Posso apresentar-me? O meu nome é MOVIGEAR® performance
Sou o primeiro membro descentralizado da família MOVI-C ® e tenho vários recursos com elevado potencial. Confira por si mesmo!
O design do meu cárter é bastante compacto como eu sou composto por redutor, motor e eletrónica, não preciso de muito espaço. Além disso, peso até 50% menos do que as soluções de acionamento convencionais.
Poderá economizar energia e custos comigo graças à mais elevada classe de eficiência energética IE5, de acordo com IEC TS 60034-30-2, e à mais elevada classe de eficiência de sistema IES2, de acordo com IEC 61800-9-2.
Comigo, o comissionamento é simples e rápido - conecte e produza! A transmissão da chapa de caraterísticas eletrónica, assim como de vários sinais do motor para a eletrónica, ocorrem através da integração digital do motor, sem qualquer esforço adicional de instalação.
Sou ideal para aplicações de posicionamento desde a operação com controlo de velocidade, até ao posicionamento com o opcional encoder absoluto integrado, que conhece a sua posição mesmo após a falha de energia.
Comigo, o diagnóstico é simples e fiável, uma vez que posso fornecer informações sobre causas e medidas corretivas através da minha consola opcional, a qual também permite o arquivo de configurações para comparação futura. É uma alternativa local ao PC, rápida, simples e conveniente.
Pode-me integrar e operar de forma simples porque trabalho com todas as infraestruturas mais comuns baseadas em Ethernet, como PROFINET, EtherNet/IPTM, Modbus TCP, POWERLINK e EtherCAT® / SBusPLUS
Sou silencioso e trabalho muito bem, mesmo em áreas sensíveis, já que não preciso de ventilador e o meu nível de ruído é baixo. Possuo um design higiénico e uma versão opcional para aplicações em áreas húmidas.
A minha instalação é fácil e rápida e é possível em menos de 100 segundos! Também estou disponível com ligações exclusivas por conectores e a montagem no veio facilita a instalação mecânica.
Pode-me dimensionar de forma ótima e reduzir o número de variantes devido à minha elevada capacidade de sobrecarga, elevada gama de velocidades e binário constante em toda a gama de velocidade.
Sou particularmente indicado para transportadores horizontais, em diversos setores industriais, designadamente na logística, indústria alimentar e de bebidas, indústria automóvel e aeroportos. Questões?
Contacte-nos: 231 209 670 / infosew@sew-eurodrive.pt
07 18 24
Destaque . 04
Design, Criatividade e Inovação
Novos Designers . 07
O Design ao Serviço da Cerâmica
Yola Vale - 21 Anos com a Cerâmica Contemporânea Ana + Betânia, Quando a Escultura se faz Cerâmica
Formação . 09
Oficinas do Convento - Associação Cultural de Arte e Comunicação
Design . 13
Cerâmica na Primeira Pessoa
Secção Jurídica . 22
Regima Geral de Prevenção da Corrupção
Economia . 28
Exportações Mundiais de Produtos Cerâmicos em 2021
Arquitetura . 33
Can Ran Aqruitetura
Informação Diversa . 37
Brexit - Certif Estabelece Acirdo com CARFES para Atribuição de Marcação UKCA
Notícias & Informações . 39
Calendário de Eventos . 44Empreendedorismo . 15
Sobre a VICARA Barcelar - Pereira Design House
Propriedade e Edição
APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria NIF: 503904023
Direção, Administração, Redação, Publicidade e Edição Rua Coronel Veiga Simão, Edifício C 3025-307 Coimbra [t] +351 239 497 600 [f] +351 239 497 601 [e-mail] info@apicer.pt [internet] www.apicer.pt
Tiragem
500 exemplares
Diretor Marco Mussini
Editor e Coordenação
Albertina Sequeira [e-mail] keramica@apicer.pt
Conselho Editorial Albertina Sequeira, António Oliveira, Marco Mussini, Martim Chichorro e Susana Rodrigues
Capa Nuno Ruano
Índice de Anunciantes
CERTIF (Página
Conteúdos conforme o novo acordo ortográfico, salvo se os autores/colaboradores
Publicação Bimestral nº 377 . Ano XLVII . Julho . Agosto. 2022
Colaboradores
Albertina Sequeira, Ana Cruz, Ana Joáo Almeida, António Oliveira, Catarina Almada Negreiros, Daniel Bacelar Pereira, Filomena Girão, João Carqueijeiro, Maria de Betânia, Maria Von Hafe, Marta Frias Borges, Marta Frutuoso, Márcia Brilha, Melissa Vilar, Paulo Sellmayer, Rita Almada Negreiros e Yola Vale
Paginação Nuno Ruano
Impressão
Gráfica Almondina - Progresso e Vida; Empresa Tipográfica e Jornalística, Lda Rua da Gráfica Almondina, Zona Industrial de Torres Novas, Apartado 29 2350-909 Torres Novas [t] 249 830 130 [f] 249 830 139 [email] geral@grafica-almondina.com [internet] www.grafica-almondina.com
Distribuição
Gratuita aos associados e assinatura anual (6 números) ; Portugal €36,00 (IVA incluído); União Europeia €60,00; Resto da Europa €75,00; Fora da Europa €90,00
Versão On-line https://issuu.com/apicer-ceramicsportugal
Notas
Proibida a reprodução total ou parcial de textos sem citar a fonte.
Os artigos assinados veiculam as posições dos seus autores.
Esta edição vem acompanhada da revista Técnica n.º 16 Julho/Agosto 2022 (CTCV) Esta edição inclui um destacável sobre Descarbonização – “Eficiência Energética e do Processo / Energias Renováveis”
o autorizarem
Depósito legal nº 21079/88 Publicação Periódica inscrita na ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social] com o nº 122304 ISSN 0871 - 780X
Estatuto Editorial disponível em http://www.apicer.pt/apicer/keramica.php
Julho . Agosto . 2022 Index Editorial . 03 Novidades das Empresas Cerâmicas Portuguesas 15 31
Com a eleição dos novos membros dos Órgãos Sociais da APICER, compreender-se-á que este EDITORIAL não possa ter outro conteúdo que não seja o de felicitar os representantes eleitos, e desejar-lhes as maiores felicidades na condução dos setores da cerâmica e da cristalaria, à frente da Associação que os representa.
No contexto de exceção em que esta mudança decorre, não é difícil prever a dimensão dos problemas a enfrentar, mas é também esta dimensão que justifica o empenho da nova Direção em cuja competência confiamos, e em cujo sucesso acreditamos.
Mais uma vez se confirmará a velha máxima de que a seguir à tempestade vem a bonança, pelo que creio bem que o mandato dos novos Corpos Sociais assistirá a essa bonança!
De resto e o que me fica do mandato cessante a cuja Direção tive a honra de presidir, é o sentimento claro de ter cumprido a minha missão e ficar satisfeito comigo mesmo, ainda que plenamente convencido de que há muito a fazer, e de que a seguir virá quem consiga realizar mais e melhor.
Quero ainda agradecer a todos os membros dos Órgãos Sociais cessantes e nomeadamente a todos os membros da Direção com os quais trabalhei mais de perto e mais intensamente, a colaboração e apoio que deram à APICER e a mim pessoalmente, tendo em consideração que por todos eles passaram e continuarão a passar as mesmas dificuldades de tempo e as mesmas preocupações
que esconderam, sempre que foi precisa a sua presença. Foi desse tempo que tiraram, o tempo que lhes pedi.
De todos os Colaboradores da APICER tive os vários braços direitos e esquerdos de que muito precisei para ultrapassar obstáculos, vencer os períodos de desalento e vibrar com o cumprimento de metas e de resultados quando conseguidos.
Guardem esses braços, porque foi com eles que nos abraçamos.
Alargo ainda este agradecimento a todos e foram muitos, os amigos a quem recorri quando precisei, sejam eles do setor público ou privado, e dizer-lhes que a vossa ajuda foi preciosa, e por vezes o último recurso a que acedi, para ver resolvido um problema ou ficar esclarecida uma dúvida.
E há tantos amigos e entidades aos quais recorri!
Quase por fim, um cumprimento de afeto e carinho para as duas instituições que tive o prazer de acompanhar desde a sua nascença. Refiro-me ao CENCAL e ao CTCV como nossos parceiros privilegiados, aos quais sempre me juntei para conseguir mais força para os setores de cerâmica e cristalaria, e mais vigor para as respetivas empresas.
Por fim e para todos os associados, fica apenas o registo de que todos os excessos que tive para convosco, foram excessos de zelo, excessos de vontade de vos ver felizes e excessos de querer e crer, só possíveis porque me senti correspondido neste afeto.
Tudo isto foi tão rápido no tempo, tão forte nas emoções e tão rico na aprendizagem, que outra forma não tenho de vos juntar a todos num enorme abraço, com uma única palavra Obrigado.
Dr. José Luís Sequeira (Presidente da Direção da APICER)Destaque
DESIGN, CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO S.BERNARDO PERPÉTUA, PEREIRA & ALMEIDA, LDA por Marta Frutuoso e Márcia Brilha, Designers da Perpétua, Pereira & Almeida, LdaDesign, Criatividade e Inovação
A marca “S.Bernardo” foi criada e registada em 1985, pelas “Cerâmicas S.Bernardo, S.A”.
Atualmente fazem parte dos quadros da nossa empresa setenta funcionários e a nossa produção des tina-se quase exclusivamente a exportação. Exportamos para diferentes mercados tal como: Alemanha, Reino Unido, Dinamarca, Itália, França, Espanha e Dubai sen do os USA o país para o qual nós mais exportamos, 60 a 65% da nossa produção. Anualmente produzimos cerca de 100.000 peças.
A pedra angular de S.Bernardo, sempre foi e con tinua a ser, criatividade, inovação e design . A constante pesquisa e desenvolvimento de produto, explica facil mente quem somos.
Na S.Bernardo o cliente encontra uma grande di versidade de peças em faiança e em porcelana, tanto em formas como em acabamentos e decorações. Para além
das coleções desenvolvidas pela nossa equipa de desen volvimento também desenvolvemos projetos do cliente. Trabalhamos directamente com os clientes e com os seus designers para que cada projeto seja feito à sua medida.
