Revista Atua - Abril 2022

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sumário da edição Foto: Leo Beraldo / Cromalux

A Revista Atua, ano 13, número 50 (abril de 2022), é uma publicação quadrimestral sem fins lucrativos da ACE - Associação Comercial de São João da Boa Vista (SP). Sua distribuição é gratuita. Colaborações, crônicas e matérias assinadas são de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores e não representam, necessariamente, a opinião desta publicação ou da Associação Comercial.

www.revistaatua.com.br @atuarevista

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Presidente Luis Fernando de Melo Editor chefe Cândido Alex Pandini Gerente Luciana Dias Castilho Editor Mateus Ferrari Ananias - mateus@acesaojoao.com.br Jornalista responsável Ignácio Garcia- MTB 039.266 - SP - imprensa@acesaojoao.com.br Jornalistas Daniela Prado Ignácio Garcia Gabriela Sodré Matheus Lianda Nickolas Santos Revisão Durceli Braz

MATÉRIA DE CAPA

028 A volta por cima

Projeto gráfico Mateus Ferrari Ananias

Crescido no bucólico bairro Pratinha, em São João da Boa Vista (SP), o sanjoanense Muriel Gonçalves Filho é um exemplo de superação: formado em Educação Física, se tornou chef autoditada. “Comecei na culinária sem ter curso, ia vendo receitas, livros e executando”. Em 2017, ele sofreu um acidente que mudaria toda a sua vida. Mas, mesmo após perder o olfato e paladar, Muriel não desistiu e voltou a fazer o que mais ama: cozinhar.

Departamento Comercial anuncie@revistaatua.com.br - (19) 99846-9225 / 3634-4306 Produção de anúncios Mateus Ferrari Ananias - mateus@acesaojoao.com.br Agência u/ysses - www.agenciaulysses.com.br Fotos Leonardo Beraldo / Cromalux - www.cromalux.net Produção e direção de arte Bruna Ribeiro - brunaribeiro@321economiacriativa.com Estagiários Aléxia Melissa Letícia Bonareti Lorette Mayquele Loiola Meireles

046 Só os skatistas sabem… Base fiel de praticantes e diferentes pistas tornam São João uma cidade perfeita para o esporte, mas a deterioração e o vandalismo são obstáculos diários – ainda bem que skatistas estão acostumados a superá-los e mandar manobras incríveis.

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culinária

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Professores orientadores Ana Paula O. Malheiros Romeiro Maria Isabel Braga Souza José Dias Paschoal Neto Capa Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux Locação: Carnes Mantiqueira

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moda e beleza

A arte da costura sob medida Além de reparos e consertos, costureiras materializam os desejos das clientes Foto: Leo Beraldo / Cromalux

POR DANIELA PRADO

Encontrar no mercado aquela roupa pronta, que vista perfeitamente a pessoa que dela necessita, nem sempre é tarefa possível - cada corpo é único e não é raro encontrar quem vista calças, bermudas, saias ou shorts de uma determinada numeração e blusas, camisetas ou roupas ‘de cima’, de outro manequim. Isso sem mencionar o comprimento, o que sempre faz com que o(a) comprador(a) precise de alguém para fazer barras e ajustes. É aí que entram em ação as costureiras, profissionais cujo dia é comemorado em 25 de maio e que podem colocar em prática tudo o que sonha um(a) cliente que gosta de se vestir com exclusividade. Uma destas consumidoras é Patrícia Augusta Athayde, motorista particular que, sempre que quer roupas novas, vai direto ao ateliê de Sheila Veronez, em São João da Boa Vista. Patrícia revela que prefere encomendar roupas sob medida, até porque estas atendem melhor ao seu tipo físico diferenciado. “Como sou alta e tenho um quadril muito largo, quando compro roupa pronta, sempre tenho que reformar. E nada como fazer numa costureira, ainda mais como a Sheila, né? Que você faz sob medida, a roupa fica acinturada, certinha, ela faz do seu gosto e sai de acordo com o seu corpo”, observou. A motorista particular também aponta a exclusividade no modelo como uma das vantagens de se levar peças de vestuário para costureiras executarem. “Ninguém vai ter a roupa que eu tenho, porque eu escolhi o meu tecido, escolhi a minha costureira e escolhi o meu modelo. Então, por isso é que eu opto por fazer com costureiras”, justificou. A atitude de Patrícia traz à tona a consciência social que envolve o consumo de roupas ‘fabricadas’ por costureiras, afinal, comprar do pequeno empreendedor faz a economia local girar. A moda é a segunda maior indústria poluidora do mundo 6

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– só perde para a petroleira - por causa do fast-fashion, assim sendo o consumo consciente de roupas é importante também neste aspecto. SOB MEDIDA Ser costureira é um ofício que apresenta diversas histórias, entremeadas com o motivo que levou alguém a seguir o sentido do tecido da vida, alinhavando suas experiências até chegar ao vestuário do reconhecimento, da cartela de clientes fiéis. Para Jusele Cristina Cazarini Massucatto, empreendedora e costureira, esta história começou em meados de 2009, quando abriu seu ateliê. “Aqui eu ofereço

serviços como reparos, cortinas, confecção e roupas prontas, como vestidos, calças, até mesmo roupas de festa. Nessa trajetória de 13 anos aqui, já saiu até vestido de casamento”, lembrou Ju, como é chamada. Ela também confecciona peças sob medida, embora reconheça que os reparos têm maior procura. “Todos os dias chegam clientes pedindo uma pence, para apertar, soltar e muito mais. Também confecciono peças sob medida, mas sempre com antecedência, para dar tempo de fazer ajustes, caso necessário e cumprir o prazo”, contou. Indagada sobre como vê o mercado no qual está inserida, principalmente nestes tempos de tantas tecnologias,

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Foto: Leo Beraldo / Cromalux

UM POUCO DE TUDO

Jusele Cristina Cazarini Massucatto abriu seu ateliê em meados de 2009. “Aqui eu ofereço serviços como reparos, cortinas, confecção e roupas prontas, como vestidos, calças, até mesmo roupas de festa. Nessa trajetória de 13 anos aqui, já saiu até vestido de casamento”.

Ju analisa que comprar on-line é muito comum hoje em dia, mas ainda existem pessoas que preferem fazer isso pessoalmente. “Às vezes, a peça da compra virtual pode não servir ou ficar diferente do que a pessoa espera. Então, o presencial permite que se tire as medidas exatas do corpo, ajuste o que for necessário e a cliente sai satisfeita, com uma peça única e exclusiva, pois é ela quem escolhe o tecido e o modelo que preferir. E no mundo da costura não teria como ser on-line, já que para apertar ou fazer uma barra, a pessoa precisa vir até o ateliê, experimentar para que eu marque o que ela deseja que seja feito e, assim, entregue um serviço de qualidade”, acentuou. Já a designer de moda Mariangela Gallardo está há 6 anos com seu ateliê que, além de roupas sob encomenda, também oferece costura criativa e aulas de corte e costura, web designer e tricô. “Como fiz faculdade de moda e estilismo na universidade Anhembi Morumbi, sempre me interessei por moda. Mas a ideia de montar o ateliê veio após frequentar workshop de costura”, confessou Mariangela. Quanto aos cursos que seu espaço

oferece, ela observa que são muito procurados por pessoas de diversas idades, pois dá oportunidade para que elas criem. “Nossas professoras procuram entender as necessidades de cada aluno(a), dentro do universo de sua criatividade. Temos curso do infantil ao adulto”, disse. A ARTE DE COSTURAR Sheila Stefania Veronez Assalin, empresária, começou a se interessar por costura ainda na infância. “Eu sempre gostei de trabalhos manuais, sempre gostei de fazer roupinhas de boneca, fossem de tecido ou de papel. Também gostava, desde muito criança, de fazer crochê, bordado. Mesmo costura, minha avó e minhas tias me ensinavam algumas coisas, então eu sempre tive esse interesse”, revelou. Na adolescência, por volta dos 14 anos, Sheila foi fazer

um curso de corte e costura, pois queria um trabalho que lhe desse independência econômica em relação aos seus pais e que não fosse ‘pesado’, como o deles, que lidavam na roça. “Eu tinha muito interesse por costura e comecei a desenvolver o meu próprio método, a partir de algumas coisas que eu via e achava que poderiam ser diferentes. Assim comecei a criar a minha modelagem. No entanto, hoje eu raramente faço molde. É como se os moldes estivessem todos na cabeça. Eu vejo um modelo, uma foto, desenho alguma roupa, pego a tesoura e simplesmente corto a peça”, descreveu Sheila, sobre como é seu trabalho. A primeira máquina, ela ganhou do pai, quando tinha entre 14 e 15 anos, e logo começou a se dedicar bastante à costura, sendo que a primeira encomenda foi a de um casaquinho estilo blazer, solicitado por uma amiga da escola na qual Sheila estudava. Foi um desafio, pois o modelo possuía gola e bolso embutido, detalhes que a empresária não havia aprendido – mas recorreu a uma costureira próxima e explicou a situação. “Fiz uma aula com ela, de como fazer gola, bolso... Eu me lembro que cheguei em casa e fiz inúmeros bolsos, inúmeras golas até ficar bom e conseguir fazer aquele casaquinho. Consegui entregar e ficou muito bom!”, exclamou,

AULAS E CURSOS

A designer de moda Mariangela Gallardo oferece, além de roupas sob encomenda, também cursos de costura criativa e aulas de corte e costura, web designer e tricô. Na foto, Rayane Mariá Correa dos Santos e a Mariangela.

Foto: Leo Beraldo / Cromalux

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Foto: Leo Beraldo / Cromalux

completando que esta memória lhe traz muita satisfação. A partir de então, as pessoas começaram a ajudá-la e, de vizinho em vizinho ou colega de trabalho, as encomendas foram aumentando e Sheila foi ficando conhecida. “Depois dessa fase, eu me casei, vim para São João e aqui, como era uma cidade nova, eu não conhecia muitas pessoas, então comecei a estudar e a me envolver na área da educação. Fiz Pedagogia, fiz duas pós graduações, me formei em educação infantil e alfabetização e em Psicopedagogia. Trabalhei dez anos na educação, mas nunca vendi minhas máquinas. Em final de semana, mesmo trabalhando e estudando, ainda fazia roupas para mim, às vezes até uma ou outra para as colegas de trabalho”, comentou. Embora trilhando uma carreira na educação, na qual foi de secretária a diretora de escola, Sheila percebeu que não era bem essa a vida que queria para si mesma. MUDANÇA DE VIDA Após descobrir uma leucemia aguda e passar por todo o processo de tratamento e transplante de medula, a empresária

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decidiu que era da costura que gostaria de viver. “Costurava para ocupar minha cabeça, comecei a fazer roupas para doação, doei muitas no começo. Depois começou uma pessoa a pedir daqui, outra a pedir dali e meu trabalho começou a crescer, fui ficando conhecida e quando fui voltar para a educação, vi que eu não queria mais. Não era o que eu queria para a minha vida, que o que eu amava de verdade e me fazia bem, como faz até hoje é a costura”, concluiu. Atualmente, Sheila faz consertos para

as lojas e particulares, ajustes, costura sob medida e também vende roupas prontas – e possui muitos clientes, de todas as classes sociais. “Eu sou uma pessoa muito realizada no trabalho que escolhi. Eu digo que não preciso de muito para ser feliz. Só de Deus ter me dado a chance de estar viva, com saúde, de ter visto o meu filho crescer, eu sou muito grata a Ele. Hoje eu sou reconhecida, o pessoal me valoriza bastante, eu faço um bom trabalho. E eu só tenho a agradecer”, finalizou. A


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decoração

Equilibre seus ambientes Baseado na interpretação do fluxo de energias, o Feng Shui pode ser aplicado em qualquer local POR DANIELA PRADO

Em toda virada de ano ou transição de algum período da vida, as pessoas têm aquele desejo incontrolável de mudar tudo, tanto no sentido de se aprimorar como ser humano, como no tocante à casa ou carro, para conviver com o ‘novo’ e quebrar a mesmice. Muitas vezes, porém, não é preciso morar em outro endereço para que mudanças impactantes realmente ocorram e a técnica do Feng Shui promove alterações positivas nesse sentido. O designer, artesão e decorador Cássio Mesquita atua com Feng Shui em São João da Boa Vista e inclusive fez este trabalho na livraria e revistaria Grafitte. A proprietária, Celina Motin, conta que os resultados positivos são percebidos até hoje.“Tenho a loja desde 1985 e, em 2000, resolvi fazer uma reforma interna no ambiente, baseada no Feng Shui. Entrei em contato com a Ana Laura Zenun, que fez a planta de como seria. Depois pedi pro Cássio Mesquita e ele desenhou os móveis, que foram confeccionados pelo meu amigo Norberto Vilela, hoje já falecido, e aí a loja ficou superagradável e harmoniosa também”, reconheceu. Celina lembra ainda que, em 2002, durante uma conversa com o amigo Fernando, surgiu a ideia de colocar um trenzinho no teto. “Passei a ideia ‘maluca’ para o Cássio e ele fez o desenho. O Norberto executou e ficou maravilhoso, fez muito sucesso. Até hoje vêm pessoas aqui, que viram o trem quando criança, e perguntam por que não funciona mais. Infelizmente é porque precisa de reparos”, disse

a proprietária da Grafitte. E acrescentou que o referido trenzinho também foi baseado no Feng Shui, já que possui o yin e yang delineados no trilho. Na livraria, cada setor da loja está decorado ou conserva objetos e cores que coincidem com as divisões do baguá. “As áreas foram sendo colocadas de acordo com o baguá, sendo a parte do trabalho, onde eu fico; parte da família, decorada com fotos e objetos meus; a gaveta de dinheiro tem fundo e frente espelhados tudo de acordo com o baguá. Estou aqui até hoje e amo vir trabalhar todos os dias, porque a loja ficou super aconchegante”, confessou. O QUE É E COMO FUNCIONA Segundo Cássio Mesquita, o estudo do Feng Shui leva as pessoas que o utilizam a uma fascinante jornada de descobertas pelos diversos aspectos da cultura chinesa como um todo, resultado da exuberante mistura de crenças místicas, astrologia, folclore e senso comum de origem filosófica taoista. “A medida que observamos mais de perto este antigo método, a pesquisa vai revelando que o Feng Shui é uma sabedoria profundamente complexa, baseada na interpretação chinesa do dinâmico fluxo de energias que interliga o universo, descrita por meio de um pitoresco simbolismo. Um mundo intangível de tigres e dragões, vento e água, forças positivas e negativas, yin e yang, fluxos de energia, respiração cósmica e as interações das forças da natureza, em constante mudanças, em constante estado de fluxo”, justificou.

AMBIENTE ACONCHEGANTE

Foto: Mateus Ananias / Atua

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Celina Motin, proprietária da livraria e revistaria Grafitte, aplicou o conceito do Feng Shui em uma reforma realizada no ambiente interno da loja. “Estou aqui até hoje e amo vir trabalhar todos os dias, porque a loja ficou super aconchegante", explicou.


Foto: Reprodução Internet

ORIGEM Mesquita esclarece que o Feng Shui surgiu nas planícies agrícolas chinesas, há aproximadamente 4 mil anos, e sua aplicação inicial - yin e yang- era destinada à identificação do posicionamento mais adequado para os túmulos dos imperadores, na busca da posição perfeita para a fluidez das energias, sem qualquer barreira. A análise do ambiente em que se vai aplicar tal técnica, como lembra o designer, requer uma intervenção cuidadosa. “Com a tomada de todos os dados e objetivos a serem atingidos, aí sim, com o auxílio do baguá posicionado na orientação norte, com o norte magnético, inicia-se o estabelecimento da função de cada ambiente da residência, comércio, indústria e outros locais a serem devidamente equilibrados”, pontuou. Buscar o equilíbrio entre as energias e atrair harmonia estão entre os objetivos do Feng Shui. “E pode ser ainda mais. Pode-se considerar o Feng Shui uma ferramenta para garantir prosperidade ou saúde. Estes são os meios e não o fim. O Feng Shui auxilia a manifestar o máximo

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do potencial, em todos aspectos da vida. A filosofia taoista, principal base das teorias do Feng Shui, considera que há 3 níveis de influência na vida: Céu, Homem e Terra”, ressaltou. E destacou que as influências do céu são as que não estão sob nosso controle direto; a influência do homem é nosso livre arbítrio; e a influência da terra se projeta sobre as pessoas, através dos ambientes nos quais elas vivem.“São influências tanto dos ambientes naturais, quanto dos construídos por nós. Por meio do bom Feng Shui, podemos neutralizar as energias prejudiciais e estimular as energias benéficas destes locais, fazendo

com que Chi flua com liberdade, sem obstáculos. Para isso, muda-se o posicionamento ou até mesmo eliminam-se móveis e objetos que estejam prejudicando o fluxo de Chi”, salientou. Mesquita exemplifica que, pegando a planta baixa do imóvel, sobre a qual é posicionado o baguá, se o lado sudeste, que governa a riqueza e a prosperidade, recair sobre uma lavanderia ou banheiro, não se deve utilizar estes locais, pois eles alterariam essas condições. “Logo temos que dar outro destino a este ambiente e construí-lo em outro lugar da casa, comércio, indústria, entre outros”, ponderou. A

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Coquetel de lançamento verão 2022 - Arezzo

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psciologia

Saúde, solidão e bem-estar da pessoa idosa A fragilidade física traz ao idoso um medo agigantado de dependência. Esse é o principal fator a ser trabalhado para garantir o bem-estar. POR DANILO CICONI

Parte significativa dos estudos em Psicologia se debruça sobre os sucessivos processos de mudança (físicos, cognitivos e psicossociais) que ocorrem ao longo do ciclo da vida, os quais chamamos de desenvolvimento humano. Apesar de existirem marcadores biológicos que nos ajudam a compreender as diferentes etapas do ciclo da vida (infância, adolescência, adultez, velhice), é importante destacar que camadas históricas e sociais permeiam nossa compreensão acerca de cada uma dessas fases e determinam estilos de vida que devem ser adotados pelos sujeitos no correr de seus dias. Em outras palavras, ser criança, adolescente, adulto ou idoso não é algo dado a priori, no nível exclusivamente biológico, mas é fruto também da cultura em que se está inserido. A partir do século XVIII, a necessidade produtiva imposta pelo período da Revolução Industrial fez atrelarmos à idade adulta o signo do máximo de nossas capacidades físicas e psíquicas; e, ao que vem depois, a compreensão de se tratar meramente do período de inevitável declínio. Assim, no Ocidente, envelhecer é desafortunadamente concebido como sinônimo de limitações (físicas e psíquicas) e de proximidade da finitude. Tal concepção é, todavia, ultrajante, ao passo que é indicativo de que vivemos em uma cultura na qual somos valorizados à medida em que somos produtivos economicamente. O valor e a dignidade humana são subjugados pela lógica de acumulação de bens e de capital. Diante disso, o sentido da existência humana se encolhe. Nosso existir e ser no mundo não se restringe indubitavelmente a trabalhar e 16

