Diagnóstico Propositivo
Universidade Federal do Piauí
Centro de Tecnologia | DCCA
Disciplina: Planejamento Urbano e Regional I
Docente: Anna Karina Borges de Alencar, Drª
Diagnóstico Propositivo - Zona Norte
Pesquisadores:
Alexandre Honório Gomes da Silva
Arthur Pedrosa Rocha
Carla Ohana de Castro Araújo
Isabel Cristina Ribeiro Eustorgio
Rewlysom Eduardo de Oliveira Leite
APRESENTAÇÃO
O diagnóstico apresentado no presente trabalho embasa-se nos dados obtidos através de pesquisas sobre a região de análise desenvolvidas de modo remoto. Em consonância aos estudos realizados nessa produção, tem-se o uso associado de dados e experiências de visitação realizadas durante a disciplina de Teoria e História do Urbanismo II².
Assim, unindo esses dados aos conhecimentos adquiridos durante as aulas expositivas e leituras de bibliografia recomendada desenvolveu-se o diagnóstico da área de análise, sob as claras limitações impostas pela crise em saúde pública de 2020/2021, potencializada pela pandemia do novo coronavírus.
Nesse sentido, as leituras comunitárias - tão relevantes para um efetivo e fiel diagnóstico urbanísticonecessitaram de readequações, em razão da impossibilidade de realização de visitas in loco. Assim, salienta-se o caráter acima de tudo preliminar do presente trabalho, o qual para um melhor usufruto sociopolítico deve associar-se a um efetivo processo de escuta popular, que possibilite a criação de propostas embasadas em um panorama mais fiel da região em análise.
² Disciplina ministrada também pela professora Drª Anna Karina no período 2019.2, na qual se analisou os bairros Poty Velho, Alto Alegre e Olarias.
SUMÁRIO SUMÁRIO
CONTEXTUALIZAÇÃO RECORTE DE ANÁLISE
Perfil dos bairros
DIAGNÓSTICO PRELIMINAR
Densidade demográfica
Renda, aglomerados subnormais e áreas de risco Topografia
Inundação e alagamento
Áreas Verdes
Abastecimento de água
Rede de esgoto
Iluminação pública
Precariedade das habitações
Equipamentos Urbanos
Covid-19
Uso do solo
Vias, pontos de ônibus e pontos âncora
Zoneamento – PDOT Projetos e planos futuros
MATRIZES F.O.F.A.
Habitação
Mobilidade Urbana
Infraestrutura
Patrimônio Ambiental
Patrimônio Histórico Cultual
Desenvolvimento Econômico e Inclusão Social
Governança
ESTRATÉGIAS
Implementação de uma nova centralidade
Plano de Mobilidade Urbana
Microzoneamento
Aplicação de instrumentos urbanísticos
Promoção de ATHIS e ações educativas em torno do patrimônio ambiental e histórico cultural
REFERÊNCIAS
AGRADECIMENTOS
CONTEXTUALIZAÇÃO
Assim como as demais capitais brasileiras, Teresina passou, a partir do século XX, por um processo de urbanização acelerado, o qual apesar de tardio, não deixou a capital piauiense alheia aos entraves oriundos da intensa expansão urbana no território. Esta, orientada principalmente sob um modelo extensivo, configurou o espraiamento horizontal da malha urbana, que ordenou no território urbano, uma cicatriz amarga.
Esta, formulada em seu âmago sob um processo evidente de segregação socioespacial, apresenta-se espacialmente como o modelo denominado Centro- Periferia. Modelo, este que em paralelo ao crescimento horizontal do território urbano, criou dentro da cidade uma panorama significativamente desigual quanto à distribuição do ônus da urbanização. Panorama, o qual é caracterizado por periferias desprovidas da infraestrutura urbana presente em zonas mais centrais, marca um dos principais rastros de desigualdade socioespacial nos espaços urbanos.
Estes, assim como o recorte de estudo em análise no presente diagnóstico, são modelados sob a participação e diálogo entre diferentes atores urbanos, os quais dispõem de atuação distinta nas transformações do território urbano. Isso, relacionado ao poder de intervenção atribuído a cada um desses agentes urbanos, tais como o Poder Público, mercado imobiliário, concessionárias de transporte coletivo, bem como a sociedade e as comunidades locais de diferentes regiões do território urbano.
Assim, sob o protagonismo de determinados atores em detrimento de outros, bem como pela sobreposição de interesses particulares, tem-se a construção de cidades cada vez menos direcionadas a um processo de desenvolvimento socioespacial que garanta qualidade de vida e justiça social à população.
Nesse sentido, em refutação a processos de planejamento e gestão urbanos centralizados, tecnocratas e permeados sob uma visão de desenvolvimento urbano, pautada essencialmente em um viés capitalista - supremacia de uma ordem econômica na construção urbana - reitera-se a urgência de uma visão socialmente crítica do planejamento e da gestão urbana. Perspectiva esta, que compreenda como objetivo, a construção de um processo genuíno de desenvolvimento urbano, o qual promova uma mudança socioespacial positiva no panorama citadino. Isso, aliado ao uso crítico dos instrumentos da política urbana¹, por processos de participação popular, bem como pela própria fusão criativa entre o saber dos atores sociais com os balizamentos técnico-científicos trazidos pelos profissionais de planejamento e gestão, tal como delineado por SOUZA, 2002.
Assim, na proposição de cidades orientadas a processos de desenvolvimento socioespacial, reitera-se por conseguinte, um desenvolvimento urbano que promova, de modo democrático, o direito a uma cidade inclusiva, resiliente e sustentável à população.
¹ Explicitados de modo mais detalhado no Guia de Implementação do Estatuto da Cidade
LEGENDA
VILA SÃO FRANCISCO SANTA ROSA
rio Poti
Situada na zona norte da capital piauiense, a região de estudo abarca 12 distritos municipais internos total ou parcialmente ao perímetro circular de raio igual a 1,3km (1300 metros) utilizado no trabalho. Ademais, salienta-se que o recorte de análise delimita-se, também, pelos Rios Poti e Parnaíba, situados, respectivamente, a Norte e a Oeste da região de estudo.
Divisão administrativa 0 300
rio Parnaíba
OLARIAS MAFRENSE SÃO JOAQUIM PARQUE ALVORADA NOVA BRASÍLIA ALTO ALEGRE POTI VELHO AEROPORTO ITAPERU MEMORARE MOCAMBINHO BOM JESUS
recorte de análise
Piauí Teresina Zona Norte Raio de 1,3 km Olarias São Joaquim Mafrense Nova Brasília Aeroporto Itaperu Alto Alegre Vila São Franciso Mocambinho Memorare Bom Jesus Poti Velho 88,9 hb/ha Até R$900/domic. Escolarid. 87,30% 88,9 hb/ha Escolarid. 88,40% 91,8 hb/ha Escolarid. 90,50% 88,5 hb/ha Escolarid. 91,30% 100,8 hb/ha Escolarid. 92,10% 94,8 hb/ha Até R$900/domic. Escolarid. 89,70% 32,2 hb/ha Escolarid. 94,5% 100,9 hb/ha Escolarid. 88,20% 67,7x hb/ha Escolarid. 89,70% 7 hb/ha Escolarid. 95,60% 139,8 hb/ha Escolarid. 91,00% 86,8 hb/ha R$1.301 - R$900/dom. Escolarid. 96,50% R$1.301 - R$900/dom. R$1.301 - R$900/dom. R$901 - R$1.300/dom. R$901 - R$1.300/dom. R$901 - R$1.300/dom. R$901 - R$1.300/dom. R$901 - R$1.300/dom. R$901 - R$1.300/dom. R$901 - R$1.300/dom.
