Cartilha_Arquiteto_e_Urbanista_25_1_N

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Capa ARQUITETURA

Professora: Ana Carolina Ferreira Mendes

Adriana Soares Mendes Pereira

Ana Beatriz dos Santos Freitas

Ana Laís Pereira de Souza

Antonio Rocha Passos Neto

Ariane Lima Aguiar

Arthur dos Santos de Lima Bastos

Brenda Parussolo Fernandes

Cassia Souza Menezes de Oliveira

Christian Terra Jardim

Clara de Araújo Rodrigues

Cynthia Gonçalves Mariano

Daniele Santana da Cruz

Felipe de Carvalho Vieira

Gianni dos Santos Novi

Giovanna da Silva Ribeiro Varasquim

Giovanna Simplicio

Giulia Souza Rengel

Helena Matos Santiago

Henrique Gabriel

Italo Bernardo Carvalho da Silva

Izabelle Dias Leite da Silva

Ligia Helena Barbosa Ferrari

Marcelo Lima Agostinho

Maria Fernanda dos Santos Sampaio Silva

Melissa Lopes da Silva

Pauline Araújo Gutierrez

Rafael Alves Medeiros

Taina Martins da Silva

Tainá Silva Soares

Thamiris Moniz Campbell

Thatianne Andrade de Oliveira

SUMÁRIO

Introdução 1. Habitação Social e ATHIS

2. Mobilidade e Desenho Urbano 3. Arquitetura da Paisagem 4. Restauro e Retrofit 5. Arquitetura Efêmera 6. Planejamento Urbano e Políticas Públicas

I N T R O D U Ç Ã O

Em virtude da pouca visibilidade dada às diversas funções desempenhadas por arquitetos e urbanistas, esta cartilha propõese a ampliar o entendimento da sociedade diante do papel desses profissionais em diversas esferas do ambiente construído, muitas vezes negligenciadas pelo olhar comum.

Sendo assim, os conteúdos aqui apresentados, no âmbito da disciplina “Estudos Sociais Urbanos – Práticas Extensionistas”, ofertada no primeiro semestre de 2025, no curso de Arquitetura e Urbanismo, no Centro Universitário Senac SP, foram conduzidas em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), incluindo a realização de entrevistas que possibilitaram a escuta de diferentes perspectivas sobre as temáticas abordadas.

Além disso, com base em eixos temáticos, esta cartilha reúne iniciativas que buscam reforçar a importância da construção de cidades mais equitativas, sustentáveis e funcionais. Cada grupo explorou um recorte específico, revelando a amplitude e o impacto da profissão no cotidiano urbano.

Com o intuito de enriquecer a comunicação visual deste material, foram desenvolvidos ícones representativos, inspirados em animais da fauna brasileira, cujas características simbólicas revelam uma relação conceitual com os temas abordados, estabelecendo uma analogia sensível entre a natureza e prática profissional.

Nesse contexto, espera-se que este material instigue uma análise crítica nas transformações que esses profissionais promovem no tecido social e urbano.

F A U N A B R A S I L E I R A

João de Barro: Faz sua própria moradia com barro, de forma artesanal e adaptada ao clima e ao território. Seus ninhos costumam aparecer em comunidades ou agrupamentos, evocando a ideia de conjuntos habitacionais.

Formiga Saúva: Constroem complexas redes organizadas com funções específicas, representando a lógica de um desenho urbano bem planejado, com fluxo, hierarquia e organização.

Lobo Guará: Percorre vastas paisagens do cerrado, respeitando os ciclos naturais remete à integração sensível entre projeto e natureza.

Coruja: Associada à sabedoria e ao tempo, a coruja representa o olhar atento ao passado, à memória e à preservação, com respeito ao que já existiu.

Beija Flor: Sua habilidade de pairar, mover-se com agilidade e precisão lembra estruturas efêmeras que precisam ser montadas e desmontadas com eficiência, adaptando-se rapidamente ao espaço.

Abelha Jataí: Vive em colmeias altamente estruturadas, com papéis bem definidos, fluxo interno e eficiência no uso do espaço. Simboliza cidades bem planejadas, com zonas funcionais claras e harmonia entre partes.

O p a p e l s o c i a l d o A r q u i t e t o e U r b a n i s t a

H

A B

I T A Ç

D E I N T E R E S S E S O C I A L

Habitação Social no Bairro Padre Cruz

Habitação De Interesse Social e ATHIS

O Padre Cruz é um bairro de habitação social localizado na zona norte de Lisboa, Portugal Inicialmente construído pela Câmara de Lisboa na década de 60, possui 7.500m², finalizado no ano de 2017 pelos arquitetos Alexandre Dias, Bruno Silvestre e Luís Spranger. Apresenta o objetivo de alojar os funcionários e suas famílias. O projeto faz parte de um programa para substituir as moradias em estado avançado de degradação existentes no bairro.

É composto por 20 habitações, apresentando tipologias diversas. A solução arquitetônica encontrada para este projeto corresponde a uma ordem de volumes de dois, três e quatro pisos. Colocados desta forma perpendicularmente à Rua do Rio Douro, encontram-se alinhadas com a geometria urbana do bairro.

Oito a cada dez habitações possuem acessos diretos tanto pela parte de cima (por meio de um caminho pedonal) como pela parte de baixo (pela Rua do Rio Douro). As casas com Tipologia 3 apresentam uma escada exterior a partir do caminho pedonal do nível superior.

A forma de organização destes edifícios criam pequenas praças, havendo espaços para plantar e cultivar, incentivando a convivência entre os moradores e criando assim um bairro mais sustentável e com melhor qualidade de vida Além disso, funcionam como zonas de transição entre a cidade e as casas. No meio do terreno há uma escadaria, lembrando o centro histórico de Lisboa, ligando a rua ao caminho dos pedestres.

