADE! (Sim, não precisem dar zoom.)

Num mundo onde a plasticidade impera, a flacidez é beligerante. Não estar malhada com mais de 40 se tornou opróbrio. Não ter botox, cirurgias ou qualquer procedimento estético se tornou uma constrangedora abjeção. Mas a verdade é que envelhecer faz parte desse processo tão natural chamado vida.

Ela amamentou em seu seio seus dois filhos, fruto de duas gestações, ela não é a louca da academia, não se alimenta direito muitas vezes pela correria em ser mãe solo, não toma bombas ou medicações ou complementos ou suplementos, não segue padrões comportamentais, não faz colorimetria, não faz dieta, não usa filtros no dia a dia, tampouco reboco para esconder suas olheiras, imperfeições e melasmas, não vai ao cabeleireiro várias vezes ao ano, não faz escova ou bate chapinha, não fica sem comer alguma coisa com medo de engordar, não se priva de uma cervejinha ou um vinho ( se tem vontade) , não contabiliza calorias e nem quilogramas de silicone, afinal ela é de humanas. Ah e não conta quantas pessoas a julgam por tudo isso ou por isso tudo. Talvez porque ela perca as contas. Também não se interessa por números de seguidores, curtidas ou se quem lê esse textão faz isso ou aquilo. Porque ela não retalha nem julga em resposta. A respeita. Porque ela é velha e respeito faz parte da velhice.

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A verdade é que ela está amando envelhecer. Suas rugas são testemunhas dos caminhos percorridos, as celulites evocam doces momentos da vida. Os seios murchos e caídos lembram-na dos dois seres humanos que amamentou, hoje homens lindos. As olheiras refletem sua preocupação com pessoas, não com coisas. A barriga não chapada revela que suas prioridades diferem da luta incessante contra a efemeridade do tempo.

Ver seu corpo velho, flácido a fez e a faz perceber que está velha. Envelhecer a fez querer respeitar o tempo. Qualquer que seja ele. Novo ou velho. Ontem ou amanhã.

E que isso de ficar velha é libertador e nada estético. E que a única coisa que temos é o agora. O resto não é. Ou já foi,

Escrito por: Donana

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TRIBUTO A MINHA HISTÓRIA

Minha amiga Ana desde criança sempre levou muito a sério as brincadeiras. Éramos da mesma cidade no interior de São Paulo e quem passava na rua ouvia ela cantando no quintal da sua casa com uns papéis numa mão e uma boneca de pano toda rasgada que ela amava na outra. Debaixo do limoeiro no mesmo quintal ela brincava de colocar terra em potes de iogurte dizendo que estava fazendo bolo. Ela contava e recontava esses bolos como se fossem encomendas reais. De fato, ela levava a sério as brincadeiras e os números também rs. Hoje percebo que sua criatividade vem desses momentos em que criava os seus próprios brinquedos.

Certa vez numa brincadeira de rua ela levou uma criança desconhecida desprovida de recursos para dentro de casa e apresentou a sua mãe como sua nova amiga, pediu para que a mãe fizesse comida para ela e que cuidasse da criança. A visão de uma criança é realmente admirável. Hoje percebo que seu lado solidário já nasceu com ela.

Na adolescência ela começou a trabalhar e o seu primeiro estágio veio da experiência de estudo na Casa da Criança numa época em que existia o Programa de Educação para o Trabalho do SENAC. Poucos sabem, mas a sua admiração por esse lugar veio muito antes do trabalho, veio do aprendizado que ela adquiriu nessa experiência incrível do primeiro emprego.

Fez faculdade, foi estagiária e contratada, mas num determinado momento percebeu que a cidade em que morava já não seria mais o caminho a ser trilhado por falta de emprego e pela necessidade de novos aprendizados, pois tinha sede em aprender e ter novas experiências.

Somos amigas até hoje e quando nos encontramos as risadas continuam as mesmas e isso explica o respeito e a lealdade pelos seus amigos. Definitivamente tem pessoas que são para sempre.

Escrito por: Ana 11

AGRADECIMENTOS A Biblioteca Senac de Ribeirão Preto agradece a todos os participantes, comissão julgadora e pessoas envolvidas na construção do 3° Concurso Literário de 2023.

"Podemos encontrar muitas derrotas, mas não podemos ser derrotados" (Maya Angelou)