PERFIL DOS BAIRROS
evolução urbana
LEGENDA
1800
1951 - 1960
1971-1980
1981-1990
Historicamente tem-se que esta foi a primeira região a ser ocupada do território que hoje se conhece como a capital piauiense. Analisando o mapa onde é representado através de bolhas as fases dessa evolução, nota-se a ocupação mais antiga da região teve início no bairro hoje denominado Poti Velho. Por ser o ponto inicial da cidade - região já ocupada devido sua localização estratégica entre dois rios - esperava-se que a evolução da malha territorial acompanhasse seu entorno, porém, devido suas características topográficas, essa expansão foi dificultada e logo o centro da cidade foi transferido para o atual bairro Centro. Os demais bairros presenciaram um processo de adensamento considerado tardio em relação ao Poti Velho.
Fonte: Latus Consultoria (2017) - REVISÃO DO PLANO DIRETOR
0 300
rio Poti
rio Parnaíba
Diagnóstico
densidade
A região possui bairros com uma densidade populacional acima da média de Teresina (2014) de 72,53Hab/ha, chegando a 139,8 hab/ha como no caso do bairro Vila São Francisco. Contudo, tem-se como exceção, o bairro Olarias, o que se deve, em parte, a grande porção de terra alagável que não permite urbanização.
0 20 40 60 80 100 120 140 Média de Teresina 72,53 hab/ha hab/hectare 7 32,2 67,7 86,8 88,5 88,9 88,9 91,8 94,2 100,8 100,9 139,8
RENDA, AGLOMERADOS SUBNORMAIS E ÁREAS DE RISCO
Essa situação precarizada da periferia se torna ainda mais evidente quando se analisa a renda em cada bairro, eles possuem, em sua maioria, uma renda média mensal inferior a um salário mínimo, e quando se trata dos aglomerados subnormais esse valor cai mais ainda, chegando a cerca de 300 reais em domicílios com um média de quase 4 habitantes. Isso demonstra a grande fragilidade socioeconômica da região. No mapa é possível perceber a relação entre a renda local, a existência de aglomerados subnormais e as áreas de risco que se apresentam em um número exacerbado, gerando além da vulnerabilidade social e financeira, a ambiental.
Renda Média Mensal dos Domicílios: Aglomerados subnormais Área de risco 600 - 900 R$ 901 - 1300 R$ 1301 - 2000 R$ LEGENDA 0 300 BOM JESUS VILA SÃO FRANCISCO REAL COPAGRE PARQUE ALVORADA rio Poti rio Parnaíba 3 1 2 5 6 9 10 8 6 6 7 4
A vulnerabilidade ambiental é um aspecto de grande peso quando se analisa essa região, no mapa analisado anteriormente percebe-se que grande parte das regiões mais precárias economicamente também estão em áreas de risco e ambientalmente frágeis. Isso se deve a topografia local que apresenta-se como uma extensa área plana inundável, com solos arenosos permeáveis e grandes corpos d’água interligados, sendo constantemente atingida por inundações e alagamentos. Ademais, a partir da sobreposição entre as capas de topografia e de cheios e vazios, percebe-se a distribuição ocupacional no território de estudo, ressaltando, na região de menor altitude, a ocupação no entorno de áreas de declive (com presença de corpos hídricos) e adjacente às vias estruturantes da região.
TOPOGRAFIA
Uso do solo e Topografia
rio Poti
rio Parnaíba
0 300 Ocupações LEGENDA Corpos Hídricos Curvas de Nível 80 -84 m > 85 m 75 - 79 m 70 - 74 m 65 - 69 m 60 - 64 m 58 - 59 m < 58 m sentido de desnível topográfico
ÁREA DE INUNDAÇÃO E ALAGAMENTOS
LEGENDA
Área de inundação
Lagoas
Área de alagamento
Esse cenário de alagamentos e inundações é provocado tanto pela urbanização que avança sobre áreas ambientalmente frágeis e naturalmente alagáveis, como também pela falta de investimentos do poder público em sistemas de infraestrutura e drenagem na região. Neste mapa são apontadas as áreas demarcadas por órgãos públicos como áreas de inundação ao redor dos corpos d’água, e também regiões em cinza que são áreas demarcadas como alagamento através de mapas colaborativos. Vale ressaltar, no entanto, a existência do Programa Lagoas do Norte (PLN) criado como um sistema de ações que buscam solucionar questões de drenagem urbana na região, mas que na prática se torna também um gerador de problemas de ordem social. Tal discussão será explanada em tópicos adiante. Ademais, salienta-se o relato da estudante e moradora do bairro Mocambinho, Maria Clara Veras:
[...] é assim que fica depois de uma chuva, fora a casa que é alagada também, e a gente tem que ficar umas 3 horas tirando água da casa depois que acaba a chuva. (Veras, 2020, relato oral)
Fonte: Carto - Mapas Agenda 2030 Teresina
0 300
rio Poti
rio Parnaíba
ÁREAS VERDES
Outro aspecto marcante da região é sua grande extensão de áreas vegetais que atravessam a maioria dos bairros e se encontram principalmente nas bordas das lagoas e rios. Além disso, a região também possui parques e praças, abrangendo um total de 12 áreas verdes públicas dentro do raio analisado. Apesar da grande quantidade aparente, a população ainda carece de áreas de lazer comunitário e espaço para crianças que valorizem e protejam os espaços vegetados, principalmente ao redor das lagoas e de áreas mais precárias. Ainda mais porque muitas dessas áreas estão degradadas, são utilizadas para descarte de lixo e criam zonas de insegurança para moradores.
Fonte: PDOT (2019) e Google Maps (2020)
ZEUS
Praças e parques
1. Parque Encontro dos Rios
2. Polo Cerâmico
3. Boidódromo
4. Praça M. do Carmo Rodrigues
5. Campo de futebol
6. Praça Princesa Isabel
7. Hortas
8. Praça Gilson Serra e Silva
9. Praça da Paz
10. Praça do Itaperu
11.Praça Luiz Abreu
0 300 7 12 8 9 11 10 1 2 3 4 5 6 rio Poti rio Parnaíba
12. Praça dos Orixás
LEGENDA
LEGENDA
Com relação à infraestrutura da área analisada, apresentamos primeiramente o mapa de abastecimento de água. Nele observa-se que a região é majoritariamente bem servida por essa infraestrutura. Contudo, ainda é possível perceber alguns trechos com moradias sem acesso ao recurso. Tais trechos representam, em parte, o avanço ocupacional, o qual demanda a expansão da rede de água existente. Ademais, a partir da perspectiva do morador, é possível sugerir a existência de um processo de culpabilização da população de baixa renda pela baixa eficácia do sistema de abastecimento de água, como demonstra a fala de David Vieira, universitário de 19 anos morador do bairro Mafrense:
[...] mas eu tava até falando aqui com uma vizinha minha que.. acho que na casa dela não tem caixa.. [...] tava dizendo que não é suja, nem falta muito, mas a água de lá tá vindo com fluxo baixo por que aqui perto tem uma invasão na lagoa e aí como tem mais gente usando... acho que tipo mudando o encanamento por lá mesmo aí o fluxo vem baixo. (Vieira, 2020, relato oral)
Contudo, salienta-se a necessidade de evocar, também, a responsabilidade do Município em coibir o avanço ocupacional em áreas de risco próximas aos corpos hídricos da região, em paralelo a salvaguardar o direito à moradia digna e segura à população.