Projeto Habitação Social Fonte: Archdaily - Habitação Social Padre Cruz
Caminho de pedestre Fonte: Archdaily - Habitação Social Padre Cruz
Caminho de pedestre Fonte: Archdaily - Habitação Social Padre Cruz
Vista quadra Fonte: Archdaily - Habitação Social Padre Cruz

Condomínio Residencial Heliópolis

Habitação

O Condomínio Residencial Heliópolis, conhecido como “Redondinhos”, é um projeto inovador de habitação social concebido por Ruy Ohtake em 2009 e concluído em 2017. Localizado em Heliópolis, a maior comunidade de São Paulo, o conjunto tem 9 torres circulares, cada uma com 5 andares e 16 apartamentos de 50 m² por unidade, totalizando 144 unidades habitacionais Cada apartamento possui dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço, todos com ventilação natural e gás encanado.

O projeto surgiu após um mal-entendido: uma declaração de Ohtake sobre as desigualdades urbanas foi interpretada como crítica à comunidade. Em resposta, líderes locais o convidaram a contribuir com melhorias para a região. O arquiteto então propôs uma arquitetura que promovesse dignidade e integração, evitando corredores internos para prevenir problemas sociais e criando áreas comuns no térreo para convivência e lazer.

Os “Redondinhos” destacam-se pela estética diferenciada e pela funcionalidade, transformando o espaço urbano e oferecendo uma moradia digna e integrada à cidade. O projeto reflete o compromisso de Ohtake com a arquitetura social e a melhoria da qualidade de vida nas periferias urbanas.

Planta do projeto Fonte: Ohtake Arquitetura
Área comum Fonte: Ohtake Arquitetura
Croqui do projeto Fonte: Ohtake Arquitetura
Projeto Condomínio Residencial Heliópolis Fonte: Ohtake Arquitetura

Casa Eco Pantaneira

O projeto Casa Eco Pantaneira é uma iniciativa de Arquitetura Sustentável e Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social (ATHIS), que busca oferecer moradias dignas e adaptadas às comunidades ribeirinhas da Área de Proteção Ambiental Baía Negra. O projeto alia conhecimento técnico à escuta comunitária para construir casas que respeitam o modo de vida local, o clima e os recursos naturais disponíveis.

As moradias utilizam materiais ecológicos, técnicas construtivas sustentáveis e foram pensadas para resistir às condições climáticas da região pantaneira, como as cheias sazonais.

As casas construídas são elevadas do solo para lidar com as enchentes, aproveitam a ventilação natural, fazem uso racional da madeira e adotam sistemas simples de captação de água da chuva. Mais do que moradias, elas representam segurança, saúde e pertencimento para famílias que antes viviam em condições precárias.

O projeto evidencia o papel fundamental do arquiteto na transformação social, planejando espaços mais justos, seguros e adequados às realidades locais A Casa Eco Pantaneira é uma prova de que a arquitetura, quando voltada ao bem comum, pode ser uma poderosa ferramenta de cidadania, dignidade e cuidado com o meio ambiente.

Equipe Casa Eco Pantaneira Fonte: Fna - Casa Eco
Projeto Pantaneira Fonte: Fna - Casa Eco
Entrega de projeto Fonte: Fna - Casa Eco
Construção do projeto Fonte: Fna - Casa Eco

Arquitetura na Periferia- IAMÍ

O Instituto de Assessoria à Mulheres e Inovação (IAMÍ) foi criado em 2018 por mulheres que atuam no projeto Arquitetura na Periferia (AnP), com a finalidade de abrigar além da AnP e seu crescimento, novos projetos. O IAMÍ tem como objetivo promover transformações sociais através de ações colaborativas que focam na dignidade humana, no protagonismo feminino e no combate à pobreza, por meio de tecnologias sociais baseadas no engajamento comunitário e na compreensão sistêmica das vivências femininas.

O Instituto já alcançou mais de 2.000 pessoas, foram ofertadas 1.492 horas/aula de capacitações e promovidas mais de 800 m² de melhorias habitacionais.

O projeto é subdivido em 3 áreas: Assessoria Técnica [AnPAT], Capacitações e Obras [AnP CO] e Bioconstrução [AnP BIO].

Essas áreas estão interconectadas e promovem a melhoria das condições habitacionais por meio de capacitações profissionais, com foco em sustentabilidade, autonomia e geração de renda. As participantes aprendem técnicas de planejamento, bioconstrução e execução de obras. Além disso, recebem microfinanciamento para reformar suas casas com independência e, após a capacitação, realizam reformas reais em outras residências, consolidando o aprendizado e fortalecendo sua atuação profissional.

Equipe IAMI Fonte: Arquitetura na Periferia
Construção da habitação Fonte: Arquitetura na Periferia
Entrega de projeto Fonte: Arquitetura na Periferia
Equipe IAMI Fonte: Arquitetura na Periferia

m o b i l i d a d e e d e s e n h o u r b a n o

Vila do Chapeu

Mobilidade e Desenho Urbano

A Vila do Chapéu, localizada na praia da Taíba, em São Gonçalo do Amarante (CE), é um projeto desenvolvido pelo escritório Henry Teixeira Arquitetura e Urbanismo que exemplifica como o desenho urbano pode promover mobilidade, lazer e integração com o meio ambiente.

O projeto da praça central da Vila do Chapéu foi concebido para ser um ponto de encontro e convivência para os moradores e visitantes. Concebido em formato de prancha de surfe, o desenho geral ainda possui locais lúdicos como uma espaço inclinado de lazer, playground infantil além de passeios abertos e um coqueiral. Esses itens tem a função de complementar, junto aos espaços esportivos a apropriação e uso do espaço por toda uma família, visto que o espaço é um destino turístico e de lazer.

Com uma área de 3.775 m², o espaço inclui: Duas pistas de skate para iniciantes e avançados no esporte, duas quadras de beach tennis, uma academia ao ar livre com equipamentos de madeira, resistentes à maresia, um playground infantil, um coqueiral e áreas de lazer, como passeios abertos, que incentivam a caminhabilidade e a interação social, favorecendo a mobilidade ativa (a pé ou de bicicleta). O projeto se insere no contexto de um loteamento residencial e turístico em crescimento.