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produzir coisas. Nossa humanidade está, antes, em nossas relações de afeto, amor e reciprocidade. A inversão desta lógica leva a um vazio existencial e à vivência de um sentimento de inutilidade: de que se é amado pelo que se pode fazer ou oferecer, e não por quem se é; que estar ao lado, sem agregar aos afazeres do outro, força e capacidade resolutiva, é “estorvar”; que concluímos, ao desvelar do corpo envelhecido, a nossa “missão” - criamos e educamos os filhos, desempenhamos um ofício, talvez tenhamos adquirido bens e, agora, pouco ou nada nos resta. A fragilidade física, tomada como todo (e não como parte) daquilo que se é, traz ao idoso um medo agigantado de dependência. Quem muito cuidou, ao longo da vida (de filhos, de netos, dos seus afazeres etc.), teme e não sabe receber cuidado. Experimenta-se uma espécie de “culpa” ao se mostrar vulnerável. Omitem-se sofrimentos e dores, a fim de que o outro não se preocupe em lhes acolher. Nesse ponto, faz-se urgente ampliar nosso olhar sobre a pessoa idosa para começar a considerar que, para muito além de sofrimentos físicos, existem, no seu universo interior, aflições invisíveis, silenciosas, mas profundas. A prevalência de sintomas depressivos na população idosa é significativa. O mundo contemporâneo, com seu acelerado desenvolvimento técnico (que, infelizmente, não é acompanhado de igualmente célere desenvolvimento ético), expandiu a expectativa de vida, sem que isso impacte, todavia, em aumento espontâneo da qualidade de vida. São necessárias mudanças estruturais para alterar nossa cultura no modo de enxergar e lidar com o idoso. A velhice, na década

de 2020, é bem diferente do que era há poucos anos. Entende-se, hoje, que a pessoa idosa tem muito a viver ainda, as limitações físicas não são sentenças definitivas, é possível sonhar e desejar. Há projetos que independem da idade, mas dependem de circunstâncias! Daí que são prioritárias políticas públicas que compreendam, acolham e respondam assertivamente às demandas da população idosa. Mudanças individuais são fruto de práticas que coletivamente são instituídas e nos forçam a repensar ideias e sentidos. Não se respeitarão os idosos nas ruas enquanto ministros de Estado não os respeitarem nos palanques, insistindo que “querer viver até 100 anos” é “privilégio” e representa “peso aos cofres públicos''. A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria MS nº 2.58/2006) e o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) precisam se descolar da letra fria da lei e se encarnar na prática dos serviços de saúde e da assistência social dos municípios, assim como na garantia dos direitos previdenciários. Não existe qualidade de vida sem seguridade social (e esta é direito constitucional). Criação de espaços de lazer, fortalecimento e ampliação dos Centros Dia do Idoso, prioridade no atendimento em saúde mental etc. são ações inadiáveis no Brasil dos nossos dias. A proteção às famílias, encabeçada também pelas políticas de saúde e da assistência social (inclusive pelos programas de transferência de renda), garantem que o idoso seja amparado pelos seus familiares adequadamente. A proximidade dos equipamentos socioassistenciais no dia a dia dos munícipes ajuda a prevenir e coibir situações de negligência ou de violência contra os idosos. A


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turismo

Turismo rural ganha corpo A tranquilidade do campo, as belezas naturais e as riquezas históricas atraem visitantes e alavancam o potencial turístico da região. POR BRUNO MANSON

Ao longo de anos, o campo se tornou um verdadeiro refúgio para quem gosta de estar em contato com a natureza e a simplicidade do ambiente rural. Com a pandemia, a busca por destinos voltados ao turismo rural aumentou, uma vez que são lugares abertos e que oferecem maior segurança e controle de higienização. Locais próximos aos centros urbanos, com menor fluxo de pessoas e, de preferência, que oferecem um contato maior com o meio ambiente ou que até remontam momentos históricos se tornaram a principal alternativa para quem procura por momentos de paz e tranquilidade. O SONHO QUE VIROU REALIDADE Em São João da Boa Vista, o empresário Gustavo Dominato criou a Mini Fazen-

dinha - Little Steel Border Farm. Situado na Serra da Paulista, o empreendimento foi inaugurado no dia 24 de junho, em celebração aos 197 anos do município. A propriedade fica no km 4 e oferece café colonial, um amplo playground e até passeio a cavalo. Mas os principais atrativos são os animais. O espaço reúne mais de 100 exemplares, de 17 espécies diferentes, como mini cabras, mini vacas, mini coelhos, mini porcos, mini cavalos, lhamas, ovinos e avestruzes, por exemplo, tornando-se diversão garantida para as famílias. Gustavo revela que tudo começou a partir de uma ideia de sua filha Helena, na época com 4 anos. Apaixonada por animais, a garotinha sonhava em transformar essa paixão em algo acessível para todos seus amigos da escola. Junto com a esposa Lígia Biazoto, ele começou a es-

FAZENDINHA

Foto: Divulgação

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tudar como transformar este sonho em realidade. “Pensamos que esse nobre desejo de uma criança, em proporcionar ao máximo de pessoas possível, seria algo que realmente estivéssemos precisando para superar essa pandemia”, disse. Apesar de serem de áreas distintas do turismo rural, Gustavo e Lígia já tinham boa parte da estrutura necessária e dos animais. “Não abrimos a Mini Fazendinha com intuito financeiro e sim com propósito utópico e altruísta de conseguir construir um mundo melhor por meio de amor, respeito, afetividade e empatia pelos animais”, explicou o empreendedor. O espaço funciona aos sábados, domingos e feriados, sendo necessário o agendamento prévio. A visitação é com número limitado de frequentadores para que todos possam ter a melhor experiência possível. Mesmo com pouca publici-

Situado na Serra da Paulista, a Mini Fazendinha - Little Steel Border Farm oferece café colonial, um amplo playground e até passeio a cavalo. Mas os principais atrativos são os animais: o espaço reúne mais de 100 exemplares de 17 espécies diferentes.


Foto: Leo Beraldo / Cromalux

FAZENDA HISTÓRICA

dade, a propriedade tem se destacado na região. “Apenas 8,7% do público que recebemos semanalmente é de São João. Os outros 91,3% são de todo Estado de São Paulo e Minas Gerais”, afirmou o empresário. UM PASSEIO PELA HISTÓRIA Quem passa por Águas da Prata não pode deixar de conhecer a Fazenda Santa Maria. Localizada na rodovia SP-342, no km 245,5, a propriedade foi construída por imigrantes italianos em 1896 e oferece uma verdadeira viagem no tempo. O passeio é guiado por Gizela Junqueira Jacomini e Silva, a qual conta com entusiasmo toda a trajetória de seu avô João Rabelo Junqueira, fundador da fazenda que se tornou modelo na produção de cafés de qualidade. Junto com seu esposo Luti Dezena, ela relata alguns fatos históricos ocorridos no local, como os confrontos da Revolução de 32, por exemplo. “Aqui foi um dos poucos locais em que nós ganhamos. Houve confronto no túnel e no pontilhão”, comentou a proprietária. Em meio ao passeio, os visitantes podem conhecer o vandário e as demais dependências da propriedade, além de saborear um café na tulha. Gizela conta que a ideia de transformar a propriedade em um ponto turísti19

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A Fazenda Santa Maria foi fundada em 1896 e localizada em região de paisagem privilegiada. O solo da região é propício para a cafeicultura e há uma estufa com orquídeas do gênero Vanda, de cores variadas e diversos preços. O lugar ainda tem um café instalado na tulha da antiga fazenda.

co foi sendo avaliada aos poucos. “No primeiro momento, pensamos só nas orquídeas. Seriam as vandas, vindas da Tailândia, e fomos montando a estufa”, comentou. “Com o tempo, minha sócia e cunhada Ângela Bonfante, juntamente com o Geraldo, Luti e eu vimos um potencial na tulha, que estava desativada. A partir daí, partimos para o restauro de todo aquele espaço. Foi criada primeiro a estufa. Depois as vandas chegaram e começou todo o restauro da tulha, mas sem sabermos ao certo o que viraria. E aí foram surgindo as ideias”, relembrou a empreendedora. Segundo Gizela, com a flexibilização das atividades durante a pandemia, muitos visitantes têm procurado conhecer o espaço. “As pessoas ficam encantadas com a imensidão do lugar, de conseguir respirar um ar puro”, declarou a empresária, que já estuda novas ideias para a fazenda. “Pretendemos reestruturar o local para festas, como casamentos e aniversários de 15 anos, além de eventos corporativos. Esses são os novos desafios para este e o próximo ano que se inicia!”, adiantou.

LAGOA PARADISÍACA É quase impossível navegar pelas redes sociais e não se deparar com alguém que tenha compartilhado uma foto na Lagoa Santa Luzia, em Aguaí. A coloração azul da água contrasta com o céu e as areias da margem, formando uma paisagem paradisíaca e atraindo turistas e até mesmo sendo cenário para os mais variados ensaios fotográficos. O lago surgiu devido à extração de areia e argila no local. Sua coloração excepcional se dá pelo pH da água em junção aos minérios ali existentes, não sendo utilizado nenhum tipo de resíduo químico ou tóxico. Seu nome se deve à devoção dos proprietários por Santa Luzia, a qual coincidentemente é retratada com os olhos na mesma tonalidade da cor da água da lagoa. Responsável pelos agendamentos das visitas, Alex Aziz da Silva Matt conta que tudo ocorreu de forma inesperada. “Sempre houve interesse da família após o término da extração feita pela mineração, transformar o local em algo turístico, porém, o que era para ocorrer entre três e cinco anos, aconteceu agora e nos pegou de surpresa”, comentou. > REVISTA ATUA | ABRIL DE 2022

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Foto: Divulgação

De acordo com ele, devido à pandemia e ao aumento do número de praticantes de ciclismo, as pessoas começaram a procurar algo fora da cidade que fosse seguro e bonito. “A procura pelas águas da lagoa começou a ganhar força, no início pelos próprios ciclistas e depois pelo público em geral. Isso foi uma das principais dificuldades que enfrentamos, pois não estávamos esperando o grande fluxo de pessoas e não tínhamos estrutura alguma para atender os visitantes. Não tínhamos local para que os turistas pudessem comer e beber algo antes ou após a visita”, relatou. “Hoje, estamos focando , aos poucos, em estruturar toda a lagoa e atender melhor, a cada dia, nosso público visitante”, explicou o empreendedor. Para conhecer o local, basta acessar o site www.lagoasantaluzia.com.br e agendar a visitação ou o ensaio fotográfico. As visitas são permitidas apenas aos finais de semana, enquanto que os ensaios, pelo número restrito de pessoas, podem ser feitos durante a semana e com acompanhamento de um responsável, uma vez que ainda está sendo feita a extração de areia e argila na lagoa. A

Para saber mais sobre a região Para saber mais sobre os atrativos turisticos da nossa região, você pode acessar o site do grupo Serras Vulcânicas - uma entidade civil formada por empresários do setor, que trabalham para a articulação com o Poder Público e integração de toda a região para o desenvolvimento do turismo. Com apoio do SEBRAE e da Associação Comercial, a entidade começou a buscar parceiros para desenvolver seu trabalho, como univesidades locais, SENAC e SENAR, visando desenvolver ações de interesse comum e de maior abrangência. O site pode ser visitado no link www. serrasvulcanicas.com.br e permite conhecer vários roteiros turísticos. O site dá foco especial a Águas da Prata e São João da Boa Vista, cidades

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vizinhas que se localizam nas bordas de um vulcão extinto, no famoso Complexo Alcalino de Poços de Caldas. Essa característica única oferece um solo especial, além de clima e relevo que são diferenciais de atração turística das duas localidades.


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negócios

A experiência de vendas do varejo por meio de lives Recurso se transformou em uma alternativa fácil e eficaz para as vendas, conquistando comerciantes e atraindo os consumidores POR NIKCOLAS SANTOS

A pandemia foi um dos momentos mais desafiadores para o comércio em geral. Com o isolamento social, muitas empresas tiveram que se reinventar para atingir o público-alvo e alavancar as vendas. E para chegar ao consumidor, uma nova estratégia ganhou força: o live commerce (chamado também de live shop ou shop streaming). Uma pesquisa recente, feita pelo Google, apontou que o consumo de vídeos por meio de transmissões ao vivo ganhou o gosto dos brasileiros em 2020. Segundo o levantamento, 71% daqueles que têm acesso à Internet no país assistiram alguma live no ano, enquanto 38% viram seis ou mais. Diante desta tendência, muitas empresas aproveitaram para divulgar e vender produtos por meio das transmissões ao vivo. Em São João da Boa Vista, esta alternativa conquistou os comerciantes e, principalmente, o público consumidor. “Demorei um pouco em começar a fazer as lives. Tinha um pouco de receio, medo de não dar certo, até que os próprios clientes começaram a pedir”, relata a empresária Giselle Garzo, proprietária da loja Dondoca. A primeira transmissão ao vivo ocorreu em maio e a boa repercussão chamou a atenção da comerciante. “Confesso que me surpre-

endi com o resultado no geral, tanto pelas pessoas assistindo, como pelas vendas, valores… tudo! A partir daí comecei a fazer todo mês”, comenta. AUMENTO DE ENGAJAMENTO Giselle explica que as lives têm contribuído para se obter boas vendas, inclusive após as transmissões. “Até nos dias seguintes, as vendas são muito boas, pois, às vezes, o cliente não consegue comprar na live e acaba nos procurando depois”, conta. Nesse sentido, o engajamento passa a ser um dos pontos mais importantes dessa ferramenta de vendas. Os seus seguidores passam a enxergar que você está pensando nos seus clientes, sempre tentando achar formas de se aproximar deles. Outro ponto que per-

mite as lives ajudarem o seu negócio, é que podem passar um senso de urgência para os seus clientes. Afinal, ao ver a notificação de uma transmissão de alguém que você goste, o seu primeiro impulso é ir lá assistir para ver o que está acontecendo, não é? Além disso, ao participar de uma live, o seu público terá uma impressão de exclusividade. Ou seja, que faz parte de um pequeno grupo mais fã da sua marca. AJUDA MÚTUA Outro ponto que Giselle destaca é em relação aos patrocinadores, os quais se tornaram verdadeiros parceiros nesta estratégia de vendas virtual. “Na primeira live, eu pedi brinde para fazer sorteio durante a transmissão. Já nas outras – e até hoje –

INCREMENTO NAS VENDAS

O Live Commerce é o mais pessoal que o digital pode oferecer e onde o empresário deve apostar todas as suas fichas porque o brasileiro, cada vez mais, vai se apaixonar pelo modelo. Na foto, Gabriela Carvalho e Débora Pires posam ao lado de embalagens de pedidos realizados na live realizada.

Foto: Divulgação / Art´Ervas

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os próprios comerciantes, de vários ramos, me procuram oferecendo um brinde para divulgar suas marcas também”, afirma. “Um ajuda o outro. Do mesmo jeito que eu também ofereço prêmios da minha loja para outros parceiros”, completa Giselle. SUCESSO A Farmácia Art´Ervas também aderiu a esta estratégia e sua primeira live ‘bombou’ nas redes sociais. Para se ter ideia, uma média de 250 pessoas acompanharam a transmissão ao vivo em agosto, o que surpreendeu a empresária Ana Cláudia Carvalho. “A live foi um sucesso! O mais interessante é que novos clientes compraram e os produtos que selecionamos são tops de vendas aqui. Com certe-

za essas pessoas farão recompra”, avalia. Com esse resultado positivo, Ana Cláudia destaca que adotará uma estratégia diferenciada para as transmissões. “Não é uma coisa que faremos todo o mês. A ideia é fazer a cada dois ou três meses”, revela a empresária. PÓS-PANDEMIA Até 2019, o e-commerce representava apenas 10% do mercado do varejo. O que era muito pouco para um país tão conectado, já que 86% da nossa população tem acesso à internet. Aprofundando o comportamento de consumo do brasileiro, entendemos que a jornada do e-commerce era percebida como algo muito solitário e, por isso, o consumidor (que

prefere um atendimento mais pessoal e customizado,) ainda optava pela loja física. No pós-pandemia, o live commerce deve se tornar mais uma ferramenta de venda importante para o comércio varejista. Na China, esse formato de vendas acontece pelo menos desde 2016, onde se vende de tudo: de hortaliças a carros. Ele é o mais pessoal que o digital pode oferecer e onde o empresário deve apostar todas as suas fichas porque o brasileiro, cada vez mais, vai se apaixonar pelo modelo. Comprar pela internet otimiza o tempo (nosso bem de maior valor) e, poder fazer isso com um atendimento personalizado e humano, era o que estava faltando para bombar as compras digitais no país. A

7 ideias para fazer lives shop em 2022 LANÇAMENTO DE COLEÇÃO E/OU PRODUTO Vai lançar um produto ou uma nova linha? Faça do live commerce a estratégia principal de apresentação das novidades e dê aos consumidores um “gostinho” do que está por vir. Quando você faz isso, gera interesse e demanda antes mesmo do produto ser liberado para que as pessoas o comprem. Depois das estratégias de lançamento escolhidas, você deve se preocupar com a divulgação. É preciso avisar seus clientes com certa frequência. E vale tudo: lembrete no Instagram, e-mail marketing, notificações push, banner no e-commerce, mensagem no WhatsApp, grupo no Telegram, landing page, etc. DEMONSTRAÇÕES DE PRODUTOS As demonstrações ao vivo fornecem aos consumidores uma visão sobre o funcionamento do produto e são muito úteis para sanar dúvidas. Live commerces com essa temática auxiliam muito a jornada de compra, especialmente na etapa de consideração, pois entregam todas as informações que o cliente precisa para analisar se o produto atende ou não as necessidades dele. CONTEÚDO E SESSÃO DE PERGUNTAS E RESPOSTAS O streaming de conteúdo também pode ser utilizado como dicas de live shop e tem a vantagem de melhorar a percepção da marca junto ao público-alvo. Uma empresa de moda fitness, por exemplo, pode convidar um profissional para mostrar uma sequência rápida de exercícios para melhorar a mobilidade. Ao mesmo tempo, a transmissão promoveria uma linha de roupas para atividade físicas.

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No segmento de beleza, a sugestão é unir conteúdo e compras a partir de um tutorial de maquiagem que utilize os produtos vendidos na loja. MICROINFLUENCIADORES COMO HOSTS Muitas marcas que fazem lives de vendas contratam personalidades da internet para anunciar, demonstrar e vender produtos. Mas não é qualquer influenciador que funciona para o formato. É preciso encontrar a pessoa que dialoga com o seu público-alvo e que faz sentido para a sua loja. Se o seu produto for de um nicho bem específico, vale a pena procurar um microinfluenciador, alguém especialista na área, que tenha credibilidade e bom engajamento. Hoje em dia, e especialmente para e-commerces de nicho, um microinfluenciador relevante no segmento traz retorno financeiro (ou de reconhecimento de marca) melhor do que os nomes muito famosos, com milhares de seguidores nas redes sociais. Para que a sua live de vendas seja relevante entre o seu público, é fundamental que o host tenha afinidade com os seus consumidores e “fale a mesma língua” que eles. Não faz o menor sentido uma loja virtual de roupas esportivas para academia fazer uma transmissão ao vivo com um host que não tem uma rotina de exercícios, assim como não funciona uma marca que vende produtos para cabelos ondulados contratar uma pessoa de fios lisos. COMEMORAÇÃO DO ANIVERSÁRIO DA EMPRESA Você pode utilizar e combinar as dicas anteriores para marcar a comemoração de mais um ano da empresa. Sorteios de vales-compra também podem ser uma boa pedida nesse caso.


