Revista Curta – Edição nº32 – novembro/2018

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REVISTA

CURTA


EDITORIAL Boa noite! Nessa sessão especial do CineCom estamos comemorando os 40 anos de existência do Centro de Ciências Humanas da UFV, o CCH. Desde a sua fundação, o CineCom propõe a democratização do cinema para a população de Viçosa, exibindo filmes de acordo com uma temática previamente escolhida. Hoje, ao celebrarmos o aniversário do CCH, trazemos à vocês “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” (2006), que se passe durante o Regime Militar Brasileiro, buscando

celebrar também a história do nosso país, sobre a qual devemos falar constantemente, jamais a deixando cair no esquecimento. Vivendo em tempos que misturam medo e esperança, o CineCom se compromete nesta noite, e daqui pra frente, à continuar lutando pelo acesso às artes, à educação, pela liberdade e pela valorização das ciências humanas. Desejamos parabéns ao CCH, e a você leitor, uma ótima sessão.

Letícia Passos

NESTA EDIÇÃO 3

Ficha T´écnica e Sinopse

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Filmes e contextos históricos: a real importânciaos

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O regime militar nas telonas

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A Ditadura e o feminismo

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Didas de cinéfilo, playlist e dicas cinecom


o ano em meus pais saíram de férias

2006

Direção: Cao Hamburger Roteiro: Cao Hamburger, Anna

Muylaert, Bráulio Mantovani, Claudio Galperin, Adriana Falcão

Elenco: Michel Joelsas, Germano Haiut, Daniela Piepszyk, Caio Blat, Paulo Autran

Nacionalidade: Brasileiro

Sinopse

Um belo dia, os pais de Mauro precisam viajar inesperadamente e o deixam aos cuidados de um vizinho judeu, o velho Shlomo. O filme mostra as marcas da ditadura brasileira na vida familiar, sob o olhar de um menino mineiro em 1970.

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Filmes e contextos históricos: a real importância

“A vida imita a arte, a arte imita a vida”. Você já deve ter escutado essa frase em algum lugar e sabe disso. Representar realidades e contextos em filmes já é uma prática de longos anos da indústria do cinema. Principalmente porque essas produções sempre se baseiam no cotidiano, atitudes corriqueiras e histórias que precisam ser contadas e sempre revistas. A importância de toda essa famosa representação se dá pelo fato de caracterizarem momentos únicos na história mundial e relembrar à todos que estamos fadados a reviver o passado, sendo ele bom ou ruim. E é nesse ponto que a arte encontra a vida como inspiração e a reproduz trazendo para o todo uma pequena parte do sentimento que assola períodos caóticos ou felizes, e até mesmo esperançosos. E em casos que a vida imita a arte, é possível ver o quão vorazes somos quando reproduzimos

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papéis, nos pressionamos à seguir condutas e ter comportamentos que podem definir se você é o vilão ou o mocinho no filme da vida. O cinema, como também criador de arte, pode trazer algo além da atuação e grandes bilheterias: traz a vivência que não chega até você, tirandos os limites do olhar puramente egoísta. Então, sempre que a história lhe parecer confusa, um bom filme, com boas fontes e compromisso, pode te sanar dúvidas que o acompanham durante uma vida.

João Pedro Mageste


O regime militar

nas telonas

Os longos 21 anos do Regime Militar produziram atrocidades no Brasil, desde seu golpe em 1964 até a redemocratização após o último governo em 85. Assim como o filme “O ano que meus país saíram de férias” exibido nessa sessão do Cinecom, outros vários filmes foram produzidos no Brasil retratando essa época. Filmes esses que abordaram o assunto de forma mais leve até os que mostraram de forma explícita os piores casos desses anos sombrios. Seja para aprender sobre o assunto, pela curiosidade ou então apenas pelo interessa daquela história em si, muitos filmes valem a pena serem vistos pela grande produção que tiveram e por registrarem um período triste da nossa história que devemos conhecer para não repetir. E para aqueles que não sabem, já teve filme com essa temática concorrendo ao Oscar de melhor filme estrangeiro. É o caso de O que é Isso Companheiro? de 1997 de Bruno Barreto, um dos filmes nacionais mais famosos. A obra é inspirada na história real do sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil em 1969 por um grupo que tentava liberar diversos presos políticos. Essa é uma ótima indicação para aqueles que querem saber mais sobre esse episódio tão curioso que ocorreu

