Caderno de avaliação das lutas dos docentes da UFPR - volume 2.

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Índice Apresentação - Caderno II: Saúde docente e direitos .......................

5

Fórum de Saúde promessa não cumprida ....................................

6

Estágio probatório um problema de 8 anos ....................................

12

Reitoria ignora casos de violência moral na UFPR ......................

18

Comissão de Relações de Trabalho da UFPR ................................

30

Docentes reivindicam saúde ...... ....................................................

36



Caderno II

Saúde docente e direitos Durante a greve dos docentes da Universidade Federal do Paraná em 2011, um forte movimento se consolidou. Depois de 10 anos sem aderir a uma paralisação, os professores da UFPR externaram o sentimento de indignação com a situação em que se encontra a educação superior pública. Ao mesmo tempo houve a reflexão de que muitos proble-

reunião fórum - 2014

mas que afetam o cotidiano dos docentes poderiam ser solucionados com ações da própria

ção Caderno de Avaliação das Lutas

pelas avaliações de estágio pro-

Administração da Universidade.

dos Docentes da UFPR, são abor-

batório dos docentes do Setor

Dessa forma foi regastada a pau-

dadas as demandas apresentadas

Litoral, o combate às práticas de

ta local de reivindicações que co-

como forma de estabelecer con-

assédio moral na UFPR, o esta-

meçou a ser construída em 2009

dições adequadas para o trabalho

belecimento de uma Comissão

para ser atualizada e negociada

docente, em um ambiente que per-

de Relações de Trabalho e uma

com a Reitoria da instituição.

mita qualidade no cotidiano de ati-

política de critérios para insalu-

vidades acadêmicas preservando,

bridade na Universidade.

Em 2012, durante a maior greve da história das IFES, em paralelo às demandas nacionais, a pauta local foi reforçada. Neste segundo volume da cole-

desta forma, a saúde do docente. Neste material estão abordados o fortalecimento do Fórum de Saúde do Trabalhador, e luta

Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná Seção Sindical do ANDES-SN Março de 2014

5


Fórum de Saúde: promessa não cumprida Em 14 de julho de 2009 a

Desta reunião, que contou

Associação dos Professores da

com a presença de 14 pessoas,

mente, não possuindo

Universidade Federal do Pa-

foi criado o Fórum de Saúde do

caráter oficial, este

raná (APUFPR-SSind), atra-

Trabalhador para diagnosticar a

espaço limita-se à

vés do Grupo de Trabalho de

situação de saúde dos servidores

troca de ideias e

Seguridade Social e Assuntos

e colaborar para aprofundar os

experiências e

de Aposentadoria local, pro-

dados existentes na Universida-

a delibera-

moveu uma reunião conjunta

de e nas entidades sindicais. O

com docentes sindicalizados,

Núcleo de Estudos em Saúde

com o Sindicato dos Trabalha-

Coletiva (NESC), vin-

dores em Educação do Terceiro

culado ao Setor

Grau Público de Curitiba, Re-

de Saúde da

gião Metropolitana e Litoral do

UFPR, tam-

Estado do Paraná (SINDITES-

bém veio a

T-PR) e com a Pró-reitoria de

compor o gru-

Gestão de Pessoas (PROGEPE)

po.

a fim de discutir os problemas

“A concepção ini-

de saúde dos trabalhadores da

cial do Fórum foi

UFPR.

de compreender

Compreendia-se que as ques-

os casos, estabe-

tões de saúde não poderiam se

lecer

restringir apenas aos docentes,

referentes aos mes-

mas sim a um contexto mais am-

mos e promover

plo, que deveria envolver toda a

as intervenções

comunidade acadêmica.

necessárias para

6

discussões

sua resolução. Evidente-


Durante os debates no Fórum, também foi possível perceber as dificuldades internas na UFPR para notificar e proteger os casos de assédio moral que ocorrem na instituição. ções consensuais”, explica a vice-

pois os servidores com cargo

-presidente da APUFPR-SSind,

de confiança não tinham autorização da Administração da

Astrid Baecker Avila. Os debates permitiram que as entidades sindicais

dados e de suas posições. Apesar das poucas estatís-

to de componentes do

ticas oficiais de adoecimento,

processo administra-

a participação no Fórum per-

tivo associados à

mitiu identificar quais os pro-

saúde do servidor.

cedimentos administrativos a

Inicialmente

serem seguidos pelos servido-

resis-

res em caso de adoecimento e

na

os empecilhos burocráticos que

de

criam dificuldades aos servi-

informa-

dores, como as restrições nor-

ções,

mativas que, em muitos casos,

tência troca

7

Universidade para liberação dos

tomassem conhecimen-

houve

NÃO CUMPRIDO

dificultam ou mesmo impedem que os profissionais da área de saúde atuem conforme sua avaliação clínica, além da ausência do termo assédio moral no Có-

REIVINDICAÇÃO GREVE 2011 Manutenção da comissão de saúde do trabalhador composta pela APUFPR- SSIND, SINDITEST e PROGEPE, conferindo a essa instância caráter deliberativo quanto a resolução das questões relativas a essa temática a serem executadas pela PROGEPE.

NEGOCIAÇÃO EM 01/09/2011 Concordância plena. Manutenção da comissão saúde do trabalhador e inserção de suas atribuições e competências na discussão da política de gestão de pessoas na UFPR.

digo de Conduta do Servidor Público Federal, o que cria dificuldades para a comissão de ética da Universidade.

7


REUNIÃO Fórum - 2012

Durante os debates no Fó-

Do ponto de vista sindical ele

rum, também foi possível per-

deveria ser um espaço de troca

ceber as dificuldades internas na

de experiências e de discussão

UFPR para notificar e proteger

das demandas relacionadas com

os casos de assédio moral que

a saúde do trabalhador.

ocorrem na instituição.

Para o corpo técnico da Uni-

Em 2011, dois anos após a

versidade, este espaço podia legi-

criação do grupo, os docentes da

timar suas ações e discutir os li-

Universidade Federal do Paraná,

mites que a normalização oficial

em assembleia reivindicaram, a

impõe ao seu trabalho. Um dos

manutenção do Fórum de Saú-

propósitos do Fórum consistia

de do Trabalhador, conferindo

em questionar e modificar essas

a essa instância caráter delibe-

situações e normativas, ações

rativo quanto à resolução das

para as quais o corpo técnico

questões relativas a essa temática

teria poucas possibilidades de

a serem executadas pela Pro-

fazê-lo.

gepe.

“Já tínhamos a clareza na

A proposta do Fórum deveria

época que tudo que discutíamos

se constituir, portanto, como um

no espaço não estava trazendo

espaço de construção coletiva.

resultados práticos. Pois mesmo

8

com a

presença

da Progepe no Fórum as ideias e os encaminhamentos

tirados

não eram realizados. Eles sempre afirmavam que não tinham poder para executar

as

ações,

apenas o Reitor teria”, relembra Astrid. Deste modo, segundo a APUFPR-SSind, a reivindicação de transformar o Fórum em um espaço


de concordância plena com a

na UFPR para tratar dos casos de

reivindicação dos docentes. Ga-

violência moral, indicou a não

rantiu a manutenção do Fórum

adesão ao Subsistema Integrado

de Saúde do Trabalhador e in-

de Atenção à Saúde do Servidor

serção de suas atribuições e competências na dis-

No entanto, passados dois

cussão da política de

anos e meio, nenhuma das pro-

gestão de pessoas na

postas desenvolvidas consensu-

instituição.

almente pelo Fórum de Saúde do

Neste sentido o

deliberativo

(SIASS), entre outros.

Trabalhador foi encaminhada.

Fórum de Saúde do

Em audiência com a Reitoria

Trabalhador come-

realizada no dia 21 de feverei-

çou a realizar diver-

ro de 2014 a Administração da

sos trabalhos como

Universidade afirmou que não

a propor alterações me-

mais encaminharia a questão da

diante resolução interna para

ON6 por entender ser uma ques-

atenuar os prejuízos deixados

tão nacional. Também informou

pela ON2, que depois veio a

que a Comissão de Relações

ser substituída pela Orientação

Interpessoais de Trabalho na

Normativa nº 6 (ON6), criou o

UFPR não tinha necessidade de

regimento da Comissão de Re-

ser criada, pois já havia órgãos

lações Interpessoais de Trabalho

competentes para tal – consti-

foi

mais uma forma para que as discussões

encami-

nhadas em consenso fossem realizadas. Em 1º de setembro de 2011 o Reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) firmou o

compromisso

REUNIÃO Fórum - 2014

9


“Saímos decepcionados da

portante e se mostraram compro-

Audiência que tivemos com a

missados em realmente buscar

No que se refere ao SIASS, a

Reitoria no dia 21 de fevereiro,

alternativas aos problemas que

Administração da Universidade

que negou todas as questões tra-

estão postos na Universidade.

ignorou o pedido realizado pelo

zidas pelo Fórum, construídas

No entanto esse é um pro-

Fórum de Saúde do Trabalha-

consensualmente entre as enti-

blema político o qual a Admi-

dor para tratar dos problemas do

dades e representantes da Ad-

nistração da Universidade não

convênio e realizou reunião com

ministração”, afirma Astrid. “O

quer resolver. Diante desta pos-

os outros Reitores a fim de firmar

trabalho realizado pelo Fórum

tura a APUFPR não tem como

um novo convênio que só preju-

acumula cinco anos de trabalho

permanecer como ente de um

dica os servidores da UFPR.

que não foram ainda encami-

fórum que não resulta em ações

nhados pela Reitoria”, comple-

efetivas com relação à saúde dos

menta.

servidores”, afirma o presidente

tuindo, essa decisão, flagrante desrespeito à assembleia.

