EM Março/Abril 2025

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Conjuntos de manobra e controle de baixa tensão

O guia reúne informações sobre conjuntos de manobras e controle de BT fornecidos por 18 empresas de destaque no mercado brasileiro. São descritos os tipos de equipamentos e de montagem ofertados, com as especificações de tensão e de corrente e grau de proteção.

ARCOS ELÉTRICOS

Cálculo de energia incidente para geradores utilizando IEEE 1584-2018 (Parte 2: Exemplos)

Cabos de potência de média tensão

O levantamento apresenta a oferta de cabos de MT de fornecedores que atuam no mercado nacional. São listadas especificações como classe de tensão, número de condutores, material condutor e de isolamento, entre outras.

DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

Plugues e tomadas industriais

O guia detalha especificações de plugues e tomadas industriais ofertados no mercado nacional, abrangendo tipos de plugues (fixo e móvel) e tomadas (de embutir, sobrepor, de painel e móvel), com dados de corrente nominal, tensão de trabalho, grau de proteção e outros.

A metodologia BIM aplicada a projetos de SPDA

As vantagens do uso da metodologia BIM nos projetos de sistemas de proteção contra raios em edificações são discutidas no artigo, que fornece um exemplo de aplicação e aponta a ferramenta como fundamental para se acompanhar as novas exigências do mercado.

A influência das luminárias na poluição luminosa e ofuscamento

Entre outras disposições, a norma ABNT NBR 5101 – Iluminação Pública –Procedimentos, de 2024, privilegia o combate à poluição luminosa provocada pela iluminação pública. O artigo resume esses conceitos e apresenta medidas para minimizar seus efeitos.

Retrofit de sistema de proteção e controle de transformadores de 230 kV

O artigo descreve projeto de retrofit em complexo industrial de grande porte, focando nos sistemas de proteção e controle de bays de transformadores, com a substituição de múltiplos relés eletromecânicos e estáticos por um único relé digital multifuncional.

Na segunda parte desta série que apresenta metodologia para cálculo de energia incidente do arco elétrico nos terminais de saída de geradores, os autores demonstram a aplicação com dois exemplos de equipamentos reais de usinas hidrelétricas em operação. 24 32 40 48 34 46 26

* Nesta edição, excepcionalmente não publicamos a coluna “EM Profissionais”.

As opiniões dos artigos assinados não são necessariamente as adotadas por EM podendo mesmo ser contrárias a estas.

Carta ao Leitor

A fundamental engenharia

Desde 2019, de vez em quando se ouve que num prazo de três anos (cujo instante inicial é sempre móvel — o prazo reinicia sempre alguém se lembra de mencioná-lo) 85% dos empregos atuais deixarão de existir. Mas a menção é equivocada. Naquele ano foi divulgado um estudo encomendado pela Dell Technologies ao IFTF - Institute For The Future, no qual se estimava que “85% dos trabalhos que existirão em 2030 serão novos” — uma formulação muito diferente, além de fundamentada e bem mais tranquilizadora. Quanto ao tal prazo de três anos, difícil saber de onde veio.

Mas é certo que as transformações são grandes. Um relatório divulgado em 2020 pelo Fórum Econômico Mundial previa que, até este ano de 2025, a automação e a divisão do trabalho entre humanos e máquinas teriam fechado 85 milhões de empregos no mundo. A conferir se de fato fecharam, caso em que se teria de peneirar as causas para eliminar as mais prosaicas, como recessões econômicas, por exemplo. A diferença é que antes se pensava que apenas ofícios envolvendo muitas tarefas repetitivas seriam afetados, e hoje se verifica que a inteligência artificial está avançando inclusive sobre profissões da área de criação, como as de ilustradores, fotógrafos, publicitários e redatores (talvez até editores de revistas??!!).

A ideia de que também o engenheiro eletricista está no limiar de uma revolução em sua especialidade por vezes resvala para a abstração inepta. Por essa visão, nunca verbalizada mas sempre subjacente, no futuro bastará ao profissional saber usar os softwares certos e pronto: nenhum julgamento de engenharia será mais necessário, e as obras de engenharia se materializariam, e se manteriam, por mágica.

Esta nossa edição de EM traz alguns assuntos que exemplificam bem as ferramentas hoje postas à disposição dos profissionais da engenharia elétrica e como deve ser a relação entre criador, meio e criatura. De saída, vale mencionar a segunda parte da série que propõe uma nova metodologia para o cálculo da energia incidente de arcos elétricos nos terminais de saída de geradores, desenvolvida por especialistas de empresas de energia elétrica e com forte atuação também na normalização da área. Já de cara eles afirmam: “o tempo de exposição ao arco [tem de ser] fixado segundo interpretação de engenharia e análise da tarefa a ser executada”. Sem isso, não tem conversa. Também cabe destacar o artigo que descreve o retrofit dos sistemas de proteção e controle de bays de transformadores de potência em uma indústria de alumínio, em que se substituíram vários relés eletromecânicos antigos por um único relé digital, o que permitiu incorporar funcionalidades avançadas. O relé já existe, está no mercado (foi desenvolvido por engenheiros), mas a engenharia é que possibilitou sua integração de maneira seamless, como se diz, e ainda tirar o máximo proveito de seus múltiplos recursos em favor do usuário.

E cabe ainda menção ao trabalho que discute o uso da metodologia BIM nos projetos de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas de edificações. Os autores apontam a adoção da ferramenta como passo fundamental para profissionais e empresas acompanharem as novas exigências do mercado quanto a prazos e orçamentos. Agiliza e automatiza grandemente o desenvolvimento de projetos e mesmo a própria construção. Mas a engenharia segue sendo fundamental.

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ADMINISTRAÇÃO

Diretor Administrativo: Edgard Laureano da Cunha Jr.

PRODUÇÃO

Sarah Esther Betti, Vanessa Cristina da Silva e Talita Silva.

CIRCULAÇÃO

Clayton Santos Delfino Tel.: (011) 3824-5300; csd@arandaeditora.com.br

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Impressão e acabamento: Ipsis Gráfica e Editora Distribuição: ACF - Ribeiro de Lima

PROJETO RudekWydra site: www.rudekwydra.com.br

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ELETRICIDADE MODERNA , revista brasileira de eletricidade e eletrônica, é uma publicação mensal da Aranda Editora Técnica e Cultural Ltda. Redação, publicidade, administração e correspondência: Alameda Olga, 315; 01155-900 São Paulo, SP - Brasil. TEL. + 55 (11) 3824-5300 em@arandaeditora.com.br | www.arandaeditora.com.br

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Cabelauto expande fábrica de cabos AT

A Cabelauto, fabricante de cabos elétricos no Brasil, anunciou recentemente a segunda expansão de sua fábrica de alta tensão. Segundo a empresa, o objetivo é fortalecer sua posição no mercado de energia e ampliar a atuação no setor industrial, com destaque para siderurgia, mineração, papel e celulose, além do segmento de óleo e gás. A empresa também aposta no fortalecimento de sua participação no fornecimento de cabos para concessionárias de energia e, principalmente, no setor de energias renováveis, atendendo projetos de usinas fotovoltaicas e eólicas.

O investimento, de aproximadamente R$ 30 milhões, faz parte do planejamento estratégico da empresa para o triênio 2023-2025, e visa ampliar a capacidade de produção de cabos de média tensão. Desde 2014, a empresa já vinha realizando ampliações em sua unidade fabril para atender à demanda crescente dos mercados de cabos de baixa e média tensão. “Com a duplicação da capacidade de cabos de média tensão, a Cabelauto se consolida como um dos principais players no mercado de cabos, reafirmando seu compromisso com a excelência e qualidade de seus produtos”, destaca Cor Jésus de Miranda, diretor geral da Cabelauto.

Além da ampliação do espaço fabril, os investimentos foram dedicados à adoção

de tecnologias de ponta, incluindo novos periféricos e softwares, e à criação de um laboratório de testes. Com a expansão, a empresa prevê que a fabricação anual de cabos de alta tensão será ainda mais expressiva. “A capacidade de produção é impactada pelo mix de produto (metal do condutor, blindagem, seção do condutor, classe de tensão, etc.), podendo ser estimada uma média de 4000 km por ano”. Este aumento na produção permitirá à Cabelauto, de acordo com Miranda, reduzir o lead time, o que é um diferencial competitivo, especialmente para grandes projetos de infraestrutura e energias renováveis, onde os prazos de entrega são cruciais.

A escolha de expandir a planta foi motivada, de acordo com o diretor geral, pela identificação de grandes oportunidades de crescimento em setores como o de energias renováveis, principalmente em projetos de usinas fotovoltaicas e parques eólicos. Segundo Miranda, a empresa é uma das poucas no Brasil com capacidade para fornecer toda a linha de cabos de potência necessários para o segmento de energias renováveis, incluindo cabos de baixa e média tensão em cobre e alumínio, cabos fotovoltaicos, cabos para sistemas de segurança, aterramento e outros.

No segmento de óleo e gás, um mercado que, embora sujeito a flutuações, apresenta grandes oportunidades de crescimento no ciclo atual, a empresa visa atender a demanda crescente por cabos destinados a projetos offshore. Outros segmentos na mira são siderurgia, mineração, papel e celulose e o atendimento às concessionárias. Segundo a companhia, o compromisso com prazos e conformidade com as normas e legislações vigentes são diferenciais da empresa e requisitos importantes para atuar nesses mercados estratégicos.

Scatec discute o avanço das renováveis

A necessidade de criar um ambiente regulatório mais estável e previsível para atrair novos investimentos e a importância de enfrentar os gargalos estruturais, principalmente nos sistemas de transmissão e distribuição, para garantir a expansão dos projetos de energias renováveis foram alguns dos temas do workshop promovido pela Scatec, empresa norueguesa de energias renováveis, em parceria com a consultoria ECOee, organizadora do Fórum Latino-Americano de Smart Grid.

De acordo com dados da BNEF Americas apresentados no evento, o Brasil atraiu mais de US$ 25 bilhões em investimentos em energia renovável apenas em 2024. No entanto, serão necessários cerca de R$ 350 bilhões até 2030 para modernizar o sistema elétrico e torná-lo compatível com as exigências da nova matriz energética.

Na distribuição, a modernização das redes tem sido impulsionada pela necessidade de adaptá-las à nova realidade de geração descentralizada e também para o enfrentamento de eventos climáticos extremos, uma vez que elas foram projetadas para outros níveis de vento e estresse. A obsolescência das redes de distribuição também é um ponto crítico. “As distribuidoras precisam investir em sistemas digitais capazes de hospedar energias renováveis, geração distribuída e baterias”, afirmou Cyro Boccuzzi, CEO da ECOee (Engenharia Energética) e presidente do Fórum Latino-Americano de Smart Grid, durante o evento. O investimento, de

A ampliação visa também cumprir metas de expansão da base de clientes, consolidandose no mercado interno. Entre os desafios, o diretor destaca a instabilidade cambial e o aumento nos preços das commodities, especialmente o cobre, um dos principais insumos para a produção de cabos.

Cyro Boccuzzi (ECOee): “O Brasil tem uma oportunidade ímpar de uma nova industrialização, com possibilidade de descarbonizar a indústria, mas a energia precisa ser mais barata, senão o País não vai ser competitivo”

Cabelauto/Divulgação

Entre os desafios impostos às distribuidoras em função da evolução das energias renováveis, está a erosão de receitas, causada especialmente pela migração de grandes consumidores para o mercado livre, onde podem comprar energia a preços mais baixos. De acordo com Boccuzzi, com a evolução da geração distribuída, além de sobras de energia, as companhias de distribuição correm riscos de terem seus ativos não amortizados. “Estamos vivendo um momento em que existe uma sobra estrutural de energia e precisamos criar demanda. Nesse contexto, o Brasil tem uma oportunidade ímpar de uma nova industrialização, com possibilidade de descarbonizar a indústria, mas a energia precisa ser mais barata, senão o País não vai ser competitivo”, alertou.

Segundo ele, os subsídios criados para incentivar determinadas fontes de energia têm se perpetuado e expandido, onerando a conta de energia. O CEO destacou ainda a necessidade de elaborar uma tarifa mais aderente aos custos. “Os subsídios embutidos na conta somam em torno de 40 bilhões por ano. E os impostos se tornaram uma oportunidade de arrecadação dos estados e Governo”. Além disso, para Boccuzzi, as distribuidoras deixarão de ser apenas vendedoras de energia para se tornarem provedoras de serviços de rede, o que exigirá uma revisão do modelo de remuneração.

O CEO também destacou a urgência de enfrentar questões estruturais ainda pendentes, como os chamados contratos legados. “Temos diversos problemas que precisam ser endereçados com prioridade, sob o risco de travar a evolução do setor”.

Outro ponto discutido durante o workshop foi a necessidade de desenvolver mecanismos de resposta à demanda na baixa tensão, especialmente entre consumidores residenciais e pequenos negócios. Segundo Boccuzzi, esse segmento pode ter papel estratégico na gestão do sistema elétrico.

“Diferente das grandes indústrias, que nem sempre conseguem interromper suas operações nos horários de pico, o pequeno

consumidor tem mais flexibilidade para ajustar seu consumo e colaborar com o equilíbrio da rede”.

Ele alertou que os desafios de flexibilidade tendem a crescer nos próximos anos. “Hoje, a chamada ‘rampa’ do sistema variação rápida na demanda por energia — já chega a quase 30 GW. Em dois ou três anos, deve ultrapassar os 40 GW”.

Durante o evento, o CEO da ECOee defendeu a criação de um horizonte claro de investimentos em modernização para as distribuidoras, com metas definidas e mecanismos que permitam a recuperação dos recursos ao longo do tempo.

Demanda - Bruno Cazarotte, gerente de projetos da Scatec, afirmou que o maior desafio hoje para a expansão das renováveis é a demanda. “Temos acesso às principais linhas de financiamento, mas sem demanda, os projetos não se sustentam. Estamos trabalhando para fomentar o consumo através de eletrificação, hidrogênio verde e data centers”, explicou.

A empresa já está com projetos de hidrogênio em fase de construção fora do Brasil e mantém negociações com potenciais parceiros no país. No entanto, reforça que a falta de estabilidade regulatória ainda é uma barreira.

Armazenamento - Já em relação a projetos de armazenamento, Aleksander Skaare, country manager da Scatec no Brasil, disse que a empresa acompanha de perto o mercado de armazenamento de energia, mas aguarda a definição do marco regulatório para avançar. “Ainda não há clareza sobre a remuneração e os custos operacionais. Sem isso, é difícil tomar decisões de investimento”, concluiu Cazarotte.

Cired 2025 discutirá futuro da distribuição

A 28 a edição da Cired - Conferência e Exposição sobre Distribuição de Ener-

Cired: evento é ponto de encontro para a troca de conhecimentos sobre as mais recentes inovações, pesquisas e tecnologias aplicadas à distribuição de energia elétrica

gia Elétrica vai acontecer de 16 a 19 de junho, em Genebra, na Suíça. O evento, realizado a cada dois anos, reúne a comunidade global de distribuição de energia elétrica e, desde a sua fundação em 1971, tem sido um ponto de encontro para a troca de conhecimentos sobre as mais recentes inovações, pesquisas e tecnologias aplicadas à distribuição de eletricidade. Em 2025, a conferência promete mais uma vez reunir especialistas e líderes do setor, a fim de discutir os desafios e as oportunidades que moldam o futuro dessa indústria essencial.

