Bem Bolada - Dezembro | 2023

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EDIÇÃO 3 Ano 1 - 2024

a revista que está com a bola toda

CONHEÇA O NOVO PACAEMBU

A MULHER NO FUTEBOL

Entrevista com Marília Ruíz 2000 CORINTHIANS CAMPEÃO MUNDIAL

COPA SÃO PAULO DE FUTEBOL JÚNIOR 1959 PALMEIRAS, SUPERCAMPEÂO 1930 NASCE O SÃO PAULO

ENTREVISTA COM MAURO BETING O nosso mais premiado comentarista

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EDIT RIAL

Jornalista ou Torcedor?

Por que não os dois? Normalmente, os jornalistas não gostam de revelar o time para o qual torcem. Um exemplo característico foi o saudoso Roberto Avallone. Palmeirense até a medula, quando escrevia (no também saudoso Jornal da Tarde) ou apresentava a Mesa Redonda e outros programas na TV Gazeta, Avallone afirmava, antes da exclamação: - Sou Jornalista Futebol Clube. E era mesmo. Avallone separava, com perfeição, o jornalista do torcedor. Um dos personagens da Bem Bolada deste mês é o consagrado e respeitado Mauro Beting, que faz questão absoluta de dizer: - Sou Palmeirense até a medula. Mesmo revelando seu coração verde, Mauro Beting não perde um milímetro de sua credibilidade. Já escreveu muitos livros sobre o Palmeiras, trabalho pelo qual nada ganhou porque não quis receber. São revelações que você verá na entrevista exclusiva que ele concedeu à Bem Bolada de janeiro.

E você vai conhecer muito mais sobre esse jornalista lendo a matéria. Verá a capacidade incrível de trabalho que tem o Mauro Beting. Só para você ter uma ideia, este ano ele pretende escrever, no mínimo, seis livros. O primeiro já está quase pronto: os 70 anos do craque Zico. Mas a revista tem outras atrações, como, por exemplo, Marília Ruiz, outra comentarista de incrível capacidade de trabalho. E mais: lembra-se da bandeirinha Ana Paula Oliveira? Ela é a personagem do nosso “Cadê Você?”. O final da Copa São Paulo, o mais importante torneio Sub-20 do Brasil e o seu campeão, também estão aqui, na edição número três. E não para por aí: não poderia faltar o aguardado Quiz e outras saborosas matérias preparadas por mim e pelo Silvio Natacci. Boa leitura! Mário Marinho

ÍNDICE

04 - Entrevista exclusiva com Mauro Beting 10 - A Mulher no Futebol: Marília Ruiz 12 - O Velho e o Novo Pacaembu 14 - Palmeiras, O Supercampeão de 1959 16 - Copa São Paulo 18 - 1930: Nasceu o São Paulo 19 - Corinthians, Campeão Mundial 20 - Primeiro Jogo do Palmeiras 21 - Quiz 22 - Biblioteca 23 - Cadê Você?

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DIRETORES E JORNALISTAS RESPONSÁVEIS MÁRIO LÚCIO MARINHO SILVIO NATACCI mariomarinho@uol.com.br silvionatacci@terra.com.br PROJETO GRÁFICO NETO OLIVEIRA neto.oliveira@gmail.com

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COMUNICAÇÃO INTEGRADA

FONE: +55 11 99695-6793 revistabembolada@gmail.com



MAUR BETING Um dos maiores pesquisadores do nosso futebol, Mauro Beting concedeu entrevista exclusiva para a revista “Bem Bolada”. Como você concilia tantas atividades? Quais são elas hoje?

Quando o Diniz assumiu, eu preferia o Dorival. Eu achava que a passagem do Dorival para o Ancelotti seria menos traumática do que a passagem com o Diniz. O trabalho do Diniz é muito pessoal. O Dorival é mais experiente e monta equipes mais equilibradas. O Diniz é lindo de ver. Mas eu prefiro o Dorival. O Diniz não iria ter tanto tempo para treinar o esquema dele. Nós precisamos de resultados mais rápidos.

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Foto: Divulgação

O que você achou da ideia inicial da CBF de a Seleção ter um técnico “tampão” e esse técnico ser o Diniz?

Foto: Divulgação/TNT

Desde 2016 eu estou fazendo TNT, desde 2020 o SBT, voltei para a Rádio Bandeirantes em agosto do ano passado, faço o Jornal dos Sports, faço portais informativos, estou fazendo roteiro e direção de um documentário e duas séries para streaming, estou escrevendo a biografia do Zico, a biografia do Fábio Mello e devo fazer até o final do ano mais seis livros. Desde o ano passado sou sócio de uma loja chamada Retrô Gol Arena, no Itaim Bibi, e estou dando alguns cursos de jornalismo esportivo. Para concluir, nos últimos tempos virei pizzaiolo: estou pensando seriamente em abrir uma pizzaria com amigos. Entre uma transmissão e outra eu durmo um pouquinho... Um detalhe: quase tudo isso eu faço ouvindo música. Eu gosto mais de música do que de futebol. Eu sou apaixonado pelo que faço. Eu escrevo como eu falo: muito rápido. Por isso consigo escrever tantos livros em pouco espaço de tempo. Eu não consigo falar não para novos projetos. Eu não sou workaholic: sou worklover.



Foto: Divulgação/TNT

Você prefere ele ou o Abel Ferreira? Eu não sou favorável ao Abel Ferreira na Seleção porque eu acho que ele teria alguns problemas. Primeiro, porque eu acho que ele seria fiel ao Palmeiras pela identificação que ele teve com o clube. Talvez ele fosse para a Seleção Portuguesa. Segundo, porque ele é muito intransigente e tem um relacionamento difícil com a imprensa. Eu prefiro mais um cara agregador. E eu quero dizer que sou muito fã do Tite. Algumas coisas não deram certo, mas eu sou fã dele. Para mim o técnico ideal seria ele, mas é claro que agora ele não vem. E creio que irá fazer um grande trabalho no Flamengo. Enfim, para este momento o Dorival vai ser muito importante para a Seleção Brasileira.

Quais jogadores você convocaria que o Diniz não convocou? Desde 1990, o treinador faz a lista dele e eu faço a minha. Até para eu poder confrontar. A Seleção que eu menos discuti na vida foi a de 2014, convocada pelo Felipão. E deu no que deu. Hoje,

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para a Seleção Brasileira, não há tanta gente. Eu não acho uma geração horrorosa. Mas nós não temos mais jogadores de altíssimo nível. E há outra coisa: o mundo evoluiu também. França, Bélgica, Croácia, Marrocos, por exemplo, evoluíram. Hoje, com a evolução tecnológica, os países conhecem os jogadores do mundo inteiro, ao contrário de antigamente. Hoje, o filho do Messi tem mais imagens do que o Garrincha. Há uma certa arrogância brasileira quando achamos que somos os melhores do mundo.