A porcelana é um produto nobre dentro da cerâ mica. Iniciamos o nosso trabalho de pesquisa e desen volvimento com a porcelana há cerca de 15 anos e hoje em dia é uma das nossas maiores apostas como produto decorativo tendo sempre em conta a nobreza artística que tão bem a caracteriza. Cada peça é única e essa é uma das características que nos distingue.
A faiança é por sua vez uma pasta porosa de baixa temperatura, não tão nobre como a porcelana mas que trabalhamos de igual modo procurando diariamente acabamentos e formas únicas que nos tornam diferen ciadores de outras empresas.
A importância do desenvolvimento do produto e o lançamento de uma coleção
Julho . Agosto . 2022 O lançamento de uma nova coleção é o foco de qualquer designer que trabalhe na Indústria Cerâmica. Exige organização, trabalho de equipa, inovação, criati vidade e sagacidade para atingir os diferentes níveis de interdisciplinaridade presentes no design.O objetivo pri mordial é desempenhar um papel ativo e interventivo na indústria produtiva face à atual realidade do mercado.
O primeiro passo para o desenvolvimento de uma coleção passa pela escolha do tema porque a inspi ração chega de onde menos se espera!
Após iniciarmos um trabalho de pesquisa exaus tivo sobre a escolha do tema e todas as questões envol ventes, surgem os primeiros esboços que dão vida às formas, às texturas, às cores, às decorações, aos vidrados e à sua funcionalidade. As combinações de todos estes elementos, levam-nos a uma harmoniosa peça de design muitas vezes também considerada como peça única, em que o trabalho manual da nossa equipa é valorizado, sen do a nossa maior diferenciação.
Cada coleção é inspirada num elemento associa do ao tema. Nós designers, tentamos transpor para o ob jeto cerâmico o que cada elemento nos transmite e nos faz sentir inserindo-o no contexto da nossa empresa.
O desenvolvimento do produto é um trabalho apaixonante e tanto se pode dizer sobre ele…. Na nossa Indústria é um desafio e uma aprendizagem constante, porque o “corpo cerâmico” veste-se de inúmeros estilos. As vestes ou roupagens na cerâmica são trabalhadas de diferentes formas; os vidrados, os padrões gráficos, as texturas… as combinações dos materiais cerâmicos com as técnicas utilizadas dão “vida” às nossas peças. A nossa identidade está sempre presente em cada peça que faze mos, um pouco de nós, do que somos fica representado nela.
O início do dia é muitas vezes marcado pela aber tura dos fornos. A abertura de um forno é sempre uma surpresa para nós, uns dias pelos projetos concretizados, outros pela descoberta de diferentes efeitos com as mais variadas combinações de materiais que nos levam à ino vação.
A procura constante, o querer inovar em todas as àreas levou-nos às Tecnologias de Fabrico Aditivo para
podermos ir mais além na conceção dos nossos projetos e protótipos. Projetos esses que manualmente seriam de difícil execução e muito morosos são atualmente im pressos na nossa impressora com um rigor que não seria possível de outra forma.
Introdução do fabrico aditivo no processo de modelação tradicional
A gradual complexidade do mundo atual, face ao aumento da preocupação a nível ambiental torna natural a procura por soluções alternativas de produção por forma a conseguir ultrapassar os desafios a que hoje estamos sujeitos. Desafios esses que se foram agravando ao longo das últimas décadas relacionados não só com os bens que consumimos, mas também com a forma como os produzimos.
Perante estes desafios e pela atual exigência face à inovação, houve quase que uma obrigação de procura por novas abordagens criativas para a resolução destes
Destaque
mesmos problemas, e capacidade para conceber solu ções produtivas e sociais.
Esta inteligência produtiva e social é traduzida pela capacidade de resposta na conceção e apresentação de novos artigos no mercado, e como pretendemos ser uma alternativa ao mercado em que estamos inseridos, apresentamos soluções diferenciadoras e promovemos o desafio de uma transformação criativa permanente. Essa transformação criativa é conseguida através de uma disciplina criativa e transformadora de ideias e de con ceitos, o Design. Este encontra na Inovação a ferramen ta necessária para essa resolução, pois a Inovação como
processo de exploração dessas mesmas ideias, torna-se no principal condutor à conceção de novos produtos.
Neste contexto, tornou-se imperativo que o nos so produto, o objeto cerâmico, sofresse uma transfor mação no processo tradicional de conceção do mesmo. Sentimos necessidade de um complemento ao método tradicional de modelação de cerâmica. Esse foi possível com a introdução de novas tecnologias como a imple mentação da prototipagem rápida, e o desenvolvimento de produto com recurso a ferramentas digitais de dese nho CAD 3D, em que a conceção é iniciada através da modelação do protótipo em ficheiros digitais e expor tado para um formato próprio. Para a impressão 3D do objeto ou prototipagem rápida, adquirimos uma impres sora de tecnologia FDM (Fused Deposition Modeling).
A mesma contém um extrusor que aquece o fila mento termoplástico, PLA, que se move sob três eixos, em que o protótipo é produzido camada por camada (sli cing), de baixo para cima, de uma forma precisa.
Esta tecnologia permitiu-nos obter resultados mais rápidos em modelos mais complexos e orgânicos, e otimizar o tempo de produção do protótipo relativa mente ao método tradicional de modelação e passou a existir uma maior interação e personalização do objeto cerâmico.
Novos Designers
O DESIGN AO SERVIÇO DA CERÂMICA!
Por Melissa Vilar , Designer de Produto na SanindusaMelissa Vilar nasceu nos EUA, mas foi em Portugal que com a sua família decidiu viver.
Escolheu Aveiro como cidade, onde desenvolveu os seus estudos sempre na área do Design, tendo entrado para a Escola Superior de Arte e Design - ESAD de Matosinhos, em 1997 onde se formou em Design de produto.
“Foi uma escolha minha formar-me numa escola muito voltada para uma abordagem emocional do design” afirma.
Na ESAD explorou várias linguagens que a ajudaram a definir um estilo próprio uma identidade à qual tenta ser fiel em tudo o que faz.
Produtos com alma que transmitam emoções, que apelem aos sentidos.
O seu último projeto académico resultou na atribui ção do prémio “Jovem designer” promovido na altura pelo ICEP. Surgiu a primeira oportunidade de expor o seu traba lho no estrangeiro, mais precisamente no Japão. Experiência essa que considera inesquecível.
O seu contacto com a Indústria começa com o es tágio na Marinha Grande na empresa Canividro, para a rea
lização da peça premiada. Depois dá início à sua atividade profissional como Designer residente na empresa Sanindusa.
E aí começa o grande desafio, numa empresa que muito cedo percebeu a mais-valia de ter um gabinete de design interno a interagir diretamente com a produção. De senvolver um produto internamente permite ao designer ter desde cedo a perceção das condicionantes em todo o pro cesso.
Com o seu objetivo sempre em mente, criar produtos viáveis do ponto de vista económico, que provoquem emo ções, que surpreendam, que se destaquem por uma nova in terpretação da/s funcionalidade/s e que sejam esteticamente sedutores.
Produtos que permitam que uma empresa se dife rencie da concorrência e que sejam intemporais.
Não faz ideia de quantas peças já desenhou mas ga rante que já passou a barreira da centena há muito tempo. Alguns com uma vertente mais comercial, mas quase todos se destacam pela personalidade forte que possuem. Contri buindo assim para uma Sanindusa que se destaca e afirma como marca inovadora e de referência Nacional e Interna cional.
Uma das suas peças da qual se orgulha e que simbo liza esse fator emocional do design é o Lavatório Morfys, que participou no Manufacturers Awards from the Designer Ma gazine e foi premiado com um certificado de recomendação.
Este ano os prémios internacionais atribuídos a uma peça excepcional a sanita Sanlife texturada, são as mais re centes conquistas;
Reddot Award, German Design Award e Iconic Award 2022.
A aplicação de textura na superfície de uma sanita vai de encontro ao que pretende para os objetos, um conceito as sente exatamente na percepção dos nossos sentidos… a cor, a textura, a temperatura e o cheiro despertam os mesmos e
Novos Designers
facilmente fazem-nos recuperar memórias, imagens e expe riências vividas.
A sua superfície texturada com um padrão geométri co suave e ligeiramente aveludado revoluciona o tradicional acabamento vidrado.
Este reconhecimento não é só motivo de orgulho para a Sanindusa, é também de extrema importância para a Industria Cerâmica nacional.
Fomos o único projeto português cerâmico a estar exposto no Reddot em Meseum em Essen na Alemanha.
Como a cerâmica é uma matéria-prima complexa do ponto de vista produtivo, as dificuldades em inovar do pon to de vista formal, foram sempre ultrapassadas graças a uma equipa que nunca virou costas às contrariedades. A ligação entre o design e a produção é entusiasmante e desafiante.
As sinergias entre o que quer para um produto, os limites técnicos da própria matéria-prima, e toda a engenharia do produto resultam no grande desafio. Que hoje em dia não ficam por aqui...
O planeta exige um repensar na reutilização, recupe ração e reciclagem das matérias-primas, potenciar o reapro veitamento de resíduos industriais, através da orientação do design para a criação de novos produtos com as matérias-pri mas que são excluídas do processo produtivo.
Também vivemos um novo desafio da escassez de matérias-primas, pela desmesurável exploração dos recursos naturais. Encontrámos neste problema, a urgente necessida de de se projetar novas estratégias para os resíduos indus triais, que aumentem a atual percentagem de reaproveita mento permitindo aos designers explorarem novas soluções.
Garantir uma economia circular é realmente urgen te.
Portanto o sector tem que desenvolver propostas com soluções inovadoras na poupança de água e reintegra ção da mesma. Respostas integradas entre a água e os resí duos tecnologicamente avançadas, temos que ter produtos com mais vida útil, compostos de matérias recicladas que tragam benefícios para o planeta e para a vida das pessoas.
E é nisso que estamos a trabalhar. Queremos produ tos mais inteligentes com uma vertente centrada na saúde do utilizador e que não prejudiquem o planeta. A nossa Indústria felizmente tem vindo a crescer em notoriedade alavancada pela qualidade e design dos produtos nacionais, pela situação geográfica por uma boa relação qualidade-preço mas ainda temos muito trabalho pela frente quando nos comparamos com mercados como o Italiano, pelo fator Marca/Qualidade.
