Revista do TCC 2019_1

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Revistas do curso de Arquitetura e Urbanismo Centro Universitรกrio Senac

V. 4, N. 2 - 2019

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revista do tcc

#06 > 2019


Centro Universitário Senac, ARQLAB Revistas do curso de Arquitetura e Urbanismo Volume 4 número 2 - Revista do TCC 2019 | 1 / ARQLAB. Centro Universitário Senac - São Paulo (SP), 2019. 248 f.: il. color. ISSN: xxxx-xxxx Editores: Ricardo Luis Silva, Valéria Cássia dos Santos Fialho Registros acadêmicos (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2019. 1. Divulgação Acadêmica 2. Produção discente 3. Trabalho de conclusão de curso 4. Graduação 5. Arquitetura e Urbanismo I. Silva, Ricardo Luis (ed.) II. Fialho, Valéria Cássia dos Santos (ed.) III. Título

BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

REVISTAS DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO v. 4 n. 2 revista do tcc 2019_01 edição #06 FICHA TÉCNICA: Coordenação de curso: Profa. Dra. Valéria Cássia dos Santos Fialho

Editor da revista, diagramação e programação visual: Prof. Dr. Ricardo Luis Silva Produção e organização: ARQLAB


Apresentação

Este volume apresenta os Trabalhos de Conclusão de Curso da Turma 2014-2 do Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Senac, sintetizados pelos seus autores na forma de pequenos ensaios. Os trabalhos estão organizados em 6 Linhas, sob orientações dos professores abaixo listados: L1: Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo Profa. Dra. Myrna de Arruda Nascimento Prof. Dr. Ricardo Luis Silva L2: Arquitetura do Edifício Prof. Esp. Artur Forte Katchborian Prof. Me. Maurício Miguel Petrosino

L3: Patrimônio Arquitetônico e Urbano Prof. Me. Ralf José Castanheira Flôres

L4: Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem Profa. Me. Marcella de Moraes Ocké Mussnich Profa. Dra. Beatriz Kara José

L5: Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia Prof. Dr. Gabriel Pedrosa Pedro

L6: Tecnologia aplicada ao projeto de Arquitetura e Urbanismo Profa Me. Ricardo Wagner Alves Martins

Os trabalhos na íntegra podem ser acessados no endereço virtual abaixo: https://issuu.com/cauhaus.senac Profa. Dra. Valéria Cássia dos Santos Fialho


Linha 1 Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

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Fenomenologia do Espaço - Instalação sobre Arquitetura Denise Dallas Martins

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Caminhar, Mapear e Compreender. Intervindo no Bairro da Bela Vista Henrique Florentino Reis

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Conecta City - Análise da segregação causada pela linha de trem esmeralda e rio Pinheiros reconexão do território Johnlívio S. de Medeiros Gomes

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Arquitetura Invisível - Espacialidades construídas através de imagens fotográficas Luiza Meuchi de Oliveira

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LUGAR PARAR ESTAR. Intervenção topofílica na praça das corujas Moisés de Melo Aiello Bressan

33

O Cotidiano infantil: O lúdico presente no centro da cidade de São Paulo Natalia Coelho da Paixão

39

Sobre Entre Sob - (Re)descobrindo pequenos entraves urbanos Vitória Lacerda S. Queiroz

45

Linha 2 Projeto do Edifício

51

Espaço público de lazer: Itapecerica da Serra Angela Rodrigues de Souza

53

Hostel Esplanada Bruna Tanaka de Freitas

59

Envelhecimento ativo | Centro de Moradia e Convivência para a Terceira Idade Carolina Tea Nunes

65

Edifício Vivo Henrique Sousa de Araujo

71


Casa de Parto: Reconversão de Patrimônio Histórico Juliana Ferreira Rudiniski

77

Centro de Bem Estar para Órfãos Jamila Bonardi de Oliveira Rebeca Leoneda Costa Bonardi

83

Centro Esportivo Comunitário Renato Lucas Carvalho

89

Centro Comunitário Capão Redondo Stefany Caroline Vilar Borges

95

Complexo Multifuncional Portuguesa de Desportos Yghor Cabral Pereira

Linha 3 Patrimônio Arquitetônico e Urbano

101

107

Requalificação de edifício tombado em área central de São Paulo Andréa Rodrigues de Oliveira Lingoist Projeto de Intervenção em Patrimônio Industrial: Complexo Ferroviário em Bauru Caroline Pimenta Medeiros

109

Um Refúgio para Imigrantes: Intervenção no Palacete do Carmo Cassia Joia de Resende

121

|RE|APROPRIAR - Igreja e Convento de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém Erika Goes Petruk

127

Plano de Intervenções em Áreas Industriais da Moóca Roberto Lopes Nepomuceno Schmitz

133

Museu das Escolas de Samba Wilkerson Thomás de Oliveira Souza

139

Linha 4 Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

115

145

Urbanização da favela Fazendinha Gildene Alcantara de Matos Magalhães

147

Novo Parque Araribá: Requalificação dos Espaços Livres Públicos Jennifer Cintra Pinto Silva

153

Requalificação ambiental - Vila da paz Joice Vilela de Souza

159

Sistema Cicloviário de Osasco: Propostas para tornar Osasco uma cidade amiga da bicicleta Klauss Alexander Schramm

165

Jabaquara - Urbanização das Favelas: Alba e Souza Dantas Lucas Weyll de Pinho

171

Buracanã - Reurbanização da Favela Parque Planalto I Renan Santos

177

Centro técnico e social do Grajaú Thais Vieira Campos

183


Linha 5 Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

189

Arquitetura comercial - Loja-conceito Vans Bárbara Cardoso

191

Sistema construtivo em madeira engenheirada - Uma proposta de residências modulares para habitação de interesse social Erika Neves

197

XEPA - Mobiliário para Baixa Renda Gabriela Pacheco

203

Reforma em edifício escolar - Transformando ambientes Mariana Queiroz Moreno

209

Habitação Social no Largo do Paissandu Philip de Lima Tan

215

Linha 6 Tecnologia Aplicada ao projeto de Arquitetura e Urbanismo

221

Container, Uma nova concepção em abrigos Eliana Barretto e Silva Santos

223

Moradia estudantil em contêiner Gabriela Gomes

229

Ecovila - Moradia + Centro de educação ambiental e vivências Giullia Aguiar Resende Eco Resort e aplicação de resíduos plásticos Talita Araújo Brito

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Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

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Fenomenologia do Espaço Instalação Sobre Arquitetura Denise Dallas Martins Orientadora: Profa. Dra. Myrna de Arruda Nascimento

Figura 01: Módulos. Fonte: acervo do autor

Resumo A arquitetura é um fenômeno que nos faz sentir parte do mundo artificialmente construído

únicas àqueles que as vivenciam, faz-nos sentir mais aptos a criar, pois, toda experiência vivenciada no espaço arquitetônico edificado com qualidade, nos faz pensar com autonomia e guardar lembranças desta vivência. No entanto, a arquitetura, ao longo dos anos, produzida de forma sistemática, repetitiva e modular, perdeu parte do seu caráter inovador e instigante, capaz de proporcionar ao usuário experiências memoráveis. Assim, a presente pesquisa tem como objetivo propor uma instalação a partir da abordagem fenomenológica, visando explorar elementos materiais e imateriais familiares à produção arquitetônica, que instigam os sentidos humanos, proporcionando diferentes situações que provoquem experiências sensoriais e corporais no espaço.

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por meio dos nossos sentidos e nos permite elaborar memórias; proporcionando experiências

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pelo homem. A forma como ela se manifesta através de seus elementos pode ser interpretada


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Introdução A arquitetura está presente diariamente em nossas vidas, tendo grande influência no nosso cotidiano então, além de cumprir sua função como abrigo e artifício para proteger e facilitar a vida humana, ela também pode transformar e intensificar a vida dos seus usuários, proporcionando sentimentos e experiências que nos permitam participar da construção de seu significado. Segundo a filosofia de Hussel, a fenomenologia é a busca da interpretação do mundo através da nossa experiência e é por meio deste conceito que a arquitetura se relaciona com o ser humano, ou seja, o fenômeno da arquitetura, organiza espaços, e nossas interpretações do mundo através das experiências vivenciadas nestes espaços. A arquitetura, para ser sentida e vivida, deve ser organizada de forma a sensibilizar os seres humanos, instigando nossos sentidos, pois é através deles que interpretamos o mundo à nossa volta. O espaço arquitetônico deve criar uma atmosfera de imagens, sons, cheiros, sentimentos e recordações, buscando explorar e provocar situações no espaço arquitetônico através da manifestação dos seus elementos proporcionando experiências que nos façam sentir mais próximos de nós mesmos e dos outros, nos quais o indivíduo possa produzir uma leitura totalmente individual das coisas, para que possamos compartilhar uns com os outros as nossas vivências. Porém, com os avanços tecnológicos do mundo contemporâneo, nota-se que muitos arquitetos estão perdendo essa sensibilidade ao desenvolver seus projetos, deixando de se preocupar com questões que discutem como se dá a relação do homem no espaço, o que tem resultado na produção de edifícios menos “humanos”, construídos apenas para o comércio e publicidade. Este cenário da atualidade torna a arquitetura um produto, no qual não há nenhuma conexão corpórea e sensível com seus usuários, além de servir como estímulo visual, frio, neutro e despersonalizado.

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Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

O presente trabalho busca compreender o papel da arquitetura além da sua função utilitária e do apelo visual estético, analisando seus princípios básicos em relação à forma como relaciona o homem ao espaço, questionando à arquitetura que se tem produzido na atualidade e que tem deixando de lado sua relação com o homem, e interrompendo sua conexão com o mundo. Portanto, este Trabalho de Conclusão de Curso propõe o projeto de uma instalação afim de discutir o significado da arquitetura, com a intenção de explorar situações e elementos materiais e imateriais no espaço que proporcionem experiências sensoriais e corporais por meio da abordagem fenomenológica. As principais referências teóricas, neste momento de pesquisa e levantamentos, são as teorias e projetos do arquiteto suíço Peter Zumthor (1943), que tem como preocupação criar atmosferas no espaço arquitetônico através da materialidade, e do arquiteto Juhani Pallasmaa (1936), analisando seus textos sobre a relação do homem com a arquitetura por meio dos cinco sentidos, nos quais ele descreve as diferentes dimensões das experiências humanas e sua expressão para a compreensão da arquitetura além da visão. Proposição Com base nesses estudos, o presente trabalho tem como objetivo propor a construção de um espaço onde serão feitas intervenções que propiciam experiências espaciais, a partir do ofício do arquiteto de explorar elementos arquitetônicos sendo eles materiais ou imateriais, projetando o espaço de “dentro para fora”. Foram escolhidas como exemplos de referência para ilustrar o que pretendemos na proposta, as seguintes obras e autores: A Room, de Salottobuono + Enrico Dusi

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Figura 02: A Room. Fonte: Archdaily A Room é um pavilhão temporário feito pelo arquiteto Enrico Dusi junto ao escritório Salottobuono, em 2017 na Cidade do México. O pavilhão triangular transmite em seu interior um silencioso ambiente desértico, possibilitando diferentes perspectivas a partir das suas aberturas e dimensões não sugerindo alguma atividade, mas criando uma atmosfera que remete à memória do lugar onde o visitante pode explorar seu interior e exterior.

Beyond Infinity, Serge Salat

Instalação: Sobre Arquitetura A instalação de caráter nômade, é feita a partir de uma estrutura modular de modo que permita montá-la em diferentes dimensões de modo que atenda cada local que irá recebê-la. Para isso, no projeto apresentado, foram usadas dimensões mínimas de espaço para atender o público, assim sendo um cubo de 6,35mX6,35m.

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Exposição de arte imersiva e multissensorial do arquiteto e urbanista Serge Salat, onde ele cria um espaço composto por uma combinação de espelhos, luzes, música e fractais proporcionando uma experiência visual através de sensações de dimensão tempo e espaço. Sua estrutura feita de aço é revestida por painéis cobertos por espelhos. Seu interior é inspirado nos jardins chineses, onde o arquiteto utiliza técnicas espaciais tradicionais desses jardins a partir de elementos fractais compostos por painéis perfurados de alumínio transformando a experiência do visitante em uma jornada mística com música e iluminação pulsante que muda de cor à medida em que o visitante se move dentro do espaço totalmente revestido por espelhos, resultando em infinitas reflexões o que torna a dimensão do lugar quase indiscernível.

Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

Figura 03: Beyond Infinity. Fonte: http://www.serge-salat.com/


BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

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Figura 04: Planta. Fonte: acervo do autor Buscando por uma estrutura de fácil montagem, manuseio e transporte, optei pelo sistema LSF (Light Steel Framing), que é um sistema composto por um esqueleto estrutural em aço leve e perfurado, o que facilita a fixação de painéis e passagens de instalações elétricas, e também, para ser parafusado para a fixação e união dos perfis. Para isso, foi definida uma malha de 60cmX60cm entre os perfis verticais, dando mais estabilidade para a estrutura. Já o revestimento da estrutura, foi pensado em painéis de madeira OSB (Oriented Strand Board), que é uma placa composta por tiras de madeira de reflorestamento organizadas em uma mesma direção, sendo um material resistente, estável e versátil, o que facilita também na fixação dos espelhos em sua superfície. O espaço interno é completamente coberto por espelhos em todas suas faces, causando um efeito de reflexos infinitos, que trazem uma sensação de infinidade dentro do cubo de 6,35mx6,35 causando uma confusão de dimensões e formas ao visitante enquanto ele explora o espaço e sua materialidade nos módulos dispostos no local. Já na iluminação, foram usadas fitas de LED nas extremidades do espaço. As cores variam entre amarelo, roxo e azul, que pulsam, dando um efeito de amanhecer e entardecer, e também, mudando também a cor dos materiais empregados nos módulos.

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Referências BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. 2o Edição. São Paulo: Martins Fontes, 2008. DIAS, A. S. Projetar Sentidos: A arquitetura e a manifestação sensorial. 2017. 18 folhas. Artigo – Centro Universitário FAG, PR, 2017. GONÇALVES, J.M.C.M. Peter Zumthor: Um estado de graça entre a tectônica e a poesia. 2009. 151 folhas. Prova final de licenciatura – Faculdade de Ciências e Tecnologias da UC, Portugal, 2009. HUSSERL, Edmund. A ideia da fenomenologia: cinco lições. Lisboa, Portugal: Edições 70, 1982. MERIN, Gili – Peter Zumthor: sete observações pessoais sobre “Presença em arquitetura” – 2013 – https://www.archdaily.com.br/br/01-159418/peter-zumthor-sete-observacoes-pessoais-sobre-resencaem-arquitetura – Acesso em: 30 out. 2018. MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da Percepção. 2o Edição. São Paulo: Martins Fontes, 1999 MONOLITO. Revista. Inhotim: Arquitetura, Arte e Paisagem. Vol. 4, 2011 PALLASMAA, Juhani. Os Olhos da Pele: A arquitetura e os sentidos. 2o Edição. Porto Alegre: Editora Bookman, 2011.

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ZUMTHOR, Peter. Pensar a Arquitectura. 2o Edição. Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2009.



Caminhar, Mapear e Compreender Intervindo no Bairro da Bela Vista Henrique Florentino Reis Orientador : Prof. Dr. Ricardo Luis Silva

Figura 1: Projeto Mirante Saracura Fonte: Colagem do autor

vida urbana dinâmica, ativa e intensa. Otimizar essa dinâmica e realçar suas características, respeitando a história, a vizinhança e o pedestre é o principal objetivo desse estudo. Será́ questionado a melhor maneira de intervir no bairro em questão, levando em consideração as necessidades locais e seu entorno. Utilizarei o método de caminhada errante e diagramas cartográficos para desenvolver a análise da vizinhança, criar o conceito "quintal na rua" e gerar propostas de intervenções.

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A Bela Vista foi paixão à primeira vista e, apesar dos obstáculos, é um bairro que já possui uma

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Resumo


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Introdução A intenção foi desenvolver um projeto que lide com questões de convivência social em espaços públicos na escala de bairros da cidade de São Paulo. Se tratando de espaços públicos em escala de bairro. A pesquisa foi baseada espaços existentes com potenciais para propor melhorias, tornando eles mais atrativo e ativo para a comunidade local. Para meu local de pesquisa inicial optei pelo bairro da Bela Vista, por ser um bairro rico em cultura, história e diversidade econômica, cultural, étnica e social. Tenho a intenção de estudar o local e mapear os locais que tenham potencial para desencadear intervenções em múltiplas escalas.

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Ao compreender o bairro e todo potencial, buscarei questionar qual a melhor maneira de revitalização do espaço em questão, levando em consideração as necessidades locais e suas dinâmicas urbanas, readequar ele para uso da comunidade e se necessário implantar equipamentos que estimulem a interação e convivência, com o objetivo de incluir a cidade no cotidiano, tornar a cidade parte do quintal de casa, transformar caminhos e percursos em momentos de prazer, conforto e proteção para os moradores e pessoas de passagem pelo bairro. Desenvolvendo um projeto que lide com questões de laser, mobilidade, equipamento público, patrimônio cultural e politicas públicas.

Figura 2 : Diagramas de Morfologia: Baixo Bela Vista Fonte: Autor

Proposição

O método inicial de pesquisa, intitulado Caminhada Errante, foi utilizado para gerar uma perspectiva sobre a região do bairro da Bela Vista e através de diagramações, mapas, colagens e ilustrações das percepções captadas, conseguir compreender as e analisar as dinâmicas urbanas.

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A Caminhada Errante envolve depender dos seus pés para partir de um ponto e atingir outro ponto, no meio da caminhada podemos parar, repousar, exercer alguma atividade, ouvir música, conversar, comer, fazer compras e retornar para o nosso trajeto atingindo o destino final. Não é caminhar para alcançar metas já preestabelecidas ou objetivadas, mas sim caminhar para aguçar os sentidos do corpo e estabelecer as suas metas em conjunto com as percepções captadas. Quando nos propomos a essa ação, estamos nos colocando em posição de viajantes urbanos, exploradores da cidade, onde os nossos sentidos e atenção devem ser nosso corpo e como ele reage ao espaço. Figura 3 : Mapa de Caminhadas / Mapa de Estímulos / Mapa de Cultura e Relisiencia

Fonte: Criado pelo Autor

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Figura 4: Mapa de Intervenções "Quintal na Rua"

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Através das caminhadas foram gerados diferentes mapas e modelos de diagramas que demonstram diferentes dinâmicas e comportamentos pelo Bairro da Bela Vista. Com esse material é possível gerar diferentes leituras e conclusões sobre o atual cotidiano no bairro.


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Com as sobreposições dos mapas e interpretação das convivências, fluxos, dinâmicas e aspectos apresentados, foi possível pontuar focos de atuação que apresentaram relevância para serem estudados por razões de especulação das dinâmicas urbanas, importâncias de preservação cultural, integração da vizinhança com a cidade e promover vivências em áreas públicas. Com isso em mente nasce o conceito “Quintal na Rua”, trazendo a questão de quais são os tipos de programa que devem ser aplicados para incentivar a vizinhança a utilizar as calçadas, ruas, parques e pra- ças como uma extensão de suas casas. Olhar o lado de fora da casa como um local criativo, dinâmico, compartilhado, atrativo e integrador.

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Figura 5: Proposta Mirante Saracura

Figura 6: Proposta Vila Nascente do Saracura

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Referências

ASCHER, François. Os novos princípios do urbanismo. São Paulo: Rgbolso4, 2010. (III). AYMONINO, Carlo, op. cit., p 126 BARROS, Maria Ellizabeth Barros de; MANGUEIRA, Mauricio; FON- SECA, Tania Galli. Pistas do Método da Cartografia: Pesquisa-intere- venção e produção da subjetividade. 4. ed. Porto Alegre: Sulina, 2009. CARERI, Francesco. Walkscapes: o caminhar como prática estética. São Paulo: Editora G. Gili, 201 CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 2. morar, cozinhar. Pe- trópolis, RJ: Vozes, 1996. DIÓGENES, Juliana. Com 1/4 dos bens tombados de SP: Bela Vista se renova e atrai jovens. O Estadão. São Paulo, p. 1-1. 18 dez. 2017. Disponível em: <https://saopaulo.estadao.com.br/noticias/geral,com- -14-dos-bens-tombados-de-sp-bela-vista-se-renovae-atrai-jo- vens,70002123596>. Acesso em: 18 dez. 2017. FOUCAULT, Michel . Microfísica do poder. 8. ed. Rio de Janeiro: Graal, 198v GEHL, Jan. Cidade para Pessoas. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2015. GIANNOTO, Joice Chimati. Fedora e o Bixiga: Projetos e Pla- nos para o Bairro Paulistano. 2013. 25 f. Monografia (Espe- cialização) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universida- de Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2014. Cap. 2014. JACOB, Jane. Vida e Morte das Grandes Cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2015.

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SILVA, Tiago Brito da. Urbanismo Sustentável e o Paradigma da Resi- liência. 2017. 204 f. Monografia (Especialização) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Fauusp, São Paulo, 2017.

Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

MARZOLA, Nadia. Bela Vista: História dos bairros de São Paulo. 15. ed. São Paulo: Grafica Municipal de São Paulo, 1985.



Conecta City

Análise da segregação causada pela linha de trem esmeralda e rio Pinheiros - reconexão do território Johnlívio S. de Medeiros Gomes Orientador: Prof. Dr. Ricardo Luis Silva

Figura 01 : Entre riquezas. Fonte: acervo do autor.

Resumo Este trabalho tem como objetivo analisar a segregação do território no entorno do rio Pinheiros e da linha Esmeralda da CPTM, a partir de diversos aspectos, como: IDH, oferta de

conectam pontos de interesse na cidade, que cruzam o rio e a linha de trem; e um Centro de Desenvolvimento Social. Analisando os dados sociais da região, verificou-se a necessidade de travessias sobre o rio Pinheiros a nível do pedestre, a implementação de equipamentos públicos (creches, postos de saúde, centros de capacitação profissional e técnico, cultural, desportivo e lazer) e tornar os pontos de interesse, seja público ou privado, mais acessível, com as passarelas. O levantamento de dados sociais, relacionado com a densidade demográfica, revelou uma demanda ainda existente de equipamentos na periferia (lado esquerdo do rio sentido Tietê), que tem uma menor oferta de serviços públicos. O lado direito do rio, por sua vez, tem uma oferta já consolidada, com um melhor desenvolvimento social e menor densidade demográfica.

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procura levantar soluções de mobilidade e melhorias sociais à população, como passarelas que

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equipamentos e infraestrutura pública nos distritos que margeiam a linha do trem. O projeto


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Introdução A aglomeração de pessoas em centros urbanos se dá em sua maioria de maneira desordenada, formando o tecido urbano, que por muitas vezes se mistura e se molda aos trajetos feitos pelos seus habitantes durante sua locomoção, assim como uma trilha se forma pela frequência que é usada. A cidade se molda pelos seus moradores. Pensando na formação da cidade e no meu fascínio por trens, surgiu o interesse pelo elemento segregador do território na zona sul de São Paulo: a linha de trem Esmeralda da CPTM e o seu percurso ao longo do rio Pinheiros, dividindo fisicamente e dificultando o acesso dos seus habitantes em cruzar essa massa d’água, transformando os habitantes em prisioneiros. A linha de trem e o rio têm papéis iguais na cidade de São Paulo: dividir os seus habitantes em territórios. O objetivo deste trabalho, é através da análise de dados, projetar um sistema que possa ser replicado na cidade a partir do sistema de trens. Propondo passarelas que conectam pontos de interesse no entorno das estações. Outra premissa deste trabalho é a implementação de um Centro de Desenvolvimento Social, como anexo às estações que margeiam bairros com baixo IDH. No mapa a seguir, podemos observar que, quanto maior a distância do centro financeiro da cidade, menor é a quantidade de infraestrutura existente. Os piores IDH estão às margens do rio e exatamente onde se tem menos infraestrutura e maior densidade

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demográfica.

Figura 02 : Sobreposição da infraestrutura existente por densidade demográfica. Fonte: Geosampa.

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Proposição A costura (ver figura 03) no tecido urbano é a premissa deste projeto, onde se estabelece uma conexão entre os dois lados do Rio. Surge a partir da estação Jurubatuba, facilitando o cruzamento dessa massa de água. A costura se estende da estação Jurubatuba a Ceasa, amarrando essa travessia gratuita para o pedestre. Atualmente a travessia do rio Pinheiros é algo quase exclusivo a carros, exceto em alguns pontos, que ocorre de maneira intimidadora, com estreitas passagens e falta de segurança. A classificação das estações foi feita de acordo com o seu entorno e oferta de equipamentos e serviços. (ver figura 04) - Guias de acesso com conexão: entorno da estação com melhor oferta de equipamentos e serviços. - Célula de desenvolvimento com conexão: entorno com pouca oferta de equipamento e serviços, distritos com baixo IDH e dificuldade de acesso ao lado esquerdo do rio. - Célula de desenvolvimento: entorno da estação com pouca oferta de equipamentos serviços,

Figura 04: Classificação das estações. Fonte: Mapa autoral.

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Figura 03: Costura do território.

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ausência do rio e distritos com baixo IDH.


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Figura 05: Proposição de reconexão do território. Fonte: Mapa autoral.

Figura 06: Colagem de intenção de projeto. Fonte: Arte autoral.

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Referências Sítios da internet Exodus, or the Voluntary Prisoners of Architecture Rem Koolhas https://www.moma.org/collection/works/104692 https://oma.eu/partners/rem-koolhaas Plug-in City Peter Cook https://www.moma.org/collection/works/797 https://www.archdaily.com.br/br/01-166703/the-plug-in-city-1964-slash-peter-cook-archigram http://www.archigram.net/ archolution Referência visual https://www.instagram.com/archolution/ Google Maps. Google https://www.google.com/maps/ Estações Ferroviárias do Brasil http://www.estacoesferroviarias.com.br/j/jurubatuba.htm Livros

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CERTEAU, Michel de. Artes de Fazer - A Invenção do Cotidiano. Petrópolis, 1998. PASSOS, Eduardo, KASTRUP, Virginia, ESCÓSSIA, Liliana (org), Pistas do método da cartografia; pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2015. PASSOS, Maria Lucia Perrone; EMíDIO, Teresa, Desenhando São Paulo, Mapas e Literatura, 1877 1954. WHITAKER, J. 2011, São Paulo:cidade da intolerância,ou o urbanismo “à brasileira”.



Arquitetura Invisível Espacialidades construídas através de imagens fotográficas Luiza Meuchi de Oliveira Orientadora: Profa. Dra. Myrna de Arruda Nascimento

Figura 01: Edifício Martinelli. Fonte: acervo da autora

cotidianas de arquitetura pouco percebidas, que acabam se tornando invisíveis. Enfatizando a importância da relação entre esses elementos flagrados pela fotografia e a presença do ser humano nos espaços - seja ela explícita ou implícita - que foram através dela descobertos, e que são indispensáveis para construirmos uma noção de espacialidade a partir da ideia de invisibilidade da arquitetura. Para tanto, foi escolhido o Edifício Martinelli, seus habitantes, usuários e visitantes, como cenário.

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O objetivo do presente trabalho foi desenvolver um ensaio fotográfico autoral, baseado em cenas

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Resumo


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Introdução A fotografia capta, muitas vezes, o que o olho não consegue e, graças a isso, torna-se uma aliada da arquitetura. O registro fotográfico sempre apresenta uma versão particular sobre o elemento captado, ou seja, cada pessoa tem uma interpretação pessoal para poder expressar sua percepção do mundo através de uma imagem. Esta imagem, sob o olhar científico, é sempre uma representação. Este trabalho tem como objetivo a produção de um ensaio fotográfico sobre a condição de invisibilidade (como imagens desconhecidas) da arquitetura contemporânea paulistana, adotando como metodologia a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo para levantamento das referências. Para o levantamento teórico deste trabalho, as principais referências utilizadas foram, além das teorias do filósofo e crítico alemão Walter Benjamin (1892-1940), sobre a recuperação da singularidade das obras diante da sua reprodutibilidade técnica; o fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson (1908-2004), que criou o conceito de “momento decisivo” destacando o flagrante e o melhor momento de se capturar uma imagem; e o arquiteto e fotógrafo brasileiro, conhecido como fotógrafo de cidades, Cristiano Mascaro (1944-), que discute a organização do caos urbano através da fotografia.

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Figuras 02 e 03: Fotos, respectivamente, de Henri-Cartier Bresson, um flagrante na imagem capturada; e Cristiano Mascaro, e a relação dos habitantes com o espaço urbano. Fonte: Acervos dos autores. Além dos três autores citados, também foram utilizadas referências de fotógrafos que trabalham distintas linguagens – como Pedro Kok, Tuca Vieira, George Brassai, Carlos Moreira, entre outros; porém, que, em certa medida, revelam os “invisíveis” possíveis de serem captados na cidade ou em estruturas arquitetônicas, de forma imprevisível, inusitada, improvável, irrepetível e incomum. Essas cinco categorias, que foram criadas para propor um tipo de percepção sobre a invisibilidade da arquitetura, constituem a essência deste trabalho sob o ponto de vista conceitual. A elas soma-se o ensaio fotográfico autoral sobre o Martinelli, como experimento cotidiano e sensível, revelador de um olhar cultivado e formado ao longo destes cinco anos de faculdade.

Figuras 04 e 05: Fotos, respectivamente, de Tuca Vieira, com o enquadramento e contraste natural; e Pedro Kok, a composição geométrica em harmonia com o usuário. Fonte: Acervos dos autores.

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Proposição O presente estudo busca compreender a arquitetura através da linguagem fotográfica, através de cenas obtidas em arquiteturas pouco percebidas pelas pessoas. Este ensaio foi desenvolvido para entender como a fotografia pode ajudar na percepção e na produção da arquitetura, sendo capaz de revelar o que os outros não veem, mostrar os detalhes pouco observados pelas pessoas habituadas a suas rotinas e deslocamentos rápidos, sem exercitar a atenção e a sensibilidade para ver “através” das imagens. Neste trabalho a fotografia é usada com sentido interpretativo. Foram escolhidas algumas fotos autorais como forma de análise e estudo preliminar para a primeira etapa do TCC:

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Figuras 08 e 09: Respectivamente, Rua Boa Vista, o ângulo em que a fotografia foi capturada causa impressão de distorção da perspectiva da imagem, confundindo os planos através das formas geométricas; e Rua Líbero Badaró, Remete à ideia de continuidade da rua através do reflexo do edifício, aspecto enfatizado pelas linhas verticais em primeiro plano, que sangram o campo visual infinitamente. Fonte: acervo da autora

Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

Figuras 06 e 07: Palácio Itamaraty e Catedral de Brasília. Os enquadramentos revelam aspectos arquitetônicos mostrando a relação do interno com externo, criando geometrias através da incidência de luz solar, da sombra e/ou reflexo refletidos. Fonte: acervo da autora


BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

Figuras 10 e 11: MuBE, Estação Jd. Belval CPTM, respectivamente, nos mostram o conceito da presença humana na invisibilidade das cenas cotidianas. Fonte: acervo da autora trabalho.

Esse estudo fotográfico inicial serviu como base para o desenvolvimento do produto deste

Edifício Martinelli

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Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo

Figura 12: Edifício Martinelli - Terraço. Fonte: acervo da autora Conforme mencionado, o trabalho teórico e conceitual foi desenvolvido com foco em uma aplicação prática, como um ensaio fotográfico autoral. Escolhi, particularmente e propositalmente, o Edifício Martinelli como cenário do ensaio, primeiro por se tratar de um ponto importante na paisagem paulistana, ícone da arquitetura da cidade e referência ímpar para sua história e paisagem, e, segundo, pelo fato do Edifício ser o meu local de trabalho e, consequentemente, fazer parte do meu dia-a-dia. Sua importância para este trabalho adquire mais significado se destas cenas participarem seres humanos. É importante que haja uma relação de complementaridade entre a presença dos elementos flagrados pela fotografia e a presença de habitantes, usuários e visitantes, para que ela se manifeste como uma linguagem significativa e complexa.

Figuras 13 e 14: Edifício Martinelli. Fonte: acervo da autora

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Trabalhos de Conclusão de Curso | 2019_1

As imagens capturadas foram selecionadas e divididas em três categorias: fotografias no terraço do edifício, fotografias do interior do edifício e fotografias das vistas do seu entorno; em que pode haver ou não a presença da presença humana, seja ela explícita ou implícita. Neste caso, os critérios são espaciais, e se referem à posição do autor das imagens em relação ao objeto arquitetônico fotografado, revelando invisibilidades casuais ou desconhecidas.

Figuras 15 e 16: Edifício Martinelli. Fonte: acervo da autora A escolha do tema deste TCC foge ao lugar comum que se pratica quando tratamos de imagens feitas por renomados fotógrafos de arquitetura, que retratam o objeto como escultura, dentro de uma paisagem poucas vezes natural, cujo resultado normalmente é obtido com filtros, tratamentos artificiais, e nos oferecem texturas, sombras e luminosidades pouco vivenciadas pela maioria dos usuários. As imagens selecionadas para nos “ensinar a ver” a invisibilidade da arquitetura propõem um novo exercício, uma nova prática, uma nova dinâmica de produção de imagens que se dá a partir do olhar do usuário comum, despertado para a curiosa possibilidade de descobrir ângulos inusitados. Um convite à percepção além da arquitetura, mas somente possível de se obter a partir dela. Fundamental para os novos arquitetos que se aventurem por esta possibilidade, e que se disponham a usufrui-la com um novo prazer e encanto.