Você acha que em 2026 o Brasil tem chance? O Brasil está sempre entre os favoritos. Eu estava muito confiante em 2018. Não aconteceu. Em 2022, eu achava que não ganharíamos, mas iríamos longe. Para 2026, não considero o Brasil favorito, mas acho que temos chances.

Quais os comentaristas esportivos que você aprecia? Eu cresci ouvindo Rádio. Não vou ficar com um

cara só. Eu cresci ouvindo o Geraldo Bretas, amava o mau humor dele. O Bretas me marcou muito no começo. O Juca Kfouri me marcou muito também, discordo de muitas coisas dele ultimamente, mas é um cara que respeito. O Armando Nogueira foi uma grande referência, meu pai me falava muito dele. Li muito Nelson Rodrigues. Pegando os caras atuais, respeito muito o Claudio Zaidan, pelos conhecimentos dele sobre todos os assuntos e pela humildade dele. Para mim, ele é o melhor disparado. Gosto também do Paulo Calçade, do PVC e muitos da nova geração. Amo de paixão o Flávio Prado, que às vezes me tira do sério. Gosto também do Mauro Cézar e a gente discute muito. E eu quero dizer que sempre assumi minha paixão pelo Palmeiras. Participei de vários eventos e escrevi vários livros sobre o clube. Mas nunca cobrei nada do Palmeiras. Eu acho que o comentarista precisa ser um torcedor porque, assim, ele vai entender melhor todos os clubes. Nenhum jornalista escreve tantos livros sobre os outros clubes como eu.



Você, filho do grande Joelmir, como era o seu convívio com ele quando criança, no sentido se ele o incentivava a ser jornalista? Eu só vim a trabalhar com meu pai depois de 17 anos de ofício. Eu comecei distante dele nesse sentido. Meu pai raramente me dava algum toque. Ele só me falou uma vez, quando eu tinha uns 15 anos, para eu não trabalhar como jornalista. Minha mãe sempre foi contrária a que eu fosse jornalista. Depois, eu a convenci, mas ela não queria que eu fosse jornalista esportivo. Eu sempre acompanhava meu pai como ouvinte e leitor. Ele foi o melhor pai que um jornalista pode ter. E ele começou como jornalista esportivo, mas o coração palmeirense dele pediu para largar o futebol.

Dos jogos que você comentou, qual aquele que foi mais marcante? O título do Palmeiras de 1993 em cima do Corinthians, depois de 16 anos de jejum, não tem igual. Fazia três anos que eu trabalhava como jornalista. Trabalhava na Rádio Gazeta, ao lado de Ennio Rodrigues e Pedro Luiz. Eu tinha 27 anos. O sair da fila foi mais emocionante que o da Libertadores.

E com relação à narração feminina em jogos masculinos, o que você acha? Eu tive o privilégio de trabalhar há 30 anos com a Regiane Ritter. Ela foi uma precursora, uma batalhadora. A mãe dos meus filhos é jornalista. Tive a sorte de trabalhar ao lado da Luciana Mariano, que foi a primeira narradora de futebol da TV brasileira. Em vários momentos eu estive ao lado de uma narradora. Eu gosto de narração competente, seja masculina ou feminina. Só há uma narradora cuja voz me incomoda. Como há vozes masculinas que me incomodam. Acho ela muito boa tecnicamente. Gosto do astral dela. Mas não gosto da voz dela.

Quanto ao Brasileirão, você gosta dos “pontos corridos”?

JOGO RÁPIDO

Mauro e seu pai, o jornalista Joelmir Beting

Sou adepto dos pontos corridos. Mas talvez ache melhor uma fórmula mista. Eu terminaria o campeonato com uma melhor de três. Não gostaria que fosse o campeão do primeiro turno contra o campeão do segundo. Disso eu

não gosto. Eu faria com os times de melhor campanha. Eu gosto de uma grande final.

E os próximos livros? Estou fazendo um livro sobre os 70 anos do Zico. Deve chegar em março nas livrarias. Deve chegar em abril um livro sobre o Fábio Mello. Estamos lançando um livro também sobre o William, ex-jogador do Corinthians e formado em Economia. Ele orienta os jogadores de como gerir a carreira, antes, durante e depois. Estou escrevendo um livro sobre o Luís Pereira, a pedido dele. Deverei escrever um sobre o Dudu, o grande parceiro do Ademir da Guia. Devo escrever sobre o novo Dudu também. Devo escrever um sobre frases a respeito do Pelé. E outros que estão meio parados.

Quais são seus planos para 2024? Dar mais gás para a minha loja no Itaim Bibi, a Retrô Gol Arena. Quero fazer muitos eventos lá. Produção de livros e documentários. Eu gosto de fazer, não sou muito de planejar. O que eu tiver que fazer, eu faço. E faço rápido. Mas não me peça para planejar nada.

Seu hobby:

Melhores narradores de TV:

Ficar com a família.

Luciano do Valle. Até por uma questão óbvia: foi ele quem me levou para a Band em 1997. Fiz uma amizade muito legal com ele. Ele conseguiu narrar todos os esportes.

Tipo de música preferido: Sou muito eclético. Mas sou mais rock.

Programa de TV preferido:

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Mauro e o Rei Pelé

Não está mais no ar. Era o “Tá No Ar”, da Globo, com o Marcelo Adnet..

Prato preferido:

Melhores narradores esportivos de Rádio:

Cantor brasileiro preferido:

Para mim, o Pelé é o José Silvério. O Osmar Santos é o Garrincha. E o Fiori Gligiotti é o Didi. E quero citar também o Joseval Peixoto.

Cantora brasileira preferida:

Pizza.

João Gilberto.

Elis Regina.



A MULHER NO FUTEBOL

MARÍLIA RUIZ

A conceituada comentarista participa de dois programas diários ao vivo, além do Programa do Neto domingo à noite, mas conseguiu um tempinho para nos conceder uma entrevista exclusiva.

Vai fazendo, né? Meus filhos têm 10, 8 e 5 anos. Eu me organizo para ter tempo de qualidade com eles, que estão em período integral na escola. Eles são a minha prioridade. De sábado não trabalho de jeito algum: fico o tempo todo com eles.

O que levou você ao futebol? Você é de uma família de jornalistas, mas na época em que você começou as mulheres não estavam tão atuantes no setor como agora... Meus dois irmãos são jornalistas, é verdade, mas o futebol sempre foi um assunto presente na minha casa. Eu tinha duas opções: gostar muito ou odiar. Eu fui crescendo e a minha intenção sempre foi trabalhar com o futebol. Fiz faculdade e comecei a trabalhar na Folha de São Paulo em 27 de dezembro de 1999, já com futebol.

