Click Paulista 10

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CINEMAS de RUA: a ARTE de uma LUTA ganharam — e continuam ganhando — destaque, dentre elas a que comemorou, em 2010, os 130 Anos da Imigração Libanesa no Brasil, além de Visões andinas: Deserto do Lipez, uma série de fotografias que retratam a beleza e a diversidade de um dos lugares mais lindos do mundo. Visões Andinas traz imagens registradas em 2008, durante uma viagem pelo Chile, Bolívia e Peru, numa altitude entre 2 mil e 7 mil metros. Essa é uma das atuais exposições, mas as novidades são constantes: o primeiro Ciclo Ciné-Club, em parceria com a Aliança Francesa, traz filmes que mostram diferentes olhares sobre o feminino. As exibições são matutinas e presenteiam os cinéfilos com um delicioso café da manhã. O Ciclo Ciné-Club confirma a vocação do Reserva Cultural como cinema do circuito alternativo, vocação essa que remonta a 2005, quando, em 10 de junho, foi inaugurado pelo distribuidor independente Jean Thomas Bernardini, seu criador. A ideia de criar o Reserva já havia nascido há algum tempo em sua mente. Há 23 anos, ele viaja pelo mundo em busca de filmes de arte, e 10 anos atrás percebeu que o mercado exibidor de cinema começava a se perguntar se valia a pena manter o público para as obras alternativas e criar um espaço para tal. A experiência de Jean como distribuidor lhe indicava que esse nicho tinha mercado, mas seu público, cosmopolita e apreciador do cinema independente, não abriria mão do conforto, segurança, qualidade da programação e sossego, fora do agito dos cinemas de shopping. Foto: http://www.lgphotography.fr/visoesandinas/slides/DSC08225.html

Imagem de Laurent Guerinaud, parte da exposição Visões Andinas: Deserto de Lipez, em cartaz no Reserva

Em entrevista ao Click Paulista, Jean Thomas Bernardini falou sobre seu cinema, inclusive sobre o projeto arquitetônico, da KN Associados, escritório com larga experiência em projetos corporativos, como grandes lojas e espaços comerciais em shopping centers — como a refinada Trussardi, as livrarias Saraiva e Senac, a Tok&Stok, entre outras marcas. “Eu pedi para eles criarem um espaço onde as pessoas teriam outras opções, 8

Foto: www.reservacultural.com.br

Grupo que encenou um trecho de A Sagração da Primavera, antes de exibição de filme

para poderem permanecer por mais tempo. Em uma cidade grande como São Paulo, não dá mais para as pessoas pegarem um carro, demorarem no trajeto, gastarem com estacionamento e correrem risco de assalto para irem ao cinema e voltarem para casa. Essa é a vantagem do shopping center, que tem segurança e praça de alimentação, onde podem comer alguma coisa. Aqui, recriamos um mini-shopping, porque há uma livraria, um café, uma boulangerie francesa que vende croissants e um restaurante. Então, as pessoas que aqui vêm podem ficar por horas: elas não vêm só para ver o filme, pois virou um lugar de encontro”. Os diferenciais do Reserva são acompanhados por uma restrição, que, para 72% do seu público, é uma vantagem: não vender pipoca. Esse foi o desejo dos potenciais frequentadores do espaço, revelado em uma pesquisa realizada antes da inauguração. O maior incômodo era o barulho intermitente da guloseima, que os cinéfilos pesquisados dispensavam. O mesmo cuidado com os desejos do público está refletido na programação, cujos filmes são escolhidos a dedo pelo proprietário, que viaja o mundo para visitar inúmeros festivais de cinema. “Normalmente, trago filmes premiados, porque o público daqui é muito antenado. Não adianta trazer filmes com ar comercial, pois eles não caem no gosto do público do Reserva. Os frequentadores querem autenticidade, o que é ótimo, e assim correspondemos. Então, vejo o panorama do cinema o ano inteiro. Naturalmente, por conhecer cinema, não raro trago filmes de difícil entendimento e compreensão, mas que valem a pena porque são obras de arte, das quais o público gosta e, por isso, comparece ao cinema. Talvez seja esse o diferen-


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