Deste modo, em 26 de fevereiro de 2014, a APUFPR-SSind se retirou dos trabalhos do Fó-

“Os servidores que compuseram o Fórum tiveram papel im-

rum de Saúde do Trabalhador.

da APUFPR-SSind, João Francisco Ricardo Kastner Negrão.

O caso do SIASS O Subsistema Integrado de

O SIASS está vinculado ao

vendo as Instituições Federais do

Atenção à Saúde do Servidor

Ministério do Planejamento, Or-

Ensino Superior (IFES) do Paraná.

(SIASS) foi criado pelo Decreto

çamento e Gestão (MPOG) e no

“Em nosso caso, o MPOG não

6.833 de 2009, com o objetivo de

Paraná está estruturado em dois

está aportando qualquer recurso

coordenar e integrar ações e pro-

grupos: um compreendendo as

financeiro adicional para estabele-

gramas nas áreas de assistência à

Instituições Federais de Ensino –

cer a infraestrutura e nem o pessoal

saúde, perícia oficial, promoção,

Universidade Federal do Paraná

necessário ao efetivo funcionamen-

prevenção e acompanhamento

(UFPR), Universidade Tecnológi-

to do SIASS. Na prática, isto signifi-

da saúde dos servidores da admi-

ca Federal do Paraná (UTFPR) e

ca que a adesão ao Subsistema pelas

nistração federal direta, autárqui-

Instituto Federal (IFPR) - e outro

IFES do Paraná seria compartilhar

ca e fundacional, de acordo com

abrangendo os demais órgãos do

a precarização dos serviços de saú-

a política de atenção à saúde e se-

serviço público federal.

de ao trabalhador já existente nas instituições”, explica Astrid.

gurança do trabalho do servidor

O Fórum de Saúde do Traba-

público federal, estabelecida pelo

lhador discutiu as problemáticas

Para a APUFPR a forma como

governo.

da implantação do SIASS, envol-

cada instituição participa desse con-

10


vênio no caso do Paraná é desigual.

siass Assim, considera-se:

“A UFPR tem o maior corpo técnico e a melhor infraestrutura - embora precária - e as outras Instituições possuem quase nada. Na prática nos responsabilizamos e sobrecarregamos nossos servidores para tentar solucionar - ao menos tentar - o descaso do governo com a saúde dos servidores. Resulta disso que até os servidores que atuam no SIASS estão insatisfeitos e adoecendo”, conta Astrid. Em audiência realizada com a

Assistência à saúde: ações que visem a prevenção, a detecção precoce e o tratamento de doenças e, ainda, a reabilitação da saúde do servidor, compreendendo as diversas áreas de atuação relacionadas à atenção à saúde do servidor público civil federal;

1

Administração da Universidade, no dia oito de janeiro de 2014, a APUFPR-SSind solicitou ao Reitor que o mesmo recebesse o Fórum de Saúde do Trabalhador para apresentação dos problemas que o SIASS representava à instituição. “Pedimos a audiência, pois o Fórum gostaria de apresentar os

Perícia oficial: ação médica ou odontológica com o objetivo de avaliar o estado de saúde do servidor para o exercício de suas atividades laborais; e

2

motivos e os dados para que a UFPR não aderisse ao SIASS novamente em 2014”, conta Astrid. No entanto, na audiência realizada no dia 21 de fevereiro deste ano, a Reitoria informou que primeiro realizaria uma reunião com os outros reitores das instituições conveniadas e posteriormente ouviria o Fórum de Saúde do Trabalhador, o que não aconteceu.

Promoção, prevenção e acompanhamento da saúde: ações com o objetivo de intervir no processo de adoecimento do servidor, tanto no aspecto individual quanto nas relações coletivas no ambiente de trabalho.

3

11


Estágio probatório: um problema de 8 anos No dia 13 de maio de 2011, 15 docentes do Setor Litoral e membros da diretoria da APUFPR-SSind entregaram um documento à Administração da Universidade Federal do Paraná cobrando a imediata realização de avaliação de desempenho a fim de efetivação dos docentes do campus. SETOR LITORAL

Até então cerca de 100 docentes esperavam pela avaliação do estágio probatório, alguns há cinco anos. Desde a implementação do Setor, nenhuma avaliação dos do-

Estágio Probatório é um direito O estágio probatório é um

De acordo com os artigos

legislação,

período no qual o servidor

6º e 28 da Emenda Constitu-

todos os professores da

público de cargo efetivo se

cional 19, publicada em 1998,

UFPR têm o direito de ob-

submete a um processo de

os servidores que ingressaram

terem sua estabilidade após

avaliação para verificar se

a partir desta data devem ser

o trigésimo mês a contar

ele está apto ou não a adqui-

avaliados a fim de efetivação

da data do seu ingresso na

rir estabilidade no serviço

no serviço público após três

universidade.

público.

anos.

centes havia sido realizada. Segundo

12

a


Cobramos da Administração a realização da avaliação do estágio probatório pelo Setor Litoral desde 2009.

Deveriam ter sido realiza-

“A Universidade não pode

das, conforme Resolução da

permitir que a instabilidade

própria UFPR, três avaliações:

causada pela ausência do está-

a primeira do 1º ao 10º mês, a

gio probatório seja usada como

segunda do 11º ao 21º mês e

arma política para fazer com

a avaliação final do 22º ao 32º

que o servidor seja subservien-

mês, a contar da data de in-

te a certos desmandos”, afirma

gresso do servidor.

o presidente da APUFPR-SSind,

A estabilidade é dever dos órgãos públicos e um direito do

João Francisco Ricardo Kastner Negrão.

servidor, constituindo-se em ga-

Para a APUFPR-SSind, o

rantia contra a ingerência de ter-

adiamento da estabilidade des-

ceiros no exercício de suas fun-

ses docentes é uma irresponsa-

ções.

bilidade da UFPR como insti-

O objetivo da estabilidade é

tuição pública e das unidades

fazer com que o servidor pú-

que deveriam proceder a ava-

blico não fique sujeito a pres-

liação. “Cobramos da Adminis-

sões políticas a cada mudança

tração a realização da avaliação

de governo, preservando a sua

do estágio probatório pelo Setor

autonomia de ação e permitin-

Litoral desde 2009. Não existem

do a continuidade do serviço

casos como esse em nenhuma

sem perturbações de ordem

Universidade no Brasil, mesmo

externa, garantindo assim o

naquelas que possuem um pro-

princípio da impessoalidade

jeto pedagógico diferenciado”,

na administração pública.

explica.

CUMPRIDO

8 REIVINDICAÇÃO GREVE 2011 Realização imediata da avaliação de Estágio Probatório dos docentes do Setor Litoral (e demais Setores em que isso ocorra), que mesmo após cinco anos na Universidade ainda não passaram por nenhum tipo de avaliação, com garantia de estabilidade aos mesmo

NEGOCIAÇÃO EM 01/09/2011 Encaminhamento imediato. A Reitoria assume que todos os docentes do Setor Litoral que já completaram 3 anos na Universidade serão avaliados uma única vez garantindo-lhes a estabilidade legal. Isto deve ocorrer em prazo não superior a 30 dias. Os demais terão suas bancas de avaliação constituídas e realizadas em até 60 dias. Encaminhamento imediato de todos os processos e deliberação do COUN sobre exigência de regimento ao Setor.

13


Mobilização e conquista Na greve de 2011 os docentes da UFPR incluíram na pauta local de reivindicações da categoria a realização imediata da avaliação de estágio probatório dos docentes do Setor Litoral que, mesmo após decorrido o tempo necessário na Universidade, ainda não haviam passado por nenhum tipo de avaliação, com garanGREVE DE 2011

tia de estabilidade aos mesmos. Em 1º de setembro de 2011, a Administração da

seriam constituídas e realiza-

atender a reivindicação da ca-

Universidade firmou o com-

das em até 60 dias.

tegoria, a Pró-reitoria de Ges-

promisso de encaminhamen-

Segundo o artigo 2º da Re-

to imediato no termo de gre-

solução 2, de 2000 do Conse-

ve. A Reitoria assumiu que

lho de Planejamento da UFPR,

Houve alguns atrasos por

todos os docentes do Setor

“o processo de avaliação de

parte da Administração da

Litoral que já haviam com-

desempenho do servidor em

Universidade e somente no

pletado três anos na Univer-

estágio probatório será coor-

início de 2012 a UFPR publi-

sidade seriam avaliados uma

denado pela PRHAE – atual

cou as Portarias daqueles que

única vez garantindo-lhes a

PROGEPE –, com o apoio da

já haviam completado o prazo

estabilidade legal.

PROGRAD, CPPD e da CPP-

de três anos. Entretanto para

TA, sendo realizado pela uni-

os docentes que ainda não

dade de lotação do mesmo”.

tinham completado o prazo,

Isto deveria ocorrer em prazo não superior a 30 dias.

tão de Pessoas (PROGEPE) executou todo o processo.