Fonte: SEMPLAN (2016) - Elaborado pelos autores 0 300
rio Poti
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
rio Parnaíba
Rede de água Corpos Hídricos Trechos sem acesso à rede de água Quadras
REDE DE ESGOTO
LEGENDA
Tratando-se de esgotamento sanitário, percebe-se que a região é desprovida de quaisquer serviços de saneamento básico em uma porção territorial significativa. Assim, somado aos canais de esgoto a céu aberto e sua ligação aos corpos hídricos da área, tem-se um cenário e paisagem marcados pela insalubridade que recorta diversos trechos dos distritos da região. Assim, evidenciando um cenário, onde o direito a um espaço urbano salubre não é salvaguardado e defendido de modo eficiente, a fim de dar luz, em paralelo, ao direito à moradia digna e a uma cidade sustentável que preserve seus corpos d’água. Por conta dessa falta de infraestrutura a grande maioria das residências despejam seus resíduos nas lagoas que muitas vezes estão próximas aos quintais, como aponta João Victor de 22 anos, ex-morador do bairro Poti Velho:
Particularmente lá o esgoto vai pra uma galeria com conexão com 2 lagoas interligadas, uma no poty e outra no Alto Alegre que é aquela bem grande que tem ali [...] (Martins, 2020, relato oral)
Fonte: SEMPLAN (2016) - Elaborado pelos autores
0 300
Corpos Hídricos Quadras Rede de esgoto
rio Poti
rio Parnaíba
ILUMINAÇÃO PÚBLICA
Se tratando da infraestrutura de iluminação pública observa-se que a majoritária parte da região é atendida pela mesma. Contudo, em parcelas do território de análise, é possível identificar que algumas vias e calçadas não recebem tal infraestrutura - postes e luminárias. Assim, distanciando o direito às infraestruturas urbanas básicas à população. Ainda com vista a este mapa, percebe-se que nas áreas de expansão ocupacional próximas aos corpos hídricos da região tem-se uma carência na infraestrutura de iluminação pública. Sugerindo, por exemplo, duas hipóteses que expliquem a inexistência desta infraestrutura: em primeiro, tem-se uma hipótese pautada em uma pouca eficiência das concessionárias de energia em expandir seu atendimento na cidade; e em segundo, tem-se uma hipótese pautada na tentativa de controle da expansão ocupacional em áreas de risco, por meio da inacessibilidade à infraestruturas básicas, como a de iluminação pública.
rio Poti rio Parnaíba
PRECARIEDADES
LEGENDA
Baixa Precariedade
Média Precariedade
Alta Precariedade
Quadras
Tendo em vista o apresentado a respeito da infraestrutura local e com base em análises por meio de ferramentas virtuais de visitação ao espaço Apresenta-se neste mapa a precariedade das habitações presentes no raio analisado. Nessa análise foram considerados três parâmetros principais: 1.Habitações com boa infraestrutura, recuadas do muro e com calçadas largas; 2.Habitações com problemas de infraestrutura, recuo mínimo ou geminada e calçadas curtas e/ou obstruídas; e 3.Habitações com construção incompleta, improvisadas e com ausência de calçada pavimentada. É percebido, no estudo, a relação da caracterização das casas e a proximidade com pontos de água. No bairro Olarias, situado bem próximo a uma lagoa, existem 166 domicílios particulares em ocupação de aglomerados subnormais, com alta precariedade, representando cerca de 44% do total de domicílios do bairro. (SEMPLAN, 2010). Enquanto, que ao se distanciar das áreas de lagoas, percebe-se melhores condições nas habitações de renda e maior acesso aos serviços da região, repercutindo em moradias com baixa precariedade.
Fonte: Google Street View (2012) e Semplan (2010) 0 300
rio Poti
rio Parnaíba MAPA DE
ESCOLAS, UBS’S E ASSISTêNCIA SOCIAL
Em relação às escolas, observa-se majoritariamente, uma boa distribuição de serviços educacionais (municipais e estaduais) na área de estudo. Já em análise às unidades de saúde, é evidente a presença de quatro delas na região. Contudo, sem unidades para atendimento mais especializado (UPA’s e Hospitais) na área de estudo - sejam de ordem pública ou privada. Ademais, ressalta-se a presença de sete equipamentos de esfera socioassistencial para atendimento à população da região, destacando-se o CEM (Centro Educacional Masculino) destinado à reabilitação de jovens infratores.
1
2 UBS
3
4
Fonte: Google Maps - Elaborado pelos autores LEGENDA UBS Maria Teresa de Melo Costa CEM - Centro Educacional Masculino Corpos Hídricos
UBS Dr. Evaldo Carvalho
Dr. Antônio Benício Freire
UBS Memorare
Escola da Rede Municipal Área de Influência da Rede Escolar (Raio: 500m)
Centro
Centros de
0 300 1 2 3 4 rio Poti rio Parnaíba
Escola da Rede Estadual Escola particular Centro de Atenção Psicossocial CAPS Norte
de Referência de Assistência Social CRAS Norte II
Convivência
covid-19
Após a apresentação das UBS’s e instituições de Assistência Social e tendo em vista o cenário atual de crise em saúde pública potencializada pela pandemia do novo coronavírus, se fez necessário analisar como essa doença tem se comportado na região em questão. Entre os bairros com menor número de casos e óbitos tem-se o Olarias, em razão, principalmente, do seu baixo índice populacional. Contudo, observa-se que a região apresenta-se vulnerável aos efeitos da crise em saúde pública de 2020/2021. O número de casos acumulados em majoritária parte da região está acima de 100 - com distritos que ultrapassam a marca de 250 casos acumulados até a data de análise de 15 de dezembro de 2020. Na área de estudo, o bairro com maior número de óbitos acumulados é o bairro Mocambinho (32), seguido do bairro São Joaquim (19). (ver mapa abaixo) Salienta-se que somente a UBS “3” atende pessoas com casos de síndrome gripal. Ademais, ressaltam-se que os hospitais - para atendimento mais especializado à população - mais próximos ao recorte do trabalho, são: Hospital Maternidade do Buenos Aires (Público), Hospital da Primavera (Público), Hospital do Matadouro (Público) e Hospital Unimed (Privado).