DYER, Geoff. O Instante Contínuo: uma história particular da fotografia. Tradução Donaldson M. Garschagem. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. FEIJÓ, Cláudio. Linguagem Fotográfica, Artigo. (http://www.uel.br/pos/fotografia/wpcontent/uploads/downs-uteis-linguagem-fotografica.pdf acesso em: Nov/2018) FIGUEIREDO, F. S. P. Novo Mundo do Espaço: Le Corbusier e o papel da fotografia na mediação entre o público e a arquitetura. 2012. 212f. Dissertação de Mestrado - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. MASCARO, Cristiano. Luzes da Cidade, Editora DBA, São Paulo,1996.

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BENJAMIN, Walter. A Obra de Arte na Era da Reprodutibilidade Técnica. Organização e prefácio Márcio Seligmann-Silva; tradução Gabriel Valadão Silva, Porto Alegre, RS: L&PM, 2017.

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Referências



LUGAR PARAR ESTAR Intervenção topofilica na praça das corujas Moisés de Melo Aiello Bressan Orientadora: Profa. Dra. Myrna de Arruda Nascimento

Os laços com o meio ambiente natural são essenciais para a vida humana, negar este vinculo é se desprender da própria humanidade. As áreas verdes dentro das cidades são geralmente tratadas de forma secundária e dotadas de poucos atrativos, o que provoca consequentemente, sua decadência. O Lugar Parar Estar busca através de intervenções que permeiam múltiplos universos da arquitetura, criar conexões, utilidades e atrativos para que a Praça e Parque linear das corujas, localizados no Sumarezinho (bairro de São Paulo) possam receber atividades das mais diversas que permitam um cotidiano ativo.

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Resumo

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Figura 01 : A Praça das Corujas. Fonte: acervo do autor


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Introdução

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A paisagem urbana é construída por desenvolvimento no campo cultural das civilizações, os hábitos e as condições espaciais criam atmosferas, lugares e desenham o ambiente. Dentre tantos espaços possíveis e construídos, as áreas verdes estabelecem relações com o mundo vegetal, que por vezes, é tratado com distanciamento pelas ações racionais. A geografia é conectada ou segmentada por visões e percepções humanas; o homem traz dentro de si, espaços inabitáveis e imagéticos que o ajudam a construir, o mundo que habita. As relações com o mundo que nos cerca são próprias e individuais de cada ser, mesmo que parte delas, tenda a ser aprendida com os exemplos que temos desde o início de nossa trajetória como seres pensantes. O espaço verde e livre de edificações apesar de importante, foi tratado de forma negligenciada nos últimos tempos no Brasil, entretanto, é notável a tentativa de retomada e de reestruturação desses espaços no contemporâneo; a palavra sustentabilidade nunca foi tão disseminada nas ideias quanto na atualidade, e essa tendência é observada no mundo inteiro. O homem busca esses espaços cada vez mais, na tentativa de fugir da vida agitada dentro dos grandes centros urbanos, e recentemente, busca fazer a integração de ambos; os espaços naturais viram fomentadores das ideias do que é ter uma boa qualidade de vida, atribuindo valores econômicos e ideológicos aos lugares. Apesar do grande movimento em busca do ‘’verde’’, essas áreas ainda permanecem pouco exploradas; as inovações nesse campo caminham muito bem nos ideais de consumo e por parte da iniciativa privada do mercado imobiliário, porém nos espaços públicos, percebemos pouca atividade dos órgãos correspondentes, o que gera uma sucessão de espaços projetados e verdes, mas com baixa utilização e pouca atratividade, apesar do potencial imenso. As iniciativas de impulsionar áreas urbanas pouco ativas podem acontecer de diversas formas, neste caso, uma série de equipamentos e conexões foram propostas no trabalho, com intenção de que as pessoas tivessem tanto um uso diurno quanto noturno do espaço, além da criação de maiores possibilidades de apropriação do espaço público.

Figura 02 : Croquis equipamentos. Fonte: acervo do autor

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Proposição

Figura 03 : Implantação Lugar Parar Estar. Fonte: acervo do autor

O Cine surge como uma solução para revitalizar o espaço do parque linear também durante a noite, criando um lugar para estar com atividades possíveis tanto durante o período diurno como noturno, utilizando a topografia existente e também as empenas criadas pelos fundos de lote que fazem divisa com o parque para se instalar. Este espaço possui um potencial grande que abrange além do universo do entretenimento de lazer, a possibilidade do educativo.

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A primeira intervenção, surge de uma expansão do projeto, que antes abrangia apenas o maior espaço, a Praça das Corujas, se estendendo então para o Parque Linear (existente) onde o equipamento ‘’Cine’’ foi implantado.

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O projeto Lugar Parar Estar buscou solucionar a princípio problemas de acessibilidade, fluxos e serviços que prestassem apoio aos frequentadores da praça existente, buscando criar um ambiente que atraísse mais pessoas para utilizar desde oásis verde em São Paulo, incorporando também praticas menos abusivas ao ambiente e de certa forma, que o protegessem, buscando incentivos a permanência.


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Figura 04 : Corte do Cine. Fonte: acervo do autor

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A Praça das Corujas conta com uma horta de caráter comunitário, a ‘’Horta das Corujas’’, um espaço colaborativo onde qualquer pessoa pode praticar a jardinagem, um lugar livre e público que também conta com eventuais atividades criadas pelos próprios moradores da região.

Figura 05 : Entrada da Horta das Corujas. Fonte: acervo do autor

A horta conta com um apiário, e um pequeno espaço onde atividades acontecem, espaço este, muito improvisado, é a partir daí que surge um outro elemento do projeto, a Concha.

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A Concha é uma espécie de Pavilhão que possibilita que as pessoas façam uso de seu espaço coberto para atividades, ela conta com um grande banco que permeia o ‘’interno e o externo’’ dando ao espaço uma funcionalidade quase que de auditório, além de proporcionar sanitários.

Figura 06 : Corte da concha. Fonte: acervo do autor

A Praça recebeu diversas intervenções, que permeiam o universo da arquitetura de forma muito abrangente, como o Caminho, O Cine, A Concha, O Canto e a Casa, passando pelo design do objeto, pelo urbanismo e pelo projeto da arquitetura e arquitetura da paisagem. Todas as intervenções surgem da ideia de reestabelecer laços com o espaço natural vegetal da cidade, criando pontos de atratividade que fomentem o carinho dos usuários para com o lugar, criando um elo forte que fomenta a manutenção e identificação prazerosa do lugar. Referências ABBUD, Benedito. Criando paisagens: guia de trabalho em arquitetura paisagística.Senac, 2008. HALL, Edward. The Hidden Dimension. Anchor Books, 1971. SAKATA, Francine Gramacho. Paisagismo Urbano: Requalificação e Criação de Imagens. Edusp, 2011. SAINT-EXUPÉRY, Antoine. O Pequeno Príncipe. Harpercolllings, 2015. TUAN, Yi-Fu. Topolifia: Um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. DIFEL, 1980.

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WILSON, Andrew. O livro das áreas verdes. Senac, 2016.



O COTIDIANO INFANTIL: O lúdico presente no centro da cidade de São Paulo Natalia Coelho da Paixão Orientador: Prof. Dr. Ricardo Luis Silva

Este trabalho parte do processo de iniciação científica, para o início dos estudos, delimitase uma área na República, zona central de São Paulo, levantando os locais lúdicos que existem nesse local, sendo eles as áreas livres, locais de permanência e estabelecimentos que possui a presença das crianças. A partir dos levantamentos, escolhi 4 lotes que estão em frente à Avenida 9 de Julho. Sendo assim, o projeto surgiu como forma de trazer novamente o acesso das pessoas, a permanência e o resgate das crianças que estão próximas, trazendo ambientes lúdicos para que elas, e também os adultos, possam se divertir na cidade.

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Resumo

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Figura 01: o sentido da vida. Fonte: acervo do autor


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Introdução A cidade é um local de encontro, o homem ao caminhar começa a construção da paisagem na qual ele percorre. Quando caminhamos pela cidade, começamos a observar os diversos tipos de pessoas e afazeres, tanto nos bairros, quanto no centro. E ao observarmos isso, nos deparamos com a presença reduzida das crianças, em comparação com os adultos, no centro de São Paulo. A cidade não é construída para uma pessoa, mas para um grande número delas, todas com grande diversidade de formação, temperamento, ocupação e classe social. Nossas análises apontam para uma substancial variação do modo como as diferentes pessoas organizam sua cidade, de quais elementos mais dependem ou em quais formas as qualidades são mais compatíveis com elas. O designer deve, portanto, criar uma cidade que seja pródiga em vias, limites, marcos, pontos 18 nodais e bairros, uma cidade que use não apenas uma ou duas qualidades de forma, mas todas elas. Se assim for, diferentes observadores terão ao seu dispor um material de percepção compatível com seu modo específico de ver o mundo. (LYNCH, 1997, p. 123)

Não vemos as crianças se apropriando das ruas, das praças e dos locais nos quais são propícios a elas. E neste contexto surgem os questionamentos: onde elas se encontram? Quais os atrativos que elas têm fora do espaço escolar? Existem locais nos quais são convenientes para os interesses delas? Será que os projetos urbanos dão conta de atender esta parte da população? Sendo assim, o campo de estudo para investigar estas indagações é a região da República, localizada no centro antigo de São Paulo. Este local tem um constante fluxo de pessoas por conta dos seus variados usos, mas que sempre atraiu pouquíssimas crianças para a área. Vendo as constantes transformações ocorridas nos últimos anos, o centro está se tornando um local com usos culturais. Isso pode começar a dar visibilidade para que esse espaço se torne um local mais atrativo para o público

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infantil. Por meio dessa percepção surge o interesse em investigar, cartografar as camadas de urbanidade e alteridade que acontece no centro. E o interesse de saber onde estão as crianças nesta região, o que elas buscam, se elas entendem e se apropriam da cidade na qual rodeiam, se conseguem encontrar ou faltam equipamentos necessários para elas permanecerem nestes locais tanto quanto os adultos.

Proposição O projeto tem por finalidade fazer com que os locais escolhidos tenham características infantis e lúdicas presentes a todos que passem ou permaneçam neste local, principalmente as crianças. Que chamem a atenção delas, pois foi projetado levando em consideração o ponto de vista que elas possuem da cidade.

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A partir disso analisei vários terrenos para entender qual seria o melhor para o projeto, e escolhi quatro terrenos que estão em frente à avenida 9 de Julho. Eles estão sob dois viadutos, o Major Quedinho e o 9 de julho.

Figura 02: Diagrama das praças. Fonte: Acervo do autor

A área de projeto possui escadarias que dão acesso do viaduto Nove de julho a avenida. Com o passar das décadas o abandono por parte do poder público transformou-se em locais degradados e perigosos. Este abandono é visível, existem grandes rachaduras pelas escadarias. Mas subindo por elas, conseguimos ter uma vista impressionante, podemos ver uma parte da avenida 9 de julho, além de prédios importantes para a cidade. A escolha deste local se deu por algumas questões, sendo elas: Ser entre viadutos e estar em frente à avenida 9 de Julho, sendo um local de fluxo intenso de carros e não dando atratividade ao pedestre, tornando-se assim um local perigoso, principalmente as escadarias, pois não terem uma

dias próximos a elas, e muitas das vezes precisam atravessar as escadarias, mas isso se torna algo que elas fazem com medo e rápido, sem nenhum tipo de permanência, ficando um local ocioso. A feira de domingo é bastante conhecida na região, sendo montada no viaduto Major Quedinho, o que visualmente se vê os locais das escadarias, algo que não chamam a atenção e as pessoas que utilizam a feira não tem um local para descanso. E por último, a prefeitura está incentivando projetos para trazer um uso cultural/público para esses baixos de viadutos. Sendo assim esses locais irão trazer mais atratividade para essa área proposta.

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Por ser um local marcante da 9 de julho, as pessoas que frequentam o bairro passam todos os

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constante circulação de pessoas. Por conta de todas as ocupações existentes pela área.


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Entrando no projeto: Uma nova visão A partir disso o projeto busca criar espaços atrativos para que o local escolhido volte a se tornar relevante para as pessoas que o utilizam. E que não seja apenas um local de passagem como sempre foi, e sim que se torne um local de permanência, onde possam desfrutar de um lugar lúdico para todas as faixas etárias. Beneficiando principalmente as crianças, que terão um lugar pensado a elas, para que possam se divertir e utilizar toda sua criatividade. Permitindo assim que as crianças possuam um local para brincar, seja sozinha, com os amigos ou acompanhadas pelo responsável. E com isso os responsáveis terão uma visão plena delas e terão um local de descaso e com atrativos que interessem a eles também. O projeto se constitui por uma requalificação de 4 lugares em frente à Avenida 9 de Julho, onde se tornam praças lúdicas. Cada praça possui um tipo de setorização. Sendo eles: Praça 1 – Brincadeiras e Descanso

Praça 2 – Contemplação

Praça 3 – Esportes

Praça 4 – Contemplação vertical e descanso

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Figura 03: Planta geral. Fonte: Acervo do autor

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Referências BASTOS, Marco Toledo. Flâneur, blasé, zappeur: Variações sobre o tema do indivíduo. BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas I: Magia e Técnica, Arte e Política. São Paulo: Brasiliense, 1994 BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas II: Rua mão única. São Paulo: Brasiliense, 1995 CERTEAU, Michel de. A invenção do Cotidiano. Rio de Janeiro: Vozes, 1998 FERREIRA, Barros. Histórias dos bairros de São Paulo: O nobre e antigo bairro da Sé. Prefeitura municipal – Secretária de educação e cultura. NATIONAL ASSOCIATION OF CITY TRANSPORTATION OFFICIALS. Guia global de desenhos de ruas. São Paulo: Senac, 2018. HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: O jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 2012. LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997. PASSOS, Eduardo; KASTRUP, Virgínia; ESCOSSIA, Liliana (org.). Pistas do método da cartografia:

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Pesquisa-intervenção. Porto Alegre: Sulina, 2017.



Sobre Entre Sob (Re)descobrindo pequenos entraves urbanos Vitória Lacerda S. Queiroz Orientador : Prof. Dr. Ricardo Luis Silva

Figura 01 : Colagens autorias representando o conceito dos projetos, Sobre Entre e Sob.

Resumo Este trabalho parte de uma inquietação sobre a cidade e seus tantos espaços vazios, ou que se caracterizam como pequenos entraves cotidianos, tendo em vista a cidade e sociedade

sul e segue margeando o Rio Pinheiros sentido o centro da cidade. A metodologia utilizada é a da cartografia e o caminhar para (re)conhecer os lugares do cotidiano, e assim aproximar as pessoas com a rua, e propor apropriações dos espaços públicos pelas pessoas. Como resultado a partir do levantamento trabalha-se as tipologias levantadas, Sobre, Entre e Sob, e a partir disso uma intervenção que potencialize e fortaleça o cotidiano e relação do corpo com o espaço.

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macrozona na cidade de São Paulo delimitada por 13 bairros da cidade, que começa na zona

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contemporânea e sua relação com os espaços na cidade. Para estudos estipulou-se uma


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Introdução Esse trabalho compreende e estuda a cidade de São Paulo como espaço denso e em constante metamorfose urbana que resulta nos mais diversos cenários urbanos ao longo de sua existência, que variam de construções já consolidadas à novos empreendimentos, e também os espaços residuais. Esses espaços que podemos chamar também de terrenos vagos, ou as sobras de cidade, os muros, os pequenos ou grandes espaços que caíram em desuso, que se tornaram segregadores, verdadeiras barreiras cotidianas, as manchas de não cidade, eles estão presentes e têm suas próprias características, pouco observados ou pouco valorizados, e é nesse contexto urbano e cotidiano que esse trabalho deseja atuar e intervir. Esses espaços residuais, por sua vez, nasceram das mais diversas. Neste trabalho é importante frisar que esses espaços são reconhecidos como problemáticas existentes no tecido urbano e na vida urbana e possuem intenso potencial de intervenção. A partir de algumas caminhadas definiu-se uma macroárea na cidade que foi dividida em cinco áreas e mapeada, observada e estudada utilizando o método da cartografia e fotografia, com a intenção de encontrar lugares para as intervenções, valorizando sempre sua principal característica e incentivando a urbanidade.

Figura 02: Macroárea.

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Foram mapeados 160 lugares e classificados em três tipologias sendo elas: Sobre, Entre e Sob. Os lugares Entre são aqueles que estão no meio de edificações, aqueles cercados por edificações, tais como lotes abandonados, escadarias, vielas, praças etc. Os lugares Sob são aqueles que ficam abaixo das edificações geralmente caracterizados como passagens, por exemplo pontos de ônibus embaixo de viadutos, passagens embaixo de passarelas. Por último os espaços Sob, esses surgem com o desejo de especulação de áreas públicas elevadas, de explorar o topo dos edifícios que em sua maioria abrigam apenas usos de serviços gerais dos prédios, para isso no mapeamento foram levantados topos de edifícios que abrigariam usos públicos ou semipúblicos em seus topos, não apenas edifícios corporativos, mas também edifícios residenciais que podem locar esses espaços e converter o valor em prol de melhorias no edifício.

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Proposição Entre - Escadaria Horto do Ype A intervenção no espaço Entre é uma escadaria muito utilizada de passagem para os moradores do Condomínio Horto do Ype. A escadaria também serve de “quintal” para os moradores dos lotes irregulares que margeiam o condomìnio. A estreita escadaria apresenta diversas problemáticas que variam desde o acúmulo de lixo, ao fluxo distinto de crianças, moradores, e pedestres que a utilizam como passagem. Ao lado da escadaria existe uma extensa área verde que deveria ser um parque linear, as obras foram iniciadas, mas foram abandonadas, assim configurando um cenário de descaso e degradação urbana. A Escadaria fica localizada no A1 do território, no bairro Parque Munhoz, na zona sul.

Figura 03: Planta Escadaria e maquete eletrônica. Ao longo das visitas foi possível observar que a escadaria possui diferentes fluxos, dos moradores que usam a Escadaria de quintal e espaço público, os transeuntes e das galinhas presentes. A proposta para a Escadaria consiste em organizar esses fluxos existentes e transformar a Escadaria em espaço público para os moradores e crianças. O corrimão ganha destaque por ajudar a organizar o fluxo e a indicar os espaços, como o parquinho para as crianças, o espaço para os moradores, galinheiro e a Horta.

no A3 do território, o espaço fica no bairro Cidade Monções. A marginal Pinheiros é a principal via de acesso, onde se abriga o ponto de ônibus, e logo atrás existe uma garagem, ambos fazem parte da intervenção. A princípio, o projeto contemplaria apenas a garagem, mas quando compreendo o espaço, vejo que existe a necessidade de integrar esses espaços, a fim de promover uma melhor espacialidade. Esse espaço abaixo da ponte é inóspito ao corpo, suas estreitas calçadas e o intenso fluxo da Marginal Pinheiros, fazem o caminhar ser acelerado em ritmo de quem está com pressa. O ponto de ônibus é o único lugar que o corpo reconhece como parada, mas a sua volta não contempla nenhum espaço público de qualidade. A grande questão desse projeto foi como transformar um espaço inóspito ao corpo em uma praça e conectá-la ao ponto de ônibus existente, assim respeitando os limites compreendidos pelo

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A intervenção no espaço Sob fica localizado logo abaixo da Ponte Nova Morumbi, localizado

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Sob - Ponto de ônibus e garagem


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projeto, e as suas características locais. A praça então se resolve no espaço da garagem, e se conecta ao ponto de ônibus, pela estrutura de madeira que desenha todo o projeto.

Figura 04: Planta Praça e Maquete eletrônica. Sobre - Edifício 707 O Edifício fica localizado no A4 do território, e pertence à antiga massa falida do Banco Santos, localizado na esquina da Rua Hungria com Rua iraci n° 707, sequer chegou a ser finalizado, e nem a receber um nome. Ficou abandonado por alguns anos e em 2015 foi ocupado pelo Movimento Terra Livre que levou 178 famílias para morar no Edifício que não cumpria sua função Social na cidade. Com vista panorâmica devido ao baixo gabarito do entorno, o edifício tem vista ampla para a cidade e para o Jockey, um dos metros quadrados mais caros da cidade, hoje se encontra novamente abandonado.

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Figura 05 : Planta e Maquete eletrônica. Após a escolha do edifício para intervenção surge a dúvida do que propor, por seu gabarito alto e ampla visão da cidade, optei por dar mais força a esse topo, transformando em mirante, assim o edifício se destaca ainda mais em meio ao bairro residencial. Percebi que seria interessante dar um uso também comercial a esse topo, com isso a proposta do bar com mirante. Como uma das características mais marcantes do Edifício é ser uma obra inacabada, e a sua aparência de local abandonado, resolvi assumir isso como partido, e também a questão lúdica e cenográfica que espaços como esses podem trazer. Ao analisar o espaço, percebi que a sua condição abrigaria um bar com a temática do meu conto favorito, do livro “Cidades Invisíveis” escrito por Ítalo Calvino.

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Referências BENJAMIN, Walter. Passagens. Belo Horizonte: UFMG, São Paulo: Imprensa Oficial, 2007. CALVINO, Italo. Cidades Invisíveis. São Paulo:Companhia das letras. 1990 CERTEAU, Michel de. Artes de Fazer - A Invenção do Cotidiano. Petrópolis, 1998. JEUDY, Henri-Pierre. Corpos E Cenários urbanos: Territórios Urbanos E Políticas Culturais. Salvador: EDUFBA, 2006. PASSOS, Eduardo, KASTRUP, Virgínia, ESCÓSSIA, Liliana (org), Pistas do método da cartografia; pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2015. Ladeira da Barroquinha. Archdaily. Disponível em:<https://www.archdaily.com.br/br/781582/ladeira-dabarroquinha-metro-arquitetos-associados>. Acesso em: 14 nov. 2018. Projeto Urbano A8erna. Archdaily. Disponível em:<https://www.archdaily.com.br/br/01-135024/projetourbano-a8erna-ativar-o-terrain-vague>. Acesso em: 10 nov. 2018. Google Maps. Google. Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/search/google+maps/@23.6448437,-46.823645,12z/data=!3m1!4b1>. Acesso em: 14 nov. 2018.

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Tokyo SP. Disponível em: <https://tokyo011.com.br/?gclid=Cj0KCQjwz6PnBRCPARIsANOtCw1zEaJ7Gmkk9GzKGtd6cBGsJOcsxV e31wXDDzJ6kEqaC6TjqdM-jWgaAtroEALw_wcB



Arquitetura do EdifĂ­cio

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ESPAÇO PÚBLICO DE LAZER Itapecerica da Serra Angela Rodrigues de Souza Orientador: Prof. Esp. Artur Forte Katchborian

Figura 01: Vista do parque. Fonte: acervo do autor

Resumo

proporcionado pela Prefeitura do município de Itapecerica da Serra. Os espaços são identificados, com objetivo de salientar e identificar suas necessidades, seguindo para então propor um projeto de parque na área central da cidade, que explore os sentidos humanos e atenda às necessidades voltada para prática esportiva ao ar livre e torna-se um meio de divulgação dos espaços já existentes na cidade.

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O estudo foca em identificar e analisar as áreas de lazer voltada para prática esportiva e cultural,

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Este trabalho contextualiza das definições do lazer, e a importância desses espaços na cidade.


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Introdução Os espaços de lazer proporcionam interatividade e convivência entre as pessoas, proporcionam também o bem-estar físico e mental, garantido uma vida mais harmoniosa. O lazer mostrase cada vez mais como uma necessidade a ser inserida no cotidiano corrido das pessoas. Este trabalho tem o intuito de projetar um espaço de lazer, a partir das informações obtidas com as pesquisas dos espaços existentes de lazer voltado para prática esportiva e cultural proporcionado pela Prefeitura, aos moradores do município de Itapecerica da serra. Com as visitas realizadas nos locais foram identificadas uma carência de espaços com infraestrutura adequadas e ausência total de parques para prática esportiva ao ar livre, o mais próximo fica localizado no Embu das Artes a 9 Km partindo da área central do município, o mais longe o Parque Ibirapuera a 30 km, que acaba sendo uma opção para muitos dos moradores.

Figura 02: Mapa dos parques mais próximos. Fonte: acervo do autor Com a carências dessas áreas é possível observar em uma rápida volta pela cidade, pessoas que se utilizam das vias públicas, Rua e Rodovias, para pratica de caminhada, corrida e até mesmo o ciclismo, sendo que não há infraestrutura de segurança, muitos acabam se ariscando em acostamento e entre os carros. O município utiliza pequenos espaço para oferecer áreas de lazer para seus moradores, Centros Culturais, academias cobertas e ao ar livre, ginásio esportes e eventos culturais que acaba interagindo com a população. Porem os espaços acabam não sendo atrativo para maioria, acarretando assim o desuso e degradação dos espaços existente, atraindo frequentadores que utiliza para outros fins

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que não seja de fato destinado inicialmente e afastando possíveis usuários e uma possibilidade de expansão da sua área. O projeto desse trabalho propõe um parque que ofereça atividades esportivas e culturais e que viabiliza uma conexão com a área urbana e que atenda às necessidades básicas de lazer para os moradores e vizinhanças do município de Itapecerica da Serra.

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Proposição O parque foi localizado na área central da cidade, com objetivo de facilitar o acesso a toda população do município, integrar a área urbanizada com a área verde, melhorar a qualidade de vida das pessoas e requalificar áreas degradadas. Respeitando o espaço existente e utilizando materiais leves com estruturas metálicas e madeiras.

Figura 03: Mapa de localização e urbanização. Fonte: acervo do autor O projeto nessa área tem fácil acesso ao transporte coletivo, pode estimular o crescimento dos comércios, levando a uma participação da iniciativa privada para manutenções do parque, sua participação seria de suma importância já que o município não dispõe de tanto investimento para áreas verdes. Projeto O parque busca conserva o máximo da sua vegetação e interferir de maneira menos agressiva,

Na entrada principal do parque está localizado o estacionamento que oferece vagas para carro, motos e bicicletas. Os caminhos criados servem para a prática de caminhada, corrida e acesso a toda

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Figura 04: mapa pista de caminhada e ciclovia. Fonte: acervo do autor

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buscando criar caminhos que se adapte as curvas de nível e alterando o menos possível de sua topografia.


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área do parque, ao lado se encontra a ciclovia bidirecional. Na parte mais alta do parque um mirante com vista para o parque e ao longe a vista da extremidade de São Paulo.

Figura 05: Corte da pista de caminhada e ciclovia e planta do mirante. Fonte: acervo do autor

Figura 06: Vista da pista de caminhada e ciclovia e vista do mirante. Fonte: acervo do autor Ao passear pelo parque, passa-se por áreas de playground, academia ao ar livre, quiosque e quadras que estão espalhadas pelo caminho. Na área central do parque encontra-se um grande gramado, a sua frente em um nível mais baixo uma plantação de lavanda, mais ao fundo e possível ver um espaço de leitura, ao lado um lago com árvores a sua volta e espaço de permanência e relaxamento. Na parte

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superior proponho um centro cultural de fácil acesso.

Figura 07: Mapa equipamento e mapa lago e espaço leitura. Fonte: acervo do autor

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Figura 08: Planta espaço leitura. Fonte: acervo do autor

Figura 09: Vista da lavanda, espaço leitura e planta geral do parque Fonte: acervo do autor Referências BITTAR, L. Itapecerica da Serra- ocupação e uso do território: São Paulo - 2001. BONELLI, Mauro chagas. Sustentabilidade em obras públicas: o caso do Parque Madureira. Dissertação (mestrado), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Civil, 2013. BRASIL. Associação Brasileira de normas técnicas NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaço e equipamentos urbanos. 3 ed. 2015. CAMARGO, L.O.L. O que é lazer. São Paulo, Brasiliense, 1986.

MASCARO, J. L. Infra-estrutura da paisagem. Porto Alegre - RS: Masquatro, 2008. MASCARO, J. L. Sustentabilidade em urbanização de pequeno porte. Porto Alegre - RS: Masquatro. 2010. Macedo, S. S., Sakata, F. G. Parques Urbano no Brasil. São Paulo - SP: Edusp. 2010.

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Emília Amélia P. C. da Silva, Priscilla P. C. da Silva, Petrucio Venceslau de Moura Iraquitan de O. Caminha e Clara Maria S. M. de Freitas, Os Espaços de Lazer na Cidade: Significado do lugar, 2012.

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CET. Companhia de engenharia de tráfego. Espaço cicloviário normas de desenhos. 13 volumes. 2014.



Hostel Esplanada Bruna Tanaka de Freitas Orientador: Prof. Me. Maurício Miguel Petrosino

Figura 01: Hotel Esplanada, década de 50. Fonte: http://www.discoveringsaopaulo.com/2013/08/

Resumo O edifício Ermírio de Moraes, situado no centro de São Paulo, é sede da Secretaria da

que valorizasse o espaço, alcançando o público turístico da cidade e resgatando a memória do antigo Hotel Esplanada que funcionava na era do café. O projeto do hostel irá dispor abrigos com valores acessíveis ao público. Também terá acesso ao público que não se hospeda no hostel para utilização de serviços prestados diariamente como restaurante, café e eventos culturais.

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seu entorno, que há um grande polo cultural. Portanto, foi pensado em criar um hostel no local,

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Agricultura e Abastecimento. Entretanto, poderia ser ocupado com atividades relacionadas ao


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Introdução Porque hostel? O intuito de projetar um hostel no local de uma edificação utilizada pelo governo, préexistente e tombada pelo órgão do CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico) sugere sua reutilização do espaço para que faça parte do polo cultural voltado ao seu entorno, como o Theatro Municipal, Praça das Artes, Praça dos Correios, entre muitos outros. Também gera um fluxo contínuo da população turística e local, proporcionando sua permanência por mais tempo, com abrigo e segurança no centro de São Paulo, além de ser previsto no projeto as hospedagens mais baratas, pois os hotéis mais próximos na região da República não oferecem estadias acessíveis.

Figura 02: Entorno do hostel. Fonte: acervo

Figura 03: fachada do edifício. Fonte: acervo

do autor.

do autor.

Referências Projetuais O espaço do Red Bull Station foi escolhido como referência de projeto para o hostel por existir espaços e proprosições parecidas com o objetivo de retrofit dos ambientes internos, restauração da fachada e permitir tanto a reutilização do edifício, bem como, integrar serviços culturais. Já o Hostel Soul Kitchen, na Rússia, também era um antigo edifício que hospedava a população antiga local e atualmente se

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tornou um hostel, com uma proposta mais jovem. Autores: Grupo Triptyque

Autores: Lipin

Local: Praça da Bandeira, 137 – SP

Local: Moika Bem. 62/2 – S. Petersburgo, Rússia

Figura 04: edifício Red Bull Station.

Figura 05: Hostel Soul Kitchen.

Fonte: http://www.redbullstation.com.br/

Fonte: http://www.soulkitchenhostel.com/

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Proposição O Hostel Esplanada é situado em edificação histórica e tombada, logo atrás do Theatro Municipal, nomeado como Ermírio de Moraes. A escolha de um local de patrimônio histórico, sugere sua reutilização, reforma e aproveitamento do espaço para fins públicos e em benefício da cidade por agregar a revalorização do mesmo. O hostel será composto por dois subsolos, oito pavimentos e um terraço, assim como a edificação original. Terá dormitórios compartilhados e privativos, também incluindo pessoas portadoras de necessidades especiais. No total serão cinquenta e seis dormitórios, sendo vinte e quatro para uso de portadores de necessidades especiais, vinte e quatro de uso privativo e oito de uso compartilhado, como exemplificado na figura, abaixo. A implantação do edifício terá uma praça conectada ao pátio externo aberto da fachada posterior e ao vizinho Praça das Artes. Os subsolos serão destinados às garagens, entrada do café público e área de serviços do hostel. O térreo terá biblioteca com acervo já existente do local com a história do edifício Ermírio de Moraes, que foi realocado do antigo subsolo, o mezanino do café público e a circulação principal da entrada que dá de encontro com um pátio externo aberto. O primeiro e segundo pavimentos serão destinados ao uso administrativo do hostel e apoio cultural. O terceiro pavimento será destinado ao uso de lazer dos hóspedes do hostel e público de fora como área de convivência. Do quarto pavimento até o sétimo será destinado ao uso de dormitórios compartilhados e privativos. E por fim, o oitavo pavimento será destinado ao uso do terraço que será composto por um solário e bar para uso público.

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Figura 06: Implantação do hostel. Fonte: Google Earth.


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Figura 07: Setorização do projeto do hostel. Fonte: ilustração da FormArte e edição do autor. Disponível em http://www.formarte.com.br/projetos-finalizados-edificio-ermirio-de-moraes

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Figura 08: Planta e usos do térreo. Fonte: acervo do autor.

Figura 09: Usos do primeiro pavimento ao terraço. Fonte: Acervo do autor.

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Figura 10: Usos dos cortes. Fonte: Acervo do autor. Referências

GIRÈ, Joseph. São Paulo Palace Hotel. Arquivo Histórico Municipal de São Paulo. 3 abr. 1922. Planta. ARQUIVO Histórico Municipal de São Paulo. Disponível em: http://www.arquiamigos.org.br. Acesso em: 3 jun. 2019.