Para aqueles que não haviam

Como a direção do Setor

mas já deveriam ter passado

completado três anos na insti-

Litoral não realizou a avalia-

por alguma das etapas da ava-

tuição, as bancas de avaliação

ção de desempenho, e para

liação, nada foi feito.

14


Administração da UFPR realiza mais 40 estágios probatórios Em 2013 a Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná voltou a cobrar da Universidade uma postura da instituição frente ao descumprimento, pela direção do Setor Litoral, das

normativas

que amparam e garantem os direitos dos servidores. Sobretudo na falta do estágio probatório que torna os docentes vulneráveis a situações de assédio. Em agosto daquele ano somavam-se mais 40 docentes

solici-

que tinham direito a estabili-

tando

dade, mas não haviam passa-

a direção do Setor realizasse

a PROGEPE realizou mais

do por nenhuma avaliação de

as avaliações dos docentes

uma vez em 4 de novembro de

desempenho.

que já haviam completado o

2013 a avaliação daqueles cujo

Segundo a Administração

período de estágio probató-

prazo já havia expirado. No

da Universidade, foram en-

rio, mas que não houve res-

entanto para os demais docen-

caminhados diversos ofícios

posta.

tes o problema permanece.

Pressionada que

pela APUFPR-SSind

15


Pró-reitor da PROGEPE diz não ser pautado pela APUFPR-SSind Segundo Negrão, em mar-

No entanto, na última au-

ço de 2014 novos professores

diência realizada no dia 21

já completaram o tempo para

de fevereiro deste ano, quan-

adquirir a estabilidade e não

do foi tratada exclusivamente

há perspectiva sobre como

a pauta local, o documento

será o processo.

não havia sido encaminhado

Em audiência com o Reitor

pelo Pró-Reitor de Gestão de

da UFPR, Zaki Akel Sobrinho,

Pessoas, Adriano do Rosário

em 8 de janeiro de 2014, foi

Ribeiro, que afirmou não ter

garantido à APUFPR-SSind

realizado o PAD porque não

que um Processo Administra-

seria pautado pela APUFPR-

tivo Disciplinar (PAD) seria

-SSind, desconsiderando tam-

aberto, uma vez que a Admi-

bém o encaminhamento dado

nistração da Universidade já

pela própria Reitoria.

havia comunicado diversas

Na reunião, quando ques-

vezes o diretor de Setor sobre

tionado pelos membros do

a necessidade de cumprir com

sindicato se havia analisado o

a legislação.

dossiê entregue à Pró-reitoria,

Ribeiro afirmou desconsiderar as informações. “Nós ficamos muito sur-

Quando questionado pelos membros do sindicato se havia analisado o dossiê entregue à Pró-reitoria, Ribeiro afirmou desconsiderar as informações.

presos na audiência quando mais uma vez se voltou a falar em uma comissão de sindicância, embora a Procuradoria da Universidade e a própria Reitoria já tinham indicado que abririam um Processo Administrativo Disciplinar, já que

16


Temos a certeza de que a punição dos atos cometidos não é um mero ato de vingança. Serve, sobretudo, para inibir a sua prática e estabelecer a confiança na justiça.

mais uma vez que encami-

sejam responsabilizados por

nharia o processo.

isso.”

“Tem que fazer duas coi-

Para a entidade, é necessá-

sas, a primeira é um ofício do

rio que haja um cuidado e um

pró-reitor ao dirigente local

interesse maior por parte da

para que proceda a avaliação

Universidade, no intuito de

do estágio probatório dos

inibir esse fenômeno, comba-

servidores que já solicitaram.

tendo as incessantes situações

Tem um prazo legal para isso,

que envolvem pessoas que

em segundo cancelar essa sin-

têm sua integridade física e

há provas

dicância e fazer um PAD. De

psíquica afetadas, sob o man-

do erro ad-

fato esse é o procedimento

to da impunidade crônica, da

ministrativo e

mais correto para a situação”,

injustiça, da indiferença e do

de quem o fez. É ina-

afirmou Akel ao Pró-reitor de

silêncio.

ceitável que a PROGEPE volte

Gestão de Pessoas.

Essa pauta demonstra o

a falar em comissão de sindi-

Segundo Negrão é ne-

quanto a categoria pode avan-

cância”, pontua Astrid Baecker

cessário que medidas sejam

çar se estiver organizada. “Te-

Avila.

tomadas a fim de garantir

mos a certeza de que a punição

que as normas da Univer-

dos atos cometidos não é um

forto diante da intransigência

sidade

cumpridas.

mero ato de vingança. Serve,

do pró-reitor, que havia des-

“Não podemos mais admitir

sobretudo, para inibir a sua

cumprido uma ordem direta

que chefes, coordenadores

prática e estabelecer a confian-

da Reitoria, a Administração

e diretores não cumpram as

ça na justiça e nas instituições

da

regras da instituição e não

democráticas”, explica Negrão.

Depois de muito descon-

Universidade

garantiu

sejam

17


Reitoria ignora casos de violência moral na UFPR Segundo a diretoria da As-

situações de violência moral no

docentes da Universidade e as

sociação dos Professores da

trabalho”, explica o presidente

denúncias de situações

Universidade Federal do Paraná

do Conselho de Represen-

(APUFPR-SSind) modificações

tantes da APUFPR-S-

das condições e da organização

Sind (CRAPUFPR),

do trabalho ocorridas nos últi-

Luis Allan Kunzle.

mos anos geraram um crescente

Em 2010 o sin-

número de casos de adoecimen-

dicato

contratou

to físico e mental dos docentes.

uma

Assessoria

“Através de algumas ações

Psicológica

para

no que diz respeito à saúde do-

acolher os casos que

cente, pudemos perceber que

surgiam. A partir de en-

a grande maioria dos casos de

tão a APUFPR-SSind

adoecimento de professores da

começou a sistema-

Universidade Federal do Para-

tizar dados refe-

ná (UFPR) estava relacionada a

rentes à saúde dos

A APUFPR-SSind começou a sistematizar dados referentes à saúde dos docentes da Universidade e as denúncias de situações de violência moral. 18

de violência moral

vi-

venciadas pelos pro-


Até então a Universidade nunca havia emitido um laudo de nexo causal. Além disso, a Reitoria não tomou nenhuma atitude de coibir os assediadores nos casos denunciados pela APUFPR-SSind. fessores, entre elas o assédio

APUFPR-SSind atuar coletiva-

moral.

mente”, complementa Negrão.

“A partir destes trabalhos foi

Na greve de 2011 os docen-

possível analisar informações

tes da Universidade Federal do

que possibilita-

Paraná exigiram em sua pauta

ram identifi-

local de reivindicações o reco-

car implica-

nhecimento institucional dos casos de assédio na UFPR.

ções

Para esse ponto a Ad-

NÃO CUMPRIDO

9 REIVINDICAÇÃO GREVE 2011 Reconhecimento institucional dos casos de assédio na UFPR.

ministração da Universidade

garantiu

encaminhar ao Serviço de Segurança e Saúde Ocupacional (SESAO) para identificação do nexo causal médico. d a

“Até então a Universidade

Un i -

nunca havia emitido um laudo

v e r-

de nexo causal. Além disso, a

sidade

Reitoria não tomou nenhuma

na exis-

atitude de coibir os assediado-

tência dos

res nos casos denunciados pela

casos

de

APUFPR-SSind”, relata a vice-

violência,

o

-presidente da entidade, Astrid

que permitiu a

NEGOCIAÇÃO EM 01/09/2011 Garantia de encaminhamento ao SESAO para identificação do nexo causal médico

Baecker Avila.

19


Violência Moral na UFPR De acordo com a assessora

O perfil dos docentes mos-

psicológica da APUFPR-SSind,

tra que a maioria dos assedia-

Fernanda da Conceição Zanin,

dos desde o início de suas car-

a partir da sistematização das

reiras apresentaram-se como

denúncias de violência moral

profissionais inovadores, ati-

pode-se notar que os docentes

vos e criativos, dispostos a

que passam por tais situações

contribuir para a instituição

apresentavam

através de seus trabalhos de

características

peculiares e em comum.

ensino, pesquisa e extensão.

“A maioria dos casos são

“Esses professores tam-

professores com menos de

bém possuem títulos com

seis anos de Universidade,

reconhecida relevância aca-

com regime de Dedicação

dêmica, financiamento para

Exclusiva e, majoritariamen-

desenvolver pesquisas e boas

te, assumiram cargos admi-

relações com seus alunos, ou

nistrativos, como chefia de

ao menos priorizaram tais ele-

departamento e coordenação

mentos e investiram para al-

de curso com pouco tempo

cançá-los.

de ingresso na Universidade”, conta Fernanda.