Com a participação de mais de 1600 congressistas, o Cired será realizado em um ambiente interativo. Estarão presentes em Genebra lideranças importantes — destaque para os keynote speakers do CERN, do Swiss Federal Office of Energy e da State Grid Corporation of China. Serão mais de 700 apresentações técnicas sobre o estado da arte dos seguintes tópicos: Componentes de redes de distribuição; Qualidade e segurança de energia elétrica; Operação; Proteção, controle e automação; Planejamento de sistemas de distribuição; e Clientes, regulação e gestão de risco.

O evento reúne profissionais de diferentes segmentos — desde concessionárias de energia e fornecedores de tecnologia até consultorias, acadêmicos e

Divulgação

representantes de órgãos reguladores. Além das palestras e painéis técnicos, o evento conta com atividades interativas, como debates em mesas-redondas, fóruns de pesquisas baseadas em P&D e tours guiados pelos pôsteres apresentados pelos pesquisadores.

Outro destaque é a exposição do Cired, que contará com mais de 60 organizações expositoras. Empresas líderes no setor de distribuição de eletricidade estarão presentes para apresentar seus produtos mais recentes, soluções inovadoras e tecnologias de ponta. A exposição oferece aos participantes a chance de conhecer as últimas novidades em equipamentos, serviços e sistemas voltados para a melhoria da eficiência e da segurança das redes de distribuição.

Mais de 3000 visitantes são esperados para percorrer os estandes e conhecer de perto as tecnologias que estão moldando o futuro da distribuição de energia elétrica.

Inscrições com tarifas reduzidas (earlybird) estão disponíveis até 28 de abril pelo site www.cired2025.org/, onde também podem ser obtidas mais informações sobre o evento.

A revista Eletricidade Moderna é parceira de mídia do Cired há 25 anos.

Termotécnica disponibiliza biblioteca BIM para SPDA

A Termotécnica Para-raios e Aterramentos apresentou recentemente ao mercado uma biblioteca BIM (sigla em inglês para Building Information Modeling) para Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA). Segundo a empresa, a iniciativa promete transformar o trabalho de engenheiros e projetistas, entregando precisão, eficiência e inovação para projetos de alta complexidade.

A biblioteca é disponibilizada gratuitamente no site oficial da empresa (www.tel. com.br). A solução inclui mais de 80 famílias com modelos tridimensionais de alto nível de detalhe, abrangendo desde componentes individuais até kits otimizados, como combinações de caixas de inspeção,

hastes e conectores.

Segundo a Termotécnica, um dos grandes diferenciais da biblioteca BIM é a quantificação detalhada de materiais, com tabelas organizadas que podem ser exportadas diretamente para planilhas Excel por meio de rotinas Dynamo exclusivas. Além disso, vídeos explicativos acompanham a biblioteca, visando assegurar que os profissionais possam utilizar todos os modelos de forma prática e intuitiva.

Desenvolvida para o software Autodesk Revit, a biblioteca foi projetada por uma equipe multidisciplinar com experiência em projetos BIM e SPDA. De acordo com a empresa, a integração garante maior

Projetada por uma equipe multidisciplinar com experiência em projetos BIM e SPDA, solução visa facilitar o trabalho de engenheiros e projetistas

compatibilidade com outros elementos da construção, promovendo análises minuciosas e confiáveis para evitar interferências e aprimorar resultados.

Hitachi investe US$ 250 milhões em transformadores

A Hitachi Energy vai investir mais de US$ 250 milhões até 2027 para expandir a produção global de componentes para transformadores. Trata-se de um adicional de investimentos anunciado pela empresa para todo o portfólio de equipamentos, que totalizaram US$ 6 bilhões. Segundo a empresa, a necessidade de acréscimo é em

razão da escassez de transformadores, que continua a aumentar no mundo.

Esse movimento tem a ver com as demandas crescentes de eletrificação das indústrias, particularmente de datacenters e sistemas para inteligência artificial, cujos projetos precisam de transformadores além do previsto nos últimos anos. Segundo comunicado, para acompanhar a demanda acelerada, a empresa vai aumentar a produção e fortalecer as cadeias de suprimentos nos Estados Unidos e em outros países.

Haverá incrementos em fábricas de transformadores nos estados americanos da Virgínia, Missouri e Mississippi. Isso incluirá produção de componentes de transformadores, como buchas e isolamento. O programa também envolverá as capacidades de fabricação da Hitachi na Ásia, América do Sul e Europa.

Os investimentos em transformadores são parte de um plano de investimento mais amplo que abrange atividades de fabricação, engenharia, digitalização, P&D e parcerias. Isso ocorre em todos os principais mercados globais. A empresa também in-

Empresa amplia fábricas nos Estados Unidos e também no Brasil para atender explosão de demanda
Hitachi/Divulgação

No Circuito

forma que está entregando melhorias em gerenciamento da cadeia de suprimentos, digitalização e automação, permitindo expansão de capacidade e velocidade acelerada para o mercado. Desse total de US$ 6 bilhões em aportes, US$ 1 bilhão são para transformadores.

BNDES libera crédito para enfrentar eventos climáticos

O BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social liberou crédito no limite de R$ 300 milhões para aquisição de máquinas e equipamentos pela CEEE-D - Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica, com atuação no Rio Grande do Sul e que desde julho de 2021 pertence ao grupo Equatorial.

O crédito será acessado por meio do programa BNDES Emergencial, pelo qual a concessionária poderá adquirir máquinas e equipamentos para ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e seus efeitos e de enfrentamento às consequências econômicas e sociais decorrentes de eventos climáticos extremos. A operação aprovada pelo banco tem ainda cláusula específica para manutenção de empregos.

Banco de fomento autoriza crédito de até R$ 300 milhões para compras de máquinas e equipamentos por concessionária gaúcha

A CEEE-D atua numa área total correspondente a 87 mil km², atendendo a 1,9 milhão de unidades consumidoras (cerca de 4 milhões de habitantes), com consumo total superior a 8 TWh por ano, dis-

tribuídos em 72 municípios do Rio Grande do Sul. A área de atuação inclui Porto Alegre e demais municípios da região metropolitana. Sua área de concessão é equivalente a 26% do território do estado.

“O BNDES criou um programa específico para apoiar empresas de todos os portes e setores do Rio Grande do Sul para que implementem ações de mitigação e adaptação aos extremos climáticos e às consequências sociais e econômicas da calamidade. Já foram viabilizados mais de R$ 26 bilhões em créditos e garantias a empresas do estado”, disse o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

Projeto para exportação de produtos de iluminação é renovado

Foi renovada parceria entre a Abilux - Associação Brasileira da indústria de Iluminação e a ApexBrasil – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos que visa fomentar a participação de empresas brasileiras da área no mercado internacional. Trata-se do projeto Lux Brasil, criado há 15 anos e que visa alavancar o crescimento das exportações para os segmentos de componentes de iluminação e luminárias comerciais, industriais, públicas, decorativas e de emergência.

No Circuito

O novo ciclo do projeto, válido para o período de 2025 a 2027, envolverá investimentos totais de R$ 5,4 milhões, considerando R$ 2,4 milhões de recursos da ApexBrasil e R$ 3 milhões de contrapartidas das empresas apoiadas e da Abilux. A meta é apoiar 80 empresas e exportar US$ 13,5 milhões em dois anos.

O projeto terá dez países como mercadosalvo, estabelecendo como prioritários os Estados Unidos, Peru e Costa Rica. A ideia da parceria é promover, facilitar e acelerar o processo de internacionalização das empresas do setor de iluminação. Segundo comunicado, as iniciativas preparam as empresas para o comércio internacional, com ações de capacitação, certificação e promoção comercial, por meio de feiras internacionais, rodadas de negócios e missões comerciais.

A nova etapa do convênio tem foco especial em empresas brasileiras localizadas nas regiões Norte e Nordeste. Para isso, o projeto promoverá quatro roadshows nessas áreas de acordo com a maior concentração de indústrias já mapeadas, inicialmente em Pernambuco, Bahia, Ceará e Amazonas.

CPFL Energia vai instalar medidores

inteligentes

A CPFL Energia vai substituir cerca de 1,6 milhão de medidores convencionais por medidores inteligentes em cidades das áreas atendidas pelas distribuidoras CPFL Paulista, CPFL Piratininga e CPFL Santa Cruz até 2029. A iniciativa demandará investimento de R$ 1,2 bilhão, sendo R$ 800 milhões provenientes do programa BNDES Mais Inovação.

A expectativa é a de que a troca englobará aproximadamente 400 mil consumidores por ano. Os municípios de Ourinhos, Jacarezinho e Ribeirão Claro, da área de concessão da CPFL Santa Cruz, serão os

primeiros a receber os novos equipamentos. Em Jaguariúna, também atendida pela distribuidora, foi realizado projeto piloto em 2018 e 2019, quando 100% do município teve os medidores trocados.

Os equipamentos são fabricados no Brasil e permitem um acompanhamento digital do consumo. Segundo comunicado da CPFL, entre os benefícios da mudança estão a transmissão dos dados de consumo de forma remota e em tempo real, o que eliminará a necessidade de leituras manuais mensais de consumo, que são passíveis de erros, atrasos e custos de deslocamento.

O programa mira também, segundo o grupo, a melhora na gestão em caso de interrupção do fornecimento de energia e da gestão e monitoramento em tempo real por parte dos consumidores sobre o uso da sua energia, o que deve possibilitar o ajuste dos hábitos de consumo.

Do total, R$ 326,3 milhões serão para a CPFL Paulista, que atende cerca de 5 milhões de clientes em 234 municípios de São Paulo; R$ 411,4 milhões para a CPFL Piratininga, com 2 milhões de clientes em 27 municípios paulistas; e R$ 62,1 milhões para a CPFL Santa Cruz, com 511 mil clientes em 45 municípios em São Paulo, Minas Gerais e Paraná.

Geração a biomassa deve superar média histórica

Em 2025, haverá acréscimo acima da média na capacidade instalada da geração de energia elétrica a partir de biomas-

Serão 1,6 milhão de medidores instalados em três distribuidoras do grupo até 2029

BNDES vai financiar cogeração a biomassa

O BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social aprovou financiamento de R$ 480 milhões para as unidades industriais da CMAA - Companhia Mineira de Açúcar e Álcool ampliarem a produção de etanol e de geração de energia a partir da biomassa da cana-de-açúcar. O aporte, oriundo do Fundo Clima, também inclui projeto de modernização industrial e aquisição de equipamentos.

Com R$ 220 milhões do banco de fomento, por exemplo, a usina Vale do Pontal, de Limeira do Oeste (MG), vai ampliar a capacidade de produção de etanol anidro em até 85 mil m³ por ano, alcançando 205 mil m³ por safra. Para ampliar a geração de energia a partir de biomassa em até 34 MW, alcançando 68 MW, a mesma usina vai utilizar o aporte para expandir a capacidade de geração de vapor de 230 t/h para 430 t/h. O investimento total no projeto é de R$ 289,4 milhões e deve gerar mais de 500 empregos.

A Vale do Pontal tem capacidade para processar 2,7 milhões de toneladas de cana por safra, produzindo etanol hidratado, açúcar do tipo VHP e energia elétrica, que atende o consumo industrial e a área agrícola. O excedente é injetado no SIN - Sistema Interligado Nacional. Com o financiamento, a usina passará a processar 4 milhões de toneladas de cana por safra.

sa no Brasil, aponta a Unica – União da Indústria de Cana-de-açúcar e Bioenergia. A previsão é de que sejam instalados 793 MW novos à matriz elétrica brasileira até dezembro deste ano, representando 8,1% do total de acréscimo de potência instalada por todas as fontes de geração (9.751 MW).

O prognóstico, se confirmado, representará um acréscimo acima da média anual da fonte biomassa dos últimos 20 anos, que foi de 672 MW entre 2005 e 2024. No ano passado, a fonte biomassa em geral instalou 586 MW novos na matriz elétrica do país, representando 5,4% da expansão no país em 2024.

Atualmente a capacidade total instalada outorgada e em operação de todas as fontes no país totaliza 210.599 MW, sendo que a biomassa de todos os tipos apresenta 17.658

MW, representando 8,5% da capacidade instalada na matriz elétrica do Brasil. Isso a coloca na quarta posição, atrás das fontes hídrica, eólica e a gás natural, em potência outorgada pela Aneel, sem incluir a micro e minigeração distribuída (MMGD).

Em janeiro de 2025, a biomassa da cana (bagaço e palha) respondia por 71,9% de toda potência outorgada da fonte biomassa, com 12.697 MW instalados e 428 unidades em operação comercial. O licor negro, resultante do processo de fabricação de celulose, ocupava a segunda colocação dentro da fonte, com 3.335 MW e 22 unidades em operação, sendo seguido pelos resíduos florestais com 837 MW e 77 unidades.

O estado de São Paulo lidera em capacidade instalada de biomassa em geral no país, representando 39,8% do total, com 7.028 MW instalados por 238 termelétricas. Os cinco principais estados em capacidade instalada pela biomassa representam 79,2% do total da fonte. Além de São Paulo, na sequência aparecem Minas Gerais, com 2.188 MW, Mato Grosso do Sul com 2.003 MW, Goiás com 1.507 MW e Paraná com 1.266 MW.

Joint venture chinesa mira expandir H2O2 para módulos FV

A alemã Evonik e a chinesa Fuhua firmaram joint venture para produzir e comercializar peróxido de hidrogênio para uso principalmente na produção de módulos solares fotovoltaicos. A operação será na cidade de Leshan, na província de Sichuan, na China.

A unidade resultante da fusão, batizada de Evonik Fuhua New Materials, terá a empresa química alemã como acionista majo-

Evonik e Fuhua vão produzir peróxido de hidrogênio grau especial empregado na produção de módulos solares fotovoltaicos

ritária, com 51%, e a Fuhua com os outros 49%. A produção vai utilizar peróxido de hidrogênio (H2O2) grau industrial da chinesa que, a partir de tecnologia da Evonik, será transformado em grau especial para aplicações em módulos solares, semicondutores e embalagens de alimentos.

O peróxido de hidrogênio tem vários usos na produção de módulos solares. Para começar é empregado na limpeza do silício, o principal material das células fotovoltaicas, removendo impurezas orgânicas e metálicas. Também tem uso na texturização da superfície do módulo, para melhorar a absorção da luz solar. Uma terceira aplicação é na oxidação térmica, para criar camada de óxido de silício na superfície das células, formando junções semicondutoras.

Segundo comunicado das empresas, os primeiros volumes de produção devem entrar no mercado no primeiro semestre de 2026. A nova empresa é resultado de acordo de licenciamento assinado em novembro de 2023, no qual a Evonik licenciou sua tecnologia de H₂O₂ para a Fuhua construir uma planta de 200 mil toneladas de peróxido de hi-

drogênio. Essa planta fornecerá o H₂O₂ necessário para a nova joint venture realizar a purificação adicional.

