Revista Atua - Novembro 2020

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sumário da edição

A Revista Atua, ano 12, número 46 (novembro de 2020), é uma publicação quadrimestral sem fins lucrativos da ACE - Associação Comercial e Empresarial de São João da Boa Vista (SP). Sua distribuição é gratuita, não podendo ser comercializada. Colaborações e matérias assinadas são de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores, não representando necessariamente a opinião dessa publicação. Tiragem: 3 mil exemplares

www.revistaatua.com.br @atuarevista

@revistaatua

Presidente Candido Alex Pandini Diretora de redação Angela Bonfante Cabrelon Gerente Raphael de Padua Medeiros Editor Mateus Ferrari Ananias - mateus@acesaojoao.com.br Jornalista responsável Ana Laura Moretto - Mtb. 87609 / SP - imprensa@acesaojoao.com.br Repórteres Bruno Manson Daniela Prado Jeferson Batista Mirela Borges Duda Oliveira Eduardo Vella Revisor Jeferson Batista - jefersonbatista1108@gmail.com Projeto gráfico Mateus Ferrari Ananias Departamento Comercial Luciana Castilho - comercial@acesaojoao.com.br

Foto: Leo Beraldo / Cromalux

MATÉRIA DE CAPA

desperta criatividade de 030 Pandemia empresários e empreendedores O ano de 2020 trouxe mudanças totalmente inéditas na vida de todos. Na economia, com a chegada do novo coronavírus, não houve um setor que escapasse da necessidade de se adaptar ao chamado novo normal, a fim de literalmente sobreviver. O mundo dos negócios viu-se no meio de um turbilhão de mudanças: a adoção de home office, comércio eletrônico, delivery, entre outras formas de ação para manter as vendas e os serviços.

Produção de anúncios Francisco Malagutti - francisco@acesaojoao.com.br Fotos Leonardo Beraldo / Cromalux - www.cromalux.net Produção e direção de arte Bruna Ribeiro - brunaribeiro@321economiacriativa.com Estagiários Eduardo Henrique Jacob Aléxia Melissa Leticia Lorette Mayquele Loiola Professores orientadores José Dias Paschoal Neto Ana Paula O. Malheiros Romeiro Maria Isabel Braga Souza Foto de capa Foto: Leo Beraldo / Cromalux

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moda & beleza

O processo que está “fazendo a cabeça” de mulheres e homens A transição capilar é demorada, leva meses para o cabelo voltar ao natural, em alguns casos até anos. Foto: Duda Oliveira

POR MIRELA BORGES

Segundo dados da consultoria Kantar Worldpanel, 70% das brasileiras têm os cabelos cacheados e crespos. Apesar disso, por anos, os fios naturais sofreram preconceito e, por esse motivo, era comum muitas mulheres usarem químicas para mantê-los lisos. Atualmente, contudo, o processo de transição capilar vem ganhando adeptas. Mas você sabe o que é transição capilar? É o processo que o cabelo quimicamente tratado passa para retornar ao natural, ou seja, o abandono dos procedimentos químicos de alisamento para os cabelos crescerem em suas formas originais. A transição capilar afeta, principalmente, o amor-próprio de quem que está passando por esse processo, mas se engana quem pensa que é de maneira negativa. “Agora que estou no final da transição capilar eu posso dizer, com certeza, que vivo uma das melhores fases da minha vida em relação a autoestima. Mesmo quando tinha o cabelo liso eu não gostava, pois qualquer coisinha ele ficava cheio de frizz, agora não, por mais que meu cabelo tenha frizz isso é algo natural do cabelo cacheado e de qualquer forma sei que ele está lindo”, descreve a auxiliar administrativa Lívia Bortoluci, que começou o processo no final de 2019. O sentimento de aceitação é compartilhado também pela estudante Luiza Gonçalves Costa. Porém, ela percorreu um longo caminho com muitos desafios, causados pelo preconceito em relação a seu cabelo, até conseguir se aceitar. “Havia sempre muitos comentários negativos, piadas, olhares tortos. Lembro de um dia na escola, por estar muito frio, eu estava usando uma touca e um grupo de meni6

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GRUPO MELANINA

O grupo nasceu em 2017. É formado por nove mulheres negras, surgiu a partir da ideia de criar um coletivo de apoio para ajudar as pessoas a lidarem com suas dificuldades.

nos puxou a touca da minha cabeça e começaram a rir do meu cabelo. Esse dia me marcou bastante. Fiquei refletindo: ‘será que se o meu cabelo fosse liso igual ao das outras meninas eles iriam rir e me zoar assim?’ No começo eu chorava muito. Mas não quero voltar a usar química no cabelo só para agradar as pessoas. Então eu supero tudo isso sempre pensando o contrário, que meu cabelo é bonito sim, que eu sou linda da minha forma e nada vai mudar isso. Sinceramente às vezes tenho recaídas e me sinto mal, principalmente quando fazem comentários negativos sobre meu cabelo. Mas por outro lado a transição faz eu me aceitar e me autoconhecer cada vez mais. Isso é um resultado muito positivo pra mim. Me sinto muito bem.” Neste momento de isolamento social, o processo de transição capilar vem ganhando cada vez mais força, já que, em casa, muitas pessoas têm mais tempo para se cuidar. Luiza Gonçalves Costa de-

cidiu aproveitar seu tempo para se livrar das químicas no cabelo. “Desde criança, eu fui muito influenciada com a ideia de que o cabelo crespo não era bonito, apenas o liso. E isso tudo me fez ver o meu cabelo de uma forma negativa e acabar não aceitando ele natural. Mas, agora na quarentena, eu tive muito tempo pra refletir e olhar para mim mesma. Resolvi deixar meu cabelo natural. É uma característica única minha. Já sofri muito preconceito por ter a raiz crespa. Muitas coisas, pessoas e comentários me fizeram acreditar que meu cabelo natural não era bonito. Agora estou desconstruindo toda visão negativa que tive do meu cabelo por todos esses anos. É um processo muito complicado e levou tempo, mas a cada dia me esforço para me auto conhecer e me aceitar ainda mais, ficar em casa agora na quarentena me ajudou muito com tudo isso.” O processo é demorado, leva meses para o cabelo voltar ao natural, em alguns

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casos até anos. “É preciso aceitar que não vai ser do dia pra noite, o processo demora meses e o mais difícil é quando você se arruma e seu cabelo não está tão legal quanto você queria. No começo da transição foi muito ruim, meu cabelo estava metade enrolado e metade liso, e não poder usar chapinha era o pior desafio. Eu comecei a ficar mais tranquila em relação a aparência dele em fevereiro/março deste ano”, enfatiza Lívia Bortoluci. TRANSIÇÃO CAPILAR MASCULINA Apesar das mulheres serem a maioria a adotar a transição capilar, cada vez mais os homens estão optando pelo processo, assim como o jornalista Helton Kempe que, após anos mantendo o cabelo alisado, decidiu deixá-lo crescer com a textura natural. “Quando criança, meu cabelo natural era cacheado, porém, devido aos cortes frequentes com 'maquininha' acabou ficando liso e volumoso. Faz quase um ano que eu não corto meu cabelo, tenho notado uma significativa melhora na qualidade e resistência dos fios.” Uma decisão que mexeu muito com sua autoestima “Durante esse período de transição pude observar inúmeros impactos na minha autoestima, desde físicos à emocionais. Eu estava cansado de manter o mesmo penteado por vários anos. Queria algo novo! Sinto que meu cabelo está mais forte e brilhante. Estou feliz por conseguir alcançar o meu objetivo inicial de deixar o cabelo crescer para manter meus cachos.” A transição capilar vale a pena, apesar de demorado o resultado é prazeroso, principalmente quando se tem apoio, como ressalta Helton Kempe. “Desde o início da transição capilar, sempre contei com o apoio da minha família, dos meus amigos e de colegas de trabalho. O carinho e acolhimento das pessoas ao meu redor me ajudaram muito durante o processo. Ainda tenho uma longa jornada pela frente, mas sei que posso contar com eles.” GRUPO DE APOIO O grupo Melanina, criado em 2017, surgiu a partir da ideia de criar um coletivo de apoio para ajudar as pessoas a lidarem com suas dificuldades. “A princípio visávamos apenas cuidados estéticos, mas estamos ampliando cada dia mais nossa forma de pensar e expor assuntos que são vistos como polêmicos. Os conteúdos que postamos nas redes sociais são produzidos mediante as muitas mensagens com pedidos de ajuda que recebemos. Além do Facebook, publicamos conselhos e tutorias em nossa página no Instagram, @mmelanina, assim conseguimos alcançar várias pessoas que precisam de ajuda.”, explica a designer de unhas, Ana Laura Carvalho, que já sofreu muito preconceito por causa de seu cabelo. “Um dia, eu estava andando na rua e uma senhora me parou e perguntou se eu não tinha medo de pegar piolho devido ao meu cabelo ter bastante volume, fiquei sem reação no momento, apenas ignorei ela e sai andando. Eu me senti diminuída, fiquei abalada no momento que aconteceu, mas não deixei de usar o cabelo como eu gosto.” Ana Laura afirma que participar do grupo a ajudou a superar os traumas do preconceito. “Na empresa onde eu trabalhava, um funcionário fez piada com o cabelo também, disse que se pegasse piolho nunca mais sairia apenas raspando a cabeça. Fiquei bem constrangida e decepcionada, tinha mais duas funcionárias no local e elas riram bastante, na hora eu apenas fui pro banheiro e acabei chorando... pensei até em pedir demissão, mas acabei percebendo que o melhor a ser feito era ignorar no momento. Estar no grupo me ajudou bastante a superar esses episódios de preconceito, principalmente a me impor mais e saber que sou capaz de conquistar o que eu quiser e estar onde mereço, independente de olhares tortos.” A 8

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Foto: Arquivo pessoal

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moda & beleza

Conscientização por meio da moda O conceito de consumo consciente vem crescendo cada vez mais e influenciando principalmente a área da moda, uma das maiores indústrias do mundo.

POR MIRELA BORGES

Você é um consumidor consciente? O consumo responsável não está ligado necessariamente a escolher apenas produtos sustentáveis, mas em ter consciência do que está comprando. Este conceito vem crescendo cada vez mais e influenciando principalmente a área da moda, uma das maiores indústrias do mundo. Este segmento tem ligação direta com um grande desenvolvimento econômico e geração de empregos e, ao mesmo tempo, tem um grande impacto no consumo de recursos naturais (matérias-primas, energia, água e químicos), insumos necessários para fazer este setor funcionar. Diante disso, a consultora de negócios do SEBRAE, Thalita Medeiros, explica os impactos do consumo consciente no mercado. “São vários. Citando alguns: redução de emissão dos resíduos poluentes na fabricação de produtos, mão-de-obra contratada dentro da legislação e direitos trabalhistas, redução de produtos químicos nos processos, aumento de consumo de produtos reciclados e biodegradáveis, aplicação de novas tecnologias, aumento de projetos de preservação ambiental e social com patrocínio de empresas, reutilização de materiais. Estamos falando de impactos nos processos, tecnologias, relações trabalhistas, logística e descarte. Isso tudo possui um impacto direto na economia e no mercado”. Em 2019, ao redor do mundo, centenas de pessoas usaram a hashtag #QuemFezMinhasRoupas para pedir maior transparência da indústria da moda. Para responder esse movimento digital, as marcas compartilharam detalhes sobre as suas produções e trabalhadores contaram suas histórias usando a hashtag #EuFizSuasRoupas. Tudo isso

faz parte do Fashion Revolution, movimento global presente em 92 países, que foi criado para dar um basta nas condições degradantes de trabalho da cadeia produtiva da moda. A campanha surgiu após o desabamento do prédio Rana Plaza, em Bangladesh, país asiático, no ano de 2013. O desastre no local, que abrigava fábricas e um centro comercial causou a morte de mais de 1.134 pessoas e outras 2.500 ficaram feridas. Com cada vez mais adeptos as práticas sustentáveis, muitas empresas estão apostando em manter suas linhas de produção mais transparentes ao público. “Os debates e reflexões em torno do consumo consciente se intensificaram nos últimos anos e ganharam ainda mais destaque durante a pandemia”, afirma a consultora do SEBRAE. Um dos exemplos de empresa sustentável é a Maria Tangerina, marca que produz bolsas veganas. “O consumo consciente parte do princípio de

um consumo intencional, onde você sabe de onde vem o que você compra e escolhe intencionalmente incentivar e investir em um produto que além de durável vai contribuir com uma cadeia de produção ética e responsável. Como a moda é um meio de expressão, consumir de marcas que se identificam com alguns conceitos que remetem à essa consciência, (como slow fashion, transparência, sustentabilidade social e ambiental) transmite uma mensagem muito forte que inspira esse movimento de consciência no consumo de outras áreas, que não apenas a moda”, explica a fundadora da marca Priscila Cortez. BOLSAS E ACESSÓRIOS VEGANOS A Maria Tangerina surgiu em 2013, quando sua fundadora finalizava o curso de Design de Produtos. Ela começou a produzir os produtos por encomenda e vendê-los online. “Pouco tempo depois, conheci o grupo da economia solidária

Foto: Divulgação

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Cardume de Mães que foi o primeiro ateliê que nos atendeu. Quando começamos a terceirizar de maneira responsável a produção, vi que era possível levar o projeto mais longe, me dedicando ao design das peças e à estrutura do negócio de maneira mais profissional. Na empresa prezamos pela transparência, pelo trabalho ético e responsável e não usamos matéria prima de origem animal. Nosso objetivo é mostrar que é possível trabalhar com moda de uma maneira nova e inspirar outros negócios a buscarem esse caminho.”, conta Priscila. A assistente de e-commerce Rayla Mendes, era fã da Maria Tangerina principalmente pela preocupação da marca com o meio ambiente e a sustentabilidade, e há seis anos realizou o sonho de fazer parte da equipe. “Eu e a Priscila nos conhecemos em uma feira, onde eu comprei minha primeira peça da marca, os anos se passaram e fomos ficando mais próximas, até que veio o convite para me juntar à equipe. É incrível trabalhar com que eu já admirava antes, quando eu era apenas cliente. Esse trabalho inspira outras marcas, inspira pequenos produtores, inspira clientes. A Maria Tangerina mostra e compartilha novos caminhos para quem quer seguir um consumo consciente facilitando as práticas corriqueiras, e a mudança de hábitos.” É possível as empresas buscarem a transparência nos negócios e investir em iniciativas conscientes, como ensina Thalita Medeiros: “a empresa deve iniciar com um planejamento estratégico. Analisar quais são os impactos de suas ações no ambiente, na sociedade, e quais tecnologias existentes podem auxiliar na redução deles. Também existem processos de certificações em vários segmentos, e a empresa pode adequar-se para obter esses certificados e selos, garantindo transparência. Por meio do planejamento, poderá organizar ações que, quando efetivas, geram mais valor no mercado frente aos consumidores”. A consultora de negócios afirma ainda que nossos hábitos de consumo afetam diretamente a sociedade, a economia e o meio ambiente. “Poucos consumidores levam isso em consideração no momento da compra. Tudo o que consumimos, impacta diretamente a vida de todos. Será cada vez mais importante conhecermos o trajeto dos produtos desde sua fabricação até nossa casa. Só assim, poderemos minimizar os impactos negativos gerados, ou reduzi-los, fazendo com que o mercado fique cada vez mais atento as nossas escolhas e hábitos de consumo. Entenda a importância disso: se você muda seu hábito de consumo, o mercado muda frente as suas exigências. Atualmente, o poder de escolha do consumidor pode mudar todo um segmento, o que não acontecia anos atrás”. A Foto: Divulgação

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lançamento coleção verão 2021 - Arezzo

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empreendedorismo

Perfil dos empreendedores POR DANIELA PRADO

A palavra empreender, independente do ramo, sempre desperta a ideia de algo inédito, próprio de mentes criativas e ousadas. Sim, pois o verdadeiro empreendedor, seja qual for a formação acadêmica, é alguém com espírito de aventura, no sentido de abrir um próprio negócio, único e diferenciado, confiante de que tem para oferecer justamente aquilo que o mercado procura e o que ainda não existe, fruto de uma ideia original. Às vezes, o empreendedor promove um processo de aculturação, ao colocar em prática traços e características próprias e apresentá-las a um novo público, para que conheçam e apreciem – aventura que, dependendo do ramo de negócio, pode ser arriscada. Outros, por sua vez, já observam o que caiu no gosto do público-alvo que desejam atingir e, mesmo fazendo pesquisas de mercado, partem para as franquias. Nesses quesitos, São João da Boa Vista conta com estabelecimentos que comprovam a ousadia e espírito empreendedor de seus criadores: a Sandaliaria, no setor calçadista e de acessórios, cuja proprietária é Priscila Vidal; e a Maria Tapioca, no gastronômico, iniciativa de Araoni Cardoso, um paraibano radicado em São João. Foto: Léo Beraldo/Cromalux

Priscila Vidal - Sandaliaria

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Como sua empresa começou? A Sandaliaria é uma franquia. Conhecemos uma das lojas em um shopping, nos encantamos com o modelo de negócio que trazia uma loja de chinelos multimarcas e um sistema de personalização de calçados, na hora. Fomos conhecer melhor o sistema de franquia e logo fechamos o negócio, dando vida à Sandaliaria São João, em novembro de 2014.

frequência na divulgação da loja e dos produtos.