Destaca-se também que a maioria desses professores

menciona encarar

o

trabalho como proje-

Estes professores passaram por longos processos burocráticos, acompanhados por frequente falta de comunicação a respeito do andamento dos mesmos.

to de vida e tinha o ingresso em uma universidade pública como um sonho profissional a ser realizado”, complementa Fernanda. De acordo com a APUFPR-SSind tais características aparentam ter dado destaque a esses

20


Sob um caráter disciplinador, a instituição também se apresenta como responsável quando age de forma negligente, consentida ou com descaso.

professores, porém

resistência, à mudança e às di-

Sob um caráter discipli-

ficuldades burocráticas da Uni-

nador, a instituição também

versidade gerou uma ideia de

se apresenta como responsá-

confronto e, por consequência,

vel quando age de forma ne-

a continuidade e o aumento

gligente, consentida ou com

da frequência de situações de

descaso, ainda que o conflito

perseguição, de ameaças - so-

possa parecer resultante de

bretudo durante o período de

problemas pessoais.

estágio probatório -, discrimi-

Segundo a APUFPR-SSind

nação, sobrecarga de trabalho

há indícios de que os grupos

e também exclusão. Situações

assediadores são fortalecidos

que caracterizam o assédio

ou criados através da política

moral”, explica Astrid.

de troca de favores, do desres-

as mesmas re-

“Estes professores passa-

peito às regras da Universidade

sultaram em ações de

ram por longos processos bu-

para benefício próprio e tam-

discriminação e de perseguição

rocráticos, acompanhados por

bém são propiciados pela im-

direcionadas a eles, tendo em

frequente falta de comunica-

punidade em alguns momentos

vista que seu trabalho pode ter

ção a respeito do andamento

e pelo descaso em outros.

sido interpretado como ameaça

dos mesmos. Para esses pro-

“Frente a essas situações,

ao conservadorismo de outros

fessores essas atitudes apre-

muitas vezes o docente ten-

profissionais e aos grupos de po-

sentam-se como uma punição,

ta por ele mesmo acelerar

der presentes na instituição.

para que eles se enquadrem às

os seus processos ou depois

regras implícitas”, afirma Fer-

recorrer à entidade que o re-

nanda.

presenta enquanto classe. Ob-

“O

posicionamento

dos

docentes de persistir frente à

21


pessoalidade ocorre porque há descaso com o problema apresentado ou porque existe envolvimento direto ou indireto deste mediador com os grupos de poder. “É importante destacar que os docentes também apresentavam quadros de adoecimento desencadeados ou agravados após situações advindas evento assédio - 2009

do trabalho como as descritas anteriormente. Chama aten-

servamos que os problemas se

mente aqueles que deveriam

ção também a dificuldade

arrastam por longo tempo até

fazer a mediação do conflito

dos professores em assumir a

que o docente nos procure”,

não agem de acordo com as

condição de adoecimento ou

explica Negrão.

exigências de impessoalidade

sofrimento psíquico, fato que

do cargo.

colabora para a busca tardia

Frequentemente, a situação tarda em ser discutida

Segundo o relato dos pro-

em auxílio à saúde e acarreta

dentro dos próprios departa-

fessores acolhidos, em alguns

a piora do seu estado”, finaliza

mentos ou setor, pois exata-

momentos a quebra de im-

Fernanda.

Ações da APUFPR-SSIND As sucessivas denúncias de

Antonio Tonegutti, a partir da

tamento jurídico da APUFPR,

assédio moral no Campus Lito-

visibilidade dada à questão as

focadas em abrir processos ju-

ral levantou a discussão sobre

denúncias passaram a ser fre-

diciais. Percebemos que era ne-

os problemas da saúde dos do-

quentes e relacionadas também

cessário entender o problema,

centes em toda a Universidade.

a outras unidades.

suas causas e consequências,

Conforme o tesoureiro ge-

“Até então todas essas de-

para que pudéssemos intervir

ral da APUFPR-SSind, Claudio

núncias acabavam no depar-

na realidade, ou seja, propor

22


mudanças no ambiente de tra-

APUFPR-SSind realizou o II

baterem as situações de violên-

balho e na rotina das unidades

Seminário de Assédio Moral,

cia moral durante o exercício

visando amenizar o problema,”

quando os docentes puderam

de suas funções.

conta Tonegutti.

discutir sobre as questões de

Em 2010, para suprir a de-

A APUFPR-SSind passou a

assédio moral no serviço públi-

manda que não parava de cres-

estudar o tema e no dia 28 de

co e as condições de trabalho

cer, a APUFPR-SSind contra-

agosto de 2006 a entidade reali-

nas universidades. Na reunião

tou uma Assessoria Psicológica

zou uma conferência sobre as-

os docentes trocaram infor-

com o objetivo de acolher os

sédio moral com a presença de

mações sobre as experiências

docentes que chegavam na en-

um dos principais pesquisado-

que vivem em seus locais de

tidade.

res do assunto, o professor José

trabalho e debateram também

Entre setembro de 2010 a

Roberto Monte Heloane.

o contexto nacional que afeta

dezembro de 2013, a APUFPR-

A atividade reuniu cerca

todas as universidades federais.

-SSind atendeu um total de 110

de 600 pessoas no auditório

A realização do seminário

professores de diferentes cur-

da Reitoria e foi um marco na

teve como papel fundamen-

discussão sobre o assunto no

tal ampliar a discussão sobre

Neste período o sindicato

serviço público em Curitiba,

o tema e servir como um ins-

buscou sistematizar esses da-

influenciando também o deba-

trumento de informação que

dos a fim de possuir um quadro

te dentro de outros sindicatos e

ajudou os professores e demais

da Universidade e combater

categorias do funcionalismo.

funcionários públicos a com-

essa prática na instituição.

sos da UFPR.

“Esse trabalho começou em 2006 quando a APUFPR-SSind realizou o Seminário de Assédio Moral que lotou o Teatro da Reitoria. Na época recebemos diversas denúncias. O mais interessante é que também recebemos telefonemas de professores que se reconheceram como assediadores e pediram ajuda”, relembra Claudio Antonio Tonegutti, que era presidente da entidade na época. Em outubro de 2009 a

evento SAÚDE - 2011

23


Assédio moral e trabalho docente O assédio moral é a exposição dos trabalhadores a situa-

bilitando que o assédio moral

fenômeno e a forma como se

seja mais frequente e intenso.

insere nas relações de trabalho e na universidade.

ções repetitivas e prolongadas

Como o chefe não possui

de humilhação e constrangi-

poder para demitir o funcio-

“As características da nossa

mento durante a jornada de

nário, ele passa a humilhá-lo,

sociedade competitiva e indi-

trabalho, sendo mais comuns

sobrecarregando-o com tare-

vidualista, atreladas a dinâmica

nas relações hierárquicas, em

fas inadequadas ou constran-

do trabalho docente produti-

que um chefe assedia moral-

gedoras.

vista, formam um campo vasto

mente um subordinado.

Para o presidente do Con-

para o assediador e para o

selho de Representantes da

desenvolvimento

a violência moral apresen-

APUFPR-SSind

relações de traba-

ta características diferentes

FPR), Luis Allan Kunzle, ape-

lho

das encontradas na iniciativa

sar de o assédio moral ainda

pela perversi-

privada, devido à garantia de

ser um objeto de estudo re-

dade”, consi-

estabilidade dos servidores

cente para a ciência, é preciso

dera Kunz-

públicos concursados, possi-

entender a dimensão social do

le.

Nas instituições públicas,

(CRAPU-

de

marcadas

O caso do Setor Litoral e

imposi-

Em março de 2007, a APU-

A Associação dos Professo-

FPR-SSind entrou com uma

res compreendia que a omis-

ções da di-

ação coletiva na Justiça Fede-

são da Universidade em nor-

reção da uni-

ral. A medida reivindicava a

matizar o funcionamento do

dade.

transferência imediata de qua-

campus deixou os docentes e

tro professores afastados por

servidores técnicos vulnerá-

das

adoecimento relacionados a

veis aos assédio moral, já que

condições de tra-

assédio moral e que a Admi-

não existiam resoluções com

balho dos docentes

nistração da UFPR fosse res-

as quais os trabalhadores pu-

do Setor Litoral, fruto

ponsabilizada pela situação.

dessem questionar as decisões

das relações de mando,

24

“Em

razão péssimas


diversos professores são aco-

com esse sofrimento”, conta

dos pedidos veiculados com

metidos por doenças geradas

Negrão.

esse objetivo, e o paradeiro de todos esses processos é desco-

pelo estresse e pela depres-

De 2007 a 2009, foram en-

são. Temos professores que

caminhados à UFPR mais de

sofreram aborto, desenvolve-

50 processos administrativos

“Além de todos esses pro-

ram doenças e estão esperan-

denunciando as péssimas con-

cessos, havia mais requeri-

do que a Universidade acabe

dições de trabalho e irregu-

mentos que foram realizados

laridades que atentam contra

com o mesmo objeto, e que

o equilíbrio do ambiente de

não foram registrados por

trabalho no então Campus Li-

vários motivos: uns, porque

toral. No entanto, não houve

no então Campus Litoral

nenhuma resposta

não havia protocolo; outros,

a nenhum

porque o protocolo simples-

nhecido.

mente não foi aceito; outros, ainda, que foram enviados por e-mail, inclusive diversas denúncias dirigidas à Ouvidoria. No entanto, todos os pedidos dirigidos à UFPR pelos professores do então Campus Litoral estão relatados e d e v i d ame nte comprovados”, a

explica assessora

jurídica

da

APUFPR-SSind, Fernanda

Yasue

Kinoshita. A relação dos mais de

25


50 processos e denúncias sem

setor para apuração dos casos.

vando a demanda. Em agos-

respostas foram encaminha-

“Mesmo achando um ab-

to de 2010 a Associação dos

dos à Pró-reitoria de Gestão

surdo ter que indicar o nome

Professores da Universidade

de Pessoas (Progepe) em

do diretor do setor, uma vez

Federal do Paraná solicitou

dezembro de 2009 que, por

que é o mesmo desde sua cria-

reconsideração da análise do

sua vez, encaminhou à Comis-

ção, fizemos para que a Uni-

processo.

são de Ética da UFPR.

versidade resolvesse a ques-

Em fevereiro de 2010 a

tão”, explica Astrid.