Vista superior evidenciando o formato de prancha. Fonte: Archdaily - Vila do Chapéu
Vista a partir da rua Fonte: Archdaily - Vila do Chapéu
Quadra Beach Tenis Fonte: Archdaily - Vila do Chapéu
Rampas de Skate Fonte: Archdaily - Vila do Chapéu

MORAR CARIOCA

Mobilidade e Desenho Urbano

O programa Morar Carioca, lançado pela Prefeitura do Rio de Janeiro em 2009, visa promover a urbanização e regularização de favelas, buscando integrar essas comunidades ao tecido urbano formal da cidade, os responsáveis por cada transformação são selecionados através de concursos, onde o escritório escolhido se encarrega de cerca de 3 comunidades simultaneamente

Com investimentos que superam R$ 2,7 bilhões, o programa já beneficiou mais de 500 mil moradores em 226 comunidades. Seu foco está em áreas de especial interesse social, com intervenções que incluem infraestrutura urbana, conectividade viária, iluminação pública, coleta de lixo, lazer e paisagismo.

Os principais beneficiados são moradores de áreas historicamente marcadas por habitação precária O programa busca garantir moradia digna, segurança jurídica e acesso a serviços essenciais, como água, esgoto e drenagem. A regularização fundiária, por meio da entrega de títulos de propriedade, promove maior estabilidade social e acesso a crédito

Um exemplo é a comunidade de Manguinhos, na Zona Norte, que recebeu melhorias como novas vias, redes de esgoto e iluminação. Com a urbanização, houve avanços na mobilidade e acessibilidade, conectando melhor a comunidade ao restante da cidade e elevando a qualidade de vida dos moradores.

Praça do Conhecimento, RJ Fonte: Medium - morar carioca
Projeto preliminar de Unidades Habitacionais Multifamiliares Fonte: Artigo puc Rio
Morar Carioca Fonte: Agência de Notícias das Favelas

Malecón de Villahermosa

Mobilidade e Desenho Urbano

A intervenção urbanística do Malecón de Villahermosa aconteceu na cidade de Villahermosa, no estado de Tabasco, no México. Iniciada em 2022, a obra foi desenvolvida pelo escritório Taller de Arquitectura Mauricio Rocha, em parceria com TaAU e o arquiteto Alejandro Castro, a partir de uma iniciativa da SEDATU (Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Territorial e Urbano do México). O objetivo era transformar as margens do rio Grijalva, antes isoladas por um grande muro construído após enchentes, em um espaço público vibrante, acessível e seguro para a população.

A requalificação do malecón (calçadão à beira-rio) se estende por cerca de 6 quilômetros e beneficiou diretamente os moradores da cidade, especialmente aqueles que vivem nas proximidades do centro e de áreas com menor acesso a espaços de lazer e mobilidade segura. O projeto priorizou a mobilidade ativa: foram criadas ciclovias contínuas, calçadas largas, passarelas elevadas, travessias seguras, iluminação pública eficiente e infraestrutura que trás mais acessibilidade para o público.

A visão do profissional de arquitetura foi essencial para integrar o rio à cidade de forma sensível ao contexto local, respeitando as condições climáticas e sociais O projeto de desenho urbano também incluiu áreas verdes com espécies nativas, espaços de lazer e contemplação, quadras esportivas, mirantes e a renovação da fachada do Museu de Antropologia. Essa intervenção exemplifica como o urbanismo pode promover inclusão, mobilidade sustentável e reconexão entre cidade e natureza, mostrando a importância do planejamento urbano na qualidade de vida das pessoas.

Extensão rio Grijalva Fonte: Archdaily - Malecón de Villahermosa
Planta área esportiva Fonte: Archdaily - Malecón de Villahermosa
Malecón de Villahermosa Fonte: Premio Obras Cemex

Teleférico do Complexo do Alemão

Mobilidade e Desenho Urbano

Projetado por Jorge Mario Jáuregui, o Teleférico do Complexo do Alemão, instalado nas comunidades de mesmo nome no Rio de Janeiro, é um sistema de cabos aéreos que ligam a estação Bonsucesso a diversas comunidades do complexo, passando por seis estações: Bonsucesso, Morro do Adeus, Baiana, Alemão, Itararé e Palmeiras.

O teleférico foi inaugurado em 2011 e parou de operar em 2016 devido à falta de financiamento e manutenção. Foi identificado desgaste em um dos cabos de tração, exigindo uma manutenção que nunca foi concluída. Atualmente está em fase de recuperação e renovação, com previsão para reabertura até o final de 2025

A implantação deste sistema de transporte de massa por cabos tem várias vantagens, dentre elas:

Garantir acessibilidade aos locais sem exigir grandes demolições para ampliações de ruas; Desencravar a área, contribuindo para a mobilidade dos moradores nos pontos de maior dificuldade de acesso, especialmente idosos e crianças;

O fato de as estações aparecerem no mesmo campo visual junto da Igreja da Penha e o Cristo Redentor, constitui um fato relevante. E por estarem próximas da Igreja pode-se perceber claramente a “função simbólica” dela no sentido da “elevação vertical” através das suas duas torres.

Vista panorâmica do Complexo do Alemão a partir do teleférico Fonte: Archdaily - teleferico do complexo do alemao
Vista da Estação Morro do Adeus Fonte: Archdaily - teleferico do complexo do alemao
Estação Baiana Fonte: Archdaily - teleferico do complexo do alemao
Estação morro do Adeus Fonte: Archdaily - teleferico do complexo do alemao

A R Q U I T E T U R A

P A I S A G Í S T I C A

Calçadão de Copacabana

Arquitetura Paisagistica

Um dos maiores símbolos cariocas, a calçada de Copacabana, é um marco na deslumbrante paisagem do Rio de Janeiro. O que nem todos sabem é que sua história é dividida em duas épocas, com perspectivas e gerações de arquitetos distintas.

