Qualidade
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FotoVolt - Dezembro - 2025
A nova norma técnica ABNT NBR 17258 João Souza, da Ecori Energia Solar
preocupação com a segurança e qualidade dos módulos fotovoltaicos (FV) tem crescido significativamente no mercado brasileiro, principalmente devido ao aumento da demanda por energia solar e à proliferação de fabricantes e fornecedores. Relatos de falhas prematuras em módulos, como delaminação, microfissuras, entrada de água e pontos quentes (hot spots), levantam preocupações sobre a vida útil real dos módulos FV que desembarcam no Brasil. Além disso, o mercado brasileiro tem visto um aumento de módulos com falsificação da potência real (ditos “módulos fake power”) e/ou de baixa qualidade, utilizando materiais inferiores e comprometendo eficiência e segurança. Em um artigo de abril de 2021 [1], tratamos dos requisitos de qualidade e segurança justamente para iniciar um debate sobre o aumento da quanti-
dade de módulos falsificados no Brasil. Não que a entrada desses módulos tenha começado em 2021, pois em julho de 2018 já havíamos sido informados pelo saudoso professor Marcelo Gradella Villalva que o laboratório de ensaios da Unicamp havia descoberto, através de ensaios, três marcas de fabricantes de módulos com potência falsa. De 2018 a 2021, esse cenário agravou-se a ponto de chamar a atenção dos distribuidores e fabricantes sérios que estavam sendo prejudicados pela prática criminosa. Uma forma simples de detectar e responsabilizar fabricantes e distribuidores que vendem módulos de potência falsa é através de fiscalizações conduzidas pelo Inmetro. A Portaria nº 140/2022 [2] estabelece o ensaio de “determinação da potência máxima”, estipulando que: “3.3.3 Após a realização do ensaio de determinação de potência máxima, os módulos não podem apresentar medida de potência menor que 100% ou maior que 105%, da
potência nominal declarada na PET pelo fornecedor, aferidas nas condições padrão de ensaio (STC - standard test conditions).” No final de 2024, o mercado brasileiro teve conhecimento de que o Inmetro realizou uma ação inédita de fiscalização em módulos fotovoltaicos no Brasil [3]. Apesar de a ação ter sido conduzida em vários estados do Brasil e diferentes marcas terem sido submetidas a ensaios laboratoriais, apenas uma marca teve o seu resultado divulgado até o presente momento. Inclusive, este único resultado divulgado já resultou em uma reprova por apresentar uma potência muito inferior ao declarado pelo fabricante, e consequentemente, na suspensão de registros da marca. Para uma operação dessa magnitude e considerando o universo de marcas presentes no mercado brasileiro, esperamos muito mais do Inmetro. Fotos do autor
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A recentemente publicada norma técnica ABNT NBR 17258:2025 inova ao estabelecer critérios de aceitação de módulos baseados em imagens de eletroluminescência, algo inédito na normalização mundial. Este artigo aborda a crescente necessidade de verificação dos módulos fotovoltaicos, trata do conceito e do ensaio de eletroluminescência, apresenta normas de ensaios e detalha o conteúdo da NBR 17258, com seus 18 critérios.
Imagens de eletroluminescência: módulo sem defeitos aparentes (esquerda) e módulo com defeitos (à direita), que devem ser avaliados segundo os critérios da ABNT NBR 17528:2025