0 300 1 2 3 4
Fonte: PAINEL COVID TERESINA (2020) - Elaborado pelos autores
OLARIAS MAFRENSE
SÃO JOAQUIM
NOVA BRASÍLIA
ALTO ALEGRE
AEROPORTO ITAPERU MEMORARE MOCAMBINHO BOM JESUS
POTI VELHO
REAL COPAGRE PARQUE ALVORADA
VILA SÃO FRANCISCO
SANTA ROSA
rio Poti
rio Parnaíba
Nº de casos LEGENDA Nº de óbitos 15/12/2020 +450 251 - 450 101 - 250 11 - 100 1 - 10 1 - 5 6 - 10 11 - 20 +20 Corpos Hídricos UBS 1
uso do solo
LEGENDA
Essa nova realidade que se instaurou afetou as dinâmicas que ocorriam nessa região - assim como nas demais regiões do planeta - que apresenta um alto fluxo de pedestres por entre os bairros, pontos comerciais e de serviço espalhados pelas ruas dos bairros e diversas manifestações culturais. No mapa acima apresenta-se o uso do solo e além disso foram marcados, também, as construções com mais de um pavimento. De antemão salienta-se que a grande maioria das construções possuem apenas pavimento térreo. Essa pequena altura nas construções se deve também as normatizações impostas quanto ao crescimento vertical na região, em consonância com restrições demandadas pelo cone de aproximação do Aeroporto.
0 300
rio Poti
rio Parnaíba
Corpos Hídricos Uso Residencial Uso Comercial Uso de Serviço Uso Institucional Edificações Subutilizadas
Vazios
Subutilizados Edificações
Lotes
e/ou
com + de 1 pavimento
vias, pontos de ônibus e pontos Âncoras
LEGENDA
Hortas Comunitárias
Praças
Parques
Campos society
Quadra esportiva
Academia popular
Restaurantes / bares
Igrejas
Polo cerâmico
Supermercados
LEGENDA
Corpos Hídricos
Principais Vias
A132 - 26.8 km
365 - 50.1 km
201 Corujão
T133 - 15.3 km
TB01 - 24.0k
Terminal Rui Barbosa
Pontos de Ônibus
Como parte importante dessa dinâmica social, apresentam-se os pontos âncoras demarcados no mapa acima. Estes são definidos como instalações que geram fluxos pela região, responsáveis pelo entretenimento, comércio e cultura. Através da disposição desses equipamentos podemos relacioná-los com a igualdade de distribuição de renda, educação, acessos privilegiados, zonas mais seguras e outros aspectos que são diretamente influenciados pela distribuição desses pontos. É reconhecendo esses eixos que será possível constatar problemas e sugerir possíveis soluções. Nesta representação eles estão associados ao mapa das principais vias e rotas de ônibus, sendo possível perceber a clara relação entre os dois.
Constata-se que as principais vias, (destacadas em vermelho) dão acesso aos bairros vizinhos, facilitando a mobilidade por meios de transportes. Observa-se também que o transporte público só possui rotas pelas principais vias dos bairros, o que por um lado é compreensível devido a largura reduzida de algumas ruas, mas por outro lado torna escassas as opções de transporte público por parte do usuário e o leva a maiores percursos a pé. No entanto, a região possui percursos que se tornam perigosos em alguns pontos, pois muitas ruas são sem saída, sendo alvo fácil para criminalidade, desencadeando outro grande problema social, que é a falta de segurança pública.
0 300 RCedro RAltos R Sotero Vaz da Silveira RAlto Longá Av Antônio Pereia Martins RRaimundoNMesquita Alameda Domingos A Mafrense R Teodoro Castelo Branco R Des Flaávio Furtado Av Boa Esperança Av Rui Barbosa RJosé Santana R Rad. Jim Borralho R Anísio Pires Av Campo Maior Av Centenário Av Centenário RJoão Isidoro França R Sapucáia R Interventor Teodoro Sobral RCastelodoPiauí rio Poti rio Parnaíba
Fonte: SEMPLAN - TERESINA GEO – Mapa elaborado pelos autores Fonte: Moovit - Aplicativo de Mobilidade e Google Maps - Desenvolvido pelos autores
zoneamento pdot 2019
Zona especial de uso sustentável
ZEUS
Zona de ocupação moderada 2
ZOM 2
Zona de Desenvolvimento de Corredor de Manejo Sustentável - ZDCS
Zona especial de Interesse social
ZEIS
Zona espacial do polo cerâmico
ZEICP
Zona especial de Interesse institucional
ZEII
Projeto Especial de Urbanização PEU
Ainda buscando contextualizar o território de análise no cenário municipal, apresenta-se o mapa de Zoneamento da região com base no Plano Diretor de Ordenamento Territorial - PDOT, da cidade de Teresina, aprovado no ano de 2019 e atualmente em vigor. A maior parte da área analisada está compreendida na Zona de Interesse Ambiental - ZIA, é uma zona que se caracteriza por sua susceptibilidade a alagamentos e inundações e importância para o sistema de drenagem do município. É prioritária para investimentos em infraestrutura de drenagem. Alguns dos objetivos para essa zona são: Compatibilizar uso e ocupação do solo às limitações ambientais, garantir ocupações de média e baixa densidade, promover requalificação ambiental e urbanística com projetos de drenagem, saneamento e moradia digna para áreas críticas e já ocupadas, preservar e valorizar as margens dos rios.
As Zonas Especiais de Usos Sustentável - ZEUS, que se fazem presente nas margens de rios e lagoas, são zonas onde o uso e ocupação do solo devem estar plenamente compatibilizados com a conservação e preservação dos valores e bens ambientais. Porém, a própria legislação abre espaço para a remoção total dessa vegetação ao permitir isso, no parágrafo 3 do artigo 109, mediante autorização do município. Além disso, nota-se que as lagoas não estão inclusas nessa demarcação, o que leva a questionar qual o grau de atenção foi dado a esse sistema tão importante para a drenagem da região e de impacto na vida dos moradores locais.
Fonte: PDOT (2019) 0 300
rio Poti
rio Parnaíba
Zona de Interesse Ambiental ZIA
LEGENDA
projetos e planos futuros
LEGENDA
Neste mapa são apresentados os programas e projetos futuros previstos para a região Norte. Dentre eles estão o Polo Cerâmico e o Aeroporto que se apresentam com características peculiares e planos específicos no PDOT, o primeiro pois é um polo Comercial e Turístico que atrai visitantes e gera renda para a região, e o segundo por haver a possibilidade de mudança do aeroporto para um lugar mais afastado da área urbanizada e nesse espaço ser construído um novo bairro. Tal proposta ainda não foi posta em ação devido a falta de recursos financeiros. Já as marcações em vinho e amarelo são referentes a projetos do Programa Lagoas do Norte, que irão afetar de maneira direta e indireta toda a região analisada. A marcação amarela é referente a obras de esgotamento sanitário, drenagem urbana, sistema viário e urbanização. E a marcação vinho diz respeito ao reforço e alargamento do Dique da Boa Esperança. Todos os projetos trazem impactos diretos na vida dos moradores locais à princípio com o objetivo de melhoria da qualidade de vida da população, no entanto os residentes locais vem sofrendo com ameaças de despejos e transferências para regiões distantes do seu local de moradia e pertencimento.
