#44 - Wagner Moura

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uma grande ruptura na vida de um casal. Não há mais tempo e nem disposição pra namorar, pra ficar a sós. A criança pequena, principalmente, ocupa todo o espaço, pois exige muitos cuidados”. Mariana adianta que muitos filhos podem até ficar enciumados num momento como esse, mas que os pais não têm que se preocupar porque poucas coisas contribuem tanto para a saúde mental de uma criança quanto perceber que seus pais são parceiros e se amam. “Isso estimula devagarzinho a criança a se interessar por construir sua família quando crescer. Na hora que o ciúme surgir, basta explicar que os pais se amam e que o amam também, mas precisam de um tempo sozinhos”. Bom, na teoria, tudo lindo. Mas e na prática? Quem é mãe sabe que a culpa de viajar sem as crianças vem antes mesmo de entrar no avião. Como lidar com ela? “Basta a mãe se apoiar no fato de que separações são experiências emocionais importantes, que ajudam o filho a crescer saudável. Uma mãe não estará presente em todos os momentos da vida de seu filho e nem poderá controlar todos os acontecimentos e sentimentos que a criança vai enfrentar!”, expõe a especialista. De qualquer maneira, as mães (que são as que mais sofrem, normalmente) têm que estar preparadas para tomar essa decisão. Não adianta nada viajar sofrendo muito (um pouquinho, é normal), arrastadas pelo marido. Lembrem-se: é pra ser gostoso e não uma tortura! Decisão tomada, a especialista indica uma conversa com

os filhos dias antes, com um intervalo de tempo suficiente para que o papo possa ser repetido algumas vezes para os menores assimilarem ou para as perguntas dos maiores serem respondidas. Pronto! Aí é só escolher alguém de sua inteira confiança para cuidar deles (e assegurar que a rotina será mantida, o que os deixará mais tranquilos) e embarcar. Já no destino, o ideal é manter contato. A vantagem com relação à época dos nossos pais, por exemplo, é que hoje temos facetime, skype, dá para os filhos ouvirem e verem os pais. “Esse contato é interessante porque ajuda a criança a entender que seus pais estão inteirinhos, só que em outro lugar. Pode haver certa tristeza e até choro nessas horas, mas vale a pena. Não há vantagem em poupar a criança de uma dor que ela, afinal de contas, já está vivendo e, em contrapartida, privá-la de um breve reencontro, que pode aliviar fantasias de ter perdido os pais para sempre”. De minha parte, posso garantir que tomar a decisão de ter um tempo só meu e do meu marido, desde que nossa Nina nasceu, há três anos e meio, foi muito importante. Já fomos a Paris, Amsterdã, Marrocos e Espanha, além de passarmos todos os carnavais em Salvador. Ela e a Maitê, que nasceu há dois anos, parecem entender nossa necessidade cada vez mais e sofrer cada vez menos com as separações. Além disso, amam ficar na casa dos avós, amam o papel de netas e todos os privilégios que ele garante. Mas isso é assunto pra uma próxima viagem.


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