Como é feita a divulgação? Vocês acreditam naquele ditado “a propaganda é a alma do negócio"? Já usamos muitos tipos de divulgação, mas as que mais vemos resultado são as publicadas nas redes sociais. E sentimos no dia a dia que o "boca a boca" é muito importante pra nós, que estamos em uma cidade de interior. Com certeza propaganda é a alma do negócio, devemos usar e abusar de todos os meios para lembrar as pessoas que o nosso negócio existe. É muito nítida a percepção de queda no movimento e procura quando não temos tanta

Nesse caso, como superá-los? Há alguma estratégia? Em primeiro lugar não se desesperar. Manter o foco é fundamental. Manter o controle do negócio, planilhar tudo foi o que nos fez ter uma visão geral de como andava o nosso negócio e tudo o que precisávamos fazer para nos mantermos vivos no mercado. Conseguindo controlar os gastos, mas também conseguindo atender aos nossos clientes.

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Nesses anos de funcionamento, houve períodos de baixa? Nos dois primeiros anos (2015/2016), enfrentamos a crise decorrente da situação política do país. Além disso, em 2016, fiquei um período afastada da loja pra viver a maternidade e senti que fez total diferença não estar presente todos os dias.

Qual a dica para quem quer abrir o próprio negócio?


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Escolha algo que você realmente goste. Você precisa passar confiança daquilo que vai vender para o cliente. No nosso caso, por ser franquia, tivemos um norte de tudo, desde a escolha do melhor ponto, layout da loja, treinamento, escolha dos produtos. E isso facilitou demais. A minha dica é: Tenha em mente que o retorno de todo investimento pode levar alguns anos, mas tenha paciência, pois cada degrau que você subir ou descer durante essa caminhada servirá de experiência, e num futuro bem próximo, se for tudo bem administrado, valerá a pena. Você considera que é preciso inovar para continuar no mercado? O que faz nesse sentido? O tempo todo. Principalmente nesses novos tempos que estamos vivendo. Se não mudarmos as estratégias e agirmos, ficaremos para trás, dando lugar para a concorrência. Estamos sempre em busca de novos produtos dentro do nosso nicho de

mercado, para atender uma maior demanda de clientes. Em relação ao futuro, como você imagina seu negócio? Almejamos crescer sempre. Temos muitos planos no papel, muitas ideias que pretendemos colocar em prática, mas, dando um passo de cada vez, chegaremos lá. Você considera que o tratamento, humanizado faz toda diferença no sucesso de um empreendimento? Não tenho dúvidas de que faz toda diferença. Com os funcionários, deixá-los mais motivados conta muito para que eles também queiram e façam o negócio girar e crescer. Com os clientes, que pessoa não gosta de ser bem tratada, bem atendida? O bom atendimento está muito além de tratar o cliente bem. É preciso entender o que ele precisa, satisfazer a necessidade, criar um relacionamento de confiança e, se tudo isso for feito, gera total engajamento. Foto: Léo Beraldo/Cromalux

Araoni Cardoso - Maria Tapioca

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Como sua empresa começou? Desde minha formação em Administração, no ano de 2007, sempre tive o desejo de abrir um negócio próprio. Após 10 anos presos a uma rotina desgastante, minha esposa e eu decidimos mudar de cidade e colocar à prova nossa veia empreendedora. Minha irmã já morava em São João da Boa Vista e compartilhava do mesmo desejo. Após conhecer a cidade, em novembro de 2014, decidimos que aqui seria nosso destino. Depois de quatro meses de planejamento à distância, nos mudamos para São João e demos início ao projeto.

visual, a Maria Tapioca ganhou vida e personalidade própria.

A escolha do nome foi por alguma razão especial? O nome Maria Tapioca veio de um apelido colocado na minha irmã, Daliane, pelo seu marido. Ele, sanjoanense, admirado pelo consumo diário de tapioca em sua casa, resolveu chamá-la carinhosamente de Maria Tapioca. Quando decidimos abrir o negócio, essa foi a primeira sugestão de nome e, de cara, já gostamos. Após criação da logomarca e identidade

Como é feita a divulgação? Vocês acreditam naquele ditado a propaganda é a alma do negócio ? Sem dúvidas. Aquele que não crê nessa máxima, terá que aprender na prática. Hoje, nossa divulgação é feita exclusivamente por meio das mídias sociais. Contudo, o que muitos não sabem é que é preciso pagar por ela, e ter alguém bom no assunto por trás dessa comunicação. Afinal, não existe almoço

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Há quanto tempo estão estabelecidos na cidade? E foi preciso adaptar os produtos ao público local? Inauguramos a Maria Tapioca no dia 24 de julho de 2015. Sim, foi preciso fazer algumas adaptações. Afinal, estar constantemente atento às necessidades e perfil dos nossos clientes, bem como às novas tendências de mercado, faz parte da manutenção do negócio. O desafio está em atendê-las, sem comprometer nossa identidade.

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grátis, muito menos, marketing. Nesses anos de funcionamento, houve períodos de baixa?Como superá-los? Vários. Resiliência e determinação são essenciais ao empreendedor, pois tudo interfere no fluxo da empresa. Clima, economia, obras estruturais, eventos municipais, dentre outros. Para superar É preciso identificar o que levou a empresa à crise. É importante não se colocar em posição de vítima, antes, se responsabilizar integralmente pela solução do problema. É hora de reavaliar o seu modelo de negócio e se adaptar às novas condições geradas por essa crise. É importante também, intensificar a comunicação com seu público e buscar estratégias para aumento das vendas e diferenciação competitiva. Lembrando que nem sempre promoção é a solução. No mais, é questão de se aprofundar nas finanças da empresa, cortando gastos e investimentos desnecessários para o momento. Qual a dica para quem quer abrir o próprio negócio, independente do segmento? Esteja disposto a trabalhar o dobro do que você trabalha hoje, ser o primeiro a chegar e o último a sair. Trabalhe com algo que você conheça bem. Seja produto ou serviço, é importante ter propriedade sobre o que se está oferecendo. Não caia na tentação de abrir um negócio simplesmente para copiar alguém que, aparentemente, está se dando bem. Lembre-se: vender muito não é sinônimo de sucesso, é preciso gastar me-

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nos do que se ganha para a conta fechar. Por outro lado, você não precisa ser o inventor de uma nova roda. Existem vários setores precisando de melhoria e é aí que você pode entrar. Por último, separe um tempo para aprender noções básicas de administração financeira. Entender sobre fluxo de caixa e preço de venda vai te livrar de uma série de problemas. Você considera que é preciso inovar para continuar no mercado? O que faz nesse sentido? Sim. Empresas que ficam paradas no tempo estão com os dias contados. E não precisa ser nenhum estudioso para tal, pois as novas tendências costumam vir até nós. Basta estar aberto para conhecê-las e aplicá-las, caso julgue relevante. Afinal, o grande volume de informação que trafega pelo mundo, gera a todo instante, não apenas novas tecnologias, mas também novas formas de pensar, novas necessidades e novos desejos nos seres humanos, que agora têm ao seu alcance produtos e soluções que antes não existiam. Em relação ao futuro, como você imagina seu negócio? Estamos há cinco anos alinhando nosso modelo de negócio. O objetivo é ter um modelo testado e eficiente com todos os processos funcionando sem gargalos. Para que, só então, possamos franqueá-lo e dar oportunidade para que outras pessoas participem da nossa história e tenham sua própria empresa com mais segurança. Então, espero que, no futuro, tenhamos várias Marias Tapiocas espalhadas por aí. A


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educação

Educação pós-pandemia A tecnologia inserida no processo de aprendizagem reserva transformações grandiosas na educação. Foto: Arquivo pessoal

POR MAYQUELE LOYOLA

No início do mês de março no Brasil, a população foi apresentada ao isolamento social, como medida preventiva contra o avanço da Covid-19, doença que causou a morte de mais de 150 mil brasileiros e atingiu diversos setores, dentre eles, o educacional, que passou a ser intermediado pelas tecnologias. A reconfiguração do ensino atingiu aproximadamente 1,37 bilhões de estudantes no mundo, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). O método remoto, ainda vigente, se caracteriza por ser instantâneo e temporário, cujo surgimento ocorreu para amenizar os impactos na aprendizagem, de maneira emergencial. Ao contrário do EAD (Educação a Distância), onde as aulas são planejadas, estruturadas e a metodologia é pensada com antecedência. Mediante a esse novo processo, dificuldades surgiram, divergidas pela individualidade de cada aluno. Ansiedade, diminuição da motivação e o difícil acesso às tecnologias, são fatores que impossibilitam o acompanhamento das aulas virtuais. “Tenho dificuldade para aprender a matéria, por falta de concentração e instabilidade da internet, por outro lado, descobri novas ferramentas tecnológicas, que servem para muitas finalidades.” afirma a estudante Maira Tomaz, que cursa o 9º ano na escola particular Dom Pedro II. FUTURO DA EDUCAÇÃO Diante dos fatos, é inevitável não pensar no futuro da educação, considerando que as ferramentas tecnológicas têm alto desempenho e demandam novas condutas. A psicóloga Ana Virgínia Mangussi, , mestre em educação, ambiente e sociedade, acredita que no futuro modificações serão necessárias. 24

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AULAS REMOTAS

Leonardo Tomaz Loiola, de 9 anos, acompanhando as aulas em casa, por meio do computador. Essa foi a realidade de muitos estudantes durante todo o ano de 2020.

“Engajar e envolver os alunos, definir prioridades pedagógicas, seguir protocolos de segurança e manter uma comunicação direta com a comunidade, serão ações essenciais’’. Para farmacêutica Danyelle Marini doutora em educação superior, no período pandêmico, o processo cognitivo dos graduandos, foi afetado, já que não houve a possibilidade de desenvolvimento de estudos práticos, logo, as aulas deverão ser repostas, assim como os estágios. Pensando a longo prazo, Danyelle explica que o ensino semipresencial pode ser tornar mais procurado nos próximos anos. “O conceito de sala de aula invertida, onde os alunos são ativos no processo de aprendizagem, irá se intensificar. Na modalidade semipresencial, o estudante poderá aprender a teoria a distância e contextualizá-la e

praticá-la em sala de aula”, conclui. Consequentemente, ao longo dos anos, os serviços digitais se farão mais frequentes, por proporcionarem oportunidades. Segundo a tecnólogaAdriana Nascimento, mestre em educação, um exemplo são as vagas que têm sido disponibilizadas para trabalhos remotos nesteperíodo de isolamento social. “Profissionais que antes tinham o sonho de trabalhar em determinada empresa, mas possuíam a limitação da distância, atualmente estão tendo a chance’’, alega. Infere-se que o marco tecnológico no setor educativo promoverá transformações em todos os campos e o retorno das aulas presenciais será pautado por reforços, planejamento e desenvolvimento tecnológico, com objetivo de equalizar a aprendizagem e formar profissionais multifacetados e flexíveis. A


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história

Gripe espanhola e Covid-19: as duas pandemias em São João O relativismo, a disseminação de notícias falsas e o desrespeitos às normas de distanciamento social são pontos que aproximam as duas pandemias.

POR JEFERSON BATISTA

Uso de máscaras, higiene das mãos, evitar aglomerações e ficar em quarentena. Quem vive no mundo de 2020 conhece muito bem essas recomendações sanitárias, as principais medidas para conter o avanço do novo coronavírus, responsável pela Covid-19. E quem viveu no mesmo mundo há 100 anos, também. Essas orientações aparecem em jornais e folhetos entre o final da década de 1910 e início da década de 1920, quando diversos países foram atingidos pela gripe espanhola. Apesar do nome, a maior pandemia do século XX teve sua origem nos Estados Unidos, entre militares. Era um contexto de I Guerra Mundial, quando acusações entre nações e ocultações de informações eram ações bastante comuns. O fato é que a tragédia humanitária foi grande: 20 a 100 milhões de pessoas morreram por complicações da doença em todo o planeta. A pandemia que estamos vivendo já levou, até o início de setembro, mais de 860 mil vidas, em pouco mais de seis meses.

APROXIMAÇÕES As semelhanças entre a gripe e espanhola e a Covid-19 não param nas recomendações médicas, nem no número elevado de mortes. O relativismo das doenças, a disseminação de notícias falsas e os desrespeitos às normas de distanciamento social são outros pontos que aproximam as duas pandemias. “O negacionismo na gripe espanhola foi no início da pandemia e decorrente de decisão do presidente Americano Wilson e de outros países em guerra que emitiram ordens para censurar qualquer notícia que pudesse abalar a população e os soldados, o que contribuiu para sua rápida disseminação”, afirma a médica sanitarista Marta Salomão, que continua, fazendo uma comparação com os dias de hoje: “na Covid 19, temos o negacionismo inicial em diversos países, inclusive no nosso, não acreditando na sua importância. O Governo Federal continuou não assumindo a coordenação e controle da pandemia, negando a necessidade de isolamento social, necessidade de fechamento de escolas e comércio”. >

ENFERMARIA IMPROVISADA

Por conta da pandemia, as enfermarias da Santa Casa de Misericórdia Dona Carolina Malheiros foram ampliadas durante a Gripe Espanhola. Foto: Acervo Rodrigo Falconi

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ENFRENTANDO PANDEMIAS O médico e escritor Rodrigo A. Rossi Falconi, em especial sobre a pandemia em São João, publicado pelo jornal O Município, mostra que em novembro de 1918, com um caso de gripo espanhola na cidade, as autoridades sanjoanenses começam a tomar as primeiras medidas para contar a influenza. A Santa Casa tomaria a linha de frente para receber e cuidar os enfermos. A Associação Esportiva Sanjoanense, o Theatro Municipal e a Loja Maçônica Templários da Justiça de São Paulo são apenas alguns locais que suspendem as atividades. A possível cura aparece e é conterrânea. O Xarope São João, na época um dos mais conhecidos do país e produzidos localmente, é anunciado como uma forma de evitar complicações da doença. NA LINHA DE FRENTE Diante dos problemas comuns causados pelas duas pandemias, o protagonismo de enfermeiros e médicos, na linha de frente, e a ajuda das pessoas também