GOOGLE. Mapas, 2019. Disponível em: http:// www.google.com.br. Acesso em: 3 jun. 2019. RED Bull Station São Paulo. Disponível em: http://www.redbullstation.com.br. Acesso em: 3 jun. 2019. SOUL KITCHEN HOSTEL. Hostel. Disponível em: http:// www.soulkitchenhostel.com/hostel/. Acesso em: 3 jun. 2019.

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GOOGLE EARTH. Mapas. 2019. Disponível em: https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/. Acesso em: 3 jun. 2019.

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SECRETARIA da Agricultura e Abastecimento. Disponível em: http://www.agricultura.sp.gov.br. Acesso em: 3 jun. 2019.



ENVELHECIMENTO ATIVO| Centro de Moradia e Convivência para a Terceira Carolina Tea Nunes de O. Rego Orientador: Prof. Me. Mauricio Miguel Petrosino

Figura 01 : Centro de Moradia e Convivência para a terceira idade. Fonte: acervo do autor.

Resumo Este trabalho de conclusão de curso objetiva analisar a arquitetura voltada ao público sênior, já que o envelhecimento populacional é uma realidade mundial, e segundo o IBGE o Brasil já possui 30 milhões

suporte a saúde física e mental dos idosos. Proporcionando independência e rotina ativa que causam grande impacto na qualidade de vida e do envelhecimento, tanto pela necessidade da atividade motora quanto da atividade cerebral.

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A proposta consiste em criar espaços físicos com um programa, e dinâmicas sugeridas, que possam dar

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de idosos.


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Introdução O envelhecimento da população é um fato constatado (no Brasil e no mundo), o número de integrantes em um núcleo familiar vem diminuindo gradativamente com a evolução do sistema econômico vigente (do custo de vida mais alto à maior competitividade no ambiente de trabalho que faz com que os indivíduos se sintam receosos com relação ao futuro e portanto com a viabilização da constituição de uma família feliz e etc), e a expectativa de vida vem aumentando graças aos avanços tecnológicos que possibilitam um considerável aumento na longevidade. É uma conta fácil, menos crianças nascendo, mais adultos envelhecendo em ritmo acelerado. Sendo assim, é necessário que este envelhecimento se dê da melhor forma possível para garantir que o idoso tenha qualidade de vida, capacidade de participar mais ativamente na sociedade exercendo seu papel com dignidade; diferente do cenário de abandono/negligência atual onde a população envelhece graças aos avanços da medicina mas padece devido à exclusão.

Objetivo específico •

Diagnosticar problemáticas que resultam em patologias e atuar especificamente no tratamento do problema de maneira holística/ integrada.

Oferecer espaço para apropriação e reunião popular de caráter democrático que deem suporte aos tratamentos e atividades necessárias.

Promover o acesso à moradia de qualidade e inserida no conceito de envelhecimento ativo, considerando a liberdade, qualidade de vida e independência do morador.

Desenvolver e tornar produtivo, fazendo-se cumprir a função social da terra e dos recursos humanos, tanto do morador quanto do visitantes/usuário eventual, promovendo diferentes relações sociais ao oferecer toda uma programática pensada para tal.

A proposta consiste em um projeto de habitação voltado ao público sênior, projetado não só de acordo com as normas de acessibilidade universal (visando a maior democracia espacial) mas também em alinhamento com a inclusão social do idoso à medida que proporciona e exige, pelo seu conceito, a realização de atividades que possuem uma importância que vai além da conclusão da tarefa pura e simplesmente. A independência e rotina ativa pressupostas possuem grande impacto na qualidade do

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envelhecimento, tanto pela necessidade da atividade motora quanto da atividade cerebral, ambas e estimuladas, na medida do possível individual (suportado pela NBR), pela proposta projetual, tanto do espaço físico quanto do programa e dinâmicas sugeridas.

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Área de Intervenção O terreno escolhido para implantação do projeto, possui uma área total de 5973 m², esta situado no bairro da Vila Mariana, na Rua Doutor Amâncio de Carvalho, em São Paulo.

Figura 02 : Imagem de Satélite . Fonte: Google Mapas. O bairro possui opções de lazer, com museus, parques, restaurantes. Também possui boa infraestrutura de comércio e de saúde, com alta concentração de hospitais, clínicas e farmácias na região. Quando o assunto é transporte público, a Vila Mariana é um dos distritos com mais estações de metrô da cidade de São Paulo, existem três que atendem o bairro, Ana Rosa, Vila Mariana e Santa Cruz. E próximo ao terreno há opções de ponto de ônibus. O Projeto O terreno se divide em público e privado. Onde a área do comércio (pública) serve tanto para os moradores do residencial, quanto para o entorno. A área residencial será de uso exclusivo dos idosos, com espaços de lazer, com salas de jogos, lavanderia, salas multiuso, espaço ecumênico, e também as praças ao ar livre . Os apartamentos se distribuem em três pavimentos. E o acesso a eles se da pela

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Figura 03 : Volumetria e Usos do Projeto. Fonte: acervo do autor.

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circulação vertical no centro do edifício.


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Figura 04 : Implantação. Fonte: acervo do autor.

Figura 05 : Planta pavimento tipo. Fonte: acervo do autor.

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Maquete Eletrônica

.

Referências CIELO, Patrícia Lopes Donzele Vaz, Elizabete Ribeiro de Carvalho. A Legislação Brasileira e o idoso. Estatuto do Idoso e Normas Correlatas Senado Federal Secretaria especial de editoração e Publicações de edições técnicas.

consideração. Ministério da Saúde. Envelhecimento Ativo: uma Política de Saúde. PREFEITURA DA CIDADE DE SÃO PAULO/SEPED/CPA. Acessibilidade – Mobilidade Acessível na Cidade de São Paulo, 2005.

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MENDES, Marcia R. S. S. Barbosa, Gusmão. A situação Social do Idoso no Brasil: uma breve

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IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas.



Edifício Vivo Henrique Sousa de Araujo Orientador: Prof. Esp. Artur Forte Katchborian

Figura 01 : Edifício Vivo. Fonte: acervo do autor

Resumo A vida humana se faz e se evolui por meio das relações interpessoais, e sua grande maioria se encontra nas regiões urbanas, ocupadas no Brasil pela maior parte da população. O objetivo deste trabalho é elaborar um edifício que ampare e estimule a coexistência e coletividade. Que

produção arquitetônica e reflexão com o foco nas pessoas e no elo direto do lote com seu local de implantação.

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individualismo; e assim, contribua para a manutenção desta dinâmica vida urbana a partir da

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aproxime, ao invés de isolar; que busque o compartilhamento à exclusividade; o plural ao


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Introdução Quanto ao tema Este trabalho tem como objetivo a concepção de um edifício que contribua para a manutenção da vida urbana, no Centro de São Paulo. Um edifício vivo, capaz de funcionar 24 horas por dia, ao longo da semana, onde há espaços que estimulem a coexistência de atividades de forma amigável e orgânica, Desta forma, busca-se a valorização do convívio entre pessoas e usos, trazendo para um lote uma fração das dinâmicas relações presentes na região, atraindo diversas pessoas pelas mais diversas finalidades.

Figura 02 : Vista aérea do bairro da República e local de intervenção. Fonte: Google Earth

Uma abordagem municipal A intervenção arquitetônica e ocupação humana de regiões consolidadas em área metropolitana é um dos maiores enfrentamentos do campo da arquitetura e urbanismo. Sua ação reflete um pensamento racional de fazer uso da infraestrutura urbana existente, concentrando atividades gerais em polos adensados. O Centro da São Paulo é um dos locais de maior oferta de infraestrutura da metrópole. A rede de transporte coletivo que ali se encontra contempla diversas estações de metrô, linhas e corredores de ônibus, além de importantes avenidas. Trata-se de uma região que, mesmo fazendo parte do senso comum como uma área degradada e decadente, atrai grande número de pessoas diariamente, que ali trabalham ou frequentam as variadas e tradicionais áreas comerciais e culturais. O Bairro da República O bairro da República era um dos principais pólos econômicos e arquitetônicos no século XX. Foi nessa época que alguns dos prédios mais importantes da cidade foram concebidos. Oscar Niemeyer, Franz

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Heep, Siffredi e Bardelli são alguns dos diversos personagens deste palco de transformações. Foi a era de ouro da arquitetura e do modernismo brasileiro, cujos ideais influenciaram as características e morfologia do bairro tanto do ponto de vista estético quanto funcional.

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O lote escolhido: Suas características físicas e ruas adjacentes O perímetro da intervenção proposta é fruto do remembramento de quatro lotes planos, que são compostos por lojas e lanchonete em uma ocupação térrea, e com primeiro pavimento. Ele está situado em uma das esquinas da quadra, com 31.1 metros de frente à Rua Dom José de Barros, e 30.7 metros à Rua Barão de Itapetininga, totalizando 1041 m² de área. Nos limites imediatos do lote, há dois edifícios com empena cega, de 10 e 12 pavimentos. A esquina que confronta o lote é formada por duas vias icônicas da cidade. Trata-se de uma localização de grande privilégio tanto pelo contexto histórico, quanto pela posição de destaque que possui devido ao elevado número de pessoas que caminham por ali diariamente.

Proposição O programa do edifício foi composto de modo a promover um espaço dinâmico, que estimule a coexistência de atividades e de pessoas. Desta forma, foram pensadas duas frentes distintas,que se completam: usos em potencial na área, e demanda existente de usos. Ambas alcançadas através de um levantamento empírico de usos por lote, realizado pelo autor. Para inserção das atividades propostas, foi pensado priorizando a vida coletiva e o compartilhamento dos espaços, em detrimento da noção de propriedade privada.

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Figura 03 : Diagrama de usos. Fonte: acervo do autor


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Figura 04 : Vista do térreo aberto. Fonte: acervo do autor

Figura 05 : Vista do térreo aberto. Fonte: acervo do autor

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Referências LORES, Raul Justes. São Paulo nas Alturas. São Paulo. Editora Três Estrelas, 2017. 340 p. JACOBS, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades. Editora Wmf Martins Fontes, 3ª Ed. 2011. 532 p. BUCCI, Angelo. São Paulo, Razões De Arquitetura: Da Dissolução dos Edifícios E De Como Atravessar Paredes. São Paulo. Editora Romano Guerra, 2010. 152p. FERNÁNDEZ, Aurora Per; ARPA, Javier; MOZAS, Javier. This is hybrid: an analysis of mixed-use buildings. Editora a+t Book, 2011. 311 p. Réinventer Paris,. São Paulo: Editora Monolito, 20176. 150 p. Edifícios modernos no centro histórico de São Paulo: dificuldades de textura e forma. Arquitextos, São Paulo, ano 08, n. 089.02, Vitruvius, out. 2007 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.089/197> PIRAZZOLI, Giacomo. Paulo Mendes da Rocha: sobre o edifício Sesc 24 de Maio. Entrevista, São Paulo, ano 18, n.075.01, Vitruvius, set. 2018. <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/18.075/7107> RODRIGUES, F. S. S.. Dois corpos ocupam o mesmo lugar no espaço. Projetos, São Paulo, ano 17, n.201.02, Vitruvius, set. 2017. <htt p : / /www. v i truvius.com.b r /revi s tas/read/projetos/17.201/6673> BISELLI, Mario e LIMA, A. G. G. Estratégias contemporâneas de projeto na cidade de São Paulo. Crítica, São Paulo, ano 18, n. 216.00, Vitruvius, maio. 2017 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.216/6989> LIRA, José. Sesc 24 de Maio. Crítica, São Paulo, ano 17, n. 200.02, Vitruvius, ago. 2017. <htt p : / /www. v i truvius.com.b r /revi s tas/read/projetos/17.200/6654>

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ROCHA, P. M, FRANCO, F. M., MOREIRA, M e BRAGA, M. Sesc 24 de Maio. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 206.02, Vitruvius, dev. 2018. <htt p : / /www. v i truvius.com.b r /revi s tas/read/projetos/18.206/6886>



Casa de Parto: Reconversão de Patrimônio Histórico Juliana Ferreira Rudiniski Orientador: Prof. Me. Maurício Miguel Petrosino

Figura 01: “No princípio era mãe, o verbo veio depois”. Fonte: Ilustradora Luiza Guedes

Resumo Propor um novo uso a um patrimônio, com o projeto de uma casa de parto, a fim de que este espaço volte a fazer parte do cotidiano da cidade e da vida das pessoas, através de uma discussão que tem como foco principal o respeito à mulher e à vida. O intuito deste projeto é revisar os padrões de atendimento à gestante, principalmente

durante todo o período de gravidez, o parto e nascimento e a criança nos primeiros anos de vida, quanto sua família.

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realizados no Brasil. A Casa de Parto tem como objetivo respeitar e acolher, tanto a mulher,

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com o que se diz respeito ao número alarmante de partos cirúrgicos, desnecessariamente,


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Introdução O presente trabalho tem como objetivo destacar um tema que diz respeito a toda a sociedade, a importância da humanização do espaço de nascer, que tem como finalidade o projeto de uma casa de parto, da qual se encontra inserida em um conceito de arquitetura de ambientes de saúde, que além de atender as necessidades da assistência obstétrica, foca em critérios arquitetônicos que favoreçam melhores resultados em contextos específicos de atenção à saúde da mulher e da criança, no pré parto, parto e nascimento. O programa a ser desenvolvido, será implantado em um casarão do centro da cidade de São Paulo, a fim de discutir a questão de um imóvel tombado que, um dia fora considerado importante para a construção da história da cidade e que hoje está camuflado na paisagem urbana, sendo apenas mais um espaço disponível para uma pequena parcela da sociedade, no qual a grande maioria sequer reconhece seu valor.

O avanço da medicina x o regresso da humanização O Brasil, atualmente, é campeão mundial no índice de cesáreas. Não há justificativa científica ou médica para que a grande maioria dos partos, hoje em dia sejam realizados através de uma cesárea ou mesmo quando realizados partos normais que estes sejam extremamente medicalizados e/ou utilizem métodos intervencionistas e abusivos. Tudo isso é compreendido por violência obstétrica, mas “perfeitamente aceitável” no mundo atual, onde o nascimento foi industrializado. Sendo assim, as Casas de Parto são também o símbolo da necessária transformação da cultura predominante nas instituições que prestam assistência ao parto e nascimento. Em 1999, foram formalmente criados os Centro de Parto Normal, estabelecendo parâmetros legais para sua implantação. Nesse ambiente o atendimento ao parto é caracterizado pelo uso de técnicas que respeitem o processo fisiológico do evento, com a utilização de métodos não farmacológicos para alívio de dores, não há médicos de plantão, por isso é obrigatório que seja integrado a um hospital ou fique próximo a uma maternidade, em caso de emergência.

Ressignificação de um patrimônio histórico Sem perceberem que a falta de sensibilidade pelos lugares e pelo que representam é o caminho certo para a pobreza cultural, a maioria das pessoas demonstra desinteresse por seus passados

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respeitáveis. Apesar de alguns arquitetos urbanistas promoverem a ideia de fixar, na cidade, uma identidade que irradie um passado pouco valorizado, a violência e o desdém com edificações, que construíram a história da cidade, estão cada vez mais explícitas. É essencial ressignificar estes espaços, que um dia foram tão importantes para a nossa história, cultivando seus valores e tornando-os acessíveis, a fim de que toda a sociedade possa utilizá-los.

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Proposição A intervenção proposta tem como objetivo potencializar as virtudes das preexistências, através da articulação e disposição espacial ali presentes. Um novo uso será apresentado, a fim de ressignificar um objeto que já teve grande importância para a cidade de São Paulo. A casa de parto surge com a necessidade de rever os valores culturais que envolvem a mulher e a forma do nascer, incentivando o respeito e conscientizando a sociedade aos direitos da mulher sobre o seu próprio corpo e suas próprias decisões. O programa está distribuído nos três pavimentos do casarão, sendo que, no pavimento térreo concentra-se a área de parturição, no primeiro pavimento estão localizadas as salas de atividade em grupo, uma brinquedoteca, depósitos e uma lanchonete e o último pavimento acomoda os consultórios, o banco de leite humano e a administração do local. O projeto conta ainda com uma ampliação para a circulação vertical, que se une a edificação existente por meio de passarelas.

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Figura 03: planta de construção e demolição do pavimento térreo. Fonte: produzido pela autora

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Figura 02: diagrama do projeto. Fonte: produzido pela autora


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Figura 04: planta de construção e demolição do primeiro pavimento. Fonte: produzido pela autora

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Figura 05: planta de construção e demolição do segundo pavimento. Fonte: produzido pela autora

Figura 09: maquete eletrônica. Fonte: produzido pela autora

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Referências Araújo, N. M. (2009). "É a vida de sempre" - Corpo e sexualidade no processo de nascimento. Tese de Doutorado. São Paulo, SP, Brasil. Bitencourt, F., & Krause, C. B. (2004). Centros de parto normal: componentes arquitetônicos de conforto e desconforto. Anais do I Congresso Nacional da ABDEH IV. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Coelho, G. (Abril de 2003). A arquitetura e a assistência ao parto e nascimento: Humanizando o espaço. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Crizóstomo, C. D., Nery, I. S., & Luz, M. H. (2007). A vivência de mulheres no parto domiciliar e hospitalar. Revista de Enfermagem Escola Anna Nery, 98-104. Diniz, C. S. (2005). Humanização da assistência ao parto no Brasil: os muitos sentidos de um movimento. Ciência e Saúde Coletiva, pp. 627-637. Filho, F. O. (2007). Arquitetura do ambiente de nascer: Investigação, reflexões e recomendações sobre adequação de conforto para centros obstétricos em maternidades públicas no Rio de Janeiro. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Gonçalves, R., Aguiar, C. d., Meirighi, M. A., & Jesus, M. C. (2010). Vivenciando o cuidado no contexto de uma casa de parto: o olhar das usuárias. Revista Escola de Enfermagem da USP, 62-70. Martins, C. A., Almeida, N. A., Barbosa, M. A., Siqueira, K. M., Vasconcelos, K. L., Souza, M. A., & Candé, T. A. (2005). Casas de parto: sua importância na humanização da assistência ao parto e nascimento. Goiânia, GO, Brasil. Ministério da Saúde. (2018). Orientações para elaboração de projetos arquitetônicos Rede Cegonha: ambiente de atenção ao parto e nascimento. Brasília - DF. Santos, C. N. (1986). Preservar não é tombar, renovar não é pôr tudo abaixo. Revista Projeto, 59-63. Seibert, S. L., Barbosa, J. L., Santos, J. M., & Vargens, O. M. (2005). Medicalização x Humanização: o cuidado ao parto na história. Revista de Enfermagem UERJ, 245-251. Vieira, M. C. (11 de Setembro de 2014). Ambiente hospitalar? Nada disso. Conheça as vantagens das casas de parto. Fonte: Site da Revista Crescer: https://revistacrescer.globo.com/amp/Gravidez/Planejando-a-gravidez/noticia/2014/09/ambiente-

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hospitalar-nada-disso-conheca-casas-de-parto.html



Centro de Bem Estar para Órfãos Jamila Bonardi de Oliveira Rebeca Leoneda Costa Bonardi Orientador: Prof. Me. Maurício Miguel Petrosino

Figura 01: Segregando. Fonte: acervo do autor.

Resumo Este Trabalho de Conclusão de Curso apresenta um projeto arquitetônico de um Centro de Bem Estar para Órfãos com espaços para a socialização com não-órfãos e a capacitação

e social dos órfãos, levando em consideração que afastamento de seus familiares, em alguns casos sendo proposital ou não, ainda é comum e feito de forma errônea, acarretando em diversos problemas psicológicos. A metodologia foi composta por pesquisas bibliográficas, visitas de campo, e compatibilização com as ideias iniciais.

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Sul da cidade de São Paulo, foi projetado para melhorar o desenvolvimento cognitivo, emocional

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para a inserção dos mesmos na sociedade quando completam maioridade. Localizado na Zona


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Introdução Tornaram-se cada vez mais frequentes os debates que tratam da vida e educação da criança e do adolescente, principalmente os que estão em zona de vulnerabilidade social, onde é claro em diversos lugares do país que enfrentam problemas com desenvolvimento físico, psicológico, formação de identidade e relação com os familiares. Em nosso país, menores privados do cuidado parental por algum motivo específico ou até mesmo do convívio em sociedade devido a ausência de responsáveis legais colocados em Instituições de Abrigo, por conta da precária situação da burocracia muitos chegam a passar anos nas filas de adoção, não conseguem ser reinseridos em suas famílias e muitas vezes são indesejados, já que a faixa de idade desejada pelas famílias que se encontram na fila de adoção é de 0 a 36 meses. Rossetti-Ferreira et al. (2012) aborda claramente a forma dificultosa que as Instituições aplicam as leis e normas que lhe são propostas para um bom funcionamento e cuidado com os menores. Autores como Bronfenbrenner (1996) mostra como é possível acabar com a formação psíquica de uma criança dependendo da forma como ela é recebida em um Abrigo, afetando todas as áreas de desenvolvimento que formam o caráter. Através do princípio de criação de identidade de uma criança é que parte o propósito do projeto, onde a principal intenção é suprir necessidades mínimas de desenvolvimento de um ser humano gerando uma possível reconstrução de emoções vividas, atendendo demandas físicas e psicológicas através dos espaços arquitetônicos elaborados. A criação do futuro deles começa no espaço em que são inseridos após, talvez, um dos maiores traumas de suas vidas. Através da ideia de lar, o CENTRO DE BEM-ESTAR PARA ÓRFÃOS JAMILA BONARDI DE OLIVEIRA, recebeu este nome por conta do papel fundamental em que minha tia exerceu na minha vida, acolher, amar e proteger são os três pilares principais. A visão da instituição é promover a integração da criança e do adolescente na sociedade através da capacitação que o Ensino pode trazer, gerando um senso de cidadania em cada um e a possibilidade de ter uma vida digna. Os valores ensinados promoverão o bem estar sem preconceitos no que diz respeito à origem, sexo, raça, cor, credo, ideologia política e qualquer forma de discriminação serão inaceitável.

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Proposição

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Figura 02: Implantação com paisagismo. Fonte: Rebeca Bonardi.

Figura 03: Planta baixa do Térreo e Mezanino. Fonte: Rebeca Bonardi.

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Figura 05: Planta baixa terceiro e quarto pavimento. Fonte: Rebeca Bonardi.

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Figura 04: Planta baixa do primeiro e segundo pavimento. Fonte: Rebeca Bonardi.


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Figura 06: 3D de vista frontal do Centro de Bem-estar sem a existência do portão para possibilitar uma melhor análise do edifício. Fonte: Rebeca Bonardi.

Figura 07: 3D do pátio ao fundo do terreno com acesso pela Biblioteca ou pela lateral do edifício. Fonte: Rebeca Bonardi.

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Figura 08: 3D da vista posterior do Centro de Bem-estar sem a existência de muro para possibilitar uma melhor. Fonte: Rebeca Bonardi.

Referências ARPINI, D. M.; QUINTANA, A. M. Identidade, família e relações sociais em adolescente de grupos populares. Revista Estudos de Psicologia, Campinas, v. 20, n. 1, p. 27-36, jan./abr. 2003. ÁVILA, C. Gestão de projetos sociais. 2. ed. São Paulo: AAPCS, 2000. CARVALHO, D. M. Adoção, Guarda e Convivência Familiar. 2ª edição. Belo Horizonte, Del Rey Editora. 2013. P.8. MARTINEZ, A. L. M. O momento da saída do abrigo por causa da maioridade: a voz dos adolescentes, 2008. Psicol. rev. (Belo Horizonte) v. XIV n.2, Belo Horizonte, dez. 2008. MIRANDA, P. Tratado de Direito de Família. Atualizado por Vilson Rodrigues Alves. Campinas: Bookseller, v. III, 2001, p.217. PAIVA, N. S. G.; NUNES, L. G. A.; DEUS, M. F. A construção da identidade da criança na educação infantil numa perspectiva histórico-cultural, 2010. Olhares & Trilhas - Uberlândia, Ano XI, n.11, p. 85-96, 2010.

SOMMER, R. Espaço Pessoal: as bases comportamentais de projetos e planejamento. Tradução Dante Moreira Leite. São Paulo: Ed. EPU/ EDUSP, 1973. p. 220.

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SCHENKER, M.; ASSIS, S. G.; FARIAS, L. O. Levantamento Nacional das Crianças e Adolescentes em Serviços de Acolhimento. Fundação Oswaldo Cruz- Fiocruz, Centro Latino-Americano de Estudo de Violência e Saúde Jorge Careli - CLAVES; Secretaria Nacional de Assistência Social - SNAS/MDS, Departamento de Gestão do SUAS, Coordenação Geral de Serviços de Vigilância Social.

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QUEIROGA, O. R. A Formação da Identidade Criminosa em Crianças Orfãs e Abandonadas, 2003.



Centro Esportivo Comunitário Renato Lucas Carvalho Orientador: Prof. Esp. Artur Forte Katchborian

Figura 01 Campo do Inconfidência EC do bairro Concórdia. Fonte: http://futebolbh.com.br

Resumo A seguinte proposta arquitetônica apresenta o projeto de um Centro Esportivo Comunitário no bairro Jardim Celeste em São Paulo, que tem por objetivo incentivar as práticas esportivas entre os moradores do local como também dos bairros próximos, aproximando a arquitetura das necessidades do desenvolvimento humano e da inclusão social. Neste trabalho se investigam os diferentes aspectos em como os esportes pode beneficiar as pessoas e recuperar uma comunidade. A partir de toda a investigação se propõe um desenho de um Centro Esportivo Comunitário. O espaço disponibilizará equipamentos esportivos e uma ampla área de lazer em

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que possa receber diversos eventos de forma adequada.


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Introdução A inclusão social através do esporte surge como uma das soluções mais eficazes na melhoria da educação e desenvolvimento de crianças e adolescentes. A prática de esportes atua criando oportunidades e alternativas aos jovens, afastando da criminalidade e proporcionando a melhoria de sua saúde física e mental. Existem diversas pesquisas que apontam o esporte como um dos melhores meios de evitar a evasão escolar e distanciar os jovens da marginalidade e criminalidade, levando para programas esportivos e culturais visando formar cidadãos e atuando como instrumento de formação integral dos indivíduos e, consequentemente, possibilitando o desenvolvimento da convivência social, a construção de valores, a promoção da saúde e o aprimoramento da consciência crítica e da cidadania. O presente trabalho consiste em propor o projeto de um Centro de esporte e lazer no bairro Jardim Celeste em São Paulo. A definição do tema surgiu a partir de minhas análises e inquietações sobre a importância do equipamento público para os moradores do bairro, devido a carência de espaços adequados destinados a prática de esporte. Atualmente a área não está abandonada pois as pessoas ainda utilizam, porém o que se vê é uma grande área subutilizada, com espaços mal dimensionados como por exemplo o campo de futebol existente que é irregular pois não possui uma manutenção. A ideia é oferecer um programa mais amplo a região, com melhor qualidade para os usuários propondo um espaço inovador e convidativo para todas as faixas etárias e classes sociais, formando verdadeiramente um espaço público , promovendo atividades culturais que busquem o incentivo a atividades esportivas, além de oferecer áreas amplas de convivência onde as pessoas podem se reunir e proporcionar um convívio entre elas.

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Proposição As diferenças entre público e privado vai além do acesso limitado entre os usuários, sabemos que o público carente de uma condição econômica dificilmente poderá tirar proveito da potencialidade de centros esportivos privados. A valorização do solo urbano, as diferenças socioeconômicas e a presença ou ausência do poder público faz com que a prática esportiva seja implementada em alguns lugares da cidade e em outros não. A essa existência ou falta de espaços públicos destinados à prática esportiva denominamos de segregação socioespacial. Diante disso, a intenção do projeto é criar um espaço público de convívio, onde a cultura, o esporte e o lazer estejam presentes, pois são alguns pontos mais deficientes da região. Portanto, esta proposta contempla não somente as questões culturais e educacionais, mas também o progresso social da população residente na área. Analisando o bairro Jardim Celeste e os bairros periféricos, nota-se que a região não possui equipamentos públicos próximos, e os existentes não oferecem a infraestrutura adequada para a realização de atividades para a população. O centro esportivo comunitário tem como objetivo proporcionar melhores instalações para a prática esportiva, lazer e o aprendizado em um ambiente confortável e adequado a realidade desses usuários.

Figura 02 foto autoral do terreno

uma volumetria principal, que comportasse os acessos e hall principal, banheiros públicos, setor administrativo e salas multiuso.

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estruturados mediante as características de cada atividade. Quanto a formalidade do projeto, se propõe

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O conceito funcional parte do pressuposto que a organização interna e acessos de projeto sejam


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Figura 03 render O acesso principal do projeto se dará junto a Rua Margarida Izar onde o fluxo é maior, isso é reforçado com a presença das linhas de transporte público. O estacionamento e o acesso secundário se dará junto a Rua Bernardo Buontalenti por ser uma rua de menor movimento e que é estritamente residencial e não possuir linhas de ônibus circulando.

Figura 04 render A implantação da volumetria principal também se desenvolvera na margem do terreno próxima a Rua Margarida Izar. A orientação do projeto adotara cuidados com aspectos como a incidência de ventos e orientação solar, evitando que a incidência de raios solares possa prejudicar os praticantes dos esportes. Possui um local destinado ao playground e academia ao ar livre, pista de skate juntos a praça,

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localizados em uma área visível e convidativa, proporcionando lazer aos usuários.

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Referências HERTZBERGER, Herman, Lições de Arquitetura – Editora Martins Fontes, Edição: 3ª (26 de abril de 2018). ALMEIDA, Marco Antônio Bettine de; GUTIERREZ, Gustavo Luis. Esporte e sociedade. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, n. 133, 2009. LEITE, Werlayne Stuart Soares. Uma máquina de produzir ilusões: a função social do esporte. Disponível em: http://www.sanny.com.br, Acesso em: 05/04/2019 MARTINS, Danielle Fabiane et al. O esporte como papel de uma reunião social. Disponível em: http://www.facecla.com.br, Acesso em: 28/05/2019 TUBINO, Manoel. O que é esporte: uma enciclopédia crítica. 2 Ed. Vol. 276. São Paulo: Brasiliense. 1999. Coleção primeiros passos. SUZUKI, Eduardo. Concurso Nacional de Idéias para a construção do Primeiro Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte de Fortaleza – CUCA .Disponível em:

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http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/06.065/2640?page=3, Acesso em: 28/05/2019



Centro Comunitário Capão Redondo Stefany Caroline Vilar Borges Orientador: Prof. Esp. Artur Forte Katchborian

Figura 01 : Região do Capão Redondo; acervo do autor.

Resumo O tema a escolhido para consolidar os pontos que serão discutidos neste estudo é a construção

de deficiências geradas pela falta de equipamentos, acessibilidade, educação, violência, degradação, ambiental, falta de infraestrutura, a quase ausência de espaços públicos e convivência.

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São Paulo. O foco deste projeto é atender a comunidade buscando a superação de um conjunto

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de um equipamento urbano, um Centro Comunitário no distrito do Capão Redondo, Zona Sul de


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Introdução As áreas de ocupação informal estão presentes na cidade de São Paulo desde antes de 1940, ocasionadas pelo crescimento populacional ao longo dos anos e pela falta de políticas habitacionais e planejamento urbano por parte do poder público, que obrigou a população baixa renda a ocupar áreas vulneráveis da cidade. A construção de um equipamento urbano, um Centro Comunitário, é o principal objetivo a ser discutido neste trabalho, tendo em vista que o projeto atenderá a comunidade carente buscando a superação de um conjunto de deficiências geradas pela falta de equipamentos, acessibilidade, educação, excesso de violência, degradação dos materiais e do ambiente, falta deinfraestrutura, poucos espaços para lazer e cultura e convivência entre a comunidade. O bairro jardim São Bento Novo, localiza-se no distrito do Capão Redondo na cidade de São Paulo, carente de equipamentos públicos como: escolas, parques e praças para lazer. É dentro deste recorte da cidade que se pretende desenvolver este exercício de projeto, buscando qualificar a vida dos moradores da região, trazendo geração de renda, serviços e lazer.

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Proposição O Centro Comunitário Capão Redondo irá oferecer programas para toda comunidade, com foco maior em jovens e adultos que buscam inserção ou nova oportunidade no mercado de trabalho. O espaço conta com um programa básico com áreas de atividade ao ar livre, ponto de encontro, festas ou eventos, cursos e oficinas. Programa de necessidade: •

Administração

Sala Multiuso

Consultórios

Cozinha

Refeitório

Salas de aula

Biblioteca

Sala de informática

A proposta de implantação do Centro Comunitário se da devido a topografia do terreno, o edificio foi idealizado a cada meio nivel para interferir minimamente no terreno. O projeto tem a preocupação de tornar-se parte da comunidade, para isso pretende-se utilizar materias de construção comuns a população, como concreto, bloco de cimento, argamassa, metal, etc. Um espaço aberto a todos os moradores, tanto para aqueles que vão para cursos e oficionas,

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Figura 02 : Implantação do edfício.. Fonte: autoria própria

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quanto aqueles que vão para conversar ou descansar nas áreas livres.


