Na base do Respeito

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A PERSPETIVA DE QUEM SOFRE

VAMOS COMEÇAR POR ENTENDER...

O bullying é um comportamento agressivo, praticado repetitivamente sobre alguém. Esta agressão pode assumir diferentes formas, sejam elas físicas, verbais ou psicológicas (nunca te esqueças de que as palavras também magoam). A pessoa agressora tem este comportamento de forma intencional e as suas vítimas encontram-se, frequentemente, numa posição em que não lhes é possível se defenderem.

Para os curiosos…

A palavra bullying tem na sua origem a língua inglesa e deriva do vocábulo bully, que apresenta dois significados: como substantivo significa “agressor” e como verbo “maltratar” ou “ameaçar”. Ao acrescentar o “ing” transmite-nos a ideia de uma ação contínua. O termo surgiu com a preocupação de retratar as situações de agressão que existiam nas escolas.

O bullying é uma coisa de crianças.

Se já ouviste esta frase, não acredites. A verdade é que também existe bullying no mundo dos adultos. Por exemplo: em locais de trabalho, entre colegas, podem acontecer situações de agressão, ameaça ou humilhação.

Esta é uma realidade de todos e é da responsabilidade de todos parar, independentemente da idade.

Humilhação

Significados que vale a pena conhecer!

Trata-se do ato de desprezar ou diminuir alguém, causando vergonha, constrangimento ou perda de dignidade. Este é um ataque emocional que pode causar um grande sofrimento às vítimas.

O BULLYING APENAS ACONTECE AOS FRACOS.

Esta é mais uma frase que se ouve com frequência. O que achas sobre ela? Concordas?

De pernas para o ar, para não influenciar a tua resposta anterior, contamos-te a verdade:

Nunca te esqueças: a culpa nunca é da vítima.

O bullying pode atingir qualquer pessoa, independentemente da sua força física ou emocional.

O OUTRO LADO DO BULLYING

BULLIES: QUEM SÃO E PORQUE AGEM DE FORMA VIOLENTA?

Do outro da agressão temos os bullies, aqueles que agridem e maltratam. Vamos saber um pouco mais!

Bully

Significados que vale a pena conhecer!

Trata-se de uma palavra de origem inglesa que significa “agressor”. Assim, refere-se a uma pessoa que pratica bullying, ou seja, que intimida, ameaça, humilha ou agride repetidamente alguém, seja de forma física, verbal, emocional ou através do mundo online.

Existem muitas razões que podem levar a estes comportamentos. Por exemplo:

Baixa autoestima;

Falta de atenção;

Necessidade de mostrar poder, força e superioridade;

Dificuldade em gerir emoções;

Preconceitos em relação à vítima;

Falta de sensibilidade ou dificuldade em se pôr no lugar do outro.

Sabias que muitos bullies também já sofreram de bullying ou até de agressões de outra natureza? Acabam por espelhar as suas experiências reproduzindo o mesmo que viveram. Por revolta ou até, apenas, por ser a única realidade que conhecem.

Também a pessoa agressora pode ter consequências a longo prazo…

Possibilidade de se tornar um adulto igualmente agressivo;

Dificuldade na integração social;

Dificuldade em se posicionar no lugar do outro;

Possibilidade de comportamentos desafiadores em adulto;

Possibilidade de desenvolver comportamentos de risco graves.

Estes são apenas alguns dos exemplos dos efeitos do bullying nas pessoas agressoras…

O Serviço Nacional de Saúde alerta-nos para a existência de Núcleos de Apoio a Crianças e Jovens em Risco (NACJR), constituídos por equipas multidisciplinares focadas em promover a proteção e o bem-estar de crianças e jovens que se encontram em situações de risco. Os seus contactos diferem de região para região, mas podes aceder aqui para localizares o núcleo mais perto de ti e avançares para o contacto.

E por isso também os bullies necessitam de ajuda e podem procurá-la. Onde?

Exemplo 1

Artigo 153.º – Ameaça

1 – Quem ameaçar outra pessoa com a prática de crime contra a vida, a integridade física, a liberdade pessoal, a liberdade e autodeterminação sexual ou bens patrimoniais de considerável valor, de forma adequada a provocar-lhe medo ou inquietação ou a prejudicar a sua liberdade de determinação, é punido com pena de prisão até um ano ou com pena de multa até 120 dias.

2 – Se a ameaça for com a prática de crime punível com pena de prisão superior a três anos, o agente é punido com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa até 240 dias.

3 – O procedimento criminal depende de queixa.