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sociedade

INFORME PUBLICITÁRIO

Dra. Cherie impulsiona Alicerce Educação O projeto oferece educação de forma gratuita para crianças e jovens A Dra. Cherie, marca criada pelas irmãs sanjoanenses Ana Cecília e Ana Carolina Navarro, conquistou grande espaço no mercado local, nacional e internacional e já atraiu mais de 890 mil seguidores no Instagram ao associar moda e tendências a vestimentas profissionais, com foco na área da saúde. Entretanto, mais do que criar uma tendência de consumo a marca vai além, mantendo um propósito social que deixa claro o seu objetivo: proporcionar amor, transformando vidas. Ciente de sua responsabilidade social, a Dra. Cherie soma diversos projetos com impacto positivo junto à comunidade de São João da Boa Vista. Visando potencializar a qualidade educacional do muni-

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cípio, a marca agora patrocina o projeto Alicerce na comunidade Santo Antônio, que dará oportunidade para cerca de 40 crianças e jovens a recuperarem sua base educacional com aulas de português, matemática, inglês, descoberta (com foco em arte, cultura) e aulas que incentivem habilidades individuais, cinco vezes por semana, com turnos na parte da manhã (8h às 11h30) e à tarde (14h30 às 18h). O PROJETO O Projeto Alicerce é um programa que foi criado em 2018 com o intuito de oferecer educação para crianças, jovens e adultos, através de uma metodologia de ensino focada nas necessidades de aprendizagem,

de forma acessível para todos. Quatro anos depois de ser criado em São Paulo, o projeto já se espalhou por mais de 13 estados brasileiros, com mais de 150 unidades. Ana Carolina acredita que o projeto é uma maneira de gerar oportunidades para as pessoas que têm poucos recursos. “É uma transformação na vida dessas pessoas por meio da educação que vai gerar um futuro melhor, e gerar oportunidades. Uma educação de qualidade é a melhor ferramenta de ascensão social”. O programa educacional funciona como um contraturno para o público infanto-juvenil, oferecendo educação de qualidade, de forma criativa e divertida, onde as crianças aprendem brincando, ao


PROJETO ALICERCE

A iniciativa, apoiada pela Dra Cherie, atende até 40 crianças e jovens em nossa cidade. Ao lado, foto das crianças atendidas pela unidade localizada no bairro Santo Antônio. Abaixo, alguns exemplos de atividades desenvolvidas - que vão desde aulas gratuitas de português, matemática e inglês, até incentivo e iniciação em artes, cultura e desenvolvimento da criatividade.

mesmo tempo em que propicia um lugar seguro para ficarem enquanto os pais concluem sua jornada diária de trabalho. AÇÃO PARA MAIS EDUCAÇÃO Todo ano, a Dra. Cherie realiza o projeto Gincana Solidária, em que fazem alguma ação mobilizando os colaboradores de toda a matriz localizada na cidade, com o objetivo de ajudar o próximo. Neste ano de 2022, no mês de fevereiro e março, o projeto teve o intuito de arrecadar verba para a abertura de mais um polo na cidade São João da Boa Vista, destinados ao pagamento do estudo para mais de 40 crianças. Além da unidade no bairro Santo Antônio, outro polo já foi criado na comunidade da Vila Brasil, patrocinado pelo empresário Fabio Vaz de Lima, do Grupo A Tribo, também cinco vezes por semana, com as mesmas aulas, nos turnos da manhã (8h às 11h30) e à tarde (14h30 às 18h). “Para nós da Dra. Cherie é um orgulho imenso poder ter a oportunidade também de trazer um programa tão maravilhoso e que a gente acredita muito para São João da Boa Vista. Acredito que é só início de um projeto que a gente vai conseguir ampliar, escalar e, realmente impactar ainda mais a educação aqui da cidade. Isso é um privilégio muito grande”, diz Ana Carolina, que sempre sonhou em apoiar um projeto social na área da educação. “O Alicerce veio também para realizar esse sonho antigo que eu sempre tive. Ele já é um projeto muito pronto, de grande impacto, que vem se destacando no Brasil todo, crescendo cada vez mais e sendo apoiado por grandes empresas. Então, para a Dra. Cherie poder estar também ao lado dessas grandes empresas que vem acreditando no Alicerce, apoiando tudo isso, é fantástico!”. A 27

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matéria de capa

A volta por cima A superação do chef de cozinha sanjoanense Muriel Gonçalves Filho, que teve uma virada na vida a partir de 2017, quando sofreu um trágico acidente que completa cinco anos em abril POR IGNÁCIO GARCIA

Crescido no bucólico bairro Pratinha, em São João da Boa Vista (SP), o sanjoanense Muriel Gonçalves Filho, hoje com 40 anos, da infância à adolescência foi daqueles garotos com alma de ‘erê’ e não poupava o físico durante as brincadeiras nas imediações da casa onde cresceu naquela cercania - localidade, aliás, onde tem familiares até hoje. De atividade em atividade, passou pela juventude e trilhou sua educação até se formar em Educação Física pela primeira turma – de 2002 - do curso do UNIFAE. Desde então, agora como professor, começou a dar aulas como educador físico em algumas escolas da cidade, no período entre os anos de 2002 a 2010. Todavia, aquela alma de criança, aguçada pelo que era novidade, nunca deixou de estar presente. E em meio às prestezas como docente, Muriel, que também tinha um apreço pela cozinha e com dotes culinários de um nato autodidata, teve a oportunidade de empreender e montar um pequeno restaurante nos anos 2006. O novo empreendimento, à época, funcionava às sextas-feiras e sábados, apenas com reservas. O negócio foi mantido por pelo menos quatro anos. Como a paixão pelos sabores dos alimentos acentuava-se cada vez mais, o educador físico resolveu dar um stop no ensino escolar e trilhar o caminho da culinária. “Comecei na culinária sem ter curso, ia vendo receitas, livros e executando. Fui fazer curso somente após um tempo de experiência”, contou Muriel. Tanto se empenhou no ramo que, em 2011, trabalhou no antigo Restaurante Spaço – hoje Dona Salma - na rua Teresiano Valim, ali pertinho da “borda-limite” do coração de São João. Na sequência, abriu outro restaurante, da28

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quela vez na Pousada do Bosque, margeada por uma estrada de chão batido logo na saída de São João para Santo Antônio do Jardim. Lá foram aproximadamente dois anos montando seus pratos, até que, em 2013, passou a gerenciar o conhecido Bar do Zeca. Dois anos mais tarde, em 2015, teve a oportunidade de retornar ao Spaço, restaurante em que atuou ao lado de Cláudia Adib e Fernanda Moro, também fisioterapeuta e hoje esposa dele – aqui, nota-se que amor e gastronomia têm tudo a ver um com o outro! UMA ‘VÍRGULA’ NA VIDA DE MURIEL E como na vida de qualquer pessoa sempre – ou invariavelmente - surge uma ‘vírgula’, na de Muriel não foi diferente e houve uma guinada drástica, contada a partir de 21 de abril de 2017. Naquela data, o já reconhecido chef de cozinha participava de um jantar junto com a esposa Fernanda e outros amigos na casa do empresário Carlos Gruli. E, quando tais amigos já tinham ido embora e o casal Muriel e Fernanda também se preparavam para ir, o inesperado aconteceu e tudo mudou na vida dele e da família. “Convidamos o Muriel e a esposa Fernanda e outro casal para fazermos uma ‘jantinha’ em casa. Estava uma delícia, papo gostoso, comida boa, muita risada. Não me lembro muito bem da hora, mas creio que eram aproximadamente 2h [da manhã] e esse outro casal foi embora, ficamos conversando mais um pouco e logo o Muriel e a Fernanda anunciaram que também iriam pra casa”, contou Gruli. Segundo o empresário, todos despediam-se quando a cadela do vizinho da frente foi vista por eles na rua. “Na hora, o Muriel comentou: ‘nossa, a cachorra do Peri está na rua, vamos colocá-la pra dentro!’. Daí fui à porta da

cozinha, que dá acesso pra garagem, e estava trancada. Aí o Muriel disse: ‘a porta lateral sempre fica aberta!’. Quando fui em direção a esta porta, o Muriel pegou a cachorra no colo – um animal da raça labrador de uns 35kg - e eu bati a mão na maçaneta, percebendo que de fato estava aberta”, relatou. No entanto, Gruli conta que estava muito escuro e, em seguida, Muriel já vinha com o animal no colo e foi porta a dentro. “Daí eu escutei um ‘ai!’ do Muriel, seguido de um forte estrondo e o choro da cachorra”, lembrou. O amigo do chef relata que, ao colocar seu corpo porta adentro - e como estava muito escuro - não enxergou nada, não viu Muriel e falou: “Muriel!’ E falei mais alto: ‘Muriel!’ E nada! Só que, quando minha visão se acostumou com o escuro, olhei e vi que era uma escada; também vi que tinha dois lances e, lá no piso do último lance, estavam o Muriel e a cachorra caídos”, contou. Rapidamente, Gruli desceu as escadas correndo e, quando chegou até ele (Muriel), percebeu que o amigo estava quase desacordado. “Daí ergui-o do chão, já percebi que tinha sido um acidente e que ele não estava bem. Dei um grito chamando por ele, e também um chacoalhão; Muriel acordou e logo começou a conversar comigo”, recordou. >

HISTÓRIA INSPIRADORA

De educador físico a chef autoditada, a história de Muriel Gonçalves Filho é um exemplo de superação: “comecei na culinária sem ter curso, ia vendo receitas, livros e executando”. Após sofrer um acidente e perder o olfato e paladar, Muriel não desistiu, e voltou a fazer o que mais ama: cozinhar.


Foto: Leo Beraldo / Cromalux

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Foto: Arquivo pessoal

EM FAMÍLIA

Na foto ao lado, Muriel está ao lado de seu irmão Netto, o sobrinho João Francisco, a mãe Elenice, o filho Guilherme e o pai, Muriel Gonçalves. Como Muriel destacou, o apoio da família foi importante para vencer os desafios. "Aprendi muito com tudo isso e aconselho a todos que, diante a tantas dificuldades que estamos passando nos últimos anos, que nunca percam a fé e a força de viver".

A partir daquele estágio, o empresário teve a ideia de flexionar as próprias pernas e deixar Muriel encostado nelas, momento em que Lilian, esposa de Gruli, apontou na porta da escada perguntando o que havia ocorrido. “Liga pra emergência que foi feio”, clamou a ela. Daquele instante à chegada dos paramédicos, o amigo manteve-se conversando com Muriel. “Ele querendo levantar, eu não deixava; querendo dormir, não deixava”, relembrou. Atônito com a situação, Gruli lembra-se que havia passado cerca de cinco minutos – o que para ele parecia uma hora – e que Tomás, o outro amigo que havia ido embora um pouco antes, retornou porque tinha esquecido o celular. “Parece que foi Deus que o mandou de volta. E ele ficou todo tempo ali comigo, até chegar o resgate do SAMU [Serviço de Atendimento Médico de Urgência]. E [Tomás] também ajudou a tirar o Muriel - já na maca - e levá-lo à ambulância”, relatou.

DO QUE MURIEL SE RECORDA “Fiquei acordado, porém muito agitado. Não me lembro do momento da queda. Fui resgatado pelo SAMU, com muita dificuldade, devido à escada ser estreita”, lembrou. Aquele súbito acidente culminara em um traumatismo craniano gravíssimo, além de um trauma de face, consequências que resultaram em aproximadamente cinco cirurgias (retirada

da calota craniana, fraturas de face, colocação da calota craniana, colocação de válvula por causa de hidrocefalia e outra [cirurgia] de face). “Fiquei internado cerca de três meses no Hospital e Maternidade Unimed [HMU], fui traqueostomizado, com gastrostomia, tive hidrocefalia e embolia pulmonar. Estava confuso! Não me lembro desse tempo todo! E a última cirurgia fiz em São Paulo, na [Hospital] Beneficência Portuguesa – Unidade Mirante - quando já estava bem”, relatou. E neste intervalo de tempo, a esposa Fernanda descobriu que estava grávida exatamente no dia em que ele era submetido a uma cirurgia com a equipe

A BASE DE TODA A SUPERAÇÃO

Na foto, Fernanda Moro, Muriel e o pequeno Guilherme Moro, que nasceu em meio a toda luta do pai. "(...) até hoje, o que eu mais sinto falta não é do olfato para cozinhar, mas sim de poder sentir o cheiro do meu filho (...) e não tenho dúvidas de ele veio para me dar força, me reerguer e me mostrar que, com amor, tudo se supera".

Foto: Arquivo pessoal

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Foto: Ignácio Garcia

NEGÓCIOS EM FAMÍLIA

Junto com o pai, Muriel Gonçalvez, mantém o Muri’s Bar, localizado no Posto Santa Agda, na rotatória de acesso ao bairro Pratinha. No local, de segunda a sábado, é servido almoço e, à noite, o carro-chefe da culinária são as porções variadas. Às sextas, Muriel prepara pratos típicos de buteco, como língua bovina e outras iguarias.

bucomaxilofacial. Ele, segundo relatos de amigos e familiares, soube que se tornaria pai bem ao fim daquele dia, ainda dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), quando ela revelou a gravidez. À Revista Atua, Fernanda Moro conta que estava passando muito mal, mas acreditava que era por conta do nervosismo, causado por toda a situação e por estar tomando remédios. “Até que minha irmã comprou um teste de farmácia, fiz e deu positivo. Passei no Pronto-Socorro e realmente foi confirmado. Porém, no fim do dia, tive sangramento e precisei voltar ao PS, onde fui medicada - foi constatado descolamento de placenta e me deixaram em repouso”, relembrou a esposa. A fisioterapeuta relata que passou a ficar na casa dos pais, que residem na cidade de São Carlos (SP). “Dia sim, dia não, meus pais me traziam para visitar Muriel. E hoje consigo ver como Deus nos carrega no colo, pois não conseguia pensar em não ter Muriel do nosso lado”, afirmou. Depois de quatro meses naquele município, Fernanda retorna a São João após estar estabilizada. Neste mesmo tempo, relembra ela, Muriel ainda estava na casa dos pais dele, pois não andava direito e ela também tinha restrições. De acordo com Fernanda, o marido foi evoluindo bem no quadro de saúde, de forma gradativa, até finalmente voltar para casa. "Em novembro de 2017, fui para São Paulo, pois o parto - ia ser lá e Muriel teve que operar a vesícula. Mas, após uma semana, ele já foi para São Paulo também”, lembrou. E para a alegria do casal, em dezembro de 2017, o filho Guilherme Moro nasceu. UMA NOVA VIDA No ano seguinte, em 2018, Muriel mudou-se definitivamente com a esposa para São Paulo (SP) - ela trabalhava na Capital. À época, ele cuidava do filho 32

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Guilherme e ainda precisou ser submetido a mais uma cirurgia. Naquele período, ainda de recuperação, o chef recorda que precisou reaprender a viver, já que não conseguia andar, falar, muito menos escrever. Mas, graças à perseverança e incentivo de toda a família - especialmente sua esposa Fernanda - aos poucos Muriel começou a realizar atividades que consideramos corriqueiras. “Graças a Deus, tudo passou e, hoje, fiquei com algumas sequelas: perda de paladar e do olfato. Pois é: para quem mexe com cozinha é assustador! Mas eu continuo cozinhando como sempre cozinhei!”, contou. O retorno à cozinha foi um desafio: ele relata que, no começo, as sequelas o deixaram muito inseguro e sabia que seria difícil voltar a cozinhar, devido à gravidade da lesão que sofreu. "Mas eu enfrentei esse desafio". No tempo em que ficou em São Paulo, aos poucos foi se readaptando e retornando à cozinha; ganhou confiança, especialmente quando percebeu que se lembrava de todas as receitas e sabia executá-las. “Adaptei-me e confesso que, até hoje, o que eu mais sinto falta não é do olfato para cozinhar, mas sim de poder sentir o cheiro do meu filho [Guilherme]”, expressou emocionado, contando que seu filho - hoje com 4 anos - é a vida e a força diária dele. “Acredito muito que as

coisas acontecem [quando e] como tem que acontecer. E não tenho dúvidas de que meu filho veio para me dar força, me reerguer e me mostrar que, com amor, tudo se supera. Aprendi muito com tudo isso e aconselho a todos que, diante a tantas dificuldades que estamos passando nos últimos anos, que nunca percam a fé e a força de viver. Porque, acima de tudo, existe um Deus que opera milagres, um Deus do impossível”, terminou. DE VOLTA A SÃO JOÃO O casal e o filho voltaram e vivem em São João desde 2020. Muriel trabalhou por dez meses no bar Quintal, localizado na avenida Dr. Durval Nicolau. Já com a pandemia da Covid-19, associa-se ao pai e hoje ambos mantêm o Muri’s Bar, empreendimento anexo ao Posto Santa Agda, localizado na rotatória de acesso ao bairro Pratinha. No local, de segunda a sábado, é servido almoço e, à noite, o carro-chefe da culinária são as porções variadas de comida de boteco, oferecidas por Muriel. A

Agradecemos ao Carnes Mantiqueira que, gentilmente, cedeu o salão do restaurante para a produção das fotos utilizadas nesta matéria e capa.


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sociedade

Sucesso no TikTok Conheça os principais influenciadores sanjoanenses da plataforma, que juntos possuem mais de 5 milhões de seguidores. POR MAYQUELE LOIOLA

Quem, atualmente, nunca ouviu sequer falar no TikTok? O aplicativo de criação e compartilhamento de vídeos é sucesso no mundo todo. Segundo dados divulgados pela companhia Reuters, em setembro de 2021, a empresa atingiu a marca de 1 bilhão de usuários com contas ativas. A interface, o entretenimento, as temáticas variadas, a indicação de vídeos, de acordo com o perfil do usuário e a facilidade de produção são apenas alguns dos atrativos da plataforma, que conta, inclusive, com criadores de conteúdos de São João da Boa Vista. O aplicativo foi desenvolvido por uma companhia chinesa, no ano de 2014, e na época foi nomeado como Musical.ly. Em 2017, quando comprado pela Byte Dance, o então Musical. ly se tornou o TikTok. No entanto, foi apenas no ano de 2020, durante a quarentena, ocasionada pelo vírus da Covid-19, que a plataforma se popularizou no Brasil. De forma leve e descontraída, as dancinhas e áudios para serem dublados chamaram a atenção dos brasileiros, que passaram a utilizar o TikTok para preencher o longo tempo que tinham à disposição, em casa. O mercado está em constante crescimento e oferece perspectivas para todos que buscam se aventurar nas produções. De acordo com um estudo da Business Insider Intelligence, até 2022, o investimento global em influenciadores deve atingir valores entre 5 a 10 bilhões de dólares. Embora possa parecer fácil, o meio digital é muito competitivo, portanto, é importante entender como as diferentes plataformas funcionam, se arriscar em novos assuntos, buscar se conectar com o público, manter certa frequência de postagens e produzir conteúdo de qua-

lidade. E foi exatamente isso que os sanjoanenses Julia Cassini, Fabio Nogara e o gramense Jelde Beloni fizeram. JULIA CASSINI Foi na quarentena, que a sanjoanense, formada em direito, Julia Cassini (foto abaixo), de 27 anos, ingressou na rede social. “Tudo começou simplesmente porque já estava muito tempo em casa. Não usava o TikTok antes e achava que era um aplicativo só com conteúdo como danças. Até que um amigo meu começou a fazer conteúdos sobre séries lá dentro, e achei interessante. Como gostava muito de temas como true crime [gênero que o autor examina um crime real e detalha as ações de pessoas reais] decidi fazer 2

vídeos sobre isso e eles já viralizaram no dia seguinte. Foi bem inesperado", declara, orgulhosa. Atualmente, Julia Cassini, acumula mais de 4 milhões de seguidores, apenas no TikTok. A influencer, que aborda como tema para seus vídeos, casos criminais, curiosidades, teorias da conspiração, suspense e mistérios, também produz conteúdo para o seu canal no Youtube, que conta com 515 mil inscritos e perfil no Instagram, com 290 mil seguidores e, às vezes, para a Twitch, serviço de transmissões de vídeo ao vivo. Em entrevista para a Revista Atua, Julia afirma que apesar de adorar gravar vídeos e ter conquistado seguidores logo em suas primeiras postagens no TikTok,

Foto: Divulgação / Redes sociais

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Foto: Divulgação / Redes sociais

CONTEÚDO MUSICAL

“Foi uma oportunidade de mostrar meu trabalho para mais e mais pessoas, que passaram a se inscrever no meu canal no YouTube e ouvir minhas músicas no Spotify, isso foi muito interessante no sentido de que eu produzo música profissionalmente, ou seja, é uma vitrine a mais para eu publicar meu trabalho, de que eu tanto me orgulho e gosto de fazer”, destaca Fábio Nogara.