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Referências

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BAENINGER, Rosana. População e cidades: subsídios para o planejamento e para as políticas sociais. Campinas, setembro 2010. FRANÇA, Elisabete; BAYEUX, Gloria. Favlevas: a cidade como interação dos bairros e espaços de carências, Bienal de Veneza, ano 03, agosto de 2002. MARICATO, ERMÍNIA. Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana. Petrópolis: Vozes, 2001. MARICATO, Ermínia. Metrópole na periferia do capitalismo. São Paulo: Hucitec,1996. OLIVEIRA, Francisco de. Acumulação monopolista, estado e urbanização: a nova qualidade de conflito de classes. In MOISÉS, José A. Condições urbanas e movimentos sociais. São Paulo: CEDEC – Paz e Terra, 1977. PADILHA, Paulo Roberto; SILVA, Roberto da (Org). Educação com qualidade social: a expectativa dos CEUs de São Paulo, Instituto Paulo Freire, São Paulo, 2004.



Complexo Multifuncional Portuguesa de Desportos Yghor Cabral Pereira Orientador: Prof. Esp. Artur Katchborian

Figura 01: render de cima do complexo. Fonte: Acervo do Autor.

Resumo O projeto visa revitalizar o clube e o estádio da Associação Portuguesa de Desportos, que encontra-se em total deterioração. Para isso, um complexo Multifuncional será criado no lugar, mantendo apenas o estádio e o ginásio do projeto original. O projeto contará com um parque, que manterá um pouco do uso esportivo no clube, um edifício multifuncional, com uso

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criação de uma nova cobertura, que não desrespeite o desenho original do estádio.

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institucional, comercial, corporativo e residencial e um projeto de retrofit para o estádio, com a


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Introdução A Portuguesa já foi um dos maiores clubes do Brasil, mas infelizmente, hoje em dia passa por inúmeras dificuldades

Figura 02: Linha do tempo história da Portuguesa. Fonte: acervo do autor.

O trabalho tem como foco a revitalização do terreno da Associação Portuguesa de Desportos. Para isso, foram estudados projetos como o Parque da juventude, que revitalizou todo um bairro, o estádio San Mamés, que recebeu um projeto de retrofit, e projetos de edifícios multifuncionais, como por exemplo o Complexo Office time, que teve uma enorme influência no projeto. Após estudos do entorno, primeiro foram decididos os principais acessos, para então começar a produção

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de croquis. O croqui abaixo definiu a implantação do projeto.

Figura 03: Croqui de implantação do complexo. Fonte: acervo do autor.

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Proposição Com a maior parte do projeto destinada para o parque, um gráfico desenvolvido em cima do croqui de um corte demonstra a proporção de áreas do projeto que serão destinadas para cada uso.

Figura 04: gráfico de usos. Fonte: acervo do autor.

Chegou-se então ao desenho final de implantação do projeto, criando caminhos principais de ligação direta ao estádio e caminhos secundários, que levam a áreas um pouco mais reservadas, como por

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Figura 05: Implantação geral. Fonte: acervo do autor.

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exemplo os acessos ao bloco residencial do edifício.


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O edifício implantado a esquerda do terreno, fica em uma área de acesso um pouco mais filtrado, enquanto o estádio e o ginásio então diretamente conectados aos principais acessos e possuem um entorno quase sem vegetação, para que haja uma maior fruição de pessoas. A biblioteca possui como principal acesso uma escada rolante, que cruza o vazio da galeria em diagonal, vencendo um vão de 4,5 metros. O bloco corporativo, composto por plantas livres de 600m², possui acessos para varandas a cada dois andares, varandas essas que possuem recortes triangulares, fazendo referência ao desenho de piso, e criam uma grande escultura arquitetônica na fachada do prédio.

Figura 06: corte BB Fonte: acervo do autor.

O complexo cria também um museu para a portuguesa, localizado no terraço jardim criado em cima do bloco de estacionamento, que pertence a biblioteca. Para o estádio, foi criada uma estrutura de tirantes, revestida por um tecido branco, com alguns pedaços

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transparentes, de teflon com fibra de vidro.

Figura 07 e 08: esquema de montagem do estádio e render do museu. Fonte: acervo do autor.

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Figura 09: Varandas vistas do começo da rampa. Fonte: acervo do autor

Para fachada residencial, nichos são acrescentados as varandas dos apartamentos, junto com um degrade que vai do verde escuro ao azul escuro, misturando-se ao parque e ao céu.

Figura 10: fachada residencial. Fonte: acervo do autor.

arquitetura_santini-rocha-arquitetos_/estadio-beira-rio/463 Site da Portuguesa - http://portuguesa.com.br/site/ Edifício Office Time - https://www.tecnisa.com.br/imoveis/sp/sao-paulo/salas-comerciais/office-time/23

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Galeria da Arquitetura - Estádio Beira Rio. https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/hype-studio-

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Referências



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Requalificação de Edifício tombado em área central de São Paulo Andréa Rodrigues de Oliveira Lingoist Orientador: Prof. Me. Ralf José Castanheira Flôres

Figura 01: fachada do antigo Hotel. Fonte: Letícia Vaz

Resumo O objetivo desta monografia é propor a requalificação do antigo Hotel Columbia Palace,

influenciarem este processo. Cita os principais documentos de salvaguarda do Patrimônio mundial. Analisa tombamentos e decretos que incidem sobre este bairro e bem, dados demográficos do distrito, legislação e projetos de Intervenção Urbana. O trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta de intervenção no edifício da década de 20, propondo o uso misto, compreendendo seu valor histórico, qualificando o meio de lote, considerando a importante incidência de luz solar em todos os ambientes e acrescendo áreas comuns para moradores.

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cidade desde sua formação, o quanto os poderes públicos e privados são responsáveis por

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tombado e inserido no centro de São Paulo. O texto se inicia com o registro da história da


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Introdução Como sabemos, por décadas e décadas as tantas teorias da Preservação, da Conservação, do Restauro, da Reabilitação, dos Instrumentos x Planejamento, das Normas Técnicas, das conjunturas sócio espaciais foram sendo analisadas, executadas, experimentadas, discutidas, ampliadas e atualizadas, incrementando e dando embasamento a esta discussão. Cabe aqui analisar para quem, porque e de que forma e propor um projeto de arquitetura para o Edifício Hotel Columbia Palace. Passado o rápido e desordenado desenvolvimento, podemos afirmar que a maioria da população paulistana hoje mora em habitações mais precárias, servida de transporte deficiente e de serviços elitizados. Concordo com Lefebvre, quando na década de 60 já apontava que o isolamento das funções urbanas – morar, trabalhar, circular e lazer – é a antítese das relações socioespaciais que configuram a questão da moradia digna e o direito à cidade. O déficit de habitação no país tem índices alarmantes, enquanto muitos imóveis estão desocupados e abandonados em áreas com farto transporte público integrado, provido de equipamentos como escolas, hospitais, rede de serviços e comércio e grande oferta de postos de trabalho. O Plano Diretor define ainda instrumentos urbanísticos para combater propriedades ociosas, que causam grande prejuízo à população, aumentando o custo por habitante dos equipamentos e serviços públicos oferecidos. A região central da cidade, tem 33.149 imóveis vagos. Isto equivale a 14,6% dos domicílios daquela região, enquanto 60,05% das viagens feitas ao centro é por motivo de trabalho (pesquisa de mobilidade 2012). Ainda que a relação emprego/habitante seja 3,5 vezes maior que o munícipio, há muito o que fazer. Revisitar o patrimônio é incluir formas de recepção e usos de objetos, espaços e efeitos sobre aqueles que os classificam na vida cotidiana, afirma Miller (2005). Sabendo que nenhuma decisão adotada para salvaguardar o Edifício do Hotel Columbia Palace será inédita, unilateral ou universal, concordo que salvaguardar o patrimônio histórico na vida contemporânea se dará pela ação de revitalizar e conjugar o uso de moradia e trabalho. Se o antigo caráter era hospedagem temporária, agora a proposta é que seja permanente ou não, fluxos em diversos horários e diferentes usos no mesmo lote. A destinação é compatível com a morfologia e dimensões, conforme aconselhou Giovannoni (1873-1943). Assim vamos construindo uma cidade de patrimônio já construído. Porém, o reutilizar prédios

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desativados e reintegra-los a um uso normal é necessária uma intervenção de extrema complexidade. Em todos os trabalhos é imprescindível a contratação de mão de obra de alta competência técnica gerando um custo muito elevado, as vezes proibitivo (CHOAY, 2011). Proposição Para a proposta de intervenção e requalificação do edifício existente foram estudados os gabaritos e implantações dos edifícios vizinhos e das quadras adjacentes, analisadas as possibilidades de futuras construções nos lotes lindeiros, a posição do sol, a aplicação da lei de usos e ocupações e a definição do uso misto; habitação e trabalho.

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O edifício de grande importância para a história da cidade, teve a fachada totalmente preservada, conforme indica a lei de tombamento. A proposta é restaurar tanto os caixilhos de madeira como os de ferro, restaurar ornamentos, pintar e recolocar letreiro original existente. A maior proposta de intervenção ocorre dentro do lote. Há indicação de demolição de parte da torre, abertura de lajes para implantação de escada enclausurada protegida (tipo EP) e construção de duas novas torres interligadas por passarelas que também se conectam ao edifício antigo.

Figura 03: Planta demolição. Fonte: autora Figura 04: Planta de Novos Usos. Fonte: autora Serão mantidas as lojas no térreo, mas com menor metragem, cedendo espaço para a pátio interno das novas torres ao fundo do lote. As novas edificações são de uso residencial multifamiliar, enquanto parte da torre antiga, abriga um espaço de convívio no primeiro andar, espaço do antigo e importante restaurante Lion. Os quartos e banheiros dispostos na fachada frontal tiveram o uso alterado

de cada andar atende as normas de acessibilidade a edificações (NBR 9050). As lajes dos banheiros foram furadas para passagem de dutos de ar condicionado, cabos de lógica e elétricos, além de janelas antirruído proporcionando conforto térmico e acústico para as salas. As réguas de madeiras dos pisos das salas serão mantidas e restauradas com novos rejuntes e resina sintética para alto tráfego. Já os pisos hidráulicos faltantes dos corredores deverão ser completados por novos, de igual desenhos e cores e receberão resina a base d’agua para fácil manutenção. Elevadores terão as cabines restauradas e receberão novos cabos e motores. Os mármores das pisadas das escadas serão mantidos e

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removida, promovendo a abertura dos banheiros para o corredor central do edifício. Um dos banheiros

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para comercial, mas os vãos mantidos nas posições originais. Parte de uma parede em alvenaria foi


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restaurados com processo de polimento mecânico. Corrimãos, paredes, portas e lajes terão as tintas totalmente removidas e receberão pintura nova. A segunda ala desta mesma torre, receberá apartamentos residenciais. Para facilitar as novas instalações hidráulicas, serão confeccionadas novas lajes sobre as existentes, formando uma laje tipo caixão perdido. Isto facilitará a instalação das novas redes de elétrica e hidráulica. A fachada interna terá vãos de janelas e portas balcão na mesma projeção das existentes. O antigo reboco desta fachada será removido, deixando os tijolos aparentes que receberão resina acrílica para proteção.

Figura 05: Corte. Fonte: autora Figura 06: Fachada. Fonte: autora

Cada um dos outros 5 pavimentos recebeu 4 salas com 2 banheiros em cada, totalizando 20 salas, 8 banheiros, sendo 1 acessível por andar e uma copa coletiva no primeiro pavimento. Este acesso é feito por 2 elevadores e ou pela escada aberta e ainda outra escada enclausurada atendendo as

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normas técnicas municipais e do Corpo de Bombeiros. O acesso para as torres de habitação é exclusivo e pela porta da esquerda da fachada principal do prédio original. No térreo, encontram se o bicicletário e a praça na área central. A estrutura das torres novas é de concreto, com fechamento em alvenaria, revestidos com placas texturizadas, caixilhos em alumínio na cor preta e venezianas em madeira envernizada, passarelas de estrutura metálica com piso perfurado e guarda corpo em tubos metálicos pintados de tinta fosca preta. As unidades habitacionais das torres novas são todas de 1 dormitório, medindo de 33 a 37 m2 de área útil com sala, cozinha e banheiro. O acesso vertical é feito por dois elevadores, escada

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enclausurada e o acesso as unidades por passarelas metálicas, protegida por guarda corpos. Os últimos andares das torres têm um salão de festas e um mirante para a cidade.

Figura 07: Planta proposta. Fonte: autora Figura 08: Fachada proposta. Fonte: autora

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CHOAY, Françoise. Alegoria do Patrimônio. Lisboa, Edições 70, 2010. FRÚGOLI JUNIOR, Heitor. São Paulo: espaços públicos e interação social. São Paulo: Marco Zero, 1995. LEFEBVRE, Henri (1968). O direito à cidade. Tradução Rubens Eduardo Farias. São Paulo, Centauro, 2011. MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de Meneses. A Cidade como bem cultural. IPHAN. 1978, p. 45 MONTEIRO, Ana Carla de Castro. Os Hotéis da Metrópole. Evolução e História dos hotéis na cidade de São Paulo. http://correiogourmand.com.br/turismo_03_turismo_01_evolucao_historica_hoteis_sao_paulo.htm RUSKIN, John. A lâmpada da Memória [The Lamp of Memory]. Tradução de DOURADO, Odete. Salvador: Pretextos (V.2) /PPGAU-UFBA, 1996. RUSKIN, John. John Ruskin e as Sete Lâmpada da Arquitetura – Algumas Repercussões no Brasil. [The Lamp of Memory] Tradução de PINHEIRO, Maria Lucia Bressan. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2008. KARA, Beatriz José. Tese Doutorado: A Polarização do centro de São Paulo: um estudo de transformações ocorridas nos últimos 20 anos. São Paulo, 2010 MARICATO, Ermínia. Habitação e Urbanismo; reabilitação do centro, in revista Construção, no 2336, São Paulo, nov.1992, p. 23-24

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Referências



Projeto de Intervenção em Patrimônio Industrial Complexo Ferroviário em Bauru Caroline Pimenta Medeiros Orientador: Prof. Me. Ralf José Castanheira Flôres

Este trabalho propõe estudar e discutir as questões relativas à preservação do patrimônio cultural edificado, em especial o patrimônio industrial, a partir da análise do complexo ferroviário instalado em Bauru/SP. Para isso, propõe um projeto de intervenção arquitetônica que procura atender as demandas atuais e preservar a memória do que aquela área representa. Concentrando-se no edifício principal, o projeto busca oferecer condições para que as instituições que ocupam o prédio possam desenvolver suas atividades adequadamente, possibilitando que a vida existente ganhe ainda mais potência e se configure como agente transformador da cidade à sua volta.

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Resumo

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Figura 01: Vidraças quebradas da Estação Ferroviária em Bauru. Fonte: acervo da autora.


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Introdução Considerados patrimônio cultural do país, muitos dos testemunhos da era ferroviária encontramse hoje subutilizados, quando não deixados à própria sorte, completamente abandonados. As razões que podem ser listadas para explicar esse fato são diversas, desde a falta de uma cultura que valorize a história e o patrimônio no Brasil, até a dificuldade de lidar com as grandes estruturas que constituem a herança industrial. Diante deste cenário faz-se necessária a ampla discussão das formas de enfrentamento desta questão, possibilitando a sobrevivência desses bens para usufruto das gerações futuras. No contexto de contribuição com essas discussões no campo da prática é que este trabalho se insere: um projeto de intervenção num patrimônio industrial que busca em primeiro lugar compreender a importância que ele representa para história da cidade de Bauru e do próprio estado de São Paulo, depois refletir sobre as formas de tratamento do patrimônio edificado (questões que permeiam a atribuição de valor, a importância da preservação, entre outras) e por fim perceber quais são as demandas atuais que nortearão os caminhos para uma intervenção que possibilite a valorização da memória através da preservação deste importante exemplar. Após análise da área em conjunto com os estudos teóricos a respeito do patrimônio industrial chega-se à conclusão que, assim como o reconhecimento legal, o projeto deve compreender o complexo como um todo. Assim, foram identificadas cinco áreas com características próprias que geram possibilidades de enfrentamento diferentes entre si. Essas áreas funcionarão como etapas de um processo completo de requalificação do complexo. Com base nas características identificadas, cada uma dessas

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áreas foi classificada de forma a sintetizar a s ações pretendidas.

Figura 02: Complexo dividido por áreas de intervenção. Fonte: acervo da autora

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Proposição Em razão das limitações temporais deste estudo, o projeto se concentrará no edifício da Estação Central e a área livre imediatamente atrelada a ele, localizado na área azul. A importância da escolha dessa área reside no fato da mesma servir como ponto de partida para a transformação pela qual passará todo o complexo. Sendo o elo mais significativo com o cotidiano da cidade, funcionará como um chamariz.

Figura 03: Implantação. Fonte: acervo da autora Partido Levando em conta tudo o que foi estudado até aqui a respeito do patrimônio histórico, os meios de sobrevivência desses bens de valor singular e as características próprias do local estudado (como o fato de que mesmo abrigando uma série de instituições, muitos que passam pela estação acreditam que ela está abandonada), foram estabelecidas duas premissas principais: valorizar a memória e evidenciar a vida existente. Essas duas premissas norteiam todo o projeto, mas manifestam-se principalmente nas seguintes ações: Reconhecendo os trilhos dos trens como eixo fundamental, pretende-se fortalecê-lo fazendo com que todos os acessos se voltem a ele. Assim, somente haverá uma entrada voltada para a rua, que dá

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Figura 04: Fortalecimento dos trilhos a partir dos acessos. Fonte: acervo da autora

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acesso ao grande saguão, a partir de onde todos os fluxos se distribuirão.


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Outra área importante do projeto é a gare. Nela, a cobertura foi peça-chave na decisão do uso do espaço. Por ser uma estrutura sem precedentes (muito provavelmente a primeira a usar o concreto armado como técnica construtiva), a ideia é que ali não exista nenhum volume construído que desvie a atenção ou represente um ruído na fruição visual deste espaço, que será uma grande praça coberta.

Figura 05: A gare como grande praça. Fonte: acervo da autora

Sendo o térreo o pavimento de contato direto com a rua, ele funcionará como uma vitrine, onde ficarão localizadas as atividades que mais claramente retratam a vida que acontece ali, como as atividades de expressão corporal (dança, teatro, artes marciais) e a exposição dos trabalhos artísticos ali produzidos. Além disso, uma outra cobertura também tem papel essencial no projeto - atendendo as demandas de um auditório

adequado

a

apresentações

musicais,

a

nova

cobertura

aparece

sinalizando

a

contemporaneidade da intervenção como um elemento marcante na paisagem, que anuncia a vida que

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emana daquele espaço.

Figura 06: Ações que evidenciam vida existente. Fonte: acervo da autora

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Figura 07: Estação Ferroviária e a nova cobertura do bloco central. Fonte: acervo da autora

Referências Carta de Atenas, Escritório Internacional dos Museus Sociedade das Nações, 1931. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Atenas%201931.pdf> . Acesso em: 5 set. 2018. Carta de Nizhny Tagil sobre o Patrimônio Industrial, TICCIH, 2003. Disponível em: <http://ticcih.org/wpcontent/uploads/2013/04/NTagilPortuguese.pdf> . Acesso em: 17 out. 2018. CHOAY, Francoise; MACHADO, Luciano Vieira (Tradutor). A alegoria do patrimônio. 4. ed. São Paulo: Ed. UNESP, 2006. KÜHL, Beatriz Mugayar. Arquitetura do Ferro e Arquitetura Ferroviária em São Paulo: reflexões sobre sua preservação. 1. ed. São Paulo: Ateliê Editorial: Fapesp: Secretaria da Cultura, 1998. ______. Preservação do Patrimônio Arquitetônico da Industrialização: Problemas teóricos do restauro. 1. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009. LE GOFF, Jacques. Documento/Monumento. In: ______. História e Memória. 4. ed. Campinas: Unicamp, 1996. Disponível em:

MOREIRA, Danielle Couto. Arquitetura ferroviária e industrial: os casos das cidades de São João del-Rei e Juiz de Fora (1875 - 1930). 2007, 311p. Dissertação (Mestrado em Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007. doi:10.11606/D.18.2007.tde-10092007-133334. Acesso em: 12 set. 2018. SCHIAVON, T. A cidade de Bauru e a estrada de ferro Noroeste do Brasil: comparações internacionais e a busca pela valorização e requalificação do patrimônio ferroviário e industrial no Brasil. Revista CPC. São Paulo, n. 22, p. 190-219, dezembro de 2016. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/cpc/article/view/119355/122089>. Acesso em: 26 set. 2018.

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MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de. A cidade como bem cultural: áreas envoltórias e outros dilemas, equívocos e alcance da preservação do patrimônio ambiental urbano. In: MORI, Victor Hugo. et al. Patrimônio: atualizando o debate. 1. ed. São Paulo: IPHAN, 2006.

Patrimônio Arquitetônico e Urbano

<http://ahr.upf.br/download/TextoJacquesLeGoff2.pdf>. Acesso em: Acesso em: 17 out. 2018.



Um Refúgio para Imigrantes: Intervenção no Palacete do Carmo Cassia Joia de Resende Orientador: Prof. Me. Ralf José Castanheira Flôres

Figura 01: Fachada Principal do Palacete do Carmo. Fonte: Eduardo Knapp

Resumo Em meio ao caos ocasionado por fatores de guerra e desastres naturais, o Brasil se tornou um

refugiados que chegam ao Brasil. Porém, a precariedade dos abrigos existentes dificulta ainda mais o acolhimento dessa população. Diante desse cenário, a proposta do presente trabalho é projetar um abrigo para refugiados em um edifício tombado no centro da cidade de São Paulo, tornando-o referência para aqueles que chegam até a cidade e possam ter um primeiro apoio e acolhimento, ajudando não somente aqueles que estão abrigados, mas também a toda a população. Utilizar um edifício tombado, nos ajuda a preservar a memória e história, dando vida novamente ao edifício.

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seguro para recomeçarem, São Paulo tem sido uma das cidades mais procuradas por muitos

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local de abrigo para muitos refugiados que saem de seus países natais a procura de um local


BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

Introdução Atualmente, estamos presenciando um grande contingente de povos migrando de seus países de origem, para outros países nos quais possam ter um abrigo. Fugidos da guerra, de desastres naturais, ou até mesmo de seus governantes, centenas de milhares de pessoas têm vivenciado esse tipo de experiência todos os dias. O Brasil é o quarto país da América Latina que mais recebe refugiados por ano, e São Paulo está entre as cidades que mais recebe essa população. Viver em uma das maiores metrópoles do mundo, São Paulo, é o sonho de muita gente, principalmente aqueles que estão em busca de uma vida melhor, onde possam encontrar trabalho, uma moradia digna e saúde. Porém, essas cidades nem sempre possuem uma estrutura adequada para receber essa grande quantidade de pessoas, pois na maioria das vezes, são refugiados que foram obrigados a saírem às pressas de seus países. Diante desse cenário, onde há um elevado número de pessoas refugiadas chegando todos os dias ao país, podemos notar que esses imigrantes são vulneráveis, que perderam tudo o que tinham, e sofrem todos os dias com o fenômeno da xenofobia, e isso faz com que acabem em subempregos e subáreas, em total situação de descaso. Trabalhar no centro de São Paulo nos mostra os principais problemas enfrentados na cidade, um deles é sua população flutuante que ocupam as ruas deixando-as movimentadas durante o dia, porém após o horário comercial esse fluxo de pessoas cai drasticamente, causando o esvaziamento na região central. A ideia de trazer moradia para essa região, tem como função trazer vitalidade para o centro, pois os moradores ocupam as ruas 24 horas por dia, com seus comércios, hábitos noturnos e deslocamentos. O objetivo do trabalho é propor uma intervenção no Palacete do Carmo, que seja eficiente e que respeite sua história e seu caráter inicial. Adequando o edifício para que se torne um novo abrigo para

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Patrimônio Arquitetônico e Urbano

refugiados, onde possa abrigá-los, capacitando-os e inserindo-os em nossa sociedade e em nossa cultura.

Figura 02: Refugiados por motivação do pedido.

Figura 03: Tipo de Moradia

Fonte: adaptado de CONARE

Fonte: adaptado de CONARE

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Proposição O projeto de intervenção baseia-se na necessidade da criação de um abrigo que atenda às necessidades básicas daqueles que chegam à cidade sem terem um lugar para se abrigarem. A premissa do projeto parte da necessidade da preservação e valorização do patrimônio histórico da cidade de São Paulo e como o esvaziamento da região central está relacionada com essa premissa. A escolha do Palacete do Carmo vem a partir da questão de já ter sido utilizado como abrigo para refugiados.

Figura 04 e 05: Planta do Pavimento Térreo e Planta do Primeiro Pavimento. Fonte: acervo da autora

O acesso principal foi ampliado e as divisões dos galpões do pavimento térreo foram abertas e algumas mantidas, foi necessário a modificação e adaptação dos layouts em todos os pavimentos, porém, mesmo com as demolições necessárias os eixos estruturais existentes foram mantidos, reforçando-os com as novas paredes estruturais. Para melhor adaptar o uso do abrigo, a parte central e o anexo do edifício serão demolidos, dando espaço para um novo edifício que será utilizado para melhor adaptar as circulações verticais e torná-las acessíveis, pois as circulações originais não atendiam essas necessidades, além disso, foi projetado uma nova estrutura para esse edifício e também, foi necessário a utilização de uma estrutura metálica para poder segurar a fachada original no local onde houve as devidas

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Figura 06 e 07: Planta do Segundo Pavimento e Planta do Terceiro e Quarto Pavimento. Fonte: acervo da autora

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demolições.


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Figura 08: Planta do Quinto e Sexto Pavimento. Fonte: acervo da autora

Com o intuito de preservar o patrimônio histórico, as fachadas originais foram mantidas, foi realizada somente uma pequena intervenção na fachada do pavimento térreo, com a retirada das portas de ferro que foram substituídas por vidros com acabamento fosco para que o interior possa ter uma melhor

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Patrimônio Arquitetônico e Urbano

iluminação, porém mantendo a privacidade necessária para sua utilização.

Figura 09: Fachada Principal com as Alterações. Fonte: acervo da autora

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Figura 10: Fachada Sul com o Novo Edifício em Anexo. Fonte: acervo da autora

Referências

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ASANO, Camila Lissa; TIMO, Pétalla Brandão. A nova Lei de Migração no Brasil e os direitos humanos. Heinrich Boll Stiftung Brasil, 17/04/2017. Disponível em: https://br.boell.org/pt br/2017/04/17/novalei-de-migracao-no-brasil-e-os-direitos-humanos BAUMAN, Zygmunt, 1925- B341c. Confiança e medo na cidade/ Zygmunt Bauman; tradução Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009. ITAMARATY. Refugiados e CONARE. Itamaraty, 2016. Disponível em: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/paz-e-seguranca-internacionais/153refugiados-e-o-conare PEREIRA, Carolina Alburquerque. Refugiados no Brasil: Quadro Atual. JusBrasil, 2018. Disponível em: https://carolinalbuquerque.jusbrasil.com.br/artigos/400380012/refugiados-nobrasil-quadro-atual RODRIGUES, Ygor. Dados de refugiados no Brasil em números. Agência Conexões, 22/06/2017. Disponível em: http://www.agenciaconexoes.org/single-post/2017/06/22/Dados-de-refugiados-noBrasil-em-n%C3%BAmeros TAGLIANE, Simone. Papo sério: como a arquitetura pode ajudar refugiados e imigrantes. Blogue da Arquitetura, 10/04/2017. Disponível em: https://blogdaarquitetura.com/papo-serio-como-aarquitetura-pode-ajudar-refugiados-e-imigrantes/



|RE|APROPRIAR Igreja e Convento de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém Erika Goes Petruk Orientador: Prof. Me Ralf José Castanheira Flôres

Figura 01: Igreja e Convento. Fonte: acervo do autor 2018

Resumo

histórico de caráter politico, econômico, social e cultural que representa ao país. Implica na ideia de projeto que incorpore o novo de tal forma cujo qual não interrompa o processo de registro na passagem do tempo em cada marca, onde possa trazer um uso adequado as suas práticas sociais, pois hoje se encontra em estado de ruína sem preservação apropriada, de maneira que possibilite a permeação à estrutura da igreja, assim valorizando e conservando suas tradições religiosas sem perder o valor cultural do imóvel para a região e sim valorizando a memória associada ao lugar.

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proposta é de reapropriação do local com preservação de seu significado e evidência do valor

Patrimônio Arquitetônico e Urbano

Constituindo em base do patrimônio material religioso de herança quinhentista, a


BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

Introdução Refletindo inicialmente um processo sociocultural em que estamos inseridos, onde nossas experiências vividas projetam os caminhos que devemos percorrer, podemos concordar que o desenvolvimento de cada cidade esta estritamente ligado aos seus comportamentos sociais, havendo assim, sempre mutações de significados atribuídos, e consequentemente alterações de usos. Em resultado, edificações construídas no passado hoje podem não ter o mesmo valor social, e assim cair no desuso ou até mesmo à ruína. Diversos monumentos que um dia tiveram grande destaque histórico, político ou religioso, se encontram congelados no tempo. Onde preservar o bem é o mesmo que engessa-lo ou conservar de uma maneira avulsa dentro de uma cidade que não comporta mais seu antigo uso e aliena seus habitantes e usuários. Todavia devemos entender que a consequência desse fato é a morte do monumento. Então, o objetivo é lidar com o patrimônio material de uma forma em que podemos conservar sua grande bagagem histórica e ao mesmo tempo trazer a oportunidade a novos sentidos, apresentando-o a nossa realidade atual. De forma a encarar o passado como instrumento para a nova constituição do objeto, permitir sua adaptação às mudanças da sociedade. Conservar o existente e abrir o olhar para novos usos que se enquadrem nos dias atuais, modificar sem danificar sua história. A cidade deve permanecer em constante transformação, de modo que seja ao mesmo tempo histórica e contemporânea. Devemos conservar tendo em vista não só o passado, mas especialmente o futuro. “Portanto deve-se substituir o conceito de ‘não modificação’ pelo de ‘adequação’ ou ‘compatibilidade’, para assegurar a preservação daquilo que o poder público considerou digno de ser protegido.” (ULPIANO BEZERRA TOLEDO DE MENESES, 2006, p. 44) O objeto de estudo é o Convento e Igreja de Nossa Senhora da Conceição, situado na Praça Carlos Botelho, no alto do Morro Itaguassú - centro de Itanhaém/SP. O seu principio é a luta contra a deterioração por meio da cristalização e isolamento do patrimônio, separado do contexto no qual se insere hoje – a causa que provocará sua morte. Sua integração na vida contemporânea consiste em qualificar a construção histórica e criar uso que possa resultar em mais valor e incentivo a ela, possibilitando uma nova destinação de tarefa complexa que não deve se basear apenas em sua original. Sugere um produto de desfrute para a cidade e também de consumo turístico, onde seu fim econômico

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se beneficia simbolicamente de seu status histórico e patrimonial, mas ao qual não se subordina, contudo carece desse meio para sobreviver.

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Proposição Em consideração a toda pesquisa realizada abordando as mais diversas celebrações no local de estudo, o desenvolvimento da proposta é a partir de um diálogo com o contexto sociocultural local, preservando suas tradições com uma qualificação maior do espaço.

Figura 02 (conjunto de imagens): eventos no local. Fonte: página de facebook “Convento Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém”

A essência do projeto é trazer vida através de grandes praças públicas posicionadas em níveis diferentes, originando mirantes que possibilitam a vista para a cidade de Itanhaém e também a possibilidade de ambientes utilizados como palcos para organização de eventos culturais já existentes. Tudo isso se comunicando diretamente com o artefato histórico sagrado que terá usos diretamente integrados com essa dinâmica.

um espaço de acolhimento e espera para os visitantes. Como circulação vertical tem a opção de uma grande escadaria que vence 28 m de altura e conta com grandes patamares de descanso durante seu percurso e também 2 grandes elevadores panorâmicos em aço e vidro.

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encontro o cruzeiro histórico e a linha férrea inativa que ligava Santos à Jundiaí, lá podemos encontrar

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Com uma área construída de 7.575 m² se inicia ao pé do Morro Itaguassú, como ponto de


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Figuras 03 e 04: imagens 3D. Fonte: produzida pelo autor

A escadaria representa um caminho de peregrinação, feita para subir lentamente com a possibilidade de apreciação da vista ao redor. No nível intermédio dela existe a primeira praça que tem como função o uso de apoio com banheiros e um espaço de convívio. Ao final desse percurso vertical, chegamos ao nível da fachada principal da igreja histórica que

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Patrimônio Arquitetônico e Urbano

não estará aberta ao público e terá acesso controlado de usos para cultos excepcionais, a fim de não fragilizar ainda mais o bem histórico já abalado. Percorrendo seu perímetro no mesmo nível temos a maior praça do projeto de acesso livre para a população. No lado direito da ruína do convento histórico, a construção de pedra e cal permanece como “casca” espacial que será reutilizada por meio da integração com materiais contemporâneos, como o emprego da estrutura de aço corten e cobertura de vidro que não estará em contato com as paredes antigas, afim de não prejudica-las e acentuando assim a relação entre o antigo e o atual para poder receber o serviço de um restaurante de comidas típicas locais (comida caiçara). Posteriormente haverá uma ultima praça como ponto de conexão dos ambientes e também mais um ponto de contemplação, descanso e uso cultural.

