Colorado: a primeira escola de samba de Curitiba

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carnaval de Curitiba, tornando-se figura folclórica da Escola D. Pedro II. Um verdadeiro Saci surgido do reino da fantasia a saracotear com uma perna só na Avenida. O ex-jogador, grande zagueiro, terror dos atacantes do campo do 5 de Maio (hoje Praça Afonso Botelho) perdeu a perna, devorada pela doença, mas nunca perdeu a vontade de sambar na avenida. Nesse carnaval, quando a Escola estava a 50 metros do palanque oficial, Tinho abandonou a muleta e saracoteando numa perna só deu um verdadeiro show de pandeiro. Aliás, a bateria da Escola era um verdadeiro exemplo de dedicação ao samba. Dela participava, ainda, Pézinho, outro exímio pandeirista, também fotógrafo, que mesmo com os pés para dentro, um defeito de nascença, se transformava em Curupira e encantava a todos na avenida na hora do desfile ao deslizar magicamente pelo asfalto, como se tivesse mil pés, dando um show de samba no pé e no pandeiro. Amauri, outro guerreiro, também é de ser lembrado pelo seu exemplo de dedicação. Mesmo sem o indicador da mão direita era quem mostrava o rumo do norte para a bateria, que andava na cadência e ritmo do seu vigoroso surdo, do qual era um dos melhores tocadores na “D. Pedro II”, sendo por muitos anos uma peça importante na bateria da Escola. O Carnaval de 1974 também não sorriu para a Escola da Vila Capanema, 116

que perdeu o campeonato por um ponto a menos. A “Dom Pedro II” levantou o bicampeonato bastante favorecida pelo tempo, já que foi a única Escola a desfilar sem chuva, enquanto que as primeiras, inclusive a “Colorado”, desfilaram sob fortes chuvas que castigaram a cidade naquela data. Os jornais registraram que os tamborins e pandeiros ficaram quase inúteis com a chuva. Como a bateria era o ponto forte da Colorado, pode-se imaginar o estrago causado à Escola que, de qualquer, modo foi vice-campeã. Nem mesmo o bonito samba-enredo que cantava a inauguração do Teatro Guairá, ajudou a Escola a fugir da eterna sina de ser vice-campeã, mas foi um ano importante porque marcou o nascimento da parceria Cláudio Ribeiro e Homero Reboli. A história do encontro foi narrada pelo primeiro em entrevista concedida ao jornalista Téo Souto Maior: “A história da dupla surgiu de um encontro que nós tivemos na praia – no Jurerê – e ele (Homero) havia feito um samba para a Colorado. Eu estava correndo da polícia naquela época, era meados de 1970. Ele tinha feito um samba com um japonês, vê se pode, chamado Eduardo Ueda. Em 1974 aconteceu a inauguração do Teatro Guaíra. Maé chamou o Homero, que junto com o Ueda fizeram o samba sobre o


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