resolveu aguardar um tempo para comunicar às pessoas próximas. “Eu tinha muita vergonha no início e só contei para os meus amigos quando já tinha chegado em 10 mil seguidores. Eles sempre me apoiaram e perceberam que era algo que eu realmente amava fazer e que poderia gerar bons frutos. Logo, dentro de aproximadamente 3 meses, postando todos os dias, conquistei o meu primeiro milhão”. O processo de produção de conteúdo, além de muito trabalhoso, requer dedicação, organização e entrosamento com o público. “Grande parte dos meus dias eu passo pesquisando temas novos, fazendo roteiros e gravando, é muito difícil sempre ter assuntos interessantes, manter um público exigente entretido e não cair na mesmice. Uso muitas ideias que as pessoas enviam como sugestão, algumas eu já conheço, outras coloco na lista para pesquisar depois. Quando decido por uma temática, pesquiso em livros, artigos e sites na internet o contexto geral, após ler bastante e ouvir alguns podcasts sobre o as-

sunto, produzo um roteiro, assim a gravação já fica mais fácil, e por fim, restam os processos de edição e publicação”, comenta Cassini. Para Julia, a criação de conteúdo digital sempre foi um divertimento, que começou a ser levado mais a sério quando grandes marcas começaram a entrar em contato com ela, para fechar parcerias e quando se tornou mais difícil conciliar o trabalho que tinha na época com as redes sociais. Hoje, a creator, trabalha exclusivamente com a internet, e almeja crescer ainda mais, por este motivo, também se dedica à realização de futuros projetos e está ansiosa para concretizá-los. FABIO NOGARA Outro sanjoanense que se tornou bem popular no TikTok, é o publicitário e músico Fábio Nogara, de 26 anos. A história do artista com a música surgiu no berço, pois ele cresceu cercado de referências musicais, dentro da própria família, e ainda aos 9 anos de idade iniciou aulas de canto popular. Na internet sua jornada começa em 2016. Nogara, optou por seguir pelo caminho oposto da maioria dos músicos: em vez de iniciar a publicação de seus vídeos cantando no Youtube, decidiu publicá-los no Facebook, pois já tinha uma rede de pessoas que o acompanham por lá. Assim, poderia produzir, na sequência, conteúdo para outras redes sociais e apresentar aos poucos ao público. A estratégia deu mais que certo,

OPORTUNIDADES

“Sei que é um lugar que abre portas para muita gente se achar dono da verdade, inclusive, já sofri 'ataques' de pessoas que nem acompanhavam o meu trabalho, porém, como sou rápido em resolver problemas, expliquei o que queria dizer e tudo acabou bem. Tirando isso, gosto muito da proporção que tudo toma”, explica o empresário Jelde Beloni, que produz conteúdo sobre a utilização do IPhone. Foto: Divulgação / Redes sociais

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ao longo do tempo, as pessoas que o acompanhavam migraram para as outras mídias do artista, que passou a ser seguido também no Youtube, onde tem aproximadamente 18 mil inscritos, Instagram, com quase 13 mil seguidores, Spotify, com 1.945 ouvintes mensais, e por fim no TikTok, com cerca de 173 mil seguidores, aplicativo responsável por dar maior visibilidade ao músico, que já teve vídeos que ultrapassaram 1 milhão de visualizações. Quando ingressou no TikTok, Fábio era apenas consumidor de conteúdo, até o dia em que decidiu reciclar seus vídeos cantando o que já tinha na galeria do celular. Ao som da música “Sozinho” de Caetano Veloso, ele viralizou.“Foi uma oportunidade de mostrar meu trabalho para mais e mais pessoas, que passaram a se inscrever no meu canal no YouTube e ouvir minhas músicas no Spotify, isso foi muito interessante no sentido de que eu produzo música profissionalmente, ou seja, é uma vitrine a mais para eu publicar meu trabalho, de que eu tanto me orgulho e gosto de fazer”, destaca o artista. Apaixonado por MPB, o publicitário compartilha com o público, tanto músicas muito conhecidas dentro do gênero, quanto músicas autorais, todas no estilo “música em preto e branco”, estética visual que se tornou marca registrada. “As gravações acontecem aqui em casa, geralmente no período da noite, porque é quando tudo fica em silêncio. Meus vídeos são gravados no escuro, posiciono apenas uma luz lateral e gravo tudo em preto e branco. Acho muito bonito o termo “música em preto e branco”, que foi usado em uma matéria que fizeram a meu respeito, desde então, uso essa definição, porque realmente virou uma linguagem minha. Por meio dela, as pessoas batem o olho e me reconhecem”, revela Fábio. Ele comenta ainda sobre a importância de produzir conteúdo com intuito de impactar o visualizador de alguma forma e assim cativá-lo. “Me sinto feliz por ter conquistado isso dentro do meu nicho, da nova MPB. Acho que eu consegui um espaço meu ali, que pode ser ainda mais explorado, já que novas pessoas e novos comentários chegam por lá todos os dias. Às vezes, es43

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Valor do TikTok cresceu mais de 200% em 2021 A lista Global 500, da Brand Finance, apontou que a rede social chinesa TikTok foi a marca com o crescimento mais rápido do mundo. De acordo com o Ranking, a empresa cresceu 215% em um ano e seu valor pulou de US$ 18,7 bilhões para US$ 59 bilhões. Dessa maneira, a marca ficou em 18º lugar entre as 500 mais valiosas. O relatório destaca que o Tiktok cresceu fora de sua bolha na geração Z em 2021 fazendo parcerias estratégicas como na transmissão da UEFA Euro 2021. Ela ultrapassou a marca de 1 bilhão de usuários e se tornou o aplicativo mais baixado na Play Store do Android e na App Store da Apple. “O consumo de mídia aumentou durante a pandemia do Covid-19, mas, além disso, a maneira como consumimos alterou-se irrevogavelmente. Para competir nesse mercado em evolução, as organizações de mídia investiram pesadamente em suas marcas, desde a aquisição de conteúdo até a experiência do usuário. O crescimento meteórico do TikTok é a prova definitiva: a marca passou de relativa obscuridade para renome internacional em apenas alguns anos e não mostra sinais de desaceleração”, disse David Haigh, presidente e CEO da Brand Finance. O TikTok, também conhecido como Douyin e, anteriormente como Musical.ly, foi lançado na China em setembro de 2016.

tou dormindo e tem gente comentando os posts, quando acordo no dia seguinte,1000 mensagens foram enviadas, chega a ser até um pouco assustador”, confessa o cantor, animado. JELDE BELONI Quem está também se destacando nas plataformas digitais, é Jelde Beloni, de 24 anos, empresário, nascido em São Sebastião da Grama e que vive atualmente em São João da Boa Vista. Começou na internet a partir de postagens no Instagram, no ano de 2018, mas só em 2020 estreou com as gravações de vídeos, tanto para o TikTok, quanto para o Youtube, com o intuito de promover vendas da sua empresa, Beloni Iphone. “O crescimento das minhas redes sociais aconteceu de maneira gradativa, porém, de 2020 a 2021, passei de 8 mil seguidores no Instagram para 133 mil e no TikTok de 0 seguidores para 1,2 milhão. Além disso, o meu faturamento aumentou mais de 200%, devido à visibilidade gerada na internet, muitas pessoas passaram a consumir meus produtos por conta do valor que gero a partir dos conteúdos”, explica o empresário.

O foco dos vídeos de Jelde é ensinar as pessoas a usarem todas as funções de um iPhone. Ele também compartilha os bastidores da sua vida pessoal e profissional. “Não tenho rotina de gravação definida, pois todo meu dia é transformado em conteúdo, documento tudo o que posso. Porém, não é sempre que tenho tempo, devido a outras demandas, por isso, sempre peço ajuda de 1 ou 2 colaboradores para facilitar e agilizar a gravação e auxiliar na produção de conteúdo”, informa ele. Em relação aos pontos positivos e negativos da exposição na internet, Jelde revela que sempre enxergou de maneira clara o ônus e o bônus. “Sei que é um lugar que abre portas para muita gente se achar dono da verdade, inclusive, já sofri 'ataques' de pessoas que nem acompanhavam o meu trabalho, porém, como sou rápido em resolver problemas, expliquei o que queria dizer e tudo acabou bem. Tirando isso, gosto muito da proporção que tudo toma”, assegura o empresário. A REVISTA ATUA | ABRIL DE 2022

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esportes

Só os skatistas sabem… Base fiel de praticantes e diferentes pistas tornam São João uma cidade perfeita para o esporte, mas a deterioração e o vandalismo são obstáculos diários POR MATHEUS LIANDA

“O skate traz muitas amizades, todos parecem ter uma energia muito leve. Sempre que você chega na pista cansada, estressada, você acaba se contagiando com as pessoas ao seu redor”. As palavras da estudante Letícia Zavarize, praticante regular de skateboard há cerca de oito meses, ajudam a entender um pouco do vasto universo que vai muito além do esporte, com músicas, símbolos, gírias, roupas, cultura e estilos próprios. Apesar de terem uma comunidade bem estabelecida, skatistas são conhecidos pelo acolhimento a quem tem menos experiência. Durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, com a estreia do skateboard, era comum flagrar competidores torcendo para os oponentes conseguirem acertar as manobras. Por essas e outras, o skate é conhecido como “o esporte individual mais coletivo”. “Comecei a frequentar o Half em 1995, a única pista de São João naquela época. Lembro que fui muito bem recebido no grupo, mesmo eles sendo mais velhos”, recorda o professor de skate Jean Felipe Le Sueur. “Graças aos skatistas locais com mais experiência, foi possível aprender muito e evoluir sempre mais. Sempre fui grato pelas amizades que cultivei, pela força e apoio que tive aqui durante minha infância e juventude. Isso me deu a base para abrir meu caminho e seguir no mundo do skate”. Quase sempre presente nas sessões no Plaza, o bartender e consultor de bares e restaurantes Roberto Merlin, também conhecido como Chucky, reforça a ideia de união da comunidade. “Nos fortalecer sempre foi um dos pilares da cultura do skate, todos temos a ensinar e aprender”, defende. “Alguns parças têm dado aulas gratuitas para a molecada, acho sensacional. Deixo aqui um grande salve e admi-

ração para o Felipão [Le Sueur] e geral da Organização Vibra Skate”, comenta sobre o projeto social conduzido por Jean Felipe. A VIDA É DESAFIO Em São João da Boa Vista, skatistas podem praticar oficialmente em dois skateparks: o Half, criado para os Jogos Regionais de 1991, um halfpipe no Centro de Lazer Jardim Leonor; e o Espaço Jovem

Osmar Garcia, mais conhecido como Skate Plaza, construído em 2012. É a pista mais completa da cidade, com arquibancadas, banheiro, diversos obstáculos (alguns inéditos no Brasil na época da inauguração), paisagismo, grafite e comunidade ativa diariamente. No Parque dos Resedás, há uma pista fora de uso e projetos para a construção de um novo complexo esportivo. Embora atenda uma população muito além da comunidade

Foto: Matheus Lianda

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Foto: Matheus Lianda

O PERCURSOR

Instalado originalmente para abrigar provas dos Jogos Regionais de 1991, o halfpipe construído no Centro de Lazer Jardim Leonor foi o primeiro espaço dedicado a prática de skate em São João da Boa Vista.

do skate, sedie eventos culturais não necessariamente relacionados ao esporte e esteja em uma localização adjacente à Cidade das Artes, Departamento Municipal de Cultura, Biblioteca Jaçanã Altair e Escola José Peres Castelhano, o espaço sofre constantemente com vandalismo e descaso de indivíduos ignorantes sobre a importância da estrutura. “Muitos se assustam com os banheiros sucateados, lixo espalhado e, por vezes, até falta de torneiras para beber água”, relata Roberto. “E aí, galera? O que custa respeitar?” Não somente famílias, amigos e entusiastas do esporte se reúnem para aproveitar o recinto, mas o Plaza é fundamental também para o município e para

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a cena do skate, uma vez que a pista está incluída no Circuito da Federação Paulista de Skate (FPS) e já recebeu vários atletas renomados. “Kelvin Hoefler, Pâmela Rosa, Tiago Lemos, Giovanni Vianna, Ivan Monteiro, que junto a outros profissionais brasileiros nos representam lá fora e nas Olimpíadas”, cita Jean Felipe. “Isso fica na memória da comunidade, incentiva todos a crescer profissionalmente”. LEVANTA E ANDA A deterioração de um espaço público,

principalmente uma praça de esportes, é comum; trincas, falhas na pintura, avarias em equipamentos, tudo isso é esperado, uma vez que o uso intenso durante as práticas desportivas favorece o desgaste. No Skate Plaza, porém, há o agravante do vandalismo, que acelera sobremaneira o prejuízo. Como mão de obra, equipamentos e materiais para reforma são caros e dependem de licitação, Jean Felipe, participantes do grupo Vibra Skate e a comunidade de skatistas organizaram um mutirão para revitalizar a pista em outubro

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Fotos: Matheus Lianda

ABANDONO E VANDALISMO

Um dos maiores desafios para os praticantes do esporte é o abandono e o vandalimos nos espaços. Ao lado, no Parque dos Resedás, há uma pista fora de uso e entregue ao mato; abaixo, detalhe de uma torneira acorrentada no Skate Plaza - para evitar furtos. O cenário já melhorou, mas os praticantes cobram mais investimentos. Segundo o diretor municipal de Esportes, Marcelo Siqueira, "a pista [Skate Plaza] não recebeu cuidados com a frequência necessária e, de fato, carece de uma reforma e investimentos significativos (...) estamos planejando investimentos em infraestrutura e segurança dentro do Plano Plurianual, por meio de parcerias e buscando recursos junto aos governos estadual e federal”.

do ano passado, com apoio da Prefeitura de São João. “O primeiro alvo foi o chão, a parte mais crítica; em alguns pontos, até um perigo para quem é menos experiente”, alerta. “Alugamos uma máquina e lixamos as trajetórias mais importantes, mais ou menos 45% da área total. O Departamento de Esportes forneceu as tintas e pintamos toda a pista”. Com isso, os frequentadores organizaram uma competição no mês seguinte, o Vibra Skate Contest, com participação local e competidores de cidades como São Paulo, Santos, Poços de Caldas, entre outras. Além do intercâmbio de experiências entre os atletas, o evento fortaleceu a cena do skate em São João e captou recursos suficientes para uma segunda 48

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ação de melhoria no local, programada para este ano. “Isso vai permitir o aluguel da máquina para lixar, mas vamos precisar que o Departamento ofereça outra vez as tintas. Também estamos procurando apoiadores para fornecer a resina para finalizar o trabalho”, conta Jean Felipe. Ele acrescenta que há muitas outras necessidades: como melhora na iluminação da pista, reforma e iluminação dos banheiros, mais segurança no local além de reformas estruturais. UM BOM LUGAR O diretor municipal de Esportes, Marcelo Siqueira, relata que, além da manutenção periódica e limpeza diária, a Prefeitura de São João realiza a poda do gramado a

cada 15 dias, e cita a iniciativa de revitalização. “Nos últimos meses, o espaço está recebendo melhorias, fruto de uma parceria com o grupo Vibra Skate, sob liderança de Jean Felipe Le Sueur”, conta. “Tintas foram cedidas e, inclusive, foi realizado um evento regional, em novembro de 2021, com o apoio do Departamento e Time São João”. Segundo ele, a pista não recebeu cuidados com a frequência necessária e, de fato, carece de uma reforma e investimentos significativos. “Para isso, precisamos de parcerias. Realizamos reparos nas acopladas dos banheiros, trocamos as torneiras e as lâmpadas queimadas da iluminação externa e dos banheiros. Estamos planejando investimentos em infraestrutura e segurança dentro do Plano Plurianual, por meio de parcerias e buscando recursos junto aos governos estadual e federal”. Roberto Merlin destaca as vantagens de bons skateparks para assegurar sessões de qualidade tanto para iniciantes quanto para veteranos. “Espaços como o Plaza e o Half são excelentes para evoluir nas transições e pegar os macetes dos obstáculos para andar em outras pistas”, comenta. “E definitivamente é uma mão na roda para os campeonateiros [skatistas focados em treinar para competições oficiais]”. DEIXE-ME IR Jean Felipe Le Sueur nasceu em 1982, em São Paulo, e se mudou para São João com três anos. Ganhou seu primeiro skate em 1991 e logo se enturmou com a galera do Half, onde deu seus primeiros passos – e saltos. Oito anos depois, entretanto, passou a viver em uma cidadezinha no norte da Itália, Voghera, comuna na província


de Pavia, região da Lombardia. “O skateboard foi meu único meio de comunicação para me introduzir nessa nova sociedade e encontrar a minha tribo, pois não dava para ficar sem andar de skate”, relata. À medida que treinava e ganhava reconhecimento, tornou-se treinador nível 1 da Federação Italiana Esporte Rotelista (FISR, do italiano Federazione Italiana Sport Rotellistici) e em 2012 criou o projeto social Skate Farm, em San Giuliano, Alessandria. “É um projeto de grande sucesso, em contínua evolução, ainda hoje uma referência no norte da Itália”, informa. O objetivo é promover a inclusão por meio da prática do skateboard e todas as suas conexões. “É um skatepark aberto, uma escola de skate acessível para todas as idades, onde amadores e profissionais se reúnem para ensinar skate aos principiantes e acelerar o processo de aprendizagem, além de fortalecer a cena e demonstrar a importância desse esporte na sociedade”. No Skate Farm são ministrados workshops para a construção de rampas e demais obstáculos, há laboratórios artísticos com oficinas de música e outras artes e uma horta social com ervas aromáticas para fins terapêuticos e culinários. “Dividimos a colheita entre todos os voluntários. Com os alimentos cultivados, captamos recursos organizando jantares populares e envolvendo todas as atividades com a estrutura, criando um ambiente

esportivo e cultural”, conta. Em 2020, Jean Felipe voltou para São João da Boa Vista e pôde conhecer o Skate Plaza, onde passou a ministrar aulas gratuitamente. “A recepção da comunidade de skatistas atual foi superpositiva. Depois de nos conhecermos melhor, começamos uma iniciativa voluntária para dar uma fortificada no cenário da cidade e melhorar nossa pista, que necessita de muita atenção”, afirma. “Agora, mais do que nunca, precisa ser reformada e, quem sabe, até ampliada”. NÃO DESISTA AGORA É difícil não cruzar com Roberto Merlin, o Chucky, no Skate Plaza; de duas a três vezes por semana, pelo menos, sua presença por lá é garantida. O skateboard se tornou uma paixão em 1998, inspirado pelas vezes em que assistiu ao seu primo mais velho, Paulo Henrique (ou “PH”), andar com os colegas. “Eles mandavam uns ollies ‘cabreiros’ por cima de cadeiras e obstáculos improvisados. Um dos amigos do PH descia o morro na ‘velô’ e puxava um slides gigantes, colado ao chão”, relembra. Embora curta os skateparks de São João, ele recomenda aos praticantes estarem sempre atentos a oportunidades ao redor. “Em geral, skatistas sempre ficam li-

gados quando estão pelas ruas, vai que encontram algum pico escondido, corrimão, gap… A cidade é uma caixinha de surpresas”, comenta, e destaca algumas locações preferidas: “São João tem alguns pontos clássicos, como a Catedral, o Galpão da Feira Livre e a Praça Joaquim José”. Para quem curte uma vertente ainda mais radical, também há bastantes opções. “Na Cidade dos Crepúsculos Maravilhosos não faltam ladeiras para os camaradas do downhill”, garante Roberto, sobre a modalidade em que os competidores descem um percurso íngreme na maior velocidade possível, muitas vezes com obstáculos. “Uma época, me esfolava direto para o lado do Bairro Alegre descendo de long [modelo de skate adequado para downhill]. Ele pede atenção, porém, aos motoristas preconceituosos: “Nas ruas, sempre tem um ou outro que dá aquela fechada na maldade ou ofende gratuitamente", alerta. E se você está começando, não perca o foco por causa de quedas. “‘Bora que bora’, cair faz parte do processo de aprendizagem. Comece aprendendo a rolar no chão; sério, o rolamento aplicado corretamente poderá te safar de fraturas ou outros prejuízos”, aconselha. “Tenha em mente que cada um tem seu tempo para evoluir, não fique se comparando aos outros”. >

REVITALIZAÇÃO

Participantes do grupo Vibra Skate e a comunidade de skatistas organizaram um mutirão para revitalizar a pista em outubro do ano passado, com apoio da Prefeitura. “O primeiro alvo foi o chão, a parte mais crítica; em alguns pontos, até um perigo para quem é menos experiente”, explica Jean Felipe.