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O que você achou da ideia inicial da CBF de a Seleção ter um técnico “tampão” e esse técnico ser o Diniz? Foi uma coisa péssima. A CBF precisaria ter certeza que o Ancelotti viria. E o técnico “tampão” deveria ter ideias parecidas com as dele. O que não é o caso do Diniz. Então, foi tudo errado. São ideias antagônicas. Foram decisões muito equivocadas. O Tite avisou com muita antecedência que iria sair. Não sou contra técnico estrangeiro, só que tudo foi feito de forma incorreta.

Finalmente veio o Dorival. O que você acha dele? O Dorival é a opção óbvia. Quem é o técnico em evidência no Brasil? É o Dorival! Foi Campeão da Libertadores, é Bicampeão da Copa do Brasil... Já deveria ter entrado quando o Tite saiu. Acho o Dorival muito inteligente e um técnico que tem ideias boas. Ele não é histriônico, não é midiático.

Foto: Divulgação

Como você concilia tantas atividades? Esposa, mãe de três filhos, dois programas diários, domingo à noite no Programa do Neto...


Acho o Abel Ferreira o melhor técnico em atuação no Brasil, sem dúvida alguma. Só que o forte do Abel é a gestão de grupo. Para isso, ele precisa estar com o grupo. Não sei se à distância ele conseguiria fazer o que ele fez no Palmeiras. Infelizmente, neste momento, a Seleção Brasileira é uma bagunça total. Talvez hoje o Dorival seja a melhor opção. Mas a médio e longo prazo o Abel teria condições de fazer um bom trabalho também. O Abel funciona muito bem num time organizado. Não é o caso da CBF.

Quais jogadores você convocaria que o Diniz não convocou? O Diniz, até pela dupla função que ele teve, olhou muito para o umbigo e pouco para fora. Acho que ele falhou um pouquinho em não ver outros campeonatos. Ele poderia ter olhado menos para o time da Copa do Mundo, que estava envelhecido e chamuscado. Ele se abraçou no espectro do Neymar, machucado, e nos jogadores do Fluminense, que são bons jogadores, mas não estão no nível dos jogadores que estão atuando na Europa.

Você acha que em 2026 o Brasil tem chance? Desde 1950, antes de uma Copa começar, é difícil o Brasil não ter chance. Então, chance tem. Agora, o trabalho que está sendo feito é um esforço hercúleo para que não tenha. Desde 2006 para cá, a Seleção tem decepcionado muito. E o momento agora é muito pior.

Quais seriam os principais adversários? Se a Copa fosse hoje, acho que seriam os mesmos da Copa passada: Argentina, França, Inglaterra...

Quais os comentaristas esportivos que você aprecia? Eu gosto muito das pessoas com quem trabalho atualmente: Arnaldo Ribeiro, Eduardo Tironi, Paulo Massini... Adoro o Fábio Piperno que trabalhou comigo tanto tempo...Não tenho nada contra ex-jogadores que viram comentaristas: acho o Neto brilhante vendo o jogo, ele enxerga coisas que a gente não

enxerga, e gostava do Pedrinho quando comentava. Gosto muito também dos meninos da ESPN: Paulo Andrade, André Rizek... O Mauro Beting eu não cito: dele eu não gosto (rsrsrs).

Dos jogos que você comentou, qual aquele que foi mais marcante? A conquista da Libertadores e os Mundiais do Corinthians são muito marcantes. Possuem uma carga emocional muito forte. O Corinthians na minha vida ajuda a explicar a minha história. No ano seguinte ao início da minha carreira, por exemplo, o Corinthians foi Campeão Mundial. E eu cobri pela Folha. Na final do Paulistão de 2018, no Allianz Parque, o Corinthians foi campeão em cima do Palmeiras e o meu filho mais velho estava lá assistindo: ele ficou muito feliz.. Outro: a primeira vez que eu cobri a final de uma Copa do Mundo no estádio, eu chorei: foi em 2010. Foi um jogo muito marcante para mim.

Com relação à narração feminina em jogos masculinos, o que você acha? Eu gosto de algumas narradoras e gosto de alguns narradores. Acho que o trabalho das narradoras é muito fiscalizado. Antes de elas começarem a narrar, as pessoas já estão criticando. Isso não acontece com os narradores. Admiro muito o trabalho delas.

Quanto ao Brasileirão, você gosta dos “pontos corridos”? Eu prefiro o mata-mata. Entendo todas as explicações para que o campeonato com pontos corridos seja adotado. Mas, aqui, ele não premia a regularidade: ele premia quem poupa menos jogadores. Esse campeonato hoje não é prioridade de nenhum time. Os times poupam jogadores para jogar Libertadores, Sul-Americana... Existem várias possibilidades de mata-mata.

E os Campeonatos Estaduais? Devem continuar? O Campeonato Paulista é uma coisa. O Campeonato Amazonense é outra. Não dá para tratar da mesma forma. Não se pode acabar com os Estaduais. Há times que têm calendário o ano inteiro e outros não. Os estados precisariam se organizar de formas diferentes, de acordo com a realidade de cada um.

Quais são seus planos para 2024? Aproveitar as minhas folgas (rsrsrs). Eu não tenho nenhum plano especial. Já tenho coisas demais... Se eu mantiver tudo com harmonia, a casa, os filhos, o trabalho, vou terminar o ano bem...

Seu hobby: Ficar com meus filhos. E gosto muito de ler também.

JOGO RÁPIDO

Alguns gostariam de ver o Abel Ferreira como técnico da Seleção. O que você acha da ideia?

Tipo de música preferido: Gosto de rock. Programa de TV preferido: Vou falar o meu: G4, na BandSports. Mas gosto de série... Não tenho um preferido. E gosto de ver futebol. Melhores narradores esportivos de Rádio: O meu preferido é José Silvério. E o Osmar Santos.

Melhores narradores de TV: Luciano do Valle. E a importância do Galvão é inenarrável para a memória esportiva do Brasil. E hoje eu gosto muito do Paulo Andrade. Prato preferido: Gosto de coisas mais cruas, como carpaccio, por exemplo. Cantor brasileiro preferido: Gilberto Gil e Caetano Veloso. Cantora brasileira preferida: Maria Rita.

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O VELHO PACAEMBU A cerimônia de inauguração teve a presença do então presidente da República, Getúlio Vargas, do interventor Adhemar de Barros e do prefeito Prestes Maia, com mais de 50 mil pessoas em suas dependências. •

O estádio tinha capacidade para 70 mil torcedores e, na época, era considerado o mais moderno da América do Sul.

Em 1950, foi um dos principais palcos da Copa do Mundo.

No primeiro jogo, o Palmeiras (então Palestra Itália) enfrentou o Coritiba. Zequinha, do Coritiba, marcou o primeiro gol do Pacaembu. Mas o time do Paraná acabou perdendo: 6 a 2 para o Palestra Itália.