no nosso país. Outro filme muito famoso sobre essa época é Zuzu Angel, com Patrícia Pillar vivendo a mãe de Stuart, um militante político interpretado por Daniel de Oliveira. Zuzu, assim como várias outras mães, vai lutar contra o governo buscando justiça depois do assassinato de seu filho. Infelizmente, esse é outro filme baseado em uma história real. Todos esses filmes tem um ponto em comum: nos deixar chocados. Chocados que histórias que aconteceram aqui mesmo no nosso país puderam virar roteiro de filmes desse estilo. E não no bom sentido.

Brenda Scota 5


A Ditadura e o feminismo O papel das mulheres na Ditadura Militar se deu de diversas formas, desde guerrilheiras, participantes do movimento estudantil e sindicatos, à professoras e enfermeiras. Independente da função desempenhada, elas tiveram uma participação ativa e foram protagonistas da resistência contra esse regime. Segundo a pesquisadora Susel Oliveira, autora do livro “Mulheres, ditaduras e memórias”, as mulheres militantes encarnavam um papel duplamente transgressor. Primeiro, por desafiarem a ordem estabelecida, na tentativa de derrubar o regime militar, em segundo lugar, por contrariarem o papel de mães, esposas e donas de casa que a ditadura e a sociedade patriarcal reservavam para elas. Desde o momento da prisão até o horror da sala de torturas, estavam nas mãos de agentes masculinos fiéis às performances de gênero, que utilizavam a diferença como uma forma a mais para atingir as mulheres. Durante esse tempo emergiram movimentos feministas, em um contexto onde não havia igualdade jurídica nem formal entre homens e mulheres. Feminismo este que proporcionou às mulheres ocuparem, de certa forma, o mundo público, questionando

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o regime patriarcal e a divisão sexual do trabalho, além de iniciar o rompimento de padrões, valores e códigos tradicionais impostos as mulheres.

Maíra Ferrari


dicas de

cinéfilo

Danilo Pinheiro, morador de Viçosa, é veterinário, coaching executivo de desenvolvimento pessoal e poeta nas horas vagas. Amante da sétima arte, ele gosta de filmes que o emocionam, acrescentam coisas na sua vida e no final tudo tem que se encaixar.

Top 5 favoritos 1. Como Eu Era Antes de Você,(Thea Sharrock, 2016) 3. Interestelar (Christopher Nolan, 2014) 4. Marley e Eu (David Frankel, 2008) 2. A Chegada, (Denis Villeneuve, 2016) 5. Gênio Indomável (Gus Van Sant, 1998) playlist

Nunca Mais

Pra não dizer que eu não falei das flores -Geraldo Vandré • Apesar de você - Chico Buarque • É proibido proibir - Caetano Veloso • Como nossos pais - Elis Regina • Angélica - Chico Buarque •

dica cinecom

Nossa História •Desmundo - (2003) •Carlota Joaquina - (1995) •Gaijin - Os Caminhos da Liberdade - (1981) •Olga - (2004) •Carandiru - (2003)

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Na próxima sessão

As Vantagens de Ser Invisível Gramado das 4 Pilastras 25 de novembro às 19h30

Revista curta | edição 32 - Novembro/2018 Orientador: Albert Ferreira Edição Geral: Letícia Passos Projeto gráfico: Brenda Scota Reportagem e redação: João Pedro Mageste, Brenda Scota, Maíra Ferrari Revisão: Yan Oliveira Diagramação: Beatriz Valente Crédito imagens: Reprodução (Capa e pag. 2-8)


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