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É O PODER Letícia Zavarize sempre gostou de esportes. Quando o Plaza foi inaugurado, em 2012, ela ganhou um skate. Na época, tinha apenas oito anos e a presença predominante de meninos foi uma barreira. “Eu fiquei muito intimidada. Fazia meu pai acordar de madrugada para a gente andar bem cedinho, quando não tinha ninguém, mas não durou muito, porque ele trabalhava e não podia continuar indo naquele horário. Aí, eu desisti”. Quando uma amiga começou a praticar skateboard com os irmãos, Letícia decidiu dar uma segunda chance para a atividade. “Encontrei vários amigos e amigas e finalmente perdi a vergonha e o receio de andar no meio de tanta gente, principalmente dos meninos”, recorda. “Foi quando comecei a frequentar direto a pista, gostando cada vez mais de aprender com as pessoas dali”. Um dos grandes exemplos para a estudante é a atleta olímpica Rayssa Leal: “Ela provou para todos que qualquer um é capaz de andar, já que com aquela idade chegou tão longe”, analisa. “É uma inspiração para todos os praticantes, pois ela não desistiu e imagino que tenha sido tão assustador para ela quanto é para qualquer menina treinar um esporte majoritariamente praticado por homens, mesmo com todas as dificuldades que qualquer esportista enfrenta”. Para a skatista, uma das melhores características é a comunidade. “Todo

mundo ali fica disponível para ajudar em qualquer coisa que você quiser aprender, é o que eu acho mais legal”, relata. “Acabam sendo incontáveis os benefícios que o skate trouxe para a minha vida, mas, com certeza, uma mente e um corpo mais saudáveis estão no topo da lista”. Se empolgou e quer praticar? “A minha maior dica pra quem quer começar é bem simples: não se deixe assustar. O maior obstáculo do skate é o medo”, diz Letícia. “Se você deixa seu corpo ser levado nos movimentos, consegue fazer qualquer coisa, seja descer uma rampa ou mandar uma manobra. Quando você vence o medo, você fica sem barreiras, sem limites”. E, segundo ela, o primeiro tombo já é esperado, então não se espante! “Virão muitos mais e você vai aprender a cair sem se machucar – ou quase nunca se machucar”, diverte-se. “E não olhe para quem já pratica como se nunca fosse conseguir fazer as mesmas coisas, com o tempo qualquer um aprende tudo o que quiser”. UM BRINDE PRA NÓS Com o ingresso do skate nos Jogos Olímpicos, Jean Felipe tem esperanças de que o esporte receba mais atenção do poder público. “O passo mais importante é investir adequadamente na infraestrutura do nosso esporte. Espero que valorizem mais a qualidade das pistas, suas manutenções, reformas e projetos de formação, dando qualidade e segurança para a evolução dos skatistas

de nossas cidades”, declara. Segundo o professor, há muitas companhias especializadas na construção de skateparks de alta categoria, cujos quadros são compostos por atletas profissionais. “É fundamental as administrações trabalharem com esse tipo de empresa e terem uma comunicação eficaz com os skatistas experientes locais”, assinala. “Espero que os projetos de incentivo e as escolinhas sejam mais apoiados por empresas locais do mesmo setor, porque ajudam a formar o grupo, que é a base essencial do espírito do skateboard”. Roberto percebe maior adesão após as Olimpíadas. “Acho da hora ver uma movimentação acontecendo. Alguns pais investem no skate, e quando os filhos ganham confiança, os levam para a pista”, relata. O ganho de equilíbrio, coordenação motora, confiança e autocontrole estão entre os principais benefícios da atividade. “Nunca é tarde para começar, seja persistente. Ande sempre para se divertir, a cultura do skate vai infinitamente além de manobras ou estilo”. Com algumas provocações, deixa alguns ensinamentos valiosos exercitados pela comunidade do skate. “Aprendeu algo novo? Tem tênis ou peças para doar? Lanche para dividir? Vai comprar pela internet ou nas lojas de skate de São João? Sempre que possível fortaleça os seus”, finaliza. Em relação à inclusão feminina, Letícia está otimista. “O skate ainda tem um estereótipo bem masculinizado, mas as coisas melhoraram um pouco desde os meus oito anos, e tendem a continuar melhorando”, acredita. “No segundo contato, me senti muito bem entre todos. Como no último ano eu tive amigas para andar comigo, facilitou bastante, mesmo que a maioria lá ainda seja de homens”. A

MUNDO PRÓPRIO

“O skate traz muitas amizades, todos parecem ter uma energia muito leve. Sempre que você chega na pista cansada, estressada, você acaba se contagiando com as pessoas ao seu redor”. As palavras da estudante Letícia Zavarize, praticante regular de skateboard há cerca de oito meses, ajudam a entender um pouco do vasto universo que vai muito além do esporte, com músicas, símbolos, gírias, cultura e estilos próprios.

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empreendedorismo

Perfil dos empreendedores Foto: Revista Atua

POR GABRIELA SODRÉ

As mulheres vêm, cada vez mais, ganhando espaço na sociedade e no meio empresarial não poderia ser diferente. Atualmente o aumento da quantidade de mulheres no comando das empresas e com o próprio negócio está impactando de forma positiva a economia do país. É o caso de Vanessa da Silveira Peixoto que já trabalhava no mercado da estética e beleza e, na busca de novos desafios, no ano de 2016 decidiu abrir sua própria barbearia. Por que começou o próprio negócio? Faz 6 anos que abri a empresa, em 2016 e antes disso trabalhei 3 anos em um outro salão. Eu queria me testar, ver até onde eu conseguiria chegar, como eu era mais nova achei que estava na hora certa de arriscar e busquei investir em montar meu negócio. Foi um grande desafio. Como foi montar seu negócio num segmento completamente dominado pelo gênero masculino? Foram poucas as dificuldades nesse sentido. Eu atendia mais mulheres no começo e foi uma transição bem tranquila, até atender mais homens, que é o que acontece agora: mais de 50% do que eu faço é no público masculino. Lógico que ao atender mais homens vieram mais dificuldades, como alguns que se recusaram a ser atendidos por mim e outros que foram convidados a se retirar por falarem o que não deveria. Você já sofreu algum tipo de assédio durante o trabalho? Em algumas oportunidades, sim. Eu acho que as pessoas 52

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confundem muito a questão de você ser educada e gente boa com o fato de estar demonstrando interesse. E isso é algo que parte de ambos os sexos: de mulheres e homens. Você sente que há ainda ressalvas às mulheres no mundo dos negócios? Com certeza, muitos acham que mulher não consegue administrar ou fazer um trabalho pesado, mas estamos mostrando que isso não é verdade, que temos total capacidade pra fazer isso e muito mais. Somos mais caprichosas no que fazemos, prestamos mais atenção nos detalhes, o que acaba sendo um trabalho melhor. Como realiza a divulgação do seu negócio? A nossa divulgação é realizada pelas redes sociais Instagram (@vpsalaoebarbearia) e Facebook, mas muitos ainda vêm por indicações, pelo boca a boca. Na verdade, esse é o carro chefe para atração de novos clientes. Como você procura se diferenciar da concorrência, especial-


mente com o grande número de salões e barber shops que foram abertos recentemente? O diferencial mesmo é o atendimento, sabe? O fato de trabalharmos com horário marcado e não ser aquele espaço lotado, com muita gente falando, a pessoa chegar e ter somente ela ali, garante 100% de foco no atendimento. Então, a combinação do atendimento exclusivo e da qualidade no trabalho desenvolvido acabam sendo nosso diferencial Como você enfrentou a pandemia, especialmente nesse setor que foi tão atingindo pelos protocolos de segurança? Eu sempre tirei um pró-labore e tudo o que sobrava eu guardava pra imprevistos, montando uma reserva de emergência. No começo da pandemia, cheguei a atender alguns em domicílio, mas com o agravamento da Covid-19, fiquei em casa, esperando liberar o comércio. Agora, aos poucos, seguindo todos os protocolos sanitários, voltei a atender. A pandemia levou muita gente a aprender a cortar seu proprio cabelo ou cuidar de sua barba, por exemplo. Como você vê essa tendência, deve se sustentar?

Realmente, a pandemia teve esse cenário. Mas, assim que houve a possibilidade de retomada, o pessoal voltou ao salão. Muitos deles até destacavam e diziam "olha, eu tive que me virar, não ria". Pessoalmente, eu acho que as pessoas gostam muito de ter esse tempo, esse momento para se cuidar. Claro que, com a pandemia, isso ficou inviabilizado, mas agora, o pessoal está retornando. Quais são seus planos para o futuro? Tenho vontade de ampliar, ter várias barbeiras e barbeiros trabalhando comigo pra um dia ver a empresa "rodando" sozinha, sem a necessidade de eu estar presente in loco. Qual a dica que você daria para quem quer começar a própria empresa? Muito planejamento, educação financeira e muita dedicação, ainda mais no meio da crise em que a gente se encontra. Outro ponto fundamental é que é necessário ter clareza e saber separar o que é da empresa e o que é pessoal, não misturar as coisas. Isso faz toda a diferença na hora da administração da empresa, especialmente em momentos de aperto em total imprevisto, como foi a pandemia.

Foto: Leo Beraldo / Cromalux

Se começar uma empresa em tempos normais já é difícil, imagina no meio de uma pandemia? Durante este período muitas pessoas se reinventaram, foi o que aconteceu com João Gabriel Ferreira Finazzi que já trabalhava com churrasco, mas recentemente, devido à pandemia, no final de 2021 abriu sua boutique de carnes, Finazzi BBQ, que tem em sua fachada o slogan “carnes especiais para momentos especiais”. De onde veio a ideia de abrir a Finazzi BBQ? Trabalho como churrasqueiro há, mais ou menos, 4 anos e recentemente, no final de 2021, em meio à pandemia abri minha própria Butique de Carnes. Além de gostar muito do 53

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que faço, vi que a cidade e região estavam carentes de algo focado em carnes de qualidade e atendimento especializado. Qual foi a maior dificuldade que você encontrou?

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Sem dúvida, para abertura da Boutique, a maior dificuldade foi obter um caixa que permitisse investir na reforma e compra dos equipamentos necessários. Também por questões econômicas e da pandemia, os valores das carnes aumentaram bastante, impactando totalmente o investimento inicial. No seu segmento, quais os principais desafios? As dificuldades se encontram na margem pequena e shelf life (validade) dos produtos. Além de carnes especiais você trabalha com outros utensílios para churrasco? O foco da loja são carnes, em sua maioria bovina, depois suína, aves e peixes. Porém, tenho também alguns molhos, farofas, bebidas e queijos especiais Quais são os produtos que são seu carro-chefe hoje? Picanha e contra filé (chorizo e ancho). Além desses produtos, eu acredito que um bom atendimento, um local bem planejado, armazenamento correto das carnes fazem muita diferença na experiência do cliente, não basta apenas ter o produto. Como você driblou a pandemia para continuar com o próprio negócio? Eu abri a loja em plena pandemia, porém, como faz 4 anos que faço eventos de churrasco, os clientes dos eventos seriam potenciais clientes da loja, isso foi um grande diferencial que

LEMBRAR DO DESEJO DO MEU FILHO ME AJUDOU A DIZER SIM PARA A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS.

acabou me ajudando muito nesse período. Como trabalha com a divulgação de seu negócio? A divulgação é realizada por Instagram (@finazzibbq) e Whatsapp com fotos e vídeos dos eventos que faço e produtos que vendo na loja, acho bem mais legal algo natural do que alguma montagem criada pelo computador. O Instagram, a meu ver, é mais um local para meu cliente ver as novidades, agora no Whatsapp já é algo bem mais próximo, mais fácil de enviar fotos, vídeos e áudio explicando algum produto específico. O Instagram você acessa e vê muita informação aleatória, já no Whatsapp você recebe a informação mais privada e pessoal. Há um público específico para seu negócio? Por conta das carnes serem especiais, o valor agregado é maior, então público hoje é maior de homens da classe A e B Quais são os planos para o futuro? A loja hoje é pequena, quero, num futuro próximo, buscar um local maior e também abrir minha própria Steak House. Qual a dica que você daria para quem quer começar o próprio negócio? Estude muito seu negócio, público-alvo, produtos ou serviços que você oferecerá, assim quando chegar ao cliente você consegue atendê-lo da melhor maneira possível. Na minha experiência, isso faz total diferença no negócio. A

Regina Menezes autorizou a doação de órgãos do seu filho Émerson em 2015.

#AVIDACONTINUA DOE ÓRGÃOS. CONVERSE COM SUA FAMÍLIA.

Acesse saude.gov.br/doacaodeorgaos e saiba mais. Foto: Reprodução Internet

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nossa cidade

Casa da Criança faz 80 anos Fundada em maio de 1942, entidade surgiu com o objetivo de acolher crianças e adolescentes em situação de vunerabilidade social. Hoje, funciona como creche

POR LETÍCIA BONARETI LORETTE SOB SUPERVISÃO DE JOSÉ DIAS PASCHOAL NETO

Quem passa pela avenida João Osório, em São João da Boa Vista e vê uma grande casa amarela, não imagina quantas vidas o local foi capaz de mudar. “Lar do coração” de muitos, o local é conhecido como Casa da Criança. Foi fundada em 24 de maio de 1942, graças à iniciativa das Damas da Caridade. Na época, o número de crianças e adolescentes que viviam nas ruas e em estado de vulnerabilidade social, vinha aumentando. Para ajudar no acolhimento destes menores, as senhoras se uniram ao Monsenhor Antônio David, da Igreja Matriz, e formaram a 1° Diretoria da entidade, que dependia de verbas municipais, estaduais e federais para viabilizar a existência. Mobilizando a sociedade e arrecadando fundos por meio de ações diversas, ainda em 1942, o grupo comprou dois terrenos e começou a construir a sede da Casa Amarela. O principal objetivo era receber menores desamparados e ser um local de confiança onde os filhos pudessem ficar

enquanto seus pais estivessem cumprindo a jornada de trabalho. A instituição passou a classificar-se como orfanato e internato, acolhendo meninas e meninos, e garantindo-lhes alimentação, segurança, educação de qualidade, higiene básica e momentos de carinho. Porém, em certo momento, os recursos deixaram de ser suficientes, e as Damas da Caridade tiveram como solução encontrar uma Irmandade Católica que se propusesse a garantir as despesas e auxiliar no gerenciamento. Somente em 1961, as Irmãs Missionárias de Assis aceitaram a causa, mas solicitaram que a casa recebesse também as candidatas à vida religiosa. E assim foi por muitos anos, mantendo uma educação cristã rígida e garantindo o convívio entre noviças e acolhidos. DESAFIOS E CONQUISTAS No início da década de 70, com a morte das freiras mais idosas e a redução do número de jovens interessadas no noviciado, a Casa da Criança passou por nova reestruturação. O lar tornou-se, exclusivamente, um semi-internato,

com horário de funcionamento das 7h às 19h, sob o comando da senhora Ordália Figueiredo, que investiu nos eventos de caridade como principal forma de arrecadação de fundos. Para o auxílio da diretoria, em 1971, por iniciativa do Juiz de Direito da época e da Assistente Social do Fórum, a Casa da Criança foi integrada ao Programa de Serviço de Colocação Familiar. Uma assistente social passou a trabalhar junto às crianças e foram ofertados cursos profissionais aos alunos maiores, como datilografia e cursos de artesanato, além de orientação. Os recursos, vindos principalmente dos eventos, eram priorizados para a expansão da casa, que ficava cada vez menor conforme o número de crianças aumentava, não sobrando praticamente nada para a contratação de funcionários. Eram remunerados a auxiliar de secretaria, cuidadoras de criança, uma pessoa destinada a serviços gerais e um hortelão. As irmãs que ficaram auxiliavam, gratuitamente, no cuidado e no entretenimento das crianças. Em 1975, iniciou-se o projeto de transformar o local em um centro educa-

Foto: Divulgação / Casa da Criança

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Foto: Leo Beraldo / Cromalux

tivo. Primeiramente instalou-se ali uma classe de pré-escola vinculada ao serviço Público Estadual, que, anos depois, tornou-se municipal. Em 1992, começaram as salas de Maternal II, Jardim I, Jardim II, e foi instaurado um berçário na instituição. Em 26 de julho de 1995, a Casa da Criança somava oito classes de pré-escola (EMEI), todas vinculadas à Prefeitura Municipal. No mesmo ano, as freiras se retiraram definitivamente do local. Atualmente, a organização atua como creche e escola infantil, recebendo crianças até o Fundamental. Em 2000, foi nomeada como EMEI Fernando Furlanetto. Desde 2015, atende somente berçário e maternal, atualmente são 200 bebês matriculados na Casa da Criança. A disponibilidade de horários é o que atrai tanta demanda por vagas, o horário de funcionamento é das 7h às 17h. A organização é feita por uma diretoria voluntária, formada por presidente, vice-presidente, 1ª e 2ª Secretária, 1 ª e 2ª Tesoureira, Conselho Consultivo e um Conselho Fiscal, respectivamente Etelvina Lima, Liliam Carneiro Zanata, Marlene Aparecida Tumenas, Maria Lúcia Bom de Lima, Marlene Marino, Luiza Helena Martins Minghini, Beatriz Marino e Haline Adriana Rosa Marini. A casa também tem como funcionárias: professoras, cuidadoras, faxineiras, cozinheiras e um jardineiro, que só recebem elogios de 57

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mães e pais. A casa é equipada por salas de leituras, brinquedotecas, pomar, horta, parque e vários equipamentos e brinquedos vindos de diversos projetos planejados pela equipe. LAR DE HISTÓRIAS ESPECIAIS “Na época, nos mudamos da zona rural para São João, ainda não estávamos devidamente estabilizados e a situação era difícil. Nossa família precisava trabalhar, e para isso tínhamos que encontrar um lugar de confiança para deixar nossos filhos. João Otávio, entrou com 1 ano e 2 meses, e João Gabriel com 3 meses”, conta Joana D’Arc Honório, que se orgulha dos filhos, hoje estudantes universitários de Enfermagem e Agronomia. “Sempre digo que os meus filhos são o que são hoje, graças a Casa da Criança. Aprenderam a dividir, amar, até mesmo na relação de irmãos foi crucial para criar um vínculo sólido. Tamanho era o carinho com as crianças, que me fazia ir trabalhar com o coração em paz. O diferencial sempre esteve nos detalhes, a creche era extremamente higiênica, limpa e organizada. O ambiente, materiais e cuidado com as crianças sempre foram excepcionais”, comenta, emocionada. É impossível dizer quantas crianças e adolescentes passaram pela instituição em todos esses 80 anos, muitos

deles até matricularam filhos e netos para também estudarem na Casa da Criança. “Uma vez, quando ainda era presidente da instituição, recebi uma ligação de uma professora aposentada de Santo André, que queria passar uma lição de aprendizado aos netos e filhos e gostaria de vir visitar a Casa da Criança, lar onde foi criada e educada”, conta Liliam, atual vice-presidente. DOAÇÃO AO EDUCAR A fala da Tia Rô, apelido carinhoso dado pelas crianças à Rosângela Zanetti Peres Galacci, atual coordenadora pedagógica da Casa da Criança, espelha o sentimento de muitas professoras e educadoras que lecionam ou já lecionaram na organização. "O tempo que estou aqui é resumido por gratidão, pelos profissionais e voluntários que vejo exercendo seus papéis com tanta dedicação e doação", enfatiza. A pedagoga, que já atua há 8 anos,diz que a Casa Amarela é uma escola muito especial e recebe muitos elogios de pais e ex-alunos. "Além do período integral, atendemos também como creche, recebendo a maior parte das crianças quase o dia todo. Eles ficam aqui muito mais do que ficam em suas próprias casas, por isso temos de proporcionar um lugar que se assemelhe a um lar, tendo amor, carinho, atenção e aconchego". É assim, com acolhimento, que a Casa da Criança segue, fiel, aos princípios pelos quais foi criada. A REVISTA ATUA | ABRIL DE 2022

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educação

UNIFAE lança projeto de popularização da ciência Iniciativa tem por objetivo difundir pesquisa científica em linguagem acessível POR ANTONIO LUIZ MAGALHÃES