O Corinthians foi a equipe que mais atuou nele (1.690 jogos) e o Palmeiras/ Palestra Itália a que mais vezes foi campeã (26 títulos).

Na segunda partida da rodada dupla, o Corinthians jogou contra o Atlético Mineiro: E o clube paulista venceu por 4 a 2.

Em 1998, foi tombado pelo CONDEPHAAT, em razão de seu estilo Art Déco.

No dia seguinte à cerimônia de inauguração, em 28 de abril de 1940, um domingo, foi realizada uma rodada dupla pelo torneio Taça Cidade de São Paulo.

Em 4 de maio, a grande final: Palestra Itália x Corinthians. E o Alviverde levou a melhor: 2 a 1. Palestra Itália, Campeão da Taça Cidade de São Paulo.

Em 24 de maio de 1942, o Pacaembu recebeu o maior público da sua história: 71.281 torcedores compareceram para assistir ao jogo Corinthians 3 x 3 São Paulo. Foi quando Leônidas da Silva estreou pelo Tricolor.

Em 1961, Prestes Maia, novamente prefeito de São Paulo, batizou o estádio com o nome de Paulo Machado de Carvalho, em homenagem ao “Marechal da Vitória”, chefe da delegação brasileira campeã em 1958, na Suécia (e que foi novamente campeã em 1962, no Chile, sob seu comando).

Em 6 de setembro de 1969, o prefeito Paulo Maluf ordenou a demolição da charmosa Concha Acústica (destinada a receber espetáculos de óperas e músicas clássicas) para a ampliação da arquibancada.

ACONTECEU EM 1940... Em 25 de março, a polícia de Vargas invade a redação do jornal “O Estado de São Paulo” e expulsa de lá os jornalistas, inclusive um de seus proprietários, Francisco Mesquita. O jornal só foi devolvido a seus donos em 6 de dezembro de 1945, após a queda de Getúlio Vargas 12

A população brasileira é de 41 milhões de habitantes

Nascem: Altemar Dutra, Aracy Balabanian, Arnaldo Jabor, Caçulinha, John Lennon, Luís Gustavo, Pelé, Ringo Starr e Sérgio Reis

O Brasil é presidido pelo ditador Getúlio Vargas, que assumiu em 3 de novembro de 1930

Em São Paulo, inaugurado o túnel da Av. Nove de Julho, sob a Av. Paulista.


O NOVO PACAEMBU Em setembro de 2019, o prefeito Bruno Covas assinou a concessão do Complexo Pacaembu para o Consórcio Patrimônio SP, depois nomeado de Allegra Pacaembu, liderado pela Construtora Progen, por 35 anos. Edifício Multiuso

O Pacaembu continuará sendo a casa do futebol paulistano, terá recuperado os espaços de cultura e lazer, além de potencializar o uso esportivo. O conjunto arquitetônico original de 1940 será respeitado e renovado. O investimento é de aproximadamente R$ 500 milhões. Ainda no primeiro semestre de 2024, o Complexo estará preparado para receber diversos eventos que irão compor seu cronograma de reabertura. As arquibancadas leste e oeste abrigarão camarotes, espaços para eventos e hospitalidade, novos sanitários, áreas de alimentação, além de uma arena de eSports. A fachada histórica do estádio – arquibancada Norte (verde e amarela) será totalmente restaurada.

EDIFÍCIO MULTIUSO

As coberturas originais dos ginásios, poliesportivo e de tênis, estão sendo restauradas. A piscina olímpica será renovada e contará com melhorias nos banheiros, vestiários e ambulatórios, além de novas áreas de descanso e uma nova área de alimentação. Quadra de tênis descoberta ganhará uma conexão com o Boulevard. O Pacaembu continuará sendo a casa do futebol, mas também terá hotel, galeria de arte, hub de inovação, arena de eSports, centro de medicina esportiva e centro de convenções e eventos.

O Museu do Futebol, que não está na concessão, segue em operação.

Um complexo multiuso, com espaços de convivência, para um fluxo de 7.500 pessoas por dia. Poderá receber mais de 3 milhões de visitantes por ano.

O futebol sempre será um destaque, recebendo todas as torcidas, principalmente o futebol feminino, a Taça das Favelas e a Copa São Paulo.

Outras modalidades também serão destacadas como MMA, tênis, natação e as demais modalidades de quadra.

O Pacaembu continuará sendo um espaço público, aberto e acessível. O clube poliesportivo continuará tendo acesso público e gratuito.

O gramado será sintético.

O Edifício Multiuso será construído no local do antigo tobogã (arquibancada azul) e terá térreo permeável (para integrar novamente o estádio ao clube poliesportivo), o futuro Boulevard e a esplanada de eventos.

Haverá um centro de medicina esportiva, hub de inovação, hotel em parceria com a Universal Music Hotels e galeria de arte.

Na cobertura, haverá uma grande área pública e uma praça elevada com vista privilegiada da cidade.

No subsolo, haverá um grande centro de eventos de eventos e convenções para até 8.500 pessoas e um amplo estacionamento. 13


PAL MEI RAS

1959 Verdão é o Supercampeão

A disputa do Campeonato Paulista de 1959 colocou frente a frente os dois maiores times que disputavam o Paulistão daquele ano: Palmeiras e Santos. De um lado, estava o Palmeiras, que não era campeão havia 8 anos. O último título paulista do Verdão havia sido conquistado em 1950, quando possuía um timaço. Relembre: Oberdan; Turcão e Oswaldo; Valdemar Fiúme, Luiz Villa e Sarno; Lima, Canhotinho, Aquiles, Jair Rosa Pinto e Rodrigues. O técnico era Ventura Cambon. A decisão foi contra o São Paulo, 1 a 1, num jogo que ficou conhecido como o “Clássico da Lama”: foi muita chuva sobre a cidade e o gramado do Pacaembu virou um grande lamaçal. Foi esse título que habilitou o Palmeiras a disputar, no ano seguinte, a Copa Rio, da qual saiu campeão. Do outro lado estava o Santos, então campeão paulista, rumo ao bicampeonato, e tinha, entre outros méritos, o jovem Pelé, 19 anos, que na temporada de 1958 havia sido o artilheiro com incríveis 58 gols em 38 jogos. As campanhas de Santos e Palmeiras eram idênticas: chegaram ao final dos 38 jogos com 63 pontos cada um. Para decidir quem seria o campeão, a Federação Paulista de Futebol marcou a decisão para “melhor de quatro pontos”. Ou seja, o campeão seria aquele que somasse mais pontos dos quatro disputados em duas partidas (na época, a vitória valia apenas 2 pontos).

Em pé: Djalma Santos, Valdir, Valdemar Carabina, Aldemar, Zequinha e Geraldo Scotto. Agachados: Julinho, Nardo, Américo, Chinesinho e Romeiro.