ACL economiza R$

55 bilhões em 2024

Com a maior abertura do mercado livre em 2024, que ficou disponível para toda a classe de consumidores da média e alta tensão, a economia com gastos de energia no país chegou a R$ 55 bilhões no ano passado, proporcionada por um consumo médio de 28.386 MW médios, volume anual recorde no histórico de demanda dos consumidores livres. A conclusão é da calculadora digital da Abraceel - Associação Brasi-

leira dos Comercializadores de Energia Elétrica.

Ao se considerar os valores atualizados economizados desde 2003, o ACL já gerou ganhos acumulados superiores a R$ 476 bilhões aos consumidores que participam do ambiente livre de contratação, integrantes do grupo A. A calculadora, batizada de Economizômetro,

mensura a economia gerada pela ampla concorrência e pelo direito de escolher o fornecedor de energia elétrica.

Os dados mais recentes mostram que o mercado livre de energia elétrica brasileiro já conta com mais de 64 mil unidades consumidoras, 0,07% do total de unidades consumidoras de energia no país. Cada unidade consumidora equivale a um medidor de energia. Segundo a Abraceel, o mercado livre de energia começa a absorver, nessa nova etapa de crescimento iniciada em 2024 com os efeitos da Portaria MME 50/2022, consumidores de energia de menor porte, que buscam melhores preços e serviços no mercado livre de energia.

A Abraceel defende que todos os consumidores brasileiros de energia elétrica, incluindo os residenciais, tenham o direito de escolher o fornecedor de energia a partir de 2026.

Foram 28.386 MW médios consumidos por mais de 64 mil unidades consumidoras livres

Decreto aprimora gestão da conta Itaipu

A Presidência da República publicou o Decreto 12.390/25, que tenta aprimorar a gestão da conta de comercialização da energia elétrica gerada pela Itaipu Binacional. O objetivo do documento, que altera o anterior (11.027/22), é evitar que haja oscilações da tarifa de repasse de Itaipu e criar reserva técnica financeira para quando houver superávit na conta.

Pelo antigo decreto, quando ocorria um déficit no fim do exercício era necessário o aumento da tarifa de repasse de Itaipu, a ser paga pelos consumidores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Por outro lado, os superávits eram distribuídos, em sua totalidade, na forma de bônus para os consumidores das classes residencial e rural de todo o País, com consumo mensal inferior a 350 kWh.

O novo decreto define que a parcela a ser distribuída será gerada a partir da soma do resultado da conta aos eventuais montantes de recomposição ainda não distribuídos e descontado da reserva técnica financeira. A reserva passa a ser constituída sempre que houver saldo positivo da conta no final do exercício anterior e tem como objetivo mitigar os impactos associados a variações de fluxo de caixa e de potenciais variações da tarifa de repasse de Itaipu. A reserva técnica será limitada a 5% do recolhimento anual previsto, ou seja, será capaz de cobrir variações de até 5% entre o valor previsto e o realizado. Na avaliação do governo, o decreto aprimora a ges-

A medida visa mitigar impactos associados às variações de fluxo de caixa e da tarifa de repasse

tão da conta de forma estrutural e garante melhor alocação de custos e riscos entre os consumidores do Sul, Sudeste e CentroOeste, que pagam a energia elétrica gerada por Itaipu, e os demais consumidores do País beneficiados pelo bônus previsto na Lei 10.438/2002.

A tarifa de repasse de Itaipu é paga pelos consumidores das distribuidoras cotistas dessas três regiões e é calculada pela Aneel, que leva em conta, entre outros fatores, a previsão de geração e de variação do dólar. No final de cada exercício pode haver déficits ou superávits decorrentes da diferença entre o previsto na tarifa de repasse e o realizado ao longo do ano.

A Lei 10.438/2002, que dispõe sobre a expansão da oferta de energia elétrica emergencial, prevê, no artigo 21, que uma parcela do resultado da comercialização de energia de Itaipu será destinada, mediante rateio proporcional ao consumo individual e crédito do bônus nas contas de energia, aos consumidores do SIN integrantes das classes residencial e rural, com consumo mensal inferior a 350 kWh.

CMSE referenda compensadores síncronos para reduzir curtailment

O CMSE - Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, durante reunião do colegiado na sede do MME, em março, discutiu estratégias para mitigar os impactos do corte (curtailment) de geração de energia renovável na região Nordeste. Entre as ações apontadas, o comitê deliberou pela urgência de implementação de três compensadores síncronos, equipamentos que aumentam a confiabilidade no fornecimento de energia, evitando os cortes de geração, em subestações no estado do Rio Grande do Norte.

Medida foi indicada pelo ONS e EPE no POTEE 2024 para uso no Rio Grande do Norte

A medida foi indicada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculadas ao MME, e consta do Plano de Outorgas de Transmissão de Energia Elétrica (POTEE) de 2024. Os equipamentos têm previsão de licitação no segundo semestre de 2025 e, na sequência, terão monitoramento diferenciado da implantação para acelerar a operação comercial.

Ainda como ação do CMSE para encontrar solução para o curtailment, no dia 13 de março foi realizado o primeiro encontro do grupo de trabalho do comitê para coordenar ações, realizar diagnóstico, avaliar e propor medidas de planejamento, regulatórias e operacionais para mitigar cortes de geração renovável.

Acidentes com choques elétricos aumentam 11%

O número de acidentes envolvendo choques elétricos e incêndios causados por sobrecarga de energia aumentou 11% em 2024 no Brasil, segundo dados da Abracopel - Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade. Apenas em 2024, foram registrados 2.373 acidentes relacionados à eletricidade, um crescimento de 11,6% em relação ao ano anterior. Ao todo, 759 pessoas perderam a

No Circuito

vida em todo o país, um aumento de 12,6% se comparado a 2023.

Segundo a Abracopel, os incidentes por choque elétrico subiram de 986 para 1.077. Já os incêndios originados por sobrecarga e curto-circuito aumentaram de 963 em 2023 para 1.186 em 2024, um acréscimo de 23,16%.

Segundo levantamento, 759 pessoas morreram por causa dos sinistros

Um setor onde há muitos casos é o de construção civil, em tarefas realizadas na mesma altura da rede de média tensão, como a reforma de telhados e construção de segundo e terceiro pavimentos, por exemplo. A recomendação é que seja observada a distância de, pelo menos, 1,5 metro em relação à rede de distribuição. Também há recomendações para profissionais que utilizam cabos de rolo de pintura feitos de alumínio ou de outros materiais condutores de eletricidade. A simples aproximação do objeto pode criar arco elétrico, que vai provocar choque elétrico no profissional.

CGEE aprova ajustes no orçamento do Procel

Foram arrecadados R$ 470 milhões com as distribuidoras, 5% acima do previsto

O MME - Ministério de Minas e Energia realizou ajustes no orçamento do plano de aplicação de recursos (PAR) do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, o Procel. A decisão, baseada nos valores arrecadados pelas concessionárias de energia, foi tomada durante reunião do Comitê Gestor de Eficiência Energética (CGEE), responsável pela aprovação e acompanhamento do plano.

Foi deliberado, durante o encontro virtual, o volume de recursos recolhidos para a conta Procel pelas concessionárias de energia elétrica. Para a implementação do PAR, foram arrecadados aproximadamente R$ 470 milhões, um montante 5% superior ao previsto.

Diante do excedente, foram aprovadas melhorias na destinação dos recursos, incluindo o fortalecimento da capacitação laboratorial. A medida, segundo comunicado do MME, permitirá a realização de ensaios de desempenho energético dos equipamentos regulados pelo comitê. Além disso, ajustes foram feitos nas rubricas destinadas a eventos, considerando a realização da COP 30 em Belém (PA) neste ano, e no suporte aos comitês.

ISA obtém licença para linha de transmissão

A transmissora ISA obteve licença de operação do órgão ambiental paulista, a Cetesb, para avançar com as obras da linha de transmissão aérea de alta tensão (345 kV) do projeto Riacho Grande, arrematado pela empresa no leilão de transmissão da Aneel nº 01/2020.

Com nove quilômetros de extensão, a linha de transmissão licenciada será responsável por interligar três subestações (São Caetano do Sul, Ibiúna e Tijuco Preto), com passagem pelos municípios de Santo André e São Bernardo do Campo, permitindo que a cidade de São Caetano do Sul seja abastecida pela geração da usina hidrelétrica de Itaipu.

Sob investimento de R$ 1,1 bilhão, o empreendimento Riacho Grande visa aumentar a confiabilidade no fornecimento de energia para a capital paulista e região do ABC. Com promessa de gerar 2 mil empregos durante a fase de obras, o projeto contempla a construção de 44,6 km de linhas de transmissão subterrâneas, 9 km de linhas aéreas, uma nova subestação (São Caetano do Sul) e a ampliação de duas existentes (Miguel Reale e Sul).

Segundo a ISA, para reduzir a interferência das linhas de transmissão no meio ambiente e em infraestruturas existentes, foram adotados alguns métodos construtivos especiais, como o alteamento de torres, áreas reduzidas de trabalho e de uso de guindastes, além de estudos e estratégias para definição de traçados.

Por conta desses métodos, a empresa implementou uma das maiores torres de transmissão do estado de São Paulo, com cerca de 120 metros de altura e 100 toneladas, próxima às margens da represa Billings.

Além disso, em fevereiro, com o avanço das obras, a ISA iniciou a instalação do maior transformador de potência em volume de sua história na Subestação São Caetano do Sul, que deve beneficiar mais de 2 milhões de pessoas, ao aumentar a capacidade de atendimento à demanda de energia pelos próximos 30 anos. O sistema tem potência de 400 MVA.

A companhia também assinou protocolo de intenções com o governo baiano para iniciar a construção de 1.100 quilômetros de linhas de transmissão no Vale do São Francisco e no oeste do estado da Bahia.

O projeto, batizado de Serra Dourada, é fruto do leilão de transmissão da Aneel 01/2023, e integra o Novo PAC - Programa de Aceleração do Crescimento. “A assinatura é estratégica para garantir a infraestru-

A linha licenciada vai interligar três subestações e tem nove quilômetros

No Circuito

tura necessária para o funcionamento dos parques eólicos e solares”, disse o secretário do desenvolvimento econômico da Bahia, Angelo Almeida.

Segundo ele, a estimativa é que o investimento privado seja de mais de R$ 3 bilhões para a implantação da linha de transmissão e que atenda principalmente a demanda da agroindústria das regiões. O projeto abrange 20 municípios baianos, além da construção de três novas subestações nas cidades de Campo Formoso, Barra e Correntina.

Na estimativa da ISA Energia, devem ser criados mais de 1,3 mil empregos diretos e indiretos na operação e 4,8 mil diretos e indiretos durante a fase de construção da linha de transmissão. As obras estão previstas para ocorrer ao longo de 20 meses, contando com 17 canteiros de obras no estado, que serão mobilizados logo após a emissão da licença de Implementação, prevista para sair em abril.

Notas

Energia do ACL – A portuguesa EDP fechou contrato com o governo do Ceará, em específico com a Secretaria da Infraestrutura do estado, para fornecimento de energia do mercado livre, na modalidade varejista. O contrato prevê o fornecimento de 13,4 MW médios (ou 117 GWh/ano) até 2029, para atender a demanda de 144 órgãos do estado. O governo do Ceará prevê que a migração representará uma economia, em média, de mais de 20% nos gastos com energia elétrica.

Carregadores para VEs – A Eletrobras e a Estapar fecharam acordo para implantar pontos de carregamento de carros elétricos em estacionamentos da rede em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os primeiros carregadores estão instalados em garagens da Estapar no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, e na praça da Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro. Com a energia fornecida pela Eletrobras e a operação dos espaços a cargo da Zletric, subsidiária da Estapar focada em mobilidade elétrica, em

São Paulo foram instaladas 24 vagas com carregadores do tipo CA na área premium do Aeroporto de Congonhas. O espaço conta com um lounge de espera e serviço de suporte a recargas via call center 24 horas por dia. No Rio de Janeiro, são 22 vagas exclusivas para carros elétricos com totens de carregamento no estacionamento da Estapar na Cinelândia, no centro da cidade, sendo duas delas equipadas com carregadores CC, de recarga rápida.

Fornecimento de turbinas eólicas – A Nordex, fabricante de turbinas eólicas, fechou contrato de fornecimento de 19 aerogeradores N163/5.X para a Auren Energia. O pedido, que totaliza 112 MW, também inclui contrato de operação e manutenção (O&M) por um período inicial de 15 anos, que pode se estender por até 30 anos. As turbinas, cada uma com 5,9 MW de potência nominal, serão destinadas ao parque eólico Cajuína 3, que faz parte do complexo eólico Cajuína, em Lajes, no estado do Rio Grande do Norte. A previsão é as 19 turbinas serem instaladas no início de 2026, as quais serão montadas com torres de concreto de 120 metros também fabricadas pela Nordex. O comissionamento das novas turbinas está programado para o outono de 2026. Modernização UHE Tucuruí – A Voith Hydro assinou contrato de modernização do sistema de automação da UHE Tucuruí, no Pará, o maior ativo hidrelétrico da Eletrobras, com 8,3 GW de potência instalada. A usina está localizada no rio Tocantins. Pelo contrato, a Voith Hydro será responsável por atualizar os equipamentos e sistemas das casas de força 1, 2 e auxiliar, abrangendo 25 unidades geradoras, além da Subestação de Tucuruí. A modernização inclui a implementação da solução de automação HyCon, além de sistemas de proteção, controle, supervisão e aquisição de dados e reguladores de velocidade e de tensão. No total, serão fornecidos mais de 760 novos painéis, além da reforma de 162 já existentes, junto com mais de 7.300 instrumentos. A execução do projeto está prevista para os próximos cinco anos.

EM Sintonia

Bioindústria

Para o cientista Carlos Nobre, investir em bioindustrialização é melhor do que em gás e petróleo no norte do Amapá, localidade com 830 mil habitantes. A Petrobrás reserva R$ 3 bilhões para perfurações na região. Nobre cita as ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis da ONU - Organização das Nações Unidas. Segundo ele, para implantar 100 biofábricas modestas (a um custo de US$ 100 mil cada), além de uma superdiversificada (mais US$ 60 milhões), nos 17 municípios do Amapá, seriam necessários US$ 70 milhões por município, transformando o estado num polo tecnológico de valorização da bioindustrialização em grande escala, fortalecendo cooperativas e associações.

Hidrogênio verde

Paulo Alvarenga, CEO da Thyssenkrupp para a América Latina, espera o viger de um arcabouço legal completo para que o País enverede na produção deste insumo energético, o hidrogênio verde. Ele preside a Câmara Brasil-Alemanha (AHK) e a Associação Brasileira da Indústria de Hidrogênio Verde (ABIHV). Sua atenção converge para a descarbonização do planeta.

Resíduos

O estado de Pernambuco pode transformar resíduos de sua economia em energia elétrica (120 MW), segundo a Abren – Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos, sendo capaz de abastecer 610 mil residências, criar 7 mil empregos e trazer investimentos de R$ 6,6 bilhões, evitando custos ambientais e de saúde da ordem de R$ 8,25 bilhões. Pernambuco está apto a operar as usinas transformando-se em referência nacional. Para a Abren, o País está 50 anos atrasado no aproveitamento energético dos resíduos urbanos, que poderiam atrair investimentos de R$ 500 bilhões, se definidos os comandos legais e as condições econômicas para os projetos que estão batendo nas portas.

