

MADEIRA • PORTO SANTO Encantadas


MADEIRA • PORTO SANTO Encantadas


Ribeiro Frio
Julgo-me num paraíso de fadas encantadas e de eterna poesia.
Não pode imaginar-se melhor recepção para um poeta!
Álvaro Valente

Bica da Cana. Vista sobre São Vicente
Tudo o que somos
Há muitas formas de dar a conhecer a Região Autónoma da Madeira. Estas ilhas atlânticas permitem olhares polifacetados, pela beleza das suas paisagens, pela riqueza do seu património, pela diversidade de tradições, pela força das suas gentes.
Ao longo de seis séculos, o Porto Santo e a Madeira têm sido um exemplo de resiliência e de coragem, de abertura ao mundo, lugar de chegadas e de partidas, lugar de encantos e de descobertas.
Esta obra pretende, assim, refetir uma visão abrangente deste arquipélago, cada vez mais procurado, aliando palavras, imagens e novas tecnologias, possibilitando ir mais fundo, no conhecimento destas terras onde os portugueses chegaram no século XV e onde o mundo chega, todos os dias à procura da tranquilidade, da cultura, da paz, da alegria.
O mundo insular é polissémico. E é essa polissemia de conteúdos, de signifcados, de vivências e de experiências que esta obra pretende trazer.
Possam os leitores fruir do texto e deliciar-se com fotografas de cortar a respiração. Possam os leitores levar consigo um bocadinho do que a Região
Autónoma da Madeira pode apresentar: a História, a Geografa, a Economia, a Arte, a Ciência e o Futuro.
Estas são as nossas ilhas e é com orgulho que vos convidamos a entrar, a sentarse connosco à mesa e a aproveitar tudo o que temos, mas, sobretudo, tudo o que somos.
“Encantadas” – porque são assim as ilhas do Porto Santo e da Madeira – é, então, um livro dinâmico, um livro que nos permite ir mais longe, fazer novas descobertas, viver novas aventuras. Um livro para levar, para revisitar e para contemplar.
Miguel Albuquerque Presidente do Governo Regional da Madeira

Ponta de São Lourenço
Viagem dinâmica
Destino turístico de excelência, a Região Autónoma da Madeira apresenta-se, sobretudo, como um espaço afetivo que quer fazer parte de quem o conhece. Quem chega às Ilhas do Porto Santo e da Madeira é convidado a deixar-se encantar pela beleza das montanhas, pelo mistério do mar, pela suavidade do clima, pela riqueza da sua cultura, pela diversidade do seu património, pelo acolhimento das suas gentes, pela alegria das ruas e a experiência de uma gastronomia que junta a terra com o oceano. Quem vive nestas ilhas conhece-lhe a força e a riqueza, conhece a terra e o mar e sabe que, para além do horizonte, há muito mundo para descobrir.
Pretende-se, então, com esta obra, propor uma viagem por estas terras que contam com mais de 600 anos de História e que oferecem o que têm de melhor: a sua identidade, o seu modo genuíno de ser e de receber, a sua forma especial de fazer com que todos (residentes e visitantes) se sintam de casa.
Recuperando a ideia do paraíso que os antigos situavam em pleno Atlântico, na rota das ilhas míticas, mas também de um arquipélago onde a coragem e a vontade, aliadas à vocação universal de todos os ilhéus, transformaram a Região num lugar onde é possível ser feliz, “Encantadas. Madeira. Porto Santo” permite ao leitor, de uma forma nova e dinâmica, navegar, por entre palavras e imagens, por sítios desconhecidos, por possibilidades capazes de acender a vontade de visitar o Arquipélago, de lá voltar, de ali permanecer, de lhe pertencer.
Por outro lado, o acesso ao mundo digital faz desta obra um portal que se abre na descoberta do que temos, do que somos e do que podemos oferecer.
Boas viagens!
Eduardo Jesus Secretário Regional de Economia, Turismo e Cultura

Cais da Ponta do Sol

NÓS
O nosso lugar fica situado numa das curvas do mar. Sentados na boca do vulcão, ousamos olhar-nos como somos. Resultamos do suor de homens que vieram do mar, abriram rugas na terra, subiram as encostas e plantaram as casas no abraço das vides.
Uma ilha tem o tamanho do sonho. E o ilhéu, consciente do seu valor, tornase parte da majestade da terra. Sendo rocha e terra, torna-se um gigante. Sabe que é capaz de conviver com o medo, porque sobrevive ao abismo, todos os dias. Sabe que este é o seu lugar, o seu território, porque foi aqui que se plantou, no momento em que nasceu. Sabe que foi aqui que, no século XV, foi dado aos primeiros homens a honra de serem construtores de novos mundos, começando a vida entre o céu e o mar, com coragem e valentia, com utopia e esperanças.

Farol da Ponta de São Lourenço
Ser ilhéu é um modo de ser universal. A nossa ilha tem passagem para outra ilha que é passagem para outra. Somos folhas de um livro que a Natureza escreveu e que a História foi compondo e decompondo e compondo.
Há pedaços do paraíso espalhados por aí. São assim as (nossas) ilhas. E esperamos por si.

Parque Florestal do Fanal

Ponta de São Lourenço

LUGARES QUE NOS PERTENCEM
Há lugares que nos pertencem. Há lugares que nos permitem viver experiências únicas, que envolvem todos os sentidos. O Arquipélago da Madeira é um lugar assim: encantado.
Conhecida como a Pérola do Atlântico, a Madeira vive de contrastes: à imensidão azul que lhe banha os pés, contrapõem-se paredes basálticas que o velho vulcão construiu e que a foresta ancestral pintou de majestade. As escarpas que se despenham no mar vão desenhando baías amansadas por praias de calhau rolado que as marés despenteiam, em dias de levadia. As casas que se penduram nos beirais dos abismos e os socalcos (ou os poios) conquistados à montanha humanizam uma paisagem de cortar a respiração.
A memória d(est)a ilha embarca no sonho das caravelas quinhentistas, enfunadas com o vento verde da foresta, temperadas com a doçura velha do açúcar e com o perfume dourado do vinho. É fácil perceber o que enfeitiçou
João Gonçalves Zarco: a beleza, a “bondade” da terra, a água que brota das rochas e rega o chão. É fácil perceber que a geografa d(est)a ilha foi destino: para quem nela nasceu, para quem a visita e para quem fez dela a sua casa.
A cerca de sessenta quilómetros a nordeste, uma outra ilha, mais pequena e mais loura, mais doce e mais seca. Chamaram-lhe Porto Santo, porque lugar de salvação, um porto de abrigo para quem anda no mar. Diz a História que terá estado, nas mãos de Bartolomeu Perestrelo, a aventura de humanizar um lugar exigente, um lugar de vento e de seca. Diz a tradição que Cristóvão
Colombo terá andado pelo areal e sonhado com o mundo que se escondia atrás do horizonte. O Porto Santo faz parte do feitiço das ilhas atlânticas. Também nos pertence. É um lugar de paz.
E depois há as ilhas Desertas e Selvagens, que conferem a Portugal uma dimensão muito maior. Lá, a natureza vive, solta. São santuários de espécies cada vez mais raras … nossas também.
Na Madeira, a montanha; no Porto Santo, a praia; na Madeira, os riscos de água que se despenham, abruptos, para o mar; no Porto Santo, a macieza loura da areia e a secura do ar; na Madeira, o verde, no Porto Santo, o dourado. É desta diversidade que se constroem as paisagens desta Região que permanece de braços abertos ao mundo.
As ilhas têm o tamanho exato do universo, têm o tamanho exato do tempo. São metáforas concentradas da totalidade , lugares redondos, mais ou menos abertos, mais ou menos fechados, conforme a direção do olhar. São eternas apaixonadas pelo mar e pelo apito dos navios. A Madeira e o Porto Santo são assim.
APAIXONADOS POR CULTURA visitmadeira.com


Porto Santo

Rocha do Navio – Santana

A HISTÓRIA
No princípio era a ilha / embora se diga/ o Espírito de Deus / abraçava as águas. Tolentino Mendonça