A primeira delas foi disputada no dia 5 de janeiro de 1960, uma terça-feira à tarde, no Pacaembu, que recebeu 38.262 torcedores pagantes. Pelé abriu o marcador, mas Zequinha empatou. Dois dias depois, na noite de quinta-feira, 7 de janeiro, lá estavam os dois times se enfrentando de novo no mesmo Pacaembu. Pepe, de pênalti, colocou o Santos em vantagem. O zagueiro santista Getúlio marcou contra e empatou o jogo. Chinesinho marcou e colocou o Palmeiras em vantagem, já com uma das mãos na Taça. Só que do outro lado estava Pepe, o Canhão da Vila, que, novamente de pênalti, empatou o jogo: 2 a 2. A grande decisão ficou marcada para o domingo seguinte, à tarde, dia 10 de janeiro, com o Pacaembu recebendo 37.063 torcedores pagantes. Pelé abriu o marcador aos 14 minutos de jogo. Mas, antes de terminar o primeiro tempo, aos 43 minutos, Julinho empatou. Com espetacular cobrança de falta, logo aos 3 minutos do segundo tempo, Romeiro fez 2 a 1. No segundo tempo, o jogo continuou muito disputado, como convém quando se encontram duas enormes forças. Mas o Palmeiras soube como segurar a força quase avassaladora do Santos e ficou com o título. O Verdão encerrou aquela campanha com 112 gols marcados e 36 sofridos, nos 41 jogos que disputou. No total, foram 30 vitórias, sete empates e apenas quatro derrotas durante toda a competição. Realmente, uma campanha irretorquível.

Os números confirmam: foram 29 vitórias em 38 jogos, com direito a goleadas dignas de registro. Como sobre o Guarani (6×0), Comercial de São Paulo (6×1), Nacional (7×1), Comercial de Ribeirão Preto (5×1), América (4×0), Taubaté (5×0) e Ponte Preta (6×1). E não foram só os times pequenos que foram abatidos durante a competição. Os rivais também: 2 a 0 no São Paulo e 3 a 0 no Corinthians, além do show aplicado em cima dos santistas, 5×1, na tarde de domingo, 29 de novembro.

PALMEIRAS

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1 SANTOS

Data: 10 de janeiro de 1960. Local: Pacaembu, São Paulo. Árbitro: Anacleto Pietrobon. Palmeiras: Valdir; Djalma Santos, Valdemar Carabina, Aldemar e Geraldo Scotto; Zequinha e Chinesinho; Julinho, Américo, Romeiro e Nardo. Técnico: Oswaldo Brandão. Santos: Laércio; Urubatão, Getúlio e Dalmo; Formiga e Zito; Dorval, Jair Rosa Pinto, Pagão, Pelé e Pepe. Técnico: Lula. Gols: Pelé 14 e Julinho 14 do 1º; Romeiro 3 do 2º.

ACONTECEU EM 1959... O Brasil é presidido por Juscelino Kubitschek, que assumiu em 31/01/1956 • A população brasileira é de 67,7 milhões de habitantes • Che Guevara e Fidel Castro derrubam o ditador cubano Fulgencio Batista • Charles de Gaulle assume a presidência da França • O rinoceronte Cacareco é eleito vereador pelos paulistanos • É fabricado o primeiro Fusca brasileiro • Pelé faz o gol considerado o mais bonito de sua carreira, contra o Juventus, na Rua Javari • Nascem: Gretchen, Gugu, Hélio de la Peña, Hortência, Marcelo Rubens Paiva, Maria Padilha, Otávio Mesquita e Zeca Pagodinho • Morrem: Dolores Duran e Heitor Villa-Lobos.

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COPA SÃO PAULO

CORIN THIANS A vitória sobre o Cruzeiro, 1 a 0, teve os ingredientes característicos do Corinthians: muita emoção, muito sufoco nos minutos finais, muita raça e, finalmente, muita alegria. Foi o duelo do melhor ataque (Corinthians) contra a melhor defesa (Cruzeiro).

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MAIOR CAMPEÃO.


Com a vitória, graças a golaço do ponta Kayke nos minutos finais, o Timão alcançou sua 11ª conquista na Taça São Paulo de futebol júnior (hendecacampeão), nesse que é o mais importante torneio da categoria no Brasil e um dos mais importantes no Mundo. Os principais vencedores da competição são: Corinthians, 11 vezes: 1969, 1970, 1995, 1999, 2004, 2005, 2009, 2012, 2015, 2017 e 2024. Fluminense, cinco vezes: 1971, 1973, 1977, 1986 e 1989. Internacional, cinco vezes: 1974, 1978, 1980, 1998 e 2020. A decisão foi na Neo Química Arena, casa corintiana que recebeu 43.495 pessoas, recorde de público da Copinha. O jogo foi muito truncado, próprio de uma decisão entre times com forças que se equivalem. O gol da vitória, belo gol do ponta Kayke, de 19 anos, saiu aos 39 minutos do segundo tempo. Um minuto depois, o atacante GH se machucou e como o Corinthians já havia feito as três paralisações por substituição, passou os 10 minutos finais com 10 jogadores em campo. A resistência e a raça corintianas deram o toque de heroísmo dos garotos corintianos nesses dramáticos minutos finais. Mas, ao final, os meninos do Timão puderam levantar a taça.

CORINTHIANS

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0 CRUZEIRO

Data: 25 de janeiro de 2024. Local: Neo Química Arena, São Paulo. Árbitro: Gabriel Henrique Meira Bispo. Público: 43.495 pagantes. Renda: R$ 1.215.586,00. Corinthians: Felipe Longo; Léo Mana, João Pedro Tchoca, Renato e Vitor Meer; Ryan (Tomás Augustín), Breno Bidon, Pedrinho (GH0 e Kayke; Higor (Thomas Lisboa) e Arthur Sousa (Jhonatan). Técnico: Danilo Andrade Cruzeiro: Otávio; Carlos Gómez (Vitor Jesus), Pedrão, Bruno Alves (Kelvin) e Vitinho; Henrique Silva (André), Jhosefer (Juan Gabriel), e Xavier; Gui Meira, Tevis e Arthur (Rhuan Índio). Técnico: Fernando Seabra. Gol: Kayke 39 do 2º.