Fonte:
(2019) e Programa Lagoas do Norte (2017)
PDOT
Polo Cerâmico - ZEICP
Aeroporto - PEU
Área diretamente afetada pela etapa 2 do Programa Lagoas do Norte. Projeto de duplicação da Av. Boa Esperança e aumento do dique previsto na etapa 2 do Programa Lagoas do Norte.
0 300
rio Poti
rio Parnaíba
.habitação
.mobilidade urbana
.infraestrutura
.patrimônio ambiental
.patrimônio histórico cultural
.desenvolvimento econômico e inclusão social
.GOVERNANÇA
matrizes
Uso misto em diversas ocupações potencializando a vida urbana
Processos de interação social entre os moradores
Crescimento Vertical controlado.
Criação de ZEIS
Requali cação habitacional (ATHIS)
FORÇAS OPORTUNIDADES MATRIZ FOFA
FRAQUEZAS AMEAÇAS
Precariedade habitacional
Ocupação em áreas de risco
habitação
Processos de desapropriação de residências
Especulação Imobiliária
Expansão do sistema viário
Programa Lagoas do Norte, bem como outras propostas de intervenção no território podem promover gentri cação
cenário cenário
FENÔMENOS
Desapropriação e precariedade habitacional ATORES
População, Poder Público e Setor Imobiliário CONFLITOS
Falta de acesso à moradia digna CONSEQUÊNCIAS
Aumento de precariedade na habitação.
Ampliação do processo de autoprodução de moradias sem acesso íntegro aos serviços urbanos básicos e próximas a áreas de risco (alagamento). Além do medo e pressão constante pelo receio de desapropriação por ações provindas de órgãos públicos ou iniciativas privadas.
Processo de regularização fundiária para os moradores situados em regiões fora de área de risco. Disponibilidade de moradia digna em território a ser demarcado na mesma região de análise, a m de retirar a população residente em área de risco de inundação, e áreas destinadas à preservação.
Densidade urbana ordenada, sob valorização de um modelo de crescimento vertical controlado, em contraposição à expansão horizontal das ocupações da região.
Polo de atração de uxos Usos mistos em diversas vias os quais potencializando o encurtamento de deslocamentos pela população e, em paralelo, a mobilidade ativa
Infraestruturar circuitos destinados ao uxo de pedestres e ciclistas.
Desenvolvimento de modal hidroviário Interligação entre modais
FORÇAS OPORTUNIDADES
FRAQUEZAS AMEAÇAS
Incompatibilidade entre largura de vias e o uxo veículos nos eixos viários de maior uxo. Calçadas e passeios curtos, com desníveis e algumas obstruídas; Poucas pistas exclusivas para ciclistas e pedestres.
Insegurança urbana que afeta a livre circulação das pessoas por determinadas ruas dos bairros.
mobilidade urbana
Expansão do sistema viário, como contraponto à mobilidade ativa e a perpetuação de um modelo tóxico Aumento de acidentes e de insegurança viária
Demanda por pavimentação asfáltica e consequente impermeabilização do solo
cenário cenário
FENÔMENOS
Expansão do sistema viário e protagonismo do veículo automotor ATORES
Poder Público, População, Concessionária de transporte coletivo.
CONFLITOS
Impacto social e ambiental potencializados pelos riscos de desapropriação e manutenção de um modelo de mobilidade tóxico.
CONSEQUÊNCIAS
Expansão do sistema viário potencializando o aumento do uxo de veículos, processos de desapropriação, bem como alagamentosintensi cados pela impermeabilização do solo.
Valorização de modais automotores individuais em detrimento de modais ativos e coletivos, ameaçando a qualidade de vida das populações locais.
Valorização de mobilidade ativa e sustentável através da estruturação de vias para pedestres e ciclistas. Criação de um sistema multimodal de mobilidade urbana. Pavimentação associada a materiais e tecnologias que promovam a absorção de água do solo e um maior conforto térmico.
MATRIZ FOFA
Presença de uma quantidade considerável de escolas da rede municipal e UBS’s Abastecimento de água em parte majoritária da região
Projeto de drenagem a ser proporcionado pelo Parque Lagoas do Norte Criação de uma nova centralidade. Promoção do uso misto do solo, a partir da liberação de atividades comerciais e de serviço de baixo impacto.
Infraestruturação de praças e parques
FORÇAS OPORTUNIDADES MATRIZ
FRAQUEZAS AMEAÇAS
Vazão da água insu ciente para atender à população
Acesso signi cativamente escasso à ao sistema de saneamento básico, resultando em paisagens recortadas por canais de esgoto a céu aberto e corpos d’água poluídos
Falta de segurança
Falta de pavimentação adequada em várias vias
Parques e Praças em baixa manutenção
infraestrutura
Insu ciência de verbas públicas destinadas à promoção democrática de serviços urbanos
cenário cenário
FENÔMENOS
Gentri cação, insu ciência de infraestrutura urbana
ATORES
Poder Público CONFLITOS
Infraestrutura urbana não proporcional às demandas e particularidades locais
CONSEQUÊNCIAS
Manutenção de uma paisagem recortada por canais de esgoto a céu aberto e, por conseguinte, pela poluição dos corpos d’água e ecossistemas verdes da região. Vulnerabilidade da população a vetores de doenças relacionados ao incompleto serviço de saneamento básico
Proporcionalidade entre os serviços urbanos e demanda habitacional.
Região com heterogeneidade equilibrada de usos urbanos, a m de mitigar paisagens marcadas por ruas vazias e potencializar maior uxo de pessoas na região.
Parques e Praças infraestruturados e abertos para receber festividades e outras atividades da população.
FOFA
Região com ampla áre de cobertura vegetal Residências com áreas permeáveis e cobertura vegetal dentro do lote Rios como elementos protagonistas da paisagem
Criação de parques ambientais e hortas comunitárias
Valorização e uso do potencial ambiental da região como ponto turístico e ecológico na cidade
FORÇAS OPORTUNIDADES
FRAQUEZAS AMEAÇAS
Descaracterização dos rios Poluição dos corpos hídricos e dos ecossistemas verdes
patrimônio ambiental
Aterramento dos corpos hídricos
Expulsão da fauna da região em razão da degradação constante dos ecossistemas verdes e aquáticos
Processos de autoprodução de moradia em áreas destinadas à preservação Desconsideração das particularidades ambientais do território e as limitações quanto à ocupação e permeabilidade do solo
cenário cenário
FENÔMENOS
Alagamento, poluição, casas em áreas de risco.
ATORES
População e Poder Público CONFLITOS
Despreparo para fenômenos ambientais, como as grandes chuvas, falta de solução adequada, que bene cie os moradores que devem ser deslocados para áreas seguras.
CONSEQUÊNCIAS
Com o alagamento, as ruas são inundadas, há perca de bens materiais e até mesmo da moradia. Já com relação a poluição, há o desgaste ambiental, provocando um desequilíbrio ecológico, além disso, pode-se provocar queimadas, devido resíduos que propiciam incêndios.
