Edição 320

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Brasil

A SEMANA

- 14 a 20 de fevereiro de 2014

Indústria do Paraná teve o segundo maior crescimento do País, em 2013

Com a palavra Osman Cauê Carvalho Jorge - Professor de Geografia e Coordenador de Marketing

Primeiros dias de aula: um trauma desnecessário

Quando você trabalha na equipe pedagógica de qualquer instituição de ensino, é muito comum deparar-se com pais no portão da escola com seus filhos agarrados às suas pernas e chorando. Engana-se quem imagina que essa situação de desconforto com uma escola nova, colegas novos, professores novos e ano letivo novo é um problema que ocorre apenas na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Com a "galerinha" mais velha do Fundamental e até no Ensino Médio essa situação também é percebida, porém os pais não estão ali, no portão da escola, para amparar a criança ou o adolescente. Uma das mudanças mais significativas ocorre para os alunos que estão chegando ao 6º Ano do Ensino Fundamental. Se anteriormente era apenas uma professora para a maioria das disciplinas, agora são vários professores, mais disciplinas e menos tempo. Se desde o início do processo o aluno for alimentado com informações negativas, do tipo "Não pode vacilar agora, hein?" ou ainda

"Agora é mais difícil, não vá reprovar!" ele (o aluno) irá nutrir uma angústia e uma incerteza sobre o novo processo pelo qual irá passar. Nessa fase o importante é lembrar o aluno que serão novas experiências, novas amizades, professores bacanas e mais chances de aprender coisas novas. Para os pais que ainda tem o problema com o choro e a recusa de seus filhos de seguirem com a turma e com a professora ou professor para a sala de aula não caia em armadilhas, como oferecer uma recompensa para que o aluno acesse a escola. Na cabeça da criança isso vai significar que no momento em que ela recusar a recompensa ela não irá para a escola. Deixe claro para a criança que ir para a escola, ter aulas, fazer novas amizades e aprender é um processo tão natural e obrigatório quanto respirar e comer (exagero do autor, me desculpe). Só assim ela vai aceitar e compreender (ou seja: aprender em conjunto com você) que frequentar a escola é natural, superando assim um possível trauma.

O setor industrial paranaense apresentou o segundo maior crescimento do País em 2013, conforme indica a Pesquisa Industrial Mensal Regional - Produção Física (PIM-PF), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A produção industrial do Estado evoluiu 5,6% de janeiro a dezembro, contra evolução de apenas 1,2% para a indústria nacional. Foi a segunda maior taxa do país neste indicador. Especificamente em dezembro de 2013, o setor industrial paranaense evoluiu 5,4% na comparação

com o mesmo mês de 2012, enquanto que o complexo nacional apresentou retração de 2,3%. Na comparação do último trimestre do ano de 2013 com o mesmo período do ano anterior, a evolução foi de 10,5% - segunda maior taxa do País, enquanto o resultado nacional foi de -0,3%. Conforme a pesquisa IBGE, o único indicador negativo foi da passagem de novembro para dezembro, em que o setor industrial paranaense apresentou recuo de 7,3%, frente queda de 3,5% para o Brasil. Onze

dos quatorze locais investigados apontaram redução. "As estatísticas do IBGE revelam consistente recuperação dos níveis da produção fabril do Paraná, desde o mês de abril de 2013, em sentido oposto ao baixo crescimento registrado pela indústria nacional", afirma a economista Ana Silvia Martins Franco, do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES). Segundo ela, tal performance vem sendo determinada por diversos fatores, especialmente o agronegócio, fruto da safra recorde e dos

preços ainda elevados no mercado internacional, além do bom desempenho dos setores de química, bens de capital e insumos para a construção civil. "Ressalte-se ainda, a interferência positiva dos primeiros efeitos dos investimentos das empresas que se instalaram no Estado desde o início de 2011, atraídas pelo Programa Paraná Competitivo, com aportes de cerca de R$ 26 bilhões, da vitalidade do mercado de trabalho regional e das obras de infraestrutura, em execução pelo governo estadual", diz Ana Sílvia.