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Portando a ideia é de acabar com a ameaça de autodestruição desse bem importantíssimo para a história do país de forma que as intervenções sejam pontuais e sutis, onde possibilite ressaltar o valor do espaço, integrado com sua memória. A reestruturação do local pretende ser desenvolvida com o objetivo de diferenciar os novos elementos construídos - usando sistemas, materiais e linguagens da construção contemporânea, contrapondo os elementos originais desse bem. Visando preservar todos os aspectos do passado, sua intervenção não devera esconder traços, feridas e cicatrizes – evidenciando essa sútil transição entre o antigo e o novo. Os métodos utilizados precisam fortalecer a construção sem apagar os sinais de deterioração que o espaço sofreu, e sim adicionando novos significados a esse legado histórico. Destacar a ideia de um monumento vivo, em constante mutação – continuando seu processo de registro no tempo em cada marca.

Referências BOITO, Camillo. Os Restauradores. 1884. Tradução e Apresentação Beatriz Mugayar Kühl. Editora Ateliê Editorial. Ensaio & Pesquisa. BYE BYE Barcelona. Direção: Eduardo Chibás. Barcelona, Espanha. 2014. CALDAS, André. Itanhaém Histórica. Um Resumo da Trajetória da Segunda Cidade do Brasil. São Paulo: Daikoku, 2011. CHOAY, Françoise. A Alegoria do Patrimônio. 1992. Tradução Luciano Vieira Machado. São Paulo. IPHAN. Cartas Patrimoniais. LE GOFF, Jacques. História e Memória. Cap. Documento/Monumento. 1924. Tradução Suzana Ferreira Borges. MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de. A Cidade Como Bem Cultural: áreas envoltórias e outros dilemas, equívocos e alcance da preservação do patrimônio ambiental urbano. São Paulo: IPHAN. 2006. PEREIRA, Meire Aparecida de Souza. Projeto de Preservação do Acervo Museológico do Convento de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém. 2018. RUSKIN, John. As Sete Lâmpadas da Arquitetura. Cap. A Lâmpada da Memória. 1849. Tradução e Apresentação Maria Lucia Bressan Pinheiro. Editora Ateliê Editorial. Ensaio & Pesquisa.

Turismo Cultural. Ministério do Turismo. Brasília. 2010. VIOLLET-LE-DUC, Eugène Emmanuel. Restauração. Tradução e Apresentação Beatriz Mugayar Kühl. Editora Ateliê Editorial. Ensaio & Pesquisa.

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Pesquisa.

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SANTOS, Carlos Nelson F. dos. Preservar Não é Tombar, Renovar Não é Pôr Tudo Abaixo. Ensaio &



Plano de Intervenções em Áreas Industriais da Moóca Roberto Lopes Nepomuceno Schmitz Orientador: Prof. Me. Ralf José Castanheira Flôres

Praça da Passarela SPR - Intervenção em amarelo. Fonte: acervo do autor

Resumo

onde se espera o bem industrial tombado desaparecer para dar lugar a novos empreendimentos cada vez mais verticalizados, foi escolhida uma área predominantemente industrial na região da Moóca para realizar um plano de intervenção urbanística baseada em uma lei também proposta neste trabalho.

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dinâmicas socioeconômicas da cidade, sem seguir a lógica muito utilizada pelo setor imobiliário

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A fim de salientar a discussão de como se preservar o patrimônio industrial inserindo-o nas novas


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Introdução

O despertar da importância de se preservar o patrimônio histórico industrial veio com uma experimentação, em 2016, durante a disciplina “Comunicação, Imagem e Paisagem”, onde se devia explorar um local levando em consideração os elementos que compõem o espaço. Por ter escolhido o bairro da Moóca, passei a andar por ele, me deparando com algumas questões como o surgimento de novos empreendimentos, a degradação e descaracterização de alguns edifícios antigos, constituídos em grande maioria por galpões, conjuntos e complexos fabris. Isto gerou a inquietação de entender os motivos que levaram a existência dessas características no bairro. Lugares antes ocupados majoritariamente por indústrias e casas de operários tendem a dar espaço a novos empreendimentos imobiliários cada vez mais verticalizados causando drásticas mudanças na leitura do ambiente urbano construído desconectando o presente do passado. Ao longo da cidade, bairros que surgiram do início do processo de industrialização de São Paulo (fim do século XIX e início do século XX) sofrem processos de transformação espacial decorrente dessa pressão gerada pela especulação imobiliária. A fim de fomentar a discussão da importância de se preservar o patrimônio industrial tombado, reinserindo-o nas novas dinâmicas socioculturais e socioeconômicas da cidade, proponho uma lei que visa um conjunto de intervenções em uma área industrial da Moóca com a presença de elementos arquitetônicos, galpões, conjuntos e complexos fabris, nos quais parte é tombado. Exemplificando como o grupo de diretrizes que essa lei prevê podem ser colocadas em prática, elaboro então um conjunto de intervenções na área estipulada anteriormente. A metodologia usada no meu trabalho de conclusão de curso se aplica pelo entendimento de questões históricas da indústria (início, auge e processos que levaram a desindustrialização da cidade, e que culminaram na desativação e subutilização de parte do patrimônio industrial), de como funciona o local e as suas relações entre bairro e a cidade, de quais as demandas preexistentes e as geradas com novas intervenções no local, além de buscar projetos que sirvam de estudo de caso e de referências na elaboração da lei e do projeto de intervenção, e de elaborar estudos de intervenções no local.

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O entendimento das questões citadas anteriormente inclui a investigação da constituição local através de bases cartográficas, mapas, recursos como Google Maps, Google Earth, Google Street View, Geosampa, visitas ao local, consultas a teses de graduação, teses de mestrado e notícias em jornais digitais. Uso como base para o trabalho estudos sobre intervenções em complexos e conjuntos industriais (Fundação Prada e Cinemateca Brasileira, respectivamente, de OMA e Dupré Arquitetura), lugares contaminados (Victor Civita, de Leviski Arquitetura e Anna Julia Dietzsh). Além disso, me referencio em trabalhos de conclusão de curso que preveem a gestão de intervenções em lugares de valor histórico e cultural (“Laranjeiras SE: entre fenômeno e histórico” e “Heranças, Territórios, Caminhos” , de respectivamente Amanda M. Santiago e Juliana Ketendjian), em referências de projetos para intervenção em bens de importância histórica (filarmônica de Hamburgo), em projetos de intervenção urbana que engloba um território com a presença de edifícios com potencial para preservação ou já tombados (trabalho de conclusão de curso “Bixiga Multifuncional”, de Gabriel L. Garcia), em intervenção onde se é possível a diferenciação do edifício existente das modificações novas através de materialidade (casa Sabugo, de Miguel Architects).

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Proposição

Entendo que é inevitável e inerente de São Paulo haver mudanças nos padrões urbanísticos e paisagísticos em áreas predominantemente industriais, fato que podemos evidenciar tantos nos bairros onde se instalaram as grandes indústrias do período do início da industrialização na cidade - a Lapa, a Água Branca, o Brás, a Moóca e o Belenzinho - quanto em bairros industriais posteriores à esse período - como Jurubatuba, Campo Belo entre outros - no lugar de indústrias com grandes lotes surgem novos empreendimentos, onde muitos deles são verticalizados. A necessidade de transformações como essas está diretamente ligada à mudanças socioeconômicas ocorridas ao longo do tempo. E por ocuparem áreas com grandes lotes, por processos de aquisição e construção mais fáceis, locais com indústrias se tornam muito atrativos à se empreender se comparados à áreas com lotes pequenos. Com esse trabalho estabeleço uma lei com diretrizes que servem como base para intervenções em uma área industrial da Moóca, contextualizando a relevância que esse local tem não só para o bairro e região, mas para São Paulo. E apoiado nesta lei elaborei um conjunto de intervenções que é composta de áreas de adensamento populacional ligado a outro uso, áreas com equipamentos de saúde, educacional e cultural, áreas de permeabilidade das quadras, locais de transposição da linha férrea 10 Turquesa e áreas de permanência.

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Houve a busca de se evidenciar o patrimônio industrial tombado através de intervenções que evidenciam os elementos arquitetônicos e os edifícios tombados. Isso pode ser exemplificado com a retirada de estruturas anexas as fachadas originais dos galpões tombados para torná-los visíveis a quem circula na linha férrea, os pontos de mirancia e o alargamento do campo de visão dos transeuntes para os edifícios preservados.

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Implantação - Intervenção em amarelo, edifícios tombados em laranja e outros edifícios preservados em salmão. Fonte: acervo do autor


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Ao fundo, conjunto de edifícios que preservam as fachadas dos galpões tombados. A frente, praças , mirante e edifico garagem. Fonte: acervo do autor

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Os novos empreendimentos contidos no local de intervenção custeiam a restauração dos elementos e edifícios tombados e a execução da construção dos espaços e equipamentos públicos. Dentre esses empreendimentos, há dois que se destacam por manterem as fachadas originais dos galpões que ali existam, preservando assim, a identidade visual do Bairro.

Conjunto tombado – contrução de marquise que integram os edifícios do conjunto. Fonte: acervo do autor

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Referências

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http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/09.106/2983>. Acesso em 21 de abr. De 2019.

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Paulo, ano 09, n. 106.03, Vitruvius, out. 2009. Disponível em: <

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VITRUVIUS, Portal. Praça Victor Civita - Museu Aberto da Sustentabilidade. Projetos, São



Museu das Escolas de Samba Wilkerson Thomás de Oliveira Souza Orientador: Prof. Me Ralf J. Castanheira Flôres

Figura 01 : Desfile da Escola de Samba Dragões da Real em 2017. Fonte: Acervo própria.

Resumo A cidade rapidamente vai se transformando e com ela as manifestações carnavalescas também. Os batuques ganham espaço nas escolas de samba e elas tornam-se um grande

Paulo que preservar e mantenha a memória e o processo histórico do samba na capital e apresente os elementos que compõe os desfiles das comunidades.

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Este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento do Museu das Escola de Samba de São

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espetáculo cultural de dimensões internacionais.


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Introdução Por que o interesse pelos desfiles das escolas de samba? Para melhor justificar a minha vontade de desenvolver um projeto a partir deste tema é preciso entender a minha relação com o carnaval, em especial com as escolas de samba. O meu interesse começou em 2015 após presenciar os encantos e magias das agremiações no Sambódromo do Anhembi. Foi um momento único e intenso que me despertou uma imensa curiosidade. Como os desfiles eram pensados? Como as fantasias e alegorias eram produzidas? O que representava cada um daqueles elementos e como eles se articulavam? Para responder algumas dessas questões, passei a frequentar as quadras das comunidades e acompanhar mais de perto os trabalhos que eram feitos. Participei das principais atividades que antecedem os desfiles: lançamento do enredo, escolha do samba, apresentação das fantasias, ensaios técnicos, entre outros. Cabe destacar que em paralelo a esses eventos, há um gigantesco trabalho durante o ano com profissionais de diferentes áreas para que o carnaval aconteça. Um dado do Censo Samba Paulistano de 2012 (2012), realizado pelo Observatório do Turismo da cidade de São Paulo, destaca que para que os enredos das escolas de sambas do grupo especial do São Paulo fossem apresentados de acordo com o esperado foram gerados mais de mil novos empregos, entre aderecista, marceneiro, aramista, escultor, pintor, decorador e etc; com uma média de 186 profissionais por agremiação. Na medida que fui conhecendo mais sobre os processos criativos e organizacionais que estavam por trás das produções e também o papel social das agremiações, minha paixão e admiração cresceram. Diante disso, desperta um enorme desejo de unir esses sentimentos ao meu projeto de conclusão de curso. Iniciei os estudos e posteriormente surge a seguinte inquietação: pelo fato de estar mais próximo das escolas e também de pessoas ligadas ao mundo do samba fez com

eu tivesse acesso aos

bastidores das apresentações; entretanto, de uma maneira geral, o público que quiser conhecer e se aprofundar mais sobre o assunto, não encontrará um espaço dedicado a expor os trabalhos e processos artísticos e criativos desenvolvidos antes, durante e após os desfiles. A partir dessa percepção comecei a pesquisar sobre o que poderia ser esse local: um centro cultural, um espaço expositivo fixo ou itinerante, ou até mesmo um museu; e onde seria implantado. Após novas investigações, descubro que está previsto na Fábrica do Samba a criação de um museu destinado às escolas. Ao entrar em contato com a LIGA, responsável pelo complexo, é informado que o

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projeto do mesmo não havia sido definido. Assim, atendendo a demanda pré-existente, proponho como produto final o desenvolvimento do Museu das Escolas de Samba de São Paulo. Este museu tem como objetivo além de apresentar todo o processo que compõe os desfiles, será também responsável em manter e preservar a memória das antigas manifestações que aconteciam antes da formação das escolas de samba. Três projetos foram importantes para o desenvolvimento do projeto arquitetônico: o edifício administrativo SAP Global Service Center pela sua resolução estrutural, o edifício corporativo Rouxinol e as Residências em Alcácer do Sal pelo caráter compositivo das suas fachadas. Proposição

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O Museu das Escolas de Samba se desenvolve a partir de um olhar voltado para as alegorias do carnaval. Elas são responsáveis por gerar grande impacto visual ao público pela sua forma e grandiosidade. Outro princípio que norteou a composição do edifício foi a maneira de como os componentes que estão desfilando veem e são vistos. Há sempre uma troca de quem está na arquibancada e com quem está no carro alegórico e vice-versa. Desta forma, o museu foi projetado para que possa existir a aproximação daquele que está dentro (Museu) e com aquele que está fora (Fábrica). Assim, cria-se um jogo de cheios e vazios que se repetem não somente na fachada, mas também internamente, articulando e contribuindo para a formação de interessantes espaços. Implantação A implantação do museu será realizada na área central Fábrica do Samba, complexo que abrigará os 14 barracões das escolas de samba do grupo especial de São Paulo. O espaço possui aproximadamente 6.600 m².

Figura 02: Relação da implantação do museu com os diferentes fluxos da Fábrica. Em vermelho o principal acesso, em azul o acesso secundário.

Programa Internamente, o programa é resolvido a partir de um átrio que articula tanto as circulações entre os pavimentos como também os diversos usos do museu. Nas extremidades localizam-se as escadas de emergência e ao leste um elevador de carga que atende o auditório e a reserva técnica e pode ser utilizado pelos funcionários como um acesso independente. Outro ponto a ser destacado é que no térreo e subsolo estão situadas as atividades que independem do circuito de visitação do museu, como oficinas, apresentações no auditório e etc. Para proporcionar maior conforto acústico dos usuários em relação aos ruídos no térreo, a biblioteca foi projetada no último pavimento. No total são mais de 11 mil

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Figura 03: Diagrama de ocupação e circulação do Museu.

Patrimônio Arquitetônico e Urbano

m² de área construída.


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Estrutura Principal A estrutura principal do museu é composta por lajes nervuradas e vigas protendidas. Buscou-se aproveitar o máximo de cada uma dessas estruturas para que os espaços fossem bem flexíveis uma vez que a estrutura é resolvida com poucos pilares.

Figura 04: Corte longitudinal que é possivel verificar a estrutura do edifício. Fachada A fachada do museu é composta por volumes retângularesque além de compor sua volumetria, possui um importante papel na identidade e qualidade espacial do museu.

Figura 05: Vista da fachada leste que é possivel ver a os volumes que compõe a fachada e o jogo de cores utilizado.

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Patrimônio Arquitetônico e Urbano

Maquete Eletrônica

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Referências CUÍCA, Osvaldinho da. Batuqueiros da Paulicéia. Osvaldinho da Cuíca e André Domingues. São Paulo. Editora Bracarolla. 2009. DOZENA, Alessandro. O Samba na constituição do processo de urbanização e conformação de territorialidades na cidade de São Paulo. 2009. FERREIRA, Felipe. Escolas de Samba: Uma organização possível. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão. Vol. 7, n. 2, pp. 164-172. 2012. URBANO, Maria Apparecida. Carnaval & Samba em Evolução na cidade de São Paulo. São Paulo. Editora Plêiade. 2006. SIMSON, Olga Von. Brancos e negros no carnaval popular paulistano (1914-1918). São Paulo, 245f Tese (Doutorado). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989.

MELLO, Gustavo; CAMARGO, Y.; FREIRE, L. Samba à Paulista: Fragmentos de uma história esquecida (Filme-Vídeo). São Paulo, Fundação Padre Anchieta e Pró Reitoria de Cultura e Extensão da Universidade de São Paulo, 2007, 3 partes.

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Censo Samba Paulistano / 3. ed. -- São Paulo: São Paulo Turismo, 2014.

Patrimônio Arquitetônico e Urbano

NEIVA, Simone; PERRONE, Rafael. A forma e o programa dos grandes museus internacionais. 2013



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Urbanização da favela Fazendinha Gildene Alcantara de Matos Magalhães Orientadora: Profa. Dra. Beatriz Kara José

Figura 01 – Precariedade habitacional - acervo do autor

Resumo

espaço, uma vez que nossa Constituição Federal prevê em seu artigo 6° caput o direito social à moradia. A partir desse pressuposto, foram realizadas visitas ao local, identificado as necessidades mais relevantes para os moradores, bem como a estrutura física do território. Entre essas necessidades foram identificadas questões de extrema urgência envolvendo risco de vida aos moradores, saúde e dignidade humana. Com o estudo da legislação aplicável, análises de mapas da região e o levantamento dos dados realizados é observado a urgência da intervenção do poder público, uma vez que essas famílias não possuem condições financeiras para mudarem a sua atual situação. De acordo com as análises dos dados colhidos, a urbanização de favelas é possível por meio de práticas sustentáveis, como acesso (pedestres e veículos), construção

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localizada no município de Osasco, por meio de intervenções urbanísticas e ressignificação do

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O presente trabalho de conclusão tem como objetivo a urbanização da favela Fazendinha,


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de habitações, tratamento do esgoto, recuperação do córrego e contenção da encosta do morro, respeitando as relações internas e a dinâmica socioespacial transformando favelas e loteamentos irregulares em bairros, com saneamento básico, áreas de lazer, iluminação e serviços públicos. INTRODUÇÃO

A razão pela falta de moradia para tantos cidadãos, além de tratar-se do resultado de um passado histórico, é fruto da inaplicabilidade das políticas públicas deixando de lado aqueles menos favorecidos, desconsiderando, assim, todos os tratados internacionais e os direitos sociais garantidos pela nossa Constituição Federal. Segundo Rubio, 2017[...], Com demanda cada vez maior por habitação fez surgir na cidade de Osasco, no ano de 1970 as 2(duas) primeiras favelas, sendo que no censo de 2010 esse número chega a 210 núcleos de favelas. Esses assentamentos surgem como alternativa de moradia para as famílias pobres que não conseguem pagar aluguel, e nem se manter na cidade formal. Diversos são os termos usados para caracterizar o espaço ocupado pelas famílias de baixa renda, são estes mais conhecidos: cidade informal, favela, comunidades ou aglomerados subnormais. Seja ele qual for eu não conhecia de perto, somente após tornar voluntária da ONG TETO foi possível o primeiro contato com a favela no estado de São Paulo. A primeira visita foi impactante nesse universo pouco conhecido e as visitas seguintes passaram a ser com um olhar atento a diversas questões tratada nas bibliografias. Não poderia deixar passar essa oportunidade de me debruçar sobre o assunto, assim, esse trabalho de conclusão de curso busca através de um exercício sobre a aplicabilidade da legislação já existente, tanto no âmbito federal, quanto municipal, refletir sobre como

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proporcionar uma qualidade de vida a essas famílias mediante um projeto de urbanização na comunidade Fazendinha. Os dados e informações aqui utilizadas, foram produzidas a partir de registro fotográfico no local, conversas informais com moradores e base de dados e cartografia fornecida pela ONG TETO e também leituras bibliográficas. Em posse desse material foi possível realizar uma pesquisa histórica, bem como produzir mapas necessários à compreensão do território Na Justificativa do tema, procura-se por meio de registro fotográfico apresentar as condições atuais da comunidade como: as tipologias habitacionais, as vielas, o esgoto, a conexão com o córrego, a distribuição da água e energia, o campo de futebol, bem como possíveis potenciais existentes, como a horta do Marcílio e o depósito de guarda de material reciclável, Justificando assim a necessidade de intervenção no território.

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No tópico seguinte faz-se uma breve contextualização sobre o surgimento das favelas. Na etapa seguinte, faz-se um estudo socioespacial procurando entender as relações existente entre o território e a cidade, bem como a legislação aplicável. Após esse estudo delimita-se o problema e analisa criteriosamente a área de intervenção, entendendo o processo histórico de formação, o perfil socioeconômico da população e as suas relações internas. E por meio da produção de mapas foi possível fazer uma leitura física do território. Após essa etapa buscou-se referencias projetuais que ajudou no desenvolvimento do projeto. E por fim, em posse desse levantamento e do estudo de caso fomentou em um projeto que inclui qualidade nas condições de moradias, nos espaços públicos, incorporando equipamentos e serviços de interesse comunitário que oferece inserção urbana a esta população. PROPOSIÇÃO

Com base em toda a análise realizada algumas questões como a precariedade habitacional, as áreas de riscos, e a existência do córrego, e as barreiras físicas foram fatores que auxiliaram na tomada de decisão e nas proposições projetuais. Dentre as diretrizes escolhidas procurou-se agregar soluções sustentáveis, quebrar barreiras, criar conexões, criar vínculos, no intuito, de fortalecer o espírito de comunidade. As propostas foram separadas em tópicos sendo elas: 1. Acesso: Como proposta de acesso ao pedestre é sugerido uma via principal de

acesso com 2,5m de largura, sendo em alguns momentos o percurso vencido por meio de rampas com inclinação de 8%, que se inicia na Rua Nova Conceição até

oferecem novos acessos e novas relações entre a comunidade e o entorno. Acesso a veículos não objetiva a valorização do carro como meio de locomoção, mas surgiu como uma demanda necessária dentro da comunidade, no intuito de:  Facilitar o acesso de ambulância em caso de emergências;  Facilitar a locomoção de pessoas com mobilidade reduzida, idosos, gestantes e

crianças; e  Atender à orientação da ANEEL (resolução normativa nº669/2015), na qual sugere uma periodicidade de 1 (um) ano para execução de inspeção de rotina nas linhas de transmissões existentes nas localidades. Sendo fazendo necessário a entrada de veículos para manutenção dessas torres.

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desobstruir a passagem existente entre a comunidade e as referidas Ruas,

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a Rua dos Imigrantes Italianos e a Rua Mirassol. Essa proposição além de


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A via possui largura de 5m. 2. Área de lazer e convivência

Para as áreas de Lazer foram pensadas três praças com temáticas diferenciada, a primeira em frente ao conjunto 1 (um) com playground, Quiosques, quadra de futebol, espaço infantil e pista de skate, a segunda próximo ao conjunto dois com característica de bosques e a terceira próximo ao conjunto três com o intuito de comercialização de produtos da horta. 3. Contenção da encosta do morro:

Devido a fragilidade do solo optou-se por uma técnica de contenção de grade de vegetação em madeira onde a aplicação é indicada para áreas em declive não sendo necessário o nivelamento do solo. 4. Horta Urbana: Como geração de renda para a comunidade e melhoria da qualidade alimentar. 5. Recuperação do córrego: Através da técnica de solo cimento 6. Cozinha comunitária e sala de oficinas: Geração de renda para comunidade, palestra oficinas e conscientização ambiental. 7. Provisão Habitacional: Devido a opção de remoção de todas as 936 famílias optou-se por verticalizar as unidades habitacionais com 15 pavimentos sendo a circulação vertical por meio de elevador e escada de emergência conforme NBR9077. No total foram produzidas 1203 unidades levando em consideração a diversidade de núcleos familiares.

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Com 1 dormitório, 2 dormitórios, 3 dormitórios e o PNE com 3% das unidades.

A implantação ficou composta conforme mapa a seguir:

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Figura 02:: Implantação no terreno. Fonte: acervo do autor Referências Autoconstrução: a arquitetura possível. 1976, A Construção São Paulo - Revista Semanal nº1497 Cidade: São Paulo, p. 11. RUBIO, M. Avanço e descompasso de uma política pública em Osasco-SP. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Presbiteriana Mackenzie. 200-2016. 2017, p. 483. MARTINS, Refinetti. Moradia e Mananciais: Tensão e diálogo na metrópole. São Paulo: FAUUSP/FAPESP, 2006.

https://www.jusbrasil.com.br/diarios/30569213/pg-31-empresarial-diario-oficial-do-estado-de-sao-paulodosp-de-15-09-2011.empresarial-diário-oficial-do-estado-de-são-paulo. [Online] 28 de 08 de 2018. www.furnas.com.br. Furnas. [Online] 15 de 09 de 2018. http://www.furnas.com.br/. http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/audiencia/arquivo/2014/022/resultado/ren201566pdf. www.aneel.gov.br. [Online] 15 de 11 de 2018. https://www.pjf.mg.gov.br/secretarias/sma/app/arquivos/conama302_02.pdf.www.pjf.mg.gov.br. 08 de 11 de 2018.

[Online]

http://iepec.com/como-preservar-proteger-e-recuperar-nascentes/. iepec.com. [Online] 13 de 10 de 2018. http://rioonwatch.org.br/?p=16751. Favelas sustentáveis. [Online] 20 de 10 de 2018. https://concursosdeprojeto.org/2010/11/07/habitacao-para-todos-edf-03-pav-mh08/. concursosdeprojeto.org/2010. [Online] 10 de 10 de 2018.

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http://pmo.osasco.sp.gov.br/portal/conteudo/leis-municipais.xhtml. Leis Municipais de Osasco. [Online] 2016. http://leismunicipa.is/smtib.

Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

Verticalgreen.com.br/tecnologias/tecnicas-de-engenharia-naturalistica/grade-viva/. Vertical Green do Brasil. [Online] 02 de Novembro de 2018. http://verticalgreen.com.br/tecnologias/tecnicas-de-engenharianaturalistica/grade-viva/.



Novo Parque Araribá: Requalificação dos Espaços Livres Públicos Jennifer Cintra Pinto Silva Orientadora: Profa. Me. Marcella de Moraes Ocke Müssnich

Os espaços livres públicos na periferia do Município de São Paulo possuem um caráter residual, sendo resultado do modelo de expansão urbana, e não possuem manutenção adequada e equipamentos que atendam a demanda. Entendendo a situação levo como objetivo do projeto pensar em como seria possível requalificar os espaços livres públicos através do instrumento da assistência técnica gratuita para entender as necessidades locais e projetar em conjunto com a população para atender a demanda real existente. Sendo assim este trabalho apresenta uma possibilidade de projeto para o Parque Araribá prevendo um início de conversa com a população.

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Resumo

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Figura 01: Implantação Projeto Novo Parque Araribá. Fonte: Autora (2019)


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Introdução

O século XX foi marcado pelas expansões das cidades brasileiras como uma consequência do aumento populacional e a necessidade das moradias, porém não foram consolidadas como projetos pensados nos espaços urbanos que deveriam organizar as cidades. São Paulo foi um dos municípios com essa característica de expansão que gerou uma cidade em grande parte informal, onde como consequência formaram espaços livres de baixa qualidade, pois não eram a prioridade no modelo de expansão. Para entender melhor essa formação da cidade pesquisei as autoras Erminia Maricato, Fany Galender, Lucia Côrrea Lago, Suzana Pasternak e Yvone Mautner, as quais me possibilitaram entender o contexto da formação, incluindo os agentes participantes e fatores econômicos. Após essa contextualização e entendimento dos termos da ilegalidade urbana foi selecionado o subgrupo de Loteamentos Irregulares aos quais possuem áreas livres públicas, porém em sua grande maioria sem manutenção e que já tem partes ocupadas por favelas, outro subgrupo da ilegalidade urbana. Deste modo, o objetivo do trabalho é pensar em como seria possível requalificar espaços públicos existentes nas periferias de São Paulo através de um projeto colaborativo realizado com a participação de uma assistência técnica. Podemos perceber que em favelas as ocupações são de alta densidade construtiva e com poucos espaços livres públicos, já nos loteamentos irregulares foram delimitados alguns espaços públicos, como a demarcação de ruas, calçadas e algumas praças, na maioria dos casos sobras do tecido urbano, onde os loteadores clandestinos tentavam deixar o mais próximo de um projeto de loteamento regular para posteriormente eles serem acrescentados nas cidades formais (MAUTNER, 1999). Foi escolhido como tema para este Trabalho de Conclusão de Curso a requalificação do espaço livre público de um loteamento localizado no distrito do Campo Limpo, Zona Sul do munícipio, onde há diversas problemáticas as quais são pontuadas no decorrer desta pesquisa, e que tem um ponto de intersecção, que seria a possibilidade de intervenção através do instrumento da assistência técnica. O

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projeto final consiste em um estudo no loteamento Parque Araribá, envolvendo mudanças viárias, melhorias dos espaços existentes, conexões com as praças locais, aproximação do córrego, entre outros, sempre tentando atender e entender o cotidiano da população no espaço existente na tentativa de um projeto colaborativo futuro. Um dos procedimentos metodológicos da pesquisa foi o proposto por Gehl (2013) que estuda e mapeia os rastros deixados nos espaços e propõe intervenções projetuais através dos mapeamentos de resultados, pela dificuldade de uma linha de conversa com a associação do bairro este método foi escolhido para iniciar o estudo preliminar de projeto a partir do que foi levantado no espaço existente para posteriormente ser apresentado para a população usuária do local, visando à adaptação do projeto pensado nesta pesquisa ao cotidiano e necessidades reais e futuramente uma possível implantação do mesmo. Além deste procedimento foram realizadas visitas técnicas para o levantamento fotográfico e identificação das atividades realizadas nestes espaços livres públicos.

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Proposição O projeto Novo Parque Araribá parte de um estudo de rastros da população no espaço livre público, sendo esta uma ferramenta utilizada por Gehl (2013), e foi realizado priorizando a consolidação dos usos já existentes, as conexões entre os espaços livres públicos e criando uma identidade, partindo do existente. Este não é um projeto finalizado, mas sim uma alternativa para iniciar uma conversa de projeto participativo com a população do bairro Parque Araribá, a qual até o momento não possui uma associação de bairro presente, mas tem moradores que fazem alguma manutenção e colocação de mobiliário para atender uma demanda existente. O projeto é dividido em três setores, aos quais dois são apresentados aqui.

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Figura 3: Ampliação 1. Fonte: Autora (2019)

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Figura 02: Implantação Projeto Novo Parque Araribá com a marcação das ampliações. Fonte: Autora (2019)


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Figura 04: Corte Ampliação 1. Fonte: Autora (2019) A Ampliação 1 é o principal setor deste projeto, sendo ele a parte mais ocupada e com os mais diversos usos. Neste setor a consolidação de atividades como permanência, esportes, jogos, alimentação e passagem foi um fator importante no pensamento do projeto. Há também a maioria dos tipos de intervenção que proponho em todo o projeto do Novo Parque Araribá, como as ruas compartilhadas, ciclovia, transposição do córrego, mobiliário e a proposta da mudança de piso.

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Figura 05: Ampliação 2. Fonte: Autora (2019)

Figura 06: Corte Ampliação 2. Fonte: Autora (2019)

Partindo da necessidade de um novo acesso transpondo o Córrego do Morro do S, a ampliação 2 traz esse acesso e a conexão de duas praças existente com uma projetada a qual são separadas pela Avenida Carlos Caldeira Filho. Este ponto de conexão das praças foi importante para diminuir a

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quantidade de acidentes, sendo esse local da avenida conhecido pelos rachas durante as madrugadas, e para isso foram utilizadas as técnicas apresentadas pelo instrumento Traffic Calming. Além destas intervenções há a requalificação das praças existentes e o projeto de uma terceira praça que possui um desnível acentuado de 20 metros. Referências GALENDER, Fany. Sobre o sistema de espaços livres da cidade de São Paulo. Rio de Janeiro: Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisa, 2010. 12 p. Disponível em: https://www.anparq.org.br/dvd-enanparq/simposios/57/57-282-1-SP.pdf. Acesso em: 10 de março de 2019. GEHL, Jan; SVARRE, Birgitte. How to Study Public Life. Copenhagen: Island Press, 2013. 200 LAR. Requalificação Urbana Cas Jurubatuba. Publicado em 15 de abril de 2018. Disponível em: https://issuu.com/arqlabsenac/docs/caderno_lar_2017. Acesso em: 15 de abril de 2019. LAGO, Luciana Corrêa do. Favela-loteamento: reconceituando os termos da ilegalidade e da segregação urbana. Cadernos Metrópole, Rio de Janeiro, n. 9, p.119-133, 2003. MAGNOLI, Miranda Martinelli. Espaço Livre – Objeto de Trabalho: Open Space. Paisagem Urbana: ensaios, São Paulo, n° 21, p. 175-198. 2006. MARICATO, Ermínia. Metrópole na periferia do capitalismo: ilegalidade desigualdade e violência, São Paulo, julho de 1995. MAUTNER, Yvonne. A periferia como fronteira de expansão do capital. In: O Processo de Urbanização no Brasil. Csaba Deák, Sueli Ramos Schiffer (org.). 2ª ed. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2010. PASTERNAK, Suzana. Loteamentos irregulares no município de São Paulo: uma avaliação espacial urbanística. Planejamento e Políticas Públicas, São Paulo, n. 34, p.131-170, jan./jun. 2010. PEABIRU. Capelinha e Cocaia | Produção do Espaço | São Bernardo do Campo- SP | 2011. Disponível em: http://www.peabirutca.org.br/?painel_projetos=vera-cruz. Acesso em: 20 de março de 2019. PITA, Marina. Urbanização do Jardim Colombo, em São Paulo, abre espaço para parque linear em área

paulo-abre-espaco-para-326335-1.aspx. Acesso em: 22 mar. 2019. SANTO AMORE, C. Assessoria e Assistência Técnica: arquitetura e comunidade na política pública de habitação de interesse social. In: II Seminário Nacional sobre Urbanização de Favelas, 2016, Rio de Janeiro. Anais do II URBFAVELAS. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2016. Disponível em: http://www.peabirutca.org.br/?painel_projetos=ii-seminario-nacional-sobre-urbanizacao-de-favelas. Acesso em: 24 de novembro 2018. URBANA, Levisky Arquitetos Estratégia. Projeto de Requalificação Urbana - Jardim Colombo/ São Paulo. Disponível em https://www.homify.com.br/projetos/47316/projeto-de-requalificacao-urbana-jardimcolombo-sao-paulo. Acesso em: 18 de março de 2019.