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1930

Nasce o Mais Querido

SÃO PAU LO Era tarde festiva na cidade de São Paulo: estava sendo inaugurado o estádio do Pacaembu, então o maior do Brasil. Cerca de 70 mil pessoas lotavam o estádio. A ocasião, naquele ano de 1940, era tão importante que o presidente da República, Getúlio Vargas, estava presente. Diversas delegações esportivas desfilaram naquela festividade. A última a entrar foi a do São Paulo. Delegação pequena, porém aplaudidíssima. E a razão de frenéticos aplausos eram suas cores, as mesmas da bandeira do estado de São Paulo. Era uma resposta dos paulistas a Getúlio Vargas que havia se tornado pessoa não grata desde a Revolução Constitucionalista de 1932. Mas, esse São Paulo forte e vencedor também teve outros apelidos como Clube da Fé e Soberano. O primeiro por sua sobrevivência a uma grave crise financeira. O segundo, por títulos seguidos e importantes como em 2005 (Libertadores e Mundial) e a sequência de 2006, 2007 e 2008 do Brasileirão. O São Paulo Futebol Clube nasceu em 25 de janeiro de 1930, na fusão do Paulistano, que era o melhor time de futebol do estado naquela época (mas contrário à profissionalização do esporte, o que o levou a acabar com seu departamento de futebol) com alguns jogadores da Associação Atlética

das Palmeiras, que também havia encerrado suas atividades. O uniforme tricolor seria uma mistura das cores dos dois clubes. O São Paulo dessa época ficou conhecido como São Paulo da Floresta, já que utilizava o tradicional campo da Floresta. O time, que possuía em suas fileiras o craque Friedenreich, “El Tigre”, vindo do Paulistano, foi logo campeão em 1931 e vice em 1932, 1933 e 1934. No entanto, por problemas financeiros, esse São Paulo fechou suas portas no início de 1935. Porém, renasceu, firme e forte, no final desse mesmo ano, com as mesmas cores, para se tornar um dos maiores clubes do Mundo. Nos anos 60, o então grande time empreendeu o que poderia ser uma perigosa aventura: construir, com os próprios recursos, um estádio com a capacidade para mais de 100 mil torcedores. A inauguração oficial foi no dia 2 de outubro de 1960, com a vitória sobre o português Sporting, 1 a 0, gol de Peixinho. A história do São Paulo está repleta de glórias, não só no futebol. Adhemar Ferreira da Silva vestia a camisa do São Paulo quando se tornou o primeiro brasileiro bicampeão Olímpico, nas Olimpíadas de Helsinque, 1952, e Melbourne, 1956.

Arthur Friedenreich, o grande craque do São Paulo da Floresta, o “Pelé” da época.

Outra glória inesquecível foi o campeoníssimo Eder Jofre, melhor lutador de boxe de toda a história brasileira, sempre com a camisa do Tricolor. Camisa que também vestiu, conforme já relatamos, Arthur Friedenreich, o primeiro grande craque do futebol brasileiro, um Pelé dos anos 1920-1930. Foi também vestindo essa sagrada camisa que Leônidas da Silva se tornou mais do que ídolo, lenda no São Paulo. Na sua estreia, jogo contra o Corinthians, 3 a 3, em 24 de maio de 1942, o novíssimo Pacaembu recebeu o público de 70.281 pagantes – recorde jamais superado. Essa camisa também foi vestida por craques, ídolos inesquecíveis como Rogério Ceni, jogador que mais vezes atuou pelo São Paulo, num total de 1.237 partidas; Gérson, Canhotinha de Ouro; Dias, que formou inigualável dupla de área com Jurandir; Raí, um craque; os artilheiros Gino Orlando, Serginho Chulapa, Careca, Luís Fabiano e tantos outros. São muitas as conquistas – é muita história.

ACONTECEU EM 1930...

Washington Luís fica na presidência da República até 24/10, foi deposto por um golpe militar, sendo sucedido por Getúlio Vargas, que assumiu em 03/11 • A população brasileira é de 35,06 milhões de habitantes • Nascem: Carlos Zara, Dolores Duran, Élton Medeiros, Evaldo Gouveia, Laura Cardoso, Lima Duarte, Paulo Francis, Ray Charles, Silvio Santos, Sivuca e Walmor Chagas • Morrem: João Pessoa (assassinado) e Sinhô • Primeira Copa do Mundo, no Uruguai, e os donos da casa são os campeões • Noel Rosa lança o samba “Com Que Roupa?” • Villa-Lobos compõe sua primeira Bachiana.

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Corinthians, um campeão mundial legítimo. No ano de 1999, a Fifa decidiu assumir a realização do Mundial de Clubes. Até então, a disputa que apontava o Campeão do Mundo era a Copa Intercontinental, disputada em um único jogo. A Fifa resolveu mudar e fazer a final com oito times. O Brasil foi escolhido para sede. Foram convidados: Al-Nassr (campeão da Supercopa da Ásia de 1998), Manchester United (campeão da Champions League de 1999), Necaxa (campeão da Liga dos Campeões da CONCACAF de 1999), Real Madrid (campeão da Copa Intercontinental de 1998), Raja Casablanca (campeão da Liga dos Campeões da África) e South Melbourne (campeão da Liga dos Campeões da Oceania de 1999). O país-sede entrou com dois clubes: o Vasco da Gama, que era campeão da Libertadores, e o Corinthians, então o campeão brasileiro. Os times foram divididos em dois grupos: Grupo A, com sede em São Paulo, teve: AlNassr, Corinthians, Raja Casablanca e Real Madrid. Grupo B, com sede no Rio, teve: Necaxa, Manchester United, South Melbourne e Vasco da Gama. O primeiro de cada grupo faria a grande final. O Real Madrid venceu seu primeiro jogo: 3 a 1 em cima do Al-Nassr.

ACONTECEU EM 2000...

CO RIN THI

Em pé: Dida, Kléber, Fábio Luciano, Vampeta, Rincón e Adílson. Agachados: Luizão, Indio, Ricardinho, Marcelinho e Edílson.

No outro jogo do grupo, o Corinthians derrotou o africano Raja por 2 a 0, ambos os jogos disputados no dia 5 de janeiro de 2000, no Morumbi. Na segunda rodada, o jogo mais importante do grupo e do Corinthians: o adversário foi o todo poderoso Real Madrid. Foi um jogo disputadíssimo, com lances polêmicos de ambos os lados e terminou no empate em 2 a 2. No terceiro e último jogo da fase, o Timão venceu o Al-Nassr por 2 a 0. Com esse resultado garantiu sua classificação para a grande final. Corinthians e Real Madrid fizeram campanha idêntica, com duas vitórias e um empate. Mas, o saldo de gols corintiano foi maior que o time espanhol: 4 a 3. No Rio, o Vasco, que tinha Edmundo e Romário no time, fez sua lição de casa e chegou à final, que foi disputada no dia 14 de janeiro. O Maracanã recebeu público estimado em 75 mil pagantes. No tempo normal e na prorrogação, o placar ficou em 0 a 0 e a decisão foi para os pênaltis. Para o Vasco, cobraram e marcaram: Romário, Alex Oliveira e Viola. Perderam: Gilberto e Edmundo.