Cultivar a marca é neste momento uma prioridade e por isso a sua atividade não se concentra só no desenvolvi mento de produtos. Atualmente também é responsável pelo novo rebranding da imagem da empresa em feiras nacionais e internacionais imagem essa que também se reflete nos sho wrooms renovados por todo o país.
O objetivo desta mudança prende-se na análise das formas de consumir, nos desejos, expectativas e causas que se vão transformando e influenciando por uma infinidade de fatores nos consumidores.
Temos que estar cada vez mais próximos das pessoas e por isso a aposta em ambientes acolhedores, humanizados, com elementos como plantas, iluminação decorativa, cores, padrões e objetos decorativos são uma tendência.
Ao longo de 20 anos de profissão pode-se orgulhar de fazer o que mais gosta, o melhor que sabe dando sempre o máximo de si em cada projeto.
Formação
BREVE APRESENTAÇÃO
A Oficinas do Convento (1996) nasce da cedên cia do Convento de São Francisco de Montemor-o-Novo a uma comunidade de artistas que formalizam a asso ciação com a missão de reabilitar o espaço do convento para viabilizar a concretização de ideias e projetos.
Desde a sua criação que a Oficinas do Conven to opera no âmbito das Artes Plásticas, com uma clara preocupação em repensar as condicionantes do lugar, para os converter em mais-valias culturais para o habi tante da cidade. A aproximação aos agentes culturais e artistas locais permitiu à Oficinas do Convento expandir o seu raio de ação. A ação destes estrutura-se em torno dos objectivos fundadores da Associação: Divulgação, Promoção, Produção e Formação no domínio das tecno logias ligadas à Arte Contemporânea. Ao mesmo tempo, as questões relacionadas com o património cultural e arquitectónico são reflectidas e ponderadas a partir de discussões associadas à criação artística contemporânea.
A OC é uma importante escola do fazer através da prática, do contacto com o Lugar e da experimentação, ao promover a incubação de ideias, de pessoas e colectivos (nacionais e internacionais) que actuam do Lugar para o Global e do Global para o Lugar. Esta partilha e transmissão de saber permite a formação de novas identidades que, não raras vezes, geram entidades autónomas que se expandem de forma radicular e complementar, dispersando por todo o território nacional novas inquietudes e dialéticas. A partir das várias modalidades de utilização dos espaços foram criados novos empregos.
Várias pessoas que frequentaram actividades vieram a constituir a sua própria carreira artística e actualmente produzem e vendem os seus trabalhos e formação a outros.
Julho . Agosto . 2022 Formação . Kéramica . p.9 Desta forma de trabalhar e de se relacionar com as pessoas e as equipas, nasce a certeza de que a Oficinas do Convento tem contribuído e continua a contribuir para a sedimentação de massa crítica neste território. Tanto através das oportunidades e condições que a As sociação vai proporcionando, como através da aceitação
por Ana João Almeida, Responsável pelo Centro de Investigação Cerâmica, Oficinas do Convento
OFICINAS DO CONVENTO –ASSOCIAÇÃO CULTURAL DE ARTE E COMUNICAÇÃO
Formação
de propostas de desenvolvimento de atividades e de in vestigação em continuidade.
RESIDÊNCIAS ARTÍSTICAS
As Residências Artísticas têm como objectivo o desenvolvimento de projectos artísticos durante um determinado período do tempo, que permita a criação de um trabalho inovador a partir do contexto em que é realizado. Estas acontecem tanto através de processos de candidatura como a partir de projectos auto-propos tos. A Associação dá apoio a artistas de diferentes áreas e geografias, que aqui encontram laboratórios e espaços de criação para desenvolverem o seu trabalho. Todas as residências artísticas têm momentos de abertura ao pú blico em geral, e de partilha com a comunidade local.
O objectivo desta actividade é acolher artistas ou coletivos que necessitem de espaço de criação onde possam ter o seu próprio atelier, apetrechado do equi pamento que necessitam, espaço de dormida e onde
cozinhar as suas refeições. Existem inúmeros projectos com poucos apoios financeiros e que necessitam destes recursos para poderem alavancar as suas criações. A Ofi cinas do Convento enquanto estrutura de criação/pro gramação, sente como sua missão prestar este apoio aos artistas nos períodos de menor programação planeada pela Associação, podendo estes beneficiar dos recursos que não estão ocupados no momento.
Com esta abertura beneficiam os artistas que en contram uma casa onde criar com todas as condições, a comunidade de Montemor-o-Novo, a quem é oferecido um momento aberto ao público e a Oficinas do Con vento que beneficia de mais criação artística nos seus espaços e eventualmente novas parcerias com coletivos artísticos nacionais e internacionais.
Mestre Mafalda Rosáriono apoio a Residência Artística, Telheiro da Encosta do Castelo Cozedura de Grés de Sal, Telheiro da Encosta do Castelo Virgínia Co-fundadora da Associação Oficinas do ConventoFORMAÇÕES
Desde 1997 que a Oficinas do Convento privi legia acções de formação e troca de experiências que resolvam lacunas a nível nacional e se traduzam numa mais-valia para os participantes. Estas acções permitem reforçar e consolidar a produção artística contemporâ nea nacional, promovendo processos de aprendizagem para novos artistas e, simultaneamente, promovendo a divulgação do trabalho de profissionais experientes.
Para além das formações pontuais, divulgadas ao longo do ano, que acontecem nas Oficinas da Cerâmica e da Terra, como o Ciclo de Cerâmica, é possível realizar oficinas por marcação, como o Atelier Livre e as oficinas personalizadas Mãos no Barro. Estas oficinas são dirigi das tanto a curiosos e interessados como a profissionais e investigadores. Cada técnica é explorada com maior ou menor profundidade segundo os interesses de cada um.
A cerâmica é uma combinação de espontaneida de e saber técnico e esta confluência é altamente estimu lante para os participantes e benéfica para a sua saúde mental, como tem sido frequentemente testemunhado por vários participantes.
OFICINAS DA CERÂMICA E DA TERRA
A OC gere desde a sua fundação o Telheiro da Encosta do Castelo [TEC], um espaço resgatado da ruí na nos anos 90. Em 2015 consolidou-se o projecto de preservação, reactivação e inovação das artes da terra, água e fogo, criando-se dois novos espaços: o Labora tório de Terra, no mesmo conjunto construído do TEC e o Centro de Investigação Cerâmica , reabilitando os lavadouros municipais abandonados. Os 3 espaços espe cializados configuram o polo Oficinas da Cerâmica e da Terra [OCT].
As Oficinas da Cerâmica e da Terra desenvolvem assim a sua actividade em três espaços distintos e com plementares: o Centro de Investigação Cerâmica, o Te lheiro da Encosta do Castelo e o Laboratório de Terra.
O Centro de Investigação Cerâmica disponibiliza a sua estrutura, recursos e equipamentos para a realiza ção de Residências Artísticas nos campos da Escultura, Cerâmica e Design, ao longo das quais se pretende que as técnicas e materiais de construção artesanal, em rela ção com o lugar, sirvam de base para o desenvolvimento de projectos artísticos. O espaço acolhe também proces sos de formação artística, workshops e oficinas experi mentais assim como exposições de trabalhos ali desen volvidos e momentos de reflexão. A dimensão artística
cimentada no Centro de Investigação Cerâmica permite complementar a produção artesanal com propostas ino vadoras também ao nível do mercado de compra, a partir da investigação e produção de peças não padronizadas de design, construção e decoração.
O Laboratório de Terra dedica-se à investigação contínua das técnicas de construção tradicional procu rando preservar a cultura construtiva local, em especial no campo da arquitectura em terra crua. Desenvolvem -se com base nesse trabalho novas aplicações para essas técnicas procurando uma adequação às novas exigências da arquitectura contemporânea. A terra é um material amplamente disponível, no entanto é necessário um profundo conhecimento das suas características especí ficas, que variam de local para local, para melhor poder tirar partido das suas valências.
O Telheiro da Encosta do Castelo iniciou a sua actividade com a produção artesanal de materiais de construção tradicionais, como o tijolo burro e a tijoleira. Utilizando formas de madeira, a produção é feita na eira,
Curso de Cerâmica Centro de Investigação Cerâmica Cozedura em forno eléctrico, Centro de Investigação CerâmicaFormação
a céu aberto, durante o período de Março a Outubro, época que permite a secagem ao sol e a cozida em fornos de “tiro directo” a lenha. Este processo, absolutamente artesanal, permite responder a encomendas específicas, ao nível do tamanho e da forma.
No Inverno o Telheiro dedica-se à produção de materiais cerâmicos decorativos, como vidrados e en gobes, para pavimentos e revestimentos de interiores e exteriores. O design destes produtos resulta do levan tamento e investigação em torno dos motivos da arte e da arquitectura tradicional. Os padrões produzidos inspiram-se nos alicatados, enxaquetados, ladrilhos de influência medieval e nos elementos decorativos identi ficadores da arquitectura da região.
Também no Telheiro da Encosta do Castelo pre paramos manualmente pastas cerâmicas a partir de re ceitas da casa, valorizando a matéria-prima local, como o barro de Vendas Novas. De produção artesanal e com matérias-primas maioritariamente locais, as pastas cerâ micas produzidas nas Oficinas da Cerâmica e da Terra apresentam características adequadas a diferentes tipos de modelação e cozeduras. As receitas das nossas pastas, melhoradas ao longo de vários anos, resultam em mate riais cerâmicos amplamente utilizados, tanto no fabrico de materiais de construção como na modelação e escul tura. Fazemos pastas de baixa e de alta temperatura, com diferentes granulometrias, que apresentam um bom de sempenho na olaria e na escultura de pequena, média e larga escala.