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http://infraestruturaurbana17.pini.com.br/solucoes-tecnicas/42/urbanizacao-do-jardim-colombo-em-sao-

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adensada e sujeita a cheias. 2014. Infraestrutura Urbana Edição 42. Disponível em:



Requalificação ambiental Vila da paz Joice Vilela de Souza Orientadora: Profa. Dra. Beatriz Kara José

Figura 01 :Rio Jurubatuba. Fonte: acervo do autor

áreas de lazer para a população que já habitam no local, e as consequências que são causadas pela falta do mesmo. A região a ser estudada está localizada em São Paulo - Zona Sul no bairro de Interlagos. Será iniciado com a apresentação da situação que o local se encontra, destacando os problemas já existente da região; Procurando trazer soluções que se interligam com a questão ambiental do local; prossegue com uma análise aproximada do perímetro a ser estudado, articulando com projetos já propostos ao local através de políticas públicas; e por fim, será apresentado um plano de diretrizes procurando trazer solução para a melhoria do local.

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Este projeto tem como objetivo destacar os problemas ambientais urbanos, a falta de

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Resumo


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Introdução O perímetro escolhido está localizado em São Paulo, Zona Sul à margem do Rio Jurubatuba, conhecida como Favela Vila da Paz, na qual já participou de um programa de habitação o Projeto Cingapura/Interlagos, no qual teve o objetivo de abrigar mais de 372 famílias. Este perímetro também está dentro do Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Arco Jurubatiba, onde a proposta poderá ser implantada utilizando-se quaisquer instrumentos de política urbana e de gestão ambiental (artigo 134 e 148 da Lei Municipal nº 16.050, de 31 de julho de 2014 – Plano Diretor Estratégico – PDE) Encontra se uma população de baixa renda que habita no local, e que cada vez mais estão se aproximando das margens do Rio, um cenário onde também há uma fragilidade ambiental, como as construções de uma população que não tem moradia própria e os assentamentos precários em áreas menos propícias à ocupação urbana onde poderiam ser aproveitada para a requalificação ambiental e área de lazer para essa mesma população, um cenário precário, a falta de manutenção do local, causa o descarte de entulhos, o adensamento populacional, e a ausência de saneamento básico e, esses problemas afetam não só a população que já habitam mais a população que possam de alguma forma causar um impacto ou que circulam no local ou no seu entorno. Ao realizar está análise é possível

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identificar a carência que essa população sofre com a falta de equipamentos públicos e de lazer.

Figura 02 : Favela Vila da Paz. Fonte: acervo do autor

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Figura 03: Barreiras. Fonte: Acervo do autor

Figura 04: Área Ociosa. Fonte. Acervo do autor

A partir disso, é pensado a requalificação ambiental para contribuir a resolução de uma ampla série desses problemas. Trazendo a este espaço uma nova ocupação e uma outra forma de uso, combatendo a terra ociosa que não cumpri a função social valorizando o meio ambiente para que a população desfrute de seus direitos e que possa também trazer uma nova população para este local. Proposição A urbanização traz cosigo inúmeras consequências e depois de realizadas as análises locais, notou-se a necessidade de um projeto que fosse capaz de reestabelecer a ligação do Rio Jurubatuba com

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Figura 05: Implantação de Projeto Fonte: Acervo do Autor.

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a cidade de forma positiva, onde a cidade agora se volta ao rio de sua fundação.


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Com o objetivo de criar espaços culturais e de lazer capaz de fazer a manutenção do mesmo, conectar este espaço com as demais regiões que possuem melhor infraestrutura, dando continuidade aos fragmentos, recuperar ambientamente, priorizar a relação dos espaços verdes de forma a construbuir para a qualidade do ar, na temperatura do solo e na qualidade do contato das pessoas com a nova conexão urbana. O objetivo especifíco é criar uma série de equipamentos públicos que tragam benefícios a região de forma integrada, como: jardim; ciclovia; horta comunitária; área de recreação com playground, equipamentos para exercício e mesas de jogos; área cultural e pricipalmente caminhos verdes e áreas de

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contemplação.

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Referências BRANDÃO, 2016 - SESSÃO TEMÁTICA: (In) Compatibilidades entre áreas de proteção ambiental e assentamentos precários: como andam as intervenções nas cidades brasileiras? - Porto Alegre, 25 a 29 de Julho de 2016 JACOBS, Jane, A morte e vida de grandes cidades. São Paulo. Editora Martins Fontes, 2000. LAMAS, José Manuel R. G. Morfologia urbana e desenho da cidade. Lisboa. Fundação Calouste Gulbenkian/ Fundação para ciência e Tecnologia. 1992 ROLNICK, Raquel. O que é cidade? São Paulo. Brasiliense, 2004 SALDANHA, Nelson, O Jardim e a Praça: entre o privado e o público na vida social e histórica. São Paulo. Editora da Universidade de São Paulo. 1993) SARAIVA, Maria da Graça Amaral Neto. O Rio como paisagem: Gestão de corredores fluviais no quadro do ornamento de território. Lisboa. Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação para a Ciência e Tecnologia. Ministério da Ciência e Tecnologia. 1999. SILVA, Aline Martins, Atratividade e Dinâmica de Apropriação de Espaços Públicos para o Lazer e Turismo. Dissertação de Mestrado. UFRGS. 2009. YURGEL, Marlene. Urbanismo e Lazer. São Paulo. Nobel, 1983.

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ALBERNAZ, Paula, Reflexões sobre o espaço público atual. In: LIMA, Everlyn Furquim Werneck: MALEQUE, Miria Roseira. Espaço e cidade: conceitos e leituras. Rio de Janeiro: 7 letras, 2007



Sistema Cicloviário de Osasco Propostas para tornar Osasco uma cidade amiga da bicicleta Klauss Alexander Schramm

Resumo Este é um conjunto de propostas para tornar a cidade de Osasco referência brasileira em ciclomobilidade. A partir de amplo levantamento de legislação, referências projetuais, dados existentes e visitas de campo para levantar novos dados, foi proposta uma rede cicloviária para o município. Diferentes tipologias são apresentadas a partir do exemplo da aplicação, de forma a alcançar interação com a cidade consolidada. Para complementar, foram lançadas ideias para buscar uma gestão eficiente da política e consolidar a cultura da bicicleta.

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Figura 01 : Ciclofaixa de Lazer. Fonte: Coletivo CiclOsasco

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Orientador: Prof. Dr. Ricardo Luis Silva


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Introdução Na cidade desenhada para o automóvel não há espaço para o transporte coletivo e os modos ativos. A ideologia que prega a supremacia do automóvel nega o lugar das bicicletas nas vias, seja para compartilhar espaços, seja para criar infraestrutura cicloviária. O paradoxo de tratar o uso cotidiano da bicicleta como ato de insanidade e combater condições seguras para o deslocamento de ciclistas é naturalizado, tanto quanto são as mortes decorrentes da violência no trânsito. Esta é a realidade comum às médias e grandes cidades brasileiras, incluindo Osasco. Apesar de não carregar nem mesmo 1/4 das viagens diárias no município de Osasco, a circulação do automóvel vem sendo priorizada em detrimento da eficiência do transporte coletivo e da segurança dos agentes mais vulneráveis do trânsito - pedestres e ciclistas. São geradas diversas externalidades negativas diversas como poluição atmosférica, alta letalidade no trânsito, baixo aproveitamento da capacidade potencial de uso das vias e dos lotes (considerando as amplas áreas destinadas a estacionamentos e garagens), gastos excessivos na construção e manutenção da infraestrutura relativa ao sistema viário, etc. O enaltecimento do automóvel no planejamento da mobilidade urbana reafirma as desigualdades socioespaciais, de forma a negar o lugar da ampla parcela da população de baixo poder aquisitivo, que não tem no carro uma opção. Entre os agentes que compõem a mobilidade urbana, as desigualdades também influem: localização de moradia, gênero, idade, formação, etc. Se por um lado a cidade carrocêntrica reafirma isto, por outro lado apenas direcionar o olhar para uma “cidade mais humana” não é a priori uma postura de enfrentamento. Este trabalho mira um horizonte de uma Osasco mais inclusiva para todos. A proposta consiste na elaboração de diretrizes e ações articuladas para uma política pública voltada ao campo da ciclomobilidade na cidade de Osasco. A meta é elevar o município a referência no uso da bicicleta no Brasil. Para tanto, foi definida a estratégia de intervir sobre os campos da infraestrutura cicloviária - espaços de circulação e estacionamento -, gestão - a coordenação de tais propostas - e incentivo à cultura da bicicleta - consolidar a bicicleta como parte do cotidiano da cidade e dos cidadãos. O uso da bicicleta agrega inúmeros benefícios às pessoas e à cidade nos campos da mobilidade, meio ambiente, economia e saúde. Contudo, Osasco segue punindo os ciclistas - estes que tanto contribuem com a qualidade de vida da coletividade - com péssimas condições de circulação. Para desenvolver esta pesquisa e chegar até a proposta, primeiramente buscou-se aprofundar a fundamentação teórica, buscando referências bibliográficas e projetuais. Em seguida, dados diversos sobre o município foram levantados, para trazer amplo conhecimento sobre a área a receber as propostas. Ao identificar que os dados existentes não era suficientes para conhecer com profundidade o universo da bicicleta em Osasco, contagens de ciclistas foram realizadas em cruzamentos estratégicos. Por fim foi definido o conjunto de propostas.

Proposição Para definição da rede cicloviária, primeiramente foram adotadas sete diretrizes: - Macroacessibilidade: Diz respeito ao alcance, conectividade e suporte à intermodalidade que a rede deve proporcionar; - Microacessibilidade: Facilidade de acesso a outras vias - incluídas ou não na rede, lotes, bicicletários e paraciclos; - Nível de serviço: Facilidade para obter informações e conforto nos deslocamentos; - Qualidade ambiental: Compatibilidade entre intervenções propostas e usos da via e do solo consolidados; - Fluidez: Tornar eficientes os deslocamentos de bicicleta, reduzindo - na medida em que todas as outras diretrizes não são comprometidas - tempos de espera desnecessários,

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criando condições para reduzir congestionamentos e filas, reduzindo o tempo da troca de modais no caso da intermodalidade, etc; Segurança - Proteger a vida dos atores mais vulneráveis no trânsito - Ciclistas, pedestres, moradores de rua, animais, etc. De todas as diretrizes, esta é adotada como prioritária.

Para atender às diretrizes mencionadas, foram adotados os seguintes objetivos para escolha das vias que receberão infraestrutura cicloviária:

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Foram definidas diferentes tipologias de infraestrutura para circulação de bicicletas e apontada a necessidade de criar medidas de acalmamento de tráfego em cada uma das situações, conforme as especificidades do lugar. A seguir serão pontuadas as diferentes tipologias escolhidas e suas variações. - Espaço compartilhado: Área onde pedestres e ciclistas compartilham o mesmo espaço sem qualquer tipo de delimitação para privilegiar a circulação de um ou outro; - Calçada partilhada: Ocupando parte da calçada - que pode ser alargada para receber esta intervenção - é reconhecida pela delimitação de espaço de circulação de bicicletas através de faixas vermelhas sobre o pavimento. Pedestres tem prioridade absoluta indicada pela sinalização horizontal. É indicada apenas para situações onde não há circulação intensa de pedestres em vias de tráfego intenso. Podem ser bidirecionais, presentes em apenas um dos lados da via, ou unidirecionais presentes aos dois lados da via; - Ciclorrota: Compartilhamento entre o tráfego motorizado e o tráfego de bicicletas. É recomendável para vias locais, coletoras e arteriais onde não houver possibilidade de instalar ciclovias, ciclofaixas ou calçadas partilhadas. Podem ser unidirecionais compondo sistemas binários, bidirecionais em vias de fluxo bidirecional ou combinadas com ciclofaixas no contrafluxo; - Ciclofaixa: Destinação de parte do leito carroçável à circulação de bicicletas através de demarcação de faixa. Deve ter no mínimo 1,2 m de largura e, recomenda-se, em caso de faixa de estacionamento paralelo, a criação de zona de abertura de portas com 0,7m de largura. Recomendável para vias arteriais de tráfego intenso. Podem ser unidirecionais aos dois lados da via de fluxo bidirecional ou unidirecionais em um lado da via compondo sistemas binários; - Ciclovia: Pista de circulação exclusiva de bicicletas. Recomendável para corredores arteriais de tráfego muito intenso, corredores metropolitanos e rodovias. Podem ser bidirecionais em um lado da via, bidirecionais em canteiros centrais ou unidirecionais aos dois lados da via. Foram definidas três fases de implantação. Não foi apontado cronograma em função da necessidade de fazer projetos executivos para ter estimativa de custos e, dessa forma, verificar a viabilidade no tempo. Não é objetivo desta proposta alcançar este detalhamento. A primeira é aplicada sobre o sistema viário atual. Nesta fase as ciclorrotas tem prioridade de implantação sobre as outras tipologias.

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Observação de tendências de fluxo existentes: Identificadas a partir de dados obtidos em levantamentos da Pesquisa Origem e Destino, contagens de ciclistas, entrevista no bicicletário central e mapas do aplicativo Strava (as vias apontados pelo Strava foram consideradas apenas como sugestões, uma vez que usuários do Strava não representam amostra do quadro geral do uso da bicicleta na cidade); Consideração do relevo: Priorização de caminhos planos e pouco inclinados (não necessariamente vias de fundo de vale). Ligação entre vias de cotas altas e baixas por meio de caminhos de inclinações suaves na medida do possível; Garantia de intermodalidade: O acesso a estações de trem e terminais de ônibus foi elemento fundamental na definição da malha cicloviária; Acesso às centralidades; Acesso aos equipamentos públicos municipais e estaduais, com enfoque maior sobre as UBSs, escolas de ensino fundamental e parques municipais.

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Fase 1 Espaços compartilhados Calçadas partilhadas Ciclorrotas Ciclorrota e ciclofaixa Ciclofaixas Ciclovias Projeto específico Total:

0,3 km 10 km 64,3 km 2,6 km 40,8 km 18,6 km 2,7 km 139,3 km

Na segunda fase, a rede ganha mais 7,2 km devido a novas expansões do sistema viário. Além disso, algumas das vias mudam de tipologia devido a intervenções que alteram suas configurações atuais. Não foram definidas tipologias em função da não identificação de projetos executivos relativos a estas intervenções. A rede passa a totalizar 146,5 km. Na terceira fase as rodovias passam a receber infraestrutura cicloviária. Como se trata de vias de caráter metropolitano e como parte expressiva marca as divisas do município, a extensão não foi contabilizada. Em função da complexidade da situação (vias expressas, a geometria dos acessos, etc) não foi definida tipologia. Foram propostos os “Pontos Bike” como forma de ampliar a oferta de vagas para estacionar bicicletas sem onerar os cofres municipais. A ideia é lançar concurso de arquitetura para projetos que contemplem a guarda gratuita de bicicletas combinada com bicicletaria, assim a empresa vencedora da licitação poderá lucrar e os munícipes ganharão 920 novas vagas.

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Para complementar, foram propostas medidas para tornar a gestão mais eficiente e participativa e medidas de consolidação da cultura da bicicleta no município. A criação de uma câmara temática da bicicleta para ampliar a participação popular, o aproveitamento de recursos de outorga onerosa como fonte alternativa de financiamento, a adoção do limite de 50km/h como limite máximo de velocidade em Osasco e a criação de pólos de ciclismo esportivo são exemplos.

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Referências GLOBAL DESIGNING CITIES INITIATIVE. Guia Global do Desenho de Ruas. Editora Senac, São Paulo. 2016. TORRES-FREIRE, Carlos; CASTELLO, Graziela; CALIL, Victor. Impacto social do uso da bicicleta em São Paulo. Cebrap, São Paulo. 2018.

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VASCONCELLOS, Eduardo de Alcântara de. Transporte urbano nos países em desenvolvimento: Reflexões e propostas. Ed. Annablume, São Paulo. 2000.



Jabaquara Urbanização das Favelas: Alba e Souza Dantas Lucas Weyll de Pinho Orientadora: Profa. Dra. Beatriz Kara José

Resumo Este trabalho de conclusão de curso analisa uma parte da Operação Urbana Consorciada Água Espraiada (OUCAE), precisamente dentro do Setor Jabaquara, a evolução da ocupação na área de estudo, a atual situação e propõe com um projeto de urbanização a melhora da situação de vida dos habitantes. O local escolhido para estudo corresponde às Favelas Alba e Souza Dantas. Essas áreas, assim como outras áreas de favela da região, encontram-se em situação vulnerável às margens do Córrego Água Espraiada e em Risco Geológico de Grau 2 e 3. O projeto, portanto, consiste na urbanização das favelas estudadas, buscando erradicar os problemas existentes, principalmente em 3 vias: ambiental, estrutural e

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Figura 01: Córrego Água Espraiada. Fonte: Acervo Pessoal

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habitacional.


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Introdução Este trabalho visa entender as dinâmicas sociais e territoriais das favelas, especificamente as favelas Alba e Souza Dantas – presentes no Setor Jabaquara da Operação Urbana Consorciada: Água Espraiada (OUC-AE). Numa Operação Urbana que prega a homogeneidade dos seus setores, o que mais chama atenção é a heterogeneidade, pois todos os investimentos foram focados nos Setores Berrini e Chucri Zaidan, e em mais de 10 anos, o Jabaquara não aumentou 1m² de estoque em CEPAC (potencial construtivo) – coincidentemente, ou não, o Jabaquara é o Setor da OUC com a forte presença de Favelas.

Figuras 02 e 03: Controle de Estoques de Área de Construção Adicional. Fonte: PMSP/EMURB 31/05/2008 e SP Urbanismo 2019. De acordo com Josep Maria Montaner, além da grande diversidade das cidades, existe um elemento que é chave para a melhora da qualidade de vida, o aumento da sociabilidade, portanto os espaços públicos

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são necessários nas favelas. Dentro de um escopo de trabalho de um Arquiteto e Urbanista existe um programa de necessidades para cada tipo de projeto e nesse projeto, um dos principais pontos foi a construção de um espaço novo no interior dessas favelas. Caitlin Dixon, afirma em um dos seus estudos que, nas favelas, a prioridade espacial é dada à habitação; portanto o espaço público se desenvolve informalmente nos lugares que sobram na paisagem urbana. Vias públicas, escadarias, entre outros são adotados como lugares para conversar e passar o tempo. Existem 70 favelas contabilizadas no Jabaquara, um total de 14073 domicílios cadastrados. Dentro dessas 70, 29 estão dentro do perímetro da OUCAE com 7904 domicílios. As duas favelas estudadas compreendem a um total de 1384 domicílios cadastrados.

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Figuras 04 e 05: Mapa Distrito Jabaquara, OUCAE, Favelas Cadastradas e Favelas Estudadas. Fonte: HabiSP, IBGE e GeoSampa As favelas se encontram em duas ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE SOCIAL (ZEIS), a favela Souza Dantas em Zeis 1 e a Alba, juntamente com um terreno utilizada por uma garagem de ônibus em Zeis 3.

Figura 06: Favelas de Estudo - ZEIS. Fonte: Mapa Editado Pelo Autor | Google Satélite As favelas estão num terreno muito acidentado, com uma diferença de 25m entre o ponto mais

Espraiada.

Figura 07: Topografia e Curso D’água. Fonte: Mapa Feito Pelo Autor 173

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favela numa junção das águas pluviais e a nascente Souza Dantas que deságua no Córrego Água

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alto e o mais baixo do perímetro de estudo. O Curso D’água mais importante é o que passa por dentro da


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Por estar num terreno bem acidentado, com a presença de cursos d’água (área de APP prevista pelo código florestal) e uma densidade muito alta de residências, essa área é classificada como uma zona de Risco 2 (Escorregamento) e Risco 3 (Solapamento), além disso, existe uma classificação alta de Vulnerabilidade Social.

Figura 8: Margem de APP e Área de Risco. Fonte: Mapa Feito Pelo Autor Diante dos levantamentos feitos na área de estudo, foi listado alguns dos problemas principais das duas favelas e o programa de necessidades das favelas estudadas: Acessos Ruins; Moradias Insalubres; Área de Risco Geológico; Oferta de Espaço Livre de qualidade é praticamente inexistente; Situação ambiental a ser melhorada. Proposição 1 PROJETO DE REMOÇÃO 2 PROJETO DE REASSENTAMENTO 3 PROJETO DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL Requalificação dos acessos à favela (principalmente com novas escadarias); desenho de um novo espaço no interior da favela (um respiro em meio ao caos); retificação do córrego; projeto de recuperação ambiental - nascente Souza Dantas - área verde com possibilidade de utilização pela

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população (quiosques, bancos); projeto de recuperação ambiental - wetland para filtragem da água pluvial e melhora da qualidade de vida dos habitantes; criação de novas habitações no interior da favela - ao longo do córrego (8 no total); criação de novas habitações no terreno vazio - antiga garagem de ônibus (2 torres no total); possibilidade de diversificação de usos no térreo dos edifícios (planta livre) - mercadinhos, mercearias, hortifruti, sapataria, costureira, creches, área para animais; reutilização de espaços importantes da comunidade (que já tem infraestrutura pronta) para projetos sociais - escolinhas de futebol, artes marciais, dança, música, circo e eventos.

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Setorização

Figura 9: Setorização do projeto para Urbanização das Favelas. Fonte: Acervo Pessoal do Projeto Habitações As habitações também são parte do projeto. A maioria delas não possui elevador, apenas as habitações presentes no setor Z. O partido do projeto dos edifícios foi ter uma planta livre para existir uma flexibilidade na disposição dos ambientes, imaginando que futuramente, possa existir um novo membro da família, além da planta livre, também foi pensado uma modulação de caixilho de 0,5m, assim, o caixilho funcionaria para todas as variações de tipologias (6x8, 6x9 e 6x10), além das aberturas de porta, todas com 1m. Todas as habitações foram pensadas em estrutura metálica, com pilares, basicamente de 0,5m x 0,2m x pé direito (que é de 3m) e vigas com 0,2m x altura x vão - com o vão variando entre 8, 9 e 10m. Secção-Corte

Figura 10: Setorização do projeto para Urbanização das Favelas. Fonte: Acervo Pessoal do Projeto

XXI. Catálogo de Exposição. São Paulo: MCB, 2010 BRILLEMBOURG, Alfredo. Grotão, Paraisópolis. In: A cidade informal no século XXI. Catálogo de Exposição. São Paulo: MCB, 2010. JACOBS, Jane. Morte e Vida nas Grandes Cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000. SECCHI, Bernardo. Primeira lição de urbanismo. São Paulo: Perspectiva, 2006. DIXON, Caitlin. “Excelentes Lugares Bons”: A Natureza do Espaço Público nas Favelas < http://rioonwatch.org.br/?p=11195 > MONTANER, Josep Maria. “O direito ao espaço público – Princípios e Exemplos” < http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.203/6517 > CONVERTI, Roberto.“Espaço público – Direitos humanos e diversidade cultural” < http://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/06.014/1679 >

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ARAVENA, Alejandro. Paraisópolis. Projeto de 120 moradias. In: A cidade informal no século

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Referências



Buracanã Reurbanização da Favela Parque Planalto I Renan Santos Orientadora: Profa. Dra. Beatriz Kara José

O trabalho propõe uma reflexão sobre as intervenções em favelas, sua importância e necessidade de atuação em territórios tão sensíveis. Em especial, as comunidades inseridas em áreas de preservação de mananciais (APM) ou permanente (APP), na qual o objeto de estudo se encontra, onde além das questões enfrentadas em relação à intervenção em favelas, questões de ordem ambiental também fazem parte do escopo de atuação. Para isso, propõe-se uma série de intervenções dentro do perímetro delimitado, visando prover àquela parcela do cidade, bem como seus habitantes, acesso digno a mesma através do desenho arquitetônico e urbano de qualidade.

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Resumo

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Figura 01 : zoom sobre o perímetro. Fonte: google earth


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Introdução Popularmente conhecida por seus moradores como “Buracanã” (devido a sua forma assemelharse a um buraco), a favela Parque Planalto I, conta com uma área de aproximadamente 22 hectares e 2031 domicílios. Sua ocupação é datada a partir dos anos de 1960, período próximo do surgimento do distrito. As ocupações iniciais são reflexo da instalação de inúmeras indústrias em Santo Amaro, que atraíram muitas famílias a área pela proximidade da mesma e por possuir um valor de terra baixo; posteriormente pela migração de famílias de outras regiões do país (década de 1970) e também de comunidades desapropriadas que não tinham para onde ir - como exemplo podemos citar algumas comunidades desapropriadas da região da até então Avenida Água Espraiada (década de 1990). Igualmente a todo o distrito do qual a favela faz parte (Grajaú), a área está comprimida entre as bacias da represa Guarapiranga e Billings, caracterizando-se como área de proteção aos mananciais, onde além de todos os conflitos já enfrentados por uma comunidade da periferia, questões ambientais também estão inseridas, tornando a ação sobre este território de extrema importância e urgência, pois apesar das pouquíssimas (e ineficazes) ações empregadas pelo estado, as poucas nascentes e cursos d’água remanescentes da região sul da capital (e sudeste da metropolitana) ainda estão sob constante ameaça. A dualidade sobre como atuar em um território tão sensível e repleto de questões de ordem social e ambiental urgentes presente neste trabalho é o fio condutor de todo o desenvolvimento da pesquisa. Qual a melhor - ou a menos agressiva - maneira de atuar sobre este espaço? Remover todos partindo do princípio da fragilidade ambiental, e ao mesmo tempo ignorar e ordenar que tratores passem por cima de todas as famílias que ali residem e construíram sua história ao longo de todos esses anos, assim como vem sendo feito pelas últimas ações do governo?

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Nesse contexto, a questão ambiental urbana - o avanço sobre áreas ambientalmente sensíveis e protegidas, é intrinsecamente associada à questão da moradia. A situação presente é de uma extensa área de loteamentos e assentamentos irregulares em geral, em grande parte das vezes em áreas de proteção ambiental e áreas que comprometem mananciais urbanos. São irregularizáveis segundo os padrões usuais e a legislação existente, mas representam a única alternativa de moradia da enorme parcela da população. (MARTINS, 2006)

A maior parte da população brasileira, principalmente nos grandes centros urbanos do país, não encontra oferta ou soluções de moradia adequada, nem pelo mercado, nem pelos programas públicos, acabando banida da condição de cidadania, tanto por sua condição econômica, quanto pelas condições urbanísticas e ambientais das áreas das quais residem. Essa legislação estabelece como padrão um patamar inacessível à renda da maioria e na ausência de subsídios, a consequência é que a população se instale em loteamentos irregulares, ocupações informais e favelas, justamente nos lugares ambientalmente mais frágeis, “protegidos por lei”, portanto desconsiderados pelo mercado formal (MARTINS, 2006). Partindo deste pressuposto, a solução mais viável - e talvez a mais humana - parece ser o equilíbrio entre essa tensão gerada entre as agendas verde (ambiental) e marrom (urbana), que é o que se pretende atingir com o desenvolvimento deste trabalho. Evitando assim que a solução seja resumida em simplesmente transferir essa população para uma outra área mais afastada da cidade - longe de toda a relação e vida já consolidada por seus habitantes - rompendo com o ciclo vicioso de ações frágeis e ineficazes que como de praxe foi empregada ao longo das últimas décadas em todo o território nacional quando se tratava de moradia social.

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Proposição O PARTIDO Tendo como premissa todos os dados e informações levantados ao longo da pesquisa, a propostas busca articulá-los de maneira coesa junto a três importantes questões identificadas no objeto de estudo. Sendo elas: Topografia Tratando-se do enorme desnível entre as avenidas que circundam o perímetro e seu miolo, qual ou quais seriam as estratégias para realizar essas transições? Como garantir a vitalidade destes elementos e contribuir para que os mesmos não se tornem obsoletos e propensos a atividades não desejadas? -

Córrego Tendo em mente que o córrego deveria ser o eixo de condução de desenvolvimento do projeto, como transformar-lo em elemento transgressor de barreiras e mudar as relações atuais dos habitantes com o mesmo? Como criar espaços de qualidade dentro de um perímetro comprimido entre duas encostas adensadas e repletas de dinâmicas socioespaciais que foram intrínsecas ao projeto? -

Questões ambientais Como deveriam ser tratadas as questões ambientais e ecológicas, levando em consideração a urgência de atuação sob este espaço que se encontra inserido em uma área de proteção aos mananciais? Ela seria o suficiente para resolver as problemáticas apontadas? O que deveria ser pensado a fim de garantir a preservação e manutenção dos corpos d’água, elementos de extrema importância para a vida na cidade e seu pleno funcionamento? -

DIRETRIZES

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Remoção das edificações que apresentam maior risco de deslizamento; Remoção das edificações em cota negativa em relação ao nível da rua e/ou que sofram com alagamentos nos períodos de cheia da represa, curso d’água ou chuvas; Remoção das edificações que poluem diretamente os cursos d’água remanescente; [1 diagrama conforme AU] Implantação de um edifício cultural que abrigará a escola de música; Implantação de habitações sociais para que as famílias removidas sejam realocadas; Implantação do parque linear ao longo do curso d’água com recuperação da vegetação nativa; Implantação de edifícios que abriguem todas as ONGs (apresentadas anteriormente) e que deem suporte para o pleno exercício e funcionamento de suas respectivas atividades; Tratamento das edificações mantidas e identificadas como prioritárias; Requalificação das transposições, becos e vielas preservadas; Diversificação dos uso do solo; Mudança nas relações dos habitantes com o curso d’água

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As questões pontuadas no partido foram responsáveis pelo desenvolvimento de algumas diretrizes, que buscaram ao longo do desenvolvimento do trabalho, conduzir todo o escopo de atuação, sendo elas respectivamente:


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Figura 02 : diagrama de remoção. Fonte: acervo do autor

Figura 03 : mapa de intervenções. Fonte: acervo do autor O conjunto de intervenções desenvolvidas tem como objetivo atender as diretrizes apresentadas anteriormente, e podem ser sintetizadas em cinco categorias diferentes, sendo elas respectivamente: Intervenção tipo I: Acessos a área e implantação da escola de artes e música Intervenção tipo II: Instalação das HIS para as famílias realocadas Intervenção tipo III: Parque linear ao longo do córrego Intervenção tipo IV: Drenagem e arborização das vias Intervenção tipo V: Tratamento das vielas e escadarias remanescentes

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Referências BRASIL, Novo Código Florestal. Lei 12,651, 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, p. 2.166-67, 1981. DEMO, Pedro. Pobreza política: a pobreza mais intensa da pobreza brasileira. São Paulo: Editora Autores Associados, 1988. FRANÇA, Elisabete. A cidade informal no século XXI. São Paulo: Editora Prefeitura de São Paulo, 2011. JACOBS, Jane. Morte e vida das grandes cidades. São Paulo : Editora WMF Martins Fontes, 2011 MARICATO, Ermínia. Metrópole na periferia do capitalismo: ilegalidade desigualdade e violência. São Paulo: Editora HUCITEC EDITORA, 1996. MARTINS, Maria Lucia Refinetti. Moradia e Mananciais: Tensão e Diálogo na Metrópole. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. __________, Maria Lucia Refinetti. O desenho ambiental da infraestrutura urbana: princípios de projeto para regularização de interesse social. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. PEREIRA, Matheus. O papel da cor na arquitetura. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/894425/o-papel-da-cor-naarquitetura?ad_source=myarchdaily&ad_medium=bookmark-show&ad_content=current-user > Acesso em: Fevereiro, 2019.

SÃO PAULO, Prefeitura do Município de. Lei número 16.402, de 22 de março de 2016. LPUOS. PMSP, 22 de março de 2016. Disponível em <https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marcoregulatorio/zoneamento/arquivos/>. Acesso em: agosto, 2018. SECRETARIA MUNICIPAL DE LICENCIAMENTO E URBANISMO (SMUL). GeoSampa: Mapa digital da cidade de São Paulo. Disponível em < http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx >. Acesso em: Agosto, 2018.

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SÃO PAULO, Prefeitura do Município de. Lei número 16.050, de 31 de julho de 2014. PDE. PMSP, 31 de julho de 2014. Disponível em < https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco-regulatorio/planodiretor/texto-da-lei-ilustrado/>. Acesso em: agosto, 2018

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Salingaros, Nikos A. Habitação social na América Latina: geometria do controle. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/913584/habitacao-social-na-america-latina-geometria-do-controle>. Acesso em: 22 de março, 2019



Centro técnico e social do Grajaú Thais Vieira Campos Orientadora: Profa. Dra. Beatriz Kara José

Este trabalho de conclusão de curso propõem um projeto arquitetônico preliminar de um centro técnico e social no distrito do Grajaú. As premissas que me levaram escolher este tema partiram da inquietação de muitos moradores- que precisam se deslocar cerca de 2 horas para terem acesso ao ensino técnico e aos serviços do Poupatempo. Para o desenvolvimento deste trabalho foi necessário a análise do município de São Paulo, com foco na Subprefeitura da Capela do Socorro- que auxiliou na definição dos usos do edifício. Após a análise geral o projeto foi guiado com base nos estudos do terreno, recebendo diretrizes como permitir a fruição pública, estabelecer uma relação com o entorno e romper a topografia.