Balança Comercial Apesar dos números preocupantes desse início de ano a balança comercial vai ter um superávit em 2014 e ele deve se aproximar de 20 bilhões de dólares, algo que o mercado financeiro não está prevendo. As melhores estimativas falam de oito bilhões de dólares de superávit. O grande responsável vai ser a valorização do dólar, que deve aumentar para o patamar de três reais. Com a mudança de dois reais para 2,5 reais por dólar, alguns segmentos da nossa exportação já demonstram uma pequena recuperação. Mas o principal impulso das nossa exportações será o aumento do valor das exportações agrícolas. Os preços internacionais vão retomar o crescimento. As estimativas do consumo de produtos agrícolas são muito otimistas. O crescimento das importações da China já está mudando a direção dos preços. Apesar da boa produção norte-americana e das previsões de aumento da produção da América Latina, a demanda chinesa não será atendida. Os estoques mundiais vão cair bastante. Estoques baixos fazem os preços subirem. É o que deve ocorrer no segundo semestre. Até lá o

mercado vai caminhar de lado, muito desconfiado com relação ao que está acontecendo. Por outro lado vamos ter algumas quebras na produção. A seca que atinge a América Latina ainda não foi avaliada adequadamente. É bem provável que as perdas sejam bem maiores do que estão sendo estimadas. O tempo está muito mais quente e seco do que o esperado. Dentro de dois meses teremos uma previsão mais confiável da safra latino americana. A crise econômica na Argentina introduz uma nova variável de incerteza. Os produtores argentinos estão muito relutantes em comercializarem a sua safra. A desvalorização muito intensa da sua moeda assusta. Eles não querem ter pesos nas suas mãos, preferem ter as suas reservas em soja, milho e trigo. Quando precisam de dinheiro vendem o mínimo necessário, o que deve atrasar a entrada da safra argentina no mercado mundial. Com todas essas incertezas os preços devem aumentar bastante. O cenário é muito positivo para o segundo semestre. A previsão atual é de uma nova grande safra norte-americana. Se acontecer qualquer im-

previsto os preços devem disparar. Mas a balança comercial não é feita só com produtos agrícolas. Tem também a importação de alguns itens que pesam muito. Após três anos de estagnação, a produção de petróleo brasileira volta a crescer, o que deve diminuir as importações de combustíveis e reduzir o déficit da conta petróleo. Mesmo a exportação dos produtos industriais tradicionais deverá aumentar por causa da desvalorização do real. Os novos patamares devem tornar os produtos brasileiros competitivos no mercado internacional, principalmente os itens industriais ligados à nossa agricultura como máquinas agrícolas e caminhões. As escalas de produção aumentaram muito no Brasil nos últimos anos, reduzindo o custo de produção. A competitividade desses produtos no mercado internacional aumentou muito. A grande incógnita será a indústria automobilística. Hoje os preços no mercado brasileiro são muito maiores que no mercado internacional. Com o dólar a três reais essa realidade muda totalmente. Com preços competitivos

a atratividade aumenta. A escala de produção da indústria automobilística no Brasil já é bem grande. Somos o quarto mercado de consumo no mundo. O desafio é ver se os modelos produzidos no Brasil são atrativos em outros mercados. Os principais mercados serão os outros países em crescimento, que tem realidade muito parecida com o Brasil. Como esses países devem melhorar as suas economias em função da valorização das commodities, existe uma boa oportunidade de aumentarem as exportação de automóveis. Produtos tradicionais da pauta de exportação como outras commodities não agrícolas também poderão voltar a ser competitivas. Todo esse cenário favorável não está sendo adequadamente avaliado pelo mercado financeiro nacional, que está muito assustado com o aumento da crise europeia. No passado sempre que a crise atingia os países ricos o Brasil entrava em colapso. Dessa vez vai ser diferente. A crise nos países ricos vai ser uma grande oportunidade de crescimento da nossa economia e da nossa balança comercial. (CG)


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