Este espaço acolhe ainda outras atividades como residências artísticas, formações e exposições, entre ou tros, funcionando também como um pólo de investiga ção artística e produção escultórica. Nos mesmos fornos
de lenha onde o tijolo e a tijoleira são cozidos, inclui-se a cozedura de escultura cerâmica; salienta-se ainda a exis tência de um forno de Grés de Sal. Outros tipos de coze duras cerâmicas são possíveis de se realizar no Telheiro da Encosta do Castelo; entre fornos a lenha de diferentes dimensões e temperaturas, campânulas e muflas a gás para Raku e fornos eléctricos, o espaço oferece-nos a possibilidade de realizar queimas alternativas ou tradi cionais, como a soenga, o forno de papel, de serradura e de buraco, entre outros.
Forno de papel, Centro de Investigação Cerâmica Telheiro da Encosta do Castelo Julho . Agosto . 2022p.12 . Kéramica . Formação Processo de modelação de tijoleira, Telheiro da Encosta do CasteloCERÂMICA NA PRIMEIRA PESSOA
Por João Carqueijeiro, Ceramista/Escultor e ProfessorIniciei a minha atividade artística na área da ce râmica nos anos 80, partindo de um Curso Superior de Desenho e motivado pelo enorme potencial plástico e expressivo da matéria argilosa, por conter todos os refe renciais da linguagem plástica: a linha, o volume, a tex tura e a cor. Inicialmente concentrei-me na procura de formação, na investigação e na experimentação.
Posteriormente, a descoberta das altas tempe raturas, bem como das ardósias fundidas e expandidas, associadas às diferentes pastas de cor (pela adição de óxi dos metálicos) tornaram-se cada vez mais indispensáveis
no meu trabalho artístico. Desde logo, traduziram-se na materialização de características telúricas, mais naturais e orgânicas, que estes processos imprimiram às minhas obras. Assim, o meu trabalho adquiriu um carácter me nos representativo e mais imperativo. Os resultados ob tidos correspondiam ao que me interessa na escultura Cerâmica – “a transformação da terra informe em Obra, pela ação de disciplinar o indisciplinável – o fogo (…), sem reclamar a representação de nada!”
No desenvolvimento do meu trabalho como ce ramista, é de referir a criação de Murais Cerâmicos, quer para espaços interiores, quer para espaços exteriores. Neste âmbito, surgem outras preocupações, nomeada mente questões de integração da obra no espaço arqui tetónico envolvente, de modo a potenciar um diálogo com todos os interlocutores – quem encomenda a obra, o(s) arquiteto(s), quem usufrui dos espaços e o artista.
O Mural Cerâmico para o exterior do Crowne Plaza Hotel em Vilamoura, no Algarve, realizado em 2010, utilizando pastas refratárias pigmentadas, com óxidos de ferro, de cobalto, de cobre e crómio, numa queima de 1200º C, nas dimensões de 75 cm x 10.000 cm x 5 cm, é um exemplo do que acaba de ser referido. Este Mural foi executado por módulos, com diferentes planos
Design
que se sobrepõem e que vão desde os azuis e verdes re frescantes do mar e dos horizontes, aos tons da areia das praias algarvias e da terra aquecida pelo sol e pelos ven tos do Norte de África que chegam ao sul de Portugal.
Em 2011, realizei o Mural Cerâmico modular tridimensional, em pasta refratária e vidrada, para a en trada principal do edifício do Fórum da Bienal de Vila Nova de Cerveira, que separa dois espaços diferentes, nas dimensões de 300 cm x 1000 cm x 35 cm, caracteri zado pelo “rendilhado” dos módulos, o qual lhe confere transparência e permite a projeção da luz e da sombra em ambos os lados do Mural.
Em 2017, para o Jardim exterior do Museu de Santa Joana, em Aveiro, realizei a Instalação “Encontros Improváveis”. Com esta obra, aceitei um outro desafio –dos lugares de culto a minha obra passou aos espaços de convivialidade comum, isto é, transpôs os espaços fecha dos, do intimismo mais austero dos museus, passando a habitar os espaços abertos do jardim público. As diferen tes peças que compõem esta instalação foram modeladas com pastas refratárias, com óxidos incorporados, bem como ardósia expandida.
Para além das minhas participações em diversos Encontros e Simpósios Nacionais e Internacionais de Cerâmica, como em Portugal, em Espanha, no Japão, na Tunísia, no Egipto e na Turquia, tenho colaborado ainda nas Bienais Internacionais de Cerâmica de Aveiro, como membro e presidente de júri, ou como curador, bem como artista convidado, participando regularmente nas Bienais de Gaia e de Cerveira.
O gosto e a motivação para o ensino da Cerâmica têm estado presentes em todo o meu percurso profis sional, quer como formador, na formação contínua de professores, quer no âmbito da formação profissional e na realização e orientação de diversos Workshops em Portugal e no estrangeiro.
A minha produção cerâmica decorre no meu Ate lier, que se situa na Rua Vasco Santana, n.º 70, Sr.ª da Hora. É aí que também realizo e promovo Workshops nas diferentes vertentes da Cerâmica (Roda de Oleiro, Modelação de Esculturas, Vidrados e Engobes, ou mes mo de Raku), para além da lecionação de Cursos Livres de Cerâmica.
Encontros Improváveis-Aveiro . Fotografia de João Ferreira Leal. Mural Forum Bienal Cerveira Julho . Agosto . 2022p.14 . Kéramica . Design Fotografia de João Ferreira Leal.SOBRE A VICARA
por Paulo Sellmayer e Maria Von HafeA Vicara nasceu oficialmente em 2011. Paulo Sellma yer, Fábio Afonso e, mais tarde João Marcão - designers, ami gos e colegas de curso -, conversaram sobre a ideia de criar uma editora, que não só produzisse os projetos que estes ti nham desenvolvido para a conclusão de mestrado em Design de Produto, na Escola Superior de Arte e Design de Caldas da Rainha, como também pudesse servir de plataforma para que os seus colegas recém-formados fizessem o mesmo. Hoje, a Vicara identifica-se como um estúdio cria tivo, sediado em Caldas da Rainha, e especializado em de sign de produto. A nossa equipa é hoje composta por Paulo Sellmayer (Direção Criativa), Tânia Martins (Design Gráfico), Kevin Branco (Logística), e Maria von Hafe (Comunicação e Programação). Para além de responder a necessidades de empresas nesta área disciplinar (por exemplo na criação de novos produtos ou materiais), também está envolvida em parcerias culturais - das quais é exemplo maior as residências artísticas que têm sido desenvolvidas em Viana do Alente jo. Para além disso, o estúdio detém duas marcas: a marca homónima, que apresenta um catálogo de peças exclusivas produzidas em cerâmica, vidro, madeira ou cestaria, e que tem como fio condutor o desenho e produção nacionais; e a Tasco, uma marca de louça em barro vermelho, inspirada no vernáculo da cerâmica artesanal portuguesa e na sua cultura gastronómica.
Nos últimos anos, temos vindo a apresentar os nos sos produtos nas principais feiras comerciais da Europa, mas também estamos concentrados em trabalhar em proximida de dentro da nossa rede local de designers, clientes e fabrican tes. Para além do showroom da Vicara, assim como através da nossa loja online, também vendemos os nossos produtos numa rede selecionada de mais de 50 retalhistas em mais de 15 países espalhados pelo mundo. Como estúdio, temos tra balhado com várias empresas, incluindo a Viarco, Fundação Oriente, Quinta Várzea da Pedra, Cencal, MAAT - Museu de
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Arte, Arquitectura e Tecnologia, Sovina Beer e Amorim Wise, e colaboramos regularmente com instituições, como a Passa Ao Futuro, Portugal Manual e Loulé Criativo.
Na Vicara há uma força impulsionadora central: a construção de um ecossistema de design sustentável. Que remos valorizar e dar continuidade a um saber manual e tra dicional, aprendendo e integrando técnicas artesanais que estão em vias de se perder, ao mesmo tempo que servimos de plataforma para que as jovens vozes do design português mostrem ideias inovadoras e divergentes. Acreditamos que um modelo de desenvolvimento sustentável só pode nas cer do ciclo que existe entre designers, indústria/artesãos e consumidores, e orgulhamo-nos de ser o elo de ligação que o possibilita.
Sobre a Tasco
A Tasco, como dito anteriormente, é uma das marcas de design de produto da Vicara. Incorpora um dos aspectos fundamentais da cultura gastronómica portuguesa: a dura vida de tasqueiro. Num tom ligeiramente reacionário àquilo que é o fenómeno da gentrificação em Portugal, e numa ten tativa de valorizar uma tradição nacional, nasce a marca Tas co, como um protesto sobre quem somos e como comemos.
No Tasco, a memória distante dos lugares vernacula res e sabedoria popular percorre o trabalho de um conjunto de designers que afirma uma identidade portuguesa deslo cada por causa da imigração, dos semestres de Erasmus, dos tascos gourmet e turismo pret-a-pôrter. Apesar de sermos uma geração viajada e cosmopolita, ainda nos lembramos que
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a comida servida em barro vermelho sabe melhor, e que no tasco da província ainda habita a sabedoria popular e o copo cheio. Sabemos que desde a caçarola para o bitoque, à panela do arroz de marisco, passando pela azeitoneira e até à malga para o caldo verde, sem esquecer a travessa de sardinhas e o jarro do vinho, a gastronomia portuguesa tradicional da pro víncia é marcada pelo uso de peças em cerâmica artesanal. Partindo da vontade de honrar essa componente da cultura portuguesa, convidámos vários designers a desenharem pe ças que cruzassem a sua própria identidade com a da marca e do contexto apresentado. A diversidade de linguagens dos produtos que integram a coleção Tasco é possivelmente fru to do facto de cada designer convidado ser proveniente de uma zona diferente do país, que tem inevitavelmente tradi ções e peças ligeiramente distintas.
De resto, todo o imaginário da Tasco está fundado na loiça de barro branco ou vermelho, feitas e/ou decoradas à mão, que homenageiam essa cultura gastronómica. Peças utilitárias, como copos, pratos e taças, que podem servir as comidas e as bebidas de restaurantes, tascos e casas de pes soas não só em Portugal, mas no mundo inteiro.