Chão das Feiteiras

Estava deserta, a ilha. Um paraíso. Talvez se situasse ali, naquele canto de mar, o lugar que os antigos tinham descrito: a localização da Madeira (e dos Açores e das Canárias e de Cabo Verde) situavase na rota das Ilhas Afortunadas, das Hespérides, das Ilhas míticas, paradisíacas, das Ilhas dos Amores…
Esta ideia de Éden, ideia antiga já trazida pelos braços de Frutuoso, envolve o descobrimento e povoamento da Madeira. Uma história de amor e morte esconde-se nas brumas que envolvem a terra, protegem-na da ambição de um qualquer Adão que pretendesse encontrar ali a árvore do conhecimento.
Porque não havia ninguém. Para além das referências a castelhanos que teriam passado pelo Porto Santo, ou a franciscanos náufragos no lugar que fcou conhecido, no Porto Santo, como Porto dos Frades, nada mais indiciava qualquer preocupação anterior de humanização das ilhas.
Os cronistas – Gomes Eanes de Zurara, João de Barros, Gaspar Frutuoso – contam a descoberta de uma Ilha que permite uma nova abertura: o Homem e o Mundo fcam mais perto, depois de encontrarem este lugar de terra fértil, de ares doces, de possibilidades imensas, uma escala para mercadores, um porto de salvação, uma fonte de riquezas para Portugal e para o mundo inteiro.
Todos querem participar na construção deste novo paraíso terrestre, situado no Atlântico. Os autores [ofciais] são generosos na descrição que fazem da ilha, da sua formosura, da beleza selvagem das suas montanhas, da fartura e frescura das suas águas, da qualidade das suas madeiras, da fertilidade do seu chão. E apresentam os responsáveis por este começo: João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira que viriam a ser, com Bartolomeu Perestrelo, os primeiros capitães de donatário destas terras.
Porque representação de um “locus amœnus”, muitos autores permitem-se recuar aos velhos mitos onde forescem jardins: esta é uma Ilha Afortunada, uma Ilha dos Amores, um Éden onde nem falta um adão e uma eva [os ingleses Robert Machim e Ana d’Arfet] que, em nome de um amor impossível, fzeram da ilha um lugar de salvação – a baía recolhe e abraça os corpos cansados dos amantes – mas também um sacrário, que lhes guarda a sepultura assinalada com uma cruz.
Aos povoadores, foi exigido que vencessem: a terra e a água, a montanha e as distâncias. Foi-lhes exigido que domassem o solo, virgem de mãos e de enxadas. Foi-lhes exigido que domassem o fogo
necessário para arrotear o lugar e desenhar clareiras no por-dentro das forestas. E a terra fez-se fértil, porque tudo o que se semeava forescia, porque o clima propiciava culturas que se provaram ter valido a pena. E o solo vadio se transformou em jardim.
Aos primeiros cabouqueiros, seguiram-se levas de gentes entusiasmadas com este lugar encantado que o mar oferecia. Houve apaniguados da casa do Infante D. Henrique, sobretudo criados e escudeiros que foram adquirindo poderes administrativos e fundiários. Houve aventureiros e flhos-segundos do reino, houve gente atraída pela fama das riquezas da ilha, houve gente de fora que quis fazer da ilha a sua casa.
O Infante entendeu as possibilidades que aquela terra trazia. E foi a cana sacarina a chamar riquezas e a desencadear desenvolvimentos: desbravam-se terras, constroem-se levadas e moinhos, a população cresce, o desejo da ilha aumenta. Esta era, afnal, a “grande ilha da Madeira” de que falaria Camões.
O século XV marca o início da afrmação do novo espaço oceânico revelado pelas gentes peninsulares – o Atlântico. Este mar, que até meados do século XIV se mantivera alheio à vida do mundo europeu, veio, em pouco tempo, abrir as portas do mundo e defnir novas rotas. É o reconhecimento e a ocupação do arquipélago da Madeira que se apresenta como uma das mais importantes etapas deste processo de desencravamento do mundo.
A História do século XV, no Atlântico, passa, necessariamente por estas ilhas de origem vulcânica, com tudo aquilo que, de novo, trouxe ao mundo conhecido: as suas eiras, engenhos, lagares e adegas, a tecnologia que facilita o regadio e a transformação de produtos, como a cana de açúcar e que fazem do Funchal uma importante praça de negócios do Atlântico.
O Porto Santo e a Madeira tornam-se verdadeiras pontes no cruzamento de rotas, na circulação de pessoas e produtos. Com eles, circula a fauna e a fora, circula a tecnologia e o conhecimento, circulam os usos e as tradições, circulam as doenças e as esperanças de cura.
A 31 de janeiro de 1533, o Papa Clemente VII elevou o Funchal (cidade desde 1508) a arquidiocese, incluindo jurisdição sobre todas as terras “descobertas e por descobrir” pelos navegadores portugueses na África, Brasil e Ásia. A Diocese do Funchal acompanharia, do ponto de vista religioso e civilizacional, a transformação das


Pico do Areeiro

Ribeira da Janela

relações económicas culturais entre os vários continentes. Esta protoglobalização fez do Funchal a primeira diocese global.
A vocação universal do madeirense tem estado presente ao longo destes 600 anos de História, quer no modo como tem recebido o mundo, quer na forma como tem construído a Região fora das ilhas, na diáspora.
As ilhas do Porto Santo e da Madeira serviram de modelo de sociedade, das novas estruturas geradas com as capitanias, das formas de organização e aproveitamento do espaço produtivo e da sua expressão institucional e espacial, que serviram de base a uma economia de exploração intensiva, assente em produtos de exportação de grande rentabilidade económica. Foi nela que se ensaiou a modernidade, nomeadamente no que respeita às questões do açúcar.
Começa na Madeira uma revolução agrícola e tecnológica que se vai expandir para o espaço atlântico, nomeadamente nos engenhos de açúcar, tornando-a pioneira na transformação da cana sacarina.
As ilhas tornaram-se espaços de apoio à navegação oceânica, campos de ensaio de novas culturas ou técnicas, usadas em pleno nas amplas terras que depois se descobriram.
Aqui se adaptaram as técnicas de arroteamento das terras à orografa dos novos espaços, com algumas soluções engenhosas. No âmbito da História da Ciência, a ilhas tornaram-se «escalas científcas» do Atlântico. Ao longo dos séculos XIX e XX , revelaramse laboratórios onde se ensaiaram as técnicas de recolha, análise e estudo do mundo animal e vegetal, servindo de ponte entre o Velho e o Novo Mundo. A Madeira tornou-se o palco da adaptação da fora colonial ao continente europeu e as quintas tornaramse verdadeiros jardins botânicos que animavam os doentes que vinham à procura da cura para a tuberculose ou para a melancolia. A beleza deslumbrante da ilha acompanhou o interesse científco. Até hoje.
Na verdade, (est)as ilhas foram muito mais, porque entenderam a sua relação com o mundo atlântico e abriram o caminho a rotas e mercados, encontrando, em cada momento da sua História, um modo de ser do mundo: primeiro, o açúcar, depois o vinho, o que os poetas cantaram, o que os reis apreciaram, o que Shakespeare referiu. Por causa dele, desde o último quartel do século XVI, muitos canaviais foram substituídos por vinhedos e deixou-se que o perfume
das uvas encantasse os verões. Nele se refetem as épocas de progresso, sobretudo ao longo do século XVIII, mas também as de crise.
A difícil conjuntura política da primeira metade do século XIX, aliada às doenças da vinha, trouxeram implicações sociais e económicas muito complexas, empurrando muitos madeirenses para fora da ilha: Brasil, Demerara, Hawai, Angola, Curaçau, África do Sul e Venezuela são alguns dos destinos que se abrem para os madeirenses. Entretanto, nas ilhas, as mulheres (sobretudo elas) tentam segurar o que resta: a terra, a casa, os flhos, que sustentam, muitas vezes, com o trabalho das suas mãos.
São as mudanças políticas que vêm alterar o curso da vida no Porto Santo e na Madeira: primeiro, a República, em 1910, depois a ditadura e, fnalmente, a Revolução do 25 de abril de 1974 que abre novas perspetivas para o arquipélago. O processo autonómico e as conquistas de abril fzeram estancar a emigração, desenvolver as indústrias, a agricultura, nomeadamente com novas apostas na vinha e nas bananeiras, a saúde, as acessibilidades. Há um outro olhar sobre a educação, a cultura e o turismo.
A adesão de Portugal à (então) Comunidade Económica Europeia proporcionou ao arquipélago, um desenvolvimento integrado e voltou a aproximar a Madeira do velho continente. Em 1985, a Assembleia Regional reconhece as vantagens da adesão para o progresso económico e o reforço do contributo insular para a formação da comunidade. As ilhas entram num novo tempo: o do futuro.
A Região Autónoma da Madeira torna-se, então, um dos destinos mais atraentes da Europa. O paraíso do princípio abre-se ao mundo: desenvolvem-se novos negócios, equacionam-se novos desafos, criam-se novas oportunidades.


Juncal – Pico do Areeiro

Fanal

A FLORESTA
Passamos a grande ilha da Madeira/ Que do muito arvoredo assim se chama. Camões
É, pois, de verde, pintado o coração da ilha da Madeira: o das árvores, o das montanhas cultivadas em socalcos. Ferreira de Castro, explicando a evolução dos verdes escreve que «a ilha deixara de ser apenas bosque, para ser bosque, horta e jardim».
A foresta inicial que dera nome à ilha vai dando lugar a terras de lavoura, a madeira vai sendo aproveitada para as necessidades do quotidiano. Aluviões e incêndios vão despindo as serras do verde inicial e houve necessidade, ao longo dos tempos, de cuidar das paisagens, de zelar pela montanha, de integrar, na mancha forestal, a atividade agrícola, de proteger a Floresta Laurissilva, nome por que é conhecida a foresta indígena da Madeira. Ocupa uma área de cerca de 15000 hectares, o equivalente a 20% do território da ilha e localiza-se, essencialmente, na Costa Norte, dos 300 aos 1300 metros de altitude, e na Costa Sul persiste em alguns locais de difícil acesso, dos 700 aos 1200 metros. Está incluída na área de Parque Natural da Madeira; é Reserva Biogenética do Conselho da Europa, Património Mundial Natural da UNESCO e integra a Rede Natura 2000.
Hoje, a Laurissilva é um dos cartazes da Ilha da Madeira e guarda espécies vegetais e animais únicos à escala planetária e habitats naturais representativos e importantes para a conservação da diversidade biológica.