Enel

Ao se considerar apenas as quatro últimas chuvas na cidade de São Paulo (de 18 de março de 2025 para trás), permaneceram no escuro durante períodos não inferiores a três horas por evento os bairros de Vila Madalena e Pinheiros, redutos relevantes dentro do centro expandido do município. Para dimensionar o significado desses constrangimentos, a população afetada equivale a um Uruguai. Os prejuízos no setor de serviços são ainda incalculáveis. Dezenas de edificações com cerca de 30 andares ou mais na região imediatamente acionam geradores a diesel para assegurar segurança (inclusive em instalações de saúde) nas suas unidades habitadas. Os semáforos demoram horas para religação. Há perdas de toda ordem em listas intermináveis, de vidas, de ativos, de negócios, de famílias, de destinos e destinações.

Metano

Um estudo conduzido em colaboração com o professor Thanos Bourtsalas, da Universidade de Columbia, sugere a métrica de geração de metano expressa em CH4 por tonelada de deposição anual de resíduos sólidos urbanos (RSU). O informe é de José Mateus da WIERT-Brasil, citando os estudos “Methane, climate change and air quality in Europe”, além de “Methane generation in landfills – Science Direct”.

Importa como metrificar a geração de energia elétrica (capturando e queimando gás metano) a partir de cálculos baseados na química da biodegradação de materiais, utilizando a experiência operacional apurada em cerca de 400 aterros sanitários, todos inclusos no Programa de Extensão do Metano em Aterros Sanitários (LMOP), da Usepa - United States Environmental Protection Agency, que representam cerca de 200 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos.

Para aterros sanitários dos Estados Unidos, uma primeira estimativa foi de 0,05 t de CH4/t de RSU, o que representa 40% da biodegradação completa de todos os materiais biodegradáveis do país.

Conjuntos de manobra e controle de baixa tensão

O guia reúne informações essenciais sobre fabricantes de conjuntos de manobras e controle de BT, incluindo uma ampla gama de soluções, como painéis de distribuição, CCMs, painéis de automação de subestações, painéis de comando para máquinas, caixas de entrada e medição, entre outros. São detalhadas montagens oferecidas, material dos invólucros e informações como tensão de isolação, tensão suportável de impulso, corrente nominal, correntes suportáveis, graus de proteção e normas aplicáveis. Da Redação de EM

Empresa –Telefone E-mail

APE – (14) 97400-8106 vendas@apebauru.com.br

Automasul – (54) 3316-2600 atendimento@automasul.com.br

Bamaro – (31) 3393-2543 comercial1@bamaro.com.br

DBTEC – (12) 98208-0356 comercial@dbtec.com.br

Forza – (41) 99891-7236 comercial01@forza-ind.com.br

Gimi – (11) 4752-9900 vendas@gimi.com.br

HB – (15) 99781-4898 vendas@hbindustria.com.br

HZ Painéis – (11) 91361-9038 comercial@hzpaineis.com.br

Montê – (51) 3062-0809 monte@monte.rs

Montrik – (21) 96489-7553 vendas@eletroz.com.br

Neopro – (11) 4702-0505 contato@neopro.ind.br

Nova Automação (47) 99175-2017 gibran@novaautomacao.ind.br

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Rio-Tech – (17) 4009-0500 comercial@rio-tech.com.br

Painéis de distribuição

CCM

Painéis de automação de subestações

Montagem fixa

Montagem extraível

Montagem plug-in

Painéis de comando para máquinas

Cabines de barramento para edifícios

Caixas de entrada e de medição padrão concessionária Painéis em aço inoxidável Painéis vazios em chapa de aço e acessórios

Caixas em policarbonato

Tensão nominal de isolação (Ui) (V.c.a)

Tensão nominal de isolação (Ui) (V.c.c)

Tensão suportável nominal de impulso (Uimp) (kV)

Corrente nominal dos barramentos (A)

Corrente suportável nominal de curta duração (Icw) (kA/1s)

Corrente suportável nominal de crista (lpk) (kA)

Empresa –Telefone E-mail

Painéis de distribuição

CCM

Painéis de automação de subestações

Montagem fixa

Montagem extraível

Montagem plug-in

Painéis de comando para máquinas

Cabines de barramento para edifícios

Caixas de entrada e de medição padrão concessionária

Painéis em aço inoxidável

Painéis vazios em chapa de aço e acessórios

Caixas em policarbonato

Tensão nominal de isolação (Ui) (V.c.a)

Tensão nominal de isolação (Ui) (V.c.c)

Setta – (34) 99922-9015 rafael.santos@gruposetta.com

Tecnoeletro – (48) 3525-0441 contato@tecnoeletro.com

Vepan – (11) 99133-4032 vendas@vepan.com.br

WEG Automação (47) 3276-4000 automacao@weg.net

Obs.: Os dados constantes deste guia foram fornecidos pelas próprias empresas que dele participam, de um total de 85 empresas pesquisadas. Fonte: Revista Eletricidade Moderna, Março / Abril de 2025. Este e muitos outros guias estão disponíveis on-line, para consulta. Acesse www.arandanet.com.br/revista/em e confira. Também é possível incluir a sua empresa na versão on-line de todos estes guias.

Cálculo de energia incidente para geradores utilizando IEEE 1584-2018 (Parte 2: Exemplos)

Luiz Henrique Zaparoli e Luciano Borges Piva, da Eletrobrás; Filipe Barcelos Resende, da Vale; e Giovani Zaparoli, da Enel.

Parametrizações, aproximações e levantamento de dados

Com relação aos tempos de exposição, a IEEE 1584-2018, na sua seção 6.9 –“Determinação da duração do arco”, orienta: “Se o tempo total de liberação do dispositivo de proteção for superior a dois segundos (2 s); considere quanto tempo uma pessoa provavelmente permanecerá no local do arco voltaico. É provável que uma pessoa exposta a um arco voltaico se afaste rapidamente se for fisicamente possível, e 2 s geralmente é uma suposição razoável para a duração do arco, para a determinação da energia incidente”.

Ainda com relação a este assunto, a norma prossegue: “No entanto, isso depende da tarefa específica. Um trabalhador em um cesto aéreo, ou dentro de um compartimento do equipamento, pode precisar de mais tempo para se afastar. Use o julgamento de engenharia ao aplicar qualquer tempo máximo de duração do arco para cálculos de exposição à energia incidente, porque pode haver circunstâncias em que a saída de uma pessoa pode ser bloqueada”.

Assim, os cálculos/simulações realizadas aqui terão como parâmetros iniciais 2 se-

gundos de exposição e distância de trabalho de 1 m.

Esta parametrização visa apenas facilitar os exemplos de cálculo, sendo que na metodologia proposta o responsável pelo cálculo poderá alterar esses valores conforme seu próprio julgamento de engenharia.

Os autores propõem uma metodologia para o cálculo de energia incidente do arco elétrico para os terminais de saída de geradores. Diferentemente de em circuitos de transmissão, distribuição e consumo, nos geradores o tempo de exposição ao arco não pode ser relacionado com o tempo de sensibilização da proteção, mas fixado segundo interpretação de engenharia e análise da tarefa a ser executada.

= (U2 +2 Xd I senφ + (Xd I)2 sen2 φ +(Xd I)2 cos2 φ )1/2 Ey = (U2 +2 Xd I senφ + (Xd I)2 (sen2 φ + cos2 φ ))1/2

= (U2 +2 Xd I senφ + (Xd I)2)1/2 (17)

Após os cálculos iniciais, faremos ainda uma análise da variação deste tempo de exposição [Nota do Editor: Esta e outras análises estarão na terceira parte do artigo, a ser publicada na próxima edição, EM nº 583]

Com relação ao ângulo φ, desenvolvendo a equação (10) [Nota do Editor: ver

EM no 581, janeiro-fevereiro de 2025, pág. 40], chega-se à equação (17), acima:

Nota-se que o valor do ângulo φ que maximiza o valor de Ey é π/2, caracterizando uma carga puramente indutiva e um defasamento de 90º entre tensão e corrente. Analogamente, este raciocínio é válido também para as equações (11) e

Uma série em três partes

Em vista da extensão deste importante e oportuno artigo, a Redação de EM decidiu publicá-lo em três edições consecutivas, sendo:

• Parte 1 (publicada em EM no 581): Exposição da metodologia da IEEE 1584 para cálculo de energia incidente entre 600 e 15000 V;

• Parte 2 (aqui publicada): Exemplos de utilização da metodologia;

• Parte 3 (a ser publicada em EM no 583): Análises dos cálculos; identificação dos equipamentos; e conclusões.

(12) [N. do E.: idem]. Assim, chega-se também às equações (18) e (19):

E’y_máx = (U2 + 2 X’d I + (X’d I)2)1/2 (18)

E”y_máx = (U2 + 2 X”d I + (X”d I)2)1/2 (19)

O cálculo das Icc de regime permanente foi realizado utilizando o software Anafas do Cepel, substituindo-se as impedâncias das barras das UGs, da condição subtransitória para a de regime permanente.

Como pontos passíveis de ocorrência do arco, definimos neste trabalho os cubículos de surto das unidades geradoras em questão, uma vez que estes estão no mesmo ponto elétrico dos terminais de saída dos geradores e são os pontos de mais fácil acesso aos trabalhadores. A figura 1 mostra o diagrama unifilar da saída do gerador até o transformador elevador da UG05 da UHE Furnas, sendo que a mesma configuração pode ser considerada para a UG06 da UHE Mascarenhas de Moraes.

Os outros dados demandados, como as dimensões do cubículo e configuração de eletrodo, foram identificados através de análise dos desenhos e também por

medições/inspeções no local (vide figuras 2 e 3).

Ferramenta computacional

Pela metodologia adotada, considerando um tempo de exposição ao arco (TEA) de 2 segundos, teremos somente um cálculo de corrente de arco e um cálculo de energia incidente para cada ms, resultando em 4 mil conjuntos de cálculos para obtenção da energia incidente final.

Estes 4 mil cálculos são repetidos iterativamente para a determinação do limite seguro de aproximação (LSA). Se considerarmos como exemplo um LSA 2 metros maior que a distância de trabalho, variando a distância de 1 em 1 cm teremos 200 vezes repetidos os 4 mil cálculos, totalizando um conjunto de 800 mil cálculos. Em alguns casos, com energias incidentes maiores e consequentemente maiores limites seguros de aproximação, a quantidade de cálculos pode ser maior ainda — nas simulações de estudo, chegou-se a uma determinação de energia incidente e limite seguro de aproximação que exigiram mais de 2,5 milhões de cálculos.

Dessa forma é evidente a necessidade de ferramenta computacional direcionada à utilização da metodologia proposta. Para tanto foram desenvolvidos novos módulos de cálculo de energia incidente para geradores no software CEI–ARC, já utilizado pela Eletrobrás para estudos

de energia incidente, e no software Pro Arco da empresa Estúdio de Software.

Equipamentos

Como exemplos de utilização da metodologia, realizaremos os cálculos referentes a duas unidades geradoras da Eletrobrás: a UG05 da UHE Furnas e a UG06 da UHE Mascarenhas de Moraes.

UG05 da UHE Furnas (figura 4)

• gerador síncrono de polos salientes;

• potência nominal: 160 MVA;

• tensão nominal: 15 kV;

• corrente nominal: 6158 A;

• reatância síncrona de eixo direto Xd, em p.u. : 0,9;

• reatância transitória de eixo direto X’d, em p.u.: 0,27;

• reatância subtransitória de eixo direto X”d, em p.u.: 0,16;

• constante de tempo transitória de eixo direto T’d, em segundos : 2,03;

Fig. 1 – Unidade geradora 05 (UG05) da UHE Furnas – Unifilar da saída do gerador
Fig. 4 – UG05 da UHE Furnas
Fig. 2 – UG05 da UHE Furnas: desenho dimensional do cubículo de surto
Fig. 3 – UG05 da UHE Furnas: cubículo de surto – vista frontal e verificação de configuração de eletrodo VCB

Arcos elétricos

• constante de tempo subtransitória de eixo direto T”d, em segundos : 0,11;

• constante de tempo de enrolamento de armadura Ta, em segundos : 0,24; e

• Icc trifásica simétrica de regime permanente: 54,89 kA.

Cálculos para a UG05 da UHE Furnas – Inicialmente foram calculadas as correntes de curto-circuito no gerador, como descrito anteriormente [N. do E.: ver “Cálculo da corrente de curto circuito em geradores”, na pág. 40 de EM no 581], de T=0 até T=TEA (tempo de exposição ao arco) definido em 2000 ms.

Estas correntes foram calculadas tanto para a situação de gerador isolado do sistema interligado nacional (SIN) quanto

para o gerador sincronizado ao SIN (não isolado). Para cada corrente de curto foi calculada a corrente de arco correspondente segundo a IEEE 1584-2018.

Após o cálculo das correntes de curtocircuito e das correntes de arco, foi possível calcular a energia incidente para cada ms. Por fim, foi realizada a soma das mesmas, que é a energia incidente resultante (Efinal) do tempo de exposição TEA configurado em 2000 ms para a distância de trabalho (D) predefinida em 1000 mm.

Após o cálculo da energia incidente para distância de trabalho de 1000 mm, o software realiza o incremento de 10 em 10 mm na distância de trabalho e recalcula o valor de Efinal até que resultado seja menor ou igual a 1,2 cal/cm2 . O pri-

meiro valor de D a resultar em um Efinal menor ou igual a 1,2 cal/cm2 foi considerado o limite seguro de aproximação (LSA).

Além do LSA, são registrados também o valor de D40, que é a distância a partir da qual é permitida a utilização de uma vestimenta de 40 cal/cm2, e o valor de Dvestimenta, que é a distância a partir da qual é permitida a utilização de vestimenta com ATPV declarado pelo usuário via entrada digitada.

Os resultados obtidos para as correntes de curto e de arco são mostrados de forma gráfica nas figuras 6 e 7. Já os valores de energia incidente LSA, D40 e Dvestimenta são apresentados em forma de relatório nas figuras 8 e 9.

Também através da utilização do módulo implementado no CEI ARC e Pro Arco foi possível gerar os gráficos de energia incidente x distância de trabalho para a UG05 da UHE Furnas, mostrados nas figuras 10 e 11.