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Resumo

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Figura 01: Fachada do centro técnico e social do Grajaú. Fonte: acervo do autor


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Introdução Localizado no extremo sul de São Paulo, o terreno escolhido está junto à um dos braços da represa Billings e resistiu até o momento ao processo de ocupação e adensamento da região - com áreas não edificadas - mantendo um cenário incomum em comparação à paisagem árida e espessa de seu entorno. Todavia, a grande extensão dos lotes, a falta de transporte público, e a ausência de vigilância geram problemas relacionados à insegurança e ao deslocamento nas proximidades.

Figura 02: Vista das proximidades do terreno. Fonte: acervo do autor. O interesse em romper a barreira urbana que há entre o terreno e seu entorno surgiu do fato de ser moradora da região, e por estar em constante contato com as problemáticas locais. A proposta visa trazer a esse espaço uma outra forma de uso e ocupação de solo – aplicando ao mesmo uma função social que anule o caráter de periculosidade existente e que qualifique o ambiente urbano; para que a população desfrute do terreno - que hoje está fechado para a sociedade. Tendo como base as dificuldades existentes, iniciei a análise do território procurando identificar uma vocação para o terreno através dos registros da memória social, e por características físicas ainda presentes; considerando não só as pessoas que moram no local, como também as que circulam e impactam de alguma forma a área em questão - por exemplo, a garagem da empresa de ônibus Viação Cidade Dutra (antiga Bola Branca), que é uma importante geradora de empregos, abrangendo diversos setores do mercado. Durante o estudo, notei que os deslocamentos e equipamentos públicos se distribuem por um território maior, requerendo uma análise territorial e socioeconômica do Município de São Paulo, com foco na Subprefeitura da Capela do Socorro –as carências do distrito do Grajaú permeiam todos os setores das

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políticas públicas (educação; saúde; lazer; esporte; transporte e segurança), e vão desde a falta e/ou precariedade de equipamentos públicos - quando comparados às outras regiões de São Paulo. A partir dos problemas do distrito busquei me aprofundar em intervenções que possam qualificar a região- implantando no terreno um equipamento de múltiplas funções que auxilie no: combate a terra ociosa - que não cumpre sua função social; na valorização do meio ambiente; na oferta de espaços públicos de qualidade - respeitando as leis dos mananciais; na orientação do crescimento da cidade nas proximidades do transporte público; na qualificação da vida urbana em escala de bairro; e que promova o desenvolvimento econômico do distrito - tudo isso através de um equipamento público (Centro técnico e social do Grajaú) que fornecerá à população jovem: cursos técnicos e inserções no mercado de trabalho local; e para o restante da população: serviços públicos e de acesso à informação, em meio aos espaços de permanência. A intenção é trazer melhorias para a região rompendo as barreiras que existem na procura de qualificação profissional gratuita e de serviços públicos.

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Proposição A proposta do Centro Técnico e Social do Grajaú parte da premissa de que a região onde o projeto será inserido é uma área residencial com topografia irregular. Apesar desta característica marcante do distrito, usos diversos acontecem nas proximidades do terreno. São usos importantes que incentivam a geração de renda local - como a garagem de ônibus; os pequenos comércios; o eixo de transporte; e as escolas próximas - que também contribuíram para a definição dos usos do edifício, sendo que os alunos, os funcionários, e a população serão possíveis frequentadores do Centro Técnico e Social do Grajaú. O edifício é um equipamento público de uso misto, que tem como base o uso Educacional- que visa a qualificação profissional dos jovens, ou seja, prepará-los para o mercado de trabalho e empregá-los nas empresas próximas e o social- que prevê a assistência social - hoje oferecida pelo programa do governo chamado Poupatempo. Estes usos chaves do projeto só são encontrados atualmente fora da Capela do Socorro. Outros usos compõem o projeto e servem de ligação e/ou auxilio - como a biblioteca que ampara o uso educacional; a praça de alimentação que serve aos frequentadores do técnico e as pessoas que residem, passam ou frequentam a região; e as praças que interligam os espaços e promovem a permanência das pessoas.

Figura 03: Diagrama de usos do edifício. Fonte: acervo do autor. O fluxo é um elemento importante, principalmente nos espaços livres onde os usuários podem romper a extensão da quadra; pois o projeto permite a fruição em seu interior, levando as pessoas às ruas antes fechadas por muros. Além de romper a barreira física, o projeto permite a permeabilidade visual

novo espaço que funciona como recepção para as pessoas que vêm da Avenida Dona Belmira Marin. Mantida a arborização, o desenho de piso e o mobiliário foram alterados para cumprirem sua nova função - considerando os caminhos que as pessoas deixam impressos no local. A fachada se comporta de acordo com os usos do edifício. Cada parte do projeto é independente visualmente; sendo possível identificar o uso pela materialidade. O uso social apresenta uma fachada mais fechada - contando com pequenas aberturas, representado pelo concreto. O setor educacional tem a madeira na forma de brise e os espaços livres - de fruição - conta com grandes aberturas; tendo o mínimo possível de fechamento. Apesar da independência de cada uso, o projeto permite a ligação interna e externa entre eles.

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A praça dos estudantes foi uma área somada ao terreno; sendo remodelada e convertida num

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entre o terreno e seu entorno; se tornando um marco paisagístico para a região.


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Figura 04: Implantação do edifício. Fonte: acervo do autor

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Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

Figura 05: Corte do edifício. Fonte: acervo do autor

Figura 06: Ilustração da praça da Cidade, vista do edifício. Fonte: acervo do autor

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Trabalhos de Conclusão de Curso | 2019_1

Figura 07: Ilustração fachada biblioteca, Rua Elísia Barcelos Gonçalves. Fonte: acervo do autor

Referências ANTP. (2013). A rede de transporte e a ordenação do espaço urbano. ANTP - Planejamento e Gestão Urbana, 101-122. Fritzen, N. (24 de Maio de 2018). Para entender a importância das políticas públicas. Fonte: Medium.com: https://medium.com/betaredacao/para-entender-a-import%C3%A2ncia-das-pol%C3%ADticasp%C3%BAblicas-e54810540669 G1. (17 de Agosto de 2013). Moradores reclamam de vias congestionadas na periferia de SP. Fonte: G1.com: http://g1.globo.com/sao-paulo/parceiro-sp/noticia/2013/08/moradores-reclamam-de-viascongestionadas-na-periferia-de-sp.html Martins, M. L. (2006). Moradia e Mananciais- Tensões e diálogo na matrópole. Em M. L. Martins, Moradia e Mananciais- Tensões e diálogo na matrópole (p. 57). São Paulo: Fapesp, FauUsp

Projeto Gepam. (2004). Moradia social em área de mananciais. São Paulo: Annablume. Silva, M. O. (1989). Política Habitacional Brasileira / Verso e Reverso. Em M. O. Silva, Política Habitacional Brasileira / Verso e Reverso (p. 184). São Paulo: Cortez.

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Rede Nossa São Paulo lança 12ª edição da Pesquisa de Mobilidade Urbana. Fonte: Mobilidade Sampa: https://mobilidadesampa.com.br/2018/09/rede-nossa-sao-paulo-lanca-12a-edicao-da-pesquisa-demobilidade-urbana/

Projetos Urbanos e Arquitetura da Paisagem

Meca, P. S. (30 de 03 de 2018). CPTM e Metrô: novas estações e 7,8 milhões de usuários por dia. Fonte: saopaulo.sp.gov.br: http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/ultimas-noticias/cptm-e-metro-novasestacoes-e-transporte-de-78-milhoes-de-pessoas-por-dia/ede Nossa São Paulo. (19 de Setembro de 2018).



Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

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ARQUITETURA COMERCIAL Loja-conceito Vans Bárbara Cardoso

Resumo O cenário atual do consumo mostra que o mercado está cada vez mais competitivo e os consumidores cada vez mais exigentes, buscando um maior envolvimento com as marcas que consomem. Neste cenário, as marcas tendem a focar em criar experiências relevantes para esse consumidor, e é neste momento que as lojas-conceitos surgem como uma ferramenta de fortalecimento e posicionamento da marca nos espaços de consumo, que consequentemente também passaram a ter um papel importante na paisagem urbana, por seus grandes efeitos. O objetivo deste trabalho é elaborar uma loja-conceito para a marca Vans, que possa promover experiências reais e prazerosas no ato de ir às compras, através da identidade visual e do conceito da marca aplicada no ponto de venda.

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Figura 01 : Loja-conceito Vans – fachada principal

Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

Orientador: Prof. Dr. Gabriel Pedrosa Pedro


BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

Introdução

Ao longo do tempo, podemos observar a transformação da sociedade em seu modo de se relacionar, comportar-se e de consumir. Segundo Vargas (2001), O surgimento do comércio veio com a atividade das pessoas em trocar e negociar produtos entre si. Para a realização dessa troca, houve a necessidade de possuir um espaço onde tivesse um maior fluxo de pessoas, esses espaços geralmente eram os lugares onde aconteciam atividades religiosas, políticas ou de entretenimento. É dessa necessidade de um espaço para o encontro que surge o mercado. Com o tempo e o aumento da população, esses lugares de encontros começaram a tomar forma, (Ferreira, 2015, p.2) tornaram-se espaços edificados, conhecidas como “general store’’ (loja geral) a partir do século XVIII, onde eram vendidos alimentos, roupas e até implementos agrícolas. Segundo Lefebvre (2008, p.130), nesses lugares privilegiados, o consumidor também vem consumir o espaço; o aglomerado dos objetos nas lojas, vitrinas, mostras, torna-se razão e pretexto para a reunião das pessoas; elas veem, olham, falam, falam-se. É o lugar de encontro, a partir do aglomerado das coisas. Conseguimos observar a importância destes espaços, que vão além do pressuposto de que um espaço comercial serve apenas para promover o consumo, mas torna-se uma ferramenta para construir a identidade dos lugares e das épocas, torna-se um espaço de diversidade como símbolo de tradição e cultura do local. A arquitetura comercial ligada às técnicas de Retail Design e Visual Merchandising tem como objetivo produzir efeitos cognitivos no indivíduo através de elementos visuais aplicados, como, por exemplo, o desenvolvimento de layout, iluminação, cores, texturas, cheiros e cenografia, que, por sua vez, tendem a

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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

imergir esse consumir á uma experiência concreta da marca. Estamos inseridos na era da experiência: não só consumimos um produto, mas consumimos a imagem do espaço onde ele se insere, é mais do que compra e venda (BAUDRILLARD, 2008). No cenário contemporâneo, em que o consumo é confundido com a forma de ser e estar em sociedade, a inserção na cultura e na vida de indivíduos destaca e revela a importância cada vez maior dos esforços para a diferenciação e a aproximação das marcas com seus públicos. É nesse contexto que surgem as lojas conceito, uma estratégia de marketing que visa a unir a arquitetura do ambiente comercial com a identidade visual da marca, proporcionando ao consumidor uma imersão concreta na marca. Na medida em que o mercado se torna cada vez mais competitivo, é necessário estabelecer um novo conceito e formato de loja (VIGO, 2015): a loja conceito, que tem como ferramenta o estímulo à experiência e ao consumo da marca, buscando a aproximação do consumidor não só com os produtos e serviços oferecidos, mas com os valores simbólicos que a marca pretende que a representem.

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Proposta

Figura 04: Corte AA Loja-conceito Vans

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Figura 03 : Loja-conceito Vans – fachada principal

Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

Este projeto arquitetônico consiste na elaboração de uma Loja-Conceito destinada a marca Vans. A lojaconceito tem como função levar o consumidor a uma experiência concreta do conceito da marca, que abriga uma cultura que engloba o Skate, arte, música e outros esportes radicais, que está localizado na Rua Augusta. Foi levado em consideração para o desenvolvimento desse projeto, a paisagem urbana como um fator importante, pois o local precisava ter características que remetessem o conceito e o público da marca. O projeto foi desenvolvido para ser uma loja suspensa com o térreo livre que cria um fluxo de pedestres da Rua Augusta para a Rua Luís Coelho, permitindo a fruição pública segundo o plano diretor. A loja conta com a presença de fachadas de vidro, estrutura metálica e lajes de concreto. Existem duas formas de acessar a loja: a primeira é pelas escadas que permitem o acesso a entrada principal da lojaconceito, e a segunda, pelo elevador que se encontra no térreo, pensada para garantir a acessibilidade. O projeto conta com um espaço público no térreo e um Skate Plaza, desenvolvido para atrair o interesse do público alvo da marca. No primeiro pavimento está inserido o espaço de vendas e conta com a presença de um coffee bar, banheiros, área administrativa e espaço voltado para os funcionários. No mezanino está localizado a oficina voltada para o público e no segundo pavimento está o depósito e estoque.


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Figura 05: Coffee Bar, fachada externa.

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Figura 06: Loja, รกrea de vendas.

Figura 07: Loja, รกrea de vendas e espaรงo interativo

Figura 08: Oficina.

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Figura 09: fachada principal de noite.

Referências BLESSA, Regina. Merchandising no Ponto-de-venda. 5ª. ed. São Paulo: Atlas, 2010. FERREIRA, Carolyne. A influência da arquitetura comercial na sociedade contemporânea. Universidade

MINAMI, Issao. Paisagem urbana de São Paulo: Publicidade externa e poluição visual. Junho, 2001. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp074.asp. Acesso em: 02/11/2018. PETRY, Karine. Ambientes comerciais e a influência do design visual. São Paulo, 2015. VANS. Vans – Na “Off The Wall” History. Disponível em: <https://www.vans.com.br/quem-somos#1978> Acesso em: 25 de novembro. 2018. VENTURI, Robert; SCOTT BROWN, Denise; IZENOUR. Steven. Aprendendo com Las Vegas: O simbolismo (esquecido) da forma arquitetônica. Cosac & Naify, 2003. VIGO, Rafaela. Lojas-Conceito como Fortalecimento da experiência do consumidor no ponto de venda. Paraná, UFPR, 2015.

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GUERRA, Renata. Conceitos na vitrine: A concept store é a nova aposta das empresas para atrair consumidores. Disponível em: < http://migre.me/craDt>. Acesso em: 08 de novembro de 2018. GURGEL, Miriam. Projetando Espaços: Design de Interiores. São Paulo: Senac, 2013.

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Paulista, 2005.



Sistema Construtivo em Madeira Engenheirada Uma proposta de residências modulares para habitação de interesse social Erika Neves

Resumo A proposta é de um sistema construtivo modular de madeira engenheirada, que prevê a ampliação das unidades ao longo do tempo e que pode ser replicado em diversos locais da cidade. O Projeto surgiu a partir das características do material, no caso a madeira como uma alternativa aos tradicionais modelos de construção e uma alternativa mais sustentável.

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Figura 01 : Tipologias do sistema construtivo. Fonte: acervo da autora

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Orientador: Prof. Dr. Gabriel Pedrosa Pedro


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Introdução A madeira é um material renovável. Naturalmente cultivada usa pouca energia para sua extração, e ao longo do seu crescimento ela absorve gás carbônico da atmosfera - uma árvore pode conter uma tonelada de CO2- e o carbono absorvido permanece incorporado na madeira, além disso ela pode ser reutilizada. É uma alternativa viável para começar a reverter os danos causados ao meio ambiente causados principalmente nos últimos dois séculos. Entre os materiais mais usados no setor da construção Civil do ponto de vista da sustentabilidade, há diferenças importantes. A madeira é o único material dentre os três que é renovável; segundo, a madeira precisa apenas de uma pequena quantidade de energia para ser extraída e reciclada em comparação com aço e concreto e ainda não produz resíduos até o final da sua vida, uma vez que pode ser reutilizada muitas vezes em vários produtos ou ser utilizada como combustível. E por ultimo a madeira absorve grandes quantidades de carbônico da atmosfera - uma árvore pode conter uma tonelada de CO2- e o carbono absorvido permanece incorporado enquanto a madeira estiver sendo utilizada.

Figura 02 :Materiais convencionais da construção civil: acervo do autor

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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

Uma árvore cultivada no norte da Europa demora cerca de 80 anos para atingir a maturidade necessária para ser usada na construção civil. Com as condições climáticas e de solo do Brasil, esse tempo cai para 14 anos. Quanto mais jovens as árvores mais o processo se torna sustentável, uma vez que as árvores absorvem CO2 mais rapidamente em seus primeiros anos, dessa forma, mais carbono será incorporado na madeira se forem cortadas árvores jovens. Se as florestas são bem geridas e a tecnologia continua se desenvolvendo, a demanda por madeira pode ser coberta pela indústria florestal, sem problemas. MADEIRA ENGENHEIRADA Madeira Engenheirada é a tecnologia empregada a madeira através do processo industrial.

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Painéis CLT consistem em camadas de tábuas de madeira empilhadas em camadas perpendiculares e coladas juntas sob alta pressão. Uma seção transversal de um painel CLT é tipicamente fabricada com três a nove camadas de placas. Ao alternar a orientação das camadas de madeira, a expansão e o encolhimento no plano do painel são minimizados. O resultado é um aumento considerável na estabilidade e capacidade estrutura do painél.

. Figura 03: Processo de produção do CLT. Fonte: da autora, adaptação do catálogo da KLH

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A madeira laminada colada, é um material concebido a partir da técnica de colagem. As lâminas de madeira são unidas umas às outras por um adesivo certificado para uso estrutural, à prova d´água.

Figura 03: Processo de produção do MLC. Fonte: da autora

PARÂMETROS PARA DIMENSIONAMENTO DE PROJETO:

Então é possível empilhar os andares (altura máxima considerada neste caso é de 8 andares). É possível fazer prédios mais altos, porém é necessário prever estrutura mais robusta, levando em conta que essa estrutura vai sofrer ampliações ao longo dos anos.

Figura 06: Esquema estrutural. Fonte: da autora PROCESSO DE MONTAGEM

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A primeira dimensão considerada foi o tamanho máximo da placa de CLT. Considerando que esse material precisa ser transportado, a largura máxima de cada quadrante da estrutura passou a ser 12m (para lajes) e todos os outros elementos são múltiplos dessas medidas. O programa é organizado dentro desta estrutura modular. Além das vigas e pilares, as paredes (todas) são estruturais (sendo que algumas são fixas e outras são móveis).

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Figura 04: Parâmetros para dimensionamento de projeto. Fonte: da autora


BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

Figura 06: Processo de Montagem. Fonte: da autora

TIPOLOGIAS/ QUANTIDADE DE MORADORES

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Figura 07: Tipologias. Fonte: da autora

Figura 08: Ampliações das unidades. Fonte: da autora Estudo de Aplicação

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Figura 09: Localização, Paraisópolis SP. Fonte: Google Earth DIAGRAMA CONCEITUAL

Referências DANGEL, Ulrich. Turning Point in Timber Construction – A New Economy. Austin, Texas 2016. ARCHITECTS, Waugh Thistleton. 100 Projects UK CLT. Londres, 2018. WIEGAND, Eduardo. A cidade compacta de madeira: como o uso da madeira pode ajudar a combater as mudanças climáticas Acesso Junho de 2016.

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Figura 12: Perspectiva (Estudo de aplicabilidade na favela do Paraisópolis, SP). Fonte: da autora

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Figura 10: Diagrama conceitual. Fonte: da autora



XEPA Mobiliário para Baixa Renda Gabriela Pacheco

Resumo Este trabalho de conclusão de curso busca desenvolver mobiliário para a baixa renda, focando na funcionalidade múltipla e estabelecer parâmetros a serem seguidos como: baixo custo, materialidade acessível e sistemas de encaixe. Além disso, o mobiliário foi projetado para ser fabricado digitalmente, podendo ser adquirido através de plataformas de compartilhamento online sem restrições. O projeto visa contribuir para a melhoria da qualidade de vida de moradores de apartamentos de tamanho reduzido. Como base para o estudo do mobiliário, foi utilizado como cenário a Ocupação Mauá, que possui apartamentos de 8 a 20 metros quadrados.

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Figura 1: XEPA - cama/mesa para espaços compactos. Fonte: Acervo do autor.

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Orientador: Prof. Dr. Gabriel Pedrosa Pedro


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Introdução A primeira vez que entrei em uma ocupação foi em Julho de 2018. Tinha como intenção compreender a maneira como os moradores se relacionam entre si e com as diferentes realidades que ali adentram. Fui recebida por Seu Nelson, que me apresentou os seis andares da ocupação Mauá, antigo Hotel Santos Dumont - localizada na rua de mesmo nome, em frente à estação da Luz - incluindo o terraço onde pretendem fazer uma horta comunitária, o pátio onde acontecem eventos culturais e também onde as crianças brincam. Cada andar tem 30 quartos, contabilizando 180 unidades, além das 10 unidades construídas posteriormente no térreo juntamente com a coordenação da ocupação e os moradores. Ao andar pelos andares do prédio, nota-se que o mesmo já passou por reformas e instalações de segurança, que Seu Nelson diz serem promovidas pelos próprios moradores, como por exemplo a instalação de extintores de incêndio, aprovada pelo corpo de bombeiros, que também avaliou a estrutura do prédio recentemente, após a repercussão do desmoronamento do Edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, no início de maio de 2018. Esta visita inicial foi a porta de entrada para meu trabalho de conclusão de curso. Passei a visitar a ocupação com mais frequência e a conhecer melhor os moradores. Foi depois de conhecer Carol, 36 anos, que ficou claro qual seria o tema que abordaria. Carolina Vital é mãe de quatro meninas e um menino, duas entre 8 e 12 anos, gêmeas de 9 meses e um menino de 16, que mora no Guarujá. Dentro do apartamento de cerca de 10 metros quadrados, divide a morada com suas quatro meninas e seu esposo (também pai das meninas). A vida dentro do apartamento é apertada, como se pode imaginar. Há uma cama de casal, um armário pequeno, uma beliche e uma cômoda. Todas as vezes que visitei Carol e sua família, todos sentavam fora do apartamento, no chão e em cadeiras. Não há espaço para refeições, nem para as crianças fazerem suas lições de casa. A partir deste cenário, passei a investigar a vida dentro dos

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apartamentos e não mais pensar apenas na convivência em comunidade. Fiz entrevistas com mães e pais sobre como vivem dentro de seus apartamentos, que dificuldades enfrentam e quais atividades realizam nestes espaços. O projeto em questão é o resultado dessas conversas e entrevistas. Uma tentativa de melhorar a qualidade de vida das famílias que vivem em condições adversas e que não possuem meios financeiros de adquirirem mobiliário de qualidade e acessível. O XEPA foi desenvolvido com a intenção de amenizar o problema de falta de espaço dentro dos apartamentos da ocupação Mauá, considerando o poder aquisitivo limitado de seus moradores. A partir desta problemática, foram estipulados quatro princípios para o desenvolvimento do mobiliário: acessibilidade, montagem, manuseio e funcionalidade.

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Proposição O XEPA é um mobiliário para baixa renda que busca atender às necessidades espaciais e econômicas do seu público alvo. Desde os primeiros croquis, foram pensadas soluções que viabilizassem o máximo aproveitamento do espaço em que o mobiliário será inserido: micro apartamentos de baixa renda entre 8 e 20 metros quadrados. A multifuncionalidade da peça é resultado da pesquisa qualitativa feita com moradores da ocupação Mauá. Nas conversas foi constatada a necessidade de quatro móveis fundamentais para a convivência em espaços compactos: cama de casal; mesa para refeições e, eventualmente, de estudos; guarda-roupa e divisória de ambientes. É importante ressaltar que tais funções não são simultâneas, há a necessidade de escolher entre mesa-cama ou armário-divisória. O compensado de Pinus foi escolhido para a peça pelo preço e facilidade de encontrá-lo em lojas de construção e de venda de madeira. Este material é um dos mais baratos do mercado, além de ser sustentável, por usar madeira de reflorestamento. Todos os componentes da peça são projetados para serem montados a partir exclusivamente de encaixes, sem uso de ferramentas manuais ou fixação por cola, para que seja possível a desmontagem, o que contribui para o manuseio e transporte do mobiliário. Dentro do campo acessibilidade, a mobília foi pensada para que possa ser fabricada digitalmente,

mais

especificamente

em

FabLabs de acesso público. Desta maneira, o custo da peça é reduzido, já que caberia ao o

arquivo

em

uma

plataforma de compartilhamento online sem restrições e adquirir as placas e tábuas de madeira.

Figura 2: Chapa 1 - disposição das peças em chapa de madeira pinus. Fonte: Acervo do autor.

Os parâmetros iniciais do projeto - largura, altura e comprimento; sistema de encaixe; sistema levanta-e-abaixa e divisão de dois níveis entre o sentar e o comer/estudar foram

mantidos,

com

alguns

pequenos

ajustes. As peças do mobiliário foram distribuídas em duas pranchas de madeira de compensado pinus nas medidas 2200mm x 1400mm x

Figura 3: Chapa 2 - disposição das peças em chapa de madeira pinus. Fonte: Acervo do autor.

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baixar

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beneficiário


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18mm (R$ 174,04, loja Leo Madeiras)- medida essa que cabe em cortadora CNC cotada no FabLab Livre SP, laboratório da prefeitura de livre acesso e sem custo - e quatro tiras de madeira de compensado pinus nas medidas 1500mm x 290mm x 18mm (R$ 22,80, loja Leroy Merlin), totalizando custo de R$ 393,68.

Figura 4: Tábuas de madeira pinus com a disposição de peças. Fonte: Acervo do autor. Figura 5: XEPA - detalhe do mecanismo levanta-e-abaixa. Fonte: Acervo do autor.

Referências BORGES, Marina F. Fabricação Digital no Brasil e as Possibilidades de Mudança de Paradigma no Setor da Construção Civil. Universidade de Porto Alegre, 2016.

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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

CÂNDIDO, Kariny M.; PAZMINO, Ana Veronica. Projeto de Mobiliário Livre Dentro da Licença Creative Common com Processo Produtivo por Meio de Encaixes. SIGraDi 2016, XX Congreso de la Sociedad Ibero-americana de Gráfica Digital 9-11 - Buenos Aires, Argentina, November, 2016. COSTA, Christiane M. O. N. G.; PELEGRINI, Alexandre V. O Design dos Makerspaces e dos FabLabs no Brasil: Um Mapeamento Preliminar. (Programa de Pós-Graduação em Design, Departamento de Design, Universidade Federal do Paraná e Universidade Tecnológica do Paraná, Departamento Acadêmico de Desenho Industrial) Curitiba, 2017. FOLZ, Rosana Rita. Mobiliário na Habitação Popular. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, 2002. MARICATO, Ermínia; MAUTNER, Yvonne; PAMPLONA, Telmo. Cenários do Contraste: Uma Incursão no Interior da Habitação Popular Brasileira. (Pesquisa da disciplina de Desenho Industrial da FAUUSP), 1999.

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RAMOS, Diana H. A. Guerra dos Lugares: Nas Ocupações de Edifícios Abandonados do Centro de São Paulo. Dissertação (Pesquisa em Economia, Sociedade e Território e Planejamento Urbano e Regional) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2009. RIFKIN, J. A Sociedade com Custo Marginal Zero. São Paulo: M. Books do Brasil, 2016. SPOSATI, A.; KOGA, D. São Paulo, Sentidos Territoriais e Políticas Sociais. Editora Senac São Paulo, São Paulo, 2013. SANTOS, Renato A. Cartografias Políticas de uma Ocupação: Cotidiano, Território e Conflito. Dissertação (Pós-Graduação em Sociologia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de

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São Paulo, 2018.



Reforma em edifício escolar Transformando ambientes Mariana Queiroz Moreno

Resumo O tema do TCC surgiu a partir de uma inquietação em observar a falta de acessibilidade e qualidade nos ambientes escolares e do questionamento de como poderia resolver esse problema a partir do existente. O trabalho tem como finalidade apresentar uma proposta preliminar de um projeto de reforma em edifício escolar, que promova a inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais e melhore a qualidade dos espaços, estimulando o desempenho e a criatividade de todas as crianças, independente da faixa etária.

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Figura 01: Vista direita da entrada principal. Fonte: acervo do autor

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Orientador: Prof. Dr. Gabriel Pedrosa Pedro


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Introdução

A educação inicia-se no seio familiar, passando a ser dividida posteriormente com a escola, fato que vem ocorrendo cada vez mais precocemente devido ao estilo de vida adotado pelos pais e familiares nos dias atuais. Existe um processo histórico mundial relacionado à educação inclusiva. As primeiras reflexões sobre o tema propunham que a segregação da população com necessidades especiais seria a maneira mais adequada de atendê-la. Posteriormente, passou-se por um período de questionamento sobre essa posição, que conduziu ao que em teoria temos hoje: a educação para todos. Mas será que isso de fato acontece? Com a análise de diversos dados entende-se que é pertinente nos questionarmos sobre qual a nossa preocupação quanto à inclusão e a sua importância, tanto socialmente quanto espacialmente. Mas seria só isso o necessário para a utilização dos espaços de maneira saudável por todas as crianças? Segundo o IBGE, 47% das crianças brasileiras estão acima do peso ou obesas, é notório que as crianças estão cada vez mais sujeitas a doenças mentais, hiperatividade, ansiedade e depressão, entre outras. O que o ambiente escolar pode fazer para contribuir para a diminuição desses casos considerando que é nele onde as crianças passam, muitas vezes, a maior parte do dia e onde tem as experiências da infância? O modo de crescimento das nossas cidades compromete cada vez mais a oferta de espaços ao ar livre, e os que existem em sua maioria são carentes de segurança e qualidade, o que nos leva a passar a maior parte do tempo em ambientes fechados e isolados, prejudicando

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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

o desenvolvimento das crianças. Segundo a publicação “Desemparedamento da infância - a escola como lugar de encontro com a natureza”, publicado pelo Instituto Alana em seu Programa Criança e Natureza, o ambiente natural é entendido apenas como um possível cenário de brincadeiras e não como um lugar fundamental. Ainda segundo esta publicação, muitas pesquisas indicam que ambientes ricos em natureza ajudam na promoção da saúde física e mental e contribuem para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais, motoras e emocionais. Com isso, o presente trabalho, pretende identificar as limitações espaciais relacionadas às necessidades especiais, assim como os pontos onde a qualidade do ambiente é mais precária, e assim realizar um projeto de reforma e adaptação para a melhora espacial de um edifício como um todo e, consequentemente, do desenvolvimento e do desempenho individual de todas as crianças que o frequentam, não apenas daquelas que apresentem necessidades específicas.

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Proposição O objetivo do projeto foi identificar as limitações espaciais relacionadas às necessidades especiais, assim como os pontos onde a qualidade do ambiente é mais precária, e assim realizar um projeto de reforma e adaptação em dois níveis projetuais de intervenção. O primeiro nível visa promover a acessibilidade, tendo como principal norte a NBR 9050/2015. Já o segundo nível de intervenção se desenvolve para proporcionar qualidade ambiental à escola como um todo, buscando atuar além do que é estabelecido pelas leis e normas.

Figura 02: diagrama de pontos mais precários de acessibilidade | diagrama de espaços precários de acessibilidade. Fonte: acervo do autor As crianças estão cada vez mais emparedadas e passam cada vez mais tempo em espaços fechados, faltando tempo e liberdade para interagir com espaços livres e com natureza. O partido do

em um passeio através da criação de rampas acessíveis, e que seu entorno seja um espaço para que as crianças se apropriem.

Figura 03: diagrama de áreas modificadas | diagrama de intervenções adicionadas. Fonte: acervo do autor

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proporcionar um maior contato com a natureza, distribuindo os fluxos existentes transformando a entrada

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projeto se concentra em liberar o máximo do térreo do edifício, a fim de deixá-lo o mais livre possível, e


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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

Figura 05: Planta pavimento tĂŠrreo. Fonte: acervo do autor

Figura 06: Planta primeiro pavimento. Fonte: acervo do autor

Figura 07: Planta segundo pavimento. Fonte: acervo do autor

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Figura 08: Corte A - Longitudinal. Fonte: acervo do autor

Figura 09: Corte B - Longitudinal. Fonte: acervo do autor

TIRIBA, Lea. Desemparedamento da infância – A escola como lugar de encontro com a natureza,2ª edição, São Paulo, 2019. CARVALHO, Telma. Arquitetura escolar inclusiva: construindo espaços para educação infantil Dissertação de pós-graduação, São Carlos, 2008 EDUCAÇÃO, Ministério. Manual de acessibilidade espacial para escolas: O direito à escola acessível. Brasília, agosto 2009 NORMA BRASILEIRA, ABNT NBR 9050. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Terceira edição, 2015

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Referências

Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

Figura 10: Corte D | Corte E – Transversais. Fonte: acervo do autor



Habitação Social no Largo do Paissandu Philip de Lima Tan

Resumo Neste projeto de habitação social buscou-se discutir e propor alternativas para a moradia popular, atendendo a principios, muitas vezes esquecidos, pelas práticas mercadológicas de construção habitacional. Dentro do mesmo edifício, está inserido uma proposta de escritório popular de arquitetura, voltado para atender pessoas de modo gratuito, procura também estabelecer um maior diálogo entre a sociedade e arquitetos, estes, muitas vezes vistos como pertencentes a um nicho exclusivo e específico de sociedade.