Caminho do Pináculo e Folhadal

Levada dos Cedros

LEVADAS: CAMINHOS DE ÁGUA
A linfa corria, assim, quilómetros, para ir irrigar canaviais e vinhas, hortejos e pomares da terra baixa que nem por estar à beira do oceano tinha menos sede. Nas levadas, que se contavam por centenas, residia toda a economia da Madeira, . Algumas tinham origem remota: as suas águas cantavam brandamente há muitos séculos, dia e noite, noite e dia, por entre a folhagem murmurosa e o silêncio dos grandes abismos.
Ferreira de Castro
São, efetivamente, as levadas o exemplo mais perfeito da capacidade empreendedora do madeirense, capaz de esventrar o solo basáltico para desviar o curso das ribeiras para regar os campos.
Construídas em pedra e cal, as levadas são extensos canais estreitos, que atingem uma profundidade de 80 cm e transportam a água dos pontos elevados e centrais do maciço montanhoso da ilha para as zonas mais secas, em especial no sul da ilha.
Uma rede complexa de levadas principais e secundárias cobriu toda a ilha da Madeira. Os madeirenses transformaram-se em exímios construtores destes canais de água, tendo levado a sua experiência para as Canárias, a América e, mesmo, para o Egito. Afonso de Albuquerque chegou, mesmo, a pedir ao rei que lhe mandasse madeirenses para desviar o curso do Nilo. São cerca de 2.200 Km de canais e 40 Km de túneis, um trabalho de titãs feito à beira dos abismos, de homens muitas vezes suspensos por cordas, enquanto atacavam a rocha.
Em torno da levada, alinham-se as áreas de cultivo e as casas dos agricultores, porque a levada foi um elemento importantíssimo da vida rural, como lugar onde circula a água, pessoas e produtos.
O movimento das águas resulta do impulso natural por efeito do declive dado à levada desde a sua origem até ao termo do giro. O volume do caudal é variável, atingindo um fuxo mínimo de 12 litros por segundo e um máximo de 30. O manancial divide-se em vários caudais secundários, os lanços, distribuídos por talhos (sacadas) que irrigam vários pontos em zonas diferentes. A distribuição da água é feita pelo levadeiro que, munido de uma ampulheta ou relógio e de um búzio, dá rumo ao caudal do dia, conduzindo a água a cada heréu. Chama-se giro ao espaço de tempo decorrido entre duas passagens de água duma levada pela mesma terra.
Hoje, estes caminhos de água riscam a montanha e são verdadeiros caminhos do paraíso. Levam a descobrir o coração da ilha e a percorrer – em passeios de cortar a respiração – o interior da natureza. CAMINHADAS

Levada


Levada do Furado

Miradouro do Guindaste

O MAR
O mar – horizonte de todos os ilhéus.
Maria Lamas
Na História, na Cultura, na Ciência e na Economia da Madeira, o mar tem um papel muito importante. Tem-se afrmado como via privilegiada de circulação, como fonte de recursos económicos. Afrma-se, hoje, como lugar de futuro, apostando a Região na investigação científca, na literacia do oceano e na economia azul.
Dada a difculdade da orografa da Madeira, o transporte costeiro de pessoas e bens era feito por mar; o mesmo acontecia entre as ilhas e entre estas e o mundo. Mas o mar não é apenas a via que nos aproxima dos outros, uma vez que também nos brinda com inúmeros recursos económicos. A pesca foi, a par da atividade agrícola, uma ocupação das gentes insulares.
Na realidade, a Zona Económica Exclusiva (ZEE) do Arquipélago da Madeira compreende 200 milhas marítimas de largura exceto junto às Ilhas Selvagens onde esta faz fronteira com a Zona Económica Exclusiva de Canárias, donde se comprova a importância do mar e o mundo de possibilidades que ele oferece.
Hoje, os mares da Madeira e do Porto Santo são muito mais: a biodiversidade marinha atrai investigadores do mundo inteiro, recifes artifciais repovoam o fundo do mar e promovem o desenvolvimento científco e socioeconómico da Região, nomeadamente em áreas como a náutica de recreio, a aquicultura, a construção naval, o mergulho, a indústria de suporte às atividades marítimas.
É na Madeira que se situa a primeira reserva marinha exclusiva, criada em Portugal, mais precisamente no Garajau, um lugar essencial para a renovação dos recursos piscícolas da costa sul da ilha da Madeira e um cartaz de atração turística para o mergulho na Região, em presença dos emblemáticos M eros, Epinephelus Marginatus, uma espécie protegida.
Em 1971, as Ilhas Selvagens foram classifcadas como Reserva, a nível nacional, sendo, deste modo, as primeiras representantes de uma série de áreas protegidas na Região Autónoma da Madeira. A 29 de novembro de 2021, o Governo Regional anunciou a criação da Maior Área Marinha de Proteção total da Europa (2.77Km2, 12 milhas náuticas ao redor das ilhas), uma decisão devidamente apoiada por estudos científcos, resultantes de expedições realizadas nos últimos anos.
Ao longo do ano, é possível avistar, nos mares da Madeira, cerca de 28 espécies de cetáceos, baleias e golfnhos, é possível encontrar tartarugas ou visitar as focas-monge que moram nas Ilhas Desertas. A economia do Porto Santo olha, cada vez mais, para o mar, para a transparência e riqueza das suas águas, para a descoberta dos recifes artifciais em que se tornaram os navios afundados – o “Madeirense e a “Corveta General Pereira d’Eça”.
Nas ilhas, é possível ir ao mar durante o ano inteiro. De águas normalmente calmas, a temperatura oscila entre os 17º no inverno e os 24º no verão, possibilitando uma relação muito próxima dos madeirenses com o mar.
MAR DA MADEIRA visitmadeira.com

Porto Santo

Ribeira da Janela

PRAIAS: ONDE A TERRA
SE ENCOSTA AO MAR
Uma das mais belas praias do mundo, (…) em forma de crescente, de suave declive de piscina, de finíssima areia doirada – reluzente como oiro em pó – orlada por água silenciosa, cristalina e tépida.
César Pestana
Em ilhas como as nossas, em que o sol brilha a maior parte do ano e o turismo é a grande fonte de riqueza, as praias são sempre lugares apetecíveis. Os acessos ao mar são desenhados, ora com rochas abruptas que se despenham sobre o oceano, ora com praias de calhau rolado que obrigam ao equilíbrio de quem viveu à beirinha do mar, ora com enseadas de areia preta, como a da Prainha, no Caniçal ou uma das mais bonitas da Europa, a do Seixal, na costa norte da Ilha da Madeira, depois da beleza da Cascata do Véu da Noiva, um lugar enquadrado pela montanha rude e verde que a torna mágica. Bem ao lado, as Piscinas Naturais do Seixal e a maravilha das Piscinas do Porto Moniz mereceram, em 2017, a classifcação de “lugar mais bonito da Europa para um mergulho no mar”, por parte do jornal inglês The Guardian. Trata-se de piscinas naturais de água salgada, formadas por rochas vulcânicas, com vista sobre o infnito.
Por outro lado, a oferta em termos de serviço balnear na ilha da Madeira contempla uma diversidade de piscinas públicas e privadas, de complexos balneares (Lido, Barreirinha, Praia Formosa…) e de clubes (Clube de Turismo e Clube Naval) que permitem, o ano inteiro, um mergulho no mar.

PRAIAS NA MADEIRA visitmadeira.com

Piscinas do Seixal

Praia do Porto Santo

Na geografa do mundo, é claramente, a praia que marca o Porto Santo, uma praia ampla e segura que lhe confere o estatuto de paraíso e que é o grande móbil do turismo da Ilha. Já nos Anais do Município datados de 1862, há referências à atração dos estrangeiros pela praia e pelos seus efeitos terapêuticos. Estendese pela costa sul, tem uma extensão de 9 Km e é, ainda hoje, o grande cartaz da ilha do Porto Santo. Premiada com o título de “Melhor Praia da Europa 2022”, a sua areia tem propriedades únicas. Usadas para o tratamento de doenças do foro músculoesquelético, deram-lhe o nome de “Ilha da Saúde”.

Baía do Funchal

FUNCHAL
A CAPITAL
“E pelo muito funcho que nele achou lhe pôs nome o Funchal donde depois fundou uma vila do seu nome.”
Jerónimo Dias Leite

Cidade do Funchal

No fnal do século XV, D. Manuel, Duque de Beja, inicia o planeamento e a organização da próspera vila do Funchal, rica de açúcar e lugar de negócios: manda levantar os Paços do Concelho e iniciar a construção de uma igreja nova que virá a ser sede de bispado em 1514.
A 21 de agosto de 1508, o Funchal é elevado à categoria de cidade. O tecido urbano crescia e o porto do Funchal, cada vez mais procurado, atraía forasteiros, entre intermediários, aventureiros e mercadores que chegavam pelo açúcar. De uma época marcada pelo apogeu destes tempos, alguns monumentos: a Sé e a Alfândega e uma grande riqueza em pintura famenga, maioritariamente do século XVI, primeiramente ostentada nas capelas particulares, e hoje, visitável no Museu de Arte Sacra do Funchal.
Os séculos XVI e XVII são marcados por um novo produto que, apesar do declínio da indústria açucareira, vem assegurar a importância da posição estratégica do porto do Funchal no quadro do Atlântico Norte: o vinho. A cidade transformase e volta a apostar-se na valorização da arquitetura e da arte. O Funchal torna-se a cidade do vinho. Os mercadores, nomeadamente os ingleses, transformaram as vivendas sobradadas de cidade em lojas e escritórios e adaptaram as casas solarengas e as quintas ao seu gosto e às suas exigências de conforto. Sofás e cadeiras Chippendale e Hepplewhite dão-lhe o toque de classe e compõem o ambiente para os saraus dançantes e os chás. Os museus da Quinta das Cruzes e Frederico de Freitas são hoje os depositários de alguns destes exemplares mais signifcativos que resistiram ao uso secular. O espaço interior é valorizado. A casa torna-se no principal centro de convívio.
Dos diversos imóveis que a riqueza do vinho fez erguer merecem a nossa atenção: o Palácio de S. Pedro, hoje Museu de História Natural, mas que se ergueu para residência do Conde de Carvalhal; os paços do Concelho do Funchal,
conhecido também como Palácio Conde de Carvalhal. A muitos destes imponentes palácios junta-se um elemento arquitetónico típico da ilha, a torre avista-navios que, presente em muitos edifícios, ajuda a desenhar a malha urbana da cidade.
A estes dois momentos mais signifcativos da construção da cidade, poderíamos juntar outros mais próximos de nós que marcaram a cidade do século XX e que a fzeram crescer: a preocupação com as pessoas e com a sua segurança, várias vezes abalada pelas aluviões e pelas cheias das ribeiras, e o turismo.
Em forma de anfteatro, o Funchal liga o mar à montanha. Assente num passado patrimonial e cultural de mais de 500 anos de História, de que são representativos os Museus que guardam a sua memória e o cuidado que tem tido com o Património, é uma cidade que olha o futuro e que se mantém de braços e coração abertos para quem vem de fora. É uma cidade cosmopolita que recebe, todos os dias, visitantes de todo o mundo. O porto é a porta atlântica desta terra, cuja capital banha os pés no mar. A sua baía acolhedora recebeu negociantes e viajantes e continua a encantar os que vêm à procura de riqueza, de aventura, de saúde, de paz e de divertimento.
O Funchal constitui o maior centro turístico, comercial e cultural de todo o arquipélago da Madeira. A História e a contemporaneidade vivem juntas num lugar que vai do mar à serra. Monumentos e museus contam histórias da História.
O Mercado dos Lavradores atualiza-as, em cheiros e cores, sabores e texturas que trazem, para a mesa, o campo e o mar.
O Funchal de hoje, com mais de 100.000 habitantes revestese de sofsticação e de beleza. Trata-se de uma cidade-jardim à beira-mar plantada, um lugar de paragem obrigatória, um lugar que aprendeu com a sua História a olhar, com esperança, para o futuro.
EXPLORAR A CIDADE
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Carreiros do Monte