UG06 da UHE

Mascarenhas de Moraes

• gerador síncrono de polos salientes;

• potência nominal: 50 MVA;

• tensão nominal: 13,8 kV;

• corrente nominal: 2176 A;

Fig. 5 – UG05 da UHE Furnas: Exemplo de dados de entrada no software CEI ARC para cálculo de energia incidente e limite seguro de aproximação
Fig. 6 – UG05 da UHE Furnas: Corrente de curto-circuito e corrente de arco com gerador não isolado (CEI-ARC)
Fig. 7 – UG05 da UHE Furnas: Corrente de curto-circuito e corrente de arco com gerador isolado (CEI-ARC)

Fig. 8 – UG05 da UHE Furnas: Relatório de cálculo de energia incidente e de limite seguro de aproximação com UG isolada

• reatância síncrona de eixo direto Xd, em p.u. : 0,87;

• reatância transitória de eixo direto X’d, em p.u.: 0,34;

Fig. 9 – UG05 da UHE Furnas: Relatório de cálculo de energia incidente e de limite seguro de aproximação com UG não isolada

• reatância subtransitória de eixo direto X”d, em p.u.: 0,26;

• constante de tempo transitória de eixo direto T’d, em segundos : 1,74;

• constante de tempo subtransitória de eixo direto T”d, em segundos : 0,333;

• constante de tempo de enrola-

Arcos elétricos

Fig. 10 – UG05 de UHE Furnas: energia incidente x distância de trabalho – UG não isolada

Fig. 12 – UG06 da UHE Mascarenhas de Moraes: corrente de curtocircuito e corrente de arco com gerador não isolado (CEI-ARC)

Fig. 14 – UG06 da UHE Mascarenhas de Moraes: relatório de cálculo energia incidente e limite seguro de aproximação – UG isolada

Fig. 11 – UG05 de UHE Furnas: energia incidente x distância de trabalho – UG isolada

Fig. 13 – UG06 da UHE Mascarenhas de Moraes: corrente de curtocircuito e corrente de arco com gerador isolado (CEI-ARC)

Fig. 15 – UG06 da UHE Mascarenhas de Moraes: relatório de cálculo energia incidente e limite seguro de aproximação – UG não isolada

mento de armadura Ta, em segundos : 0,13; e • Icc trifásica simétrica de regime permanente: 49,30 kA.

Cálculos para a UG06 da UHE Mascarenhas de Moraes – Foi realizado o mesmo procedimento descrito acima para a UG05 da UHE Furnas. Os

resultados obtidos para a corrente de curto e a corrente de arco são mostrados de forma gráfica mas figuras 12 e 13, e os valores de energia incidente LSA, D40 e Dvestimenta são apresentados nas figuras 14 e 15, em forma de relatório.

E, da mesma forma que para a para a UG05 da UHE Furnas, também se ge-

raram os gráficos de energia incidente x distância de trabalho para a UG06 da UHE Mascarenhas de Moraes, mostrados nas figuras 16 e 17.

Esta série continua na próxima edição, EM no 583, com a análise dos cálculos, a identificação dos equipamentos e as conclusões do estudo.

Fig. 16 – UG06 da UHE Mascarenhas de Moraes: energia incidente x distância de trabalho – UG não isolada
Fig. 17 – UG06 da UHE Mascarenhas de Moraes: energia incidente x distância de trabalho – UG isolada

Empresa Telefone E-mail

Cabos de potência de média tensão

Da Redação de EM

O levantamento apresenta a oferta de cabos de potência de média tensão de fornecedores que atuam no mercado nacional. São listadas as principais especificações técnicas desses produtos, como classe de tensão nominal, número de condutores (unipolar ou tripolar), material do condutor (cobre ou alumínio), tipo de isolamento (XLPE, EPR, HEPR), entre outras.

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Obs.: Os dados constantes deste guia foram fornecidos pelas próprias empresas que dele participam, de um total de 45 empresas pesquisadas. Fonte: Revista Eletricidade Moderna, Março / Abril de 2025. Este e muitos outros guias estão disponíveis on-line, para consulta. Acesse www.arandanet.com.br/revista/em e confira. Também é possível incluir a sua empresa na versão on-line de todos estes guias.

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Iluminação pública

A influência das luminárias na poluição luminosa e ofuscamento

do Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

Aedição 2024 da norma ABNT NBR 5101 [1], que substituiu a publicada em 2018, enfatiza o controle dos problemas ambientais gerados pela iluminação pública e do ofuscamento. Os problemas ambientais considerados são: luz intrusa, que é a parcela da luz emitida pela luminária que incide em propriedades próximas às vias; poluição luminosa do céu, que é a parcela emitida diretamente para cima, acrescida da luz refletida pelo piso e outras superfícies; e prejuízos à vida animal e ao ser humano.

A poluição luminosa faz com que o céu noturno apresente brilho superior (em muitos casos, bem superior) ao natural, devido à luz emitida diretamente ou refletida pelo piso para cima, que é espalhada pelas partículas em suspensão na atmosfera, o que dificulta, e até mesmo impede, a observação de estrelas e astros, afetando os cidadãos em geral e os astrônomos em particular, passando pelos poetas e pelos enamorados (figura 1).

O controle do ofuscamento é necessário porque afeta o desempenho visual de condutores de veículos, motorizados ou não, e de pedestres, constituindo fator de risco e de desconforto.

Os prejuízos à vida animal sempre existirão, mas podem ser atenuados

Uma nova versão da norma ABNT NBR

5101 – Iluminação Pública – Procedimentos foi publicada no início de 2024, focando, entre outros assuntos, o combate à poluição luminosa provocada pela iluminação pública. Este artigo apresenta um resumo dos conceitos de poluição luminosa e de ofuscamento provocados pela iluminação pública e também apresenta medidas para minimizar esses efeitos.

ao se evitar iluminação excessiva (ou desnecessária) e utilizar fontes luminosas com predominância dos maiores comprimentos de onda no espectro visível, ou seja, com cores amareladas. Esses prejuízos são, entre outros, desorientação espacial e alteração dos ciclos naturais.

A iluminação pública deve, ao mesmo tempo, apresentar uma boa reprodução de cores, propiciando o contraste neces-

sário para que os objetos sejam distinguidos pelas pessoas.

Com relação à poluição luminosa do céu, a nova versão da norma traz limitações nos valores de TCC (temperatura de cor correlata), com a finalidade de diminuir a parcela de luz azul (menores comprimentos de onda) no espectro da luz emitida. A luz azul sofre maior espalhamento na atmosfera, e por isso provoca mais poluição luminosa do

Fig. 1 – Lua e Vênus, fotografados de Niterói (RJ) – Poluição luminosa impede registro de estrelas no espaço fora do contorno da lua
Ivo Ázara

Iluminação pública

que em comprimentos de onda maiores (tendendo para o vermelho).

O gráfico da figura 2 mostra a distribuição espectral relativa de um LED com TCC 3 000 K e de outro com TCC 6 600 K, que correspondem às distribuições espectrais LED-B2 e LED-B5 definidos pela CIE (Comission Internationale de l’Eclairage). A distribuição espectral do LED-B5 foi multiplicada pelo fator 1,10 para corresponder ao mesmo fluxo luminoso do LED-B2.

Classificação

das luminárias em relação à poluição luminosa e ao ofuscamento

A atual ABNT NBR 5101 adota um conjunto de critérios para a avaliação das luminárias para iluminação pública com relação à poluição luminosa e ao ofuscamento, constituindo o SCL –Sistema de Classificação de Luminárias, que é baseado no sistema BUG criado pela Iesna e constante da publicação IES TM-15-11 [2]. A sigla BUG corresponde às inicias de Backward Light (luz para trás), Upward Light (luz para cima) e Glare (ofuscamento).

A classificação pelo sistema SCL é baseada no fluxo luminoso parcial emitido pela luminária em três zonas (ângulos sólidos): luz emitida para trás no hemisfério inferior, luz emitida para frente no hemisfério inferior, e luz emitida para o hemisfério superior. Cada um desses três ângulos sólidos tem subdivisões,

com valores máximos admissíveis para cada classificação. A melhor classificação possível é B0-U0-G0, que significa o melhor desempenho nas três zonas. Por exemplo, U0 significa que a luminária não emite luz para o hemisfério superior, ou seja, não contribui diretamente para a poluição luminosa do céu noturno.

Mesmo que a luminária receba classificação U0, a iluminação pública sempre causará poluição noturna do céu, embora indiretamente, pois a luz incidente no piso da via e em outras superfícies é parcialmente refletida em direção ao céu. Por isso, deve-se evitar iluminação excessiva, ou seja, além do recomendado pelas normas.

As grandezas iluminância e luminância, do campo da Óptica, são importantes na iluminação pública. Dependendo do tipo de via, o projeto será feito com base na iluminância ou na luminância (esta para vias mais complexas).

A iluminância (unidade lux, símbolo lx) é o fluxo luminoso incidente por metro quadrado do piso. De maneira simplificada, pode-se pensar o fluxo luminoso como quantidade de luz.

Quanto à luminância, podemos dizer, também simplificadamente, que corresponde quantitativamente ao que vemos, e depende da refletância do piso. Corresponde à intensidade luminosa incidente no olho do observador ou na abertura de um instrumento, dividida pela área

Fig. 2 – Distribuições espectrais LED-B2 (3 000 K – menor conteúdo de azul) e LED-B5 (6 600 K – maior conteúdo de azul)

Fig. 3 – Esquema mostrando os ângulos sólidos da classificação SCL. Região 1: Luz para trás (luz invasiva); Região 2: Luz para cima (poluição luminosa do céu); Região 3: Luz em ângulos altos (ofuscamento).

Fonte: https://codelibrary.amlegal.com/codes/ morrisonco/latest/morrison_co/0-0-0-5693

de emissão. Sua unidade é candela por metro quadrado, símbolo cd/m2

Em um difusor perfeito, ou superfície lambertiana, se mantivermos fixas a sua posição e a iluminação sobre ela, temos a mesma sensação de brilho em qualquer direção de observação, o que significa a mesma luminância em todas as direções. Isso é uma característica de um material fosco, como, por exemplo, papel de impressora. A relação entre luminância L, iluminância E e refletância ρ, para um difusor perfeito é:

L = Er , p

Portanto:

r = pL E

Com base nessas equações e nos valores publicados em [3], pode-se estimar que a refletância média dos pisos se encontra entre 0,17 e 0,40. Porém, como os pisos de maior refletância exigem menor iluminância para produzir a luminância desejada, a parcela refletida para o céu é praticamente independente da refletância do piso, desde que o sistema de iluminação seja projetado adequadamente. Assim, pisos claros (com maior refletância) permitem um menor consumo de energia, que é um dos objetivos do projeto de iluminação pública, com impactos econômicos e ambientais.

Deve ser observado que as superfícies dos pisos das vias não são difusores perfeitos; apresentam simultaneamente reflexão direta e difusa, em proporções variáveis.

Iluminação pública

A atual ABNT NBR 5101 traz orientações sobre o cálculo da luminância obtida com diversos tipos de pisos.

Com a implantação do SCL (figura 3), as luminárias são classificadas, com relação ao seu potencial quantitativo de poluição luminosa e ofuscamento, por um sistema com maior detalhamento do que o anterior, que era chamado de Cutoff. A classificação pelo SCL baseia- se na distribuição luminosa da luminária, que é medida utilizando-se um instrumento chamado goniofotômetro. Normalmente, a medição da distribuição luminosa é feita com a luminária montada horizontalmente. Porém, se a luminária for montada no campo com ângulo de instalação diferente, por exemplo, 5° ou 10°, essa classificação perde a validade. Por exemplo, uma luminária com classificação U0 (sem emissão de luz para cima) provavelmente teria sua classificação mudada para U1 ou U2 quando usado um ângulo de instalação de 5° ou 10° (figura 4).

4 – Com a inclinação da luminária em 10°, a direção da intensidade luminosa representada pela seta amarela, que ficava entre 80° e 90°, passa a ficar acima de 90° (elaborado por Ivo Ázara)

luminárias serão instaladas em braços existentes, muitos deles com ângulo positivo (extremidades voltadas para cima). Para se evitar a troca do braço, pode ser usado um adaptador. A figura 5 mostra esquematicamente um adaptador, porém existem modelos disponíveis comercialmente, com o nome angulador de luminária, entre outros nomes possíveis.

Com relação aos ângulos horizontais, normalmente um intervalo de 5° é adequado, de 0° a 360°. Quando forem notadas rápidas variações de intensidade luminosa em um mesmo plano horizontal (o que se observa no chamado diagramacone), esse intervalo deve ser reduzido para 2,5° ou menos, lembrando que são obrigatórios os ângulos 0° e 90°, 180° e 270°.

Último ângulo vertical

Uma das possíveis soluções seria fazer a fotometria da luminária com inclinações diferentes (por exemplo, 0°, 5° e 10°) e as três classificações. Isto encareceria os ensaios, demandaria mais tempo, e possivelmente essa adaptação seria difícil em alguns goniofotômetros.

Outra alternativa é fazer um tratamento dos dados da fotometria, simulando, através de cálculos, a classificação para as inclinações de 5° e 10°. É uma solução viável, que possivelmente traria pequenas imprecisões nos valores calculados, podendo eventualmente afetar a classificação.

A solução aqui sugerida é utilizar no campo do mesmo ângulo com que foram feitas a fotometria e a classificação SCL, que seria, de um modo geral, 0° (luminária montada horizontalmente).

Acontece que grande parte das novas

Evidentemente isso implicaria um custo adicional, porém provavelmente de baixo impacto em relação ao investimento total do sistema de iluminação, compensado pela redução da poluição luminosa. Quando a luminária selecionada dispuser de dispositivo de regulagem do ângulo de instalação, não seria necessário utilizar adaptador (figura 6).

Medição da distribuição luminosa (goniofotometria) e a classificação BUG

Ângulos utilizados na medição da distribuição luminosa

Na medição de distribuição luminosa em goniofotômetro de luminárias que utilizam lâmpadas, as intensidades luminosas nos ângulos menores (embaixo da luminária) são sempre suficientes, e pode ser usado um intervalo maior entre os ângulos verticais (por exemplo, 2,5°) até 40°. Nas luminárias com LED, devido à utilização de lentes que direcionam o fluxo luminoso, é recomendável utilizar intervalos de 1° nos ângulos verticais, em toda a extensão da medição.

Teoricamente, o último ângulo vertical deveria ser 180°. Porém, quando o eixo detector encontra-se na vertical acima da luminária (Nadir), o fotômetro pode registrar uma parcela de luz refletida no piso, falseando a medição e prejudicando a classificação U. Por isso, uma vez que o técnico se certifique de que o projeto da luminária não permite emissão de luz para cima, o levantamento deve ser feito até que seja registrado valor zero na intensidade luminosa. Normalmente, a medição até o ângulo vertical 105° é adequada para verificar se existe luz emitida para cima, sem risco de registrar luz refletida no piso.

Arredondamento de valores

Existem programas que fazem automaticamente a classificação SCL (ou BUG), porém nem todos consideram arredondamento. Os valores especificados na norma para essa classificação são números inteiros (sem casas decimais). Portanto, os valores de fluxo luminoso

Fig. 5 – Exemplo de adaptador para mudança de ângulo de instalação (desenhado por Ivo Ázara)

Fig.

apurados a partir da goniofotometria, para fins da classificação SCL devem ser arredondados para o inteiro mais próximo. Isso evita, por exemplo, que um valor maior do que 0 lm e inferior a 0,5 lm registrado na parte superior da luminária impeça a sua classificação como U0. É recomendável que o laboratório faça a verificação do comportamento dos programas utilizados para a classificação SCL com relação a arredondamentos. Se não existir o arredondamento, devem ser estudadas as medidas necessárias (por exemplo, elaboração de arquivos ies, ou de outro formato para cada um dos ângulos sólidos parciais).