O primeiro projeto, por volta de 1909, é baseado no desenho do engenheiro Pinheiro Furtado, inspirado no largo do Rossio, Lisboa. O desenho das ondas é perpendicular ao comprimento da calçada e representa o encontro das águas do Rio Tejo com o Oceano Atlântico, que acontecem na capital portuguesa, e seu desenho foi batizado de "Mar Largo".

Na década de 1970 Burle Marx interveio no calçadão e trouxe uma nova paginação, o qual se tornou o "maior exemplo de obra de arte aplicada existente no mundo", segundo seu tombamento no Instituto Estadual de Patrimônio Cultural. O novo projeto é marcado pelo tracejado abstrato e pela essência autoral, que conta com formas geométricas, trazendo ao local um conjunto gráfico mais amplo Isso dialóga com as árvores de grandes copas e palmeiras ao redor, construindo um dos cenários mais turísticos e emblemáticos do mundo.

Vista aérea das calçadas Fonte: Conexão Lusófona
Calçadão de Burle Marx Fonte: Agenda Bafafa Turismo
Calçadão de Pinheiro Furtado Fonte: Apa Hotel Copacabana

The 606

Arquitetura Paisagistica

Após um incêndio de 1871, Chicago passou por um processo de reconstrução que incluiu a criação da linha férrea Bloomingdale, com o objetivo de impulsionar a industrialização. No entanto, após um século de uso, a ferrovia foi desativada em 1990 e permaneceu abandonada.

Apesar de haver planos da prefeitura desde 2003 para o local, foi a mobilização popular que tornou possível o projeto do parque linear The 606. As obras começaram em 2013, com uma equipe diversa, incluindo vários escritórios de arquitetura, como Michael Van Valkenburg Associates e Arup.

Com 4,8 km de extensão, o parque atravessa quatro bairros, com acessos a cada 400 metros, rampas de acessibilidade e conexão com seis outros parques, alguns criados junto com o próprio The 606. O parque também recebe eventos culturais e é palco de intervenções urbanas, como a criação de murais em seus pontos de acesso, em seus mirantes e nas pontes do século XIX que foram revitalizadas, recebendo áreas verdes com plantas nativas da região.

Valorizando os bairros por onde passa, é um exemplo de como cidades podem reaproveitar infraestruturas antigas de maneira sustentável

Vista aérea Fonte: ChicagoMag
Ciclovia Fonte: Architecture
Área de circulação
Fonte: Archdaily - The 606

Praça Victor Civita

Arquitetura Paisagistica

Localizada no bairro de Pinheiros, em São Paulo, a Praça Victor Civita, projetada por Levisky Arquitetos Associados + Hanazaki Paisagismo, em 2007, é um exemplo marcante de como a arquitetura paisagística pode transformar um espaço urbano abandonado em um ponto de encontro, lazer e educação ambiental Construída sobre o antigo terreno de um incinerador de lixo hospitalar, a praça é fruto de uma intervenção que alia sustentabilidade, requalificação urbana e conscientização ecológica.

O projeto teve como objetivo resgatar uma área degradada e torná-la acessível à população, promovendo atividades culturais, educativas e de lazer. O principal desafio foi a contaminação do solo, solucionada por meio da construção de passarelas elevadas e do uso de materiais sustentáveis. Assim, a praça oferece espaços de convivência seguros, integrados à natureza, sem contato direto com o solo contaminado.

Com isso, o projeto se destaca como um exemplo de como a arquitetura paisagística pode ser estratégica no redesenho das cidades, promovendo qualidade de vida, resiliência urbana e consciência ecológica. A Praça Victor Civita mostra que mesmo em um cenário urbano denso, é possível criar espaços sustentáveis, acolhedores e inovadores.

Vista aérea Fonte: Archdaily - Praça Victor Civita
Vista da separação do solo Fonte: Archdaily - Praça Victor Civita
Vista da separação do solo Fonte: Archdaily - Praça Victor Civita

Galpão Tropical

Arquitetura Paisagistica

Localizado em um bairro industrial em Manaus - AM, o Galpão Tropical projetado pelo escritório Laurent Troost Architectures em 2021 é um exemplo de como a arquitetura paisagística pode ressignificar espaços urbanos e industriais, transformando um antigo depósito em um escritório de arqueologia e incentivando uma combinação entre natureza, patrimônio e uso atual.

A iniciativa tem como base a valorização do bioma amazônico e a preservação da memória local. A intervenção estabelece um local onde arquitetura, arqueologia e paisagens tropicais se entrelaçam. Como resultado, surge um ambiente que proporciona conforto térmico, bem-estar e uma conexão sensorial com a natureza, mesmo inserido no contexto urbano.

O projeto evidencia a relevância da arquitetura paisagística como ferramenta fundamental para repensar e transformar as cidades. Mais do que embelezar o ambiente urbano, ele busca soluções sustentáveis que promovem bem-estar, saúde e reconexão com a natureza em meio à rigidez do concreto e das funções urbanas. A partir de exemplos como esse, torna-se evidente o papel essencial do arquiteto paisagista na criação de espaços mais sensíveis, resilientes e voltados ao ser humano

Fachada Fonte: Archdaily - Galpão Tropical
Área posterior do escritório Fonte: Archdaily - Galpão Tropical
Área Externa
Fonte: Archdaily - Galpão Tropical

R e t r o F i t e R e s t a u r o

Reichstag (O Parlamento Alemão)

Localizado em Berlim, Alemanha, o Reichstag, também conhecido como Bundestag, sede do Parlamento Federal Alemão, é um marco arquitetônico e político da história do país. Inaugurado em 1894 e projetado originalmente por Paul Wallot, o edifício passou por uma significativa reforma em 1999, conduzida por Norman Foster, que incluiu a adição de sua icônica cúpula de vidro

O Edifício do Parlamento Alemão, construído em 1894 por Paul Wallot, foi personagem principal de diversos eventos históricos, como em 1933, quando houve um incêndio na construção, causando um enorme impacto na cena política da época.