Achada dos Judeus e Achada do Til – São Vicente

(OUTROS) LUGARES
Uma casa de longínquas janelas / sulcando os basaltos.
Irene Lucília Andrade
Pela ilha adentro, outros espaços urbanos – cidades e vilas – trazem apontamentos de vivências e experiências que os tornam especiais: Câmara de Lobos, a baía piscatória que Churchill pintou; a Ribeira Brava, situada na foz de uma ribeira que outros invernos nomearam; a pitoresca Ponta do Sol, que alberga uma grande comunidade de nómadas digitais no Centro Cultural John Dos Passos que faz memória deste escritor descendente de madeirenses; a Calheta, lugar de engenhos de açúcar e capital da arte contemporânea, num edifício de Paulo David que se confunde com a montanha; o Porto Moniz que se derrama sobre o mar do Norte e que é conhecido pela beleza natural das

suas piscinas; a vila pitoresca de São Vicente guardada por gigantes de pedra e que se abre para o mar; Santana, as casinhas de colmo, os passeios pela foresta e o pão quente acabado de fazer, Machico e o segredo do princípio; Santa Cruz que se tornou a porta da ilha.
Mas há mais mistérios escondidos: no vale do Curral das Freiras, na vista de cortar a respiração da Eira do Serrado, no mar de nuvens do Pico do Areeiro, na poncha e na açorda do Poiso e nos outros lugares que é preciso descobrir.

Costa Norte
Ali ao lado, por barco ou por avião, uma ilha pequena esconde segredos. É, claramente, a praia que marca na geografa do mundo, o Porto Santo. O epíteto de “Ilha dourada” deve-se, sobretudo, à “praia dourada”, apesar de todos os outros dourados: o das searas e o da aridez.
Não obstante a diferença relativamente à Madeira, o Porto Santo integra, desde 2020, a Rede Mundial de Reservas da Biosfera da Unesco. É o clima, a luz, os miradouros, os barcos fundeados nas suas águas transparentes, o Pico
Ana Ferreira e as suas colunas prismáticas, a Greta da Dona Beja, o Porto das Salemas, o Porto dos Frades, a Fonte da Areia, a cor do mar, os moinhos, o golfe.
Vila Baleira é o nome da cidade que banha os pés no Atlântico. Aí, o passado e o presente vivem juntos: são as ruas empedradas, as matamorras, a Igreja matriz, os museus, os cafés, as noites de verão a ver quem passa.
Com apenas 42Km2, o Porto Santo é um santuário da tranquilidade e da paz, como se se tratasse de uma Ilha deserta, com tudo aquilo que ela representa no imaginário dos que a visitam.


Vereda do Pico Branco

Vinho Madeira

ECONOMIA
DA MADEIRA
Toda ela é um jardim e tudo o que colhem na dita ilha é ouro. Cadamosto

Vinhas – Seixal

Quando os olhos se espraiam pelas montanhas, é esta a paisagem que registam os visitantes: campos sobre campos, espaços pequenos, sustentados por muros de pedra ou por sebes de urze que dividem propriedades, que separam culturas, que impedem que elas sejam empurradas para o mar. Os campos assim cultivados adoçam as formas duras da rocha que se ergue em direção ao céu. Enverdecem-na. Marcam-na. Cada socalco representa o sustento de muitas famílias que conquistaram a montanha, que penduraram as casas na beira das serras.
É esta imagem rural e agrária que marca os primórdios da economia insular. Os cabouqueiros ergueram, primeiro, os socalcos (poios), depois adaptaram as técnicas e as alfaias agrícolas aos condicionalismos do novo espaço cultivado.
Até a década de setenta do século XV, a Madeira era um celeiro atlântico, produzindo cereais capazes de suprir as necessidades da coroa e das praças de África. Perdeu esta posição para os Açores, apostando, fortemente, na cultura de cana sacarina que trouxe, à ilha, grandes proventos, contribuindo para o enobrecimento da vila, mais tarde cidade do Funchal. Foi graças ao comércio do açúcar que entraram, no arquipélago da Madeira, a partir da segunda metade do século XV, obras de arte famengas – pinturas, esculturas, peças de ourivesaria – que ainda se podem contemplar em algumas igrejas e capelas, mas, sobretudo, no Museu de Arte Sacra do Funchal.
A rota do açúcar, na transmigração do Mediterrâneo (as primeiras estacas vieram da Sicília, por ordem do infante D. Henrique, por volta de 1425) para o Atlântico, tem, na Madeira, a principal escala. A Madeira tornou-se a grande produtora do açúcar que chegava à mesa das maiores casas europeias e os pães de açúcar inspiraram o nome do morro do Rio de Janeiro, pela forma que assumia. Foi, nesta ilha atlântica, que se desenvolveu a tecnologia e o saber-fazer que se implementou nos espaços que se foram descobrindo.
Com a pujança do mercado brasileiro e são-tomense, a economia madeirense voltou-se para o vinho que se tornava fundamental para mareantes, expedicionários, bandeirantes e colonizadores.
Esta mudança na estrutura produtiva provocou alterações na economia da ilha. Durante mais de dois séculos, o vinho e a vinha animaram o campo e a cidade onde os armazéns apuravam o que chegava dos lagares.
Em pleno apogeu da indústria vinhateira, a Madeira passa a assumir um novo papel no contexto colonial e europeu e um novo setor começa a surgir – o turismo e os serviços que desencadeia. Atraídos pelas possibilidades de negócio e envolvidos pela beleza da ilha, os ingleses descobrem o paraíso. A Madeira recriava os mitos antigos da literatura grega e oferecia bastantes motivos para o “grand tour” cultural e tornava-se (como outras ilhas do Atlântico) um laboratório interessante para estudos científcos por parte


Vindima – Estreito de Câmara de Lobos
de botânicos, de ictiólogos, de geólogos, sendo mesmo considerada a escala científca do Atlântico.
A partir da segunda metade do século XVIII, a Madeira revela-se como estância para o turismo terapêutico, mercê das então consideradas qualidades profláticas do clima na cura da tuberculose, cativando novos forasteiros – aristocratas, políticos, poetas e escritores.
Surgem então as primeiras infraestruturas para acolher estes visitantes –sanatórios, hospedagens e agentes, que serviam de intermediários entre os forasteiros e os proprietários de alguns espaços de espaços de acolhimento

Jardim Botânico – Funchal
– as quintas, por exemplo. O turismo, tal como hoje o entendemos, dava os primeiros passos e desenvolvia outras atividades paralelas que tiveram nos turistas, sobretudo ingleses, os seus principais promotores. É o caso dos bordados, da obra de vimes, dos embutidos.
Hoje, é este o principal motor da economia madeirense. A Madeira apresenta-se como um destino de qualidade, que se destaca pelas suas belezas naturais, pela hospitalidade das suas gentes, pela sua cultura e pela excelência dos seus serviços, tendo arrecadado numerosos prémios de excelência, nomeadamente o de melhor destino insular do mundo.