Conclusão

A atual versão da ABNT NBR 5101 traz avanços importantes na avaliação e na classificação das luminárias com relação

à poluição luminosa e ao ofuscamento, através do sistema chamado SCL – Sistema de Classificação de Luminárias. Este trabalho sugere algumas medidas que podem contribuir para que o desempenho da luminária, relativamente à poluição luminosa e ao ofuscamento, quando instalada no campo, corresponda à sua classificação SCL.

É sugerido que, se houver aceitação das medidas propostas pelas partes interessadas (projetistas, gestores, órgãos am-

bientais e de astronomia, entre outros), sejam gerados documentos orientativos que poderão futuramente subsidiar uma nova revisão da norma ABNT. Esses documentos orientativos poderiam ser elaborados através de colaboração entre ABNT, CIE-Brasil, Abilux, Abilumi e Inmetro, e outras partes interessadas.

Agradecimento

O coautor Ivo Ázara agradece o apoio do Inmetro ao desenvolvimento das pesquisas, através do Programa Pronametro.

REFERÊNCIAS

[1] ABNT NBR 5101 – Iluminação Pública –Procedimento. Associação Brasileira de Normas Técnicas.

[2] IES TM-15-11 – Luminaire Classification System for Outdoor Luminaires – Iluminating Engineering Society of North America – New York, 2011

[3] Luminance Design and Pavement Reflection Factors  – U.S. Department of Transportation –Federal Highway Administration - https:// international.fhwa.dot.gov/euroroadlighting/04. cfm consultado em 10/12/2023

Fig. 6 - Articulação para regulagem do ângulo de instalação de uma luminária.
Ivo Ázara

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A inspeção inicial

A segurança das instalações em áreas classificadas não se limita à especificação correta do equipamento, conforme a zona, o grupo do gás e temperatura máxima de superfície, mas depende também da sua correta instalação. Desta forma, é importante realizar uma inspeção inicial, antes da planta entrar em operação, para verificar se os requisitos de instalação em áreas classificadas, previstos na IEC 60079-14, foram atendidos, sem não-conformidades.

A IEC 60079-17 previa a inspeção inicial, porém, como esta norma apenas era consultada para elaboração dos planos de manutenção preventiva, o pessoal tomava conhecimento de que deveria ter sido feita uma inspeção inicial meses depois da planta em operação, sob risco de haver não-conformidades capazes de afetar a integridade dos equipamentos Ex. Por isso, a IEC migrou a inspeção inicial para a 60079-14, para assim informar aos profissionais de instalação e comissionamento sobre essa necessidade.

Características

A inspeção inicial é realizada no grau “detalhado”, pois pretende ser uma verificação completa. Ela exige que o equipamento esteja desenergizado e aberto. Haja vista que essa possibilidade existe no comissionamento, é nesta etapa da obra que deve ser realizada.

Os outros dois graus de inspeção não servem a este propósito, pois o “visual” está limitado à parte externa, e não exige que o inspetor esteja ao lado do equipamento. O grau “apurado” (em português, um sinônimo de “detalhado” por conta de uma tradução inadequada colocada na norma ABNT, do original “close”, que ressaltaria

a necessidade do inspetor estar ao lado do equipamento) também apenas verifica a parte externa do equipamento, e não exige sua abertura.

Durante a inspeção inicial da instalação elétrica em área classificada, deverão ser verificados, dentre outros itens:

• adequação do tipo de proteção à zona;

• adequação do grau IP ao ambiente;

• identificação correta dos circuitos;

• identificação do equipamento;

• integridade das vedações e selagens;

• modificações não-autorizadas;

• lâmpadas sem sinais de “fim-de-vida”;

• integridade dos cabos elétricos;

• operação correta dos dispositivos de proteção; e

• proteção do equipamento contra intempéries, vibrações, etc.

Após a realização da primeira inspeção detalhada, a planta poderá entrar em operação. Também deverá ser elaborado um plano de manutenção preventiva com inspeções periódicas.

A 60079-17 prevê a alternativa de inspeção “supervisão contínua”, que é definida como a “presença frequente, inspeção, serviços, cuidados e manutenção da instalação elétrica”, originada pela política de algumas empresas ao criarem o cargo de “operador polivalente”, ou seja, o mesmo trabalhador sendo operador e mantenedor. Porém, na prática, essa alternativa não resultou em um serviço confiável, pois os departamentos de manutenção e operação possuem estruturas diferentes. Por exemplo, as atividades rotineiras dos operadores (em especial acompanhando a evolução dos parâmetros dos processos na sala de controle), não permitem dedicação à manutenção, pois a ida ao campo para inspecionar equipamentos toma um tempo considerável e desguarnece a supervisão dos processos.

As inspeções “visuais”, adotadas com periodicidade anual por algumas empresas, e as inspeções “apuradas”, realizadas a cada três anos por muitas companhias,

podem ser feitas com o equipamento ligado. Já as inspeções “detalhadas”, cuja periodicidade é geralmente de cinco anos, exigem que o equipamento seja desenergizado e aberto.

Impactos

A inspeção inicial Ex não causa um impacto significativo na carga de trabalho do comissionamento, uma vez que as tarefas relativas aos equipamentos elétricos (majoritariamente não-Ex) podem ser adaptadas para incluir as verificações da IEC 60079-14.

Porém, haverá um custo financeiro na contratação de inspetores Ex, e, se forem necessárias correção das não-conformidades, a duração do comissionamento será maior.

Em grandes empreendimentos, como FPSO (Floating, Production, Storage and Offloading), uma unidade marítima de produção de petróleo, se a inspeção Ex inicial não tiver sido planejada, a existência de milhares de equipamentos Ex produzirá impactos consideráveis no tempo do comissionamento e na previsão de entrada em operação da instalação.

A capacitação dos instaladores Ex é frequentemente uma questão crucial. Manter uma equipe fixa de profissionais, registrados como funcionários, é uma solução em extinção. Em busca de menores custos, as empresas instaladoras e de inspeção realizam a contratação de trabalhadores temporários, cuja alta rotatividade dificulta a garantia da qualidade do serviço.

Importância de assessoria

Contratar profissionais Ex capacitados para inspecionar as instalações, realizar as inspeções iniciais detalhadas bem como as inspeções em fábrica, antes do envio dos equipamentos, é um elementochave para detectar e corrigir problemas precocemente. No entanto, a presença de um consultor experiente para acompanhar a construção, oferecer assessoria e orientação durante o avanço da instala-

ção tem sido comumente negligenciada, apesar de ser uma medida eficiente para eliminar o retrabalho necessário após a constatação de não-conformidade.

A necessidade da inspeção inicial Ex muitas vezes é questionada, já que alguns profissionais entendem que “os painéis Ex são entregues devidamente conferidos pelos fabricantes, e uma inspeção em milhares de painéis pode atrasar a entrada em operação da unidade de um a dois meses, o que no segmento petróleo e gás significa a perda de alguns milhões de dólares”. No entanto, além de ser uma atividade prevista em norma, a inspeção inicial Ex visa eliminar nãoconformidades que afetam a segurança da unidade industrial.

Uma prática comum durante o recebimento de skids de equipamentos mecânicos contendo painéis elétricos é o fornecedor comprar os componentes do painel e contratar um eletricista local, sem a devida capacitação, para fazer a montagem. Isso tem causado diversas não conformidades, desde violações aos requisitos de montagem da IEC 60079-14 até a ausência de certificados de conformidade. Por esta e outras razões, a inspeção inicial Ex é indispensável nos novos empreendimentos!

O assessor Ex, por possuir conhecimento não só das normas técnicas, mas também da legislação aplicável, pode acompanhar a emissão da documentação técnica e as entregas do projeto com relação à instalação dos equipamentos elétricos e não elétricos Ex, adequando eventuais revisões de projeto e as inspeções em fábrica com o objetivo de promover a conformidade e a qualidade do empreendimento, no prazo!

Estellito Rangel Júnior, engenheiro eletricista, primeiro representante brasileiro de Technical Committee 31 da IEC, apresenta e discute nesta coluna temas relativos a instalações elétricas em atmosferas potencialmente explosivas, incluindo normas brasileiras e internacionais, certificação de conformidade, novos produtos e análises de casos. Os leitores podem apresentar dúvidas e sugestões ao especialista pelo e-mail em@arandaeditora.com.br, mencionando em “assunto” EM-Ex.

EM Aterramento

O valor da proteção contra surtos

“Não existe almoço grátis” — precisamos sempre relembrar esta frase. Ela foi consagrada pelo economista Milton Friedman, sendo popular nos Estados Unidos entre 1930 e 1940 ao refutar uma prática comum em bares norte americanos no século XIX, que ofereciam “almoço grátis” para quem também consumisse bebidas.

Assim como não existe almoço grátis, também não existe eletricidade sem custos e confiabilidade sem investimento na proteção contra surtos. Embora seja possível, sem a proteção contra sobretensões transitórias e correntes de surto, instalar sistemas de automação, redes de dados, geradores fotovoltaicos, luminárias LED e estações de carregamento veicular, por exemplo, em países com alta incidência de descargas atmosféricas como o Brasil tal prática é um contrassenso.

Os profissionais da proteção contra surtos possuem uma grande experiência em enfrentar e superar o desafio de proteger novas tecnologias, ao mesmo tempo mais eficientes e vulneráveis. Para cada nova tecnologia na área elétrica são desenvolvidos dispositivos de proteção contra surtos (DPS) específicos para ela, capazes de evitar falhas permanentes ou temporárias em processos vitais para a sociedade, como a geração fotovoltaica ou a eletromobilidade.

O que esses profissionais não têm é a onipotência para obrigar os responsáveis por um empreendimento a construí-lo com as medidas de proteção contra surtos (MPS)

necessárias para reduzir a sua vulnerabilidade às sobretensões causadas por descargas atmosféricas. Como um sistema eletroeletrônico pode funcionar sem estar protegido contra sobretensões transitórias, infelizmente as MPS são aplicadas apenas após a ocorrência de um surto danificar a instalações, em muitos casos após várias ocorrências.

A proteção contra surtos nunca antecede o surgimento de uma tecnologia. Apesar de cada novo modelo de DPS ter como base a experiência acumulada pelo seu fabricante, novas aplicações representam novos desafios, sendo o principal deles entender as particularidades dos sistemas que se deseja proteger. Por isso o fabricante do DPS deve estudar profundamente o objeto da proteção, através de leitura, reuniões com os fabricantes dos equipamentos que serão protegidos e testes em laboratório.

Ao contrário dos sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) que protegem prioritariamente, mas não apenas, vidas humanas, as MPSs garantem principalmente a continuidade de processos e serviços. Embora os DPSs não aumentem a eficiência dos sistemas eletroeletrônicos, eles os tornam mais confiáveis e menos vulneráveis, evitando interrupções no fornecimento de energia ou na troca de informações.

Pelo que foi apresentado, todo projeto de proteção contra descargas atmosféricas (PDA) deve avaliar a relação entre o custo e o benefício da instalação das MPSs em relação a todos os prejuízos causados por uma sobretensão transitória ou corrente de surto. Deve ser contabilizado o valor do reparo ou substituição dos equipamentos danificados (material e mão de obra), as perdas causadas pela interrupção dos serviços e, se possível, a deterioração antecipada de componentes da instalação. Qualquer que seja a decisão tomada sobre a utilização das MPSs, todos devem estar cientes de que a proteção mais barata é aquela que foi prevista no projeto. Como exemplo, instalar um DPS em um painel já energizado é mais caro do que instalá-lo durante a sua montagem.

Uma avaliação objetiva da instalação das MPSs deve ser obtida através da utilização da segunda parte da norma ABNT NBR 5419:2015, corrigida em 2018, que trata do gerenciamento dos riscos associados às descargas atmosféricas, sendo que o risco número 4 (R4) é o risco de perda de valores econômicos de uma estrutura. Na seção 5.5 desta parte da norma está escrito que: “Além da necessidade da proteção contra descargas atmosféricas da estrutura, pode ser muito útil a verificação dos benefícios econômicos da instalação das

Datacenters podem ser instalados sem proteção contra sobretensões transitórias e correntes de surto? Em países como o Brasil, isto seria mais que uma temeridade
Sashkin/Shutterstock

medidas de proteção no sentido de reduzir as perdas econômicas L4”.

Além do gerenciamento de risco, em si, cabe ao projetista da instalação não minimizar a importância da proteção contra surtos, evitando cometer os seguintes erros:

1) Instalar apenas DPSs de energia, sem instalar DPSs de sinal, para proteger equipamentos de tecnologia da informação (ETI);

2) Não levar em consideração todas as classes de DPS que deverão ser insta-

lados, segundo o critério de Zonas de Proteção contra Raios (ZPR); e 3) Proteger as instalações apenas com DPSs, sem utilizar as outras MPSs.

Tomada a decisão, atualmente inevitável, de instalar os DPSs, é necessário avaliar qual modelo instalar. Algumas opções têm menor custo, mas durante a sua vida útil, ou ao final dela, a ausência de algumas funcionalidades causará alguns problemas, como por exemplo a falta de sinalização remota e a escolha por DPSs monoblocos ou monopolares. Por isso,

Engenheiro eletricista da Lambda Consultoria, consultor da Embrastec e mestre em energia pelo Instituto de Energia e Ambiente da USP, Sergio Roberto Santos apresenta e analisa nesta coluna aspectos de aterramento, proteção contra descargas atmosféricas e sobretensões transitórias, temas aos quais se dedica há mais de 20 anos. Os leitores podem apresentar dúvidas e sugestões ao especialista pelo e-mail: em_ aterramento@arandaeditora.com.br, mencionando “EM-Aterramento” no assunto.

cabe ao projetista das MPSs conhecer todas as opções de DPSs disponíveis, não reproduzindo as mesmas soluções em todos os seus projetos.

Os profissionais da proteção contra surtos não acham que as MPSs, principalmente os DPSs, são mais ou menos importantes que os demais componentes de uma instalação elétrica de energia ou sinal, incluindo os próprios equipamentos. O que eles acreditam com convicção é que as MPSs são imprescindíveis para a segurança, confiabilidade e eficiência de uma instalação elétrica, algo que é responsabilidade de quem a projeta. Ou, terminando o artigo com a frase célebre de outro economista muito conhecido, o ex-ministro da fazenda Pedro Malan, “as consequências vêm depois”.

A metodologia BIM aplicada a projetos de SPDA

OBIM (Building Information Modeling), traduzido como Modelagem da Informação da Construção, é uma metodologia de construção virtual que a cada dia se mostra mais eficiente e útil em projetos de construções. Com projetos de empreendimentos desenvolvidos em softwares compatíveis com a metodologia BIM é possível, ainda na fase de projeto, interagir com todas as disciplinas: estrutural, arquitetura, hidráulica e elétrica, incluindo o sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA).

Dadas essas vantagens, existe hoje uma grande tendência de se exigir que os projetos sejam desenvolvidos em BIM,

As vantagens do uso da metodologia BIM nos projetos de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas das edificações são ressaltadas e discutidas pelos autores, que fornecem um exemplo de aplicação e apontam a adoção da ferramenta como passo fundamental para profissionais e empresas acompanharem as novas exigências do mercado quanto a prazos e orçamentos

especialmente para construções novas. A integração das disciplinas em um modelo virtual único permite prever interferências e prevenir problemas que, de outra maneira, seriam identificados na maioria das vezes apenas na obra, assim onerando os custos.