Ao fim de 1999, seu restauro foi concluído sob projeto de Norman Foster, que projetou uma cúpula de vidro de 23,5 metros de altura sobre a sala do plenário. Em sua parte interna, há um caminho em forma de espiral que leva até o topo, de onde se pode ver o Portão de Brandenburgo e uma bela vista da cidade.

A ideia do arquiteto, com a construção dessa redoma, é promover uma interação com a luz natural vinda de cima, fundamental em seus projetos. Além disso, ela providencia uma conexão visual com a câmara do parlamento, que fica logo abaixo. O fluxo de pessoas, dentro da cúpula, funciona através de rampas que descem pelas partes laterais da construção, com um cone invertido coberto de espelhos refletores no centro da edificação.

Fonte: Finger.ind Vista do Parlamento
Fonte: dicasdeberlim
Vista da cúpula.
Teto da cúpula. Fonte: 360meridianos
Retrofit e Restauro

Tate Modern

O Tate Modern é um renomado museu de arte moderna e contemporânea localizado em Londres, Inglaterra. Inaugurado em 12 de maio de 2000, o museu está situado na região de Bankside, no endereço London SE1 9TG.

O edifício de Londres, projetado como uma usina elétrica no final da década de 1940 por Giles Gilbert, entrou em desuso a partir de 1981 Em 1995, um concurso internacional foi aberto visando à seleção de arquitetos que pudessem aproveitar o potencial que a construção tinha.

Escolhidos dentre diversos outros arquitetos conhecidos, foram Herzog & de Meuron, os suíços que deram vida a este projeto, transformando-o no museu de arte moderna mais visitado de todo o mundo. A escolha deles foi trabalhar no aspecto urbano da construção sem alterar muito a sua forma. Dessa forma, continuaria sendo uma experiência visual única por si só Assim, a maior alteração visual acabou sendo a faixa de luz em vidro translúcido colocada na parte superior.

Além disso, os suíços abriram a paisagem ao redor da construção, dando forma a uma abordagem natural em uma antiga usina que parecia monolítica[1]. Com isso, a mediação realizada pelos jardins com o prédio proporciona um acesso a partir de todas as quatro direções.

As fachadas são perfuradas ao nível do solo, indicando onde ficam as entradas e convidando as pessoas a entrarem. [1] Que se assemelha a um monólito; Formado por uma só pedra

Fonte: visitlondon
Vista frontal com as luzes.
Fonte: thetrainline Interior da construção.
Vista Superior do museu
Retrofit e Restauro
Fonte: Herzogdemeuron

Casa das Rosas

Retrofit

Oficialmente chamada de “Casa das Rosas’’, projetado pelo arquiteto Felisberto Ranzini e constrído em 1935, o local ganhou esse nome por dois motivos marcantes: o primeiro, pela beleza dos jardins com roseiras que encantam logo à entrada; e o segundo, em homenagem ao poeta e tradutor Haroldo de Campos, cujo acervo pessoal foi incorporado ao espaço após sua morte. O casarão é um dos últimos exemplares remanescentes da arquitetura clássica da Avenida Paulista e se destaca entre os grandes arranha-céus como um relicário do passado.

A Casa das Rosas permaneceu sob posse da família até 1985, quando foi adquirida pelo governo do Estado de São Paulo por seu valor histórico. No ano seguinte, foi tombada pelo CONDEPHAAT e, posteriormente, pelo CONPRESP. A restauração teve início na década de 1990, com foco na preservação da estrutura original e dos detalhes arquitetônicos Em 2004, a casa foi reaberta ao público como um centro cultural voltado à literatura e poesia. O imóvel possui dois pavimentos principais e um sótão, totalizando três andares funcionais.

O andar superior da Casa das Rosas, antes usado como área íntima da família, hoje abriga salas para exposições, oficinas e cursos literários. No térreo, parte da mobília original foi preservada e os espaços são dedicados a exposições temporárias, biblioteca e à memória do poeta Haroldo de Campos O jardim, mantido com seu desenho original, serve como ambiente de contemplação.

revistaprojeto

Fachadavoltadaparaojardim Interiordotérreo

Fonte:
Fonte:TesesUSP
Interiordotérreo
Fonte: Casa das Rosas
Fonte: revistaprojeto
Fachada Casa das rosas

Igreja de São Francisco

A Igreja de São Francisco de Assis está localizada no centro histórico de Salvador (BA) e é um dos mais notáveis exemplos do barroco no Brasil. Construída entre 1708 e 1723, tem projeto atribuído ao arquiteto Gabriel Ribeiro e integra o conjunto franciscano da cidade, estabelecido no final do século XVI. Em 1938, foi tombada pelo IPHAN por seu alto valor artístico, histórico e cultural, destacando-se pelas talhas douradas, azulejos portugueses e pela pintura do teto da nave.

Em 2023, a igreja sofreu um colapso parcial no forro da nave central, causado por infiltrações e pela ausência de manutenção adequada. O incidente reforçou a necessidade de ações preventivas e constantes para a preservação de edificações históricas, expostas aos efeitos do tempo e das condições climáticas.

A restauração foi coordenada pelo IPHAN e incluiu mapeamento dos danos, catalogação de elementos afetados, análise estrutural e recomposição das partes comprometidas. Restauradores, arquitetos e técnicos atuaram com base em estudos detalhados e utilizaram materiais compatíveis com os originais do século XVIII, garantindo fidelidade e respeito à obra.

O caso da Igreja de São Francisco de Assis evidencia a importância da preservação do patrimônio histórico. Investimentos contínuos, manutenção regular e políticas públicas eficazes são fundamentais para proteger construções de valor cultural e garantir sua permanência para as futuras gerações.