Sobre a Tasco em Viana Tasco em Viana é uma das coleções da Tasco, que surge como fruto da residência artística homónima, que acontece, desde 2021, anualmente em Viana do Alentejo. Esta residência, concebida pela Vicara, conta com um apoio sustentado da Câmara Municipal de Viana do Alentejo, e convida designers e ilustradores portugueses a, respetiva mente, desenharem novos objetos, e intervirem em peças de barro vermelho tradicionais do município. Na sua segunda edição - que aconteceu este verão - a residência desenrolou -se ao longo de duas semanas: a primeira, focada na criação de novas formas em olaria, propôs aos designers que desen volvessem objetos inovadores utilizando a técnica artesanal; e, na segunda semana, os ilustradores tiveram oportunidade de intervir em chávenas, bases de colheres, vasos e jarros, ex perimentando, entre outros materiais, uma nova barra cerâ mica da Viarco.
Este projecto convida à atualização da técnica da olaria, colocando-a nas mãos de jovens designers e ilustrado res, que são convidados a darem asas à sua liberdade criativa numa técnica tradicional da cultura portuguesa. Este tipo de residência artística - que materializa e concretiza tantas das convicções da Vicara - permite o cruzamento de visões e técnicas entre culturas e gerações distintas, e estabelece rela ções territoriais, humanas e artísticas entre os diversos inter venientes. Desta forma, e servindo de elo de ligação entre os vários agentes, permitimos que diferentes visões e experiên cias sejam justapostas, e que tal enriqueça a cultura tradicio nal portuguesa ao mesmo tempo que lhe dá continuidade.
Um dos objetivos da residência é o de criar produtos para garantir a sustentabilidade e continuidade da atividade dos artesãos. Todas as peças que são selecionadas para serem posteriormente reproduzidas e integrarem a coleção da Tas co, são depois concretizadas pelos oleiros Feliciano Agosti nho, e pintadas por Rosa Baptista, nas suas oficinas em Viana do Alentejo.
O Lugar que Ocupamos
Entre a disciplina de Design e a Indústria, o desig ner pode ter dois papéis: o de mediador ou o de autor. Por um lado, pode escolher focar-se em alcançar os objetivos de uma empresa (comerciais e produtivos); por outro, pode es colher impor a sua sensibilidade e consciência estética num propósito pessoal, e utilizar-se da indústria apenas como fabricante de uma ideia. Pensamos que, de uma forma ge ral, há demasiada pressão na rápida produção, pois há uma tendência de agir reactivamente às pressões do mercado. O efeito deste fenómeno é que passa a haver pouco espaço para desenvolver produtos que superem os desígnios anteriores. Temos uma indústria focada na marca branca, na produção para terceiros, sem capitalização financeira ou humana para
poder investir na criação de uma marca própria sustentada. Ao mesmo tempo, existe uma classe profissional de desig ners pouco habituada a desenvolver produtos em contextos de exigência internacional. Uma está ligada à outra, como a boca ao rabo da pescadinha.
Assim, o artesão surge como panaceia de algumas destas dificuldades de permeabilidade. Isto é porque tem flexibilidade nos tempos de produção, disponibilidade para receber novas ideias, e aceita o erro da manualidade como evidência do processo. Havendo em Portugal uma grande tradição e experiência na produção manual, temos aqui o contexto - técnico e cultural - ideal para desenvolver uma identidade enraizada no território.
Um aspecto particularmente interessante que obser vámos à medida que fomos traçando este percurso, é de que os designers começaram a recorrer a determinadas técnicas que poderiam desenvolver por eles próprios. Isto surge, efe tivamente, como um mecanismo de autonomia. Na relação de poderes entre o que pode ser feito e por quem, o vidro e a cerâmica oferecem maior liberdade ao designer, dotando-o de agência e separando-o das exigências constrangedoras da indústria. É de realçar em particular a cerâmica, que se dis tingue pela manualidade e capacidade de ser integrada nas práticas individuais de cada designer.
É, de facto, possível compreender a maior proximi dade que se estabeleceu entre os criadores e a sua audiência, havendo cada vez menos necessidade de intermediários. No entanto, existe também uma dificuldade crescente da indús tria em acompanhar a espontaneidade com que movimen tos estéticos e comerciais se movem. A Vicara tem operado neste lugar de ligação, concebendo momentos de criação contextualizados, residências artísticas e workshops, onde a criatividade é aplicada de uma forma sistemática e intensiva, trazendo as relações entre local e técnica, matéria e forma, identidade e conteúdo, para o centro das coleções.
Julho . Agosto . 2022 Empreendedorismo . Kéramica . p.17 Empreendedorismo
Expositor da Vicara na feira Ambiente, em Frankfurt, em 2020. Fotografia de Paulo Sellmayer, 2020 Paulo Sellmayer e João Marcão no escritório da Vicara em Leiria. Fotografia de Ricardo Graça 2019 Produtos da Tasco na mesa do Restaurante Adega do Albertino, em Caldas da Rainha. Fotografia de Anita Gonçalves, 2021Novos Designers
YOLA VALE: 21 ANOS COM A CERÂMICA CONTEMPORÂNEA
por Yola Vale, Artista Plástica | CeramistaÉ de sempre a minha relação com o mundo artístico. Na companhia da mãe pintora, é ainda muito cedo que começo a frequentar inaugurações e exposições, a visitar museus, a assistir a bailados e a peças de teatro. Terei começado a fazê-lo sem ter completado um ano de vida, ainda longe de suspeitar que essas vivências viriam a traçar o meu futuro profissional.
No entanto, será o liceu a proporcionar-me o primeiro contacto com a cerâmica na disciplina de Expressão Artística. Nessa altura, aguardava com ansiedade aquelas três horas semanais que se transformavam em descoberta e felicidade, onde o tempo ficava em suspenso e uma criatividade irreflectida
fluía sem restrições. A modelação, os vidrados, a magia do fogo no forno eram para mim uma fascinante alegria.
Licenciei-me em escultura pela Universidade de Artes de Coimbra em 1999 e nesse mesmo ano rumei a Cabo Verde para lecionar as disciplinas de Desenho e de Geometria Descritiva, aproveitando a oportunidade para tomar contacto com a realidade artística das ilhas. Dois anos volvidos e com a experiência acumulada, regresso a Portugal e monto atelier em Proença-a-Nova, no interior centro do país. Desde então — há vinte e um anos — que me dedico, praticamente em exclusivo, à cerâmica contemporânea.
O trabalho criativo é o meu foco principal, mas em simultâneo tenho sido, por diversas vezes, promotora de workshops e cursos de cerâmica, dedicando especial atenção à técnica do Rakù. Iniciativas destinadas tanto a iniciantes como a ceramistas experientes, abrangendo a modelação, os murais cerâmicos e outras componentes da criação cerâmica artística, e que já tiveram lugar no Museu Cargaleiro em Castelo Branco, no Museu de Santa Joana em Aveiro ou no Centro Cultural São Lourenço em Almancil, apenas para citar alguns exemplos. No seguimento destas iniciativas, iniciei em 2022 uma série de sessões periódicas de Rakù, abertas ao público em geral, a que chamei Encontros de Rakù
É também desde muito cedo que as viagens formam parte do meu quotidiano. Se, naturalmente a princípio, de forma lúdica e descomprometida, com a vida adulta elas tomam um carácter profissional, fazendo inclusive parte do meu percurso artístico. Pese embora toda a obra nascer na solidão do atelier — num processo de elaboração, projeção, de teste e construção —, é muitas vezes no contacto com outros artistas e outras formas de arte e de pensamento, no encontro com outros povos e outras latitudes, com a experiência
Valeadquirida na procura do desconhecido, na necessidade de evasão; que surge o processo criativo.
Desta forma, participo com frequência em simpósios e bienais internacionais de cerâmica — dos quais destaco em 2006 o V Simpósio d’Arte Tierra, Musica y Poesia Puerto Principe, em Camaguey, Cuba, e mais recentemente, em 2018, o VI International Ceramic Symposium Baikal CeramYistica , na ilha de Olkhon, na Sibéria Russa —, tendo sido distinguida em algumas ocasiões, como aconteceu em 2009 na Ulsen International Onggie Competition , na Coreia do Sul, onde me foi atribuído o Gold Prize. Mais recentemente, em 2017, foi-me atribuído o 3º Prémio na XIII Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro, bem como o 1º Prémio de Aquisição — Tapeçarias Ferreira de Sá, na IV Bienal Internacional Mulheres d’Artes do FACE — Museu Municipal de Espinho. Também em 2007, a convite da Fundación Ignéry — Arte y Arqueologia da República Dominicana, realizei a minha primeira
residência artística fora de Portugal, por um período de 3 meses e que culminou numa exposição individual no Museu de Cerâmica Contemporânea de Santo Domingo
Todos estes encontros são momentos de conhecimento e oportunidades de questionar não só o meu trabalho, como o meu lugar no mundo enquanto artista, enquanto ceramista e enquanto mulher.
Uma das maiores honras no meu percurso artístico chegou em 2019 com a integração na restrita lista de membros da AIC — Academia Internacional de Cerâmica, com sede em Genebra, na Suíça.
A Academia é actualmente a única associação da área que actua a nível internacional. Reúne ceramistas, artistas, designers, escritores colecionadores, galeristas, curadores, restauradores e um vasto painel de instituições de prestígio. É graças ao trabalho da AIC que os seus membros são regularmente convidados a participar em congressos, residências artísticas e publicações, bem como em júris de exposições de concursos internacionais. Enquanto novo membro da Academia, tive o prazer de participar na exposição New Members’ Exhibition and International Ceramic Art Seminar no Guozhong Ceramic Art Museum de Pequim, na China.
Ao longo destes vinte e um anos de dedicação à cerâmica contemporânea, tive a oportunidade de ver o meu trabalho exposto além-fronteiras, em países tão diversos como Espanha, Bélgica, Roménia, Coreia do Sul, Cuba, República Dominicana, China e Rússia. Em Portugal, encontro-me representada no Museu Cargaleiro/Colecção da Fundação Manuel Cargaleiro.