Diminuição signi cativa dos alagamentos. Deslocamento das casas em perigo para uma área segura, porém próxima da região.
Áreas para passeios dos moradores.
Apoio internacionais para o aproveitamento ambiental e paisagístico.
FOFA
MATRIZ
Riqueza de manifestações culturais
Sentimento de pertencimento territorial População valoriza a cultura local Possui marcos históricos para a cidade de Teresina
Realização de festividades locais
Criar e infraestruturar parques e praças destinados a valorização cultural
Promoção de ações educativas em torno do patrimônio histórico cultural da região
FORÇAS OPORTUNIDADES
FRAQUEZAS AMEAÇAS
Obras públicas que não tenham consideração total com as práticas culturais locais
Falta de manutenção de espaços culturais
Processo de desapropriação associados ao rompimento das tradições entre o local de moradia e a população
Perda da ligação com a tradição cultural por parte da população mais jovem;
Perda da valorização da cultura local e de práticas locais pela falta de apoio do poder público
patrimônio histórico cultural
cenário cenário
FENÔMENOS
Perda e não manutenção de espaços tradicionais e culturais ATORES
População local e Poder Público CONFLITOS
Desterritorialização e distanciamento da cultura local CONSEQUÊNCIAS
Populações tradicionais perdem suas tradições e suas relações com espaço e as novas gerações acabam perdendo esse laço cultural e a qualidade de vida (onde problemas psicológicos relacionados a perda de relação com o espaço são potencializados)
Participação ativa da população local nos processos de manutenção e construção da paisagem cultural da região. Paisagem com patrimônio material e imaterial salvaguardado de modo a defender a história e cultura local e garantir a transmissão intergeracional.
Manutenção e valorização dos espaços culturais que já existem, como o boidódromo, Polo Cerâmico, Mercado do Peixe.
Inclusão e reconhecimento no patrimônio histórico cultural de Teresina.
MATRIZ FOFA
Comércio Local Boa distribuição da rede de ensino público Presença de Centros de Assistência Social e de Convivência em diversos locais da região
Implementar uma nova centralidade Promoção do uso misto do solo, a partir da liberação de atividades comerciais e de serviço de baixo impacto.
Regularização fundiária
Incentivos a programas especí cos destinados ao desenvolvimento socioeconômico da população
FORÇAS OPORTUNIDADES
FRAQUEZAS AMEAÇAS
Escassez e baixa manutenção de espaços públicos dedicados ao convívio social e exposição de atividades
Presença de aglomerados subnormais em áreas de risco e alheias a serviços urbanos adequados
Rigidez de legislações quanto ao uso do solo, di cultando a implementação de usos de baixo impacto - e base da renda de parcela populacional da regiãocomo pequenos comércios e serviços de estética.
Risco de gentri cação
Insu ciência de políticas públicas associadas a inclusão social
desenvolvimento econômico e inclusão social
cenário cenário
FENÔMENOS
Desigualdade sócio-espacial ATORES
População, Associações comunitárias e Poder Público CONFLITOS
Existência de aglomerados subnormais e precariedade de espaços públicos.
CONSEQUÊNCIAS
Intensi cação segregação sócio-espacial, di culdade de acesso democrático aos equipamentos públicos e serviços urbanos
Promoção do desenvolvimento sócio espacial. Desburocratização quanto à permissão de atividades de baixo impacto e fonte de renda da população local.
Infraestruturação dos espaços públicos com equipamentos e estruturas que possibilitem a realização de festividades e outras atividades entre os moradores.
MATRIZ FOFA
Associações de Trabalhadores locais (ACEPOTI e COOPERART) Identidade da população com o território como fator potencializador para defesa à moradia e busca de demandas
Desenvolvimento e manutenção da identidade entre população e território Reavivamento da relevância do protagonismo da população quanto ao espaço urbano.
FORÇAS OPORTUNIDADES
FRAQUEZAS AMEAÇAS
Baixo conhecimento quanto ao Plano Diretor Municipal, legislações vigentes ou propostas de intervenção no território
Baixa participação popular nas mudanças geopolíticas da região
governança
Remoção das populações Tecnocracia das legislações em aplicação e falta de um efetivo processo de participação popular
cenário cenário
FENÔMENOS
Falta de diálogo da PMT com a população local ATORES
População e Poder Público CONFLITOS
Populações retiradas involuntariamente de suas casas sob a escusa de habitarem locais de risco CONSEQUÊNCIAS
Perdas materiais e imateriais pela população local públicos ou iniciativas privadas
Um cenário onde o saber e os atores locais sejam ouvidos e atendidos, de forma que o desenvolvimento urbano reconheça esses atores e o tomem como parte primordial para ações de interferência local.
MATRIZ FOFA
.implementação DE uma nova centralidade
.Plano de mobilidade urbana
.microzoneamento
.aplicação de instrumentos urbanísticos
.Promoção de ATHIS e ações educativas em torno do patrimônio ambiental e histórico cultural
.Evitar longos deslocamentos;
.Valorizar comércio e dinâmicas locais;
.Incentivar verticalização até 3 pavimentos;
.Preferência ao uso comercial ou serviço no pavimento térreo;
.Garantir desenvolvimento econômico de maneira igualitária no território.
implementação DE uma nova centralidade
A nova centralidade é proposta como uma estratégia para valorizar as dinâmicas de comércios e serviços próximos as residências, entendidas como uma força local, aumentar o fluxo de pessoas nas ruas durante todos os períodos do dia de forma a gerar a segurança urbana, aliada a uma melhoria na mobilidade urbana, de forma que a população local reduza a necessidade de fazer longos deslocamentos e, principalmente, que não dependam de veículos motorizados para acessar comércios, serviços, empregos e lazer.
Por isso também há o incentivo para a verticalização de até três pavimentos, coloca-se esse limite máximo pra evitar a especulação imobiliária e a descaracterização da região que é quase que completamente composta por construções de apenas um pavimento. Nesse processo de verticalização é importante dar preferência para que os pavimentos térreos sejam destinados ao comercio e serviço, estimulando esse fluxo continuo de pessoas pelas calçadas, e os pavimentos superiores destinados a habitações.
Por suposto, deve-se garantir que esse desenvolvimento ocorra de modo igualitário no território, atingindo principalmente as regiões mais precarizadas, e se integre com as outras estratégias.
Habitações nos pavimentos superiores
Comércio / Serviços no Pavimento Térreo
.Integração de modais;
.Infraestruturação de um modal cicloviário, bem como hidroviário;
.Criação de ciclorrotas em vias estreitas;
.Inversão do protagonismo existente que valoriza o veículo automotor;
.Busca de apoio de inicaitivas privadas e internacionais para promover o uso de bicicletas, tal como a partir de um sistema de bicicletas compartilhadas;
.Adequação do projeto da nova ponte para se tornar um percurso de pedestres e ciclistas, excluindo as faixas destinadas aos veículos automotores.
plano de mobilidade urbana
A priori, em refutação ao modelo tóxico de mobilidade urbana vigente no mundo capitalista, e em consonância os objetivos do desenvolvimento sustentável, entende-se a urgência de aplicação de modelos de mobilidade ativa, bem como associados ao uso de energia limpa e renovável. Desse modo, considerando-se as particularidades do recorte de análise, salienta-se a possibilidade de criação de um modelo multimodal, integrando ciclovias, passeios para pedestres, eixos de transportes coletivos, bem como hidroviários.
