EM â ATERRAMENTO QUANDO E POR QUE MEDIR A RESISTĂNCIA DE ATERRAMENTO SERGIO ROBERTO SANTOS
U
ma instalação elÊtrica tem como objetivo conduzir correntes elÊtricas de uma fonte para uma carga, onde a energia elÊtrica serå transformada em trabalho. Como existem correntes provenientes de faltas ou descargas atmosfÊricas, a instalação deve estar preparada para dar um destino seguro para essas correntes indesejadas, o que normalmente Ê feito atravÊs do sistema de aterramento. Um sistema de aterramento, composto pelo seu eletrodo, condutores e o solo, não Ê algo independente da instalação, devendo ser projetado para limitar as tensþes de contato causadas por correntes de falta ou descargas atmosfÊricas. Como a diferença de potencial no sistema de aterramento Ê o produto da corrente que ele conduz pela sua resistência de aterramento, quanto menor for essa resistência menor serå a queda tensão no sistema e mais segura serå a instalação. Nesse caso, então, o valor da resistência de aterramento Ê um parâmetro fundamental para o desempenho do sistema de aterramento. A questão que se coloca Ê: Qual o valor de resistência de aterramento necessårio para que as tensþes de contato e o tempo de seccionamento automåtico da alimentação tenham valores seguros para as pessoas e os equipamentos que estejam na instalação durante um evento perigoso? A construção de um sistema
de aterramento envolve tempo, espaço e capital, recursos escassos em qualquer empreendimento. Por isso o projeto do sistema de aterramento deve ser bem executado, para que a utilização dos recursos citados seja a mais otimizada possĂvel. Definido um valor para a resistĂŞncia de aterramento, devemos entĂŁo construir a malha de aterramento e depois validĂĄ-la. Sem esse valor prĂŠ-definido, qualquer medição nos fornecerĂĄ um nĂşmero, mas sem qualquer aspecto prĂĄtico, jĂĄ que uma medição ĂŠ meio e nĂŁo um fim em si mesmo. Quando nenhum valor de resistĂŞncia foi estabelecido em projeto, nenhum valor necessitarĂĄ ser medido. Os profissionais nĂŁo estĂŁo proibidos de medir a resistĂŞncia de uma malha de aterramento. Quem quiser que o faça, mas provavelmente sem nenhum proveito prĂĄtico. As normas tĂŠcnicas nĂŁo determinam explicitamente quando medir e quando nĂŁo medir a resistĂŞncia de aterramento. Cabe aos profissionais da ĂĄrea elĂŠtrica interpretĂĄ-las e analisar qual a finalidade do sistema de aterramento naquela norma e se existe algum valor a ser conferido. Mas independentemente da necessidade ou nĂŁo, toda a medição deverĂĄ ser feita atravĂŠs de um mĂŠtodo definido em uma norma tĂŠcnica. Quando necessĂĄrio, a medição da resistĂŞncia de aterramento deve ser feita com base na norma tĂŠcnica ABNT NBR 15749:2009 â Medição de resistĂŞncia de aterramento e de potenciais na superfĂcie do solo em sistemas de aterramento. Publicada em 2009, essa norma estabelece os critĂŠrios e mĂŠtodos para a medição da resistĂŞncia de sistemas de aterramento e de potenciais na superfĂcie
do solo, alĂŠm de definir as caracterĂsticas gerais dos equipamentos que podem ser utilizados nas mediçþes e os conceitos para avaliação dos resultados. A existĂŞncia dessa norma evidencia que pode ser necessĂĄrio medir a resistĂŞncia de aterramento, mas para objetivos especĂficos e em condiçþes muito bem definidas. Existem diferentes mĂŠtodos para medição da resistĂŞncia de aterramento, cada um adequado para uma situação especĂfica, sendo o mais utilizado o mĂŠtodo da queda de potencial. Ă fundamental para o sucesso da medição, que objetivo, mĂŠtodo e instrumento sejam previamente avaliados, para que a medição seja realizada com segurança e os resultados obtidos representem de fato a resistĂŞncia do sistema de aterramento. ConclusĂŁo: sĂł ĂŠ necessĂĄrio medir o valor da resistĂŞncia de aterramento quando este valor foi previamente determinado em um projeto e se deseja conferir se no sistema de aterramento em questĂŁo o valor determinado no projeto ĂŠ o existente.
Engenheiro eletricista da Lambda Consultoria, instrutor da TermotĂŠc nica ParaÂRaios e mes trando do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Sergio Roberto Santos apresenta e analisa nesta coluna aspectos de aterramento e proteção contra des cargas atmosfĂŠricas e sobretensĂľes transitĂłrias, temas aos quais se dedica hĂĄ mais de 20 anos. Os leitores podem apresentar dĂşvidas e sugestĂľes ao especialista pelo e-mail em_aterramento@arandaeditora.com.br.
NOVEMBRO/DEZEMBRO, 2021 EM
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