Exemplo de aplicação de BIM a SPDA

De acordo com a NBR 5419-3:2015, o subsistema de aterramento não natural do SPDA em geral consiste em anel condutor enterrado a pelo menos 0,5 m de profundidade e afastado a aproximada-

mente 1 m ao redor da construção (vide figura 2). Em um projeto seguindo essas diretrizes, ao ser compatibilizado com o projeto estrutural, pode ser que o anel de aterramento venha a coincidir com o posicionamento das fundações (figura 3). Isso é o que chamamos de “clash”, termo em inglês comumente utilizado em projetos BIM para apontar “conflito” ou “colisão” — quando dois ou mais elementos do projeto se sobrepõem ou interferem entre si no espaço virtual, indicando um potencial problema na construção real.

Para o exemplo citado é necessário definir outro traçado para o condutor de aterramento, desviando-o das fundações, o que por consequência alterará a quantidade de material prevista inicialmente, sendo algo a mais para administrar. Ora imagine-se que, como é usual em projetos que não utilizam o BIM, se descubra esse “conflito” em fases já adiantadas de projeto, ou já durante a construção, o quanto oneraria em termos de retrabalho, custos e atrasos. Considerando esse exemplo, tirado de uma situação real, vemos que é extremamente relevante adotar o BIM em projetos de SPDA, bem como para as outras disciplinas que compõem uma construção.

Graças à centralização das informações em BIM obtemos um projeto multidis-

Fig. 1 – BIM: componentes aplicados no subsistema de captação do SPDA (à esquerda) e componentes de SPDA estrutural

ciplinar, que se assemelha a um grande quebra-cabeça digital, onde cada peça que se encaixa representa uma parte específica do projeto de construção, permitindo visualizar as possíveis interferências antes do início da obra em um único modelo digital abrangente. Além das vantagens apontadas, podemos destacar:

• Visualização mais realista: através de modelos 3D altamente detalhados, é possível uma imersão no projeto, facilitando a compreensão e a aprovação das soluções propostas, inclusive com simulações de diferentes cenários.

• Colaboração: o BIM revoluciona a forma como as equipes trabalham, promovendo um ambiente de tra-

balho colaborativo, onde construtores, arquitetos, engenheiros e outros profissionais podem trabalhar simultaneamente em um modelo digital compartilhado. Essa integração otimiza a comunicação e por consequência tempo e eficiência, reduzindo custos e ainda o risco de erros e conflitos.

• Otimização de custos: uma das maiores vantagens do BIM está na otimização de custos. Com a capacidade de quantificar com precisão os materiais necessários, é possível reduzir desperdícios e otimizar a gestão de recursos.

• Ciclo de vida completo: o BIM não se limita à fase de projeto, sendo aplicável a todas as fases da vida útil da

construção, desde o planejamento até a manutenção. As vantagens e percepções positivas da fase de projeto são também aplicáveis quando for necessária alguma manutenção ou alteração.

• Melhor gerenciamento: a visão integrada oferece um controle mais preciso sobre todos os aspectos, permite melhor gerenciamento do ativo e facilita a tomada de decisões ao longo do tempo.

De modo geral, o uso do BIM promove projetos mais bem planejados e integrados, otimizando todo o ciclo de vida das construções. Para empresas que desejam se alinhar às tendências do mercado, adotar o BIM é um passo estratégico indispensável.

Fig. 2 – Projeto do aterramento segundo NBR 5419-3:2015, sem considerar o projeto estrutural
Fig. 3 – Projeto do aterramento confrontado com o projeto estrutural, possibilitando identificar o clash (condutor de aterramento colidindo com elementos da fundação)

Retrofit de sistema de proteção e controle de transformadores de 230 kV

Felipe Aparecido do Prado, Gerente Técnico da Focus Engenharia Elétrica

Acombinação de expertise técnica com avançadas tecnologias do mercado – sejam produtos, softwares ou sistemas – resulta em soluções que otimizam processos, elevam a eficiência e reduzem custos para os usuário. Essa abordagem estratégica garante maior confiabilidade, desempenho e competitividade a projetos como, por exemplo, modernização de sistemas de proteção e controle em subestações de alta tensão, o que é crucial para garantir a segurança, confiabilidade e eficiência da operação.

Em um grande complexo industrial de produ ção de alumina e alumínio, a empresa de engenharia e consultoria foi contratada para desenvolver um projeto de retrofit nos bays de transformadores da subestação da área produtiva de redução de alumínio, subestação esta composta por cinco transformadores de potência de 230/34,5 KV - 300 MVA, com demanda contratada da ordem de 800 MW.

O sistema de média tensão alimenta 19 transformadores retificadores que, por sua vez, alimentam cerca de 500 cubas eletrolíticas das linhas de produção de alumínio. A necessidade de atualização dos bays de dois transformadores de potência de 230/34,5 KV - 300 MVA tornou-se evidente, pelos motivos expostos a seguir, o que motivou a busca

Aqui se descreve um projeto de retrofit em um complexo industrial de grande porte, focando nos sistemas de proteção e controle de transformadores de potência de 230 kV. A abordagem priorizou a simplificação e modernização, substituindo múltiplos relés eletromecânicos e estáticos por um único relé digital multifuncional, otimizando o projeto e incorporando funcionalidades avançadas.

por soluções inovadoras e eficientes.

O desafio da complexidade e a solução

O sistema original era composto por oito relés de proteção eletromecânicos e estáticos para cada transformador, além de diversos componentes como fiação, borneiras, temporizadores, botoeiras e relés auxiliares, que representavam um significativo desafio. A complexidade do sistema e a obsolescência dos equipamentos comprometiam a operação e a manutenção da subestação. A figura 1 mostra a parte frontal de um dos painéis antes da modernização, contendo relés estáticos e eletromecânicos, e a parte traseira, onde se observa excesso de fiação nas canaletas, evidenciando uma grande dificuldade para efetuar intervenções de manutenção.

Transformadores da subestação: 5 x 230/34,5 kV - 300 MVA, para atendimento a área de produção de alumínio

A equipe de engenharia desenvolveu um projeto de retrofit que priorizou a simplicidade e a eficiência, substituindo em cada bay os oito

relés antigos por um único relé digital multifuncional Siemens 7UT85 Essa mudança radical não apenas replicou as funções de proteção originais como também introduziu novas e modernas funcionalidades disponibilizadas pela tecnologia digital. Foram implementadas lógicas internas avançadas, recursos de monitoramento, oscilografia, registros de eventos, diagrama mímico no frontal do relé, comando local e medição operacional. Essa otimização proporcionou maior controle e visibilidade da operação da subestação.

A tabela I mostra uma análise comparativa simplificada entre o proje -

Fig. 1 – Parte frontal e traseira do painel de proteção e controle de transformador antes do retrofit – relés obsoletos

to tradicional e o novo, com tecnologia digital, onde se percebe uma substancial evolução, com adição de funcionalidades que antes não eram contempladas.

A mudança também impactou a quantidade de componentes nos painéis, conforme pode ser visto na tabela II (pág. 50), que faz uma comparação em termos quantitativos de componentes entre o painel na solução tradicional e na nova solução. Pela tabela, percebe-se uma redução de complexidade no novo conceito, com menor quantidade de componentes nos painéis de proteção e controle dos transformadores.

Cabe uma observação particular sobre a fiação: anteriormente havia um único circuito para trip, alarmes e sinalizações. No novo projeto, houve a separação de sinais de trip e alarmes, além de uma segmentação do sinal de trip em função do nível de corrente de curto-circuito: para correntes curto-circuito abaixo de 4 kA, o sinal é direcionado para a chave no primário do transformador de 230 kV; para curtos-circuitos acima de 4 kA, o sinal de trip é enviado para o disjuntor principal de 230 kV a montante da chave de cada transformador. Ainda assim a fiação foi reduzida em 50%.

Tab. I – Comparação entre funções contempladas nos painéis de proteção e controle antigo e as novas implementações funcionais

Funcionalidades

Funções de proteção (ANSI) 50, 51, 51G, 64, 59N, 46 e 87T

Funções de comando

Funções de controle

Abertura e fechamento

Funções de monitoramento –

50, 51, 51C, 50N, 51N, 51G, 64, 59N, 46, 87T, 60 e 50BF

Abertura e fechamento

Lógicas de 50BF - falha de disjuntor, bloqueio de TAP, direcionamento de trip p/ chave e/ou disjuntor via relé

Oscilografia, registro de eventos, sinótico, LEDs de sinalização, corrente diferencial, monitoramento do circuito de trip/bobina de abertura, monitoramento da alimentação auxiliar

Funções de medição A, V A, V, W, var, Wh, varh, cosφ, f, etc.

Funções de comunicação remota

SCADA, supervisório do processo

Estudo de caso

Tab. II – Comparação das quantidades de componentes do painel de proteção e controle entre solução tradicional e solução digital

Componentes

Relés de Proteção 8 1

Relés auxiliares, temporizadores, biestáveis 13 8

Medidores 7 0

Chaves e botoeiras de comando 4 0

Sinaleiros 6 0

Chave de aferição 0 2

Tamanho da fiação (m) 12 6

Tamanho de canaletas (m) 7 9

Anunciador de alarmes 1 0

A figura 2 mostra a parte frontal e traseira de um dos painéis, após a ação de modernização.

Etapas estratégicas do projeto

O projeto foi conduzido por meio de um processo rigoroso, dividido em etapas estratégicas para garantir a transição suave do sistema tradicional para o digital:

• Análise e adaptação do projeto existente: Uma análise minuciosa do sistema original foi realizada para compreender as funções de proteção e controle existentes e identificar oportunidades de otimização e,

Foram mantidos 8 relés auxiliares que estavam interligados com sinais externos de trip.

Mesmo com separação dos sinais de trip e alarmes, e a segmentação do sinal de trip de acordo com o nível de tensão, a fiação diminuiu 50%.

As canaletas já não comportavam o excesso de fiação (ver figura 1) e no novo projeto foi feito o dimensionamento correto (figura 2).

desta forma, permitir a transição do formato tradicional para o digital;

• Projeto e modificação dos painéis: As placas frontais dos painéis foram substituídas, adaptando-se ao novo relé digital multifunção;

• Definição dos ajustes e parametrização dos novos relés de proteção: Os ajustes e parâmetros do relé digital foram definidos com base nos estudos elétricos e nas necessidades da operação;

• Comissionamento do sistema de proteção: O sistema foi testado e comissionado, garantindo a funcionalidade da proteção e controle do bay ; e

• Planejamento logístico detalhado: A

continuidade da operação foi assegurada por um plano logístico que minimizou riscos de indisponibilidade.

Um dos principais desafios do projeto foi a necessidade de manter a operação da subestação durante o retrofit . Um transformador de retaguarda foi designado para assumir a carga, e foi elaborado um plano logístico detalhado para cobrir eventual situação de emergência, prevendo a rápida reconexão do transformador desligado para retrofit , em caso de falha no transformador reserva em operação.

Conclusão

A modernização dos bays de transformadores de potência com a migração para a tecnologia digital trouxe maior confiabilidade, flexibilidade operacional e otimização da manutenção. O projeto de retrofit resultou em um sistema de proteção e controle mais simples, eficiente e confiável. A substituição dos relés antigos pelo relé digital multifuncional reduziu a complexidade do sistema, facilitou a manutenção e melhorou a segurança da operação. Projetos de retrofit bem planejados permitem um salto tecnológico significativo, reduzindo a complexidade e aumentando a eficiência das subestações.

A filosofia de trabalho empregada neste projeto foi de usar a simplicidade ao converter antigos projetos de formato tradicional para o formato digital, mantendo as funções de proteção e de controle originalmente contempladas, adicionando-se o que há de melhor entre as novas funcionalidades de proteção, comando, controle e monitoramento que os modernos relés digitais disponibilizam.

Fig. 2 – Parte frontal e traseira do painel de proteção e controle depois do retrofit

No Brasil

Sendi – A edição de 2025 do Sendi - Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica será realizada entre 26 e 30 de maio, no Expominas, em Belo Horizonte. A programação inclui palestras com especialistas nacionais e internacionais cobrindo quatro áreas principais: Comercial, Inovação, Institucional e Técnica. As categorias contemplam mais de vinte temas relacionados à infraestrutura de fornecimento de energia, novas tecnologias, operação e gestão de sistemas, qualidade e eficiência energética, sustentabilidade, entre outros. Mais informações: sendi.org.br.

Enase – Sob o macrotema “O setor elétrico na COP30: transição energética justa e inclusiva”, será realizado o Enase - Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico nos dias 11 e 12 de junho, no Hotel Windsor Oceânico, Rio de Janeiro. O evento pretender ser epicentro das discussões sobre a transição energética, especialmente com o Brasil sediando a COP30. Além da plenária principal, o evento terá três trilhas de conteúdo especiais: política, para debater as diretrizes da COP30, regulações para descarbonização, financiamento da transição e modernização do licenciamento ambiental; mercado, para explorar a evolução do setor elétrico, mercado livre, matriz energética, hidrogênio verde e desafios na transmissão e distribuição; e inovação, para apresentar tendências como armazenamento de energia, mobilidade elétrica, digitalização e novas tecnologias para eficiência energética. Mais informações: www. enase.com.br.

Energy Summit – Organizado em parceria com o Massachusetts Institute of Technology (MIT), a segunda edição do Energy Summit acontecerá de 24 a 26 de junho, no Rio de Janeiro. A conferência reuniu mais de 10 mil participantes em 2024 e mais de 180 palestrantes em 2024. Este ano, a programação abordará temas relacionados ao futuro da energia, como hidrogênio, tendências da energia solar e eólica, avanço da biomassa e dos biocombustíveis, inteligência artificial e IoT no setor energético, computação quântica e novas soluções para armazenamento de energia, entre outros. Para mais informações, acesse https://energysum mit.global

The smarter E – O evento The smarter E South America vai acontecer de 26 a 28 de agosto em São Paulo, SP. Realizado no Expo Center Norte, congregará os eventos: Intersolar South America - A maior feira & congresso para o setor solar da América do Sul; ees South America - Feira de baterias e sistemas de armazenamento de energia; e Eletrotec+EM-Power South America - Feira de infraestrutura elétrica e gestão de energia. A organização é da Solar Promotion International GmbH e da Freiburg Management and Marketing International, com co-organização pela Aranda Eventos & Congressos. Informações: www.thesmartere. com.br.

Intersolar Summit Sul – Em 28 e 29 de outubro será realizado no Centro de Eventos FIERGS, em Porto Alegre, RS, a segunda edição do Intersolar Summit Brasil Sul, em formato congresso & feira, abordando, entre outros temas, solar FV com armazenamento, agrivoltaicos, FV off grid, etc. Realização: Solar Promotion, FMMI e Aranda Eventos. Informações: https://www.intersolar-summitbrasil.com/sul .