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Figura 01 : Fachada Frontal. Fonte: produzida pelo autor

Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

Orientador: Prof. Dr. Gabriel Pedrosa Pedro


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Introdução Em um país tão grande e desigual quanto o Brasil, que apresenta os mais modernos edifícios e ao mesmo tempo grandes concentrações humanas vivendo em condições precárias, deveria ser papel de toda sociedade debater e procurar saídas para reduzir esse abismo econômico, social, cultural e político. Faz-se papel, principalmente de arquitetos e urbanistas, pensar no uso do solo, sua distribuição e aproveitamento, o que não ocorre em maioria. Um ponto a se discutir são as moradias presentes e comercializadas por programas de habitação popular, mesmo solucionando um pouco do déficit habitacional ainda são questionados quanto a sua qualidade, inserção urbana, muitos casos tratam de “nivelar por baixo”, cumprindo de maneira pro forma a produção, de modo a garantir o máximo de lucro investido na construção por parte dos agentes envolvidos. Neste projeto de uma habitação social, localizado em um terreno que possuía um prédio derrubado por um incêndio, na região central de São Paulo, anteriormente abandonado e ocupado por diversas famílias carentes, procurou-se edificar unidades de apartamento popular que apresentam qualidades no âmbito arquitetônico, fugindo da premissa de que a produção popular, necessariamente, deve ser de baixa qualidade. Para isso referências históricas e projetuais guiaram o raciocínio, conjuntos de moradias atuais e antigas em território nacional ou em países com proximidades culturais, políticas e econômicas. O conceito não se limita apenas às moradias, o prédio em si dialoga com o contexto urbano, seu térreo é aberto para transição e está conectado com o terreno vizinho, da igreja Luterana de São Paulo que, em seus fundos foi elaborada uma praça, aumentando assim o espaço de

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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

permanência.

Figura 02 : Fluxo do edifício. Fonte: produção do autor

Trata-se, portanto, de um projeto que contrapõe e debate a qualidade da produção atual, os modos da mentalidade em voga e como as vias de lucro máximo podem operar atrasando nossas cidades, coloca em discussão qual papel do arquiteto numa sociedade que consegue viver, mesmo que precariamente, através da autoconstrução.

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Trabalhos de Conclusão de Curso | 2019_1

Proposição

A proposta de uma edificação para habitação popular em um terreno com dimensões tão limitadas e inserido em uma quadra já consolidada numa área central, objeto de crescente disputa imobiliária, exigia desde o início a verticalização. Além disso, norteava o projeto o simbolismo histórico do local na luta por moradias e ocupação da cidade, em função da queda do prédio ocupado, que causou a morte de diversas pessoas e desalojou os demais ocupantes. De início, era lógico o pleno aproveitamento de toda a quadra, maximizando a ocupação do espaço, mas esta ideia modificou-se com a pesquisa sobre as moradias brasileiras e sobre a lógica construtiva de incorporadoras. O projeto passou então a ter quatro tipos de unidade com tamanhos diferentes e uma área comum de convívio, como o corredor do conjunto Pedregulho, no Rio de Janeiro, por exemplo, que apresenta um amplo espaço cercado por cobogós que possibilita a permanência de seus moradores e usos diversos e imprevistos. Não parecia suficiente, ao tomar parte no debate sobre a qualidade da habitação social, apenas criar as tipologias e deixar que seus moradores as habitassem, largando-os. Era necessário permitir que se apropriassem do lugar, dando sua identidade, agindo sobre a cidade, fazendo-se presentes, e para isso a configuração do apartamento deveria ser a mais limpa possível, de modo a ser customizável. Esta ideia também foi influenciada pela proposta de moradia embrionária, presente nas casas de Quinta Monroy e Villa Verde, do escritório Elemental, nas quais uma parte criada permite o surgimento e o modelamento de anexos, criando cômodos e quartos de acordo com a necessidade dos usuários.

contexto do projeto, além de referências para a solução estrutural e de materiais, no caso da HIS, concreto armado, lajes nervuradas e madeira para caixilhos. Criar um uso comercial para o prédio, de modo a respeitar o Plano Diretor que incentiva o uso misto na região era uma das hipóteses para o edifício. Novamente a questão do terreno emblemático trouxe à tona a pergunta sobre se esta alternativa não tornaria o projeto apenas mais um edifício, com sua importância limitada ao antigo uso do local. Surge então a proposta do escritório modelo, que compõe uma unidade do SUS da Arquitetura. Com o intuito de novamente “fazer-se presente”, o escritório atende a sociedade que necessita de auxílio para construir e reformar, além de ser uma forma do arquiteto, figura muitas vezes considerada elitizada e pertencente a um nicho específico da sociedade, mostrar a função de um planejador de todos os espaços, tirando o caráter elitizante que às vezes possui. Durante o progresso do trabalho, pensou-se para a transição da parte residencial ao embasamento de serviços uma estrutura em V, metálica, que diminuiria a quantidade de pilares presentes nos escritórios e no

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adequado, por serem realidades próximas, de acordo com a situação política e econômica do

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Buscar referências dentro de um contexto nacional e dentro da América Latina pareceu mais


BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

térreo. Esta ideia foi abandonada pois fugia da premissa de ser um edifício com custo relativamente baixo e de um raciocínio estrutural simples. A opção por um baixo gabarito é antagonizar a mentalidade de super aproveitamento do lote por parte de construtoras voltadas ao mercado habitacional popular. Espalhando pela região prédios com viés arquitetônico semelhantes, ocupando as áreas abandonadas e ativando diversos tipos de uso a um terreno. É comum a elevação de torres com 16 pavimentos com 6 unidades por andar, concentrando o máximo de pessoas. Em habitações deste tipo não há uma qualidade ocupacional, abre-se mão de uma melhor divisão interna das unidades para atingir o objetivo de plena ocupação, além disso as unidades apresentam pouquíssimas variações de área, possuindo uma metragem comum, atraindo ocupantes de faixas sociais parecidas, homogeneizando o lugar, condicionando

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Arquitetura de Interiores, Desenho do Objeto e Cenografia

o entorno a um estrato social apenas.

Figura 03 : Fachada Fonte: produção do autor

Figura 04 : Planta Apartamento: produção do autor

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Figura 05 : Fachada: produção do autor

BONDUKI, Nabil, Revista do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa vol.xxix (127), 1994 (3.°),711-732 BONDUKI, Nabil, Origens da Habitação Social no Brasil, Ed. Estação Liberdade. ROLNIK, Raquel , Folha Explica: São Paulo, 2003. MARICATO, Ermínia, Para entender a crise urbana, Ed. Expressão Popular, 2015 BONDUKI, Nabil, Os Pioneiros da Habitação Social, Ed. SESC, 2014

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Referências

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Figura 06 : Corte: produção do autor



Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo

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Container, Uma nova concepção em abrigos Eliana Barretto e Silva Santos

Fonte: acervo do autor

Resumo: Este trabalho visa mostrar uma problemática atual das grandes cidades, as pessoas em situação de rua, e fornecer solução urbana através uma arquitetura sustentável para diminuir o grande déficit de vagas de acolhimento para essas pessoas em estado de vulnerabilidade social. O objetivo é projetar espaço público com o uso de containers, viabilizando a obra com baixo custo, baixo impacto ambiental, fácil e rápida implantação, material reciclável e sustentável. Utilizando técnicas construtivas e arquitetura bioclimática para garantir e criar soluções para amenizar efeitos negativos da materialidade no equipamento, proporcionando melhor desempenho termoacústico em todo o projeto.

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Figura 01: Moradores de rua

Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo

Orientador: Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins


BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

Introdução: Para elaborar o projeto foi necessário estudar e fazer o levantamento de dados do perfil dessa população com base em índices sociais, obtidas pelo Ministério do Desenvolvimento Social (Censo /fipe /Usp/2015).

Levantamento de dados : Regional da Sé

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Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo

Casas de acolhimentos (85) e Ctas( 07) : total de vagas 13 mil Déficit de vagas : 12 mil Público alvo: moradores de rua Total: 25 mil em São Paulo

Graficos 1,2, 3 /Fonte : Ministério do Desenvolvimento Social

Figura 2: Cta Santo Amaro Fonte: acervo do autor

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Referências de projeto:

Projeto:Container, uma nova concepção em abrigos Partido do projeto: Criar uma arquitetura integrada com o espaço e entorno urbano, conectando a Praça da República ao equipamento, área verde importante no bairro , preservando e resgatando a paisagem da cidade. Priorizar métodos construtivos ecoeficientes

térmico e otimizar os espaços projetados, buscando tornar os ambientes internos e áreas de convivência versáteis para usos variados. O processo construtivo foi realizado através do sistema de empilhamento dos containers, inversão e deslocamentos entre eles, para criar melhor aproveitamento das aberturas originais, adequando o uso como portas e janelas para o projeto e ainda criar beirais e passarelas de circulação entre os blocos. Houve também a necessidade de fazer novas aberturas e retirada das paredes de fechamento dos containers, para adequar aos espaços, tornando necessário o uso de reforço estrutural com perfil dobrado nas vigas e o uso de steel frame nas novas aberturas. Na torre de circulação vertical foi executada com estrutura metálica independente .Todo o projeto teve tratamento de isolamento termoacústico nos ambientes de permanência. Foram inseridas pequenas praças de permanência e socialização através de projeto paisagístico adequado a permeabilidade e qualidade ambiental do equipamento.

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rápida, barata e sustentável. Minimizar os efeitos negativos do material em relação ao conforto

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no projeto, com o uso de material reciclado(Containers), para proporcionar uma obra limpa,


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Implantação:

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Plantas:

Fachada frontal

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ReferĂŞncias:

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Moradia estudantil em contêiner Gabriela Gomes Orientador: Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins.

Este trabalho propõe um projeto sustentável de moradia estudantil perto de uma instituição de ensino. O estudante gasta muito tempo no trânsito por morar longe da faculdade e isso diminui seu bem-estar. Essas horas gastas com a locomoção poderiam ser melhor aproveitadas como: estudando por mais tempo, praticando exercícios ou até dormindo mais. A escolha por utilizar o contêiner no projeto foi por agilizar o processo construtivo, ser mais econômico que a construção convencional de alvenaria, ser uma opção sustentável já que este seria reaproveitado, possibilitar um canteiro de obra mais limpo além de ser uma obra que utiliza menos materiais. A proposta arquitetônica, por sua vez, é capaz de viabilizar ambientes agradáveis e harmoniosos que oferecem a adequação do lugar para um estudo mais eficiente.

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Resumo

Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo

Figura 01: Vista 3D. Fonte: Elaborado pela autora.


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Introdução O objetivo deste trabalho é conceber um projeto arquitetônico sustentável de moradia estudantil reutilizando contêineres marítimos. Esses possuem um sistema de encaixe que facilitam tanto no momento da implantação quanto no empilhamento. Além disso, o uso dos contêineres viabiliza uma obra mais breve e sustentável, quando comparada à construção convencional de alvenaria. A motivação é pessoal e propõe-se melhorar a qualidade de vida dos estudantes e projetar de modo sustentável ao reutilizar contêineres. Utilizá-los apresenta diversas vantagens por possibilitarem uma construção rápida e cerca de 35% mais econômica se comparada à construção convencional de alvenaria (CORBAS, 2012), serem flexíveis podendo ser construídos em um local e transportados prontos para seu destino final, além de possuírem um estilo ímpar e notável (DISCOVER CONTAINERS, 2018). A maior parte dos universitários gasta muito tempo em transportes públicos e esse tempo poderia ser melhor aproveitado. Dessa forma, morando perto da instituição de ensino, os estudantes não precisam perder tempo nos deslocamentos. Isso ocasionará a melhora no rendimento dos estudos, instigando a participação na vida acadêmica da instituição e reduzindo as chances de abandono do curso. Estudos apontam os impactos positivos na vida dos estudantes que residem em moradias estudantis (LACERDA; VALENTINI, 2018). Em geral, há um aumento no rendimento além de assegurar a permanência dos mesmos nas universidades. Além disso, Ibope (2017) aponta que a maior parte das pessoas leva cerca de duas horas pra se deslocar até sua atividade principal, nesse caso a Instituição de Ensino, e que essa ação acaba exercendo um efeito negativo sobre o bem-estar dos mesmos (BITTENCOURT; LERÍPIO, 2017). Esse trabalho tem caráter investigativo comparativo, qualitativo e quantitativo. Investigativo

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Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo

comparativo, pois avalia as vantagens da construção que reutiliza Contêineres comparandoo à construção usual de alvenaria. Ilustrativo, já que atestá-lo-á da melhoria na qualidade de vida dos estudantes que residem em moradias estudantis. Qualitativo, por entender que há um problema de moradia estudantil na cidade de São Paulo. Por fim, quantitativo, uma vez que determina, por forma de pesquisas, qual a dimensão e as possíveis consequências da falta das moradias universitárias. De forma resumida, o trabalho seguiu o seguinte método: Etapa 1ª: Definição do tema e pesquisa bibliográfica. Etapa 2ª: Fundamentações e Referências. Etapa 3ª: Definição do público alvo; terreno para implantação do projeto e estudos de caso. Etapa 4ª: Desenvolvimento do projeto arquitetônico. Etapa 5ª: Conclusões e resultados finais.

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Proposição O projeto de Moradia Estudantil em Container foi pensado para ser próximo a alguma Instituição de ensino. Dessa forma, o terreno escolhido resulta do levantamento do perímetro na zonal sul de São Paulo que contém mais Universidades e instituições de ensino superior, atrelado a boa oferta de transporte público. Este se encontra entre a Avenida João dias e a Rua Laguna, conforme mostrado a seguir:

Sendo assim, o projeto conta com unidades para um único estudante, para aqueles que preferem morar sozinhos; conta com unidades compartilhadas para até três estudantes, que visam baratear os custos de moradia; e unidades acessíveis para pessoas com necessidades especiais (PNE). Os prédios têm sete pavimentos cada, com 49 unidades habitacionais no total, sendo 35 unidades destinadas a estudantes individuais, 7 unidades PNEs e 7 unidades compartilhadas para até 3 pessoas. Além de 1 lavanderia compartilhada por andar/prédio, e 1 sala de estudos por andar/prédio, totalizando 14 salas de estudos.

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A ideia do projeto é fornecer uma moradia estudantil de qualidade e rápida de ser construída, já que utiliza o container, para que seja cada vez mais comum esse tipo de moradia perto das instituições de ensino.

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Figura 02 : Localização do terreno. Fonte: Produzido pela autora.


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Figura 03 : Vista interna da unidade individual. Fonte: Produzido pela autora.

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Com a intenção de trazer mais vida e interação com o entorno, foram pensadas lojas ou pequenos restaurantes/ bares no térreo que serviriam tanto a comunidade ao redor quanto aos estudantes.

Figura 04 : Vista interna da unidade do restaurante. Fonte: Produzido pela autora.

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Referências ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. BITTENCOURT, Viviane Seda; LERÍPIO, João Renato. O impacto do tempo perdido no trânsito no Bem-Estar do brasileiro. 2017. Disponível em: <https://blogdoibre.fgv.br/posts/o-impactodo-tempo-perdido-no-transito-no-bem-estar-do-brasileiro>. Acesso em: 27 set. 2018. BRASIL. Decreto n. 7234, de 19 de jul. de 2010. Programa Nacional de Assistência Estudantil – PNAES. Brasília: Ministério da Educação. Ampliar as condições de permanência dos jovens na educação superior pública federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2007-2010/2010/decreto/d7234.htm>. Acesso em: 28 nov. 2018. CORBAS, Danilo. Casa Container - Danilo Corbas [ Jornal da Band ]. [S. l.], 15 fev. 2012. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ZjUK3cvJPCU. Acesso em: 22 fev. 2019. DISCOVER CONTAINERS. Advantages of Building with Shipping Containers. Disponível em: < https://www.discovercontainers.com/advantages-of-building-with-shipping-containers/>. Acesso em: 01 dez. 2018. IBOPE, Inteligência. Mobilidade Urbana: Setembro/ 2017. 2017. Disponível em: <https://nossasaopaulo. org.br/portal/arquivos/pesquisamobilidade2017.pdf>. Acesso em: 28 set. 2018. JÚNIOR, Adalberto José Vilela. Uma visão sobre os Alojamentos Universitários no Brasil. Anais Docomomo Brasil 5, São Carlos, 2003. LACERDA, Izabella Pirro; VALENTINI, Felipe. Impacto da Moradia Estudantil no Desempenho Acadêmico e na Permanência na Universidade. Psicol. Esc. Educ., Maringá , v. 22, n. 2, p. 413-423, ago. 2018 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= S1413-85572018000200413&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 02 out. 2018. LE GOFF, Jacques. Os Intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2003. MAPA DIGITAL DA CIDADE. Mapa: Legislação. 2018. Disponível em: <http://geosampa.prefeitura. sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx#>. Acesso em: 30/10/2018. SLAWIK, Han; BERGMANN, Julia; TINNEY, Sonja. Container Atlas: A practical guide to container

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architecture. Alemanha: Die Gestalten Verlag, 2010. 256 p.



Ecovila Moradia + Centro de educação ambiental e vivências Giullia Aguiar Resende

Resumo O trabalho tem como proposta o desenvolvimento do projeto de uma ecovila integrada a um centro de educação ambiental e vivências, inserida no meio urbano, que visa o máximo de autossuficiência utilizando materiais e recursos renováveis. A proposta deste trabalho se deu principalmente diante da crise ambiental que subsistimos e da necessidade de um modelo positivo que demostre a viabilidade de um futuro sustentável. Como metodologia foi desenvolvida e utilizada uma base teórica e utilizados estudos de referência, de caso e cursos práticos de bioconstrução e permacultura para realização do projeto.

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Figura 01: Ecovila. Fonte: acervo do autor

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Orientador: Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins


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Introdução A partir do crescimento da população mundial e de sua economia fundamentada no consumo dos recursos naturais, tratar do tema da sustentabilidade é fundamental, pois o modelo de cidade em que vivemos atualmente é um dos principais causadores da destruição ambiental; o crescimento urbano desordenado gerou áreas urbanas desconectadas e dependentes de energias não renováveis. Quando o assunto é sustentabilidade apesar da área da construção civil representar um dos setores mais importante na economia mundial, é o que mais causa impactos ambientais, por consumir recursos naturais e gerar altos níveis de poluição. Os recursos naturais são extraídos, utilizados e descartados muitas vezes de forma irresponsável, vivemos em uma sociedade do consumismo e do descarte, isso reflete na sociedade com desigualdade social, no distanciamento entre as camadas sociais, na extrema valorização do consumo, no individualismo, desemprego e pobreza, que reforçam cada vez mais a atual crise socioambiental. Diante deste contexto instável existe a necessidade de modelos positivos que demostrem a possibilidade de uma alternativa sustentável, desta forma as ecovilas é uma escolha como organização comunitária que busca um estilo de vida de baixo impacto ambiental. As ecovilas estão ligadas com a forma de conscientização ecológica, sendo que o poder transformador ligado às atividades educacionais tem papel fundamental no processo de conscientização e consequentemente produção de mudança. Perante a necessidade de um modelo positivo de conscientização e pratica sustentável é que se insere o projeto. Sendo assim o objetivo do trabalho é a proposta do projeto de ecovila integrada a um centro de educação ambiental e vivências de forma a promover a conscientização e a capacitação nas áreas de permacultura, bioconstrução e atividades correlatas. Em termos gerais, o trabalho classifica-se como exploratório, qualitativo, visando estudar e

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entender as ecovilas, as diversas técnicas de bioconstrução e os fundamentos da permacultura. O trabalho se fundamentou em pesquisas bibliográficas, estudos de projetos de referências, estudo de caso e cursos práticos relacionados ao tema. Proposição O lote do projeto está localizado no município de Mogi das Cruzes, a cerca de 50 km de São Paulo, o terreno tem área total de 28.650,00m² e topografia com declive de 5 metros. Buscou-se preservar a vegetação de grande porte do terreno, assim como preservar o máximo possível da topografia, tendo algumas modificações para tornar viável a implantação das edificações. O projeto busca privilegiar bastantes áreas verdes para proporcionar melhor qualidade de vida para os moradores e visitantes da ecovila, já que tais áreas exercem funções ecológicas, estéticas e psicológicas. Para implantação do projeto buscou-se aproveitar ao máximo o que o terreno oferece, o acesso de pedestres e veículos foi implantado na parte frontal central do terreno onde as curvas de nível são mais sutis de modo a não modificar a topografia, e aproveitando a topografia acidentada na parte frontal

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direita do terreno e a tendência de ter acúmulo de água da chuva foi implantada a lagoa de retenção para assim esta água ser aproveitada para plantação; devido fontes de ruídos na parte frontal e posterior do terreno foi pensado em intensa arborização como aliada para diminuir a poluição sonora, nos recuos laterais do terreno também foi pensado em arborização como defesa contra poluentes. Pelo Centro de educação ambiental ser uma área comunitária acessível ao publico sua implantação foi realizada na parte frontal do terreno onde o acesso é imediato. Na parte frontal do terreno também está localizado a área de paisagismo produtivo e sua respectiva área de apoio por ser parte do centro de educação e por estar junto com a lagoa de retenção. O centro de educação ambiental e vivências terá atividades e ações socioambientais, a intenção é que seja ministrado cursos, oficinas, palestras, visitações monitoradas, imersões e vivencias de temática ambiental, ou seja, temas como bioconstrução, permacultura, sustentabilidade, etc. As habitações unifamiliares por ser uma área privada foram implantadas na metade para o fim do terreno. O sistema de tratamento ecológico de esgoto foi implantado na parte mais baixa do terreno para facilitar o escoamento devido à inclinação natural do terreno. O projeto conta com 30 lotes onde a intenção é que as residências a serem construídas sejam realizadas com ajuda de alunos (nas aulas práticas de bioconstrução do centro de educação), colaboração de voluntariado e pelos próprios moradores. Sendo essas moradias construídas de forma ecológica buscando ao máximo o baixo impacto ambiental no seu planejamento, execução até ao longo

Figura 02: Implantação. Fonte: acervo do autor

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de sua ocupação.


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Como na Permacultura é importante transformar resíduo em recurso e necessidades importantes devem ser supridas por mais de um elemento, para a infraestrutura da ecovila buscou-se implantar diferentes tipos de tratamento ecológico de saneamento, mas também pelo projeto contemplar o centro de educação ambiental é interessante que os alunos tenham exemplos visuais na ecovila, por isso foi implantado o circulo de bananeiras, o sistema de bacia de evotranspiração, sistema wetland, jardim filtrante, banheiro seco Bason e a estação de tratamento ecológico de esgoto que é conhecida como Máquina Viva um sistema patenteado de tratamento que funciona com tanques agrupados que contem ecossistemas diversos como plantas, algas, peixes, bactérias e micróbios, além de biofiltros. Além disso a ecovila conta com a lagoa de retenção de água da chuva e cisternas nas edificações do centro de educação para utilização da água para uso não potável como descargas, irrigação, limpeza, etc. Em relação à gestão energética, o projeto conta com placas fotovoltaicas, três aerogeradores de eixo vertical, postes solares, o aquecimento da água do centro educação é realizado por fogão a lenha e das casas por placas solares. As edificações do centro de educação ambiental são baseadas na construção yurt, uma construção vernacular que foi desenvolvida pelas comunidades nômades da Ásia central, onde a estrutura da cobertura é composta por um anel laminado colado mantido sob compressão e um cabo de aço mantido sob tensão. A estrutura da edificação da recepção/administração (diagrama 01) é realizada com bambu tendo sua vedação com tecidos de isolamento térmico e impermeável. As outras seis edificações (exemplo diagrama 02), a estrutura da cobertura é de eucalipto e as paredes são de

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alvenaria autoportante, sendo utilizado o tijolo adobe realizado com mistura de terra, palha e água.

Figura 03: Diagrama 01: Administração/recepção. Diagrama 02: Ateliê. Fonte: acervo do autor

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O projeto conta com 30 lotes, sendo eles de 12m x17m com o total de 204,00m², recuos mínimos foram adotados para que as casas não façam sombra uma na outra e para que tenha circulação de ventos, as casas podem ser térreas com 63m² ou assobradadas com 125m². O critério de implantação das residências é que sejam respeitados os recuos, a área construída e que sejam bioconstruidas, os critérios de quais materiais e técnicas utilizar e a estética das residências fica de gosto de cada morador. Como exemplo a casa ao lado, um projeto de residência térrea de 63m² que poderia ser implantado na ecovila, a estrutura de pilares e vigas é feita de bambu. A fundação dos pilares é de cimento, o contrapiso de solocimento, a laje das caixas d’água de concreto e bambu. O fechamento da casa é em pau-a-pique que é realizado com trama de bambu, onde é feito o envaramento vertical de bambu com distancia de 50cm no máximo e bambus verticais em tiras são tramados e então o barro é aplicado. A cobertura é feita de bambus coberto com lona plástica,

Referências CAPELLO, Giuliana (Autor); COIMBRA, Jose de Avila Aguiar (Organizador); SILVA, Marina (Prefácio). Meio ambiente & ecovilas. São Paulo: Ed. SENAC São Paulo, 2013. 200 p. GAUZIN-MÜLLER, Dominique (Autor); FAVET, Nicolas (Colaborador); MAES, Pascale (Colaborador); SOUZA, Celina Olga de (Tradutor); FREITAS, Caroline Fretin de (Tradutor). Arquitetura ecológica. São Paulo: Ed. SENAC São Paulo, 2011. 304 p.: il. fots. color. GRONDZIK, Walter T.; KWOK, Alison G. Manual de arquitetura ecológica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. 422 p. LENGEN, Johan Van. Manual do arquiteto descalço. Editora B4 Editores, São Paulo, 2014. REIS, Daniela Cunha; BRITTO, Leonardo; ANTUNES, Renata Pinassi. Manual de iniciação em bioconstrução. Ubatuba: IPEMA - Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica, 2018. 35 p. ROYSEN, Rebeca. Ecovilas e a construção de uma cultura alternativa. 2013. 245 f. Dissertação (PósGraduação em Psicologia)- Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-31072013-114650/publico/roysen_me.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2018.

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Figura 04: Exemplo de moradia da ecovila. Fonte: acervo do autor

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terra e grama.



Eco Resort E aplicação de resíduos plásticos Talita Araújo Brito Orientador: Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins

Com o fenômeno da globalização, a sociedade passou a produzir uma maior quantidade de resíduos, devido ao consumismo, analisa o sociólogo Bauman no livro Modernidade Líquida. Juntamente com essa análise e o baixo índice de reciclagem no Brasil, podemos encontrar uma grande quantidade de resíduos na orla do país. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, em parceria com o Instituto Socioambiental dos Plásticos aponta que 95% desse montante é resíduo plástico, no Nordeste o principal causador é o turismo. Afim de atingir esse público alvo e incentivar a reciclagem na região, este trabalho tem como objetivo projetar um resort ecológico sustentável utilizando elementos construtivos que aproveite o plástico como matéria prima, assim a população local terá interesse em construir outros tipos de edificações utilizando o mesmo princípio, gerando lucro através da reciclagem e conscientizando moradores e turistas. Além de melhorar o entorno e o terreno escolhido para o projeto.

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Resumo

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Figura 01: Implantação Geral.


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Introdução No livro "Vidas desperdiçadas" do sociólogo Zygmunt Bauman, publicado em 2003, é discutido sobre as consequências maléficas da globalização. Um assunto de muita relevância para este trabalho e abordado no livro, é a grande quantidade de lixo gerado nos centros urbanos e o seu destino. Diversos autores justificam o grande montante de lixo através do consumismo exagerado na aquisição de bens de consumo da população. Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) o Brasil produziu no ano de 2016, 78 milhões de toneladas sendo a maioria levado para lixões. O Brasil ocupa a 16° posição no ranking de países mais poluidores dos mares. São lançados cerca de 70 mil a 190 mil toneladas de resíduos plásticos conforme artigo do BBC em 2018. O Brasil contribui com o descarte de 2 milhões de resíduos jogados no mar anualmente conforme Associação Internacional de Resíduos Sólidos. Segundo estudo realizado pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), em parceria com o Instituto Socioambiental dos Plásticos (Plastivida) desde 2012, foi constatado que 95% encontrado na orla brasileira são resíduos plásticos, garrafas, copos descartáveis, canudos, cotonetes, embalagens de sorvete, redes de pesca entre outros. No Nordeste o grosso do material é encontrado na areia seca e vem do turismo. Para melhorar esse cenário através da reciclagem em conjunto com a arquitetura, foram estudados os projetos abaixo: •

Projetos do Colombiano Oscar Mendez - Optou por transformar o lixo plástico em moradias para aqueles que mais precisam através da empresa Conceptos Plásticos, iniciativa que

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Tecnologia Aplicada ao Projeto de Arquitetura e Urbanismo

ajuda o meio ambiente e diminui o déficit habitacional.

Figura 02: Bloco de lego de Oscar Mendez Fonte: Conceptos Plásticos. Figura 03: Projeto de Moradia de Oscar Mendez. Fonte: Conceptos Plásticos. •

Hotel Guaramiranga - O hotel Vale das Nuvens localizado em Guaramiranga no estado do Ceará inaugurado em 2011 é a primeira unidade hoteleira feita com placas plásticas do mundo, foi idealizado e projetado pelo engenheiro civil Joaquim Caracas, e construído por sua empresa Protensão Impacto. Foi construído a partir do modulo composto por plástico e isopor, como isolante térmico e acústico e baseado na técnica de encaixes para facilitar o processo de montagem.

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Container Plástico - Uma alternativa para quem busca opções para pequenas instalações bastante resistentes. Montado a partir de pequenos módulos de plástico reciclável ele é utilizado principalmente em canteiros de obra, stands de vendas e escritórios.

Figura 04: Foto processo de montagem. Fonte: Brasil Engenharia. Figura 05: Ilustração - passos para a construção. Fonte: Protensão Impacto. A partir da análise realizada foi escolhido o estado que mais recebe turistas no Nordeste, Salvador. Posteriormente foi analisado o mapa de zoneamento para encontrar o melhor terreno dentro da Zona de Interesse Turístico para a construção de um eco resort. Proposição Localizado na Alamedas da Praia, Itapuã, Salvador, Brasil, entre as ruas Alameda praia de Guaratuba, Rua Professor Carlos Ott, e fundo das casas da rua Alameda Sol do Atlântico e orla da praia de Itapuã. O terreno possui aproximadamente 100 mil metros quadrados, sendo 150 metros de largura na

conta com um supermercado aproximadamente a 15 metros de distância, como é possível ver no mapa de uso e ocupação do solo e também no mapa de zoneamento, por estar próximo de uma ZPR1 – Zona predominantemente residencial 1. Após o levantamento e análise de dados do terreno mostrados anteriormente, foi possível dar início ao projeto arquitetônico do eco resort. Afim de trazer fluxo de pessoas para as ruas muradas do entorno foi implementado no perímetro do terreno alguns pontos de interesse, na Alameda Praia de Guaratuba foi projetado um centro comercial para a venda de produtos artesanais no piso inferior e uma praça de alimentação no piso superior, além de um terraço que possibilita a vista para o mar. Ao longo da Rua Professor Carlos Ott há uma praça que interliga a entrada do eco resort ao parque linear na orla, entre eles foi projetado um restaurante aberto ao público com pé direito duplo e um bar no andar superior. O Parque Linear na orla possui caminhos para ciclistas e pedestres além de espaços de lazer para as crianças e um espaço destinado para ver o nascer do sol aumentando assim a relação com a natureza. Na parte interna foi definido um grande eixo de circulação da entrada do eco resort até a praia, ao longo desse eixo temos acessos as piscinas com diferentes características, espaços de lazer, quadras,

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de extensão na orla. O terreno está próximo de diversos condomínios fechados residenciais e hotéis, e

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Alameda praia de Guaratuba, 260 metros de largura na Rua Professor Carlos Ott, e cerca de 500 metros


BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

restaurantes, academia entre outros. Os apartamentos foram posicionados com a fachada no eixo leste/oeste, garantindo assim uma boa iluminação e proporcionando a vista para o nascer e pôr do sol e na cobertura foi projetado o restaurante do eco resort, no oitavo andar, permitindo assim uma ótima vista. Como é possível visualizar no diagrama a seguir.

Figura 06: Diagrama do projeto. Autoral

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Figura 07: Corte do edifício e estudo de fachadas para um bom conforto térmico. Autoral.

Figura 08: Corte EE.

Figura 09: Corte BB.

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Referências

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Princípios básicos para uma Arquitetura Sustentável e Materiais Sustentáveis. (s.d.). Acesso em 28 de Novembro de 2018, disponível em Metalica: http://wwwo.metalica.com.br/principios-basicos-para-umaarquitetura-sustentavel-e-materiais-sustentaveis

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Parede estrutural de painéis de PVC preenchidos com concreto comum. (s.d.). Acesso em 10 de Novembro de 2018, disponível em Construnormas: http://construnormas.pini.com.br/engenhariainstalacoes/vedacoes-revestimentos/parede-estrutural-de-paineis-de-pvc-preenchidos-com-concretocomum-341170-1.aspx



Esta revista foi produzida em junho de 2019 pelo ARQLAB, com as famĂ­lias tipogrĂĄficas Arial, Cambria e Futura.


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