Ao longo de todos estes anos, pese embora todas as iniciativas para expandir o meu conhecimento, todos os cursos e formações, todas as técnicas e materiais (ora demasiado frios, rígidos ou ausentes de subtiliza), nunca nenhum outro material se adaptou tão plenamente às minhas mãos e às características que procuro no meu trabalho como a pasta cerâmica. Só ela permitia o desfecho criativo que imagino. É desta forma que me especializo em Rakù, a técnica japonesa descoberta no século XVI pela família que lhe dá nome. A técnica de Rakù está intrinsecamente associada à cerimónia do chá e ao budismo zen. Existe algo de místico e sagrado no trabalhar desta técnica ancestral. Com ela crio pequenos objectos, esculturas e murais. E é com ela que orgulhosamente vejo a minha obra representada no livro 500 Rakù — Bold Explorations of a Dynamic Ceramic Technique , da Lark Books, Nova Iorque.
Novos DesignersNovos Designers
2013 marca uma mudança significativa na estética e na filosofia do meu trabalho, com a elaboração de uma série de murais de grande formato, a que chamei Fragmentos Suspensos
Excluindo os registos figurativos e pondo de parte os formatos tradicionais dos painéis cerâmicos, crio superfícies orgânicas e geometrizadas, elaboro formas simples, organizo-as em sequências modulares com sensibilidade e ritmo próprio, crio vazios inesperados, rasgo e fragmento a matéria, definindo uma nova linguagem no modo de fazer e entender a cerâmica.
A concepção e a reunião paciente de pequenas peças que recordam modos tradicionais de cobertura de espaços, ou certos elementos da natureza, resultam em painéis de forte impacto visual que parecem ganhar vida própria e dominar o espaço, superando, com coragem e de forma arrojada, os limites dos suportes. Deste modo, cada painel surpreende o observador e converte-se numa aventura de emoções, quer seja visto através de um olhar simples e despretensioso, quer seja analisado pela perceção dos diversos cambiantes que adquire com diferentes ângulos de iluminação, ou ainda também pela utilização sóbria da cor, a intensidade de contrastes, alternando com discretos apontamentos de ouro.
Nesta série de murais fragmentados - suspensos por delicados fios - exploro os limites da cerâmica, remetendo-nos para o universo da tapeçaria ou da armadura oriental, num constante equilíbrio entre a fragilidade dos fragmentos e a robustez do material.
O meu trabalho é o resultado das minhas vivências; é a soma do meu dia-a-dia, das viagens que realizo, da visão que trago do mundo, das pessoas com que me cruzo, dos livros que leio…
A mensagem por detrás de cada peça, de cada mural, assenta nas minhas preocupações enquanto ser humano.
Vivemos tempos incertos, conturbados, onde a empatia e o respeito pelo outro são cada vez mais raros. Onde a igualdade, a inclusão e a justiça social parecem cada vez mais distantes.
Preocupa-me a guerra, a crise de refugiados — que tem levado às maiores migrações a que temos assistido nas últimas décadas, e às quais o mundo parece assistir com apatia e indiferença.
Preocupa-me o racismo!
Preocupa-me a forma como destratamos o planeta — das alterações climáticas à extinção das espécies.
Não sou política nem activista ambiental. Sou artista! E acredito caber-nos a nós, artistas, questionar, reflectir, pôr o dedo na ferida. Lutamos por um mundo melhor, lutamos contra o esquecimento, agitamos consciências.
A minha voz e os meus gritos de revolta, podem ser vistos e sentidos em obras como: “Long Walk to Freedom” ,“No More Walls”, “MIGRATIONS: The Path of Hope”, “LOST” e em “Pele da Terra” .
Em 2017 vi superado um novo desafio na minha carreira. Até à data, toda a minha obra era pensada e concebida para o espaço interior (quer ele fosse público ou privado). Nesse ano — e a convite do Município de Proença-a-Nova — realizei a primeira intervenção artística no espaço público a título individual. O programa, que passava pela revitalização de uma escadaria numa zona degradada da vila, permitiu dar nova vida a uma zona outrora devoluta. A essa obra chamei “ENTRE O CÉU E A TERRA”
Dois anos depois, um novo desafio permitiu realizar uma segunda intervenção artística, desta feita, num antigo chafariz/rotunda, ele também, degradado e sem qualquer atributo estético. Uma intervenção composta por mais de 2000 módulos tridimensionais
Guardia da àgua _ Intervenção artística_Rotunda da Fonte das 3 Bicas_ Proença-a-Nova (1)em cerâmica e por uma escultura em betão branco. A complexidade desta obra — quer pela sua dimensão, quer pelo equipamento necessário à sua execução — permitiu, pela primeira vez, uma parceria com a indústria.
A empresa PROCERAMICA, com sede também em Proença-a-Nova, colaborou neste projecto durante cerca de 3 meses. Tempo em que mudei o meu atelier
para a fábrica e ali realizei todo o processo de vidragem e segunda cozedura das peças, utilizando os seus industriais fornos a gás de grandes dimensões. Uma parceria que considero da maior importância, promotora da relação artista/indústria, e sem a qual teria sido impossível concluir o projecto.
Entendo este tipo de colaboração como fundamentais, quer elas aconteçam entre artistas, artesãos, designers ou a indústria. Contudo, penso que ainda existe um longo caminho a percorrer neste sentido. A inovação que designers e artistas aportam à indústria, é indiscutível para que esta possa competir num mercado cada vez mais global e competitivo, promovendo o lançamento de novos produtos ou redesign de outros. O conceito, a forma, a cor, o packaging , e as características físicas do produto, assim como o seu preço, são decisivos para o sucesso da venda.
Um bom exemplo, a meu ver, destas parcerias e da colaboração entre artistas e a indústria cerâmica, é o projecto Artistas Contemporâneos , da Vista Alegre, que conta com o lançamento de duas edições anuais especiais, numeradas e limitadas, desenvolvidas por artistas de renome nacional e internacional, como Eduardo Nery, Graça Morais, Cruzeiro Seixas, José de Guimarães, Manual Cargaleiro entre outros.
No âmbito de uma parceria entre o consagrado arquiteto Álvaro Siza Vieira e a marca portuguesa Antarte, fabricam-se peças de mobiliário, com o inconfundível traço deste prestigiado arquitecto que tem deixado também a sua assinatura em peças de cerâmica, de ourivesaria e luminárias.
Duas referências que são apenas dois bons exemplos daquilo que se faz em Portugal e da potencialidade de tais colaborações, mas também do muito que ainda podemos fazer.
Secção Jurídica
REGIME GERAL DE PREVENÇÃO DA CORRUPÇÃO
por Filomena Girão e Marta Frias Borges, FAF AdvogadosA Estratégia Nacional Anticorrupção 2020-2024 assumiu como propósitos essenciais a prevenção, a de teção e a repressão da corrupção. No âmbito destes pro pósitos, aquela Estratégia considerou imprescindível a implementação de um sistema eficaz de prevenção de fenómenos de corrupção.
Nessa sequência, o Decreto-Lei n.º 109-E/2021, de 9 de dezembro, veio aprovar o Regime Geral da Pre venção da Corrupção.
Este regime é aplicável, entre outras entidades, às pessoas coletivas que empreguem 50 ou mais traba lhadores , impondo-lhes que adotem e implementem um programa de cumprimento normativo, que contenha:
I. A criação de plano de prevenção de riscos de corrupção e infrações conexas ;
II. A criação de um código de conduta ;
III. A adoção de um programa de formação interna ;
IV. A implementação de um canal de denúncias internos .
O plano de prevenção de riscos de corrupção e in frações conexas deverá especificar a identificação, análise
e classificação dos riscos e das situações que possam ex por a entidade a atos de corrupção e infrações conexas (com identificação das atividades e da probabilidade de ocorrência), bem como as medidas preventivas e cor retivas que permitam reduzir a ocorrência e o impacto desses riscos.
O código de conduta deverá refletir os princípios, valores e regras de atuação de todos os dirigentes e tra balhadores em matéria de ética profissional, tendo em consideração as normas penais relativas à corrupção e infrações conexas e os riscos de exposição da entidade a esses crimes, bem como as sanções disciplinares e cri minais que podem ser aplicadas em caso de prática de qualquer daqueles atos.
As entidades terão ainda de adotar um programa de formação interna , com vista a que os seus dirigentes e trabalhadores conheçam e compreendam as políticas e procedimentos de prevenção da corrupção e infrações conexas.
As entidades abrangidas por este diploma têm, ainda, de implementar canais de denúncia internos que, obedecendo ao disposto na Lei n.º 93/2021, de 20 de de zembro, salvaguardem a proteção dos denunciantes das infrações.
Este canal de denúncias interno deverá permitir: (i) a apresentação e o seguimento seguros de denún cias, por forma a garantir a exaustividade, integridade e conservação da denúncia; (ii) a confidencialidade da identidade ou o anonimato dos denunciantes e a confi dencialidade da identidade de terceiros mencionados na denúncia; e, ainda, (iii) assegurar que o acesso é vedado a pessoas não autorizadas.
O regime geral de prevenção de corrupção en trou em vigor no passado dia 7 de junho de 2022, ainda que o seu regime sancionatório apenas entre em vigor a 7 de junho de 2023¹.
Porém, a obrigatoriedade de disponibilização de canais de denúncia internos e o respetivo regime sancio natório entraram em vigor no passado dia 18 de junho de 2022. Assim, atualmente, a não disponibilização de canais de denúncia interna ou a disponibilização de ca nais que não assegurem a confidencialidade, exaustivi dade, integridade e conservação das denúncias constitui atualmente contraordenação grave, punida com coima de 500 € a 12 500 € ou de 1 000 € a 125 000 €, consoante o agente seja uma pessoa singular ou coletiva.
Secção Jurídica 1 consideradas empresas,Novos Designers
ANA+BETÂNIA, QUANDO A ESCULTURA SE FAZ CERÂMICA
por Ana Cruz e Maria de Betânia, artistas plásticasIntrodução
É comum associarmos ideias relacionadas com individualismo, rasgos de criatividade – a “inspiração” –, boémia e alguma loucura ao percurso de um artista.
Outro lugar-comum é o preconceito que (ainda) envolve a Cerâmica. Uma arte aplicada, suja e pouco erudita, indigna de ser veículo para a expressão plástica contemporânea. Imprópria para servir conceitos nobres, transcendentes, maiores do que a vida.
Mas se há uma coisa que aprendemos nestes 10 anos a trabalhar juntas, é que estas ideias preconcebidas devem ser diluídas na História, como o fumo do qual as lendas são feitas. E gostamos de pensar que desde há 10 anos que contribuímos para tal através do nosso projeto Ana + Betânia.