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permitem colocar os dois momentos históricos em perspectivas. “Apesar das notícias tristes, evidenciando a cada dia a chegada do terrível mal, como na pandemia de Covid-19, as boas notícias não deixavam de ocorrer, principalmente no que diz respeito à solidariedade”, escreve Falconi. Entre os voluntários na linha de frente, esteve o padre José Silveira e Mattos (foto ao lado), vigário da catedral. O sacerdote ficou responsável pela zelaria dos hospitais. Notícias publicadas no jornal O Município à época revela que a população sanjoanense “num movimento coletivo está agindo em prol dos doentes indigentes”. Diversos prédios públicos da cidade se tornaram hospitais de campanha, incluindo o Grupo Escolar. Noêmia Quaresma e o Dr. Oscar Pirajá Martins, que hoje são homenageados em nomes de ruas da cidade, são reconhecidos pelos serviços prestados contra a tão temível gripe. As perdas foram enormes, mas o mundo, o país e São João se recuperaram. Ao falar sobre a pandemia em cur-

Foto: Acervo Rodrigo Falconi

so, Marta afirma que “se não tivéssemos o SUS o número de pessoas desassistidas seria imenso e, com certeza, teríamos maior mortalidade”. Além disso, a médica espera “que o comércio de nossa cidade recupere seu vigor e que empregos sejam recriados em todos os setores da economia e que alguns hábitos adquiridos como lavar as mãos sejam mantidos e que o uso de máscaras seja feito quando tivermos sintomas respiratórios, como já acontece em alguns países”. A


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matéria de capa

Pandemia desperta criatividade de empresários e empreendedores Diante do ‘novo normal’, reinventar-se é palavra de ordem para sobreviver. Foto: Léo Beraldo/Cromalux

POR DANIELA PRADO

O ano de 2020 trouxe mudanças totalmente inéditas na vida de todos. Na economia, com a chegada do novo coronavírus, não houve um setor que escapasse da necessidade de se adaptar ao chamado novo normal, a fim de literalmente sobreviver. O mundo dos negócios viu-se no meio de um turbilhão de mudanças: a adoção de home office, comércio eletrônico, delivery, entre outras formas de ação para manter as vendas e os serviços. Conheça algumas histórias de superação e como é importante explorar a criatividade na busca de soluções, quando as dificuldades surgem. VAMOS AO SUPERMERCADO? NÃO, ELE VEM ATÉ NÓS!! Supermercados são considerados serviços de primeira necessidade e, via de regra, permaneceriam sempre abertos ao público, até diante de decretos que determinam fechamento do comércio. Mesmo assim, os supermercados Marino e Honorato buscaram inovações tecnológicas para melhor atender à população: basta um toque no aplicativo para ter, em casa, toda a compra. Thaís Silva Martucci, sócia-administradora do Supermercado Marino, que possui unidades em São João da Boa Vista e Aguaí, conta que o estabelecimento sempre disponibilizou aos clientes tecnologias para atendê-los. “Há mais de três anos temos o aplicativo Marino Vantagens, que oferece descontos. Para esse ano, a gente já tinha intenção de iniciar a venda on-line e a pandemia foi uma oportunidade de colocar em ação, por meio do Marino Fácil, mais um serviço que disponibilizamos aos clientes”, diz Thaís. Outro detalhe que ela cita como um ajuste trazido pela pandemia é o cuidado 30

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VENDAS ONLINE

O Supermercado Marino adotou uma plataforma online para auxiliar os clientes escolherem seus produtos do conforto de suas casas. Na foto,Thaís Silva Martucci, sócia da empresa.

especial com os colaboradores que, se antes já existia, passou a ser reforçado, com atitudes como afastamento dos grupos de risco e uso de itens essenciais e equipamentos de proteção individual, como máscaras e álcool gel. “E nos colocamos à disposição para ouvi-los quanto a dúvidas, informações e anseios. O site Marino Fácil foi elaborado para oferecer facilidade em todo o processo de compra, agendamento e entregas, oferecendo principalmente responsabilidade com as medidas de segurança, da separação dos produtos até a chegada aos consumidores. Além disso, a

maior facilidade oferecida pela página na web é possibilitar ao cliente fazer compras de onde estiver e agendar a entrega para quando precisar dos produtos, escolhendo entre pagamento on-line ou no ato do recebimento”, acrescenta. Thaís também ressalta que o site é mais um canal de vendas para atender clientes que não querem ou não podem ir à loja física. “É importante que uma empresa tenha estrutura de atendimento on-line hoje, é preciso acompanhar o desenvolvimento do mercado. Ao oferecer este tipo de serviço, atendemos as novas formas


começamos a analisar as possibilidades que facilitariam as compras para os clientes, que passaram a ficar em casa para se proteger. Por esse motivo, buscamos ferramentas para compras on-line, como site e aplicativo, pois é como se o cliente pudesse levar o nosso supermercado para dentro de sua casa. Estamos tendo a oportunidade de mostrar aos que ainda não nos conheciam que estamos prontos para solucionar o abastecimento de seus lares; e aos que já eram nossos clientes, que podemos atendê-los com a mesma qualidade”, confessam eles, acentuando que estão muito satisfeitos com a receptividade que tiveram.

TENDÊNCIA

Andressa e Paulo contam que já haviam realizado um estudo a respeito de entregas, pois mesmo antes da pandemia, percebiam sinais de que seria uma tendência necessária de aderir.

de consumo que vinham se desenvolvendo nos últimos anos e se intensificaram por conta da pandemia. O retorno é muito positivo, pois conseguimos manter forte nosso propósito de atender aos diversos clientes, que enxergam nessa ferramenta, uma forma de manter, com segurança, a sua experiência de compra. Estamos muito felizes com o resultado e satisfeitos com a possibilidade de manter essa troca com os consumidores”, conclui. Situação semelhante é a do Supermercado Honorato, que começou com a modalidade on-line de atendimento via WhatsApp, em março de 2020. Andressa Honorato, responsável administrativo, e Paulo Sergio Honorato, proprietário, explicam que essa decisão foi tomada para facilitar ainda mais para os clientes, em termos de agilidade, escolha de produtos e conforto. “Em abril conseguimos colocar o nosso site para funcionar”, dizem. Para se adaptar à nova situação, no Supermercado Honorato, foram instalados protetores antivirais de acrílico nos caixas, dispensers com álcool em gel pela loja, aplicação de desinfetantes em cestas e carrinhos de compras após o uso e controle de acesso de pessoas dentro do estabelecimento, evitando, assim, aglomerações. “Aos poucos, fomos também reestruturando o site, para que os clientes possam encontrar tudo o que precisam, com horários de entregas 31

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Foto: Léo Beraldo/Cromalux

disponíveis durante todo o dia e formas de pagamento, como dinheiro, cartão de crédito, débito e cartões benefícios”, destacam. Andressa e Paulo Sérgio contam ainda que já haviam realizado um estudo a respeito de entregas, pois mesmo antes da pandemia, percebiam sinais de que seria uma tendência necessária de aderir. “Só não imaginávamos que aconteceria tão rápido. Com isso, decidimos trazer o futuro para a necessidade de todos no presente e, já na primeira semana da pandemia,

NO MEIO DO ‘CAMINHO’, HÁ SABOROSAS CESTAS... As tão brasileiras festas juninas sempre alegres e, claro, com comidas típicas deliciosas também tiveram que se adaptar para não passar em branco este ano. O Espaço Caminho da Serra, na rodovia Águas da Prata / Poços de Caldas, tratou de inovar para oferecer aos apaixonados por essas festividades muita coisa boa. Giovana Capitanini, gerente e proprietária do estabelecimento, afirma que o kit junino, uma das novidades oferecidas, foi uma surpresa e tanto. “Adoro um desafio e me dediquei aos enfeites e detalhes que fizeram a diferença neste kit! Muita bandeirinha, xita em muitos detalhes, uma fogueirinha estilizada pela minha filha e a personalização da própria caixa de madei-

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Foto: Léo Beraldo/Cromalux

CESTAS PARA ENTREGA

Com o fechamento dos estabelecimentos de alimentação, foi necessário inovar: o Caminho da Serra criou cestas especiais , e mesmo com a a reabertura das empresas, as cestas devem permanecer como opção ao consumidor. REVISTA ATUA | NOVEMBRO DE 2020

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Foto: Léo Beraldo/Cromalux

ra, com a hashtag #arraiaemcasa, icentivando as pessoas a fazerem postagens em suas redes sociais. Tivemos [no kit] itens típicos da data, como pamonha, curau, paçoca, bolo de milho e até um quentão”, recorda Giovana. Essa ideia, segundo ela, começou logo após a Páscoa, mais precisamente em um dia em que acordou pensando em uma cesta de café da manhã, inicialmente para o Dia das Mães, data em que o restaurante habitualmente tem muita procura, mas não seria liberado ao público.“A ideia surgiu para usar produtos recicláveis —um caixotinho de madeira, uma cesta de frutas de supermercado, estilizada e personalizada com a nossa cara. E desde então, a ideia das cestas personalizadas para qualquer ocasião emplacou. Fizemos para o Dia dos Namorados, aniversários, bodas, festas juninas, Dia dos Avós, Dia dos Pais e por aí vai, até onde a criatividade mandar”, diz Giovana, frisando que, mesmo com a reabertura do espaço, as cestas devem permanecer. Para ela, é imprescindível que uma empresa saiba se adequar às situações de dificuldade.“Hoje posso dizer que somos capazes de sermos sempre melhores naquilo que fazemos. Temos que sair de nossa zona de conforto e arriscar. Nunca saberemos, se não tentarmos. Antes da pandemia, não pensava assim e estava bem confortável no meu cantinho. O conselho que posso deixar aos companheiros que estão com dificuldades é que não desistam. Procurem

PROMOÇÕES E DELIVERY

No Garagem VIP, os sócios se reiventaram, criaram promoções e isenção na taxa de entrega. A partir de então, houve uma reviravolta positiva em seu comércio que passava por dificuldades.

suas qualidades, descubram novos afazeres e dali sairá algo que jamais imaginaram”, aconselha Giovana. QUE TAL UM CAFEZINHO? OU AQUELE LANCHE, ENTREGA GRÁTIS? O Café Lafarrihe, anteriormente com funcionamento diário, oferecendo, além dos cafés, almoço self service foi outra empresa que precisou se redescobrir.“Tivemos que reduzir a carga horária e começamos a trabalhar com o serviço de entregas, serviço que não usávamos antes”, comenta Flávia Yazbek, proprietária do estabelecimento.

Em sua visão, em momentos delicados como o vivido em 2020, todos tiveram que mudar e ousar na maneira de trabalhar. “No caso do café, trabalhávamos no sistema [de almoço] por quilo, algo que não voltaremos tão cedo e talvez seja um serviço até aposentado. Descobrimos que trabalhar com o serviço de entrega é muito facilitador, tanto para o cliente, quanto para nós. E trabalhar também, na maioria das vezes, com encomenda nos simplificou, tanto na questão de organização do trabalho como economicamente, evitando assim qualquer tipo de desperdício”, acentua ela.

MELHORA NA GESTÃO

As irmãs Flavia e Mariana Yazbek descobriram que trabalhar com entregas e encomendas facilita a organização do trabalho e na economia, evitando qualquer tipo de desperdício.

Foto: Léo Beraldo/Cromalux

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Sobre o cenário pós-pandemia, a proprietária do Lafarrihe vislumbra que tudo será mais cauteloso e que todas as normas exigidas pelos órgãos de saúde devem continuar, para que seu estabelecimento possa receber novamente e o quanto antes os clientes, de forma totalmente segura e agradável. “O Café Lafarrihe está no mercado há 24 anos. Já passamos por diversas mudanças, mas essa, com certeza, foi a mais desafiadora. Em um momento como esse, acreditar em seu potencial, inovar e se reinventar são três coisas essenciais para enfrentar uma crise. Nesses desafiadores momentos é que nos redescobrimos e conseguimos seguir, com a mesma qualidade e carinho de sempre”, considera Flávia. Mas, quando o apetite pede um suculento lanche ou o bolso não está com muito dinheiro para almoçar, o Garagem Vip trouxe, em meio ao isolamento social, a solução saborosa e com uma vantagem: isenção na taxa de entrega. João Mota da Silva Filho, o sócio-proprietário, conta que resolveu criar a opção com preços ‘populares’ e entrega gratuita após ele próprio passar por dificuldades.“No começo foi muito difícil. Eu e meu sócio, o Pericles Silva, ficamos muito desanimados [com o fechamento dos estabelecimentos]. A gente estava num ritmo bom, com um bom movimento de clientes, tínhamos investido bastante, compramos freezer e até mais mesas para poder atender a demanda. Até que chegou um decreto e tivemos que fechar o estabelecimento. Passamos dois meses fechados, até que eu cheguei para o meu sócio e sugeri que, como todo mundo estava passando por dificuldades, poderíamos colocar um lanche ou a marmita, a um preço acessível, sem taxa de entrega. Assim, faríamos fluxo de caixa e ainda ajudaríamos na alimentação de uma pessoa”, conta João. Já no primeiro dia em que colocou sua ideia em prática, foram 184 lanches vendidos e, a partir de então, houve uma reviravolta positiva em seu comércio. “A gente se reinventou e nosso faturamento triplicou. Nossa equipe precisou ser ampliada e, em tempos onde há tantas empresas demitindo funcionários, nós estamos contratando mais uma pessoa para dar apoio na produção dos lanches e marmitas. O telefone não para, é o tempo todo gente

encomendando lanche ou almoço. Nossa equipe foi organizada de modo que o serviço não fica cansativo para ninguém. Eu digo que não trabalhamos, nos divertimos”, explica João Mota. Segundo o empresário, a principal estratégia para uma empresa se sobressair em tempos de crise é cativar o cliente, tornando-se amigo dele e compreendendo exatamente o que ele precisa, inclusive em relação ao preço que o consumidor pode pagar. “O cliente hoje gosta de qualidade, preço justo, rapidez no atendimento e sem taxa de entrega. Se ele puder aliar tudo isso a um bom atendimento, nós teremos os clientes como se fossem nossos amigos. E a gente quis fidelizar nossos clientes. Salvar o WhatsApp deles, mandar uma mensagem de bom dia, enviar as promoções. Passamos a conhecê-los, e isso nos permitiu até sugerir o lanche que vem ao encontro do que ele busca. Acredito que essa crise só poderá ser vencida se todos se unirem para enfrentá-la e isso inclui pensar no próximo como se fosse alguém da família”, diz o sócio e proprietário do Garagem Vip. SACOLINHAS COM ESTILO, ENTRE LINGERIES E ROUPAS PERSONALIZADAS Quem pensa que apenas supermercados e estabelecimentos gastronômicos se

reinventaram para continuar levando às pessoas em isolamento social aquilo que elas precisam, se engana. Lojas de roupas também criaram ou aprimoraram uma modalidade de atendimento: as famosas sacolinhas entraram em cena. Uma das lojas que aderiu à “malinha delivery” foi a La Bella.A proprietária, Priscilla Cintra, explica que, para comprar desse modo, a cliente escolhe as peças por fotos nas redes sociais, seleciona as que lhe interessa e envia para a loja, via WhatsApp. “Nós montamos uma malinha com as peças, levamos até a casa da cliente e ela pode ficar por duas horas com as roupas, tempo para provar tudo com calma. Nós temos a mala delivery desde antes de termos a loja física, quando ainda atendíamos pelo showroom e a mantivemos mesmo com a abertura da loja, pois sabíamos que havia clientes que preferiam comprar de casa”, esclarece Priscilla. Com a chegada da pandemia, as coisas mudaram de figura e, como a empresária analisa, as pessoas em quarentena, com medo de sair de casa, acentuaram essa opção de venda.“Antes do decreto fechar o comércio, nós optamos por fechar as portas, para frisar a importância de proteger vidas. Isso fez o movimento começar a cair e intensificamos a divulgação da mala. Passa-

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DELIVERY DE ROUPAS

A La Belle optou por fechar antes mesmo do decreto, frisando a importância de proteger vidas. E assim adotaram à mala com várias peças, onde os clientes podem comprar sem sair de casa.

