Revista Curta – Edição nº25 – maio/2018

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NA PRÓXIMA SESSÃO

27 de maio, às 19h00 com um filme da América Latina

Apoio:

revista curta edição 25 - maio/2018 Albert Ferreira Letícia Passos Sara Brunelli Amanda Veloso Maria Clara Gallucci Marina Gouveia REVISÃO Beatriz Valente DIAGRAMAÇÃO PROJETO GRÁFICO Andre Aguiar Déborah Médice Tayná Gonçalves Marina Gouveia (pág. 2) IMAGENS Reprodução (Capa, pág. 3-8) ORIENTADOR EDIÇÃO GERAL REPORTAGEM

Realização:


DICAS DE CINÉFILO

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7 Altamiro H. Pontes Neto, natural de Mucuri – BA, cursa Agronomia na UFV e está em seu sétimo período. Sua lista de filmes preferidos é composta por filmes de variadas nacionalidades, como França, EUA, Argentina, entre outros. 1. Me Chame Pelo Seu Nome (Luca Guadagnino, 2017) 2. Cidade dos Sonhos (David Lynch, 2002) 3. Os Incríveis (Brad Bird, 2004) 4. Medianeiras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual (Gustavo Taretto, 2011) 5. Ela (Spike Jonze, 2014)

EDITORIAL Boa noite! Nessa sessão especial em parceria com o CELIB (Curso de Extensão em Língua Brasileira de Sinais), nós trazemos pra vocês o longa The Hammer, lançado nos cinemas em 2011. No Cinecom tentamos sempre apresentar os filmes mais apropriados ao tema escolhido e nesta parceria com o CELIB, tentamos encontrar histórias com a temática surda. O filme escolhido é norte-americano e conta a história real de Matt Hammil, um lutador surdo. Quando a deficiência é representada nas mídias, é fácil encontrar diversos estereótipos, e personagens bidimensionais que são resumidos apenas à sua condição. Com essa sessão queremos mostrar que a surdez não é nenhuma sentença e que a comunidade surda, assim como o protagonista do filme, é muito mais que sua deficiência. Boa sessão!

por Letícia Passos

> Hall of Fame – The Script

PLAYLIST: PARA SUPERAR OBSTÁCULOS

> Don’t Stop Believing – Journey > Enquanto Houver Sol – Titãs > Fight Song – Rachel Platten > Shake it Out – Florence + The Machine > Brave – Sara Bareilles

NESTA EDIÇÃO 3 Sinopse 4 A cultura surda 5 A surdez e o audiovisual 6 Surdos nos esportes: desafios e conquistas

7 CineCom indica

DEFICIÊNCIA NO CINEMA:

O QUE VOCÊ DEVE VER

Filhos do Silêncio < (Children of a Lesser God, 1986)

Adam < (Adam, 2009)

Luzes da cidade < (City Lights, 1931)

Meu Pé Esquerdo < (My Left Foot, 1990)

O Milagre de Anne Sullivan < (The Miracle Worker, 1962)


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SURDOS NOS ESPORTES:

THE HAMMER

DESAFIOS E CONQUISTAS A surdez sem dúvidas é um obstáculo, mas de maneira nenhuma é intransponível. Essa certeza é mostrada no filme dessa sessão: The Hammer. Esse conta a história de Matt Hamill, desde a descoberta de sua deficiência auditiva na infância até a conquista de seu primeiro título de campeão em MMA. Você sabia que só no Brasil vivem cerca de nove milhões e setecentos mil surdos? Mais surpreendente que isso é o fato de que apenas 300 mil desses praticam esportes. Esses dados preocupam, já que a prática esportiva, além de ser essencial para a saúde física e mental do indivíduo, também é um dos principais mecanismos de inclusão social, especialmente para os surdos, que encontram nas práticas coletivas uma maneira de melhorar o seu entendimento da linguagem de sinais, auxiliando assim na sua comunicação. Mas, o porquê disso não é muito difícil de deduzir, tendo em vista que o esporte no país como um todo vem enfrentando uma onda de desvalori-

zação e a situação se agrava no que se refere aos grupos com necessidades especiais. Apesar de enfrentar entraves provenientes da ausência da audição somados à falta de apoio, divulgação e exclusão, muitos ainda persistem e mostram que são tão capazes quanto qualquer um, ou até mais, já que contam com a força adquirida através das adversidades, como aconteceu com Hamill. Essa força é mostrada em seu ápice a cada quatro anos após as Paraolimpíadas, nas Surdolimpíadas, organizadas para atletas surdos pelo Comitê Internacional de Desportos para Surdos (ICSD). Esse evento do qual pouco ouvimos falar reúne 13 modalidades esportivas diferentes, mostrando que a verdadeira limitação está naqueles que não conseguem enxergar a capacidade do outro pelo simples fato dele ser diferente.

