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ENTENDAM A ESSENCIALIDADE DA INSTITUIÇÃO DE QUALIDADE E PÚBLICA”

Julio César Damasceno

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Perguntamos ao reitor Julio César Damasceno e ao vice Ricardo Dias Silva como eles imaginam a UEM no futuro, quais os principais desafios a serem vencidos para que a instituição atinja ainda mais o grau de excelência, e qual a importância de uma universidade pública para a sociedade.

Damasceno vislumbra, num futuro de mais 50 anos para a UEM, que ela vai continuar sendo a diferença na formação de pessoas, na produção de conhecimento e na prestação de serviços à comunidade, num mundo cada vez mais conectado e globalizado. O reitor prevê um futuro com mais dificuldade de se antecipar os fatos e em que o conhecimento será a moeda mais estratégica de relação entre as pessoas e povos.

No entendimento dele, estaremos num período no qual a UEM estará conectada com o mundo, com uma política intensa de internacionalização, encaminhando e recebendo pessoas e desenvolvendo projetos juntos. Damasceno imagina uma agenda de pesquisa, por exemplo, totalmente integrada com a demanda da sociedade. Pensa numa instituição em que a formação seja cada vez mais flexível, atendendo ao dinamismo da sociedade.

O reitor enxerga o mundo inserido num espaço a ser continuamente revisitado por todos, onde o ser humano terá que se qualificar o tempo inteiro. No lugar da formação segmentada, ele vê uma universidade que vai oferecer a todo instante oportunidades de qualificação para as pessoas. E isso será permitido pela tecnologia, entende Damasceno.

No futuro, a UEM estará situada num patamar diferente na questão dos recursos humanos e de estrutura física, continuando sempre pública, gratuita e inclusiva. Segundo ele, a instituição vai desempenhar um papel de fazer com que a região “se torne robusta, competitiva, num mundo cada vez mais globalizado e dependente do conhecimento”.

Sobre os desafios a serem vencidos, Damasceno cita a tarefa de fazer com que os líderes e os gestores das universidades estaduais públicas paranaenses e a comunidade em geral entendam a essencialidade da instituição de qualidade e pública. “E que possamos transformar esta compreensão em atos concretos, para que nos dê garantia de termos autonomia universitária, de gestão acadêmica, administrativa e universitária”, diz. Só assim, na visão dele, a UEM terá condições de desempenhar as suas funções, seguindo o que a universidade define como fruto de nossa conexão cada vez mais intensa com a sociedade.

Na concepção do reitor, “se isso for resolvido teremos um projeto de expansão do quadro de pessoas, recursos financeiros suficientes para desenvolvermos nossas atividades, recursos físicos (blocos e equipamentos) resolvidos”.

Com relação à importância de uma universidade pública para a sociedade, ele afirma que ela é essencial, porque está desvinculada de qualquer outro tipo de objetivo que não seja a formação por excelência, a produção do conhecimento vinculada às demandas da sociedade como um todo e a prestação de serviços essenciais, como a realização de exames que a rede privada não oferece. Além disso, recorda-se que a universidade pública forma professores que irão ensinar outras pessoas que irão desempenhar novas atividades.

PRECISAMOS ENXERGAR A UEM COMO VETOR DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA”

Ricardo Dias Silva

Conforme Damasceno, quando deixa de ser pública e passa a ser privada ela continua desempenhando o papel na formação de pessoas, mas sempre com o viés de mercado, oferecendo, por exemplo, o curso que tem maior demanda ou que dará retorno financeiro.

O reitor assegura que a UEM entende o mercado como fundamental, pois forma profissionais nas mais diversas áreas, como Física, Química e Matemática, grau de licenciatura, porque são áreas essenciais para a sociedade. “Mesmo que o mercado naquele momento não esteja apontando para estas essencialidades, mas são elas que estruturam as demais atividades”, explica.

Ainda no entendimento dele, a universidade pública tem a essencialidade na inclusão das pessoas. Num País em

que grande parte dos jovens não possui acesso ao ensino superior de qualidade, a universidade pública, segundo o reitor, tem este compromisso. “A UEM já está fazendo isso e vamos nos aperfeiçoar cada vez mais”, acrescenta.

O vice-reitor Ricardo Dias Silva primeiro contextualiza que a UEM está num momento decisivo. Agora, aos 50 anos se consolidou, se apresenta pungente e extrapolou as fronteiras da regionalidade. Conforme ele, é uma instituição de projeção nacional, inclusive com reconhecimento internacional.

Silva vê como avançar neste papel estratégico que a universidade possui, no sentido da produção do conhecimento. “Porque existe uma diferença do momento em que a UEM foi criada, quando a população daquele período enxergou a necessidade de se ter uma universidade para formar quadros que não existiam na região, para atender tanto o serviço público quanto o privado”, explica.

O vice-reitor compreende que superamos esta etapa. Precisamos enxergar a universidade como um vetor de transformação social e econômica para as regiões Norte e Oeste do Paraná e ainda para o Brasil. “O grande desafio é nos consolidarmos como uma instituição de pesquisa, de produção de conhecimento, sem perder o compromisso que temos por ser uma universidade pública, com as ações afirmativas”, reflete.

Os desafios a serem superados para que isso ocorra, na opinião dele, passa pela necessidade de a UEM atingir a autonomia plena, como consta nas constituições estadual e federal. E que ainda não acontece, de acordo com o vice-reitor.

Conforme Silva, existe dificuldade dos gestores estaduais sobre a compreensão daquilo que é o papel da universidade, qual seja como ela funciona. Gestores estes que, segundo ele, vêm interferindo nas políticas da instituição, dificultando o trabalho feito internamente.

Para o vice-reitor, a autonomia permitirá a realização das políticas públicas e do gerenciamento dos recursos, inclusive com a liberdade de produzir novas verbas e empregá-las para o avanço do ensino, educação, ciência e inovação.

A importância da universidade pública reside na relevância estratégica para o desenvolvimento do Brasil, diz Silva. Ele é taxativo quando afirma não existirem países desenvolvidos sem universidades fortes. “Este é o nosso papel. No caso particular da UEM, temos outro compromisso por estarmos num País que não está plenamente desenvolvido. Temos um caminho muito longo para percorrer visando atingir a estabilidade do bem-estar social. A universidade pública tem um papel estratégico: diminuir as diferenças sociais, oportunizar a formação de quadros a todas as pessoas e com altíssima qualidade”, descreve.

Silva enfatiza que é a universidade pública capaz de formar professores, pesquisadores e produzir o conhecimento que vai ser disseminado no meio acadêmico e na sociedade como um todo. Para ele, esta instituição tem o papel de fazer a crítica do caminho que tem percorrido e sugerir, mas sempre com embasamento científico, sobre como alcançar as transformações para que ela cresça, se desenvolva e possibilite que todas as pessoas tenham uma qualidade de vida satisfatória.

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