Fonte: Guia Melhores Destinos
Fonte: Salvadordabahia
Dentro da igreja - detalhes em ouro
Teto trabalho
Patio interno Fonte: cronicasmaenses
Fonte: cronicasmaenses
Fachada da Igreja de São Francisco

A R Q U I T E T U R A

E F Ê M E R A

Pavilhão de Arte Móvel da Chanel

Arquitetura Efêmera

O Pavilhão de Arte Móvel Chanel da arquiteta Zaha Hadid, construído em 2008 em Hong Kong, China, foi um dos projetos do escritório conhecido exemplarmente pela sua inovação e design. O pavilhão que traz sofisticação e elegância, foi comissionado pela empresa francesa Chanel, renomada no ramo da moda, e foi construído para comemorar os 100 anos da marca.

A obra temporária foi realizada em diferentes partes do mundo, incluindo Tóquio, Veneza e Paris. Sua combinação é de formas fluídas e curvas, trazendo uma sensação de leveza, movimento e dinamismo, características que remetem tanto na arquitetura quanto na moda Essa proposta foi justamente vantajosa para a construção do elemento, visto que foi utilizado técnicas inovadoras e modernas, possibilitando a rápida montagem.

O projeto inclui um pátio central de 65 m² com amplas aberturas que permitem a entrada de luz natural, criando um espaço de reflexão e conexão entre a área expositiva e a pública. O pavilhão, com estrutura de aço de montagem rápida, é efêmero, adaptável e possui um terraço de 128 m² integrado visualmente ao pátio Sua planta flexível e formas curvas, típicas de Zaha Hadid, expressam a busca por transições suaves e ressaltam a relevância cultural da marca Chanel.

Pavilhão de Arte Móvel da Chanel Fonte: Archdaily - Pavilhão Arte Móvel
Vista frontal do pavilhão Fonte: Archdaily - Pavilhão Arte Móvel
Vista lateral Fonte : Archdaily - Pavilhão Arte Móvel
Vista lateral Fonte: Archdaily - Pavilhão Arte Móvel

Pavilhão - Humanidade 2012

Arquitetura Efêmera

O Pavilhão Humanidade 2012 foi uma instalação temporária criada no contexto da Rio+20 a conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável — , projetado por Carla Juaçaba, Bia Lessa e Pedro Pederneiras. O pavilhão se destacou por traduzir temas complexos em uma experiência imersiva e sensível.

Feito de uma estrutura temporária com andaimes, onde se juntava ao cenário da praia e ao mesmo tempo remetia à ideia de algo que ainda está em construção, simbolizando assim o “futuro da humanidade”. Nesse mesmo contexto, o projeto foi cuidadosamente pensado para se integrar ao ambiente da praia, criando uma conexão simbólica com o cenário natural

O pavilhão traz consigo uma experiência sensorial onde os visitantes percorriam por um caminho/roteiro que apresentava dados, vídeos, instalações artísticas e informações sobre o impacto ambiental e seus prejuízos para o futuro da humanidade, e dentro dessas informações, opções sustentáveis para uma humanidade mais próspera e saudável.

Esse pavilhão foi um exemplo de arte, arquitetura e educação e como elas podem agir juntas e gerar reflexão e engajamento, não apenas estético, mas também em causas ambientais e sociais e como isso pode impactar outras gerações futuras.

Pavilhão com suas estruturas expostas Fonte: Archdaily-Humanidade 2012
Fachada do pavilhão Fonte: Archdaily-Humanidade 2012
Pavilhão da Humanidade Fonte: Archdaily-Humanidade 2012

Projeto da Fliquinha 2014

Arquitetura Efêmera

A Fliquinha 2014 foi um espaço criado especialmente para o público infantil dentro da Festa Literária Internacional de Cachoeira (FLICA). Assinado pela arquiteta Renata Mota, o projeto teve como foco estimular a imaginação, a leitura e a convivência entre as crianças por meio de um ambiente acolhedor, lúdico e educativo.

Esse projeto ofereceu uma programação diversificada em um cenário por meio de uma grande árvore central, feita de tsurus, pensado para encantar. A cenografia apostou no uso de materiais reaproveitados e cores vibrantes, criando um universo mágico com forte apelo visual e sensorial.

A obra arquitetônica evidenciou como o espaço físico pode se tornar parte ativa das atividades culturais. Ao transformar o ambiente em uma extensão do conteúdo literário e artístico, a Fliquinha reforçou a importância de ambientes bem pensados para o aprendizado e encantamento dos envolvidos

A Fliquinha 2014 mostrou como a arquitetura pode ir além da função estrutural, tornando-se um instrumento de transformação social, educação e estímulo cultural para as novas gerações.

Origamis da árvore central do evento "Fliquinha".
Fonte: RnMotaCenografia
Árvore feita de origamis. Fonte: RnMotaCenografia
Tsurus de pássaros que compõem a árvore. Fonte: RnMotaCenografia
Espaço cenográfico em uso. Fonte: RnMotaCenografia

Abrigos para refugiados no Quênia

Arquitetura Efêmera

Desde 2017, a ONU-Habitat, em parceria com o arquiteto Shigeru Ban, Philippe Monteil e a ONG Voluntary Architects' Network, trabalha no desenvolvimento de casas mais dignas para refugiados no Assentamento Kalobeyei, no norte do Quênia. A região abriga milhares de pessoas que fugiram de guerras e conflitos e que não conseguem retornar às suas terras de origem. Para atender essas famílias, foram criadas as Casas Turkana, com o objetivo de oferecer moradias seguras e duráveis, bem diferentes dos abrigos temporários comuns em campos de refugiados

Diferente dos abrigos temporários comuns, essas casas foram feitas para durar, respeitando a cultura local e aproveitando os conhecimentos de construção do povo Turkana. Foram criados quatro modelos diferentes, com materiais como tubos de papel, madeira, tijolos e blocos de terra. Além disso, os próprios refugiados e moradores participaram da construção. Durante o processo, ajustes foram feitos para adaptar os modelos à realidade local como o clima, as ferramentas disponíveis e as habilidades da população.