por Maria Clara Gallucci

(THE HAMMER, 2010) Direção: Oren Kaplan Roteiro: Eben Kostbar, Joseph McKelheer Elenco: Russell Harvard, Shoshannah Stern, Raymond J. Barry, Michael Anthony Spady Nacionalidade: EUA Sinopse Matt Hamill enfrentou dificuldades antes de se consagrar três vezes campeão de luta livre. Nascido sem a audição, o lutador usou sua deficiência como vantagem e se tornou o primeiro atleta surdo a vencer um campeonato universitário nacional.


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A SURDEZ

A CULTURA

E O AUDIOVISUAL

SURDA

A cultura surda é algo existente e que deve ser pensado na nossa realidade, para além de uma preparação social que acolhe, mas que a reconhece a primeiro modo. Os surdos utilizam de uma comunicação diferente dos ouvintes, baseado num espaço-visual. Dessa forma, é preciso compreender o mundo surdo para que só a partir daí as tomadas de decisões, envolvendo leis, acessibilidade e respeito possam de fato ser efetivas. Conhecendo essa cultura é possível que mudanças sejam feitas para melhor, como em 2002 por exemplo, que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) passou a ser reconhecida como a segunda língua oficial do país, e não apenas uma linguagem. A importância disso está na diferenciação dos termos, enquanto a linguagem é basicamente a capacidade de se comunicar e a língua, enquanto conjunto organizado de elementos, pode ser implantada e aceita como parte da sociedade, de forma a abranger e unir um sistema de comunicação que seja minima-

mente excludente. A representatividade e reconhecimento são fundamentais para o entendimento correto dessa cultura pois, comumente, são reproduzidas características não pertencentes à uma comunidade surda no geral. Exemplos disso são o uso do termo deficiente auditivo ao invés de surdo, a invisibilidade das potencialidades psico - culturais próprias que são desenvolvidas nas pessoas surdas, a atribuição surdo-mudo que generaliza e diversas outras questões ligadas a essa comunidade. O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2017 abordou a questão dos surdos em sua redação, o que foi de grande importância na medida em que colocou em pauta uma reflexão extremamente importante na sociedade. Da mesma forma, tornou-se perceptível o quão fundamental é que esse tema seja discutido mais e da forma correta, já que é algo que todo mundo sabe da existência, mas nem sempre respeita as formas adequadas de se lidar.

por Sara Brunelli

A surdez está presente em todos os aspectos da vida, incluindo o audiovisual, seja como espectadores, atores, diretores… É importante que esse público tenha acesso e participação nessa parte cultural. Os cinemas brasileiros estão passando por um processo de adaptação. A partir do dia 1º de janeiro de 2016 a lei 13.146/2015, que criou o Estatuto da Pessoa com Deficiência, prevê que em até quatro anos todas as sessões de cinema tem que oferecer acessibilidade para surdos e cegos. Para isso, é importante que as salas de todos os cinemas disponham dos seguintes recursos: libras, audiodescrição, legenda, legenda descritiva e etc. Existe um projeto da Ancine que doa cerca de 15mil reais para os cinemas pequenos poderem ter condição de também exibir seus filmes para todos. Além do público que vai aos cinemas, temos alguns atores famosos do cinema internacional

que são completamentos ou parcialmente surdos, por exemplo: Halle Berry (já ganhou um oscar e não tem 80% da audição em um ouvido), Marlee Matlin (tem apenas 20% da audição em um ouvido e é completamento surda do outro), Millie Bobby Brown (a atriz de Stranger Things não tem audição em um dos ouvidos) e etc.

por Amanda Veloso


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