“Conseguimos reabrir o processo na Comissão de Éti-

Comissão de Ética da UFPR

Posteriormente a Comis-

ca, que mais uma vez decidiu

informou que era necessário

são de Ética da Universidade

pelo arquivamento da deman-

indicar o nome do diretor do

informou que estaria arqui-

da”, relembra Negrão.

As greves de 2011 e 2012 Na greve de 2011 as reivindicações do Setor Litoral no que se referia a realização do estágio probatório e o assédio moral foram incorporadas na pauta local de reivindicações dos docentes. Para a APUFPR-SSind a falta de um regimento interno - que foi resolvido recentemente após 7 anos - e GREVE DE 2011

a não realização do estágio probatório, colaborou para que a direção do Setor Lito-

professores.

viram seu estado físico e psí-

ral exercesse sua função de

“Os docentes, sentido-se

quico se deteriorar devido à

maneira autoritária, crian-

ameaçados pela possibilida-

enorme carga de stress a que

do situações de humilhação

de de não se efetivarem no

eram

e constrangimento para os

cargo público que ocupavam,

Astrid.

26

submetidos”,

afirma


Os 30 docentes do Setor Litoral Após a realização da avaliação dos estágios probatórios pela PROGEPE, realizada após muita pressão do movimento grevista, cerca de 30 docentes do Setor Litoral ousaram denunciar sobre suas precárias condições de trabalho. No dia 12 de julho de 2013 a Reitoria da UFPR recebeu a visita da APUFPR-SSind com reunião 30 docentes com reitor

o grupo que relatou os diversos acontecimentos que têm deteriorado as condições de

procedimentos administrati-

refere ao assédio moral. Espe-

trabalho dos docentes daquele

vos adequados para o cumpri-

ramos que a instituição abra

Setor.

mento dos dispositivos regi-

no mínimo um Processo Ad-

mentais e estatutários.

ministrativo Disciplinar por

A Administração da Uni-

tudo o que esses docentes já

versidade remeteu o caso ao

Essa atitude revela que a

Conselho de Ensino Pesquisa

UFPR reconhece a inadequa-

e Extensão (CEPE), que reco-

ção da gestão instalada no

“O que vimos até agora é

nheceu a situação de risco e

Setor Litoral, considerando a

um gesto de consentimento

estabeleceu um regime espe-

necessidade da Pró-reitoria

tácito com todas as arbitra-

cial de subordinação adminis-

de Gestão de Pessoas ficar in-

riedades que ocorreram no

trativa do coletivo dos 30 do-

cumbida de processar as de-

Setor Litoral. Estava evidente

centes à PROGEPE.

mandas.

uma indiferença da UFPR aos

passaram”, explica Astrid.

Também constituiu uma

“Mesmo com todas as de-

pleitos que têm como núcleo o

comissão de mediação das re-

núncias e reconhecimento dos

adoecimento de docentes em

lações entre membros da co-

problemas a Universidade não

função do desequilíbrio do

munidade acadêmica do Setor

fez nada para responsabilizar

meio ambiente de trabalho”

Litoral para acompanhar os

o Diretor de Setor no que se

finaliza Negrão.

27


UFPR é condenada por danos morais Em outubro de 2012 a

que eu falava ou que eu dis-

realocado na antiga discipli-

Universidade Federal do Pa-

cutia sobre o paciente, ou ain-

na em que era chefe. “Só que

raná foi condenada a pagar

da atitudes a serem tomadas,

voltei como o mais reles fun-

R$ 17.782,14 ao professor do

tudo isso era visto como uma

cionário, lá eu só dava uma

Departamento

agressão pessoal ao coordena-

aula de duas horas por semana

dor”, afirma.

e continuei assim até me apo-

de

Cirurgia

Fernando Hintz Greca, em decorrência de uma ação indeni-

Greca conta que após o

sentar.”

coordenador assumir a disci-

Antes do processo na jus-

A condenação refere-se ex-

plina de Cirurgia Geral as re-

tiça comum, Greca tentou re-

clusivamente à conduta do en-

lações de desmandos aumen-

correr às instâncias adminis-

tão coordenador da disciplina

taram, ao ponto de, mesmo

trativas da Universidade para

de Cirurgia Geral que, confor-

sendo especialista na área, ter

que fosse aberto um processo

me Greca, o afastou de forma

que solicitar autorização para

administrativo e disciplinar,

ilegítima de suas funções no

realização de operações e, na

a fim de que se esclarecesse a

dia cinco de fevereiro de 2007.

maioria delas, ter o pedido ne-

situação.

zatória por danos morais.

Segundo Greca, que atuou

gado.

Segundo

Greca,

mesmo

vinte e três anos como médico

“Primeiramente as minhas

sendo aconselhado pelo pro-

e professor do departamento,

aulas mais especializadas fo-

curador da Universidade a

o afastamento foi fruto de per-

ram retiradas e eu só podia dar

abrir uma sindicância para

seguição seguida de anos de

aula sobre unha de pé, calos,

apurar os fatos, tanto o depar-

submissão, exposto a situações

tumores superficiais e outras

tamento de Cirurgia quanto

humilhantes e constrangedo-

coisas menores. E ainda por

o Setor de Ciências da Saúde

ras de forma repetitiva e pro-

cima os médicos do HC que

optaram pelo arquivamento

longada durante a jornada de

não eram professores podiam

do pedido. “Somente em 2010,

trabalho e no exercício de suas

dar aula. E eu que tinha dois

quando a ação já havia sido

funções.

contratos com a Universidade,

julgada e por intervenção do

um de médico e outro de pro-

Ministério Público Federal, foi

fessor, não podia.”

aberto um processo adminis-

“Mesmo sendo especialista na área eu não podia tocar em um doente, fui instruído a não

Depois de destituído de

arranjar confusão, pois tudo

suas funções, o docente foi

28

trativo e disciplinar e em seguida arquivado”, explica.


O debate sobre assédio Na greve de 2011, a manutenção dos trabalhos do Fórum de Saúde do Trabalhador também foi uma reivindicação dos docentes. “Desde seu início o Fórum, que é composto em sua maioria por membros da Administração da Universidade, pautou a questão da violência moral. Realizamos assembleia em 2011

um evento conjunto com a Progepe para discutir a questão, mas os focos de as-

aqueles que não estão inclu-

gindo que os mecanismos

sédio não diminuíram”, rela-

ídos nos diversos círculos de

de combate a essas práticas

ta Fernanda.

poder existentes na Univer-

sejam efetivamente imple-

sidade.

mentados. Esta questão deve

Com o objetivo de tratar a

ser amplamente difundida,

questão da violência moral e

Esses círculos, de maneira

assédio moral na instituição

informal, amparam atitudes

o Fórum de Saúde do Traba-

que muitas vezes infringem

“Não podemos mais ad-

lhador propôs a criação de

as normativas legais que re-

mitir que as normas da insti-

uma Comissão de Relações

gem a Universidade Federal

tuição sejam descumpridas.

Interpessoais de Trabalho.

do Paraná e, em muitas situ-

Isso faz com que direitos dos

ações, degradam as relações

servidores sejam agredidos

entre os servidores.

e se mantenham impunes

A sensação de impunidade que prevalece histo-

debatida e enfrentada.

ricamente na UFPR é res-

Para a diretoria da APU-

os responsáveis. Esta situa-

ponsável pelo sentimento de

FPR-SSind é fundamental

ção faz pensar que os trans-

insegurança a que estão sub-

que a Administração da Uni-

gressores estão protegidos,

metidos muitos docentes da

versidade intervenha nesses

o que é inaceitável”, afirma

instituição,

casos de impunidade, exi-

Negrão.

especialmente

29


Comissão de Relações de Trabalho da UFPR Na greve de 2011 os docentes reivindicaram a construção de uma política de saúde que contemplasse o diagnóstico permanente e intervenção sobre as condições de adoecimentos dos docentes. Para essa reclamação a Administração da Universidade firmou o compromisso de fortalecer o Fórum de Saúde do Trabalhador envolvendo os

GREVE DE 2011

segmentos que compõem a comunidade Universitária. Na greve de 2012 a discus-

tuinte. Neste intervalo, ficariam

Gestão de Pessoas (PROGEPE),

são foi retomada e a Reitoria se

mantidas as discussões quin-

com o objetivo de construir

comprometeu que a Política de

zenais no Fórum de Saúde do

uma Comissão de Relações de

Gestão de Pessoas seria incor-

Trabalhador com a participação

Trabalho para aprovação nos

porada às discussões da Esta-

da equipe da Pró-reitoria de

Conselhos Superiores.

Comissão de Relações de Trabalho O Fórum de Saúde do Tra-

indicou a criação da Comissão

Trabalho da Universidade Fe-

balhador, após muitos estudos,

de Relações Interpessoais de

deral do Paraná (UFPR).