Foto: Léo Beraldo/Cromalux

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Foto: Léo Beraldo/Cromalux

ADAPTAÇÃO

A loja Hope ficou fechada e um aplicativo para vendas foi criado em tempo recorde. Porém, mesmo com a flexibilização do comércio, o delivery veio para ficar.

dos três dias, o decreto veio e fechou tudo, mas já estávamos um passo à frente, divulgando essa nova forma de consumo: levar a loja até a cliente”, recorda. Priscilla reconhece que tem dado muito certo e as pessoas, por sua vez, estão aprendendo uma nova forma de comprar. “A pandemia ensinou um novo jeito de consumo, que é comprar dentro do conforto da sua casa. Fazer dar certo não foi tão simples. Precisei reunir meu time e refazer todos os processos , seguindo todas as normas de segurança da OMS .Precisamos higienizar todas as peças entre uma cliente e outra, higienizar a mala, sacolas, maquininha, tudo”, enfatiza Priscilla. A proprietária da La Bella pondera que essa pandemia trouxe experiências que jamais serão esquecidas, pois com os tempos difíceis é que mais aprendemos e crescemos. “A palavra-chave, que define tudo isso, pra mim é resiliência. Nós, empresários, empreendedores, autônomos, precisamos ter sempre essa capacidade de se reinventar e se adaptar às situações difíceis. Porém, além da roupa que, recém-adquirida, aguarda algum tempo até o retorno das festas e reabertura dos espaços públicos com segurança para ganharem as ruas, não se pode esquecer que há a roupa de baixo, imprescindível, ou, quando é para ficar em casa, aquele pijama confortável, bonito, que até aumenta a vontade de ficar mais na cama. A Hope São João pensou nisso também e ofereceu aos clientes seus produtos pelo sistema delivery, via WhatsApp ou aplicativo Como descreve Graziela Arruda Pio, a proprietária, tudo teve início 34

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durante a pandemia, quando a loja ficou fechada. “A criação do app foi feita em tempo recorde. Mesmo com a flexibilização do comércio, ainda temos muitos pedidos de delivery, pois muitas empresas adotaram home office e, com isso, nossas clientes não têm tempo para sair de casa. Eu acredito que o delivery veio para ficar, pois as pessoas têm cada vez menos tempo disponível para sair às compras e preferem comprar on-line”, Graziela analisa. Um detalhe que dificultou o ato de comprar roupas é que durante o período de isolamento, as pessoas só saem às ruas rapidamente, sempre de máscara e para ir a locais extremamente necessários. Isso gerou desemprego em alguns setores, levando diversas pessoas a recorrem ao auxílio emergencial, além de reduzir seus gastos. Mas comprar em bre-

chós tem se mostrado uma saída interessante nessas horas. Na Diva’s Brechó, por exemplo, o quadro de clientes é composto por pessoas das mais diversas classes sociais e idades, pois oferece peças com muito estilo e raras, impossíveis de levar quem as veste a encontrar alguém com a mesma roupa, em um evento. Mayara Pires dos Santos, vendedora do brechó, explica que a loja se divide em atendimento presencial e on-line. Em horário permitido, o espaço fica aberta ao público e, após esse período, as vendas são realizadas por WhatsApp, quem opta por essa modalidade, tem até às 18h para retirar o produto. “Logo no começo da pandemia, aderimos às vendas on-line e, claro, ao delivery. A maioria dos pedidos era para retirada na loja, dependia muito do dia. Mas em nosso caso, como são peças diversas, sem repetição de modelos e tamanhos, o pessoal preferia vir retirá-las”, justifica Mayara. O brechó pertence a empresária Amanda Alves de Mello e é fruto do maior bazar infantil do Brasil, o Cresci e Perdi. “Graças a Deus, ao longo desses anos, o Diva’s só cresce. O lema de 2020 na franquia Cresci e Perdi é ‘Reinventar-se quantas vezes for preciso!’ Essa frase foi escolhida no final de 2019, antes do mundo ‘parar’, e deu muito certo com o cenário atual. Mudamos a visão de brechó, expandimos para todos os públicos, idades e classes.”, finaliza Mayara, para quem a maior fonte para superação é a perseverança é a vontade de fazer acontecer; ter foco e nunca pensar em desistir. A

REIVENÇÃO

A empresária Amanda Alves de Mello explicou que o lema de 2020 na franquia é ‘Reinventar-se quantas vezes for preciso!’ A frase foi escolhida em 2019, antes do mundo ‘parar’, e deu muito certo com o cenário atual.

Foto: Léo Beraldo/Cromalux


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voluntariado

Foto: Ana Laura Moretto

Engajados por um futuro melhor Jovens da região se mobilizam em torno de causas sociais e ambientais, buscando transformar realidades. POR JEFERSON BATISTA

Por acreditarem na possibilidade de uma sociedade mais justa, jovens da região de São João da Boa Vista estão engajados em causas socioambientais. Ativistas e voluntários transformam suas atividades em organizações não-goverrnamentais (ONGs) em propósitos de vida, colocando em primeiro lugar a coletividade. O interesse pela natureza levou Natan Batissoco, 22 anos, a integrar o Greenpeace, instituição global que atua em defesa do meio ambiente por meio de intervenções não violentas para conscientizar a sociedade sobre a questão ambiental. “Dentro da organização, sinto-me inspirado em colaborar por um lugar mais verde e justo, por igualdade e pelas nossas florestas”, afirma Batissoco, que divide suas ações na 36

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ONG com o trabalho de auxiliar de serviços gerais, na Prefeitura de São João da Boa Vista. Valores semelhantes também inspiram a professora de História, Aliny Ronchi Leme, 28 anos, a integrar a Anistia Internacional, movimento global com mais de três milhões de apoiadores, membros e ativistas, que atuam para proteger os direitos humanos. “Ser uma ativista dos direitos humanos reflete quem sou e o que penso sobre como deve ser uma sociedade justa e democrática. É questão de humanidade e de cidadania”, diz. As necessidades mais urgentes precisam ser atendidas ao mesmo tempo em que as soluções duradouras devem ser apresentadas pelo Estado, bem como por toda a sociedade. Diante disso, voluntários buscam desenvolver ações para oferecer o básico para inúmeras famílias.

A ONG VOA, criada em abril de 2019, tem como objetivo ajudar crianças, idosos, pessoas em situação de rua que precisam de roupas, calçados e alimentos. “Tendo o altruísmo como norte, nós surgimos no sentido de tentar mudar essa realidade e mostrar que é importante acolhermos e levar dias melhores pra essas pessoas que acabam sendo invisíveis aos olhos da sociedade”, explica o fundador da organização, Tarcísio Munhoz Guarnieri, 25 anos. As populações indígenas, muitas vezes marginalizadas e vítimas, inclusive de preconceito, são o foco da ONG Univida, onde atua o psicólogo Thales Frazão, 30 anos. Para ele, se engajar em questões sociais e ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade são ações que fazem parte de sua vida. >


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Foto: Divulgação

TRANSFORMANDO A REALIDADE Criada há 10 anos, a ONG da qual Frazão faz parte realiza missões em aldeias em Dourados (MS) e Amazônia, levando jovens universitários brasileiros a conhecerem uma nova maneira de entender o mundo. “Atuamos com profissionais da saúde e outras áreas e estudantes de cursos de graduação. Somos uma equipe grande, trabalhando em apenas um propósito: levar os direitos humanos a lugares e povos esquecidos”, explica o psicólogo. A ONG VOA, que conta com 75 associados de toda a região, tem realizado o projeto Ação Voando Baixo. “Já realizamos essa atividade com idosos e crianças carentes, e sempre é muito especial, pois disponibilizamos um dia inteiro de atividades diversas para assistir, entreter e informar, fornecendo toda a estrutura necessária, amparada por profissionais gabaritados em múltiplas áreas de atuação”, explica Munhoz, que também é servidor público. Em São João, a Anistia Internacional está em fase de estruturação e conta com cinco ativistas permanentes. “Podemos participar de mobilizações nas ruas, sempre na pauta dos direitos humanos, como,

Foto: Divulgação

por exemplo, a Parada LGBT”, explica Leme. Por sua vez, Batissoco, do Greenpeace, conta que na cidade os ativistas estão, neste momento, trabalhando para promover o debate sobre a construção de ciclovias. Além disso, a ONG faz campanhas de preservação ambiental, realizando palestras e minicursos em escolas da região, além de buscar manter diálogo com os governos e empresas locais. “Trabalhar em São João tem sido bem gratificante”, conclui. A

Foto: Divulgação

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esportes

Formando campeões Ao longo desses anos, o professor Cássio Germinari tem se destacado por revelar novos talentos. POR BRUNO MANSON

Seriedade, comprometimento e disciplina. Estes são os elementos utilizados pelo professor Cássio Germinari na formação de alunos nas escolinhas de futebol em que atuou ao longo de sua carreira. Com 36 anos, e dono de uma personalidade forte, o treinador tem sido responsável por formar verdadeiros campeões – dentro e fora dos gramados –, revelando talentos que têm brilhado em grandes clubes do Brasil. Assim como muitos garotos, a paixão dele pelo futebol começou na infância. Aos seis anos, entrou para a escolinha do Centro Social Urbano (CSU) Miguel Jorge Nicolau, no bairro DER. Logo em seguida, integrou a equipe do Palmeiras Futebol Clube e, aos 14 anos, por meio de uma indicação, foi convidado para fazer parte das categorias de base do União São João de Araras (SP), onde permaneceu de 1998 a 2002. “Após esse período me profissionalizei, atuando em diversas equipes até 2004, quando sofri uma lesão e encerrei a carreira de jogador”, recorda. No entanto, o amor pelo esporte falou mais alto e Cássio foi estudar Educação Física no Instituto Federal Sul de Minas, campus de Muzambinho (MG). Com a graduação, uma nova oportunidade surgiu, em 2011, no Palmeiras F. C., desta vez, não como aluno, mas como professor. Lá, além da academia, ele ministrou aulas de treinamento funcional, futsal e futebol até 2019, quando o clube encerrou suas atividades. Os resultados positivos obtidos junto às equipes que treinou ao longo desses anos renderam-lhe o convite para o Projeto JCN / Oratório Padre Donizetti, onde prossegue atualmente com seu trabalho. Paralelamente, também atua como professor de futebol do Clube de Campo Caco Velho, em Espirito Santo do Pinhal (SP), e é sócio proprietário da Academia Life Fit Saúde & Performance.

METODOLOGIA Durante todo esse período como treinador, Cássio e seus alunos conquistaram vários títulos importantes, como na Taça São João de Futebol do Interior Paulista - Brasil – a antiga Taça Internacional de Futebol – e em campeonatos regionais de futsal e futebol. “Sempre conseguimos formar uma base e dar sequência nela, com um trabalho sério, porém, nunca deixando de lado a parte lúdica, já que estamos lidando com crianças”, explica. “Essa união de seriedade e brincadeiras faz toda diferença no processo de formação desses alunos”, destaca o professor. O resultado de toda esta metodologia de treino tem refletido não só nos campos, mas também na carreira dos jovens jogadores. “Diversos deles tiveram oportunidades de ingressar em grandes times. Recentemente, em um curto período de tempo, tivemos cinco garotos aprovados em equipes tradicionais do estado de São Paulo”, afirma. Todo este trabalho é motivo de grande orgulho para o treinador, que se sente bastante emocionado em fa-

zer parte da história de cada um desses talentos. “É uma sensação é de dever cumprido. A maioria dos garotos que ingressam no futebol tem o sonho de ser jogador, porém, sabemos de todas as dificuldades que irão encontrar nesse caminho. Temos uma responsabilidade muito grande em saber lidar com essa situação e controlar tudo isso, mas tem dado tudo certo até o momento”, diz. MOMENTOS DE EMOÇÃO Para Cássio, todos os momentos vivenciados ao lado de cada um de seus alunos são marcantes, porém, existem duas ocasiões que lhe deixam bastante sensibilizado. “Os treinos, os jogos, as viagens, os alojamentos, as brincadeiras, as broncas, as vitórias, as derrotas e os títulos. Cada ocasião tem sua parcela de importância, mas há dois os momentos em especial que me emocionam muito. O primeiro é ver aqueles garotos que treinaram, sempre se dedicaram, porém, não conseguiram ter a oportunidade de se tornarem jogadores, estarem bem na vida, estudando, trabalhando, se tornando

Foto: Arquivo pessoal

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Otávio Viana/Arquivo pessoal

homens de bem”, revela. “O segundo momento é ver os alunos que conseguiram realizar seus sonhos se tornando jogadores. Poder assistir um jogo deles pessoalmente ou pela tv, poder olhar e admirá-los a cada segundo comemorando gols e títulos, ver os sorrisos estampados em seus rostos, sentir a felicidade deles e, o mais importante, saber que conseguiram passar por vários obstáculos para chegarem onde estão, sempre com sabedoria e paciência”, completa o professor. CONQUISTANDO TÍTULOS PELO SÃO PAULO Uma dessas revelações é Cauê Caruso Alves. Quando criança, começou a treinar na Sociedade Esportiva Sanjoanense (SES) e, logo em seguida, foi para o Palmeiras F. C., onde conquistou vários títulos e recebeu um forte impulsionamento em sua carreira. Durante sua trajetória no clube alvinegro, ele chamou atenção de um olheiro e foi convidado para fazer uma avaliação no Sport Club Internacional, de Porto Alegre (RS). Ao ser aprovado, o jovem jogador foi desbravar os gramados do Sul. Ficou por seis meses no Inter e depois foi contratado pelo Figueirense Futebol Clube, de Florianópolis (SC), onde permaneceu por quase um ano. Logo em seguida, Cauê foi jogar no Esporte Clube Primavera, de Indaiatuba

Valter J. B. Domingues Júnior/Arquivo pessoal

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(SP), ocasião em que teve a oportunidade de disputar a Copa São Paulo Júnior, em 2019. Este campeonato foi um grande divisor de águas em sua vida, uma vez que lhe abriu portas para o São Paulo Futebol Clube. Com uma grande atuação no tricolor paulista, ele assinou seu primeiro contrato profissional e sagrou-se vice-campeão da Copa do Brasil e campeão paulista Sub 17 – ambos os títulos pela categoria Sub 17. “Sou muito agradecido por tudo que já vivi e ainda mais grato por todas as oportunidades e experiências de vida que o futebol já me proporcionou”, conta. REVELAÇÃO Valter José Bueno Domingues Júnior sempre sonhou em ser jogador de futebol. Durante a infância, já mostrava intimidade com a bola e, aos nove anos, começou a treinar em uma escolinha em Mogi Mirim (SP). Posteriormente, passou em uma avaliação do São Paulo, na Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB) e começou a ser monitorado pelo tricolor. Com o monitoramento encerrado, Valtinho foi para o Palmeiras F. C., onde conheceu Cássio e teve a oportunidade de se aperfeiçoar. Devido ao seu desempenho no clube sanjoanense, ele foi aprovado em uma avaliação no Red Bull Brasil em 2018. No mesmo ano, foi emprestado para jogar o Campeonato Paulista pelo Audax na categoria Sub 13. Durante as férias, o jovem jogador representou o Palmeiras F. C. na Taça São João de Futebol de 2019, sendo o artilheiro da competição pelo clube alvinegro. Sua performance chamou atenção de Wagner Ribeiro, um dos empresários mais importantes do futebol nacional, que agendou uma avaliação no São Paulo. Valtinho foi aprovado e hoje é tido como um dos nomes promissores do tricolor paulista. TRAJETÓRIA DE SUCESSO Caio Cesar Amorim Hila começou a jogar futebol aos seis anos e passou por várias escolinhas de futebol de São João da Boa Vista. Durante sua trajetória, ele conheceu o treinador Cássio na escolinha do ex-jogador Paulo César Vieira Rosa, o conhecido Paulinho McLaren. Com 12 anos, o jovem jogador começou a ser monitorado pelo São Paulo. Já, aos 15 anos, acabou sendo escalado para a Associação Atlética Internacional de Limeira. Anos mais tarde, seu desempenho

no gramado chamou atenção da A. E. Velo Clube, de Rio Claro (SP), que lhe contratou. Mas sua carreira estava só começando. Aos 19 anos, Caio foi para Salvador (BA), defender o Esporte Clube Bahia, onde se aperfeiçoou ainda mais. Pouco tempo depois, ele se mudou para o Sul para defender o Internacional, onde segue atualmente aprimorando suas jogadas. FUTEBOL NO SANGUE Lucas Florêncio Manso começou a jogar aos oito anos em um projeto social que se chamava Juventude. Posteriormente passou pelas escolinhas da SES e do Palmeiras F. C., onde se tornou aluno de Cássio. Ao defender o Lobo da Vila na Taça São João de Futebol, ele despertou a atenção de um olheiro e teve sua primeira oportunidade no Paulista F. C., de Jundiaí (SP). Lucas atuou no clube de 2015 a 2017, participando de três edições do Campeonato Paulista e sagrando-se campeão em um torneio intercontinental em Portugal. Em 2018, o jovem foi jogar para o Sudet Jalkapallo, na Finlândia, onde também foi campeão pela terceira divisão do país. No ano seguinte, ele retornou ao Brasil e foi contratado pelo Velo Clube, quando atuou em mais um Campeonato Paulista pela categoria Sub 20 e também na Copa São Paulo de Futebol Júnior 2020. Logo após a competição, surgiu uma oportunidade de avaliação no Fortaleza Esporte Clube, no Ceará, local que atualmente tem contrato profissional assinado para um ano e três meses. Mateus Manso, irmão mais novo de Lucas, nasceu na Finlândia, mas se estabeleceu em São João com um pouco mais de um ano. Por influência da família, começou a jogar muito cedo. Disputou muitos campeonatos cidade. Aos nove anos era destaque no Palmeiras F. C, e por isso par-

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nuou como goleador. Aos 10 anos, Otávio ingressou na escolinha do Palmeiras F. C., onde treinou com Cássio. Nesta época, ele atuava como zagueiro e teve uma expressiva na Taça São João de Futebol, atraindo atenção dos observadores de grandes times. Com o apoio de Wagner Ribeiro, realizou seu primeiro teste junto ao Corinthians, onde foi aprovado e prossegue brilhando nos gramados.