Cursos

Dimensionamento de cabos – A Cobrecom, fabricante de fios e cabos elétricos de baixa tensão, oferece o curso Dimensionamento de fios e cabos elétricos, que aborda aspectos como escalas, pontos de carga e diagramas, quedas de tensão, circuitos de iluminação, seções dos condutores, entre outros. O curso é gratuito e on-line, e está disponível no site https://parcei rodaconstrucao.com.br. A empresa também oferece outros três cursos por meio da plataforma Parceiro da Construção, que tratam de temas como “Condutores elétricos: o que é preciso saber na hora de instalar”; “Condutores Elétricos: Aplicação dos Fios e Cabos” e “Introdução à Eletricidade”.

Energia na América Latina – A Olade - Organização Latino-Americana de Energia oferece um programa de formação executiva, que abrange diversos temas relacionados ao desenvolvimento energético da região através de 16 cursos, organizados em cinco eixos temáticos: tecnologias, hidrocarbonetos, transição energética, políticas energéticas e integração

energética regional. Os cursos serão ministrados em diferentes modalidades (e-learning, virtuais e semipresenciais, webinars e oficinas de trabalho). Para mais informações, acesse https://capevlac.olade.org.

Treinamento Ex – A Tramontina mantém a Cabine de Treinamento para instalações em ambientes com atmosferas explosivas e áreas industriais, localizada em Carlos Barbosa (RS). O ambiente está equipado com painéis, luminárias, botoeiras, caixas de ligação, plugues e tomadas com proteções “Ex e” (segurança aumentada), “Ex d” (à prova de explosão) e “Ex t” (proteção contra ignição de poeiras), a fim de proporcionar uma experiência prática e teórica aos participantes. Os interessados podem obter mais informações por meio do site https://global. tramontina.com/atmosferas-explosivas ou telefone (54) 99981.1022.

No Exterior

Biel Light + Building Buenos Aires – O hub de negócios que reúne a indústria de iluminação, eletrônica e serviços elétricos será realizado de 22 a 25 de outubro no centro de exposições La Rural, em Buenos Aires. O evento é organizado pela Cadieel - Câmara Argentina das Indústrias Eletrônicas, Eletromecânicas e de Iluminação e pela Messe Frankfurt Argentina. A edição 2025 será realizada simultaneamente com a ExpoFerretera, uma exposição internacional de artigos para ferragens, materiais sanitários, tintas e materiais de construção. Mais informações: www.linkedin.com/ showcase/biel-light-building. World Energy Congress – Considerado um dos maiores e mais importantes eventos globais voltados para o setor de energia, e organizado pelo World Energy Council (WEC), o congresso reúne líderes do setor de energia, governantes, acadêmicos e especialistas para discutir os maiores desafios e oportunidades no campo da energia mundial. A edição de 2026 será realizada em Riyadh, Arábia Saudita, de 26 a 29 de outubro. O evento atrai profissionais e líderes de empresas de energia, governos, organizações internacionais e a academia, proporcionando um ambiente de troca de conhecimento e networking. Informações em: https://www.worldenergy.org.

Produtos

Estações de recarga

A Tramontina apresentou recentemente ao mercado sua estação de recarga veicular. Desenvolvida para atender proprietários de veículos elétricos e estabelecimentos comerciais ou de hotelaria, a solução é, segundo a empresa, resistente a chuvas e poeira (IP65), possui suporte de parede para o carregador e plugue, podendo ser instalada em ambientes internos e externos. Conta com proteções integradas de sobrecarga, sobretensão, subtensão, surtos de tensão e choques elétricos (DR tipo A + 6 mA DC). Disponíveis em quatro modelos, com potências de 7,4

kW e 22 kW, as estações de recarga podem ser encontradas nas versões plug & charge (início instantâneo da recarga ao conectar o plugue ao veículo elétrico) e Wi-Fi APP (permite pausar e reiniciar a recarga via aplicativo, além de configurar quantidade, tempo e limite de potência da recarga – caso em que a instalação elétrica não suportaria a potência máxima). Para maior controle e monitoramento da estação

de recarga, a empresa oferece o aplicativo T smart , que traz diversas funcionalidades, como o fornecimento de um histórico configurado das ativações do sistema. Os modelos seguem as normas internacionais IEC 61851-1 (carregador), EN 50620 (cabo) e IEC 62196 (plugue).

www.tramontina.com.br

Conectores

A KRJ fornece diversos tipos de conexões para redes aéreas de distribuição. O Karp é um conector de perfuração voltado para redes protegidas de

média tensão. Já o KPB é um perfurante universal, enquanto o KDP trata-se de uma conexão da rede secundária ao ramal de ligação com quatro derivações (versão econômica).

https://krj.com.br

Seguro para eólicas

A Howden Brasil, corretora especializada, fornece seguros personalizados para o setor eólico offshore . Segundo a empresa, são oferecidas soluções sob medida para cada fase do projeto, desde o licenciamento até a operação e a manutenção dos parques eólicos, garantindo proteção e continuidade ao longo de todo o ciclo de vida do empreendimento. A empresa destaca que a gestão de ris -

cos no setor de eólica offshore envolvem diversos cuidados, desde questões ambientais e operacionais até os riscos financeiros e tecnológicos. www.howdengroup.com/br-pt

Extinção de incêndio

A Hotwork Brasil está oferecendo no mercado nacional uma solução de proteção contra incêndios desenvolvida e projetada para garantir segurança em instalações industriais e comerciais, chamada de Ecofire. O produto tem como objetivo reduzir o tempo de extinção de um incêndio, mantendo-o inerte sem reignição e

reduzindo a temperatura rapidamente. Segundo a empresa, conta com eficácia 40 vezes superior à da água e redução do risco para bombeiros e vítimas de acidentes, sendo fabricado com materiais recicláveis, reduzindo o impacto ambiental, em um processo industrial e de montagem projetado para minimizar desperdícios. A solução possui resistência à corrosão, sendo indicada para ambientes costeiros e marítimos, e configuração personalizável, permitindo ajustar o sistema às necessidades específicas de ar-

mazenamento. Integra-se a sistemas de combate a incêndios, como sprinklers e detectores automáticos. A empresa garante durabilidade de até cinco anos e atendimento a todas as classes de fogo. https://hotworkbrasil.com.br

Cabos

A Sil fornece o cabo flexível

Atox- Sil Eco 750 V, que possui isolação de composto termoplástico não halogenado

(LSHF/A), com baixa emissão de fumaça e gases tóxicos em caso de incêndio. Um dos destaques do produto é o biopolietileno produzido a partir da cana de açúcar, popularmente chamado de plástico verde, que usa fonte renovável para sua fabricação, e é totalmente reciclável após o descarte. A empresa também fabrica o cabo AtoxSil Solar para a ligação de painéis solares. Os cabos utilizam compostos de isolação e cobertura termofixos não-halogenado, sendo que o composto da cobertura possui, adicionalmente, proteção contra os raios UV. Os itens

são fabricados com cobre estanhado, que reduz a oxidação do metal. Suportam trabalhar até 120°C por até 20 mil horas. www.sil.com.br

Mulheres na transição energética

VEs entre jovens

O livro Energia em Transformação – A Contribuição das Mulheres para a Transição Energética, publicado pela editora Pontes, traz relatos de 55 profissionais do setor energético brasileiro. A engenheira de segurança do trabalho Thiciane Guilhem Peres, da Divisão de Engenharia de Segurança do Trabalho da Itaipu Binacional, uma das autoras, afirmou durante o lançamento da obra em São Paulo, SP, que o trabalho reúne histórias de profissionais de diferentes áreas de atuação, desde cargos operacionais em campo a cargos de alta liderança. Segundo ela, ao integrar a perspectiva feminina aos desafios e oportunidades do setor, o livro inspira as novas gerações a perceberem a energia como um campo repleto de oportunidades, e atua como um convite para expandir horizontes e construir um setor elétrico mais eficiente, inclusivo e centrado nas necessidades dos clientes. Uma pesquisa da Aneel - Agência Nacional de Energia Elétrica aponta que as mulheres ocupam hoje por volta de 20% da força de trabalho no setor elétrico, menos da metade da média nacional. A participação feminina diminui para cerca de 10% quando são considerados apenas os cargos operacionais do setor. https://ponteseditores.com.br

Índice de anunciantes

Uma pesquisa encomendada pela Nissan à consultoria Economist Impact revela a preferência das gerações mais jovens pelos veículos elétricos. Baseado nas respostas de 3.750 participantes com idade entre 18 e 30 anos, em 15 cidades dos cinco continentes (Bangkok, Copenhague, Londres, Los Angeles, Manila, Melbourne, Cidade do México, Nova Délhi, Nova York, Paris, Riad, São Paulo, Shanghai, Tóquio e Toronto), o levantamento mostra que a maioria dos jovens que vivem em centros urbanos (57%) está disposta a mudar seus hábitos de transporte para reduzir sua pegada de carbono, enquanto aqueles que vivem em cidades emergentes veem as preocupações ambientais como um tema urgente para suas escolhas de mobilidade. Estima-se que a porcentagem de proprietários de VEs entre os pesquisados aumente dos 23% atuais para mais de 35% na próxima década. O entusiasmo é mais forte nas cidades emergentes: 44% dos entrevistados prevê dirigir seu próprio VE nos próximos cinco anos, em comparação com os 31% das cidades desenvolvidas. Os moradores mais jovens dos centros urbanos revelam um forte interesse em inovações como o armazenamento de energia, os combustíveis alternativos e o veículo para tudo (V2X), sendo que aproximadamente a metade (mais de 40%) indica que estas tecnologias influirão em suas escolhas de mobilidade. Além disso, mais

de um terço espera utilizar seu próprio veículo elétrico em um período de no máximo de dez anos, percentual 23% maior do que atualmente. Neste horizonte, a preferência em se tornar proprietário de um veículo elétrico aumentou mais de 50%. As crescentes preocupações ambientais, como a poluição e os congestionamentos, estão motivando o maior interesse nos veículos elétricos em cidades como Shanghai, São Paulo e Cidade do México. Os fatores que determinam a adoção de VEs dependem em grande medida da autonomia da bateria, infraestrutura de recarga e custos. Os pesquisados nas cidades emergentes estão mais preocupados com as baterias dos veículos elétricos; já os que vivem em cidades desenvolvidas se concentram nos custos dos veículos elétricos, que têm preços ainda mais altos em comparação com os veículos tradicionais com motor de combustão. Metade dos pesquisados tem consciência que os veículos elétricos podem alimentar dispositivos externos e armazenar a energia renovável excedente. https://brazil.nissannews.com/pt-BR

Corrida energética do mundo digital

Sinais ainda pouco definidos indicam que os Estados Unidos ativarão, preferencialmente e em maior escala, por motivos técnicos e conceituais, a produção de energia elétrica nuclear e térmica, a fim de suportar a demanda exponencial do mundo cibernético — notadamente as grandes plantas eletrointensivas que alimentarão as colossais nuvens de dados das sociedades contemporâneas.

Esse suprimento caminha para a casa dos 10% de toda a carga do planeta, se nada

cial dos chips quânticos, imbatíveis pelos atualmente conhecidos em uso.

Amplia-se também o emprego do grafeno, material extraído do grafite (mineral abundante de carbono), formado por uma folha de átomos de carbono com propriedades físicas excepcionais. Por ora, claramente aplicado em eletrônica, medicina e energia. Flexível e transparente, já fabricado no Brasil, é considerado extremamente forte (resistência mecânica), leve e fino, além de um imbatível condutor de energia elétrica e de calor. É notória sua penetração em transístores ultrarrápidos, circuitos integrados flexíveis, displays transparentes, baterias de alta capacidade, células solares e armazenamento de energia, para não falar de outros empregos multidisciplinares, inclusive em saúde e no segmento de fármacos.

Diante desses fatos, observo que, apesar de o Brasil estar leiloando a compra de

“Pela abundância e diversidade de fontes de energia, o Brasil é atraente candidato para sediar os novos vorazes consumidores de energia elétrica”

Paulo Ludmer é jornalista, engenheiro, professor, consultor e autor de livros como Derriça Elétrica (ArtLiber, 2007), Sertão Elétrico (ArtLiber, 2010), Hemorragias Elétricas (ArtLiber, 2015) e Tosquias Elétricas (ArtLiber, 2020). Website: www.pauloludmer.com.br.

reverter a marcha dos fatos. Cada carga unitária nesse universo de data centros equivale ou supera a de uma planta de lingote de alumínio, cuja carga instalada é superior a 700 MW, como uma Companhia Brasileira de Alumínio (São Paulo), uma Norks Hidro (Pará) ou uma Alumar (Maranhão).

Discretamente, as fontes térmicas atenderiam melhor esta onda futura, se verdade for nos Estados Unidos de que as fontes renováveis (solar e eólica, intermitentes) oferecem alguma pendência de natureza tecnológica, também em vias de ser superada. O objetivo é vitalizar perenemente o mundo virtual, enquanto se aproximam as possibilidades de uso em escala comer-

uns 70 GW de energia de reserva de potência, o Poder Concedente retarda a adoção – em escala – do armazenamento de energia por baterias, que vem percorrendo um início importante, mas incipiente, como ilustra a ISA, transmissora de capital colombiano, fortemente atuante em São Paulo.

No primeiro leilão de compra de energia de reserva, em configuração, as baterias ficaram de fora. Esta lentidão afeta a cadeia econômica dos satélites fabricantes de bens e insumos para baterias, prestadores de serviços, desenvolvimento de recursos humanos, introdução de progressos tecnológicos, acionamento de linhas de financiamento, etc.

Pela abundância e diversidade de fontes de energia, o Brasil é atraente candidato para sediar os novos vorazes consumidores de energia elétrica, mas também para exportar kW barato e verde aos parques industriais de muitas regiões desenvolvidas e maduras, situados em todos os cinco continentes.

O País tem jazidas de urânio de boa cepa, seja na Bahia, no Ceará ou em outros estados da Federação. Neste contexto, por exemplo, a Alemanha revisita sua abordagem restritiva neste controverso assunto, disposta a recuperar a sua independência energética dos russos, até mesmo religando seu parque nuclear. O avanço eleitoral da direita sustenta isso.

O conjunto dos fatos internos e externos atingem discussões em curso no Brasil: se retomamos (ou não) a construção de Angra III; se o petróleo e o gás do litoral norte podem nutrir de eletricidade as novas oportunidades; se transformaremos hidrelétricas em reversíveis; se produziremos (com eólicas) hidrogênio no mar para abastecer com energia verde nossos competidores europeus e asiático; se acionaremos térmicas (debaixo de bulling, na opinião pública); ou se exportamos sobras para países vizinhos.

Na simultaneidade dos dias que correm, considerando o consumidor a razão de ser do setor elétrico (o inverso do atual pagador das contas de última instância, vítima dos malabarismos da política energética nacional), o nível da qualidade da energia elétrica fornecida precisa ser melhorado, sem que os custos inviabilizem a elevação do seu padrão.

Não se espera apenas o correto e justo aterramento (onde recomendável) de fiações urbanas na distribuição para os participantes cativos da área de comercialização regulada, mas também crescem as possibilidades do largo emprego do smart grid (redes inteligentes) que só faz sentido com frequência e tensão impecáveis, harmônicas dominadas, topologias de carga bem geridas, operadores de sistemas por concessão (ou seja, descentralizados) e um prossumidor (consumidor pró ativo), autogerador, com voz e voto na dinâmica do seu atendimento.

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