O Centro Universitário UNIFAE, por meio de sua Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (Propeq), em parceria com a Prefeitura de São João da Boa Vista, por intermédio dos Departamentos de Cultura e Educação, lançou, no mês de fevereiro, o projeto “Eu quero muuuito saber”. A iniciativa pretende difundir a pesquisa científica em linguagem apropriada para estudantes do ciclo básico de escolas públicas e particulares. Todo o conteúdo, em vídeo, é produzido pelo Setor de Audiovisual do UNIFAE, sob a supervisão de criação da Profa.Dra. Laura de Rezende Franco, pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa. “Este projeto nasceu da necessidade

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de popularizar a ciência para o público infantil, visando despertar a curiosidade dos participantes e persuadi-los a trilhar o caminho instigante da pesquisa durante toda a sua vida escolar até o nível superior”, pontua. Segundo Laura, a universidade que desenvolve ciência voltada ao ensino fundamental, busca incentivar nas crianças o estímulo da alfabetização científica e a humanização da figura do cientista. Ainda de acordo com a pró-reitora, a capacidade de produzir ciência está fortemente vinculada às universidades, por isso é compromisso do UNIFAE atuar pelo aprimoramento do ensino de ciências na educação básica. “Todas as informações científicas propostas pelo projeto “Eu quero muuuito saber” são factíveis para a escola e me-

lhoram a percepção dos conceitos científicos dos estudantes com o cotidiano real”, avalia. LINGUAGEM ACESSÍVEL Para traduzir temas complexos em linguagem leve, lúdica e acessível, a Propeq escalou os professores mestres e doutores: Rogério Adelino de Sousa, Luciana Abdo, Vinícius Andrade e Cláudia Bitencourt. A cada um foi dada a missão de ensinar, de maneira simples, utilizando recursos visuais gráficos e animações, os fundamentos da fabricação de fogos de artifício, a formação da pressão, a utilidade dos robôs e o processo de cicatrização da pele. “Esse projeto proporciona a interação entre os mundos científico e infantil. E nós, pesquisadores, entramos


em sintonia com a criançada para mostrar que a ciência está no dia-a-dia e explica um montão de coisas que estão ao redor delas”, comenta o professor doutor Rogério Adelino de Sousa, apresentador do episódio “Fogos de Artifício”. DESAFIOS Já a professora doutora Cláudia Bitencourt destaca o enorme desafio de transformar conteúdos de difícil compreensão, inclusive para adultos, em linguagem para crianças. “Escolhi falar sobre o processo de cicatrização da pele, uma das principais barreiras naturais do nosso organismo contra a invasão de agentes agressores. A etapa de produção do texto foi extremamente desafiadora”, conta. “No vídeo apresentei algumas situações do cotidiano de forma bem-humorada. Fizemos experiências utilizando bexigas e pregos e até furamos um coco verde com uma torre feita de balas de iogurte”, relata o professor doutor Vinícius Andrade, que apresentou um experimento sobre a pressão, sem utilizar termos técnicos ou fórmulas matemáticas. “É possível deixar o assunto didático e divertido”, avalia. A tecnologia que envolve hardware [equipamentos] e software [programação] também mereceu uma abordagem especialmente formatada para captar a atenção dos estudantes. O vídeo mostra um pouco de como são feitos os robôs utilizando equipamentos da série Lego Mindstorms EV3 de propriedade do UNIFAE, empregados em pesquisas de programação embarcada. A responsável pela aula, professora mestre Luciana Abdo, ressalta que “as formas de aprender estão mudando, e os meios de que dispomos para ensinar também. Com isso em mente, vamos experimentar um novo canal de comunicação que pode atingir vários 'pesquisadores kids' em escala”, conclui. Para o Reitor do UNIFAE, Prof. Dr. Marco Aurélio Ferreira, o projeto “Eu quero muuuito saber” evidencia o comprometimento da instituição com a comunidade. “Os destinatários desta ação do UNIFAE são alunos, docentes e dirigentes de escolas públicas e particulares que buscam material pedagógico de qualidade e gratuito. Nossa iniciativa 59

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foi prontamente acolhida pela Prefeitura de São João e abre novas perspectivas de formação dos estudantes do ciclo básico”, afirma o reitor. CONTEÚDO NO YOUTUBE A reitoria do UNIFAE tem interesse em universalizar o acesso ao projeto “Eu quero muuuito saber”, por isso deter-

minou a publicação de todos os vídeos no Youtube, para que escolas e demais atores envolvidos com a educação infantil, em todo o país, possam acessar os materiais e usar em sala de aula ou em outras abordagens educativas. Para acessar os materiais, basta procurar no campo de busca do Youtube por “Eu quero muuuito saber”. A Imagens: Divulgação / UNIFAE

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economia

Conheça o mercado das criptomoedas Investidores sanjoanenses falam sobre as moedas digitais, seus riscos e oportunidades Foto: Arquivo pessoal

POR NIKCOLAS SANTOS

Em tempos difíceis na economia, como vivemos atualmente, é natural que o brasileiro busque outras formas de aumentar a renda mensal. Há diversas formas de fazer isso: trabalhar em mais de um emprego, empreender, fazer investimentos. Quando se fala desta última opção, uma das atividades que tem ganhado destaque nos últimos anos é o investimento em criptomoedas. Para entender melhor do que se trata esse universo, nós conversamos com dois sanjoanenses que investem no segmento: Rafael Valim e Rafael Ansani. O QUE SÃO CRIPTOMOEDAS Uma criptomoeda é um dinheiro digital, mas que desempenha o mesmo papel do dinheiro que estamos habituados a utilizar. A primeira foi criada em 2008 e, desde então, outras milhares surgiram. Atualmente, as criptomoedas mais conhecidas são o Bitcoin e a Ethereum. Um Bitcoin costuma valer mais de R$ 200 mil. Um Ethereum vale cerca de US$ 3 mil. Conforme explica o investidor Rafael Ansani, as ‘criptos’ são moedas que não podem ser tocadas ou guardadas na carteira. Outra característica é que elas são descentralizadas. “As Criptomoedas são descentralizadas porque não existe um órgão ou governo responsável por controlar, intermediar e autorizar emissões de moedas, transferências e outras operações. Quem faz isso são os próprios usuários da rede, que utilizam a tecnologia blockchain para registrar cada transação”, explicou Ansani. Rafael Valim acrescenta que outra característica das criptomoedas é a dificuldade de falsificá-las. “Uma criptomoeda é toda moeda digital, ou dinheiro virtual, constituída com base em criptografia - daí a origem do nome, o que tor60

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REVOLUÇÃO EM ANDAMENTO

Na visão de Rafael Ansani, o fato de as criptomoedas não terem interferências do governo ou de terceiros, torna esse investimento mais vantajoso.

na as ‘criptos’ praticamente impossíveis de serem falsificadas”, falou. VANTAGENS Na visão de Rafael Ansani, o fato de as criptomoedas não terem interferências do governo ou de terceiros, torna esse investimento mais vantajoso. Segundo o investidor, que está na área há 12 anos, as criptomoedas não estão expostas à inflação. “Os governos imprimem dinheiro de forma desenfreada, como aconteceu na pandemia da covid-19, por exemplo. O resultado disso é que mais moedas circulando geram inflação e perdemos bastante poder de compra. No universo das Crip-

tomoedas os governos não têm qualquer controle. Eles não podem imprimir mais Bitcoin, por exemplo. Inclusive, algumas criptomoedas tem escassez de produção, ou seja, já tem um limite para ser produzido”, avaliou. Ansani também ressalta que as moedas digitais trazem facilidade em mandar dinheiro para qualquer lugar do mundo de forma muito rápida e segura, sem que seja necessário informar bancos centrais e seguir as regras de cada país. Rafael Valim analisa uma outra vantagem. Ele enxerga que as criptomoedas são a porta de entrada para que o investidor participe de um movimento chamado WEB 3.0. Ele explica que essa é uma

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revolução na forma como grandes empresas farão transações financeiras, contratos, entre outros. E nesse movimento, as tecnologias serão as mesmas utilizadas no mercado de moedas digitais. “Há uma revolução em andamento, especialmente dentro das grandes corporações, que mudará desde a forma como se gerenciam operações internas até a possibilidade e facilidade de realizar contratos e pagamentos, como empréstimos bancários. (...) Isso vai ocorrer novamente através do avanço nas tecnologias de criptografia, blockchain, metaverso, etc”, destacou. RISCOS Valim aponta que um dos grandes riscos de investir em criptomoedas é a chance de ser hackeado, ou seja, ter a conta invadida e perder o dinheiro. Se isso acontecer, é praticamente impossível recuperar o que for perdido, uma vez que uma das garantias desse mercado é o anonimato de quem investe. “É importante salientar que mesmo havendo anonimato, as operações deixam pegadas digitais, que são utilizadas por agências como o FBI para efetuar prisões por crimes financeiros, mas esse

não é um processo simples nem rápido”, afirmou. Outro risco do investimento em criptomoedas é a alta variação de preços. Segundo Valim, isso acontece porque não há um banco ou algum órgão que centraliza a atividade, o que torna difícil controlar o preço. “(...) as criptos valem o que realmente valem, que é o quanto o mercado está disposto a pagar por elas. Isso também explica porque a oscilação de preços é tão alta”, explicou. Por outro lado, Ansani aponta que as criptomoedas que estão há mais tempo disponíveis tendem a oscilar menos. “As moedas mais consolidadas já possuem uma volatilidade mais baixa, pois já tem mais volume de negociação e grandes investidores posicionados. Mas ainda assim, hoje em dia não existe nada mais volátil que as criptomoedas”, pontuou. Se os riscos são grandes, as recompensas podem ser ainda maiores. “Isso [oscilação de preço] é também uma grande oportunidade de crescimento de capital, já que o risco máximo é sempre a cripto ir para zero, porém ela pode subir infinitamente e multiplicar o seu dinheiro em muitas vezes”, ressaltou Ansani. “Invista

apenas o que você realmente não necessite utilizar e possa abrir mão por muitos anos, preferencialmente faça isso aos poucos, pois é muito difícil acertar tudo em uma única tacada”, orienta Valim. COMO ADQUIRIR CRIPTOMOEDAS A primeira opção para adquirir criptomoedas é comprar direto em uma exchange (corretora). Basta criar uma conta, enviar o dinheiro e a corretora fornece a moeda. A melhor exchange, na visão dos dois investidores, é a Biance, que oferece toda a operação em português. A segunda forma de adquirir criptomoedas é fazer a mineração. Neste processo, o minerador precisa resolver uma série de "quebra-cabeças" para conseguir autorizar as transações utilizando as moedas. Para isso, é necessário um grande sistema de computadores. Tanto é que há empresas, atualmente, que se dedicam à mineração de moedas digitais. Para quem está pensando em começar a investir em criptomoedas, Rafael Ansani orienta que seja procurada ajuda de um profissional. “Tenha mentores sérios e acompanhe profissionais com bagagem em investimentos, para aprender as melhores técnicas de diversificação e alocação de investimentos”, recomendou. Rafael Valim ainda faz um alerta para os investimentos nesse mercado no ano de 2022. “O ano de 2022 guarda um grande movimento de política monetária acontecendo nos EUA, devido à inflação. Esse movimento tende a chacoalhar bem os mercados, inclusive o de criptomoedas. É um ano de fortes oscilações, e para as criptomoedas isso pode parecer uma montanha russa de oportunidades e riscos. Portanto, trata-se de um ano para se ter muita cautela no mercado”, observou. A

GRANDES VARIAÇÕES

Rafael Valim apontou que um dos riscos do investimento em criptomoedas é a alta variação de preços. Segundo ele, isso acontece porque não há um banco ou algum órgão que centraliza a atividade, o que torna difícil controlar o preço. “As criptos valem o que realmente valem, que é o quanto o mercado está disposto a pagar por elas. Isso também explica porque a oscilação de preços é tão alta”, explicou.

Foto: Divulgação

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culinária

Arancini (bolinhos de risotto) INGREDIENTES DO RISOTO • 02 cenouras • 01 cebola • 01 talo de salsão • 10g de alho picado • 01 talo de alho-poró cortado em rodelas finas • 100g de tomate-cereja • 50g cebola picada • 150g vinho branco seco • 200g de arroz arbóreo • 35g de manteiga • 58g de parmesão ralado MODO DE PREPARO DO RISOTTO Para o caldo de legumes, corte-os grosseiramente e refogue a cebola e a cenoura juntas. Depois adicione 1 litro de água fervendo, o salsão cortado, as folhas do alho-poró e a raiz dele junto, pois só utilizamos a parte branca do alho-poró para o risotto, e as sobras podem ser utilizadas no caldo, dando mais sabor. Deixe cozinhar por aproximadamente 30 minutos, caso a água abaixe muito, adicione mais. Já para o risotto, em uma panela com fogo baixo, os tomates e azeite até cobri-los. Quan-

do eles começarem a murchar, tire do fogo e deixe de lado para esfriar. Separe os tomates do azeite, e utilize o mesmo azeite para fritar as outras coisas que utilizaremos no risoto. Refogue as cebolas e o alho picados no azeite que confitamos o tomate-cereja. Assim que eles começarem a ficar transparente adicione um terço do alho poró, assim que ele começar a amolecer adicione o arroz, frite aproximadamente por 1 minuto, ou até que a borda do arroz fique transparente deixando somente o meio dele branco, deglaçar a panela com o vinho branco seco. Assim que o vinho evaporar vamos começar a adicionar o caldo de legumes fervendo que fizemos anteriormente até que cubra o arroz, o restante do alho-poró e o tomate-cereja confitado, comece a mexer levemente sem parar, conforme o caldo for secando adicione uma concha do caldo por vez e continue mexendo, sem parar. Quando o grão do arroz estiver al dente, adicione o parmesão ralado e mexa até incorporar, após isso, adicione a manteiga cortada em cubos aos poucos e continue mexendo até que tudo incorpore. Corrija o sal para o seu paladar. Passe o risoto para um recipiente, cubra com um plástico filme em contato para não ressecar. Deixe chegar próximo da temperatura ambiente e depois leve-o para a geladeira, até que ele fique gelado para

Foto: Ana Julia Bueno / Orientação: Professora Ana Paula Malheiros

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que você consiga bolear. Faça as bolinhas com as mãos, com aproximadamente 50g cada. Volte as bolinhas para a geladeira por aproximadamente 30 minutos. EMPANANDO OS ARANCINIS Separe 3 assadeiras, na primeira assadeira colocaremos farinha branca comum e também temperaremos com sal e pimenta do reino; na segunda, colocaremos uma mistura de 1 ovo, um pouco de água e temperaremos com um pouco de sal e pimenta do reino. Na terceira, usaremos a farinha para empanar, gostamos de utilizar a farinha Panko - pois ela têm uma crocância extra (pode também ser utilizada farinha de rosca). É muito importante temperar as farinhas, pois assim teremos um empanado também com sabor. Passe as bolinhas na farinha branca, depois no ovo e em seguida na farinha Panko, aperte levemente para fixar o empanado. Para fritar, óleo em 175 graus Celsius, frite até ficar dourado. A

Para acompanhar: Toum (pasta de alho libanesa) INGREDIENTES • 16g de alho • 8g de suco de limão • 75g de óleo de girassol ou milho • 1g de sal MODO DE PREPARO Em um mixer ou processador, bata o alho, o sal e o limão até que atinja a textura de uma pasta. Enquanto bate, adicione o óleo em fio para que emulsione. Siga o processo até ele adquirir uma consistência mais densa do que a de uma maionese, caso desande, adicione uma clara de ovo à mistura e continue batendo até que ganhe estrutura novamente.

RECEITA INDICADA POR:

Bicho Preguiça

Telefone: (19) 99959-5078 Instagram: @biichopreguica

Foto: Ana Julia Bueno / Orientação: Professora Ana Paula Malheiros

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em meio à realidade: Isso é bem evidenciado, levando-se em conta, por exemplo, que devido à indisponibilidade de mais peças ornamentais a serem usadas, aliada à dificuldade do transporte em se tratando de um lugar longínquo na realização dos ensaios; foi usado apenas um cocar durante as sessões dessas fotos. Eis então a minuciosa execução do trabalho artístico em brincar com as cores e com os pormenores, diferenciando-os esplendidamente em cada uma das fotos. Outra curiosidade é a integração de alguns elementos que originalmente não faziam parte do momento exato do click. É o caso dos animaizinhos que foram enquadrados posteriormente, algo extremamente meticuloso, já que se

deve levar em conta, além de muitos outros elementos técnicos, a harmonização de luz e sombra, instigando o apreciador à credulidade, desafiando o óbvio, o natural e a própria realidade. Confira, nas próximas páginas, algumas de suas fotos na temática apresentada.

Para conhecer mais sobre o trabalho da artista sanjoanense Lara Aline Merlin. acesse:

www.kempvonsellessen.com @kempvonsellessen

Modelos: Hamanda Campos (direita), Lidia Paiva (esquerda)

Nesta edição, a fotógrafa Lara Merlin optou por um tema que também pudesse lhe proporcionar aquilo que é característico em sua arte: aventurar-se horas a fio no destaque de cada pequeno detalhe de suas edições. Apropriadamente; priorizou a temática indígena por se tratar de um povo que aprecia intensamente o uso abundante de ornamentos corporais como colares, brincos, pulseiras, cocares de penas; confeccionados primorosamente por eles mesmos com cores vibrantes, dando assim uma infindável margem para uma maior exploração de tais artefatos, que com muito bom gosto e requinte são valorizados, realçados e enriquecidos por ela, tornando seu trabalho final bastante diferenciado.