Do lado do Corinthians, bateram e marcaram Rincón, Fernando Baiano, Luizão e Edu. Marcelinho Carioca chutou para fora. Corinthians venceu nos pênaltis. Essa é a história de um título mundial conquistado legitimamente pelo Corinthians.

CORINTHIANS 0 (4)

(3) 0 VASCO DA GAMA

Data: 14 de janeiro de 2000. Local: Maracanã. Árbitro: Dick Jol (Holanda). Público: 73.000 pagantes. Corinthians: Dida; Índio, Adílson, Fábio Luciano e Kléber; Rincón, Vampeta (Gilmar), Ricardinho (Edu) e Marcelinho Carioca; Edílson (Fernando Baiano) e Luizão. Técnico: Oswaldo de Oliveira. Vasco da Gama: Hélton; Paulo Miranda, Odvan, Mauro Galvão e Gilberto; Amaral, Felipe (Alex Oliveira), Juninho Pernambucano (Viola) e Ramón (Donizete); Edmundo e Romário. Técnico: Antônio Lopes. Pênaltis: Corinthians 4 x 3 Vasco da Gama.

Fernando Henrique Cardoso está no segundo ano do seu segundo mandato como presidente da República • A população brasileira é de 169,80 milhões de habitantes • Gustavo Kuerten, o Guga, torna-se o primeiro brasileiro a ser número um do tênis mundial • Seleção Feminina de Basquete vence Cuba e conquista o bicampeonato da Copa América • A população mundial chega a seis bilhões de habitantes • Na TV Globo, estreia o “Programa do Jô” • Nasce a atriz Larissa Manoela • Morrem: Baden Powell, Hélio Ribeiro, João Nogueira, Moreira da Silva, Sandra Bréa, Vittorio Gassman e Wilson Simonal.

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PALMEIRAS

O primeiro jogo do Palestra Itália

PAL MEI RAS Foi numa tarde de domingo, 24 de janeiro de 1915, que o Palestra Itália (futuro Palmeiras) realizou o seu primeiro jogo, cinco meses depois de ser fundado (em 26 de agosto de 1914). O tempo transcorrido entre a data de fundação e o primeiro jogo mostra o cuidado que os fundadores tinham com o futuro de seu time. Na mesma época da fundação, também apareceram outros times oriundos da colônia italiana. Por exemplo: o Tricolore, o Rosso, o Bianco, o Verde... Todos eles tiveram vida efêmera por um simples motivo: não estavam bem-preparados, jogaram mal e foram abandonados pelos futuros torcedores. Muito embora o primeiro treino tenha sido realizado no dia 5 de setembro, apenas 10 dias após a fundação, segundo notícia do jornal “Fanfulla”, citado pelo jornalista Celso Unzelte, passaram-se quase cinco meses só de treinamentos até que o futuro e campeoníssimo Verdão entrasse em campo para valer. Registra a história que para esse histórico jogo, o Palestra Itália entrou em campo com cinco jogadores emprestados pelo Corinthians: Fúlvio, Police, Bianco, Américo e Amílcar. O jogo foi disputado no estádio Castelões, na cidade de Votorantim, etão distrito de Sorocaba. Era um amistoso contra o Savoia, clube da colônia italiana de Votorantim. E estava em jogo a Taça Savoia.

O resultado foi a vitória por 2 a 0, com gols de Bianco, pênalti, e Alegretti, também de pênalti. Portanto, primeiro jogo e primeira Taça do Palestra. Bianco, o autor do primeiro gol, tornou-se mais tarde ferrenho e apaixonado jogador do clube. Jogou por 14 anos no time do qual era capitão e, mais tarde, técnico em 1930-31 e, depois, em 1944, quando foi campeão já como Palmeiras. Mas, como jogador do Palestra, Bianco se tornaria nome importante e ídolo da torcida. Na primeira conquista continental da Seleção Brasileira, o Sul-Americano de 1919, ele estava no time titular que teve esses jogadores: Marcos de Mendonça (Fluminense-RJ); Píndaro (Flamengo-RJ) e Bianco (Palestra Itália-SP); Sérgio Pires (Paulistano-SP), Amílcar (Corinthians-SP) e Fortes (Fluminense-RJ); Millon (Santos-SP), Neco (Corinthians-SP), Friedenreich (Paulistano-SP), Heitor (Palestra-SP) e Arnaldo (Santos-SP). O jogo da vitória e do título foi sobre a Argentina, 3 a 1, com gols de Heitor, Amílcar e Millon. Carlos Izaguirre marcou para os argentinos. Voltando ao primeiro jogo do Palestra, o domingo foi de festa em Votorantim, com várias solenidades que enalteciam a Casa de Savoia, da família real italiana, grande responsável pela unificação da Itália no século XIX. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Savoia foi obrigado a mudar de nome, por força de

Taça Savoia: a primeira conquistada pelo Palestra/Palmeiras, logo em seu primeiro jogo

um decreto federal que não mais permitia que entidades esportivas tivessem nome estrangeiro. O mesmo aconteceu com o Palestra, que também mudou seu nome para Palmeiras e se tornou campeão paulista, no ano de 1942, já com o novo nome. Eram bons e saudáveis ventos que anunciavam futuro promissor para o novo time.

PALESTRA ITÁLIA

2 0 SAVOIA

Amistoso - Taça Savoia Data: 24 de janeiro de 1915 Local: Campo do Castelão, em Votorantim-SP Árbitro: Sylvio Lagrecca. Palestra Itália: Stillitano; Bonato e Fúlvio; Police, Bianco e Valle; Cavinato, Américo, Alegretti, Amílcar e Ferré. Capitão: Valle. Savoia: Colbert; Ferreira e Silvestrini; Gigi, Zecchi e Fredrich; Imparato, Cardoso, Ferreira II, Imparato II e Pinho. Capitão: não disponível. Gols: Bianco (pênalti) e Alegretti (pênalti), ambos no 2º tempo.

ACONTECEU EM 1915...

O Brasil é presidido por Wenceslau Braz, que assumiu em 15/11/1914 • A população brasileira é de 26,22 milhões de habitantes • Nascem: Carequinha, Édith Piaf, Frank Sinatra, Grande Otelo, Humberto Teixeira, Orlando Silva e Zé Trindade • Ernesto Nazareth lança o chorinho “Apanhei-te Cavaquinho” • Lançada a aspirina em comprimidos • As regras internacionais do basquete são adotadas no Brasil • Disputado o primeiro Campeonato Sul-Americano de Basquetebol • Com a chegada dos imigrantes, multiplicam-se os jornais operários, muitos deles anarquistas • O filme “The Trump” marca a estreia de Carlitos.

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QUIZ 1 a b c d

2 a b c d

3 a b c d

4 a b c d

Em que ano o Corinthians foi fundado?

1910 1912 1914 1915 Em que ano o Palmeiras (então Palestra Itália) foi fundado?