30


Esta comissão tem como finalidade analisar as denúncias de violência moral e será composta por profissionais da área de saúde da UFPR e por representantes das entidades sindicais. Segundo o presidente da

de situações de violência moral

APUFPR-SSind, João Francis-

vivenciadas pelos professores,

co Ricardo Kastner Negrão, a

como o assédio moral.

proposta consiste em estabele-

A partir destes trabalhos foi

cer dentro da Universidade um

possível analisar informações

espaço no qual figurem os sin-

que possibilitaram identificar

dicatos de ambas as categorias

implicações da Universidade na

de servidores em conjunto com

existência dos casos de Violên-

profissionais da área da saúde da

cia, o que permitiu ao Sindicato

Universidade.

atuar coletivamente.

“Esta comissão teria como

De acordo com a vice-presi-

finalidade analisar as denúncias

dente da APUFPR-SSind, Astrid

de violência moral envolvendo

Baecker Avila, para combater as

servidores da UFPR e será com-

situações de violência e assédio

posta por profissionais da área

a entidade buscou discutir com

de saúde da UFPR e por repre-

especialistas formas de ação e

sentantes das entidades sindi-

conhecer experiências realizadas

cais.”, explica Negrão.

por outros sindicatos.

Desde 2010, por meio de tra-

“O que se tem hoje no Brasil

balhos desenvolvidos pela As-

são algumas comissões, organi-

sessoria Psicológica da APUFPR-

zadas internamente nos sindi-

-SSind, sistematizam-se dados

catos, que acolhem, analisam e

referentes à saúde dos docentes

encaminham – tanto por espe-

da Universidade e as denúncias

cialistas da área de saúde como

NÃO CUMPRIDO

10 REIVINDICAÇÃO GREVE 2011 Construção de uma política de saúde que contemple diagnóstico permanente e intervenção sobre as condições de adoecimentos dos docentes.

NEGOCIAÇÃO EM 01/09/2011 Fortalecimento de GT Saúde envolvendo os segmentos que compõem a comunidade Universitária. Vinculação com a discussão da Política de Gestão de Pessoas solicitada pelos técnicos administrativos da Universidade.

NEGOCIAÇÃO EM 31/08/2012 Conforme acordado na pauta dos servidores técnico-administrativos, a Política de Gestão de Pessoas será incorporada às discussões da Estatuinte. Neste interim, ficam mantidas as discussões quinzenais no Fórum de Saúde do Trabalhador com a participação da equipe da PROGEPE, com o objetivo de construir para aprovação nos Conselhos Superiores uma Comissão de Relações de Trabalho.

31


pela via jurídica – as denúncias

esta deve gerar um parecer sobre

sindicais pudesse expressar pare-

recebidas dos sindicalizados,

cada caso. Na sua construção,

cer diverso em relação ao aprova-

mas sem envolvimento da insti-

por parte das representações sin-

do pela Comissão, para garantir

tuição”, explica Astrid.

dicais, uma das principais preo-

sua autonomia em relação a deci-

Para a APUFPR-SSind a

cupações foi garantir participa-

sões institucionalizadas.

UFPR também vivencia esse

ção efetiva dos sindicatos e de

“A proposta foi encaminha-

quadro. No entanto, o envolvi-

especialistas de diferentes áreas

da a Reitoria para ser submeti-

mento e o reconhecimento da

da Saúde.

do ao Conselho de Planejamen-

instituição dos casos de Violência Moral são fundamentais. “Em função disto, na pauta local de greve de 2012 foi incluída a criação da Comissão de Relações de Trabalho da UFPR, na qual participam os serviços de saúde da instituição e as representações

sindicais

dos

servidores, docentes e técnico-administrativos”, complementa. O acordo de greve assinado com a Administração da Universidade transferiu ao Fórum de Saúde do Trabalhador da UFPR a construção de uma proposta de Regimento da Comissão, a ser submetida aos Conselhos Superiores. Nesta proposta, todas as denúncias de violência moral devem passar pela Comissão e

32

Outra preocupação foi permi-

to e Administração (COPLAD)

tir que uma das representações

no dia 25 de setembro de 2013”, relembra Negrão.


Reitoria volta atrás no acordo Em audiência realizada no dia 21 de fevereiro, a Administração da Universidade, informou que ao invés de encaminhar a proposta da criação de uma Comissão de Relações de Trabalho aos Conselhos Superiores submeteu à apreciação da chefe da Procuradoria Federal Especializada da UFPR, Maria Albertina Carino dos AUDIÊNCIA REITORIA - 2014

Santos. Segundo a procuradora o processo encaminhado à Pro-

desempenham atividades muito

missão pela proposta, porque

curadoria Federal continha

semelhantes. Seriam esses ór-

não veio nada definindo”, expli-

apenas o encaminhamento

gãos: Comissão de Ética Públi-

ca Maria Albertina.

da Secretaria de Órgãos

ca, a Unidade de Procedimentos

No parecer a procuradora

Colegiados (SOC) e a

Disciplinares da PROGEPE e a

aponta que “há superposição de

minuta do Regimento

Ouvidoria da UFPR”, cita o Ofí-

funções em especial com a Co-

da Comissão de Rela-

cio 123, de 2013 da SOC assina-

missão de Ética Pública desta

ções Interpessoais de

do pelo secretário da unidade,

Universidade e com as atribui-

Trabalho na UFPR.

Dionei José da Silva.

ções da Pró-reitoria de Gestão

No ofício encami-

“Foi pelo Regimento que a

de Pessoas da UFPR”, conclui o

nhado à Procuradoria

Procuradoria acabou desco-

parecer da Procuradoria Fede-

a consulta solicitada não

brindo o que era essa comissão,

ral na UFPR.

foi para análise do Regi-

porque não veio um histórico,

Na audiência a APUFPR-S-

mento, mas “sobre a possí-

não veio nada a mais de descri-

Sind indagou à Procuradora Fe-

vel existência de conflitos de

ção processual se não a minuta

deral se para exercer essa função

competência ou superposição

e o encaminhamento da SOC, e

poderia ser criada outra forma

de funções com órgãos já exis-

ali a gente descobre como são as

que não uma comissão.

tentes na Universidade e que

coisas. Passei a conhecer a co-

“Se for entendido que sim,

33


se a Administração da Universi-

uma comissão parecida na ins-

mim chegou desse jeito, foi com

dade entender que sim, ok”, res-

tituição.

base nisso que eu fiz o parecer”,

pondeu Maria Albertina.

“Não, não sabia de nada, mui-

respondeu Maria Albertina.

Na audiência a APUFPR-

to prazer estou sabendo agora,

“Na audiência a Procuradora

-SSind ainda questionou se a

eu só tenho aqui a proposta de

indagou se era de interesse da

Procuradora Federal levou em

vocês e os encaminhamentos. Eu

Administração da Universidade

conta que a proposta foi cons-

não tenho nada aqui, não tenho

ter uma comissão como essa.

truída pela PROGEPE, uma

exposição de motivos, não tenho

Diante disso o Reitor respondeu

vez que ela integra o Fórum de

ofício, não tem PROGEPE fa-

que não era possível a criação da

Saúde do Trabalhador. Também

lando, nem ninguém do Fórum

comissão. Isso nos demonstrou

questionou se o caso da Univer-

falando. Eu tenho uma proposta

claramente a falta de vontade

sidade de Minas Gerais foi alvo

encaminhada à SOC com duas li-

para tratar o assunto”, argumenta

de estudo, uma vez que existe

nhas de encaminhamento e para

Negrão.

Unidade de Procedimentos Disciplinares da PROGEPE A primeira reunião acon-

pró-reitores e diretores de setor.

“Após ouvir o chefe da Secre-

teceu no dia 02 de outubro de

Também informou que em 02

taria de Processos Administrati-

2012 com o chefe da Secretaria

de outubro de 2012 – 15 dias de-

vos Disciplinares e Sindicância o

de Processos Administrativos

pois do término da greve – já havia

Fórum de Saúde do Trabalhador

Disciplinares e Sindicância, Max

21 processos de denúncias pós-gre-

começou a pensar na criação da

Nilson Malucelli, que conforme

ve a serem abertos e que em geral o

Comissão de Relações de Tra-

o site da PROGEPE é o respon-

assediado não consegue provar.

balho que viesse a resolver esse problema”, explica Astrid.

sável por “gerenciar, realizar e

Segundo Malucelli as teste-

acompanhar os processos disci-

munhas não se posicionam efeti-

Na reunião Malucelli tam-

plinares e de sindicâncias”.

vamente, a composição da comis-

bém afirmou que a sindicância

Segundo o relatório da reu-

são é a mesma para qualquer tipo

é também usada pelas direções e

nião do Fórum de Saúde do Tra-

de denúncia e o maior problema

Pró-reitorias como meio de coa-

balhador, Malucelli afirmou que

da secretaria está em escolher do-

ção e que todos os processos que

somente autoridades podem ini-

centes que aceitem fazer parte de

ele enviou para a Comissão de

ciar processo disciplinar: reitor,

comissões disciplinares.

Ética ficaram sem retorno.