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Modelo: Hamanda Campos

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REVISTA ATUA | ABRIL DE 2022 Modelo: Caroline Back

Modelo: Caroline Back


Modelo: Gabriela Holzbach

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Modelo: Lidia Paiva

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Modelo: Maísa Berteli

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saúde

Covid Longa: mais uma dura batalha a ser vencida Doença pode deixar sequelas que persistem e dificultam a vida dos pacientes

POR MAYQUELE LOIOLA MEIRELES SOB SUPERVISÃO DE JOSÉ DIAS PASCHOAL NETO

Não é novidade para ninguém os danos que o vírus Sars-CoV-2, que causa a doença Covid-19, vem provocando desde sua descoberta, em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, na China. De acordo com a Fiocruz, o nome é uma sigla para a expressão em inglês COronaVIrus Disease (Doença do coronavírus) e o número 19, por conta do ano de seu aparecimento. Em um curto período, a doença se disseminou pelo mundo, já fez milhões de vítimas e foi classificada como pandêmica pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Em dezembro de 2020, a ciência começou a identificar as variantes do vírus. A primeira variante, nomeada como Alfa, surgiu no Reino Unido, logo, seguida pelo conhecimento de outras seis variantes: Beta, Gama, Delta, Ômicron, Mu e Lambda. Atualmente, em virtude do avanço da ciência em relação aos conhecimentos que envolvem a enfermidade e, principalmente, graças à vacinação, o número de óbitos, em escala mundial, diminuiu drasticamente, mesmo quando as taxas de transmissão estavam altas. Ainda assim, o Sars-CoV-2 segue infectando milhões de pessoas, e passa a levantar questões relacionadas não só à sobrevivência dos infectados, mas também ao quadro de pacientes que já contraíram Covid-19, e mesmo após a fase inicial e aguda, apresentam sintomas persistentes. O QUE É? O termo Covid Longa descreve os efeitos da Covid-19 que continuam a atingir os pacientes, mesmo após a recuperação da infecção original e podem persistir por várias semanas, até mesmo meses. Sabe-se que são mais de duzentos sintomas, dentre eles, alucinações, insônia, 74

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alterações na audição e visão, perda de memória de curto prazo, disfunção cognitiva, problemas gastrointestinais e de bexiga, alterações no ciclo menstrual e nas condições da pele, fadiga, falta de ar, e depressão. Conforme dados divulgados pela OMS, um quarto das pessoas que tiveram o vírus apresentam sequelas que continuam por pelo menos um mês, além disso, uma em cada dez ainda não se sente bem após doze semanas. Em entrevista para o Correio Braziliense, Nicole Oliveira, de 29 anos, afirma que não esperava ficar com sequelas após a contração da Covid-19. “Entrei na Covid com 29 anos e estou saindo com 59, não me reconheço no meu corpo. Tenho uma fraqueza absurda e muita tremedeira, tontura e enxaqueca. É a pior época que estou vivendo". ATENDIMENTO PÓS-COVID O atendimento aos pacientes da pós-Covid, por meio de acompanhamento multiprofissional e gratuito, está sendo feito pela UNIFAE. A ideia de apoiar a população partiu dos alunos do curso de Fisioterapia da Instituição. Em outubro de 2020, o projeto foi colocado em prática na Clínica Escola de Fisioterapia até abril de 2021, quando a UNIFAE apresentou à Prefeitura Municipal de São João uma proposta de expansão, selando uma parceria. Atualmente, o atendimento conta com o acompanhamento de discentes e profissionais dos cursos de Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Medicina, Odontologia e Psicologia. Segundo a Profa. Dra. Anita Belotto Leme Nagib, vice-reitora da UNIFAE, a ação foi muito bem planejada e baseada nos processos de conscientização e prevenção da doença, acompanhamento psicológico, entre outros cuidados com a saúde. “Nossa proposta foi estruturada em três pilares. O primeiro pilar tratou da

implantação de ações integradas de educação em saúde, pela Campanha “#Acredite, tudo vai passar”, que, por meio da criação de material audiovisual, ressaltava informações relativas aos fatores de risco e medidas de controle e prevenção da Covid-19, nas redes sociais. O segundo pilar foi pautado no acolhimento psicológico e emergencial remoto, de profissionais de saúde atuantes na linha de frente da Covid-19, da rede hospitalar e ambulatorial de São João da Boa Vista. E, por fim, o Ambulatório Multiprofissional de Reabilitação Pós Infecção por Covid-19 estrutura o terceiro pilar da proposta, e teve como objetivo promover a assistência e atenção integral à saúde, pelo acompanhamento multiprofissional especializado, humanizado e gratuito, aos pacientes que apresentam sintomas relacionados à Síndrome Pós-Covid”, explica, a vice-reitora. APOIO A COMUNIDADE O projeto, voltado à população de São João da Boa Vista e sua microrregião, já impactou inúmeras vidas, e até o momento tem uma média de 650 atendimentos ao mês, realizados exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Anita Belotto Nagib, esclarece que as etapas de agendamento acontecem de forma muito simples. “Os agendamentos podem ser realizados de segunda a sexta-feira das 8h00 às 18h00 nas Clínicas e Ambulatório Médico da UNIFAE, mediante apresentação de documentos de identificação pessoal, cartão do SUS e encaminhamento das equipes de Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Unidades de Saúde da Família (USFs), Rede Hospitalar (pública ou privada), bem como da equipe multiprofissional da UNIFAE.” Os resultados não poderiam ser melhores. O projeto leva acolhimento e esperança, não só aos infectados, mas também aos profissionais


envolvidos. A Profa. Dra. Giovanna Valim Jorgetto, coordenadora do curso de Enfermagem da UNIFAE, trabalha na linha de frente da ação e destaca o quão feliz se sente por ajudar. “Nossos pacientes responderam muito bem à terapêutica proposta, nosso sentimento é de gratidão por poder melhorar a qualidade de vida destas pessoas e devolver a elas sua capacidade funcional. Todos que passam pela clínica nos emocionam, pois lidamos com pessoas únicas, com histórias únicas”. COVID ENDÊMICO: VAMOS CONVIVER COM A DOENÇA? Muito se discute sobre quando finalmente estaremos livres da Covid-19. Recentemente, alguns países europeus, como França, Dinamarca, Espanha e Reino Unido, anunciaram que o vírus será tratado como endêmico, em seus territórios. Os números de casos de Ômicron já vinham caindo nesses locais, além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS), apesar de ter reforçado seu posicionamento sobre os cuidados com a variante e a falta de vacinação em alguns países ser um problema, considerou plausível a decisão. Os acontecimentos movimentaram debates em todo o mundo, sobre o convívio com o Sars-CoV-2 e suas variantes e o possível fim da pandemia. Para entender o termo é necessário

diferenciar conceitos de pandemia e endemia. Uma doença pandêmica é aquela cujo agente infeccioso se espalha em escala mundial e a maior parte das pessoas não é imune. Enquanto uma doença endêmica se caracteriza por atuação local, isso significa que ela se manifesta com frequência em determinada região, de forma já esperada e estável, seguindo um padrão. Para compreender de forma ainda mais clara, Abrahão Bueno Garcia, médico infectologista, exemplifica que no nosso país muitas doenças são consideradas endêmicas. “Existem inúmeras doenças endêmicas no Brasil, que em geral são doenças infectocontagiosas de difícil erradicação. Podemos citar a leishmaniose em locais em que se tem o mosquito birigüi ou mosquito palha, que são transmissores da doença. No estado de São Paulo, a região de Bauru é considerada uma região endêmica da Leishmaniose. Outra doença endêmica de relevância epidemiológica é a febre amarela, presente em regiões que tem o mosquito Aedes aegypti e o vírus amarílico.” No Brasil, a Covid-19 está muito longe de ser tratada como endêmica, embora o país tenha enfrentado ondas significativas, com elevado número de casos e mortes. E para complicar o quadro, mais de 54 milhões de brasileiros, em condições, ainda não tomaram a dose de reforço da vacina, responsável por potencializar a

imunização e completar o esquema de vacinação contra as cepas. Abrahão Bueno Garcia, informa que isso tudo piora ainda mais a atual situação. “As variantes tendem a piorar o cenário, pois são modificações do vírus devido a alguma necessidade dele se proteger e sobreviver, sendo assim, ele tende a desenvolver maneiras de se safar das vacinas, por exemplo. As variantes são imprevisíveis, e pode ser que as vacinas não protejam contra algumas delas, sendo necessário desenvolver vacinas diferentes”, declara o infectologista, reforçando a necessidade da vacinação completa, com as doses hoje ofertadas. Em vista da conjuntura mundial, o médico informa que não há base para dizer que a Covid-19 será erradicada. É possível apenas afirmar que a doença poderá ser rebaixada ao nível endêmico, no entanto, também não é possível dizer quando isso acontecerá. De qualquer forma, não podemos deixar de nos atentar aos cuidados que devem ser tomados. “O mundo está mais próximo do fim da pandemia e do início da endemia. Ou seja, sempre teremos pacientes com Covid-19, no entanto, não ocorrerá aumento súbito do número de casos, e isso pode durar décadas. A vacinação em massa e medidas de prevenção da dispersão do vírus são fatores essenciais e principais para diminuir os casos do Covid-19. A

Foto: Ana Paula Malheiros / UNIFAE

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dia a dia

Como preparar um planejamento pessoal e empresarial Especialista dá dicas para que as promessas de ano novo saiam do papel POR NIKCOLAS SANTOS

Ano novo, vida nova. Essa é a frase clichê que ouvimos e falamos sempre que o ano se inicia. E aí é comum fazermos planos, estabelecermos várias metas. Porém, passados 365 dias (ou 366), nem sempre conseguimos atingir o que sonhamos, por diversos motivos, sejam eles financeiros, pessoais, profissionais. No entanto, uma atitude neste início de 2022 pode fazer com que essa realidade seja alterada: planejar-se. Na visão do consultor em Administração e especialista em planejamento do Sebrae, Benedito Albiero, não há outra opção para fazer com que as metas sejam alcançadas a não ser planejar-se. Há 10 anos na área, ele garante que o pensamento se aplica tanto no aspecto profissional quanto no pessoal. “A importância é assim: ou eu planejo ou eu planejo. Não tem escolha, tanto na vida pessoal quanto na vida empresarial. (...) O plane-

jamento não é um ‘trilho’, você não tem que ficar amarrado, engessado. Mas ele é uma ‘trilha’, onde você vai se ajustando àquilo que você planejou, porque ninguém sabe como vai ser o dia de amanhã, mas, pelo menos, você se preparou, refletiu, você tem algo para poder avaliar e tomar uma decisão. Não vai ser obrigado a tomar uma decisão sem ter uma visão prévia das coisas”, explicou. PLANEJAMENTO PESSOAL Albiero dá quatro dicas para a realização do planejamento para a vida pessoal. A primeira delas é definir os objetivos desejados. O especialista propõe que cada pessoa se pergunte o que pretende alcançar neste ano. “Descubra quais são os seus objetivos e metas pessoais. O que você quer da sua vida, do seu estudo, do seu trabalho, viagens que você quer fazer (...) Não se esqueça, por favor, da sua parte física, porque todos nós envelhecemos e a gente

começa a envelhecer no momento em que a gente nasce. Então é importante a gente estar bem daqui a quatro, cinco, dez anos”, ressaltou. DEFINIÇÃO DE PRAZOS A segunda dica é estabelecer prazos para as metas. De acordo com Albiero, esta atitude dá um recado ao cérebro, que assume uma responsabilidade. “É importante até você colocar alguns lembretes dos seus objetivos e prazos para atingi-los, nos espelhos: onde você troca de roupa, onde você faz a barba, onde passa maquiagem, ou onde você vai tomar o café ali na sua casa (...) para aquilo virar um foco”, disse. “Ponha prazo. Ficar dizendo ‘depois eu vejo’ ou ‘eu vou fazendo’ não funciona”, completou”. ORGANIZAÇÃO FINANCEIRA Um levantamento da Web Estratégica, empresa especializada em marketing de

Foto: Reprodução Internet

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conteúdo, apontou que, organização financeira, depois de informações sobre esporte, despesas e dinheiro, foi o assunto mais pesquisado pelos brasileiros no Google, na primeira semana de 2022. Para Albiero, saber quanto dinheiro é necessário para realizar os objetivos é fundamental. “Eu quero estar onde, ganhando quanto, precisando de quanto, com uma poupança para poder atingir aquele objetivo. (...) É a parte mais importante do seu planejamento estratégico de vida pessoal”, afirmou. A última dica dada por Albiero para um bom planejamento pessoal é dividir um grande objetivo em pequenas metas. Segundo o especialista, conforme as metas forem atingidas, há um aumento na motivação para a busca do objetivo final. “Então, se o objetivo maior é uma viagem para o exterior, você vai definindo aos poucos (...) ‘Vou colocar uma meta de fazer uma pesquisa sobre o país no primeiro mês. No segundo mês vou entender algumas frases daquela língua que são importantes para comer, cumprimentar, pedir informações. Terceira meta: vou verificar

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quanto custa uma passagem para o local’. E assim sucessivamente”, destacou. PLANEJAMENTO EMPRESARIAL Quando se fala na área empresarial, Albiero orienta que o primeiro passo seja a definição de um propósito. É o motivo que faz o empresário acordar cedo, enfrentar os desafios para manter o empreendimento. “Ganhar dinheiro não é propósito. É pouca coisa simplesmente ter um negócio para ganhar dinheiro. Tem que ser uma coisa que me faça levantar todos os dias, naquele dia difícil, complicado, em que eu vou ter que enfrentar uma série de coisas, mas o meu propósito me mantém em busca de continuar acreditando nessa empresa”, falou. Para ajudar nesse processo, o especialista recomenda que o empreendedor assista a um vídeo. "Procure no YouTube o 'Círculo de ouro' (...) Você vai ver um pequeno vídeo feito por um consultor muito admirado, o norte-americano Simon Sinek, e ele vai mostrar o que é um propósito", apontou. Definido o propósito, Albiero orienta que o empresário procure ajuda de um

profissional para se organizar. O Sebrae oferece uma metodologia chamada Business Model Generation, que no Brasil é chamada de Canvas. “Canvas é um quadro onde você modela sua empresa. Se você quer planejar uma empresa onde você não vive, não sabe, não conhece aquele negócio, a dica é começar modelando seu negócio (...) Nós do Sebrae ensinamos gratuitamente [a usar o Canvas]” explicou. “Se você já conhece o seu negócio, já conhece o cliente (..) eu indico que você faça um plano de negócios. Nós [do Sebrae] temos um software gratuito que você pode baixar e ver todas as partes financeiras, os investimentos que você vai fazer, necessidades que você vai precisar. Ali você vai colocar os valores, os números, pra ver numericamente se uma proposta de empresa é viável”, completou. APOIO AS EMPRESAS O Sebrae fica situado na Rua Presidente Franklin Roosevelt, 110 - Perpétuo Socorro. O telefone é o (19) 3638-1110. No local são oferecidos serviços com objetivo de auxiliar os empreendedores. A

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figura que atua

Através da música, Waldran Reggio toca o futuro Violonista sanjoanense nem se lembra de quando começou carreira profissional, mas transmite legado a novas gerações POR DANIELA PRADO

Quando se pensa em música e analisa esta arte no contexto sanjoanense, o nome Waldran Reggio Pereira é um dos que vêm à mente, sob acordes de violão e guitarra. O músico iniciou as aulas de violão aos 7 anos de idade, incentivado pelos pais, e não se lembra de quando começou a tocar profissionalmente, em eventos de São João da Boa Vista e região. “Com 9 anos eu já tocava na Igreja do Perpétuo Socorro e minha mãe já não conseguia mais professor para mim, em São João. Eu sempre tive muita facilidade com música, o saudoso José Lopes começou a me dar aulas de violão clássico e assim, eu me desenvolvi e estudei violão clássico até os 15 ou 16 anos”, contou. Dentre as muitas bandas que já integrou, Waldran destaca a T.I.T., com a qual excursionou pela Europa, tocando em países como Portugal e Espanha, acompanhado de bandas como RD Shift e a Oca Barroca, mas cita também a Banda Alpha, do projeto homônimo coordenado por Osmar Garcia

e da qual foi produtor e diretor artístico e a banda autoral Crivoi, mais recente; além de tocar como acompanhante de personalidades como Luciana Guimarães, Carolina Cachola, Flávia Jorge, entre outras. Indagado sobre os gêneros de que mais gosta, Waldran revela que, mesmo sendo eclético, pois, por ser professor, precisa dominar todos os estilos, seu coração pulsa em Rock’n Roll. “Eu gosto do Rock’n Roll, eu sou do Rock’n Roll. Não sei qual é a cor do Rock’n Roll, mas meu sangue é Rock’n Roll, tanto é que hoje faço barzinhos e meu esquema é Rock’n Roll dos anos 1970, 80, 90, clássicos e tudo o que dá para fazer em formato acústico”, observou. O violonista lembra, com carinho, da banda Oca Barroca, que fez parte do cenário musical dos anos 1990, em muitos eventos musicais em São João e região, fossem em chácaras, clubes, festas à fantasia ou mesmo aniversários. “Todos os lugares que se pode imaginar, até em Andradina, a gente já foi parar com a Oca. Agora, com a T.I.T. foram os

Foto: Leo Beraldo / Cromalux

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Foto: Arquivo pessoal

melhores momentos da minha vida, em relação à música própria e a ter excursionado pela Europa. Fazer uma excursão aos Estados Unidos é difícil e para a Europa é mais difícil ainda. E a gente conseguiu dar esse salto, fazer uma turnê na Europa, em 1996”, lembrou, com entusiasmo. EXPERIÊNCIAS E PROJETOS Waldran também executa um trabalho muito especial como rotariano – atualmente é Presidente do Rotary Club São João da Boa Vista, gestão 2021/2022 e criou o projeto Musicalização na Escola. “Eu dou aula na EMEB Luiza de Lima Teixeira e na EMEB Pedro Vaz de Lima, que é uma escola rural. Tenho também o projeto Cine Rotary, para levar cinema, principalmente para crianças e adolescentes que sofrem maus tratos. Atendemos a CAMID, o CEAC e já estamos expandindo esse projeto para englobar asilos e casas de acolhimento. A gente vai aos locais, um final de semana, leva pipoca, refrigerante, água, projetor, telão e coloca o filme”, explicou.

Para ele, o Rotary é um presente, pois possibilita realizar todos esses trabalhos, voluntariamente, obtendo um retorno gratificante.“E agora que estou como presidente, estamos com vários projetos, um de reciclagem, que estamos idealizando; outro junto com a Unifae, que é ‘Alice no país das Feminices’, que reúne várias empresas e instituições locais, para oferecer orientação para meninas de 10 a 18 anos, sobre menarca. Vale mencionar também o projeto de equipar a quadra da EMEB Pedro Vaz de Lima, que precisa de traves, tela de basquete e outras melhorias. Eu acho que isso é ser rotariano. Onde a comunidade precisa, onde está o problema, é lá que o rotariano tem que estar”, finalizou. A

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cultura

A alma artística e inquieta de Sophia A jovem Sophia Bruscato, de 19 anos, transita por várias áreas das artes e ciência POR ALÉXIA MELISSA SOB SUPERVISÃO DE JOSÉ DIAS PASCHOAL NETO

Foto: Arquivo pessoal / Redes sociais

Espírito criativo. Alma inquieta em busca de novos saberes e prazeres. DNA talentoso com estímulo caseiro para as artes e cultura. Tudo junto e misturado numa jovem que canta, desenha, escreve, ama ciência e já ganhou até prêmio por inovação, da Google. É muito currículo para uma jovem de apenas 19 anos? Não para quem conhece Sophia Bruscato e sabe que ainda tem muito para acontecer na vida desta sanjoanense, que atualmente cursa Artes Liberais, um misto de Ciências e Humanidades, na Seattle Central College, nos Estados Unidos. Nascida em 1º de março de 2002, música e leitura a acompanham desde muito cedo, quando foi apresentada a grandes clássicos populares e eruditos, pelo pai, Leandro Rodrigues e a mãe, Wilges Bruscato. Sempre foi hábito para a família assistir performances musicais de solistas, bandas ou orquestras no Theatro Municipal, acompanhar a Semana Guiomar Novaes, a Semana Assad e a Virada Cultural. ENCANTO LÍRICO Apesar de ter feito aulas de piano popular dos seis aos dezesseis anos de idade, o canto soava como algo muito distante. Sophia nunca pensou em cantar. Mas, entre 2019 e 2020, ela participou de um programa de intercâmbio nos EUA: “Estive em uma família muito envolvida com o teatro musical e isso despertou meu interesse. Porém, em pouco tempo, descobri o mundo da Ópera. Quando voltei ao Brasil, de repente, numa noite em que estava muito angustiada - naquela época, eu havia deixado meu namorado, americano, e voltado para o Brasil sem previsões de vê-lo novamente, por conta da pandemia , decidi cantar. Foi a primeira vez que o fiz com liberdade e com sentimento”, conta Sophia. A mãe da jovem, Wilges, relembra que quando escutou Sophia cantando ópera pela primeira vez, ficou muito surpresa. “No momento, perguntei se ela gostaria de explorar esse dom, ela assentiu e já procuramos uma escola. Na semana seguinte, ela iniciou os estudos num conservatório em Poços de Caldas, com o professor Fabiano Souza Pereira, por recomendação de quem foi posteriormente aceita como aluna do professor Chico Campos - um dos mais renomados professores de canto lírico do Brasil”. E, recentemente, a jovem começou aulas de teoria musical com a professora Yuka Sazaki, nos EUA. E quem sabe essa afeição pela música erudita tenha raízes familiares? Há alguns meses, Sophia participou do evento de comemoração dos 50 anos da Academia de Letras de São João da Boa Vista, cantando um 80

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dueto lírico com o avô, Wildes Bruscato. Em 2021, Sophia se juntou em um projeto com o maestro Gustavo Merida, que foi, por breve tempo, seu professor de piano. Juntos trabalharam em arranjos e gravações para seu portfólio, que foram feitas no Theatro Municipal, com apoio do Departamento de Cultura, que cedeu algumas horas naquele espaço. Segundo o maestro Gustavo Mérida, em seus trabalhos musicais ela dedicou-se à interpretação de peças consagradas ao piano, ao mesmo tempo que compôs melodias e, “no âmbito profissional, uma grande parceria foi pontuada. Um duo de sua voz, que esbanja afinação e técnica em canto lírico, e minha correpetição [uma linguagem instrumental especifica] ao piano Gravamos várias canções relevantes de diversas culturas, em áudio e vídeo. O que me faz concluir a tamanha dimensão do talento desta, ainda tão jovem, artista sanjoanense. Sophia provavelmente estaria à frente de seu


Foto: Arquivo pessoal / Redes sociais

tempo. O mundo deve recebê-la de braços abertos”. Algumas peças estão disponíveis no canal do YouTube, basta procurar por ‘Sophia Bruscato'. Pela perspectiva de Svenja Marshall, a ‘mãe’ da Sophia no intercâmbio, ela sempre foi muito fácil de conviver e se enquadrou perfeitamente na família. “Eu a vejo como uma jovem incrivelmente inteligente, perspicaz e talentosa, que não tem medo de experimentar coisas novas. Quando decide fazer alguma coisa, faz com paixão e trabalha arduamente para realizar o que se propôs a fazer”. ESCREVER É VITAL Mas a descoberta do canto foi precedida de outras descobertas, como a paixão pela escrita. Em 2018, Sophia ganha o primeiro lugar num concurso de poesia promovido pela Academia de Letras de São João da Boa Vista, para novos autores entre 17 e 25 anos. “Foi um grande incentivo porque acredito que escrever é vital. É na escrita que encontro meu canal de expressão íntima”, afirma. Em dezembro de 2021, a jovem estreou na literatura com a publicação do livro Primeira Pessoa, pela Editora Astrolábio, assinando como Isolda - sua grande inspiração para o pseudônimo é o clássico livro Tristão e Isolda. O lançamento teve apoio e espaço da Academia de Letras, e pode ser adquirido na Livro Mania.