A proposição dessa estratégia se deu após a identificação da insegurança viária, tida como uma fraqueza da região, já que a área analisada possui vias que não abarcam a demanda atual de tráfego, percursos com pouca ou nenhuma acessibilidade além de regiões que se tornam inseguras devido a pouca iluminação e fluxo de pessoas diminuto. Além disso, identificou-se o projeto de construção de uma nova ponte, ao lado da atual, entendida como uma ameaça, tendo em vista as consequências geradas pela construção da primeira, que se apresentou como uma potencializadora de acidentes de transito além de alargar vias e provocar uma segregação espacial no bairro.
Em vista disso, um ponto importante para o sucesso desta estratégia é a inversão do protagonismo dado ao transporte automotivo individual, que vem sendo imposto em projetos de duplicação de vias e construção de novas pontes, como elucidado anteriormente, que tentam responder ao engarrafamento que esse tipo de modal provoca. Em resposta a esse movimento propõe-se que, ao se manter a construção de uma nova ponte, esta seja destinada ao percurso de pedestres, ciclistas e outros meios de mobilidade ativa, e, além disso seja implementado um percurso hidroviário integrado ao sistema de transporte coletivos e ciclovias, de modo que a população possua outras alternativas para a travessa o rio, e não somente o transporte automotivo.
Ademais, propõe-se a pavimentação de vias precárias, a construção e adequação de passeios para pedestre e iluminação e sinalização de vias e passeios. Salientando-se, novamente, a prioridade de aplicação destas estratégias nas áreas mais precárias e que são mais atingidas pela falta de mobilidade e pela insegurança viária.
.Proposta de criação das zonas: Zona de Redução da vulnerabilidade urbana e recuperação ambiental Zona de Preservação dos Recursos Naturais
.Respeitar as especificidades de cada zona
.Adequar a atual legislação em acordo com particularidades locais
.Definir a fundo os critérios e particularidades para cada zona
.Considerar a intrínseca fluidez relacionadas às dinâmicas sociais, a fim de possibilitar a readequação dos limites espaciais de cada zona
microzoneamento
Essa estratégia se trata de um micro zoneamento, levando em consideração o proposto pelo PDOT para esta região, pois entende-se que os objetivos propostos nele estão, em partes, de acordo com as estratégias levantadas neste diagnóstico. Mas necessitam, no entanto, de especificações, adequações e integração com outros projetos para melhor responder às características locais. Isso é o que se procura fazer neste tópico.
A maior parte do território analisado está compreendido na Zona de Interesse Ambiental – ZIA, para ela o PDOT enumera os seguintes objetivos:
I. Compatibilizar o uso e ocupação do solo às limitações ambientais;
II. Garantir ocupação com média e baixa densidades, salvo quando comprovadamente o empreendimento não agravar a situação atual nem houver risco à população que irá residir;
III. Evitar novas ocupações irregulares e desordenadas;
IV. Promover a requalificação ambiental de fundos de vales e áreas inundáveis;
V. Promover ações para requalificação urbanística das áreas, com projetos estruturantes de drenagem, saneamento e moradia digna para as áreas críticas e já ocupadas;
VI. Preservar e valorizar as margens dos rios Parnaíba e Poti. Buscando especificar essa zona, propõe-se a criação da microzona de redução da vulnerabilidade urbana e recuperação ambiental – marcada em amarelo – pois, através do diagnóstico preliminar, observa-se uma maior precariedade nas habitações dessa região, majoritariamente nas bordas das lagoas. Em razão disso, estas são regiões necessitam de melhorias através de políticas sociais, como por exemplo a construção de muro gabião nas adjacências aos corpos hídricos, a fim de reduzir, mesmo que não totalmente, as inundações/alagamentos nas ocupações próximas, e em casos mais extremos seria necessário o realojamento para terrenos mais salubres dentro do próprio território. No mapa ao lado apresentam-se os terrenos que se encontram atualmente vazios e são passiveis de aplicação de instrumentos da política urbana para receber essa parte da população, mantendo-as próximas ao seu local de origem.Já para as Zonas de Uso Sustentável – ZEUS, foram feitos ajustes em seu perímetro, ora para dar espaço para a microzona de redução da vulnerabilidade urbana e recuperação ambiental, pois são regiões que já possuem habitações e necessitam de estratégias específicas e diferentes das de proteção ambiental, ora para englobar novas áreas, como as regiões das lagoas, que não são contempladas no PDOT, mas entende-se sua importância para a drenagem e o sistema verde. Esta foi nomeada como microzona de preservação dos recursos naturais.
MAPA MiCROZONEAMENTO
MAPA LOTES VAZiOS OU SUBUTiLiZADOS
rio Poti rio Parnaíba N 0 300 LEGENDA Corpos Hídricos Quadras Lote em subutilização Lotes Vazios rio Poti rio Parnaíba N 0 300 Corpos Hídricos Quadras Zona de Redução da Vulnerabilidade Urbana e Recuperação Ambiental Zona de Preservação dos Recursos Naturais rio Poti
.Melhoria da qualidade das habitações em respeito aos objetivos de conforto térmico, salubridade e segurança;
.Auxiliar os moradores no processo de construção de moradias;
.Usufruto da função social do arquiteto e urbanista;
.Uso de terrenos vazios para habitação de interesse social (HIS) e/ou para reassentamento da população local;
.Educação patrimonial e ambiental.
.Palestras abertas para mostrar a importância da valorização e proteção das áreas verdes no território urbano;
.Fortalecimento e cumprimento da legislação ambiental;
.Promoção de espaços públicos que fomentem a troca de ideias e expressões da cultura local.
aplicação de instrumentos urbanísticos
Sob viés socioespacial, a fim de legitimar direito à moradia digna às comunidades locais residentes em territórios alheios aos serviços urbanos básicos, bem como a uma efetiva regularização fundiária - no caso de territórios fora de área de risco e passíveis de um processo de regularização - recomenda-se a efetiva aplicação dos instrumentos de regularização fundiária previstos no Estatuto da Cidade. Em específico, considera-se como fundamental a implementação de Zonas Especiais de Interesse Social, previamente especializadas no território em análise.