Cortejo da Festa da Flor

Gruta do Pico Ana Ferreira – Porto Santo

ECONOMIA DO PORTO SANTO
Uma ilha (…) toda coberta de dragoeiros e zimbros e outras árvores até ao mar.
Gaspar Frutuoso
No princípio, era a natureza e o que ela oferecia ao Homem.
Quando os portugueses chegaram ao Porto Santo (diz a tradição que em 1418 e os novos estudos em 1420), encontraram um lugar de dragoeiros, de cal e de abundância de peixe. Depois, pela ação do homem, os cereais, a vinha e a fruta vão tomando conta dos campos que, devido a grandes estiagens, à invasão das areias e a alguma incúria, vão desaparecendo e entregando aquela ilha, em muitos momentos, à fome e ao desalento.
Se os cereais, sobretudo o trigo e o centeio, cumprem a missão de suprir as carências fundamentais da dieta, já a vinha se assume como um recurso, na medida em que as uvas e o vinho têm demanda na Madeira. Quanto aos outros recursos do solo, do subsolo ou do mar são apenas contributos que ajudam a animar a vida económica dos porto-santenses, mantendo-os apegados à terra: as melancias, os melões, os tabaibos, o pão e os biscoitos, as águas ou a cal.
Na atualidade, a economia da ilha apoia-se, sobretudo, no setor dos serviços: a praia, as areias, a água mineral e as uvas transformaram o Porto Santo numa estância terapêutica que foi evoluindo para um turismo de vigileatura que cresceu até à expressão que tem na atualidade.
A 28 de agosto de 1960, foi inaugurado o aeroporto do Porto Santo, o primeiro a ser construído no arquipélago. A pista inicial, que era de 2000 metros foi aumentada para 2440 metros e, com a nova reforma, começada em 1986, ampliou-se a pista para 3000 metros, novo terminal de passageiros e novas instalações técnicas, fcando este aeroporto apto a receber todo o tipo de aeronave.
Entretanto, a autonomia favoreceu o progresso, esbatendo fronteiras e barreiras que pareciam intransponíveis. Do vocabulário atual da Ilha do Porto Santo, apagaram-se as palavras, seca, fome, abandono e isolamento. Apareceram conceitos novos: paraíso, maravilha, sossego, dourado, “um resort a céu aberto onde o menos pode ser mais”.




Trabalho e produtos agrícolas



A GENTE DAS ILHAS
A hospitalidade dos madeirenses é a expressão dum sentimento e a força dum hábito. É uma manifestação de cortesia, cada vez mais rara em todo o mundo, e é também um prazer dos habitantes.
Henrique Galvão
O madeirense traz o mundo no olhar. O mar é o seu latifúndio, mas a terra é o seu lugar. Este é um povo que aprendeu com a História a vencer a terra e a água, a montanha e as distâncias, a desenhar clareiras por dentro das forestas e a transformar em hortas e jardins a terra vadia.
O povo madeirense construiu-se, então, desta ligação com o mundo e aprendeu a arte de bem receber: comerciantes, doentes, viajantes, cientistas, turistas, nómadas digitais. Aprendeu a usar em seu proveito o clima temperado das ilhas, os infndáveis segredos da natureza, um mundo de conhecimento e de emoções. Aprendeu a alegria de quem sabe que é preciso aproveitar cada momento que o paraíso lhe oferece.
O porto santense é diferente. Ao longo do tempo, foi-se adaptando a uma natureza muitas vezes madrasta, à falta de água, a um modo de ser fdalgo, muitas vezes confundido com indolência e sobranceria. É um povo resiliente, correto, delicado, tímido e orgulhoso, zeloso da sua linhagem e do seu apelido, inteligente e perspicaz. Olha também o mar como futuro. E orgulha-se de ter recebido Cristóvão Colombo que ali também sonhou com o mundo.

© Museu de Fotografa da Madeira – Atelier Vicentes
Representação de época

DE FORA
Ninguém se liberta de uma ilha.
Helena Marques
Ao longo dos tempos, as portas da Ilha da Madeira estiveram sempre abertas: foram aventureiros, exploradores, políticos, reis, artistas e cientistas que encontraram, na Ilha, remédio para os seus males, lugar de encontros e descobertas.
Nos séculos XV e XVI, o Atlântico permitiu um intrincado traçado de rotas de navegação e comércio que fez da Madeira um laboratório de novas culturas, novas técnicas e novas estruturas que foram, mais tarde implementadas em outras paragens.
Já durante os séculos XVIII e XIX, a Madeira passou a ser alvo de interesse por parte de naturalistas e cientistas que começam a olhar o mundo com curiosidade, buscando respostas para alguns mistérios e interrogações. Sob o advento do enciclopedismo e das classifcações de Linneo, as ilhas assumem protagonismo e a Madeira transforma-se na escala científca do Atlântico (Vieira, 1999:30).
Por outro lado, desde os fnais do século XVIII, as qualidades terapêuticas do clima da ilha eram propagandeadas pela Europa e, consequentemente, o número de visitantes aumentou consideravelmente. Passaram pela Madeira algumas fguras ilustres – cientistas, médicos, artistas plásticos, poetas e escritores, membros das famílias reais europeias mais importantes. Foram eles os grandes impulsionadores do turismo, uma vez que a sua estada cada vez mais prolongada suscitou a criação de infraestruturas de apoio, sobretudo a nível do alojamento, dos meios de transporte e dos serviços.
As quintas, nomeadamente na área de Santa Luzia e do Monte, acolhem muitos visitantes, principalmente ingleses, que vêm atrás do negócio ou da saúde. No entanto, a partir da década de 30, a Madeira começa a prepararse para receber os turistas. William Reid e W. Wilkinson que se fxaram, na Madeira, em 1844, foram os primeiros proprietários daquilo que viriam a ser as primeiras unidades hoteleiras. O Reids Hotel é, na atualidade, a mais antiga unidade hoteleira madeirense e de todo o espaço atlântico, destacandose como um marco na História do Turismo. Ali se alojaram personalidades ilustres, como W. Churchill, B. Shaw, G. Marconi.
Em fnais da década de quarenta do século XIX, Silvestre Ribeiro, Governador Civil, lançou as bases para a criação de um conjunto de infraestruturas de apoio no interior da ilha, as chamadas casas de abrigo. O visitante passou a dispor de locais de acolhimento em Boaventura, S. Vicente, Seixal, Rabaçal, Santana e Santa Cruz.
Chegam ao Arquipélago pessoas do mundo inteiro, gente ilustre que, com a sua visita, colocou a Madeira no mapa como um lugar de belezas, de sossego, de possibilidade de negócios. São intelectuais e artistas, poetas e escritores, políticos e militares, altos dignitários da Igreja e da realeza europeia. E, se


Imperador Carlos de Áustria
Imperatriz Sissi
para os madeirenses, essas visitas foram importantes, também para esses visitantes, a Madeira terá sido, certamente, um marco nas suas vidas, porque de prazer e de descanso, porque de conhecimento e de criação, porque de celebrações. De entre tantos que se apaixonaram pelo arquipélago, sublinhamos a Imperatriz Sissi, Carlos de Áustria, Humberto II, Rei de Itália, Churchill, Clif Richard, Omar Sharif ou o Papa João Paulo II. E poetas. E atores. E políticos. E gente anónima que se encantou com esta terra.
A partir da década de sessenta do século XX, o turismo assumiu-se como o principal fator de desenvolvimento da Madeira. A construção do aeroporto, em 1964, abriu novas possibilidades ao desenvolvimento do turismo. O novo aeroporto que, ao longo dos últimos anos do século XX, foi sendo melhorado até se transformar numa pista intercontinental, marcou a total mudança no turismo, provocada pela substituição dos vapores pelo avião.
A importância assumida pelo turismo na economia da ilha provocou mudanças ao nível institucional, com o maior interesse e empenho das autoridades. Primeiro, foi em 1930, o aparecimento da comissão de turismo que deu origem, a 5 de setembro de 1936, à Delegação de Turismo da Madeira, depois, Secretaria Regional de Turismo, hoje Secretaria Regional de Economia, Turismo e Cultura.


Winston Churchill
Bernard Shaw
ILUSTRES

Bailinho da Madeira

SEMPRE EM FESTA
O Arquipélago tem inesgotáveis recursos, cartazes extraordinários de cor e atracção. António Lopes Vieira
No arquipélago da Madeira, o calendário é pretexto para festejar. O bom tempo ajuda a fazer a vida fora das casas, quer de verão, quer de inverno, mas é o modo gentil de receber que faz com que o Arquipélago seja um salão de festas de portas abertas: o Ano abre-se em alegria, música e fogos de artifício que acendem a baía do Funchal e outras localidades que recebem o Ano Novo vestidas de festa.
Depois, há o Carnaval: o cortejo alegórico do sábado e o “Trapalhão” da terçafeira fazem esquecer que é inverno na Europa inteira e primavera na Madeira.
Quando ela chega, a primavera, é a Festa da Flor que traz as gentes à cidade: são tapetes de fores, concertos, grupos folclóricos pelas ruas, exposições de fores, cortejos que mostram a beleza da natureza, do Bordado Madeira, da juventude e da cidade; é o Muro da Esperança e o Muro da Solidariedade são verdadeiros desfles de beleza e elegância com o Madeira Flower Collection, o Madeira FlowerClassic Auto Parade e o Madeira Classical Car Revival. Espetáculo pirotécnico da passagem do ano

Entre maio e junho, sobretudo no Funchal, bandas flarmónicas, grupos folclóricos e festivais gastronómicos preparam a festa dos Santos populares, Santo António, São João e São Pedro. Nestas alturas, as experiências são muitas: é o cheiro das ervas bentas, é o sabor de uma gastronomia muito particular, à base de atum, feijão cozido com casca, semilhas e maçarocas; é a alegria das marchas que as freguesias preparam e que animam os lugares. Todos os sábados de junho, o Festival do Atlântico acende as noites de fogos de artifício e de música clássica, assim como de outras manifestações culturais que fundem a identidade local, tão ligada ao mar, com a alegria de quem a descobre.
O Rali Vinho da Madeira é uma competição internacional de desporto motorizado que atrai corredores famosos de todo o mundo e que se realiza em agosto. Outros eventos com programação regular ligados aos automóveis clássicos ‘Clássicos na Magnólia’, em julho e ‘Rally Madeira Legend’, no

