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Coco Chanel, o nome da revolução

Gabrielle Chanel inovou e mudou o comportamento feminino no campo da moda.

POR LETÍCIA BONARETI LORETTE SOB SUPERVISÃO DE JOSÉ DIAS PASCHOAL NETO

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Figura marcante no universo da moda, Coco Chanel fez muito mais do que roupas para a alta costura francesa. Ela inovou o modo de se vestir no século XX e atuou em uma mudança comportamental no mundo feminino.

Antes de tudo, é necessário contextualizar a época em que Chanel vivia. Era Belle Époque (1871-1914), sinônimo de exuberância e camadas e mais camadas de babados. As roupas possuíam muitos detalhes, e, para complementar, os chapéus chamativos eram essenciais. Por trás dessa “armadura”, estava uma mulher já cansada pela falta do direito de ser quem queria, se sentindo inferior aos homens e enquadrada em diversos estereótipos.

Gabrielle Chanel foi, desde o princípio, uma personalidade à frente do seu tempo, esteve sempre aberta para se reinventar e pronta para incomodar. De acordo com a revista Elle, Chanel perdeu a mãe ainda criança e o pai a colocou em um orfanato de freiras. Cresceu sem afeto, e desde muito nova, cuidou de si mesma. Foi com as irmãs que Gabrielle aprendeu a costurar e a criar alguns modelos. Seu primeiro emprego foi em uma loja de chapéus, onde se aperfeiçoou e descobriu sua grande vocação: inovar.

No quesito amoroso, Chanel foi uma mulher de muitos amores. O maior deles foi Arthur Copel, jovem da elite parisiense. Para ele, ela era sua amante, mas para ela, ele era o amor de sua vida. Copel proporcionou a Coco um passe livre para a nobreza, onde frequentavam festas, clubes e eventos. Mas, mais do que isso, Chanel, conquistou inúmeros contatos, que no futuro seriam suas clientes. Arthur financiou a primeira loja da até então nova estilista, que já destoava das demais. Em uma tarde de golfe, a modista decidiu se vestir de uma maneira mais confortável: escolheu roupas de seu amado, uma calça de alfaiataria e uma malha de listras. Em meio a tantos vestidos vo- lumosos, Chanel se destacou. Tamanho foi o burburinho naquele dia, mas, ainda maior, foi a curiosidade feminina pelas peças que “Coco” poderia criar. Outra mudança relevante no mundo da moda foram os chapéus de Coco Chanel. Por volta de 1912, seus produtos se tornaram famosos entre as mulheres sofisticadas da França. Em contraposição, diferente do estilo costumeiro de chapéu da época, Coco substituiu a composição cheia de “informações” desse adereço, para chapéus com detalhes mais simples e requintados.

Empoderamento

Na semana seguinte, surgiram inúme-

Cone Da Moda

Gabrielle Bonheur Chanel, mais conhecida como Coco Chanel, foi uma estilista francesa e fundadora da marca Chanel S.A.. É a única estilista presente na lista das cem pessoas mais importantes da história do século XX da revista Time ras novas clientes para a Maison, todas querendo uma cópia do mesmo modelo. Gabrielle percebeu que aquele era seu caminho, e criou uma nova coleção, repleta de vestidos leves e fluidos, e com uma peça-chave: a famosa calça. Até então, a calça era somente utilizada por homens, principalmente em seus ambientes de trabalho. Os tecidos mais simples, como a malha, eram destinados às famílias mais pobres, e com menos recursos para comprar roupas. A introdução dessas peças no guarda-roupa feminino representou uma mudança de comportamento para a época. “Chanel libertou as mulheres da opressão. Criou roupas femininas leves, soltas, práticas e confortáveis”, aponta Andreia Meneguete, professora de moda da FAAP, em seu curso de Fashion Branding

Na Segunda Guerra Mundial, os homens tiveram de abandonar suas posições de chefes de famílias e embarcaram rumo às batalhas. Para que a economia continuasse funcionando, as mulheres tiveram de assumir as rédeas dos negócios. Com problemas tão grandes, eram raras as moças que tinham o luxo de pensar em novas compras. Como os tecidos também começaram a entrar em escassez, Coco criou o icônico tweed, que entrou para o mundo da moda pela leveza e conforto, tecido até então considerado pobre, usado nas vestimentas de trabalhadores.

De maneira indireta ou direta, Gabrielle auxiliou em diversas mudanças comportamentais no mundo feminino. Seu grande diferencial foi sempre estar pronta para criar o que a época lhe pedia. Por isso, pode ser considerada uma estilista comportamental, já que suas roupas sempre foram espelhos do tempo em que vivia, afirma Andréia.

MAIS DO QUE ESTILISTA, OBSERVADORA DA REALIDADE

O trabalho de Chanel foi intensamente influenciado pelas etapas de sua vida pessoal e as pessoas que ela conheceu ao longo de sua vida. O rigor das cores reflete a simplicidade da vida monástica observada de perto por ela durante os anos passados no orfanato.

Sua preferência pelos esportes equestres foi o ponto de partida para a criação das calças femininas e de seus

CHANEL Nº. 5 famosos chapéus de palha, assim como os anos passados em Deauville foram inspiração para criação das blusas de gola. Um fato interessante é que Chanel desenvolveu a gola de forma muito curiosa e especulativa. Quando estava no balneário de Deauville sentindo frio, Chanel se apoderou de uma velha malha do namorado da época. Fazendo o contrário, no lugar de vestir a roupa pela cabeça, resolveu abrir a parte da frente e, dessa forma, criar uma espécie de gola. Usando os retalhos da malha Coco improvisou um cinto, aplicando bolsos generosos em uma altura que as mãos pudessem estar plenas em conforto. Por incrível que pareça, assim que a estilista apareceu com esse look, foi possível vender mais 10 modelos exatamente iguais.

Foi o primeiro perfume da Maison Chanel, tendo sido lançado em 1921. Coco Chanel pretendia criar um perfume de aroma inimitável, em suas palavras "um perfume com cheiro de mulher". Seu nome se deu por ser o quinto aroma a ser produzido e por ser o número da sorte da estilista que o apresentou aos seus amigos, no dia 5 de maio.

O ICÔNICO Nº 5 DE COCO CHANEL

De acordo com Coco Chanel, o perfume é um acessório básico e inesquecível, que nos permite reviver lembran - ças. Por isso dedicou tanta atenção ao seu icônico perfume N°5, lançado em 1921. Durante a Segunda Guerra, o ateliê da estilista foi fechado, no entanto, sua loja na Rue Cambon continuou aberta. O sucesso de Coco Chanel era tanto, que mesmo nos tempos de guerra e diante do grande frenesi social e econômico da época, soldados norte-americanos faziam fila para comprar o famoso Chanel nº 5 para enviar para suas mães e mulheres nos EUA.

E é dessa forma que Chanel se tornou inabalável mesmo em tempos de guerra e diante de tantas mudanças ocorridas naquelas décadas.

A sensibilidade, os valores e o estilo de Coco Chanel continuam a influenciar profundamente o mundo da moda e a nossa sociedade. A estilista tornou-se o símbolo do estilo feminino, mesmo nas décadas após a sua morte, em 1971. “A moda sai de moda, somente o estilo permanece”, você estava certa Coco. A

Versatilidade A Chave

Um blazer colorido leva, de maneira criativa e elegante, um vestido preto para o trabalho. O mesmo vestido ganha outra estética se tirar o blazer e reforçar a make para sair à noite.