O estúdio Ana + Betânia
Ana + Betânia é o duo de artistas a que damos nome: Ana Cruz e Maria Betânia, ambas nascidas em 1983, em Oliveira de Azeméis e Viseu respetivamente.
O nosso contacto com a cerâmica teve início na tecnologia de cerâmica da Faculdade de Belas Artes de Lisboa (FBAUL) no início da década de 2000. À época, a técnica era vista com escárnio por parte da comunidade académica, alheia aos movimentos de um ressurgimento que se começava a sentir por outros locais na Europa.
Após terminarmos a Licenciatura (curiosamen te em Pintura), começámos a trabalhar nas oficinas de cerâmica ao abrigo de um programa de investigação na área da cerâmica artística (CIECA). Tendo em conta que partilhávamos o mesmo espaço de trabalho e, indivi dualmente, a mesma corrente figurativa, pensámos que seria interessante desenvolver projetos juntas.
Ao longo do nosso percurso fomo-nos movendo por locais dispostos a nos receberem, onde facilmente pudéssemos aceder a equipamentos indispensáveis à prática cerâmica. Começando primeiramente no labo ratório de Cerâmica da Faculdade de Belas Artes, em Lisboa, depois nas Oficinas da Cerâmica e da Terra em Montemor-o-Novo. Até que em 2017 decidimos concen trar a nossa produção artística num atelier em nome in dividual em Caldas da Rainha.
Escolhemos esta cidade, pertencente à rede de cidades criativas da Unesco, exatamente por ter havido sempre uma ligação emocional às suas fortes tradições em cerâmica… e pela proximidade a Lisboa, onde até à data mantemos os nossos day jobs .
Temos um espaço com dimensões/característi cas adequadas ao género de cerâmica de escultura que desenvolvemos. Está localizado num local privilegiado, perto de outros ateliers de cerâmica, o que facilita a tro ca de conhecimento com mestres ceramistas e o acesso à tecnologia de produção. Há que valorizar também a proximidade com fornecedores, tanto de materiais como de serviços.
Ana Cruz e Maria de BetâniaNovos Designers
Processo Criativo
O nosso trabalho distingue-se pela procura cons tante de detalhes e associações metafóricas que escapam aos mais distraídos. Usamos a figuração e o realismo associados à exploração exaustiva de texturas e estados materiais que não o sólido; isto é, interessa-nos trabalhar em cerâmica aquilo que não é de cerâmica: aquilo que é ou efémero ou intangível. O que o distingue são essas características mesmo: o detalhe, a minúcia e o facto de cada peça conter um conceito sobre o qual é proposta uma reflexão… ou simplesmente a mera contemplação.
A ironia, o humor como contraponto à violência ou a ideias mais fortes e sensíveis é algo a que recorre mos com frequência.
Gostamos de pensar que temos contribuído para a reinvenção da Cerâmica, trazendo connosco as in fluências de ícones portugueses. Muito concretamente podemos apontar a influência do trabalho de Raphael Bordallo Pinheiro. Raphael é uma figura incontornável para nós e uma fonte de inspiração inesgotável, com muitas linhas de tangência ao nosso trabalho, quer pela estética pop/kitsch com toda a sua portugalidade, quer pelo recurso ao humor, à provocação e à ironia. Senti mos que de certa forma seguimos o seu legado, sem que isso fosse um objetivo nosso, é uma feliz correspondên
cia espiritual e artística. O facto de trabalharmos em Caldas da Rainha ainda aguça mais esta sensação.
Contudo, consideramos que a coluna dorsal do nosso processo criativo é a partilha. Como trabalhamos em duo, temos de funcionar em constante procura da outra.
As ideias surgem das influências artísticas que temos, de esboços um pouco descomprometidos que va mos fazendo em diário gráfico, das experiências técnicas que queremos desenvolver – em processo laboratorial - e, claro, nas nossas vivências, das mulheres e homens que habitam os ciclos da nossa vida, do nosso sentir como mulheres.
Esse é o fio condutor dos nossos projectos.
Gostamos de apresentar objectos que suscitem reflexão, que sejam resultados das nossas dúvidas no momento ou produtos do auto-conhecimento que o processo artístico nos exige.
A representação do feminino enquanto mulhe res artistas
Um conceito recorrente na nossa obra é a repre sentação da mulher nas suas múltiplas facetas, claro, usando a cerâmica como veículo.
Novos Designers
As razões que nos fizeram derivar para esta temá tica devem-se à nossa circunstância: o facto de sermos um duo, onde todas as peças advêm de ideias comuns a ambas, e o facto de sermos mulheres e, como tal, de par tilharmos memórias, experiências, vivências associadas à nossa natureza.
À parte da procura da Beleza em si, poderíamos ter outro assunto como base de reflexão, mas a verdade é que as ideias surgem destas partilhas, que por sua vez são actos de sobrevivência na procura da auto (e mútua) compreensão, de redenção. Algumas peças são, mais do que catarse, puros actos de expiação, através do barro.
Não cremos que exista uma matéria-prima mais adequada a trabalhar o carácter frágil, transitório, elu sivo de qualquer abordagem da condição feminina. Só com o barro conseguimos a magia de modelar algo tão delicado como uma flor do campo para depois a tornar sólida e dura como uma pedra resistente através dos tempos.
Por ser ums “slow art” (os processos de produ ção cerâmica podem demorar meses) e por remeter para uma relação de dezenas de milénios entre o Barro e Ho mem – e a Mulher neste caso -, as ideias transmitidas numa peça cerâmica têm a seriedade comum às coisas resistentes ao tempo. Por esta noção de permanência e pelo seu carácter espacial, que ocupa um espaço físico no mundo.
Para nós, a mulher como geradora de vida tem um paralelismo simbólico com o barro como matéria -prima, primeira, primordial.
Aspetos Técnicos
Talvez esta seja uma dimensão desconhecida no meio da Indústria Cerâmica, mas a verdade é que o bar ro tem a capacidade de nos envolver de corpo e alma. É uma matéria plástica com possibilidades absolutamente infinitas, permite uma ligação direta entre o pensar e o fazer, incorporando o pensamento no movimento ma nual e corporal e foi assim que nos agarrou.
Contrariamente ao sistema industrial, o proces so técnico é bastante lento, tem de se saber respeitar os tempos do material porque não podemos ter quebras ou rachas nas cozeduras: as peças são únicas e apenas pontualmente fazemos séries. E a verdade é que, feliz ou infelizmente, num estúdio de escultura cerâmica não é possível ter todos os processos otimizados
Usamos essencialmente todo o tipo de pastas de alta temperatura, com adição de chamote de dimensão
variável, desde grés negro à porcelana. As pastas são compradas já prontas a usar, exceto as coloridas, que fazemos nós utilizando uma pasta-base. E quantas mais coexistirem numa só peça, melhor.
As nossas marcas de referência são as espanholas Vicente Diez e SiO2. Tratam-se de pastas que nos dei xam adicionar, tirar, cortar e colar sem cederem. Preci samos de grande plasticidade ao modelar, boa tolerância às contrações e diferenças de humidade entre elementos a serem colados, secagens harmoniosas, além de resis tência e impermeabilidade. No fundo e resumidamente, é necessário o máximo de liberdade que nos seja conce dida pelo material, para que se adapte às nossas ideias.
Por vezes usamos as pastas coloridas em forma de engobes, mas normalmente recorremos à compra destes materiais já preparados.
Gostamos de intercalar superfícies não-vidradas e vidradas, ora brilhantes ora mates, simultaneamente numa mesma peça. Os vidrados que usamos são feitos a partir de fritas já prontas.
Com frequência usamos também ouro e tintas de 3º fogo. O que faz com que, por norma, uma peça nossa tenha 3 cozeduras.
Dependendo da sua complexidade, e atendendo ao facto de não fazermos cerâmica a tempo inteiro (te mos trabalhos complementares na área da reabilitação em Saúde Mental, em Lisboa) uma peça pode demorar entre 2 a 3 meses a ser completada, tendo em conta os passos técnicos, as secagens e os testes que muitas vezes temos de fazer para afinar cores e texturas.
Mercados: Cerâmica e Arte Contemporânea Falando de aspetos práticos, há que mencionar os canais que usamos para apresentar e vender o nosso trabalho.
Desde o início do nosso percurso temos tido a sorte de trabalhar com galerias de arte contemporânea, que nos apresentam através de exposições individuais e representações em feiras de arte internacionais.
Através desse veículo, fomos aumentando a nos sa visibilidade e pudemos acrescentar as comissões –encomendas – privadas (pessoas singulares e empresas) ao nosso volume de trabalho. Quem nos procura, quer essencialmente uma peça com a nossa estética e temá tica adaptada a um local ou contexto específico, o que é excelente.
As parcerias e colaborações com marcas, além de serem estimulantes por nos fazer trabalhar fora da nos sa área de conforto, também têm constituído oportuni dades ótimas para chegar a públicos diferentes. Quem sabe, talvez o sonho da democratização da arte passe por aqui.
Percurso
Ana Cruz é membro da Academia Internacional de Cerâmica.
Em 2014 ana+betânia foram vencedoras do 1º Prémio da Bienal Internacional de Cerâmica de Esplu gues, Barcelona.
Desde 2019 que têm trabalhado com a Under dogs Gallery, Lisboa.
Em 2021 realizaram uma série de 11 peças para o projecto “Relicário Walking Dead”, para a Fox Portugal.
Têm tido presença em Feiras de Arte Internacio nais como a Istambul Art Fair, a JustMad e a Volta Basel.
Estão presentes em edições como a Vogue, Revis ta Cristina, Observador Lifestyle, ParqMag, Portuguese Soul.
Novos DesignersEconomia EXPORTAÇÕES MUNDIAIS DE PRODUTOS CERÂMICOS EM 2021
por António Oliveira, Economista da APICERNo ano de 2021 as exportações mundiais de pro dutos cerâmicos ascenderam a 61.155 milhões de euros, o que representou uma variação de 18,9% face ao ano de 2020.