último trimestre, mostram a riqueza da Madeira que dispõe de mais de dois milhares de automóveis clássicos e antigos, em perfeitas condições para se apresentarem em eventos públicos como exposições, concursos e provas históricas, que decorrem ao longo de todo o ano.
Em pleno verão, o Festival Gastronómico “Madeira Saborea, a journey through taste” propõe os sabores da ilha, associando a cozinha a diversas rotas gastronómicas (cuscuz, chícharo, mariscos e moluscos, peixe, doçaria conventual, fruta, tubérculos e pão).
Em setembro, celebra-se o vinho e a vinha, lembrando o trabalho do homem e a alegria do povo. No Funchal, quadros vivos servem de moldura a concertos e animação; no Estreito de Câmara de Lobos, experimenta-se as vindimas e prova-se o mosto.
Ao longo do ano, há Festivais: o de Órgão, o de Música a Norte, o de Jazz, o Festival Raízes do Atlântico e todos os outros que servem de pretexto para cantar e bailar, para comer e beber, para celebrar a vida e da beleza da terra.
O Festival Colombo, no fm do verão, assenta num conjunto de iniciativas de animação turística, evocando a passagem de Cristóvão Colombo pelo Porto Santo e incluindo mercados, arruadas, artes circenses, concertos e muita animação.
A Natureza – este bem maior que as nossas ilhas possuem – é evocada num Festival em que a beleza e a aventura propiciam experiências inesquecíveis.
A começar dezembro, a Região entra na Festa. Por todo o lado, há concertos, espetáculos, mercados de rua e muita animação. Por todo o lado, os sentidos fcam desassossegados, com as luzes, com os cheiros, com os sabores, com as cantigas, com as sensações que são oferecidas em cada esquina.
A partir do dia 15 de dezembro, as missas do parto enchem de festa as manhãs e de música as ruas. Uma nota para as noites do Mercado que acontecem, um pouco por toda a ilha e que trazem, para as ruas, a tradição das compras, os cânticos de Natal e as barracas com comidas e bebidas abertas até de madrugada.
E, no dia 31, a fechar o ano velho e a abrir-se o novo, as ilhas rebentam em fogos, em festas, em animação. Uma Região sempre em Festa – é esta uma forma de nos apresentarmos ao mundo.
EVENTOS DE CARTAZ visitmadeira.com

Caravela quinhentista no Porto Santo

Arraial do Seixal

ROMARIAS E ARRAIAIS
O homem que vive, dia e noite, entre mar e céu, vive mais com o infinito.
Ferreira de Castro
Nas ilhas, dizem alguns, a necessidade de fé é maior. Entre o mar e o céu, sem lugar seguro para onde fugir, só resta, ao ilhéu, acreditar: às vezes, no Deus dos cristãos, outras vezes, no Universo, ou o Centro, ou na força centrípeta da terra. Deste modo, à cristandade trazida nas caravelas das Descobertas, associaram-se outras formas de ligar o chão ao céu. A natureza, no pleno exercício dos seus poderes, transforma a alma do homem que com ela coabita em todos os momentos.
É, em grande parte, o calendário litúrgico que marca o ritmo das festas, consagradas ao Espírito Santo, a Nossa Senhora, ao Santíssimo Sacramento ou a santos e santas patronos das paróquias.
De entre as romarias mais importantes, destaca-se a de Nossa Senhora do Monte, no dia 15 de agosto, a da Senhora da Graça, no Porto Santo, a Festa de São Pedro, na Ribeira Brava e no Porto Santo, a Festa do Senhor Bom Jesus de Ponta Delgada, a do Senhor dos Milagres, em Machico e a da Senhora da Piedade, no Caniçal.
À festa religiosa, alia-se a profana: o adro e as ruas por onde passa a procissão são engalanados, tapetes de fores forram o chão.
De registar que a procissão faz parte de todas as festas da ilha. Caminhar é fazer uma peregrinação para o centro do mundo. Em todas as festas, o povo sacraliza, assim o quotidiano: os pescadores pedem proteção no mar, os agricultores trazem as charolas com os produtos da terra e pedem que a terra continue a dar o que é preciso. Há música das bandas flarmónicas, “conjuntos de música moderna”, barracas com comes e bebes (espetada, vinho com laranjada, poncha, bolo do caco), barracas com produtos regionais. As bonecas de massa e os colares de rebuçado eram elementos que não podiam faltar nos arraiais.
Os momentos das festas animam as povoações e encantam os visitantes, tornando-se um verdadeiro cartaz turístico.


Boneca de massa

Presépio de escadinha

A FESTA
A mesa nunca é a mesma nem o coração bate igual como no dia de Natal.
José António Gonçalves
Dada a importância que a quadra natalícia tem, na Madeira, o Natal é, para o madeirense, “A Festa”. Nos seus presépios e “lapinhas”, reproduz a sua realidade vivencial – a natureza, com as suas rochas e abismos, a água que corre nas levadas, os costumes da vida religiosa e social, as tradições.
A Festa começa com as Missas do Parto, no dia 16 de dezembro e prolongase até janeiro, com o varrer dos armários do Santo Amaro, no dia 15 ou, em algumas freguesias da ilha, nas festas de Santo Antão ou São Sebastião, nos dias 17 e 20 de janeiro, respetivamente.
É na Festa que a mesa se reveste de alguma abundância, é pela Festa que se estreia roupa nova, é pela Festa que a socialização acontece, no ato tradicional de “visitar as lapinhas”, de provar as broas e os licores, de “cantar” ao Menino Jesus.
O Natal e o fm do ano são, hoje, o principal cartaz turístico da Madeira. A partir do dia 1 de dezembro, a animação é constante: as decorações e as luzes alegram todas as localidades da Madeira e do Porto Santo. A música enche os centros das cidades e o cheiro a carne de vinho e alhos toma conta dos sentidos.
O programa é extenso e revela a forte vertente religiosa da população (com destaque para as Missas do Parto, uma das maiores tradições natalícias da Madeira e do Porto Santo), bem como o poder cultural e artístico fomentado ao longo de décadas, culminando com o famoso fogo-de-artifício a 31 de dezembro. registado ofcialmente no livro de recordes do Guinness como o maior espetáculo do mundo.

Gastronomia madeirense

A GASTRONOMIA
COMER A TERRA E O MAR
Da terra e do mar é feita a mesa do madeirense. É feita de tradição a que os novos tempos juntaram a contemporaneidade. A espetada de carne de vaca em pau de louro, o bolo do caco com manteiga de alho, a carne de vinho e alhos, acompanhada de milho frito ou de batata-doce fazem as delícias de todos. Mais perto da terra, a sopa de trigo que guarda, em si, tudo o que a terra dá: os cereais, os legumes, as batatas e tudo o que se quiser deitar dentro da panela. E as frutas, as tropicais, que o clima permite –banana, anonas, abacates, maracujás. Do mar, as lapas, o flete de espada ou bife de atum, acompanhados de milho acabadinho de fritar lembram que somos ilhas e que temos o mar aos pés.
Para beber, os vinhos, como aperitivo, a acompanhar as refeições ou como digestivo, acompanhado de bolo de mel. E as ponchas, feitas com o mel das canasde-açúcar que fzeram a riqueza da Madeira, nos primórdios do povoamento.
É em torno do calendário religioso que o madeirense estabelece os vários momentos que marcam a sua gastronomia. A tradição anota mesmo um calendário para este ritual. A 8 de dezembro, faz-se o bolo de mel. A 15 de dezembro, mata-se o porco, de modo a que as linguiças e a carne de vinho e alhos estejam prontas para o Natal. Na noite do dia 24, no regresso da missa do galo, prova-se a carne. A mesa mantém-se farta de licores, doces e bolos, para

Bolo de mel
gáudio dos que estão e dos visitantes. A canja de galinha caseira e a carne assada com cuscuz completavam o repasto natalício.
O calendário religioso e o ano agrícola estabeleciam o resto. Na Sexta-feira Santa, é a tradição do inhame cozido; o bacalhau, no São Martinho; o atum salpresado no S. João. Nos arraiais, porém, não pode faltar a espetada em pau de louro, muitas vezes acompanhada com pão e semilhas que a cesta do farnel guardava para estes momentos.
Relativamente ao Porto Santo, a atual culinária é também herdeira da tradição cultural dos colonos europeus, das aportações dos forasteiros e rotas marítimas.

Vinho Madeira
A História do Porto Santo regista o consumo de ervas que crescem nos valados: a serralha, o tigarro, as acelgas, o saramago, as azedas, o perrexil, o cardo, o ranchão, o aipo. Algumas destas ervas continuam a ser utilizadas na gastronomia porto-santense: o perrexil (chrithmum maritimum) que acompanha o peixe na Sexta-Feira Santa e que já era utilizado, em escabeche, na época dos Descobrimentos, na tentativa de evitar o escorbuto e os ranchões (erysimum ofcinale) que acompanham a escarpiada. Era esta mistura de farinha, água e sal, sem fermento, cozida sobre uma pedra de barro que matava a fome, no tempo das pobrezas.

Espetada em pau de louro
Não se pode deixar ainda de provar o bolo-do-caco, o gaiado em escabeche ou as lambecas, em plena vila.
No verão, é a fruta que refresca a mesa: uvas, melões, melancias, amoras e fgos. Da doçaria porto-santense destaca-se o pão-de-ló, os biscoitos de farinha, o bolo preto e as capelas de S. João que, ainda hoje, fazem parte da gastronomia porto-santense.