34


Comissão de Ética Pública da UFPR Após a reunião com a chefe

gulamentar as disposições relati-

Segundo o relatório da reu-

da Secretaria de Processos Ad-

vas à Comissão de Ética Setorial

nião do Fórum de Saúde do

ministrativos

e

no âmbito da Universidade Fede-

Trabalhador, Antunes afirmou

Sindicância, a APUFPR-SSind

ral do Paraná, de acordo com o

que as demandas recebidas pela

realizou no dia 16 de outubro de

Código de Conduta do Servidor

comissão com o relato de assé-

2012 reunião com o chefe de ga-

Público Civil do Poder Executi-

dio moral não são tratadas como

binete da Reitoria e membro da

vo Federal e no Decreto 6.019,

tal, em virtude de não existir tal

Comissão de Ética Pública, Alzir

de 1977, no que tange à compe-

denominação no código de con-

Felipe Buffara Antunes.

tência, estrutura organizacional,

duta do servidor – e também por

Conforme primeiro artigo do

atribuições, deveres e responsabi-

se tratar de uma denominação

Regulamento da Comissão de

lidades de seus membros, funcio-

‘muito ampla’, são recebidas e

Ética da UFPR é dever dela “re-

namento e disposições gerais”.

tratadas como situações de dano.

Disciplinares

E agora? Para a diretoria da APU-

longo e sem nenhum resultado,

que envolvem a saúde dos do-

FPR-SSind a Comissão de Ética

pioram ainda mais as condições

centes desta forma. Se a Admi-

não possui competência técnica,

de saúde daqueles que sofreram

nistração da Universidade afir-

nem atribuição legal, para ava-

o processo de violência moral”,

ma ter um órgão competente

liar e posicionar-se nos casos de

afirma Negrão.

para tal, a APUFPR-SSind co-

Para a diretoria da APUFPR-

brará esse direito e denunciará

“Em geral as denúncias são

-SSind o resultado desta prática

todos os casos que não forem

arquivadas ou, em função das

é a descrença dos docentes em

encaminhados”, afirma Negrão.

relações de poder, encaminha-

efetuar denúncias referentes à

Segundo a Associação dos

das à Comissão de Processo Ad-

violência moral na universidade

Professores a entidade começa-

ministrativo, limitada da mesma

pública, situação, por sinal, que

rá a encaminhar a partir de abril

forma que a Comissão de Ética

pode ser extensível a qualquer

denúncias individuais ao Minis-

para tratar casos de violência

servidor público.

tério Público de todos os casos

violência moral.

moral. O desgaste gerado por

“Não podemos mais admitir

esses procedimentos, em geral

que a instituição trate questões

de violência moral que passam pelo sindicato.

35


Docentes reivindicam saúde Diversos ambientes de trabalho da Universidade Federal do Paraná (UFPR) apresentam riscos à saúde de docentes, técnico-administrativos e estudantes. Em alguns desses ambientes, o risco está intrinsecamente ligado à natureza das atividades desenvolvidas. Este é o caso do trabalho realizado, por exemplo, em diversos laboratórios de

GREVE DE 2011

pesquisa e didáticos, no Hospital de Clínicas e outras unidades. Um dos casos mais alarman-

laudos técnicos de todos os am-

núncias apresentadas por ser-

bientes acadêmicos.

vidores à entidades sindicais

tes, do ponto de vista docente, é

Este mapa é fundamental

- Associação dos Professores da

a exposição ao formol, atenua-

tanto para a concessão de bene-

Universidade Federal do Paraná

da no Laboratório de Anatomia

fícios - adicionais e aposentado-

(APUFPR-SSind) e Sindicato

do Setor de Ciências Biológicas,

ria - quanto para a garantia de

dos Trabalhadores em Educa-

mas ainda excessiva no Labora-

que os servidores não estejam

ção do Terceiro Grau Público de

tório de Anatomia Animal do

expostos a condições insalubres

Curitiba, Região Metropolitana

Setor Palotina.

ou perigosas.

e Litoral do Estado do Paraná

Até hoje a instituição não

Em função disso, nos úl-

(SINDITEST-PR), - referentes

possui um quadro atualizado de

timos anos, o número de de-

a questões de riscos à saúde, de

36


Até hoje a instituição não possui um quadro atualizado de laudos técnicos de todos os ambientes acadêmicos.

concessão de adicional, de tem-

gularização dos laudos que são

po de aposentaria, têm crescido

individuais, para cada ambiente

vertiginosamente.

e que se manifestaria discordan-

Por estas razões, este tema

te da ON2 conforme proposto

integrou a pauta local de reivin-

aos técnicos em sua proposta de

dicações dos docentes na greve

negociação.

de 2011. As representações sin-

Em 26 de setembro de 2011

dicais locais questionaram não

o reitor da UFPR, Zaki Akel

apenas a Orientação Normativa

Sobrinho, entregou uma carta à

2 (ON2), que se constitui uma

APUFPR-SSind que tinha sido

pauta nacional, mas também a

encaminhada à PROGEPE re-

forma como ela é aplicada na

conhecendo que a Orientação

UFPR e a realização dos laudos

Normativa “não atende ade-

técnicos.

quadamente as especificidades

Em primeiro de novembro

da universidade, ao mesmo

de 2011 a Administração da

tempo em que limita sua auto-

Universidade se comprometeu

nomia.

a corrigir os ambientes. Para

O sistema de folha de paga-

os casos graves já constatados

mento SIAPE, sob controle do

a Reitoria trataria como prio-

MPOG, executa compulsoria-

ritários e os demais teriam um

mente a aplicação da ON2 em

plano de adequação.

diversas situações como licen-

Também firmou o compro-

ças ou movimentação de pes-

misso de contratar uma em-

soal, resultando na suspensão

presa especializada para a re-

destes adicionais, nos casos de

NÃO CUMPRIDO

11 REIVINDICAÇÃO GREVE 2011 Regularização dos ambientes da UFPR de acordo com os laudos já realizados, que comprovam a insalubridade e avaliação nos demais ambientes

NEGOCIAÇÃO EM 01/09/2011 Na correção dos ambientes, dos casos graves já constatados serão tratados como prioritários e os demais terão planos de adequação. Contração de empresa especializada para a regularização dos laudos que são individuais, para cada ambiente. Manifestação de discordância da ON 02 conforme proposto aos técnicos e sua proposta de negociação.

37


remoção, não permitindo sua

que “A Administração Central

Após esse período o Fórum

reimplantação no retorno ao

da UFPR discorda dos termos

de Saúde do Trabalhador, for-

trabalho, as diversas auditorias

de concessões de adicionais

mado pela APUFPR-SSind, o

do TCU tem determinado o

ocupacionais, apresentados na

SINDITEST-PR e a Pró-reitoria

corte sistemático destes adicio-

Orientação Normativa nº2, ex-

de Gestão de Pessoas (PROGE-

nais pagos aos servidores nas

pedida pelo Ministério do Pla-

PE) construiu uma construiu

situações em que não se coadu-

nejamento. Motivo: a Orienta-

uma proposta de Resolução que

nam com a referida ON2”, afir-

ção é restritiva e não abrange as

visava corrigir diversos proble-

ma ofício 917 de 11 do gabinete

especificidades das Instituições

mas relativos a insalubridade

do reitor.

Federais de Ensino Superior

e periculosidade oriundos da

Em 16 de novembro de

(Ifes), pois essas apresentam

aplicação da ON2, da Secretaria

2011, a Reitoria publicou em

grande diversidade de ambien-

de Recursos Humanos do Mi-

seu jornal Informe do Servidor

tes laborais.”

nistério do Planejamento.

Trabalho do Fórum Diversas normas regulamentadoras foram editadas com o objetivo de definir critérios, a princípio técnicos, a serem obedecidos para a concessão do adicional de insalubridade e periculosidade. Com o objetivo de “uniformizar entendimentos no tocante à concessão de adicionais” a Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento DISCUSSÃO ON6 - 2010

(SRH/MPOG) publicou a ON2. “Esta orientação normativa tem sido objeto de crítica de todas

vários elementos que são clara-

além se ser omissa em situações

as entidades de representação sin-

mente ilegais ou que são inade-

importantes para a universidade e

dical, uma vez que ela apresenta

quados ao trabalho dos servidores,

dificultar o trabalho do corpo téc-

38


nico na sua atuação”, explica a vi-

e a Universidade firmou novo

ce-presidente da APUFPR-SSind,

compromisso na greve de 2012.

Astrid Baecker Avila.

Conforme o acordo a Rei-

Apesar dos problemas apre-

toria se comprometeu a pautar

sentados na ON2, a mesma tem

imediatamente a proposta enca-

sido aplicada em todo o serviço

minhada pelo Fórum de Saúde

público federal.

do Trabalhador nos conselhos.

Segundo o presidente da APU-

“Infelizmente a Reitoria não

FPR-SSind, João Francisco Ricar-

cumpriu com o compromisso

do Kastner Negrão, mesmo sendo

até agora, os membros do Fórum

apenas uma orientação normati-

trabalharam duro para desenvol-

va, o Ministério do Planejamento

ver uma proposta que foi des-

tem utilizado como lei.

considerada pela Administração

“Uma instrução normativa

11

Central”, lamenta Negrão.

não pode interpretar a legislação

Em 18 de março de 2013 o

de forma a retirar direitos que

MPOG publicou a Orientação

estão garantidos aos trabalha-

Normativa 6 (ON6) em subs-

dores. Nesse sentido, a ON2 fere

tituição a ON2. Diferentemen-

frontalmente artigos da Conven-

te das normativas anteriores, a

ção 155 da Organização Inter-

ON6 estabelece, em seu anexo II,

nacional do Trabalho, do qual o

uma lista de atividades em que

Brasil é signatário e que foi regu-

não se caracteriza o pagamento

lamentada pelo Decreto 1254 de

de adicionais de insalubridade.

