PLANEJAMENTO
Abundância de recursos e predomínio de renováveis são destaques do PNE 2050
Redação de EM
O
PNE 2050 - Plano Nacional to, exige reforço e aperfeiçoamento de Energia, elaborado pelo dos mecanismos e políticas vigenMME - Ministério de Minas e tes, além de soluções inovadoras que Energia e publicado em 16 de dezem- permitam expansão de longo prazo bro de 2020, explora os variados as- do setor energético, garantindo o pectos da evolução do setor conside- fornecimento de energia com crirando diversas alterações na produção térios de segurança energética, de e uso de energia. As análises visam retorno adequado aos investimenauxiliar a tomada de decisão por meio tos, de disponibilidade de acesso à de modelamento e análise do impacto população e socioambientais. Já no a longo pr azo de diferentes escolhas cenário “Estagnação” são analisadas de política energética. O documento as consequências de o consumo de define que seu objetivo “não é prever energia per capita manter-se inalteo futuro e sim auxiliar os tomadores rado. Desta forma, não há preocupade decisão num contexto em que as ção iminente em termos de expansão relações são muito complexas, as in- da capacidade para atendimento da certezas e variáveis são abundantes, demanda de energia, e o foco volalgumas mudanças são por vezes dis- ta-se a outras questões, como, por ruptivas”. exemplo, o perfil mais adequado da O estudo está ancorado em dois matriz energética nacional. cenários: um chamado de “Desafio da Expansão”, caracterizado pela expansão da infraestrutura e oferta de energia, buscando atender um relevante crescimento da demanda; e um de “Estagnação”, que avalia implicações de uma relativa estagnação na demanda de energia per capita no Brasil. O cenário Fig. 1 – Comparação entre potencial de recursos e “Desafio da Expansão”, de demanda de energia no horizonte do PNE 2050 acordo com o documen56
EM MARÇO/ABRIL, 2021
Publicado em meio a pandemia, o PNE 2050 aponta estratégias de longo prazo para o setor energético brasileiro alertando para as incertezas deste momento histórico, em que o futuro da economia e, consequentemente, do setor elétrico depende da saúde pública. Contudo, ratifica sua importância como visão futura, capaz de servir de norte durante o momento desafiador.
O cenário que prevê expansão apresenta taxa de crescimento médio de 2,2% a.a., chegando a 2050 com pouco mais do que o dobro do consumo final de 2015, com crescimento mais acelerado nos primeiros quinze anos, com taxa média superior a 2,5% a.a., e considera crescimento médio do PIB de 3,1% a.a. e de 2,8% do PIB per capita. Por sua vez, no cenário “Estagnação”, o crescimento do consumo final de energia aumenta pouco mais de 10% no período analisado. Apesar da incerteza sobre a evolução do setor no longo prazo, o relatório identifica que o potencial energético do Brasil supera muito a demanda de energia total estimada para o período, o que cria o desafio de administrar a abundância de recursos e as implicações econômicas decorrentes de o País vir a ser um grande produtor de energia a partir de fontes diversas. Os estudos do PNE apontam potencial energético de quase 280 bilhões de tep (tonelada equivalente de petróleo) até 2050. Ao longo de 35 anos, o potencial anual de recursos não renováveis é da ordem de