Ademais, no intuito de combater os vazios urbanos e propriedades que não cumpram sua função social tem-se como de fundamental aplicação os instrumentos da política urbana denominados Parcelamento, Edificação, Utilização Compulsórios - PEUC, bem como o IPTU progressivo no tempo. Outrossim, a fim de salvaguardar a função social em terrenos ociosos, delineia-se a aplicação do Direito de Preempção - instrumento previsto nos artigos 25 e 27 da Lei Federal n° 10.257/2001, também conhecido como Estatuto da Cidade. A fim de refutar quaisquer propostas de intervenção que impactem negativamente as dinâmicas e particularidades locais, recomenda-se, também a exigência de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA), bem como o seu referido relatório (RIMA). Além disso, tem-se como imprescindível a aplicação de instrumentos de democratização da gestão urbana, tais como Audiências e Consultas Públicas, bem como Gestão Orçamentária Participativa, a fim de orientar os processos de planejamento e gestão urbanos em direção a um desenvolvimento socioespacial de acordo com as demandas e particularidades locais.
.Melhoria da qualidade das habitações em respeito aos objetivos de conforto térmico, salubridade e segurança;
.Auxiliar os moradores no processo de construção de moradias;
.Usufruto da função social do arquiteto e urbanista;
.Uso de terrenos vazios para HIS e/ou para reassentamento da população local;
.Promover educação patrimonial e ambiental
.Palestras abertas para mostrar a importância da valorização e proteção das áreas verdes no território urbano;
.Fortalecimento e cumprimento da legislação ambiental
.Promoção de espaços públicos que fomentem a troca de ideias e expressões da cultura local.
Promoção de ATHIS e ações educativas em torno do patrimônio ambiental e histórico cultural
Sob o intuito de salvaguardar o direito à moradia digna, ao encontro às recomendações técnicas para ventilação, conforto térmico, bem como para salubridade das habitações, faz-se jus à implementação de Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social (ATHIS). Esta, associada ao trabalho de diversos profissionais - e fundamentalmente arquitetos(as) e urbanistas - delinea, por conseguinte, a promoção de qualidade de vida às comunidades locais.
Além da relevância da ATHIS no território, ressalta-se a imprescindibilidade de ações educativas voltadas ao patrimônio ambiental e histórico cultural. Isso, a fim de defender os ecossistemas naturais e o patrimônio material e imaterial da região, através da conscientização e sensibilização da população, associado, evidentemente, a um efetivo apoio governamental, o qual, sob uma perspectiva ambiental, salvaguarde os territórios destinados à preservação, através de fiscalização e restrição de ocupação, bem como, sob uma perspectiva sociocultural, promova espaços públicos equipados e de manutenção regular.
Referências
CRUZ, Izabel Cristina de Souza et al. Três décadas de expansão urbana e concentração populacional em Teresina, Piauí, Brasil. Revista Espacios, vol. 37, n 24, p. 03, 2016. Disponível em:<https://www.revistaespacios.com/a16v37n24/16372403.html#:~:text=Apesar%20de%20em%202014%20Teresina,limites%20estes%20bem%20acima% 20do> Acesso em: 22 dez. 2020.
EVEN 3, Anais do 5o Fórum HABITAR 2019: Habitação e Desenvolvimento Sustentável ASSENTAMENTOS URBANOS INFORMAIS DE TERESINA, PI. Disponível em:https://www.even3.com.br/anais/forumhabitar2019/199422-assentamentos-urbanos-informais-de-teresina-pi/ Acesso em: 17 dez. 2020
Google Maps, Teresina Geo - Equipamentos Municipais. Disponivel em: https://www.google.com/maps/d/u/0/view-r?hl=pt-BR&hl=pt-BR&ll=-5.05173851212572%2C-42.811384796 89607&z=14&mid=1_Z3zt2QFNwufZyuX9rg5xsiHDB1IfDAP. Acesso em: 15 dez. 2020.
LATUS. Revisão e Atualização do Plano Diretor do Município de Teresina - PI: Leitura Técnica, Produto 2.Teresina, 2017.
ROLNIK, Raquel (Coord); SAULE JÚNIOR, Nelson (Coord). Estatuto da cidade: guia para implementação pelos municípios e cidadãos: Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001 que estabelece diretrizes gerais da política urbana. 2. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2002.
SEMPLAN. Mapas de Teresina. Disponível em: https://semplan.pmt.pi.gov.br/mapas-interativos/. Acesso em 15 de dez. de 2020.
SINDSERM. Prefeitura mantém CMEI ao lado de esgoto à céu aberto. Disponível em: http://sindsermthe.blogspot.com/2014/11/prefeitura-mantem-cmei-ao-lado-de.html. Acesso em: 17 dez. 2020.
SOUSA, Centro de Defesa Ferreira de. Lagoas do Norte para quem?. Carta à Profa. Raquel Rolnik. Teresina. 2019. Disponível em: <http://www.labcidade.fau.usp.br/wp-content/uploads/2019/11/carta-Raquel-Rolnik.pdf> Acesso em: 18 dez. 2020.
SOUZA, Marcelo Lopes de. Mudar a cidade: uma introdução crítica ao planejamento e à gestão urbanos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. p.25 – 82.
TERESINA, Prefeitura Municipal. Programa Lagoas do Norte: Elaboração dos Projetos Básicos e Executivos das Obras de Requalificação Urbana e Ambiental e Plano de Reassentamento das Áreas 2,3 e 4 da Região Lagoas do Norte - Município de Teresina/PI. Tomo V, vol IIIA. 2017. Disponível em:<http://semplan.teresina.pi.gov.br/wp-content/uploads/sites/39/2018/06/RL-13017-EMD-REQ-PCA-009_2-Prioridade-9_SJ-MAZ-REV.pdf>. Acesso em: 21 dez. 2020.
- _____Lei Complementar Nº5.481, de 20 de Dezembro de 2019. Dispõe sobre o Plano Diretor de Teresina, denominado “Plano Diretor de Ordenamento Territoria-PDOT”, e dá outras providências. Disponível em: <https://semplan.teresina.pi.gov.br/wp-content/uploads/sites/39/2020/02/Lei-no-5.481-Comp.-de-20.12.2019-PDOT.pdf>. Acesso em: 21 dez. 2020. LATUS. Leitura Técnica: 2o Produto. Revisão e atualização do Plano Diretor do Município de Teresina. 2017.
UN-HABITAT. Nova Agenda Urbana. Quito, 2016. Disponível em: http://uploads.habitat3.org/hb3/NUA-Portuguese-Brazil.pdf. Acesso em: 28 out. 2020.
Agradecimentos
Em vistas dos dados apresentados, reitera-se o papel social que as pesquisas realizadas no espaço acadêmico proporcionam. Nesse senti- do, muito além de um produto encerrado em si mesmo, a referente produção - apesar das limi- tações impostas pela crise em saúde pública de 2020/21 - apresenta-se como um relevante trabalho que, associado a outras pesquisas socioespaciais sob o território em análise, enriquece as proposições de intervenção que pro- porcionem um genuíno processo de desenvolvi- mento urbano na região. Assim, além de agradecer a resiliência e proati- vidade dos pesquisadores do presente trabalho, explana-se a gratidão pelas orientações da arquiteta e urbanista Drª Anna Karina Borges de Alencar, que nortearam a construção de um diagnóstico de acordo com uma perspectiva socioespacial crítica do território de estudo. Outrossim, explana-se o reconhecimento das estratégias implementadas pela docente no intuito de potencializar o prosseguimento sau- dável e bastante proveitoso da disciplina de Planejamento Urbano e Regional I.