Exemplo 2

1 – Quem:

Artigo 240.º – Discriminação e incitamento ao ódio e à violência

a) Fundar ou constituir organização ou desenvolver atividades de propaganda que incitem ou encorajem à discriminação, ao ódio ou à violência contra pessoa ou grupo de pessoas em razão da sua origem étnico-racial, origem nacional ou religiosa, cor, nacionalidade, ascendência, território de origem, religião, língua, sexo, orientação sexual, identidade ou expressão de género ou características sexuais, deficiência física ou psíquica; ou

b) Participar nas organizações referidas na alínea anterior, nas atividades por elas empreendidas ou lhes prestar assistência, incluindo o seu financiamento;

É punido com pena de prisão de um a oito anos.

Estes são apenas dois exemplos do que está previsto no Código Penal Português e que pode ser praticado em situações de bullying.

A LEI ASSEGURA A PROTEÇÃO DA VÍTIMA

E RESPONSABILIZA

A PESSOA AGRESSORA!

Frases que inspiram:

Violência não é um sinal de força, a violência é um sinal de desespero e fraqueza.

Dalai Lama

A PERSPETIVA DE QUEM ASSISTE

Devem estar atentos a vários sinais, como marcas físicas e/ou constantes estragos em objetos pessoais de quem está ao vosso cuidado;

Falem e questionem diariamente sobre o dia. Mostrem interesse em saber como estão e pelas experiências que estão a viver;

Cooperem com a comunidade educativa sempre que uma situação for denunciada. Não desvalorizem nem ignorem! Juntos, a força para a mudança é maior;

Reforcem constantemente a autoestima, a confiança e a segurança de quem depende de vós;

Estejam atentos e presentes!

Sempre que se sintam perdidos, procurem apoio de um profissional;

Vamos passar à ação!

Agora é a tua vez de agir. Se souberes de alguma situação de bullying, estes são os primeiros passos que deves seguir:

Mostra-te disponível para ouvir a vítima;

Ouve sem julgar, criticar ou desvalorizar;

Disponibiliza-te para apoiar e estar presente;

Encoraja a vítima a procurar ajuda e/ou a denunciar a situação.

Não sabes como começar esta difícil conversa? Estas são algumas frases ou perguntas que podes utilizar (e com isso já estás a ajudar)!

Não estás sozinho/a, agora eu estou contigo. As vítimas sentem-se muitas vezes sozinhas. Mostra que estás ao seu lado.

Como te sentes?

As vítimas estão muitas vezes bloqueadas e precisam de desabafar. Mostra-te interessado/a em saber como se sentem.

Como te posso ajudar?

Por vezes, as vítimas sabem o que têm de fazer, mas não têm coragem. Nestes casos é hora de tu entrares em ação.

Eu sei como te posso ajudar. Mantém-te informado/a e sabe quem podes contactar e que linhas de apoio existem. Deste modo poderás ajudar de forma quase imediata.

Pausa para refletir!

Já viste a série Adolescência?

Entre histórias reais e emocionantes, a série está disponível na Netflix e aborda temas como bullying, exclusão e saúde mental. Pode ser um bom ponto de partida para refletires e perceberes melhor o que se passa contigo ou com os outros.

CYBERBULLYING : A AMEAÇA INVISÍVEL

O PERIGO POR DETRÁS DOS ECRÃS

O cyberbullying é uma forma de bullying em que a agressão ou intimidação ocorre através dos meios eletrónicos e da internet. Embora esteja apenas à distância de um clique, causa a mesma dor, medo e desconforto que outros tipos de violência.

O comportamento abusivo online pode espalhar-se rapidamente e atingir milhares de pessoas, ampliando a humilhação e a exposição das vítimas.

O cyberbullying pode assumir diferentes formas, por exemplo:

Partilhar informações falsas via online;

Envio de mensagens ofensivas ou ameaçadoras por meio de diferentes plataformas de comunicação;

Compartilha de imagens ou vídeos sem consentimento;

Criação de perfis falsos para humilhar as vítimas.

Nesta campanha promovida pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) é-nos transmitida uma importante mensagem: “A violência online é real.”

No final, tem especial atenção à informação sobre a linha de apoio “Linha Internet Segura” e utiliza o seguinte espaço para registar o número: __________________.

Se sofres de cyberbullying ou conheces algum caso, utiliza este contacto!

E o que entusiasma as pessoas agressoras a utilizar esta forma de bullying?