Cauê Caruso Alves/Arquivo pessoal

Caio C. A Hila /Arquivo pessoal

Victor H. D. Adão /Arquivo pessoal

Matheus H. D. Oliveira/Arquivo pessoal

ticipou de uma peneira no São Paulo, foi aprovado e monitorado até os 14 anos. Em outubro deste ano, aos 16 anos, Mateus assinou o primeiro contrato profissional com o São Paulo, que vai até setembro de 2023. Os irmãos Lucas e Mateus seguem os passos do pai, Marco Manso, que também foi atleta profissional. JOVEM TALENTO Matheus Henrique Domingues Oliveira começou a jogar futebol com seis anos. Aos sete, foi para o Palmeiras F. C., onde participou dos treinos com o ex-jogador profissional João Batista Bento, o conhecido Chaléu. Integrando a equipe de base do clube, aos nove, o garoto começou a treinar com Cássio e a representar o Lobo da Vila nas competições. E foi em um desses campeonatos – a Taça São João de Futebol – que seu destino ganharia um novo rumo. Sob o olhar atento de Wagner Ribeiro, o jovem jogador chamou atenção dos olheiros de três times: Corinthians, Athletico Paranaense e Fluminense. Contudo, foi no clube alvinegro paulista que ele se deu bem. Matheus está lá até hoje, esbanjando talento e fazendo aquilo que

mais gosta: jogar futebol. CARREIRA PROMISSORA Otávio Henrique Benedicto Viana começou a se destacar aos sete anos no futebol. Participou da escolinha de base do Santos Futebol Clube, onde jogou pela categoria Sub 8, sempre mostrando rapidez, versatilidade e precisão nos passes. Iniciou como atacante e conquistou diversos troféus de artilharia nesta época. Posteriormente foi para o São Caetano, onde conti-

LUTANDO PELO SONHO Natural de Espírito Santo do Pinhal, Victor Hugo David Adão começou a treinar aos quatro anos na escolinha Arena Pinhal Society. Dois anos depois, o garoto foi jogar futsal pela escolinha da prefeitura local, onde disputou alguns campeonatos, se destacando como artilheiro. Com 10 anos, ele participou da primeira peneira, onde foi aprovado, porém, acabou sendo dispensado na segunda fase. Após isso, o jovem talento foi escalado para jogar na categoria Sub 11, da Inter de Limeira, mas não permaneceu por muito tempo, devido à logística e às condições financeiras na época. Mesmo assim, Victor não desistiu de seu sonho e prosseguiu com os treinos em sua cidade natal. Com o passar do tempo surgiu uma oportunidade para jogar no JCN, em São João da Boa Vista, ocasião em que conheceu o professor Cássio. Aos poucos, o garoto foi se destacando nas competições, o que chamou a atenção do treinador e também de Wagner Ribeiro. A partir daí, ele foi fazer um teste no Corinthians, permanecendo duas semanas treinando na equipe de base e sendo aprovado para integrar o time. A

Mateus Manso e Lucas Manso/Arquivo pessoal

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cotidiano

Eternizando a natureza e as belezas da roça Em meio ao seu trabalho no campo, o lavrador Luís Henrique Leite tem mostrado um talento especial ao fotografar. Foto: Arquivo pessoal/ Luis Leite

POR BRUNO MANSON

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A rotina nas lavouras, as paisagens naturais, os prédios históricos e uma variedade de animais silvestres da região são alguns dos exemplos eternizados por meio das lentes do lavrador Luís Henrique Leite. Com 49 anos, ele concilia seu hobby pela fotografia com o trabalho no campo, em Vargem Grande do Sul (SP). Entre uma pausa e outra para o descanso, o trabalhador rural captura imagens surpreendentes e eterniza momentos do dia a dia na roça. Tamanho talento e percepção fotográfica tem chamado atenção nas redes sociais e até mesmo já foi tema de reportagem do programa Terra da Gente, produzido pela EPTV, afiliada da Rede Globo. Natural de São Paulo (SP), Luís cresceu no Sul de Minas Gerais, morando durante toda sua infância e juventude em diversas fazendas, o que fomentou sua paixão pela natureza e a vida no campo. Com o passar dos anos, veio para Tapiratiba (SP) e, posteriormente, mudou-se para Vargem Grande do Sul, onde vive com sua família até hoje.

volver sua percepção para a fotografia. “Quando voltava da escola, eu ficava olhando os casarões, as igrejas antigas, as paisagens, a natureza”, contou o trabalhador rural. Neste período, ele chegou a completar o Ensino Fundamental e parou. O lavrador somente retomou os estudos depois de casado, quando concluiu o Ensino Médio.

OLHAR FOTOGRÁFICO Ao longo da vida, Luís sempre trabalhou na lavoura. Para se ter ideia, com apenas sete anos de idade já ajudava os pais na roça. Nesta época, dividia o tempo com os estudos e foi aí que descobriu uma nova paixão: a leitura. “Sempre gostei muito de ler. Sempre fui ligado em livros, histórias em quadrinhos, História do Brasil e em geral. Uma das matérias preferidas minhas na escola era História”, recordou. E era no caminho do colégio que, mesmo sem perceber, começou a desen-

PELAS REDES SOCIAIS Luís começou a fotografar há sete anos, quando estava a trabalho em Sacramento (MG). Assim que entrou nas redes sociais, ele começou a se maravilhar e a compartilhar publicações de outras pessoas. Ao adquirir um celular, o lavrador começou a fazer algumas fotos e a postar em seu perfil. “Ficava muito a trabalho lá e, por ser uma cidade histórica, ficava pelas ruas fazendo fotos com o celular”, comentou. Tempos depois, o trabalhador rural adquiriu uma câmera fotográfica

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usada e foi aprimorando seu talento. “Fotografia a gente aprende todo o dia. Você vai aprimorando todo o dia”, observou. Aos poucos, suas fotos começaram a ganhar repercussão nas redes sociais e atraindo seguidores. Para se ter ideia, uma internauta de Jaú (SP), ao tomar conhecimento do trabalho do lavrador, lhe presenteou com uma câmera mais moderna. “Ela ficou sabendo que eu queria comprar uma câmera, mas não poderia pagar muito caro, pois estava desempregado”, lembrou. Atualmente Luís tem um acervo com mais de 20 mil fotos, tendo a natureza e os animais como sua principal inspiração. Mamíferos, répteis e anfíbios estão entre alguns dos exemplares registrados por suas lentes. No entanto, o ele não esconde sua admiração pelos pássaros. Até o momento, o lavrador já fotografou cerca de 250 espécies de aves da fauna regional. O trabalhador rural conta que a ad-

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Foto: Arquivo pessoal/ Luis Leite

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miração surgiu logo em sua minha primeira passarinhada – um passeio realizado em grupo, com o intuito de fotografar aves. “Fotografei com os companheiros um picapauzinho-anão. É um bicho comum, mas aquilo para mim foi um verdadeiro troféu, pois foi o primeiro pássaro que fotografei em uma passarinhada oficial”, disse emocionado.

Foto: Arquivo pessoal/ Luis Leite

RARIDADE Em meio às aventuras em busca do clique perfeito, Luís destaca a foto que tirou de um pato-mergulhão na Serra da Canastra, em Minas Gerais. Foram dois anos tentando obter imagens da ave, que está ameaçada de extinção. Em 2018, ele e seus colegas permaneceram por três dias na região, mas não obtiveram êxito. Já em julho do ano passado, o grupo retornou ao local e o lavrador conseguiu fazer o registro fotográfico do ‘embaixador das águas brasileiras’. “Fotografar um pato-mergulhão é como ganhar um troféu, pois o bicho é raro e se encontra ameaçado de extinção”, declarou. MOMENTO MARCANTE Outro momento especial que recorda com emoção é quando foi fotografar um canário, isso enquanto ainda morava em Sacramento. O pássaro havia pousado no retrovisor de sua moto e ele se posicionava para fazer o registro, de modo que aparecesse refletida no espelho. Enquanto mirava o foco, a ave lhe encarou firmemente, o que lhe marcou profundamente. “Essa foto tem um significado muito grande para mim, pois simboliza um retorno. Um agradecimento do bicho que está sendo fotografado. Isso é muito legal”, explicou. REGISTRANDO A HISTÓRIA Além da natureza, Luís também gosta de fotografar casarões, igrejas e monumentos ligados à História. Entre seu acervo está a antiga estação de trens de Jaguara, inaugurada em 1888, em Sacramento. Construído em estilo inglês, o local já foi considerado símbolo de prosperidade econômica e hoje se encontra totalmente abandonado. “Fotografia é uma criação. É um filho. Cada foto feita tem uma história, um fundamento, o porquê você fez. Ela te traz uma magia”, destacou o lavrador. “A gente que fotografa, passa a ver a beleza em tudo. Eu costumo falar que tudo dá uma fotografia. Uma nuvem dá uma fotografia, desde que você mescle a imagem com uma árvore, uma pedra, com um mourão de cerca ou uma moita de capim para dar a silhueta, por exemplo”, afirmou. UM DOM Companheiro fiel dos passeios fotográficos, seu neto Neto Miguel Leite Dias, de 11 anos, também acaba se tornando ‘modelo’, ainda mais durante o pôr do sol. E o resultado encanta e surpreende pela simplicidade e beleza das imagens obtidas. “Nunca fiz nenhum curso. Costumo dizer que a fotografia para mim foi um dom de Deus. É Deus que direciona meu olhar sempre que eu vou fotografar”, revelou. Como também fotografa cultos religiosos e missas, Luís confessa que sempre pede a bênção divina. “Peço orientação para Deus, que direcione meu olhar. E Ele tem me abençoado muito”, finalizou. A 48

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Foto: Arquivo pessoal/ Luis Leite

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nossa região

Solidariedade em meio às chamas Voluntários se uniram para enfrentar os incêndios que atingiram Águas da Prata e a Serra da Paulista, mostrando que a união e a cooperação fazem a diferença.

POR BRUNO MANSON

O aumento das queimadas proporcionou este ano um dos episódios mais tristes já vistos em todo Brasil. Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram que, desde o Sul ao Norte, todos os biomas brasileiros foram afetados pelo fogo. Para se ter ideia, o Estado de São Paulo registrou aumento em 96% de incêndios este ano. A região de São João da Boa Vista também sofreu – e ainda tem sofrido – com as queimadas. No início de setembro, uma verdadeira força-tarefa foi feita para conter as chamas que atingiam o Parque Estadual de Águas da Prata e a

Serra da Paulista, praticamente ao mesmo tempo. Tamanha proporção dos fogos mobilizou bombeiros, brigadistas e um grande número de voluntários. Eram estudantes, moradores locais, produtores rurais e diversas pessoas das mais variadas profissões que se sensibilizaram e foram até os locais atingidos para somar forças às equipes anti-incêndios. Assim que as primeiras notícias ganharam destaque na mídia, o policial militar aposentado Antonio Donizeti Leonardi não pensou duas vezes e se uniu às equipes que atuavam em Águas da Prata. Com 58 anos de idade, ele nunca vivenciou tamanha calamidade. “Me sensibilizei ao ver as fotos do incêndio nas redes so-

ciais e também em ver a grande proporção de fumaça que tomava toda serra, além do que em saber da importância do ecossistema que estava sendo destruído”, contou. “Apesar de ter exercido a profissão de policial militar por mais de vinte anos, não tinha participado de combate a incêndio desta proporção”, afirmou o voluntário. Antonio atuou especificamente em fazer aceiros ao redor dos focos e no combate direto às chamas com água, utilizando um pulverizador costal. Tudo sempre supervisionado por um brigadista ou algum integrante do Corpo de Bombeiros. “O horário de atuação era ininterrupto e consistia em sistema de revezamento entre as equipes e, particularmente, no meu

OS MAIORES DA HISTÓRIA

O incêndio atingiou o Parque Estadual, em Águas da Prata, e também a Serra da Paulista, em São João da Boa Vista (SP): as chamas só foram controladas após 15 dias de combate. A Polícia Civil instaurou dois inquéritos para apurar as causas da tragédia. Foto: Divulgação / Corpo de Bombeiros

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Foto: Divulgação / Polícia Militar do Estado de São Paulo

caso como voluntário, seguia até o esgotamento físico”. ‘UM MISTO DE RAIVA E TRISTEZA’ Ao recordar os dias de trabalho, o aposentado falou sobre como se sentiu diante da gravidade do incêndio. “A primeira reação que tive foi de impotência, tamanha a força do fogo em destruir. Foi a pior experiência que tive na vida. Um misto de raiva e tristeza”, confessou. “O que marcou mais foi quando adentrei à mata e vi a destruição que lá acontecia. Ver as árvores queimando e ouvir os animais gritando desesperados foi algo estarrecedor”, lembrou emocionado. Após toda essa experiência assustadora, ele faz uma reflexão. “A lição que trago comigo é que se não preservarmos a natureza, nós seres humanos estaremos nos condenando à nossa extinção”, advertiu. SUPERANDO DIFICULDADES A ONG Vivendo o Altruísmo (VOA) também atuou durante os incêndios ocorridos. Para o diretor Danilo da Silva Borges, trabalhar como voluntário foi uma

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experiência gratificante, mas, ao mesmo tempo, foi muito triste. “Posso dizer que foi uma mistura de emoções. A angústia e tristeza de ver a mata queimando, o medo constante em acontecer algum acidente comigo e com a equipe e, ao mesmo tempo, a felicidade em presenciar e fazer parte das conquistas diárias no combate ao fogo, como por exemplo a chegada das máquinas, aviões e helicópteros e controle das chamas. E por fim, por fazer parte da diretoria da ONG Voa na qual trabalhamos para despertar o altruísmo, foi gratificante ver o engajamento da população se voluntariando para enfrentar o fogo e doan-

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do os mantimentos necessários”, declarou. Segundo ele, a principal dificuldade enfrentada pelas equipes foi o acesso aos locais de incêndio, devido ao relevo montanhoso da região. Outra dificuldade foi a comunicação, uma vez que o sinal de internet é muito fraco ou inexistente nas áreas atingidas, o que atrapalhava o envio da localização dos focos para a realização do combate aéreo.