1910 1912 1914 1915 Em que ano o São Paulo (então São Paulo da Floresta) foi fundado?

1930 1931 1932 1933 Em que ano o Santos foi fundado?

1910 1911 1912 1914

Você é mesmo bom de bola? Teste seus conhecimentos Respostas no pé da página

5

Quem foi o autor do primeiro gol da história do Corinthians?

9

a b c d

César Nunes Joaquim Ambrósio Luiz Fabbi Police

a b c

6 a b c d

7 a b c d

8 a b c d

Quem foi o autor do primeiro gol da história do Palmeiras (então Palestra Itália)?

Alegretti Américo Amílcar Bianco Quem foi o autor do primeiro gol da história do São Paulo (então São Paulo da Floresta)?

Segalla (contra) Friedenreich Mário Seixas Zuanella

Baltazar Teleco Neco Cláudio Christovam de Pinho

d

10

Quem é o maior artilheiro da história do Palmeiras, com 323 gols?

a b c d

Ademir da Guia César Maluco Heitor Lima

11

Quem foi o autor do primeiro gol da história do Santos?

Nilo Adolpho Millon Arnaldo Silveira Ambrósio

Quem é o maior artilheiro da história do Corinthians, com 305 gols?

Quem é o maior artilheiro da história do São Paulo, com 242 gols?

a

Serginho Chulapa

b

Gino Orlando

c

Luís Fabiano

d

Teixeirinha

Resultados: 1 5 9

a c d

2 c 6 d 10 c

3 a 7 a 11 a

4 8

c c

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BIBLI TECA

LIVRO: DEBATE NA VEIA

Lições de Jornalismo MÁRIO MARINHO Quem assiste ao capítulo de uma novela imagina a trabalheira que dá: são centenas de pessoas envolvidas, maquiagem, testes de sons, testes de imagens, gravar novamente a cena que não ficou boa, ensaios. Quem assiste a um debate político bem produzido não imagina a trabalheira que dá: são centenas de pessoas envolvidas, maquiagem, testes de sons, testes de imagens, mas não dá para gravar novamente, não dá para repetir a cena, não dá para ensaiar. É tudo muito dinâmico, ao vivo, com um roteiro que vai sendo escrito e seguido minuto a minuto. A preparação do debate também demanda tremendo esforço – físico e intelectual. De repente, o Diretor que deveria estar cuidando do macro tem que se meter no varejo e ir até um comitê de campanha, convencer o assessor do candidato a aceitar um protocolo que vai normatizar o debate e garantir, democraticamente, a participação de cada candidato.

Essa e outras cenas fazem parte da história dos debates televisivos do Brasil, história que cobre os últimos 60 anos da nossa democracia. Ninguém melhor para contar essa história que o criador dos debates da TV Bandeirantes, o jornalista Fernando Mitre.

O próprio Fernando Mitre, hoje chamado de Doutor Debate, diz que se não fosse sua formação na imprensa escrita, os debates dificilmente teriam acontecido.

Cada debate, um parto.

Desde o primeiro debate presidencial de 1989, o primeiro depois da queda da ditadura militar, até o último debate entre Bolsonaro e Lula, os debates foram evoluindo, evoluindo sempre em busca da perfeição almejada por Fernando Mitre e sua equipe.

O candidato que está à frente nas pesquisas, endurece o jogo. Diz que não irá. Ele sabe que é imprescindível para o sucesso do debate. Faz doce. Outro afirma que só irá se fulano confirmar a participação. Deus deu a Fernando Mitre as qualidades mineiras da paciência, da persuasão, do diálogo. E ainda o colocou no Jornal da Tarde, onde se praticou espetacular revolução na Imprensa do Brasil a partir de 1966.

Mas, aconteceram e fizeram história.

Como disse o jornalista Fernando Mattar, no capítulo dos Testemunhos, com a evolução “ganha o debate, ganham os candidatos, ganha o eleitor e ganha a democracia.” Eu acrescento: ganha o jornalismo.

Quando parece que está tudo bem e pronto para começar o debate, já com luzes acesas, personagens em seus lugares, um dos personagens chama Fernando Mitre no cenário do debate. E diz, na cara: - Não vou apertar a mão desse filho da puta. O indignado candidato que não queria apertar a mão era Lula; o filho da puta, o Bolsonaro. - Mas, candidato, faz parte do protocolo que o senhor e sua assessoria aprovaram, retruca o ansioso Diretor. Fernando Mitre é o autor de "Debate na Veia"

FICHA TÉCNICA Nome: Debate na Veia Autor: Fernando Mitre 312 páginas Editora: Letra Selvagem

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CADÊ V CÊ

?

É uma fênix. Vai voltar! Ana Paula Oliveira foca em trabalhar no futebol. AILTON FERNANDES Quem se lembra daquela morena bonita, articulada, intensa, que driblou o machismo, fez sucesso como bandeirinha no futebol brasileiro e foi capa da Playboy em julho de 2007? Ana Paula Oliveira ocupou espaço dominado, naquela época, pelos homens e contribuiu para o empoderamento da mulher antes do futebol feminino ganhar espaço na mídia. Brilhou durante oito anos e foi a primeira mulher a trabalhar em grandes clássicos do País e nas decisões do Campeonato Paulista. No entanto, cometeu um erro grave ao anular um gol do Botafogo no Campeonato Brasileiro de 2007. Caiu em desgraça e foi aposentada precocemente. - E se naquela época, existisse o VAR? – perguntou um repórter. - Tenho certeza que estaria atuando até hoje e como árbitra central respondeu, com firmeza, lembrando que os erros cometidos pelas mulheres eram muito mais valorizados do que os erros dos homens. Sua carreira continuou fora dos campos. Trabalhou como instrutora da Fifa em eventos esporádicos e ocupou cargos no Departamento de Árbitros da Federação Paulista de Futebol. Em 2019, assumiu a presidência da Comissão de Arbitragem. Saiu em outubro do ano passado. - Fui a primeira mulher a trabalhar como gestora estratégica e operacional da arbitragem de São Paulo – conta com orgulho, ressaltando que gerenciava um grupo de 60 pessoas e contribuiu para revelar árbitros como Vitor Gobi, por exemplo, e consolidar a carreira de Edina Batista. Ana Paula é uma mulher determinada. Sem trabalho fixo, viajou para os Estados Unidos a fim de aprimorar o idioma. Já é fluente no espanhol. Também faz pós-graduação em Neurociência na Unyleya no modelo EAD. Como uma fênix, que ressurge das próprias cinzas, trabalha para voltar ao futebol. Na área de gestão da arbitragem ou no jornalismo esportivo, onde já atuou em TVs abertas e fechadas como comentarista e apresentadora. Faz planos também de investir nas redes sociais e em dar palestras. - Meu sangue exala futebol – concluiu a bela árbitra, hoje com 45 anos.

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