Anonimato: as pessoas agressoras podem-se esconder atrás de perfis falsos;

Fácil acesso: atualmente a internet é de fácil acesso e a vítima pode ser atacada a qualquer hora, sem espaço para fugir;

Rapidez da mensagem: rapidamente as mensagens ou conteúdos ofensivos são partilhados, atingindo um grande número de pessoas;

Permanência: “Uma vez na internet, para sempre na internet.” Isto significa um sofrimento prolongado para as vítimas.

OS ECRÃS NÃO PODEM SER PORTA PARA A VIOLÊNCIA! BASTA!

CUIDADO COM AS PALAVRAS!

Outro conceito também muito associado ao cyberbullying é o discurso de ódio. Aqui vai a sua definição:

Trata-se de qualquer forma de comunicação que tenha como intenção diminuir, discriminar, incitar o ódio ou a violência contra um indivíduo ou conjunto de pessoas, com base nas suas características como a raça, etnia, religião, orientação sexual, género, deficiência, nacionalidade, etc.

O discurso de ódio constitui uma violação aos direitos humanos.

Artigo 1.º – Declaração Universal dos Direitos Humanos:

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Importante não confundir!

A liberdade de expressão é um direito de todos e garante que todos possam expressar as suas ideias, opiniões e pensamentos. No entanto, é um direito que deve ser exercido com responsabilidade. Não é permitido ofender, discriminar ou incitar violência contra outras pessoas.

A liberdade de expressão deve coexistir com outros direitos, como, por exemplo, o direito à dignidade e à segurança. Quando alguém humilha ou incita ao ódio ultrapassa os limites éticos e legais, deixando de ser um direito e tornando-se um abuso. A tua liberdade acaba quando começa a do outro.

Esta é uma campanha que não podes deixar de ver, diríamos mesmo que é obrigatória!

Sob o lema Combate o Ódio com Respeito, o movimento #RespectBattles faz parte de uma campanha promovida pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) que tem como objetivo combater os crimes de ódio.

Numa batalha de rap, o rapper dirige palavras de encorajamento à adversária que se mantém em silêncio. Mas apenas vendo poderás comprovar o impacto das suas palavras.

Assiste a um dos vídeos desta campanha:

O LADO NEGRO DAS RELAÇÕES

O QUE É UMA RELAÇÃO SAUDÁVEL?

Seja numa amizade, num namoro ou até no meio familiar, uma relação saudável será aquela na qual nos sentimos apoiados, respeitados, com confiança e seguros. Onde nos sentimos verdadeiramente bem.

Então...

Constantes discussões;

Desprezo e desvalorização das nossas opiniões;

Ciúmes obsessivos;

Mentiras constantes;

Controlo total sobre o que vestes, comes ou partilhas nas redes sociais;

Culpabilização do outro pelas próprias atitudes;

Agressões físicas;

Imposição de relações sexuais.

TUDO ISTO FAZ PARTE DE UMA RELAÇÃO SAUDÁVEL?

Em jeito de reflexão, deixamos-te várias situações que deves assinalar como sendo de uma relação saudável ou de uma relação abusiva. Experimenta também expor estas questões aos teus colegas e analisa se a perceção de cada um está correta:

O/A namorado/a tem o direito de proibir o/a parceiro/a de usar uma determinada peça de roupa.

Relação saúdavel Relação abusiva

Quando namoramos, o/a namorado/a pode e deve proibir saídas com amigos.

O meu amigo tem o direito de querer que eu esteja com ele o tempo todo.

O meu namorado fica com o meu telemóvel durante o fim de semana, para controlar as minhas redes sociais.

A minha amiga tem constantemente inveja de mim.

Quando saio com os meus amigos, eles obrigam-me a consumir álcool. Apenas desta forma posso fazer parte do grupo.

A resposta a todas as afirmações anteriores é: RELAÇÃO

Numa relação deve haver:

ABUSIVA

.

Não te deixes enganar, manipular ou controlar. Analisa e faz esta checklist para avaliar as tuas relações.

Este é um guia essencial para jovens que querem fazer a diferença!

Aqui, vais encontrar ferramentas para enfrentar o bullying, a violência nas relações e os desafios da convivência no digital.

Com uma linguagem direta e exemplos do dia a dia, este livro ajuda-te a perceber o que é o respeito, como identificar situações de abuso e, sobretudo, como agir para promover um ambiente mais positivo e seguro para todos. Explora as várias perspetivas – da vítima, do agressor e de quem assiste – e descobre que, juntos, podemos quebrar o ciclo da violência e construir relações mais saudáveis e respeitosas.

Se queres ser parte da mudança, este guia é para ti.

A resposta é simples: respeitar!

E tu? Estás pronto/a para dar o primeiro passo?

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