Lapas grelhadas

Tetos mudéjares da Sé do Funchal

PATRIMÓNIO CULTURAL
PATRIMÓNIO
DA MADEIRA
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Como espaço aberto ao mundo, o Arquipélago da Madeira é detentor de um vasto património cultural, uma herança importantíssima que constitui as raízes de um povo que há mais de 600 anos se relaciona consigo, com o outro, com a natureza e com o sobrenatural. São monumentos, templos religiosos, museus e espaços culturais; são lendas, histórias, cantigas, rituais, liturgias, modos de fazer, tradições; são danças, mitos, crendices e rezas. O património material e imaterial representa, isto é, torna presente a memória coletiva que nos identifca porto-santenses e madeirenses.
O tempo está impresso na arquitetura das várias épocas que fcaram marcadas nas ruas: exemplares de arquitetura manuelina, barroca, e

Claustro do Convento de Santa Clara
moderna, igrejas e capelas extremamente ricas em pinturas, ourivesaria, escultura e mobiliário; fortes e palácios que contam histórias de Filipes e de piratas, quintas que acolheram visitantes do mundo inteiro e espaços museológicos que são verdadeiros cofres de beleza, de riqueza e, sobretudo de vida.
Um olhar apenas sobre alguns lugares da memória: a Sé, o Convento de Santa Clara, o Museu de Arte Sacra, as igrejas que contam a história da nossa espiritualidade, os museus que guardam os tesouros do que fomos e do que somos. Um olhar sobre as memórias que construímos todos os dias, neste encontro com o passado, nesta base para o futuro.

Museu Quinta das Cruzes
IGREJAS DA MADEIRA visitmadeira.com


Mudas. Museu de Arte Contemporânea

Bordado Madeira

O ARTESANATO A ARTE DAS (NOSSAS) MÃOS
Só te resta quando acordas A memória da beleza, Que as toalhas que tu bordas Aparam pão doutra mesa.
Irene Lucília Andrade
Nas mãos de cada povo, a arte. O artesanato nasce, normalmente, da necessidade e acompanha a história do lugar, passando o saber-fazer de geração em geração. Esta é uma das formas de transmitir a genuinidade da cultura, do folclore e da tradição.
Na Madeira, as botas de vilão e os barretes de orelhas foram de grande utilidade no tempo em que grande parte da população andava descalça e os pastores viviam no frio da serra. Entretanto, outras atividades foram surgindo, criando mercados, oferecendo aos jovens a possibilidade de inovar.
Na Madeira, são diversas as atividades artesanais que, hoje, aliam a tradição à modernidade: peças em vime, em cerâmica, os embutidos, as bonecas de

Artesanato. Chapéu de palha
massa, as miniaturas, os barretes de orelhas, as bonecas de palha de milho, os brinquinhos, os presépios, as botas de vilão, as carapuças dos trajes de folclore, etc. No Porto Santo, para além da olaria e das fguras de presépio, os chapéus de palha, a cestaria e os palmitos usados, sobretudo na altura da Páscoa, na Procissão dos Ramos.
Destaca-se, porém, o bordado, pela importância histórica, económica e social de que se revestiu. É das mãos calejadas das mulheres da Madeira que saem verdadeiras obras de arte. Foi pela mão dos ingleses, nomeadamente de Miss Phelps, que os bordados saíram da ilha para o mundo e levaram o nosso nome lá fora…

Artesanato. Botas de vilão
MADEIRENSES
MUNDO
MADEIRENSES NO MUNDO …
Por esse mundo além
Madeira teu nome continua
Em teus filhos saudosos
Que além fronteiras
De ti se mostram orgulhosos.
Do Hino da Madeira
A Madeira tem sido, ao longo do tempo, cais de embarque, sobretudo a partir do século XIX, com as crises agrícolas, com a doença da vinha, com um aumento enorme de impostos sobre tudo. No século XX, foram as guerras e a fome e os sonhos do Brasil, do Curaçau, da África do Sul, da Venezuela, entre tantos outros lugares…
Quem parte – e os madeirenses povoaram o mundo – leva, no peito, a saudade e a promessa de um regresso estampadas no retrato que a mãe guarda junto ao peito e que olha, todos os dias, quando o mar (o céu, nos nossos dias) não devolve quem levou.
Lugar de possibilidades e de sacrifícios também, a emigração tem sido, ao longo da história da Madeira, uma tentativa (muitas vezes bem-sucedida) para ser do mundo: das ilhas, Canárias, Açores, Cabo Verde, Caribe, Havai, Inglaterra e ilhas do Canal e de outros lugares – África do Sul; Canadá e América do Norte, Curaçau, Venezuela e Brasil, entre outros.
É conhecida a existência de madeirenses com posições de destaque pelo mundo inteiro, quer na política, quer nas empresas, quer na ciência, quer na cultura.
No princípio, levaram o trabalho e a vontade, levaram a braguinha e a alegria; levaram a Madeira e a sua identidade. Hoje, continuam a ir e a voltar. Mais preparados. Prontos para enfrentar os desafos dos novos tempos. Muitos ergueram impérios lá fora e, quando regressam, trazem o que a ilha não pôde dar aos que fcaram.
A Madeira é um lugar permanente de partidas e de chegadas. Os madeirenses são muitos no mundo inteiro e levam a ilha consigo. Quando chegam –porque sabem que têm sempre uma casa à sua espera – trazem saudades embrulhadas nesses lugares por onde andaram e que ajudaram a construir.
… E AQUI
Hoje, o mundo chega à Madeira para nele morar. Veja-se o caso dos estrangeiros que vieram viver para as ilhas ou dos Nómadas Digitais que chegam, fcam e animam as nossas comunidades.
Aqui, nestas ilhas que nos pertencem, as nossas portas continuam abertas, a mesa continua posta e fomos aprimorando a arte de bem receber.
O clima ameno e a doçura do ar convidam, o ano inteiro, a aproveitar o ar livre: um banho de mar, um passeio na serra, a descoberta das linhas de água que rasgam as montanhas, um batismo de voo de parapente ou de asa-delta, uma subida ao Monte de teleférico, a vertigem de um carro de cesto, um passeio de barco para avistar os cetáceos ou para descobrir os tesouros que o oceano esconde, um torneio de golfe ou de ténis, o sossego de uma vida simples que permite investir na saúde, viver a intensidade das coisas, divertir-se e trabalhar.
Esta é a Região que os madeirenses têm para oferecer. Esta é a Região que os madeirenses e porto santenses que vivem fora das paredes das ilhas querem oferecer: um lugar onde é possível ser feliz.

Funchal

Levada do Ribeiro Frio

DO TEMPO
Factos
Eventos
Pessoas
LINHA
1418-1419
Achamento das ilhas da Madeira e Porto Santo, por João Gonçalves Zarco, Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestrelo 1425
Introdução da cultura da cana sacarina

1480 ?
Casamento de Colombo com Filipa de Moniz, em Lisboa
1496
Fundação do Convento de Santa Clara no Funchal. O papa Alexandre VI estabeleceu para este convento a regular observância e o início da clausura
1498
Passagem de Colombo pela Madeira, no decurso da terceira viagem às Américas

1420
Início do Povoamento da Madeira

1493
Concessão de um chão no Campo do Duque ao Concelho do Funchal para a construção da Sé
1446
Doação da capitania da ilha do Porto Santo a Bartolomeu Perestrelo

1497
A Madeira é incorporada na Coroa
1501
D. Manuel acaba com a concessão de terras em regime de sesmaria. A única ressalva eram as terras que pudessem ser aproveitadas em canaviais e vinhedos
1508
Elevação da vila do Funchal à categoria de cidade

1523
Período de fome na Madeira
1533
Criação da Primeira Diocese global (Funchal)
1552
Referência à existência de bananeira na ilha da Madeira, num texto de Thomas Nichols

1514
Criação da diocese do Funchal
1503
Para obviar a progressiva destruição dos arvoredos, proíbe-se a exportação de tabuado e de madeira
– O rei D. Manuel manda expulsar todos os guanches, originários das ilhas Canárias, exceto os mestres de açúcar
1530
Na década de 30, com a crise açucareira, os canaviais começam a ser substituídos pelos vinhedos

1550
Assalto de corsários franceses ao Porto Santo
1599
Início do Colégio dos Jesuítas
1566
Saque de corsários franceses ao Funchal, com desembarque na Praia Formosa
1614
Início da Construção da Fortaleza de S. Tiago

1650
O cónego Henrique Calaça de Viveiros estabeleceu o Convento de Nossa Senhora da Encarnação
1668
Construção do Hospital novo no Largo da Sé 1692

1629
Início da construção da Igreja de São João Evangelista, vulgo Igreja do Colégio

1656
Doação do arquipélago da Madeira feito por D. João IV a sua flha, a infanta D. Catarina
Construção da capela de São Vicente na foz da ribeira
1654
Fundação do convento das Mercês

1689
Construção do Arco dos Varadouros, Portas da Cidade, depois demolido em 1911
1748
Álvaro Rodrigues de Azevedo, anotador de Saudades da Terra, assinala este ano com o fm do período sacarino na Madeira 1760

1757
Fome na Madeira provocada pela falta de pão. A semilha ainda não tinha sido introduzida, mas já havia batata doce
1762
Abertura do primeiro cais de embarque, até ao ilhéu do Forte de São José, obra lançada em 1756
1771
Regimento de Agricultura insiste no plantio, nas montanhas do Porto Santo, de pinheiros, zimbreiros, castanheiros e junto das áreas de cultura, de amoreiras e espinheiros
1789
É construído o Pilar de Banger, destinado ao transporte de mercadorias através de guindastes entre os barcos e a terra 1799

Instalação de um viveiro de plantas na freguesia do Monte
1755
Introdução do cultivo da batata (semilha) na Madeira
Marmoto que resultou no recuo da ilha do Porto Santo em cerca de cem metros
1773
Apenas 200 famílias possuíam todas as fazendas da Ilha, existindo simultaneamente cerca de 6000 vínculos e capelas 1794