LUTA CONTRA AS CHAMAS

Além dos Bombeiros e homens da Defesa Civil Estadual, voluntários civis e brigadistas de empresas de São João, Águas da Prata e até Poços de Caldas (MG) trabalharam na contenção às chamas. Apesar do empenho dos envolvidos, o fogo continuou a queimar por vários dias.

CARA A CARA COM O FOGO Um dos momentos mais marcantes e perigosos presenciados por Danilo ocorreu em um domingo à noite em Águas da Prata. “Eu estava em uma estrada de terra próxima a mata do bosque e de propriedades rurais, a qual continha uma plantação de eucaliptos. As labaredas eram muito grandes e partiam em direção aos eucaliptos e a uma propriedade com muita velocidade. Realizamos um pequeno aceiro devido à falta de maquinário. Diante do fogo que se aproximava, sabíamos que isso não era o suficiente e pensamos que não conseguiríamos impedir o fogo de se espalhar. Estávamos desesperançosos”, recordou. Contudo, o alastramento pôde ser evitado com a chegada de reforços. “Chegou uma máquina enviada pela Prefeitura de São João da Boa Vista, nos dando condições de fazer um aceiro adequado. Em seguida, o Corpo de Bombeiros conseguiu nos enviar um caminhão-pipa e evitamos que o incêndio se propagasse”, disse o voluntário. "Esse momento me marcou muito também, pois vi alguns animais como lobos, cobras, ratos-do-mato e insetos fugindo desesperadamente do fogo”, completou. >

Fotos: Divulgação / Corpo de Bombeiros / Governo do Estado de São Paulo

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Foto: Reprodução / Redes Sociais

TRABALHO NOTURNO

Durante a noite, máquinas e voluntários se revezavam no combate aos incêndios por meio da realização de aceiros, que são faixas onde a vegetação é completamente removida da superfície do solo para prevenir a passagem ou propagação do fogo.

CAMPANHA Visando colaborar em futuras ações anti-incêndios, a ONG VOA iniciou uma campanha para arrecadar fundos para a compra de botas ao efetivo do Corpo de Bombeiros. Para mais informações sobre a ação, basta acessar as redes sociais da instituição.

muito difícil o combate devido às árvores próximas, galhos, folhas, tocos no chão e piso irregular. Além disso, havia árvores com fogo em seu interior, o que era impossível apagar”, relatou a voluntária, que também é vice-presidente da Associação Amigos da Serra da Paulista. MOBILIZAÇÃO Apesar de todo o terror causado pelas chamas, Maria Luísa conta que ficou impressionada com tamanha solidariedade que a causa despertou. “Foi muito bonito ver pai e filho, amigas e amigos, todos querendo ajudar. Muitos ajudaram. Foi impressionante mesmo”, disse. “Foi muito cansativo, mas conseguimos conter o fogo para não avançar. Jovens trabalhadores rurais foram essenciais para conter as chamas que ameaçavam a mata da Fazenda Monte Alegre”, recordou a arquiteta. “Na noite anterior não dormimos. Descemos a serra e encontramos moradores rurais locais terminando apagar o fogo que já tinha queimado a Fazenda Rio Claro. Se não fossem eles, com calma e experiência, a tragédia seria bem maior”. COOPERAÇÃO Para a vice-presidente da Associação Serra da Paulista, a cooperação de todas as pessoas envolvidas foi fundamental para combater o incêndio. “Foi muito duro.

“FOI UMA SEMANA SEM DORMIR” A arquiteta e produtora rural Maria Luísa Borges Sorbello esteve como voluntária nas ações anti-incêndios realizadas na Serra da Paulista. “Foi uma decisão que tomei quando vi o fogo se espalhando muito rapidamente. Fui à Fazenda Curral de Pedra, onde a organização estava centralizada. Lá chegando me ofereci e acompanhei uma caminhonete com voluntários e bombeiros para combater o fogo numa área, formada de um lado por eucaliptos e de outro por mata nativa”, comentou. “A experiência foi tensa. Muita fumaça, olhos lacrimejando, exigia força física e equipamentos. Estava com minha bomba costal e um abafador cedido pelos bombeiros. Foi REVISTA ATUA | NOVEMBRO DE 2020

BRIGADAS Com este episódio, um grupo de voluntários se uniu e formou a Brigada do Barranco. Além de atuar em ações anti-incêndios na região, eles pretendem também atuar no desenvolvimento de atividades socioambientais e de prevenção às queimadas. Para ajudar no custeio de equipamentos e outros gastos, uma vaquinha online foi criada para arrecadar doações. A campanha pode ser conferida no link www.vakinha.com.br/vaquinha/ equipamentos-para-brigada-do-barranco-combatentes-dos-incendios-florestais-que-vem-ocorrendo-em-nossa-região. Além destes voluntários, um grupo de mulheres sentiu a necessidade de ajudar e criou a Brigada da Roça. Bastante ativas, elas pretendem trazer instrutores para formar brigadistas voluntários. A

ÁREAS COMPLETAMENTE DESTRUÍDAS

Segundo a Defesa Civil do Estado, o fogo destruiu 500 hectares em São João da Boa Vista, 165 hectares em Vargem Grande do Sul e 20 hectares da área de reserva na Serra da Paulista em Águas da Prata. Foto: Divulgação / Corpo de Bombeiros

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Tive momentos de choro e desânimo. Foi uma semana praticamente sem dormir, vendo o fogo se aproximar. Sem chuva, se não fosse a união de todos – empresários, políticos, gente comum, rurais, enfim, todos ali, sem títulos ou nomes –, não teríamos conseguido!”, frisou. “Este fato serviu para mostrar que ainda somos seres que se sensibilizam com a tragédia. Temos espírito de cooperação e união. Somos, a maioria, movidos por solidariedade e compaixão”.


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Nossa torcida... Nossa torcida

Helena Veste Conjunto e Bolsa Petit Cherie e sandรกlia Tip Toey Joey para Cada Passinho, Manoela Veste Vestido e Bolsa Petit Cherie e Sapatilha Tip Toey Joey para Cada Passinho.

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Lucca Veste Bata Oliver, Bermuda Calvin Klein e Sapatênis Klin para Cada Passinho, Sophia Veste Vestido Vanilla Cream e Sandália Menina Rio para Cada Passinho, Mariana Veste Vestido Vanilla Cram e Tênis Converse para Cada Passinho.

para um ano novo lindo...

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Valentina Veste Vestido Petit Cherie e Sandália Pampili para Cada Passinho, Sophia Veste Vestido Petit Cherie e Sandália Gambo para Cada Passinho, Benjamin Veste Camisa e Bermuda Oliver e Sapatênis Gambo para Cada Passinho.

muito feliz e... 60

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repleto de sorrisos...

Theo Veste Conjunto e Camisa Luc Boo e Sandรกlia Tip Toey Joey para Cada Passinho, Enzo Veste Conjunto Oliver e Sandรกlia Klin para Cada Passinho.

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João Vitor Veste bata Oliver, Bermuda Colcci e Sapatênis Gambo para Cada Passinho, Brielly Rosa Veste Conjunto Luluzinha e Sandália Menina Rio para Cada Passinho.

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Maria Vitória Veste Conjunto Petit Cherie e Tênis Diversão para Cada Passinho, Gabriel Veste Camiseta Polo Calvin Klein, Bermuda Oliver e Slip Converse para Cada Passinho.

...e cheio de luz!

Rua Benedito Araújo, 155 Centro São João da Boa Vista – SP

(19) 3631-2755

(19) 99951-1629

Fotos: Babi Marques Fotografia

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culinária

Tilápia com tomatinhos confitados e espinafre INGREDIENTES • 1 quilo de filé de tilápia (grandes) • 1 cebola picada • 3 dentes de alho amassados • 2 colheres de sopa de vodca ou vinho branco seco • 2 xícaras (400ml) de creme de leite fresco • 1/2 xícaras de queijo parmesão ralado fino • 350g tomatinhos cereja • 6 tomates maduros • sal e pimenta a gosto • 2 xícaras de folhas de espinafre MODO DE PREPARO Lavar o filé de tilápia, secar com papel toalha e reservar. Colocar os tomatinhos em uma assadeira, regar com azeite, sal e pimenta do reino, pitada de açúcar, colocar as ervas por cima e levar ao forno pré aquecido a 180º graus por 20 minutos. Reservar. Cortar os tomates grandes ao meio, retirar as sementes, colocá-los em uma assadeira com a pele para cima e levar ao forno por 10 minutos ao lado dos tomatinhos. Passado esse tempo, virar

os tomates, (retirar qualquer água que se formou na assadeira), regar com azeite, salpicar sal, pimenta do reino, pitada de açúcar e as ervas. Voltar ao forno por mais 15 minutos ou até ficar confitado sem queimar a pele. Reservar. Aquecer uma frigideira, colocar 5 colheres sopa azeite. Salpicar de sal e pimenta o filé de tilápia (1 ou 2 por vez), fritar por 2 minutos de cada lado. Retirar e deixar ao lado em uma assadeira. Retirar o excesso de azeite da frigideira e adicionar a cebola picada e alho amassado. Quando estiver começando a dourar adicionar a vodca e mexer até secar completamente (muito rápido). Em seguida colocar o creme de leite, mexer, adicionar os tomatinhos cereja e em seguida o queijo parmesão ralado. Mexer. Acertar o sal e pimenta. Deixar ferver por 3 minutos e adicionar as folhas de espinafre. Quando começarem a murchar, voltar os filés para a panela e decorar com os tomates assados. Servir imediatamente. RECEITA INDICADA POR:

Malph Peixes

Telefone: (19) 99879-5138 Instagram: @malphpeixes

Foto: Amanda Leonardi/ Unifae

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culinária Foto: Amanda Leonardi/ Unifae

Ceviche de tilápia INGREDIENTES • 500g de filé de tilápia • 5 limões • 1 cebola roxa grande • 1 pimenta Dedo de Moça • 2 colheres de chá de gergelim • folhas de salsa • 50 ml leite de coco (opcional) • sal a gosto MODO DE PREPARO Faça pequenas tirinhas do filé. Fatie a cebola bem fina. Descarte as sementes da pimenta, fatie bem fina. Coloque o peixe, a cebola e a pimenta em um recipiente, acrescente o sal e misture. Acrescente o suco dos limões e leve para a geladeira por 1 hora. Na hora de servir, acrescente o leite de coco, a salsa, 66

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o gergelim e um fio de azeite. Sirva com torrada, pão ou bolachas salgadas. VOCÊ SABIA? Os peixes são grandes fontes de proteínas e podem ser usados para substituir as carnes e o frango da dieta. As proteínas são nutrientes importantes para a formação da massa muscular, dos cabelos, da pele, das células e do sistema imunológico, sendo um nutriente essencial para a saúde.

RECEITA INDICADA POR:

Malph Peixes

Telefone: (19) 99879-5138 Instagram: @malphpeixes


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cultura

Exposição fotográfica resgata a história de São João da Boa Vista Produzido por alunos da Unifae, projeto revisita espaços importantes da cidade. POR ALÉXIA MELISSA

Você imagina um mundo sem fotografia? O recurso fotográfico é um tesouro muito preciso. Além de ser um tipo arte e uma forma de expressão, uma imagem carrega diversos significados e faz parte do acervo cultural e histórico de uma sociedade. Ela possui o poder de registrar para sempre momentos importantes que ficariam guardados apenas na memória. Por isso, faz parte de um conjunto de recursos que tenta traduzir uma época e comunicar rapidamente com quem observa. É um instrumento fundamental para explicar períodos e construir vínculos com o passado, pois é capaz de provocar múltiplos sentidos: a visão do próprio fotógrafo, a quem ele está apresentando a imagem e como será interpretada pelos receptores, estabelecendo o nexo entre o presente e o passado, guardando cuidadosamente as imagens que o tempo ausentou. Sem o recurso fotográfico não lembraríamos de nossas pró-

prias feições na infância nem muito menos de como foi o mundo anos atrás, por exemplo. Um simples click pode ser eterno e mudar a história da nossa sociedade. Para preservar o material fotográfico sanjoanense e, por consequência, resgatar a cultura local, alguns projetos ganham espaço na cidade. Desde o final de 2017, a Unifae guarda um acervo com fotos centenárias, que passaram pelas mãos de pelo menos quatro gerações de fotógrafos e historiadores. A manutenção deste material é possível graças a um trabalho de muitos anos que busca preservar um conjunto de obras que pertencia à família Gianelli. A coleção dos Gianelli foi adquirida por Rodolfo Galvani, personalidade que se preocupava com a cultura da cidade, e, em seguida, doada à ProCultura Incubadora Cultural, localizada na antiga Livraria Papyrus, evitando, assim, que o material se perdesse ou saísse de São João. “Nosso objetivo é preservar a cultura riquíssima que a cidade possui e divulgá-la, por isso escolhemos a Unifae para receber a doação do acervo. A instituição,

Foto: Divulgação/ Unifae

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Fotos: Exposição/ Unifae

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por meio de sua estrutura e compromisso com a sociedade, resgata memórias em projetos como o História Viva. Temos a certeza de que o acervo não só está sendo bem cuidado, mas também ampliado para fins educativos”, enfatizou Francisco de Assis Bezerra, um dos fundadores da ProCultura. RELEITURAS DA CIDADE O acervo conta com fotos em papel, negativos em vidro e quadros, um riquíssimo material que vem sendo catalogado e organizado para ser conhecido pela sociedade. Tendo em vista o rico material, o projeto Novo Olhar surgiu com a proposta de uma releitura da cidade: o antes e o depois. “Os alunos fizeram um primeiro levantamento de todo o acervo de fotos. Todas as originais foram preservadas e trabalhamos apenas com as cópias”, ressalta, o professor José Dias Paschoal Neto, coordenador da Central de Comunicação Social da Unifae A exposição Oh! Terra Encantada é um dos projetos desenvolvidos a partir deste material, contendo muitos momentos da paisagem e da vida de São João durante seus 196 anos de história. Todo o processo foi supervisionado pela professora Ana Paula Malheiros, também da Unifae, que responde, entre outras disciplinas, pelos conteúdos relacionados à fotografia e edição: “depois deste levantamento, foram selecionadas fotos dos locais que 70

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pudessem ser revisitados para comparar as imagens registradas na época com as atuais”,explica Ana Paula. Em 2019, um grupo de alunos voluntários foi formado, entre eles, estão Amanda Caroline de Souza, Amanda Leonardi, Amanda Tonietti, Ana Paula Moraes, Gabriel Garcia e Lethycia Costa. “O projeto agregou de forma significativa e foi excelente para minha experiência acadêmica. Além de todo o aprendizado que pude adquirir convivendo com profissionais excelentes, também pude ter uma visão bem mais ampla do meu próprio curso acadêmico. As áreas de Publicidade e Comunicação são tão amplas, com a criatividade podemos fazer qualquer coisa que gostamos dentro delas”, relata a aluna Amanda Tonietti, do curso de Publicidade e Propaganda. Além dos estudantes, o cineasta David Ribeiro e o professor Rafael Brunelli, participaram da produção das fotos, identificando técnicas e ângulos para a releitura das imagens. Após estes estudos, a equipe foi para a rua em diversos períodos, com a proposta pedagógica de mostrar as transformações ocorridas nos ambientes ao longo do tempo. Ana Paula explica que “a etapa seguinte foi o tratamento das fotos e a montagem da exposição, que foi pensada para a versão física –com estreia na Feira Juntô, e também virtual –inaugurada este ano”. A ideia de que o resgate histórico da cidade é importantíssimo foi unânime

entre professores, alunos e personalidades da cidade. Para o fundador da Procultura, “esse resgate é um ciclo que envolve fotógrafos, colecionadores, instituições e outros agentes que, em todo esse tempo, estão passando adiante esse tesouro cultural. O nosso desejo de preservar as memórias de São João não é somente no sentido de guardar, mas principalmente de divulgar para a sociedade”, destaca Assis Bezerra. O professor Paschoal Neto enfatiza o caráter educativo do projeto, destacando que “a importância do resgate histórico é a essência que a Unifae carrega, pois a instituição possui essa característica de documentar acervos há muito tempo, principalmente na área de Comunicação, tendo não apenas um olhar do passado mas também do presente e futuro.” Ao comentar sobre as próximas ideias, ele finaliza dizendo: “esse acervo, com certeza, trará muitos projetos futuros, sendo também objeto de ensino, pesquisa e extensão. Já estávamos conversando com a Diretoria de Educação do município e Associação Comercial para levarmos a exposição para as escolas como forma de conhecer a história de nossa terra e de estimular que as próprias unidades de ensino contassem as suas. Infelizmente, a pandemia adiou nossos planos. Por isso, resolvemos montar esta exposição virtual. É um dos presentes da Unifae para São João”. A exposição está disponível no site da Unifae: www.fae.br/historiaviva. A


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figura que atua

David Pipano e o império musical sanjoanense A história de luta e dedicação da família Pipano, no caminho para o sucesso. POR MIRELA BORGES

Uma das mais famosas pianistas do mundo era sanjoanense. Guiomar Novaes começou a tocar piano sozinha, aos quatro anos idade, e aos quinze partiu para a Europa, para estudar em Paris. Mal chegou à França, a garota foi convidada a tocar para a Princesa Isabel, que queria ouvi-la. Guiomar chegou a ser reconhecida como a melhor pianista do mundo, segundo a imprensa americana. Do talento para piano surgiu uma amizade. Mirian Pipano, foi uma grande pianista de orquestra, proprietária e professora do antigo Conservatório Guiomar Novaes. Com pai palestino e a mãe turca, Mirian nasceu em Tel Aviv, Israel, mas logo vieram para São João da Boa Vista.