O projeto não busca apenas abrigar refugiados mas também a comunidade local, promover a integração e a autossuficiência das famílias, garantindo que os investimentos melhorem a vida de todos. Essa iniciativa mostra como a arquitetura pode ser uma ferramenta poderosa de acolhimento, respeito e reconstrução de vidas.

Abrigo pata refugiados feito de tijolos Fonte: Archdaily-Refugiados no Quênia
Abrigo pata refugiados feito de madeira. Fonte: Archdaily-Refugiados no Quênia
Moradores fazendo suas próprias residências. Fonte: Archdaily-Refugiados no Quênia
Moradores fazendo suas próprias residências. Fonte: Archdaily-Refugiados no Quênia

P l a n e j a m e n t o U r b a n o

e P o l í t i c a s P ú b l i c a s

Programa Favela-Bairro RJ

e Políticas Públicas

O Programa Favela-Bairro oficialmente chamado de Programa de Urbanização de Assentamentos Populares do Rio de Janeiro (PROAP), foi criado pela Prefeitura do Rio de Janeiro em 1994, com projeto do arquiteto Jorge Mário Jáuregui. Seu principal objetivo era integrar as favelas à cidade formal, trazendo melhorias na infraestrutura e nos serviços públicos dessas áreas.

Ao contrário de políticas antigas que removiam favelas, o Favela-Bairro teve uma proposta mais inclusiva, reconhecendo as favelas como parte da cidade O programa buscava levar infraestrutura básica, como redes de esgoto, calçamento e iluminação pública; construir espaços públicos, como escolas, creches e postos de saúde; auxiliar na regularização fundiária de terrenos e moradias; e incentivar a participação dos moradores no planejamento e na execução das obras.

Entre 1994 e 2008, mais de 100 favelas foram atendidas, beneficiando cerca de 580 mil pessoas. O programa recebeu reconhecimento internacional e foi elogiado pela ONU como um exemplo positivo de política pública para combater a pobreza urbana.

Em 2010, o programa foi substituído pelo Morar Carioca, que tinha como objetivo dar continuidade e aprimorar as ações iniciadas. Em 2020, a Prefeitura anunciou uma nova fase do programa, com foco em soluções sustentáveis e geração de renda.

Mapa destacando as diversas comunidades beneficiadas pelo programa Fonte: Rio memórias
Centro comunitário construído, promovendo inclusão social. Fonte: RioOnWatch
Vista aérea mostrando a integração urbana
Fonte: IDB

A transformação de Medellín

Nos anos 1990, Medellín, na Colômbia, era considerada uma das cidades mais violentas do mundo Para mudar essa realidade, a cidade apostou no urbanismo social, uma estratégia que usa o planejamento urbano para reduzir desigualdades e melhorar a qualidade de vida.

Uma das soluções mais emblemáticas foi o Metrocable, sistema de teleféricos urbanos criado para conectar os bairros periféricos, localizados em áreas montanhosas, ao centro da cidade. Antes, os moradores enfrentavam longas e exaustivas viagens. Com o Metrocable, o tempo de deslocamento foi significativamente reduzido, ampliando o acesso a oportunidades. Em funcionamento desde 2004, o sistema conta atualmente com várias linhas que atendem diferentes zonas da cidade.

Em Medellín, a instalação de escadas rolantes ao ar livre na Comuna 13 facilitou a mobilidade dos moradores em um bairro de ruas muito íngremes. Antes, era necessário subir centenas de degraus diariamente, o que dificultava o acesso a serviços e oportunidades. Com a intervenção, o trajeto tornou-se mais rápido, confortável e acessível.

Além disso, a cidade investiu em bibliotecas-parques, praças e centros culturais, ampliando o acesso à educação, ao lazer e à cultura. Essas iniciativas ajudaram a fortalecer os bairros, reduzir a violência e mostraram como soluções urbanas criativas podem tornar as cidades mais justas e inclusivas.

Parque Explora. Fonte: Vitruvius - Parque Explora
Conjunto habitacional. Fonte: Issuu - Teleférico de Medelín
Escadas rolantes Comuna 13 Fonte: Tomhklein
Teleferico urbano -Metrocable Fonte: Caos Planejado

Vila Viva- Prefeitura de Belo Horizonte

Planejamento Urbano e Políticas Públicas

O Projeto Vila Viva, criado pela Prefeitura de Belo Horizonte, tem como objetivo promover a inclusão social e melhorar a qualidade de vida em áreas vulneráveis da cidade. Para isso, realiza obras de saneamento básico, remoção de famílias de áreas de risco, construção de moradias, reestruturação viária, urbanização, implantação de parques e espaços de lazer Também desenvolve ações de desenvolvimento comunitário, educação sanitária e ambiental, criação de alternativas de geração de renda e regularização fundiária, com a entrega de escrituras dos lotes.

As intervenções seguem as diretrizes do Plano Global Específico (PGE) e são financiadas com recursos do BNDES e da Caixa Econômica Federal. Desde sua criação, o Vila Viva já atendeu diversas comunidades de Belo Horizonte, como o Aglomerado da Serra, Morro das Pedras, Taquaril e Pedreira Prado Lopes. Pesquisas da UFMG indicam que, nas regiões beneficiadas, houve uma redução de até 30% nos homicídios ao longo da década de 2010, além de melhorias significativas na infraestrutura e no acesso a serviços públicos.

Apesar dos avanços, o programa Vila Viva enfrenta críticas por problemas estruturais em prédios entregues, cuja manutenção tem sido responsabilidade dos moradores. Ainda assim, é reconhecido como referência nacional em urbanização de favelas, por integrar planejamento urbano, justiça social e sustentabilidade, promovendo moradia digna e ajudando a reduzir as desigualdades em Belo Horizonte.