Quem ajudou na revisão do livro foi a professora de língua portuguesa Marly Camargo, que ocupa a cadeira n°6 da Academia de Letras, cujo patrono é Mario Quintana. “Sophia já traz em sua verve a versatilidade, o talento, a sensibilidade de um autor maduro”. A professora ainda diz que, na obra, ela trata, com profundidade, temas abstratos, como amor, filosofia, artes, religião e natureza: “Primeira Pessoa questiona a vida, os estados de alma, os grandes enigmas existenciais e dá plena liberdade às asas de sua imaginação. E vai além, expressando-se em outros idiomas, na busca ansiosa de explicações até para o inexplicável! Tem tudo para convidar seus leitores a pensarem, refletirem, sonharem!”, comenta.

Foto: Arquivo pessoal / Redes sociais

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PAIXÃO TAMBÉM PELA CIÊNCIA Desde muito cedo, Sophia demonstrou interesse por questões profundas da vida. Com um aguçado pendor pelas artes, ela desenha, pinta, canta e toca piano. Durante todo o ensino médio, o plano de Sophia era seguir a Física e depois especializar-se em astrofísica, pois a jovem conta que é fascinada por ciência. Em 2017, participou de um concurso educacional sobre inovação na sala de aula, enquanto cursava o Ensino Médio em São João, no Colégio Experimental Integrado. “O concurso foi promovido pela Google, que me levou até a sede da empresa na Califórnia, onde tive a oportunidade de apresentar meu projeto no Vale do Silício”. Em 2019, também participou de um trabalho na área de educação em tecnologia, auxiliando os pais com a língua inglesa, e apresentando-o no Congresso Anual Internacional de Educação em Seattle, WA, junto do pai. Seu espírito livre ainda transita entre as áreas da Astronomia, Filosofia ou Canto Lírico. “Ainda estou decidindo qual caminho cursar, pois o sistema de educação superior aqui permite bastante flexibilidade e certo tempo a mais para declarar a especialização. No momento, estou encaminhada para seguir o canto lírico e trabalhar com a música profissionalmente, algo que me traz imenso significado. Talvez até me decida por outra coisa, pois sou ainda muito jovem. Mas é certo que a música sempre ocupará um lugar de destaque na minha vida”. Enquanto fala, o olhar de Sophia fixa o horizonte, porque ela sabe que ainda há muito por descobrir. A REVISTA ATUA | ABRIL DE 2022

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Antônio Baesso Neto fala sobre trajetória na contabilidade Contador fundou o escritório contábil mais antigo ainda em atividade POR NIKCOLAS SANTOS

O Escritório Contábil Baesso está em atividade há 48 anos em São João da Boa Vista, o que faz dele o estabelecimento que há mais tempo presta serviços contábeis na cidade. Tudo começou na mente do contador Antônio Baesso Neto, fundador do escritório. Nascido em Jacutinga (MG), ele veio para São João em 1949, com seis anos de idade. No ano seguinte, seu pai adquiriu uma propriedade rural onde cultivava milho e fumo. Com o passar dos anos, Baesso foi se envolvendo na atividade familiar e se interessou pela parte de administração financeira da produção. Foi aí que começou a surgir o amor pela contabilidade. “Eu estava na zona rural e eu já começava a sentir como que seria apurado os investimentos que a gente [família] fazia, o que ia dar o resultado no final, de que forma a gente poderia ter o resultado final de cada ano, a qual setor a gente iria se dedicar mais. Então aí já comecei a gostar dos números, da apuração de lucros (...) Comecei a fazer as anotações do que a gente recebia, do que a gente pagava”, relatou. Concluído o período escolar, Baesso decidiu se mudar para a zona urbana de São João da Boa Vista para iniciar o curso de Ciências Contábeis na então Escola de Comércio, em 1965. No ano seguinte, começou a trabalhar em uma casa de ferragens, atuando como office boy. Neste emprego, ele já começou a tirar notas fiscais e ter mais contato com a atividade de contador. Em 1968, concluiu o curso de Ciências Contábeis e passou a trabalhar no Escritório Westin, local onde ele considera que adquiriu bastante experiência.

1973, Baesso abriu o Escritório Contábil Baesso, na Rua Teófilo Ribeiro de Andrade. Passados quatro anos de atividades, o contador passou a atender os clientes de um amigo, que também era dono de um escritório. “Em 1977, eu fiquei com o Escritório Sanjoanense de Contabilidade, porque o proprietário, que era o Ângelo Padovan, começou a se dedicar ao setor de imobiliária. Então ele deixou o escritório e fez com que eu assumisse (...) Ele me falou: ‘ou você pega [o escritório]

senão eu fecho’”, contou. Com isso, o contador resolveu unificar o Escritório Sanjoanense com Escritório Baesso. “Foi quando eu estava na Teófilo de Andrade e passei para a Praça da Catedral, unificando ambos os escritórios. E depois, em 1985, eu vim aqui para a Praça Coronel José Pires, onde estou até hoje”, recordou. DIAS ATUAIS Atualmente, o Escritório Contábil Baesso fica na Praça Coronel José Pires, 128 –

ABERTURA DO ESCRITÓRIO Após essa trajetória, em outubro de Foto: Leo Beraldo / Cromalux

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Foto: Arquivo pessoal

Centro de São João da Boa Vista. Por conta dos avanços tecnológicos, em 2004, Antônio Baesso decidiu apenas supervisionar as atividades e delegou ao seu filho, Antonio Baesso Júnior, a função de administrar o escritório e manter os bons serviços conhecidos pela cidade. Não é à toa que há clientes que são atendidos no estabelecimento desde 1978. Para o futuro, Baesso espera que o escritório continue sendo conduzido pela sua família. “Espero que no futuro minha neta dê sequência a gestão do escritório, que já está fazendo Ciências Contábeis. Esse é o meu maior sonho, que no futuro seja pai, filho e neta. E mantenha os clientes, dando um bom atendimento, fazendo um serviço profissional”, disse. PROFESSOR E CARGOS Entre 1969 e 1984, Baesso também deu aulas de contabilidade na Escola de Comércio, sua antiga instituição de ensino. Porém, com o crescimento do escritório, foi necessário deixar o ambiente acadêmico. Ficam as boas lembranças desse período. “A última aula de sexta-feira era minha, mas todo mundo ficava. Só saía quando terminava mesmo [os alunos] Achavam ruim, mas continuavam”, brincou. “O conhecimento que eu tinha no escritório, tentava passar para os alunos”, completou. Entre 1980 e 2001, Baesso foi delegado represen-

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tante de contabilidade de São João da Boa Vista. De 2001 a 2007, ocupou o cargo de delegado regional. E de 2007 até hoje é membro do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRC-SP). Olhando para toda a carreira, o sentimento que fica para Baesso é o de dever cumprido. “Eu me sinto super-realizado, superfeliz de ter abraçado essa profissão de contador, que felizmente me deu todo esse aparato, essa formação, esse conhecimento. Então eu fico superfeliz e só tenho que agradecer a Deus”, finalizou. A


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cultura

Do verbo à língua afiada Instigado por um perfeccionismo acentuado, o multitarefas Hediene Zara também é dono de autocrítica e luta para amansar o ‘monstro’ da ‘veemência’ POR IGNÁCIO GARCIA

Provocante, teimoso, incisivo, crítico, munido de uma inteligência aguçada e ‘senhor’ de um reservado humor ácido - este compartilhado por uma singela dúzia de amigos, colegas ou conhecidos - o sul-caetanense de nascimento Hediene Zara, 40, é jornalista, escritor e assessor político, mas não é unanimidade entre certos colegas de imprensa. Tudo porque alguns deles – resguardadas as identidades – atribuem, ao nosso entrevistado, a ligeira impressão de 'arrogância'. Bem longe disso, a realidade é que o coração do ‘menino’(grifo meu!) é revestido por certa couraça de defesa - até por ele questionada e polida -, já que admite constante

batalha contra seus defeitos e pecados. Fora os atributos e as nem tanto virtudes, segundo ele próprio relata, hoje, o multifunções Zara mantém-se à frente da assessoria de gabinete da primeira mulher eleita prefeita em São João da Boa Vista - Maria Teresinha de Jesus Pedroza, além de ter, de lavra própria, cinco livros - o mais recente lançado em 10 de março do ano corrente - muitas histórias a contar e uma boa turma pra incomodar. Em entrevista à Revista Atua, Hediene Zara conta suas vivências, trajetória, reservas, desvios e o que ainda vem pela frente, literalmente ‘rasgando’ o verbo a este jornalista que vos escreve quando perguntado se já galgou tudo o que queria nesta altura do campeonato. Aproveite a leitura, porque com ele lá vem ‘chumbo’ – de conhecimento.

Você se envereda na escrita há 18 anos, tem quatro livros publicados e vai lançar, ainda neste ano, uma coletânea de poesias, que estava engavetada, desde 2006. E o gosto por contar histórias e estórias através da escrita já é um pouco ‘antigo’, mas como profissão nasceu por meio da professora Maria Inês de Araújo Prado. Antes deste start, o que te atraiu e o levou a gostar de escrever? Nasci rodeado por leitores. O destaque era o meu avô, Fiori. O italiano amava um debate político, era muito bem informado e espirituoso. Lá em casa, todo santo dia, aparecia O Estado de São Paulo. O pessoal lia e deixava de canto. Eu tinha uns cinco pra seis anos. Estava sendo alfabetizado com uma cartilha chamada “Caminho Suave”. Eu devorava os exercícios! Não era nenhum prodígio, porque a maioria dos meus colegas também fazia aquilo “com os pés nas costas”. Quando eu chegava da escola, corria direto pro Estadão. Era a minha segunda cartilha. Tentava ler sobre tudo, até altas horas da noite. Depois, é claro, fazia perguntas estapafúrdias: “Pai, o que é inflação?”; “Mãe, quem é Sarney?”; “União Soviética é aqui perto?”. Ficava curioso sobre como aquela enormidade de assuntos brotava no papel. Queria saber qual era a magia capaz de trazer, pra mesa da cozinha, fotos do outro lado do mundo. Esse fascínio me despertou para a escrita. No Ensino Foto: Leo Beraldo / Cromalux

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Foto: Edvaldo Gonçalves

Fundamental foi que a Maria Inês Prado, professora de Redação, entrou na minha vida. Superou o mero ato de alfabetizar: fez um direcionamento vocacional. Foi a primeira pessoa a dizer, publicamente, que a atividade como escritor seria a minha profissão. Durante algumas conversas com alguns ‘colegas’ em comum, a maioria – quase 100% - foi enfática em te classificar como um ‘cara’ muito inteligente. Mas alguns deles não deixaram de te considerar, às vezes, meio ‘arrogante’. Você concorda que isso já aconteceu ou acredita que pode ser apenas algum traço de sua personalidade? O que tem a dizer em relação a isso? Não é traço de personalidade. É uma patologia! Agradeço, sinceramente, aos colegas que me diagnosticaram. Jornalista que não se sente estimulado pela crítica tem mais é que mudar de carreira. Não tenho o direito de ignorar essas impressões. Tanto o Jornalismo quanto a Literatura envolvem respeito aos sentimentos. Tenho uma autocrítica extremamente forte! Vivo em guerra contra meus defeitos, minha ignorância, meus pecados. Tudo isso me motivou a eleger a Psicossociologia da Comunicação como linha de pesquisa de mestrado. Tive aulas até com psicanalistas lá em Portugal. Queria enfrentar este vulto apaixonado que não admite erros profissionais. Aprendi que o ideal excessivo de perfeccionismo não me faz bem, mas tem coisas que não consigo digerir. Tempos atrás, no escritório de um cliente, pedi a um estagiário que fizesse um (press) release. O camarada me perguntou o que era release. “Queridão, quarto ano de Jornalismo e não sabe o que é release?” Ensinei, sim, mas ensinei contrariado. Dominar aquela matéria era uma obrigação, já no primeiro mês de curso. Eu cobro de quem está envolvido nas mesmas responsabilidades. Essa veemência, infelizmente, suscita a pecha de “arrogante”, mas garanto que, quem me conhece de perto, enxerga meu coração. Seu quarto livro foi oficialmente lançado em março. Qual foi sua inspiração para escrevê-lo e qual o motivo que o levou a esta produção? “História que salta aos olhos” não é uma ideia só minha. Fazia uns quatro anos 87

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que o projeto estava na fase de ensaio, em parceria com meu amigo e professor Nilton Queiroz (foto acima), que tem um extenso currículo artístico e jornalístico. Começamos a rascunhar sobre algumas belezas da cidade que, a nosso ver, mereceriam um registro histórico mais robusto. Vimos que nossa lista coincidia, quase que totalmente, com os bens tombados pelo Condephic (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São João da Boa Vista). Iniciei a pesquisa e o Nilton saiu a campo, fotografando essa seleção e levantando imagens antigas. Neste meio tempo, em 2020, foi publicado um edital do ProAC (Programa de Ação Cultural) da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Governo de São Paulo. A oportunidade se casava com a ideia e eu inscrevi a proposta, que foi contemplada. Considero este livro um manifesto: mostra que qualquer pessoa pode escrever sobre a história de São João. Não é (e jamais poderá ser) um tema loteado na mão de meia dúzia de pessoas. Nas primeiras páginas, inclusive, nós insistimos em provocar essa reflexão. Esperamos que surjam novos autores com outros livros, ainda mais completos, com abordagens muito melhores. Neste ‘meio caminho andado de vida’, acredita que já está suficiente o que conquistou ou ainda tem outras vontades escondidas a realizar? Fale, com isso, um pouco mais sobre onde

pretende chegar - o que mais galgar. Não posso perder a inquietação. O lançamento de uma obra é o prefácio da outra. O novo livro de poesias, que chamei de “Atrevimento e desconstrução”, pode ser a “virada na chave”, um aprimoramento de estilo. Já tenho mais duas produções engatadas. O UNIFAE me pediu algo sobre Fernando Furlanetto e a parte textual está quase pronta. Também vou publicar minha dissertação de mestrado: “Do Jornalismo ao jornalismo performático”. É uma crítica à Comunicação Social pós-moderna, pois eu sou cético quanto ao formato do noticiário atual, nesses espaços virtuais em que cada um é deus de si. Tem comunicador que administra fanpage no Facebook e assina como CEO. Como assim? CEO de quê? O jornalista com formação acadêmica tem a missão do inconformismo, de pesquisar para combater esse tipo de estupidez. O estudo perene é fundamental. Cheguei à fase que me “empurra” para o doutorado, mas não vivo de fantasia. Caso faça essa opção, terei que me dedicar com exclusividade e, no momento, há compromissos profissionais que devo respeitar. Estou comemorando o convite para dar aulas de redação no Cursinho Popular, voltado aos alunos de baixa renda. Para mim, será uma atividade “terapêutica”, movida por amor, para honrar aqueles que me inspiram: meu avô, Fiori, e minha professora, Maria Inês Prado. A REVISTA ATUA | ABRIL DE 2022

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crônica

Lourenço Gaivota, meu paciente POR MARCELO PIRAJÁ SGUASSÁBIA

I

- Dona Veridiana, tem certeza que o próximo paciente é mesmo o Lourenço Gaivota, o autor do livro "A Mágica Secreta"? - Claro, ele acabou de preencher a ficha aqui comigo. E eu conheço o rosto dele, né? Tá todo dia aparecendo na televisão... Olha, eu estou falando com o senhor baixinho porque ele está aqui bem perto de mim. Pagou consulta particular, eu disse que só tinha encaixe e ele falou que tudo bem. Chegou aqui esbaforido, tá todo trêmulo. - Nossa, surreal isso... eu arrumando um encaixe no meu reles consultório para o Lourenço Gaivota. Se contar ninguém acredita. - Posso mandar entrar? - Deve. Mas espera um pouquinho aí, só o tempo de dar uma ajeitadinha básica no divã. É o Lourenço Gaivota, né? Deixa eu caprichar.

II

- É tudo da boca pra fora, só retórica e invencionice. E marketing, doses rinocerônticas de marketing. Eu falo para meus leitores as coisas que eu gostaria de escutar de alguém, compreende? Sou tão humano, fraco, carente e falível quanto qualquer outro filho de Deus. - Meu mundo caiu! Para com isso, você tá de brincadeira. Você influencia meio mundo com seus cursos e palestras! Se você não é "o cara", ninguém mais é!!! - Oi? - Gaivota, tá vendo aquela pilha de livros ali ao lado do abajour? Você é o autor de todos eles. Eu ficava na fila da extinta Livraria Siciliano pra pegar os exemplares saídos do forno, não via a hora de devorar tudo o que você escrevia. Perdi a conta das noites de autógrafo, com filas dobrando o quarteirão, você ia assinando os livros sem nem olhar pra cara de ninguém. - Nem pra sua, com certeza. - Nem pra minha. Mas não estou me queixando, não. Eu sou um psicanalista como outro qualquer. Imagina que o guru do Roberto

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Shinyashiki e do Lair Ribeiro ia lá saber da minha existência. Mas vai em frente, continua. - Então, tudo ia bem até um tempinho atrás, mas agora esse conflito, de ter inventado uma persona que eu não sou, não está me deixando mais nem sair de casa. Nem escovar os dentes. Nem olhar pra minha cara no espelho. Nem respirar direito. Nem... - Calma, Lourenço. Aceita um chá de maracujá com antúrio? - Imagina, não tomo essa merda nem sob tortura. - Mas você aconselha este chá várias vezes ao dia nos seus livros... - Procure escolher melhor as pessoas a quem você dá ouvidos, meu caro. - Pois saiba, senhor Lourenço Gaivota, que pra mim funciona, tem profundos efeitos terapêuticos. - Bom, se pra você funcionou... sorte sua. Atribua isso a um efeito placebo. - Não é possível, isso não está acontecendo. O Lourenço Gaivota em pessoa tentando me convencer que Lourenço Gaivota, ou seja, ele próprio, é um farsante. - Tudo o que eu fiz até agora é autoajuda barata, com fundamento científico zero. Digo mais, heim. E essa vai doer: a minha editora mantinha sob contrato pelo menos uns quatro ou cinco ghost-writers pra inventar aquela porcariada toda. Eles criavam tudo, faziam os powerpoints para as palestras, as "colinhas" que eu levava para os programas de TV. Você não tem noção do aparato fake a meu serviço. - Bom, fake por fake, estamos quites. - Oi? - Está vendo algum diploma pendurado na parede? A


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olhares - Gabriela Sodré

DETALHES Detalhe da praça Nossa Senhora do Perpétuo Socorro sobre o olhar para cidade. Observar além das superfícies que nos cercam possibilita uma visão diferente, detalhada, do que nos rodeia. 90

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