INÍCIO PRECOCE David começou a trabalhar aos dez anos de idade e alguns anos depois foi “ganhar a vida” na capital paulista. Aos dezoito voltou a São João para alistar-se no Tiro de Guerra. Já sem emprego, decidiu investir em um escritório de contabilidade. “Nesta época, entediado, resolvi aprender a tocar sanfona. Aprendi a tocar em seis meses e comprei uma sanfona branca, feita sob medida. Na manhã de um sábado, enquanto tocava o instrumento em meu escritório, um trabalhador rural entrou em minha loja e insistiu para que eu lhe vendesse a minha sanfona. Decidi vender o instrumento e dias depois comprei outra, vermelha. Logo depois este rapaz voltou com um amigo que gostaria de comprar, também, e assim foi”, relembra David. Na década de 1940, os irmão Pipano -

Abrahan, David e Daniel - inauguraram a loja Palácio da Música, que comercializava vitrolas, pianos, sanfonas e artigos musicais. Já na década de 1950, eles se associaram-se a Francisco Paulino de Abreu, proprietário da fábrica de Harmônicas Brasil, localizada na Rua Saldanha Marinho, 38. “O dono da fábrica em que eu comprava os instrumentos me pediu para ser seu sócio”, conta. Nascia dessa fusão a Indústria de Harmônicas Torino Ltda. Com o passar dos anos, a empresa crescia cada vez mais. Paulino de Abreu decidiu vender sua parte a ele, o que permitiu que a empresa estivesse sob o controle da família Pipano por quatro décadas, até os anos noventa. O historiador Augusto Procesi, publicou no Almanaque do Sesquicentenário de São João da Boa Vista, em 1974, que “as

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indústrias dos Pipanos são, a nosso ver, uma das colunas que sustentam o nosso parque industrial local”. David realizou vários investimentos, construindo filiais em cidades da região e, após indicação de um dos fornecedores de matérias primas para os instrumentos, comprou uma fábrica que produzia violões. Em uma dessas viagens conheceu quem seria sua atual esposa. Casado há mais de 50 anos, David se emociona: “a Torino cresceu tanto, vendia instrumentos para todo o Brasil e outros países. Foi minha maior conquista, sempre trabalhei duro e com muito amor. Tudo o que tenho é fruto da fábrica”. Na loja vendiam violas, violões, cavaquinhos, tambores, pandeiros... instrumentos para fanfarras que empregavam mais de cem pessoas. Em paralelo com a Torino, David trabalhou em vários outros projetos, desde agropecuária, com criação de gado, até administrar depósito de madeira, negócio que mantém até hoje, a loja Planalto Materiais de Construção. ÓRGÃOS ELETRÔNICOS Na década de 1950 músicos de jazz como Jimmy Smith, Buddy Cole e Earl Grant começaram a usar o som distinto de um novo instrumento: o órgão eletrônico. Na década de 1960, ele se tornou-se muito popular entre grupos de música pop e, de olho nessa oportunidade, em 1964, David e seus irmãos criaram a Instrumentos Musicais Saema, que fabricava órgãos eletrônicos (foto ao lado). Os órgãos foram parte relevante do som inovador das bandas de rock Deep Purple, Procol Harum e Uriah Heep no início da década de 1970, quando teve seu ápice de popularidade,

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Foto: Reprodução internet

até a proliferação dos sintetizadores, em especial os polifônicos. AINDA NA ATIVA Aos 90 anos, David continua ativo e trabalhando. E se engana quem acha que isso o prejudica, pelo contrário, ele se orgulha em dizer que: “por toda a minha vida eu trabalhei, não quero ficar parado agora. Eu sou capaz de continuar lutando”. A


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saúde

Dores nas mãos: quando é preciso procurar o médico? Na presença de sintomas persistentes de dor na mão o médico Ortopedista especializado em Cirurgia da Mão deve ser consultado, para um diagnóstico correto e precoce da patologia. POR DR. MARCO AURÉLIO MORAES

A dor nas mãos é causa frequente de queixas nos consultórios médicos. Pode ser causada por diversas condições, tais como: artrites, tendinites, síndrome do túnel do carpo, esforços repetitivos e por fraturas ou ferimentos decorrente de acidentes.A mão tem função informativa - através da sensibilidade fina e precisa das pontas dos dedos, levando informações do ambiente que nos cerca ao cérebro - e executora, realizada pela ação coordenada dos seus diversos músculos, ossos e tendões, que permitem, por exemplo, que um músico realize os movimentos finos e precisos para tocar seu instrumento ao mesmo tempo que um operário pode realizar as ações vigorosas no manuseio de uma ferramenta.

CAUSAS PARA DOR NAS MÃOS: ARTRITE A artrite corresponde à inflamação de uma ou mais articulações e é a principal causa de dor na mão. Pode ocorrer em qualquer articulação do corpo mas é particularmente comum nas mãos e no punho. Embora existam muitos tipos de artrites, as mais comuns são a osteoartrose e a artrite reumatóide. A osteoartrose afeta tipicamente as pessoas de mais idade, iniciando-se os sintomas dolorosos à medida que ocorre o desgaste progressivo da cartilagem. A artrite reumatóide, muitas vezes, intitulada de reumatismo, é uma doença crônica que cursa com inflamação das articulações e afeta muitas partes do corpo. As mãos são frequentemente atingidas numa fase inicial originando dor e rigidez articular, principalmente pela manhã. 76

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TENOSSINOVITE ESTENOSANTE (DEDO EM GATILHO) O dedo em gatilho, também conhecido como tenossinovite estenosante, é uma causa frequente de dor na mão. Quando movemos os dedos, os seus tendões deslizam em túneis chamados polias. Em situações em que o deslizamento normal dos tendões dentro da sua polia é afetado, pode haver uma sensação de ressalto quando se estica e dobra o dedo ou este pode ficar aprisionado numa posição fletida, estando muitas vezes associado a dor forte na base do dedo. SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO A síndrome do túnel do carpo é uma causa frequente de dor e formigamento na mão e ocorre quando o nervo mediano, responsável pela sensibilidade da mão, encontra-se comprimido no seu canal ao nível do punho. Esta situação geralmente causa dor na palma da mão e dormência

do polegar, segundo, terceiro e, por vezes, quarto dedos poupando o dedo mínimo. O paciente pode se queixar de fraqueza e de derrubar frequentemente objetos que tenta segurar. Os sintomas são mais exacerbados à noite, despertando o paciente diversas vezes devido ao formigamento. CISTOS SINOVIAIS Os cistos sinoviais do punho e mão geralmente não são dolorosos. Tipicamente apresentam-se como uma massa no dorso do punho mas também podem surgir em outras regiões da mão, como ao longo ou na ponta dos dedos. Uma vez que estes são preenchidos com líquido articular, os cistos sinoviais podem aparecer e desaparecer rapidamente ou mudar de tamanho e podem ser causa de dor ou dormência no punho e mão. TENDINITES E TENOSSINOVITES A inflamação dos tendões e das bainhas Foto: Reprodução internet


INFORME PUBLICITÁRIO

DR. MARCO AURÉLIO DE MORAES

Médico Ortopedista e Traumatologista formado pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), é especialista em Cirurgia da Mão e Microcirurgia Reconstrutiva pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (IOT-HCFMUSP). Além disso, é Médico Preceptor do Ambulatório de Ortopedia e Traumatologia do Centro Universitário das Faculdades Associadas - UNIFAE, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM).

que os protegem são causas muito comuns de dores no membro superior, sobretudo no ombro, cotovelo e punho. Existem diversas causas como infecções, doenças inflamatórias sistêmicas e, sobretudo em nosso meio, o esforço repetitivo, geralmente relacionado ao trabalho. Os sintomas principais são a dor que se acentua com a movimentação da articulação acometida ou quando os tendões são pressionados. LESÕES TRAUMÁTICAS Os acidentes envolvendo as mãos são extremamente frequentes, uma vez que estas estão constantemente expostas ao perigo em contextos tão diversos como quedas durante a prática desportiva e na atividade laboral, cortes, queimaduras, acidentes automobilísticos, entre outros. A mão e o punho são constituídos por 27 pequenos ossos que podem ser fraturados de formas muito diversas. Além disso, a mão possui uma anatomia ligamentar e tendinosa complexa que também pode ser sede de numerosas le77

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sões traumáticas. As fraturas da mão ou lesões tendinosas/ligamentares podem evoluir de forma desfavorável se não tiverem a adequada avaliação pelo médico capacitado, e evoluir com consequências desastrosas para a função da mão. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DAS LESÕES NAS MÃOS Na presença de sintomas persistentes de dor na mão o médico Ortopedista especializado em Cirurgia da Mão deve ser consultado, de modo a poder ser efetuado o diagnóstico correto e precoce da patologia e, dessa maneira, ser prontamente instituído o tratamento adequado. Após traumatismos é importante a avaliação com o Especialista em caráter de urgência, para que, após a realização do exame clínico adequado somado aos exames de imagem (radiografias, ultrassonografia, ressonância magnética, etc…), seja optado em conjunto com o paciente entre o tratamento cirúrgico ou conservador. A Cirugia da Mão é uma especialidade relativamente nova, que surgiu no

Foto: Léo Beraldo/ Cromalux

período da Segunda Guerra Mundial, conforme os médicos militares se deparavam com a necessidade crescente da evolução das técnicas cirúrgicas decorrentes dos traumas cada vez mais complexos envolvendo as mãos. No Brasil é reconhecida como Especialidade Médica desde 1959, representada pela Sociedade Brasileira de Cirugia da Mão (SBCM).O Cirurgião de Mão possui o conhecimento anatômico específico e treinamento em técnicas de microcirurgia, para poder trabalhar com a minúcia necessária que a especialidade demanda, para conseguir resultados funcionais cada vez mais precisos e satisfatórios, além de possibilitar uma reabilitação precoce.

QUER SABER MAIS? FALE CONOSCO: Centro Médico Integrado - S. J. da B. Vista Telefone: (19) 3623-6622 Policlínica - Casa Branca Telefone: (19) 3671-2331

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educação

Board Games oferecem muito mais do que diversão Jogos educativos são importantes aliados na educação, além de auxiliarem no aperfeiçoamento de habilidades socioemocionais.

POR EDUARDO VELLA

Os board games, também conhecidos como jogos de tabuleiro modernos, podem trazer muito mais do que diversão. Por meio deles, é possível aprender de forma interdisciplinar e engajar os alunos em sala de aula, com recursos lúdicos e criativos. Com os jogos, consegue-se trabalhar uma grande variedade de conteúdos, exercitando a criatividade e o pensamento lógico, além de desenvolver a cooperação e o respeito com o coletivo. “O uso dos board games estimulam novas formas de pensar, fortalecendo e treinando a cognição”, explica a coordenadora do Núcleo de Atividades Complementares do Colégio Marista Glória, da capital paulista, Rafaela Jorge de Oliveira. Além de desenvolver o raciocínio lógico, uma habilidade que pode ser aplicada em diversas vertentes do conhecimento, os alunos se divertem em um ambiente educativo e de disputa saudável.

A combinação de diferentes ferramentas pedagógicas permite que os estudantes desenvolvam um leque maior de inteligência, competências cognitivas e socioemocionais. Trabalhando de forma mais ampla, nas diferentes disciplinas que integram o currículo, essa atividade se revela importante na resolução de problemas, estratégia, raciocínio lógico, criatividade, socialização e integração. Fora do ambiente escolar, os pais também podem buscar conhecer jogos educativos que possam ser jogados em casa. Segundo Rafaela, tanto alunos quanto pais relatam que, a partir do uso de jogos, tiveram um melhor desempenho nas disciplinas de exatas e melhor participação nas aulas de educação física, por exemplo. Conheça alguns benefícios: • Ajudam no desenvolvimento cognitivo e social: habilidades sociais podem ser aperfeiçoadas com o uso de jogos, ajudando a integrar a criança ao coletivo.