Parques e Espaços de Lazer Fonte: Prefeitura - vila-viva
Prédios com problemas estruturais Fonte:Cmbh | programa-vila-viva
Prédios Prontos Fonte:Healthyurbanism
Vila Viva Fonte: Drexel.edu

Aplicação do Housing First na Finlândia

O Housing First (ou “moradia primeiro”) é uma abordagem diferente para enfrentar a falta de moradia A ideia principal é garantir que toda pessoa em situação de rua tenha acesso imediato a uma casa digna, sem que prérequisitos como tratamento, emprego ou abstinência sejam cumpridos antes disso. A moradia é fixa, permitindo que a pessoa recomece a vida com mais segurança e estabilidade. Após isso, é oferecidos apoio nas áreas de saúde, trabalho e assistência social, conforme as necessidades de cada individuo. O modelo parte do princípio de que a moradia é um direito humano fundamental

Na Finlândia, país que registrava o maior número de pessoas em situação de rua em toda a Europa, o projeto tornou-se uma política pública nacional. O governo decidiu que resolver a situação de moradia no país era uma meta realista e possível. Para isso, transformou abrigos em apartamentos permanentes, investiu na construção de novas unidades habitacionais e organizou equipes de apoio para acompanhar e oferecer suporte às pessoas que saíam das ruas

Como resultado, a Finlândia reduziu em 80% o número de pessoas em situação de rua entre 2008 e 2020, e se tornou o único país europeu onde esse número continua caindo O sucesso do modelo mostra que é possível combater a pobreza e a exclusão social com dignidade e eficiência, em alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Complexo Habitacional da Fundação Y, associada ao Housing First, em Helsinque - Finlândia Fonte: Housing Ireland
Complexo de Silta, em Helsinque. Fonte: Pulitzer Center
Espaço comunitário do Complexo Silta, em Helsinque. Fonte: Pulitzer Center
C o n s i d e r a ç õ e s f i n a i s

A presente pesquisa evidenciou a existência de uma compreensão superficial e limitada acerca do papel do arquiteto urbanista na sociedade. Inicialmente, por meio das entrevistas realizadas com 90 pessoas, observou-se que as respostas relativas à função desse profissional foram, em sua maioria, vagas e pouco precisas, revelando uma lacuna significativa no conhecimento público acerca das diversas atribuições do profissional.

A partir deste diagnóstico, o desenvolvimento desta cartilha, elencando diferentes temas, serviu como instrumento de sensibilização e conhecimento, oferecendo uma resposta prática à necessidade de ampliar o entendimento público. Sua estrutura contribuiu para organizar informações relevantes de forma didática, estimulando o interesse dos leitores e proporcionando uma base mais sólida para a reavaliação de percepções previamente limitadas ou imprecisas. A título de exemplo, destacam-se comentários que apontam a superação do estereótipo de que o arquiteto atua apenas em projetos que visem apenas a estética ou edificações, já outros mencionam que a cartilha ampliou a visão sobre a presença da arquitetura no cotidiano.

Sendo assim, este estudo conclui que o acesso às informações qualificadas e exemplificadas, como os projetos apresentados na cartilha, são fundamentais para ampliar a valorização do profissional arquiteto urbanista na sociedade, promovendo uma visão mais consciente e aprofundada do seu impacto social.

Das cerca de 90 pessoas que foram entrevistadas inicialmente, houve retorno de aproximadamente 60 delas. A maioria dos participantes tem entre 18 e 22 anos e disseram que leram totalmente ou parcialmente o conteúdo, afirmando que, após a leitura, a perspectiva sobre o papel do arquiteto e urbanista mudou. Isso indica que a cartilha trouxe reflexão e novas perspectivas a respeito da atuação dos profissionais.

As respostas dissertativas apresentaram feedbacks positivos, com comentários destacando que o material é esclarecedor, interessante e bem organizado. Muitos disseram que ela ajudou a desmistificar a ideia que tinham do arquiteto e passou a ver as diversas áreas de atuação (social, histórica, ambiental e urbana).

O formulário online usado para pesquisa contava com espaço para respostas dissertativas - a seguir selecionamos algumas delas.

AS PESSOAS LERAM A CARTILHA?
IDADE DOS ENTREVISTADOS

“Achei muito interessante entender sobre outras áreas da arquitetura que foge um pouco dos interiores.”

“Vi que o papel do arquiteto vai além de um projeto na construção, podendo auxiliar em melhorias a comunidade ao seu redor.“

“Não sabia ao certo o quanto o papel do arquiteto urbanista tem de importância para a sociedade ou a população, após a leitura pude entender que não são apenas projetos, há um conjunto de ideias e conceitos por trás de cada edifício construído.“

“Cartilha curta e de fácil leitura, sem a presença de termos técnico e de fácil compreensão ao público geral.“

“Eu não entendi muito sobre a arquitetura, me surpreendi principalmente em relação ao urbanismo, não sabia que essa profissão interferia tanto no nosso dia a dia, como nos deslocamos ao trabalho, nas áreas de lazer, na nossa casa e trabalho, tudo é arquitetura.”

“Sim, mudou bastante! Eu costumava ver o arquiteto só como alguém que faz casas ou prédios bonitos, mas agora vejo que o papel vai muito além disso.”

O q u e v o c ê a c h o u s o b r e o

c o n t e ú d o d a c a r t i l h a ?

“O conteúdo, no geral, está bem organizado e é interessante, mesmo estando longo consegui absorver boa parte das informações.”

“A cartilha ficou muito boa, com explicações claras, imagens bem ilustrativas e texto objetivo. Parabéns aos envolvidos! É um material agradável de ler, e pretendo fazer isso com mais calma quando tiver tempo.“

“Achei o conteúdo interessante e necessário! A cartilha conseguiu explicar de forma clara como os arquitetos e urbanistas atuam em várias áreas que nem sempre são percebidas pelas pessoas. Gostei também da proposta de usar animais da fauna brasileira para representar os temas, isso deixou a leitura mais leve e criativa. Foi uma ótima forma de mostrar o impacto social da profissão. “

“Muito bem escrito, o que torna fácil para os leigos como eu.”

Capa ARQUITETURA

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