1764
Canaviais desapareceram de Santa Cruz e Machico, sendo essas culturas substituídas por trigo, vinho e cevada
Construção da primeira estufa de vinho na Madeira
1800
A batata, o inhame e o milho destronaram a hegemonia dos cereais na dieta alimentar. O milho dominava a dieta alimentar no princípio do século
1807
1803
Instituição da Festividade de Nossa Senhora do Monte como protetora do Funchal
– Aluvião no Funchal e em Machico

Ocupação da Madeira, pela segunda vez, por tropas inglesas
1821
Proclamação ofcial na Madeira do triunfo da Revolução Liberal ocorrida no Porto a 24 de Agosto de 1820
1837
Criação da Escola Médicocirúrgica do Funchal
1854
Severiano Ferraz propõe a substituição da vinha por cana-de-açúcar

1801
1815
Napoleão Bonaparte passa pela Madeira, em caminho para o desterro em Santa Helena

1ª ocupação da ilha por tropas britânicas 1804
O brigadeiro Reinaldo Oudinot é encarregado de estudar e implementar as obras de proteção das ribeiras do Funchal
1821
A 2 de julho de 1821 foi impresso o primeiro jornal madeirense, o Patriota Funhalense. O jornal, o primeiro do mundo insular português, teve periodicidade semanal e foi fundado pelo médico Nicolau Caetano Bettencourt Pita

1870
Nas décadas de setenta e oitenta o milho era a base da alimentação das populações mais pobres.
– Conclusão da construção da Levada do Rabaçal, iniciada em 1835
1856-1859
Construção do Hospício
Princesa D. Maria Amélia

1863
Extinção dos morgadios
1890
O porto do Funchal cresce até ao forte de N. S. Conceição
1897
Inauguração da primeira iluminação elétrica na cidade do Funchal, pela empresa The Madeira Electric Lighting Company

1855
Nas obras da Levada do Rabaçal, as águas atravessaram pela primeira vez o túnel das Estrebarias, passando do norte para o sul da ilha a fertilizar vastos terrenos que se achavam incultos

1884 – 1887
Construção do Teatro D. Maria Pia, atual Teatro Baltazar Dias
1893
Inauguração do 1º troço do caminho de ferro do Monte, entre o Pombal e Santa Luzia
1889–1892
Construção do primeiro troço do cais do Funchal. A sua ampliação foi concluida em 1933

1901
Decreto dando a autonomia ao arquipélago da Madeira
– Chegam à Madeira o rei D. Carlos e a Rainha D. Maria Amélia de Orleans

1910
Extinção da Escola Médico-Cirúrgica da Madeira
1917
I Guerra Mundial (A cidade do Funchal é bombardeada por um submarino alemão)
1931
Criação do Arquivo Distrital do Funchal.
Revolta da Farinha.
Revolta da Madeira

1936
Revolta do Leite
1912
O arquiteto Ventura Terra elabora um plano de modernização da cidade do Funchal. O documento ditou as diretrizes do desenvolvimento urbanístico da cidade no séc XX

1904
Primeiro automóvel no Funchal, pertencente a Harvey Foster
1929
Início das obras da construção da Ponte-cais do Porto Santo

1921
1ª travessia aérea LisboaFunchal, num hidroavião, por Gago Coutinho e Sacadura Cabral
1934
1939
Abertura ao público da atual Avenida do Mar
Inauguração do monumento a João Gonçalves Zarco, na cidade do Funchal
1940
Inauguração do Mercado dos Lavradores

– Primeiro estatuto dos distritos autónomos das ilhas adjacentes
– Cerca de 4000 ingleses com residência em Gibraltar refugiam-se no Funchal
– Inauguração do Sanatório Dr. João Francisco de Almada
1947
Estatuto defnitivo dos distritos autónomos das ilhas, que se manteve até ao 25 de abril de 1974
1955
Inauguração do Museu Diocesano de Arte Sacra
1957
Inauguração do Estádio dos Barreiros

1964
Inauguração do aeroporto do Funchal

1943
Última viagem e encerramento da via do Caminho de Ferro do Monte

1950
1960
Inauguração do aeroporto do Porto Santo
Visita de Winston Churchill à Madeira
Porto Santo:
– Início da distribuição de água potável ao domicílio
– Inauguração da Central Elétrica
1972
Primeira emissão de televisão, na Madeira
1971
Criação da Reserva das Ilhas Selvagens
1973
Inauguração do Hospital da Cruz de Carvalho, atual Hospital dr. Nélio Mendonça

1976
1981
Criação do Parque Natural da Madeira
1988
Tomada de posse da comissão instaladora da Universidade da Madeira
1991
O Papa João Paulo II visita a Madeira

1985
Criação do Centro de Estudos de História do Atlântico
Tomada de posse do 1º Governo Regional
1989
Início das obras de construção da Via rápida Ribeira Brava –Caniçal, concluída em 2005

1999
Floresta Laurissilva é Património Mundial da UNESCO
Séc. XX
2000
Inauguração das obras de ampliação do Aeroporto Internacional da Madeira

2004
Inauguração do porto comercial do Caniçal
– Inauguração da Casa das Mudas, Calheta
– Beatifcação do Imperador Carlos de Áustria
– Madeira recebe galardão de Região Europeia 2004
2013
Madeira é eleita Melhor Destino Insular da Europa pela 1ª vez
2017
Aeroporto da Madeira passa a ter associado o nome do futebolista
madeirense Cristiano Ronaldo
2022
Restauro dos tetos mudéjares da Sé do Funchal
2023
Reabertura e musealização do Convento de Santa Clara, após reabilitação do imóvel e restauro do seu espólio.
2002
Inauguração da aerogare do Aeroporto Internacional da Madeira

2010
Inauguração da Gare Marítima do Porto do Funchal
– Entrada do Funchal no record mundial do Guinness pelo maior espetáculo pirotécnico do mundo
– Madeira integra as Sete Maravilhas Naturais de Portugal
2019
O Papa Francisco nomeia Cardeal D. José Tolentino Mendonça
2015
Madeira é eleita Melhor Destino Insular do Mundo pela 1ª vez
– Inauguração do Museu de Arte Contemporânea na Casa das Mudas

2024
Melhor ano de sempre do turismo na Madeira (até à data)
Séc. XXI
Multimídia
Madeira – The Perfect Spot by Jofrey Vandenbussch
Animação turística
Eventos anuais de turismo e cultura promovidos pelo Governo Regional da Madeira
Gastronomia
MOT – Madeira Ocean & Trails
– Turismo ativo
Projeto A Biqueira
Oferta Cultural
Orquestra Clássica da Madeira
Agenda Cultural
Festival de Órgão


Madeira
Marca Madeira
Prémios e Distinções
Calendário de Eventos
Banco fotográfco – Madeira e Porto Santo
Materiais Promocionais Turísticos – Mapas, Publicações e Guias de Eventos
Website – Madeira Tão Sustentável
Destino
13 Homepage do site visitmadeira.com
17 Apaixonados por Cultura – visitmadeira.com
28 História da Madeira – visitmadeira.com
32 Floresta Laurissilva – visitmadeira.com
36 Caminhadas na Madeira – visitmadeira.com
42 Mar da Madeira – visitmadeira.com
46 Praias na Madeira – visitmadeira.com
49 Praia do Porto Santo – visitmadeira.com
53 Viver a cidade do Funchal – visitmadeira.com
54 Explorar a Cidade – visitmadeira.com
60 Porto Santo – visitmadeira.com
77 Obra Ilustres Visitantes na Madeira
82 Evento de Cartaz – visitmadeira.com
89 Natal e Fim do Ano na Madeira – visitmadeira.com
95 Gastronomia da Madeira – visitmadeira.com
98 Património da Madeira – visitmadeira.com
99 Igrejas da Madeira – visitmadeira.com
105 Artesanato da Madeira – visitmadeira.com
106 Madeirenses no Mundo
107 Homepage do site Digital Nomads Madeira Islands
Verso da contracapa “Encantadas” Edição online em Português, Inglês, Francês e Alemão


Índice
7 Tudo o que somos
9 Viagem dinâmica
11 Nós
15 Lugares que nos pertencem
21 A História
31 A Floresta
35 Levadas – Caminhos de Água
41 O Mar
45 Praia – Onde a Terra se encosta ao Mar
51 Funchal – A Capital
57 (Outros) Lugares
63 Economia da Madeira
71 Economia do Porto Santo
73 A gente das Ilhas
75 De fora
79 Sempre em Festa
85 Romaria e Arraiais
89 A Festa
91 A Gastronomia – Comer a terra e o mar
97 Património Cultural
103 O Artesanato – A arte das (nossas) mãos
106 Madeirenses no Mundo
107 E aqui...
109 Linha do Tempo
122 Lista do QR Codes – Destino Madeira e Porto Santo
124 Ficha Técnica
Ficha técnica
Título Encantadas
Editor Associação de Promoção da Madeira
Coordenador Eduardo Jesus
Texto Graça Alves
Apoio Cora Teixeira e Francisco Correia
Fotografa Carlos Gouveia
Duarte Sol
Francisco Correia
Henrique Seruca
Miguel Moniz
Nuno Rodrigues
Ricardo Faria Paulino
IVBAM
Direção Regional dos Arquivos, das Bibliotecas e do Livro
Museu de Fotografa da Madeira – Atelier Vicentes
Direção Regional da Cultura
Foto da capa Vereda dos Balcões, de Francisco Correia
Design e Paginação Gonçalo Mendes
Impressão GRAFISLAB – Packaging Solutions
Depósito Legal 534584/24
Local Funchal


Encantadas