Elas também aprendem a seguir regras e compartilhar com os outros. Habilidades cognitivas, como reconhecer números e padrões e até o cálculo de estimativas, podem ser aprendidos. • Incentivam a interação social: a maioria dos jogos é projetada para ser jogada em grupo, isso ajuda a evitar a solidão e a construir relações positivas. • Promovem a reunião em família: alguns jogos são desenhados especialmente para serem jogados em família. Essa é uma grande oportunidade para todos se reunirem e participarem de algo juntos, longe de TVs, celulares ou tablets. • Reduzem a ansiedade: jogar ajuda a manter o equilíbrio mental e a relaxar. Isso porque os jogos promovem a imaginação, sendo possível se envolver na narrativa que está sendo criada, como construir civilizações ou ferrovias. A

Foto: Pexels Ylanite Koppens

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saúde mental

Saúde mental e suicídio em tempos de pandemia Como ampliar a prevenção e os cuidados durante o isolamento social. POR EDUARDO HENRIQUE JACOB

Segundo dados da OMS - Organização Mundial da Saúde, cerca de 800 mil pessoas tiram suas vidas a cada ano, sendo o suicídio a segunda maior causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos. Números muito elevados que salientam a importância da discussão do tema de forma mais ampla, ainda mais em um contexto de pandemia. O assunto ainda é bastante estigmatizado, e de certa forma visto como um tabu por muitos, o que torna ainda mais difícil a conscientização e a busca por ajuda em estágios anteriores à ideação suicida (pensar ou planejar o ato contra a própria vida). A situação se agrava ainda mais, quando trazemos essa realidade para um contexto de pandemia, quando o isolamento social e a covid-19 agregam maior carga emocional, causando estresse, preocupação, medo, entre outros sentimentos que podem ser nocivos. Além disso, o aumento do consumo de álcool e outras drogas durante essa fase tão conturbada, aliado também ao alongamento do período permanência em casa, podem significar importantes fatores de risco que contribuem para o aumento dos casos de suicídios e tentativas de suicídio. Outros problemas que foram agravados devido ao surto mundial do coronavírus e seus desdobramentos, foram a falta de acesso ao suporte emocional, psiquiátrico, psicológico e espiritual, com o impedimento de cultos religiosos, pausas e diminuições nos atendimentos gratuitos a pacientes com tendências suicidas e outros transtornos de mesma ordem. A Professora Betânia Alves Veiga Dell’Agli, coordenadora do LEPES - Laboratório de Estudo, Pesquisa e Extensão em Suicídio, da Unifae afirma que o la-

boratório foi criado visando estimular o estudo do suicídio, seus determinantes e possíveis indícios e atenta para algumas questões: “devemos prestar atenção na nossa relação com amigos e familiares, durante esse período, como sentimentos de desesperança, solidão, isolamento afetivo, crise existencial e outros”. Segundo a pesquisadora, durante a pandemia “a escuta deve ser muito mais atenta, não devemos duvidar do ato suicida, nem julgar a pessoa que se sente dessa forma, muito menos diminuir ou desqualificar esse tipo de sentimento”. Professora Betânia, destaca a importância dos chamados fatores protetivos, que vão favorecer e ajudar quem está passando por situações parecidas. Entre eles, destaca: “a compreensão por parte de pessoas próximas, a continuidade das interações sociais, mesmo que por meio das

ligações de vídeos, a manutenção da rotina, com atividades para preencher o dia, além da busca por grupos de apoio que dão suporte e sensação de pertencimento, e é claro, a ajuda profissional, com atendimentos que acontecem também remotamente”. Por fim, Betânia, ainda ressalta a importância e o pioneirismo de instituições e iniciativas como o LEPES, a Posvenção do Suicídio, o Mapa da Saúde Mental e o mais famoso, CVV – Centro de Valorização da Vida, que atuam diretamente no apoio e no estudo desse tema, buscando sempre a prevenção de qualquer ato autodestrutivo. A

QUER SABER MAIS? Acesse o Instagram do Laboratório de Estudo, Pesquisa e Extensão em Suicídio: www.instagram.com/lepesfae

Foto: Reprodução internet

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crônica

Preparem os rojões: temos tudo a comemorar! Datas pouco exploradas no calendário promocional. POR MARCELO PIRAJÁ SGUASSÁBIA

Nem é preciso comentar o quanto a pandemia afetou o mercado de eventos. Debelado o surto, entretanto, o segmento promete ir à forra, fazendo festa até por ocasião de datas pouco exploradas no calendário promocional. Começando por 4 de janeiro, o Dia Nacional da Abreugrafia - exame criado por um médico brasileiro para detectar a tuberculose no processo de admissão de novos funcionários. Como o exame não existe mais, a data também foi, compreensivelmente, relegada a certo esquecimento. Uma injustiça, ainda a tempo de ser reparada. Dia 7 é a vez do mecânico de manutenção de aeronaves fazer uma pausa para brindar, com seus pares, o valor de seu insubstituível trabalho. A depender do ano, pode-se muito bem fazer uma "ponte", emendando a folga com o Dia Estadual do Juiz Eclesiástico de Paz, que acontece 72 horas depois. Já no Dia da Imprensa Filatélica, a previsão é de um rega-bofe alusivo às milhares de publicações que enchem as bancas e salvam do vermelho nosso sofrido mercado editorial, todas elas dedicadas ao fabuloso universo dos selos. Na ocasião, um baile costuma ser promovido na sede de campo da ABRAJOF - Associação Brasileira de Jornalistas Filatélicos, entidade sediada em Ribeirão Preto A propósito, há controvérsias se a associação reúne jornalistas que produzem matérias sobre filatelia ou se são apenas jornalistas colecionadores de selos. A diferença é grande, convenhamos, e desta distinção com certeza dependerá o destino da humanidade. Em fevereiro temos, com intervalo de uma semana entre uma data e outra, o Dia da Roupa de Baixo (no qual cuecas e calcinhas deixam os varais para, em passeata, exibirem suas cores e formatos em praça pública) e o Dia do Surdo-Mudo - sobre o qual pouco se tem falado ou ouvido. Prosseguindo, chegamos a

março e encontramos o Dia do Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria para a República Federativa do Brasil. Mas poderia ser também o dia da perda de fôlego, de tão longo que é o nome da efeméride. Até terminar de enunciar a data comemorativa já estaremos no dia seguinte, e a comemoração terá passado em brancas nuvens. Em 17 do mesmo mês, brinda-se ao Dia do Fã. E como há fãs para tudo neste mundo, teremos festa no fã-clube dos que adoram ser fãs de alguma coisa e indiferença no fã-clube dos que odeiam e boicotam comemorações. Março termina sob efeito da Anestesia Geral, cujo dia é comemorado em 30 daquele mês. Não por acaso: o dia 30 costuma encontrar todo mundo sem dinheiro para fazer nada. O que explica a pasmaceira geral até que vire o mês e caia algum na conta. É preciso aqui deixar claro que o Dia da Anestesia Geral é festejado globalmente, ao passo que o Dia da Anestesia Local é ponto facultativo em alguns municípios isolados. Abril começa com o famigerado Dia da Mentira, e você dirá que é mentira minha que se comemora, na mesma data, o Dia do Tomate. Algumas fontes não muito confiáveis informam que o dia correto alusivo ao legume é 1 de fevereiro, mas apuramos que é mentira. E o ano prossegue com um vasto rol de oportunidades. Para citar apenas algumas, temos o Dia do Pracinha Paranaense, o Dia do Parque de Diversões, o Dia Mundial dos Discos Voadores, o Dia do Dedo do Meio e o Dia Municipal da Luta de Braço - este comemorado apenas em Belo Horizonte. Ah, também não dá pra esquecer o 22 de setembro - Dia Mundial de Combate ao Mau Hálito. E, não que uma coisa seja necessariamente consequência da outra, mas logo em seguida temos do Dia da Tia Solteirona. A Foto: Reprodução internet

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comportamento Foto: Divulgação / ESL

Os piores adversários delas nos games Mulheres falam sobre os assédios e preconceitos dentro do mundo dos jogos online.

POR DUDA OLIVEIRA

O mercado de e-sports cresce a cada ano. Em 2019, o setor atingiu aproximadamente 450 milhões de pessoas, de acordo com pesquisa da Newzoo, agência global de marketing especializada em games, Entre os fatores que explicam tal crescimento, está a presença cada vez mais significativa de mulheres jogando ou acompanhando as ligas competitivas. De acordo com uma pesquisa feita pela Interpret, que comparou dados de 2016 com 2018, em apenas dois anos, o público feminino consumidor de e-sports cresceu 6%, passando de 23,9% em 2016 para 30,4% em 2018. No Brasil, elas são quase metade dos consumidores de games, com 47% do público, segundo pesquisa encomendada pela Brasil Game Show ao Datafolha. Mas ainda enfrentam machismo ao se 86

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destacarem—que vão desde piadas, xingamentos de jogadores que não admitem uma derrota para alguém do sexo oposto, até ameaças e assédio. O que não impede que mulheres gamers conquistem cada vez mais seu espaço no meio profissional e até na elite dos e-sports. DEMISSÕES E ASSÉDIO O assédio sexual e moral dentro das transmissões online dos jogos é uma triste realidade. Dois casos emblemáticos são os de Nyvi Stephan e Gabi Cattuzzo. Em 2016, Nyvi estampou a capa da revista Playboy e à época contou que sofreu assédio após ter exposto seu corpo. A gamer e apresentadora de campeonatos entrou no mundo dos games em 2014, após largar a área da qual é formada, Design de Modas. Já a gamer Gabi Cattuzzo em junho de 2019 teve seu contrato rompimento de com a empresa Razer após respon-

der a comentários machistas em suas redes sociais. Em outubro deste ano, a apresentadora no canal do YouTube da Xbox Brasil, Isadora Basile, anunciou que foi demitida pela Microsoft. Segundo ela, o desligamento foi para evitar que ela “continuasse exposta a ataques que vinha sofrendo”. Isadora estava no cargo desde setembro. Porém, nesses meses, a apresentadora relatou ter sofrido diversos ataques e assédios por parte dos telespectadores do canal, incluindo ameaças de estupro e mortes. "No início de setembro, quando anunciei meu novo trabalho, sofri ataques de todos os tipos, desde pessoas falando que eu não jogava jogo x ou y e por isso não era 'digna' do meu cargo, até ameaças de estupro, morte e julgamentos por expor situações mais tensas. Devido a todos essas ataques, a Microsoft encontrou como melhor opção me desligar do cargo de


apresentadora, para que não esteja mais exposta a situações como essas que se passaram", escreveu em um post. No Twitter, o Xbox Brasil se pronunciou e disse que o motivo do desligamento foram mudanças na estratégia de conteúdos. Nas redes sociais, a demissão da apresentadora gerou revolta. Muitos internautas consideram a atitude da marca machista. "A lógica é: se a mulher sofre machismo, ela tem que ser demitida, afinal sem mulher, sem machismo", escreveu uma usuária do Twitter. ASSÉDIO ONLINE Um estudo da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, publicado em 2016, promovida pelas pesquisadoras Jesse Fox e Wai Yen Tang, mostrou que 100% das gamers que jogam pelo menos 22 horas semanais já sofreram algum tipo de assédio. A pesquisa foi feita em um questionário online com 293 mulheres e mostrou também que a maioria dos casos de assédio envolviam referências sexuais. O estudo afirma que durante as partidas em games online, tanto homens

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quanto mulheres são alvos de assédio, mas, foi verificado que quando o assédio é sexual, as vítimas são em grande maioria mulheres. A pesquisa listou as principais agressões mencionadas nas respostas do questionário: insultos sexistas e sobre aparência, piadas sobre estupro, pedidos de favores sexuais e casos de stalking, em que a agressão vazava para a vida real da vítima por meio das redes sociais. A estudante de arquitetura e urbanismo, Carolina Zanardo, de 19 anos, disse que começou a se interessar em jogos desde pequena, mas que foi aos 14 que passou a ter mais interesse. Carol contou que atualmente não joga com tanta frequência, mas que jogava League of Legends (Lol), Counter Strike e Warface. Carol falou que identificavam ela como mulher por meio do nome em que ela utilizava no jogo e que algumas vezes ela usava um nome unissex, para dificultar a identificação do gênero dela. “Caso eu morresse no jogo, já vinham xingando falando várias besteiras”, relatou. A estudante contou que já ouviu co-

mentários como “mulher não serve para jogar”; “vai lavar uma louça que você ganha mais”; “mulher só deve dar suporte” [termo utilizado dentro do jogo League of Legends, quando o jogador tem um único objetivo de auxiliar a equipe]. “A maioria dos comentários foram nesse sentido, por isso eu e várias meninas que jogam colocam nomes unissex”, comentou. Camila Ramos, de 24 anos, é psicóloga, tem especialização MBA em gestão de RH e tem como hobby, há oito anos, os jogos online. Camila disse que atualmente tem jogado principalmente League of Legends e Counter Strike. Ela contou que começou a perceber que era vítima de assédio quando começou a jogar online com mais amigos à distância, em 2012, e muitos a cantavam, mesmo sabendo que ela namorava à época. “O episódio que mais me marcou nesses anos foi em 2014 quando eu comecei a namorar à distância com um cara, éramos muito amigos. Ele morava em São Paulo e combinamos de nos encontrar numa feira de eventos que iria ter no mês de julho. O encontro foi ótimo e nos divertimos. Po-

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Foto: Divulgação / Microsoft

rém, no dia seguinte quando fomos jogar com nossos amigos ele começou a me expor. Um dos nossos amigos perguntou se eu era peituda e ele falou que não. Que eu tinha 'peito pequeno' (sendo que ele nem tinha visto). Isso tudo comigo na sala, e eu fiquei totalmente sem reação”, relatou Camila. “Dentro do jogo com pessoas desconhecidas eu já li e escutei que eu era vagabunda, que lugar de mulher era na cozinha lavando louça, que eu era escrota, feia, ridícula e afins”, relatou Camila. Pamela Parra, de 19 anos, cursa medicina veterinária e joga desde os 10 anos de idade. Atualmente, Pamela joga League of Legends, pois não possui nenhum console no momento. A estudante falou que percebeu que sofria assédio durante as partidas quando um jogador específico começou a xingar e tentou a insultar durante a partida. Pamela contou que no dia, ela era a única com nickname [apelido] feminino e a única a ser xingada. A estudante lembrou também de uma outra partida em que um dos jogadores se referiu a ela dizendo “tinha que ser mulher para jogar tão ruim desse jeito”, os demais jogadores que estavam na partida deram apoio ao assédio e iniciaram mais comentários pejorativos contra Pamela. Durante todo o discurso de ódio, Pamela disse que eles falavam para que ela se matar. “Ao longo do tempo, você se acostuma, aprende a ignorar e percebe que na maioria das vezes é um moleque de 11 anos digitando. Agora consigo ignorar mais, o jogo tem uma função de mutar [silenciar] o jogador, então não aparece mais nada do que ele digita e é perfeito”, explicou. Ela também contou que durante uma partida ao vivo de outro gamer em uma plataforma de streaming – Twitch – ela comentou sobre o jogo e outro espectador foi até o chat dela e começou a assediá-la com comentários sobre a cor dela, comentários com conotação sexual, sobre como a vagina dela poderia ser 'rosinha'. Mesmo pedindo para que ele parasse, o assediador não parou e Pamela precisou bloqueá-lo. As reações para os assédios eram diversificadas. Carol, por exemplo, conta que ficava desanimada para jogar outras partidas. “Eu respondia aos comentários ofensivos e em alguns jogos, acabava reportando a pessoas e isso fazia o jogador perder a conta”, contou. 88

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DEMISSÃO RELÂMPAGO

Isadora chegou a gravar apenas sete vídeos para a Xbox News. Muitos internautas apontaram que ela sequer teve tempo de se adaptar ao novo emprego. A publicação de Isadora explicando o porquê da demissão viralizou, alcançando mais de 120 mil likes no Twitter. “No início de setembro, quando anunciei meu novo trabalho, sofri ataques de todos os tipos, desde pessoas falando que eu não jogava jogo x ou y e por isso não era ‘digna’ do meu cargo, até ameaças de estupro, morte e julgamentos por expor situações mais tensas”, afirmou Basile em seu perfil no Twitter.

SEPARAÇÃO POR GÊNERO Camila comentou que acha a separação de times por gênero injusta e que as premiações só intensificam o machismo. “Acredito que ela passa uma ideia de ‘os homens são melhores, então eles ganham mais’.Atualmente existem times e campeonatos femininos, e acredito que nossa comunidade deveria apoiar mais e assistir mais”, explicou. As três jogadoras também comentaram sobre o acontecido com Gabi Cattuzzo e concordam que o posicionamento da marca foi conivente com os assédios cometidos contra a gamer. Carol entende que mesmo o discurso de Gabi sendo agressivo, não teria outro modo de rebater aqueles comentários pejorativos. “Eu acho certo o que ela fez, sim. A mar-

ca passou pano, em vez de defender ela. Apesar dela ter sido um pouco agressiva, eu concordo total com a forma que ela falou, porque se ela tivesse falado educadamente, xingariam de qualquer jeito, então, para mim, foi ótimo ela ter saído desse patrocínio”, afirmou. Camila explicou que quando a marca tira o patrocínio da vítima em um caso desse, acaba culpabilizando a vítima indiretamente. “Não apoio a decisão e o posicionamento da Razer nessa situação. Um número muito alto de mulheres sofrem no jogo por apenas serem mulheres, com comentários pra lá de babacas. A partir do momento que a marca retirou o patrocínio e culpabilizou, indiretamente, ela, apoiou os milhares de comentários e atitudes machistas”, afirmou. A


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olhares - Luis Leite Foto: Arquivo pessoal/ Luis Leite

ARIRAMBA-DE-CAUDA-RUIVA Conhecida também por bico-de-agulha-de-rabo-vermelho. Ao avistar um ariramba-de-cauda-ruiva, os mais desavisados certamente o confundem com um grande beija-flor, não só pelo bico preto, longo e fino, bem como quanto à coloração de sua plumária: é verde-amarelada iridescente, lados da cauda ferrugíneos. Foto tirada em Tapiratiba SP. 90

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