93”, pondera Negrão.

NÃO CUMPRIDO

Os cargos de chefia ou co-

O Fórum de Saúde do Traba-

mando administrativo, aqueles

lhador, em um minucioso traba-

em que o servidor mantém con-

lho, apontou os problemas apre-

tato com o paciente nas áreas de

sentados pela ON2 e apresentou

circulação ou convivência, car-

uma proposta de Resolução que

gos considerados como ativida-

foi encaminhada à Presidên-

des meio ou de suporte e aqueles

cia do Conselho Universitário

em que servidor manuseia obje-

(COUN) em 17 de abril de 2012.

tos que não se enquadram como

A proposta não foi encami-

veiculadores de secreções serão

nhada aos Conselhos Superiores

proibidos de receber os adicio-

NEGOCIAÇÃO EM 31/08/2012 A PRA está providenciando licitação para contratação de empresa especializada, homologada pelo Ministério do Trabalho para realização do mapeamento de risco e laudos de ambientes de trabalho de toda a UFPR, bem como laudos ocupacionais, a partir das atividades realizadas. Efetivado este trabalho, a PROGEPE irá proceder às adequações necessárias, tanto no que se refere a proteção individual/coletiva face aos eventuais riscos do pagamento dos índices de periculosidade aos servidores que fizerem jus aos mesmos. No que se refere a ON2, a Reitoria se compromete a pautar imediatamente nos conselhos a proposta encaminhada pelo Fórum de Saúde do Trabalhador.

39


nais ocupacionais segundo a

pola muito a questão interna”,

“A ON6 manteve as mes-

nova normativa.

afirmou o reitor da UFPR, Zaki

mas dificuldades apontadas na

Akel Sobrinho.

Orientação Normativa anterior,

Os principais problemas que estavam presente na ON2 per-

Na ocasião, o reitor explicou

o que foi reconhecido por todos

maneceram na nova Orientação

a opinião da Administração da

os membros da Administração

Normativa, como a necessidade

Universidade. “Volto a insistir

da Universidade presentes no Fó-

de que sejam respeitadas e usa-

que nós não temos poder no

rum, que por sinal são maioria.

das como referência normas já

conselho de mudar essa orien-

Além disso, a proposta apresen-

estabelecidas para os trabalha-

tação normativa. Eu sei que há

tada pelo grupo mostrou ques-

dores em geral; a perda ou a não

uma divergência de interpreta-

tões inerentes às duas ONs que

atribuição de adicional de peri-

ções entre a Associação dos Pro-

podem ser realizadas pela UFPR

culosidade ou de insalubridade

fessores e a Universidade, mas

a qualquer momento, uma vez

a servidores com função grati-

nós, orientados pela Albertina, e

que não depende de aumento or-

ficada ou cargo comissionado; a

vendo essa pauta nacional, per-

çamentário”, questiona

exigência de pelo menos a me-

cebemos que cada vez mais essa

Negrão.

tade da jornada de trabalho em

matéria se torna de alçada e es-

exposição a condições perigosas

copo nacional”. Para a diretoria da APUFPR-

ou insalubres, para percepção de adicional, que claramente não se

-SSind é lamentável que a Rei-

coaduna ao trabalho acadêmico,

toria despreze o trabalho

seja letivo, de apoio ou em labo-

de um grupo formado

ratório de pesquisa, incluindo

não só por membros

servidores docentes e técnico

do

administrativos.

também por servi-

sindicato,

mas

Em audiência realizada em

dores da Adminis-

21 de fevereiro com a APU-

tração e técnicos da

FPR-SSind, a Administração da

Coordenadoria de

Universidade afirmou que não

Atenção Integrada à

encaminhará mais a reivindica-

Saúde do Servidor –

ção. “A questão da insalubridade

Unidade de Seguran-

e da periculosidade, nós esta-

ça e Saúde Ocupacio-

mos encaminhando para uma

nal (SESAO), que estão

luta nacional, porque de fato é

envolvidos

uma pauta nacional, ela extra-

com o problema.

40

diretamente


Direito a saúde Para o presidente do Conse-

sua saúde colocada em risco no

tui o Regime Jurídico Único dos

lho de Representantes da APU-

ambiente de trabalho. Nos casos

Servidores Públicos.

FPR-SSind (CRAPUFPR), Luis

em que situações de risco são

Este direito, para ser aten-

Allan Kunzle, por princípio, todo

inevitáveis, medidas de segu-

dido, depende da realização de

o trabalho deve ser realizado em

rança devem ser adotadas”, ex-

laudos técnicos, que devem ates-

condições saudáveis e seguras.

plica Kunzle.

tar a exposição do servidor a si-

“Os ambientes que não aten-

Além destas medidas, todo

tuações perigosas ou insalubres.

dem às condições mínimas de

servidor exposto a risco no am-

Diversas normas regulamenta-

saúde devem sofrer interven-

biente de trabalho tem direito a

doras foram editadas com o obje-

ção e o seu uso somente pode

um adicional de insalubridade

tivo de definir critérios, a princípio

ser retomado após garantidas

e de periculosidade, garantido

técnicos, a serem obedecidos para

de que os servidores não terão

pela Lei 8112 de 1990, que insti-

a concessão deste adicional.

Retrato da UFPR A UFPR mantém uma equi-

docentes e 3.790 servidores téc-

pe de 20 profissionais para a

nico-administrativos,

grande

promoção e o acompanhamento

parte dos quais inseridos em ati-

da segurança e da saúde de seus

vidade de grau de risco 3, além

servidores. Seu efetivo de enge-

de abrigar mais de 35.000 alunos.

nheiros, médicos e técnicos de

“A universidade necessita re-

segurança do trabalho é menor

dimensionar sua equipe de segu-

que o requerido pela NR4, para

rança e saúde ocupacional, bem

os Serviços Especializados de

como redirecionar as ações para

Engenharia de Segurança e Me-

a promoção da saúde e seguran-

dicina do Trabalho para estabe-

ça nos seus ambientes de tra-

lecimento com o mesmo núme-

balho, priorizando adequações

ro de trabalhadores.

nos ambientes e condições de

A UFPR conta com mais de

trabalho, desta forma, buscando

6.500 trabalhadores, sendo 2.736

implantar uma política de saúde

41


e segurança efetiva”, aponta As-

de Administração (PRA) estava

Além disso o sindicato ainda

trid.

providenciando licitação para

espera que a Resolução formula-

Em 2011 a Administração da

contratação de empresa espe-

da pelo Fórum seja aprovado pelo

Universidade firmou o compro-

cializada homologada pelo Mi-

Conselhos Superiores da institui-

misso de corrigir os ambientes

nistério do Trabalho para reali-

ção. “A aprovação desta resolução

e de contratar uma empresa es-

zação do mapeamento de risco e

mostrará que nossa Universidade,

pecializada para a regularização

laudos de ambientes de trabalho

a partir da autonomia que a Cons-

dos laudos que são individuais,

de toda a UFPR, bem como lau-

tituição Federal lhe outorga, pode

para cada ambiente.

dos ocupacionais, a partir das

estabelecer normativas internas

atividades realizadas.

que garantam os direitos dos servi-

“Os docentes reivindicaram

da

dores, buscando que os ambientes

um empresa terceirizada a fim

PROGEPE fornecidas em feve-

acadêmicos sejam, cada vez mais,

de agilizar os laudos técnicos.

reiro de 2014, a contratação da

sadios e seguros”, finaliza Negrão.

Sem ele não é concedido o adi-

empresa terceiriza-

cional de periculosidade e insa-

da ainda não havia

lubridade”, explica o presidente

sido realizada.

na pauta local a contratação de

da APUFPR-SSind, João Francisco Ricardo Kastner Negrão.

Segundo

Além

informações

disso

para os laudos já re-

A UFPR não mantém um

alizados pela equipe

Programa de Prevenção de Ris-

do SESAO nenhum

cos

foi ainda corrigido

Ambientais

implantado.

Seus profissionais de segurança

pela UFPR.

do trabalho têm trabalhado ba-

Para a APUFPR-S-

sicamente com a realização de

Sind é fundamental

laudos de insalubridade nos di-

que a Universidade Fe-

versos setores da Universidade,

deral do Paraná realize

exigência da normativa do Ser-

os laudos para garantir

viço Público Federal, o que con-

os direitos dos docen-

some toda a jornada de trabalho.

tes, bem como assegu-

Em 2012 a reivindicação en-

re condições de traba-

trou novamente na pauta local

lho com as correções

e em 31 de agosto daquele ano

quando possível dos

a Administração da Universi-

ambientes de trabalho

dade afirmou que a Pró-reitoria

apontados nos laudos.

42

EQUIPE DO SESAO*

3

Engenheiros de segurança do trabalho (dois do IFPR)

3

Técnicos em segurança do trabalho

3

Médicos do trabalho

6

Profissionais de enfermagem de nível médio

3

Enfermeiros

2

Assistentes tração

1

Administrador

1

Assistente social

em

adminis-




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