Os pavimentos e revestimentos cerâmicos cor respondem ao material cuja importância relativa é mais relevante no contexto do comércio mundial de pro dutos cerâmicos (29,0% do valor total das exportações mundiais de produtos cerâmicos em 2021), seguido dos produtos para usos sanitários (19,9%), cerâmica de uso doméstico em porcelana (13,2%), cerâmica para usos téc nicos (10,4%), produtos refratários (5,8%), estatuetas e objetos ornamentais (4,8%), tijolos e telhas (4,5%) e ce râmica de uso doméstico não porcelana (3,6%) (figura 1).
Para o conjunto de produtos cerâmicos, a China foi o principal exportador mundial (42,4% do valor to tal das exportações mundiais de produtos cerâmicos em 2021), seguida da Itália (8,9%), Espanha (7,1%), Alemanha (6,1%) e Índia (3,2%).
Portugal, com 813,2 milhões de euros, foi o 13.º exportador mundial de produtos cerâmicos, com 1,3% do
valor total, e 0 7.º exportador da União Europeia (UE27) com 3,9%.
Para efeitos comparativos, registe-se que, para o total de bens exportados no ano de 2021 Portugal foi o 45.º exportador mundial (com 0,3% do valor das expor tações mundiais) e o 17.º exportador da União Europeia (c0m 1,2% do valor das exportações da UE27).
Em termos de áreas de exportação mundial, a União Europeia (UE27), com 20.620 milhões de euros, representava 33,7% do valor das exportações mundiais de cerâmica em 2021 (figura 2).
De acordo com o índice da vantagem compara tiva revelada (IVCR), que estabelece a comparação do peso das exportações de um sector/produto no total das exportações de um país, com o peso relativo das expor tações desse mesmo sector/produto no mercado mun dial, conclui-se que a cerâmica constitui um dos sectores mais especializados em Portugal.
Se o IVCR é superior a 1, o país possui vantagem comparativa revelada para as exportações desse produto, ou seja, esse país encontra-se relativamente especializa
Pavimentos
Louça
Cerâmicausodomésticoem
Refratários
Cerâmica
do na exportação desse bem. Por outro lado, se o IVCR é inferior a 1, o país possui desvantagem comparativa reve lada para a exportação do produto em análise.
No ano de 2021 as exportações de produtos cerâ micos, face às exportações totais de bens, representaram 1,28% em Portugal, 0,38% na União Europeia (UE27) e 0,33% no Mundo.
Para a cerâmica portuguesa, e tendo como refe rência o ano de 2021, o IVCR apresentou o valor de 3,87, o que significa que o grau de especialização da cerâmica em Portugal representou 3,87 vezes o grau de especiali zação que a cerâmica apresentou a nível mundial.
De resto, e apesar de Portugal ter sido o 13.º ex portador mundial de produtos cerâmicos em 2021, regis tou um indicador de vantagens comparativas reveladas superior aos principais exportadores mundiais, nomea damente Espanha (3,47), Itália (3,24), China (2,77) e Ale manha (0,82).
Após a apresentação dos dados relativos ao con junto de produtos cerâmicos, analisaremos seguidamen te os produtos mais relevantes no contexto das exporta ções portuguesas de cerâmica.
Pavimentos e Revestimentos Cerâmicos
No ano de 2021 as exportações mundiais de pavi mentos e revestimentos cerâmicos (NC 6907) ascende ram a 17.570 milhões de euros, o que representou uma variação de 14,7% face ao ano de 2020.
O ranking dos exportadores mundiais era lidera do pela Itália (25,9% do valor das exportações mundiais), seguida pela Espanha (20,9%), China (19,7%), Índia (8,5%) e Turquia (4,7%). Portugal, com 248,2 milhões de euros, ocupava o 8.º lugar do ranking mundial, com 1,4%.
A vantagem comparativa revelada para os pavi mentos e revestimentos cerâmicos portugueses foi de 4,11.
Louça Sanitária
No ano de 2021 as exportações mundiais de louça sanitária (NC 6910) atingiram os 12.113 milhões de euros, o que representou uma variação de 11,0% em relação ao ano anterior.
O ranking dos exportadores mundiais era lide rado pela China (68,8% do valor das exportações mun diais), seguida da Alemanha (4,0%), México (3,7%), Tur quia (2,4%) e Itália (1,9%).
Portugal, com 148,5 milhões de euros, ocupava o 10.º lugar do ranking mundial, com 1,2%.
A vantagem comparativa revelada para a cerâmi ca portuguesa para usos sanitários foi de 3,57.
Cerâmica de Mesa e Uso Doméstico em Porce lana
Em 2021 as exportações mundiais de cerâmica de mesa e uso doméstico em porcelana (NC 6911) ascende ram a 7.989 milhões de euros, o que representou uma variação de 24,5% face ao ano de 2020.
O ranking dos exportadores mundiais era lide rado, de forma destacada, pela China (78,4% do valor das exportações mundiais), seguida da Alemanha (3,7%), França (1,5%), Turquia (1,2%) e Países Baixos (1,1%).
Portugal, com 48,6 milhões de euros, posiciona va-se no 14.º lugar do ranking mundial, com 0,6%.
A vantagem comparativa revelada para a cerâ mica portuguesa de uso doméstico em porcelana foi de 1,79.
Cerâmica de Mesa e Uso Doméstico em Grés, Faiança e Barro Comum
No ano de 2021 as exportações mundiais de cerâ mica de mesa e uso doméstico não porcelana (NC 6912) alcançaram os 2.189 milhões de euros, o que correspon deu a uma variação de 26,3% face ao ano anterior.
O ranking dos exportadores mundiais era lide rado pela China (25,2% do valor das exportações mun diais), seguida de Portugal (10,9%), Países Baixos (5,8%), Alemanha (5,2%) e Tailândia (5,0%).
Portugal, com 239,9 milhões de euros, liderava o ranking de exportadores da UE27.
A vantagem comparativa revelada para a cerâmi ca portuguesa de mesa e uso doméstico não porcelana foi de 31,93.
Cerâmica Ornamental
No ano de 2021 as exportações mundiais de es tatuetas e objetos ornamentais (NC 6913) atingiram os 2.898 milhões de euros, o que correspondeu a uma va riação de 36,1% em relação ao ano de 2020.
A China liderava o ranking dos exportadores mundiais, com 67,3% do valor das exportações mundiais. Seguiu-se o Vietname (5,3%), Alemanha (5,1%), Países Baixos (3,2%) e Portugal (2,7%).
Portugal, com 78,0 milhões de euros, posiciona va-se no 3.º lugar do ranking de exportadores da UE27.
A vantagem comparativa revelada para a cerâmi ca ornamental portuguesa foi de 7,80.
Telhas Cerâmicas
Em 2021 as exportações mundiais de telhas cerâ micas (NC 6905) alcançaram os 702 milhões de euros, o que representou uma variação de 8,9% face ao ano an terior.
O ranking dos exportadores mundiais era lidera do pela Alemanha (29,1% do valor das exportações mun diais), seguida da França (13,2%), Espanha (8,2%), China (6,1%) e Hungria (5,2%).
Portugal, com 13,8 milhões de euros era o 13.º ex portador mundial com 2,0%.
A vantagem comparativa revelada para as telhas cerâmicas portuguesas foi de 5,70.
Posição relativa de Portugal no contexto das exportações mundiais e da UE27 em 2021 Cerâmica de mesa e uso doméstico não porcelana: 1.º exportador da UE27 e 2.º exportador mundial
Cerâmica ornamental: 3.º exportador da UE27 e 5.º exportador mundial
Pavimentos e revestimentos cerâmicos: 4.º exporta dor da UE27 e 8.º exportador mundial
Louça sanitária: 4.º exportador da UE27 e 10.º ex portador mundial
Cerâmica de mesa e uso doméstico em porcelana: 7.º exportador da UE27 e 14.º exportador mundial
Telhas cerâmicas: 11.º exportador da UE27 e 13.º ex portador mundial
Empreendedorismo
BACELAR-PEREIRA DESIGN HOUSE
por Daniel Bacelar PereiraÉ engraçado como a vida nos guia de uma forma muito pouco subtil para o caminho certo. Foi assim que, depois de voltas e revoltas, dois irmãos respiraram fundo e decidiram finalmente embarcar na inevitável e mais do que predestinada criação de um projeto a dois. Quan do nos pedem para descrever a Bacelar-Pereira Design House é comum temermos pela confusão do ouvinte. Tememos que a complexidade que nos faz como cria tivos transborde de forma caótica para o nosso projeto e deixe as pessoas perdidas. E no fundo, com cada ex plicação que vamos dando, nós próprios vamos apren dendo o que realmente define a Bacelar-Pereira Design House, como se de um organismo vivo se tratasse. Mas é possível descrever o nosso projeto de forma simples. A Bacelar-Pereira Design House é um estúdio de design no seu sentido mais amplo da palavra, é uma casa onde a criatividade corre livre, sem amarras e sem limites, onde nos alimentamos da excitação pelo novo, pela elegância,
pelo único. São esses os ingredientes que encontrarão em todo o nosso trabalho, seja ele em design de produto, gráfico ou outro campo da criação. Tudo o que fazemos é feito com paixão pura, sejam as imagens de marca, se jam os nossos distintos rótulos de vinho, sejam as nossas cerâmicas.
E são estas peças moldadas através do barro an cestral que nos trazem aqui. Quis o destino que, os tais nossos anteriores caminhos passassem pelo mundo da cerâmica, uma experiência que deixou em definitivo uma marca profunda em nós, inspirando-nos para que o primeiro passo na criação de produtos começasse por esta arte. As nossas peças são pensadas como a simbiose perfeita entre a paixão pela cerâmica e o design. Que remos oferecer algo às pessoas que estas não possam encontrar em mais lado algum, elevando a singularida de ao expoente máximo das peças que criamos. Dese nhadas no papel e feitas à mão, as peças Bacelar-Pereira são únicas, não existindo duas iguais. Esse valor coloca as nossas criações na fronteira do mundo da arte mas sem nunca abandonar a funcionalidade que caracteriza o bom design. Ainda assim as nossas peças sentem-se completamente à vontade numa galeria, estando já a nossa primeira exposição marcada para dia 17 de setem bro, no museu da Vila Velha em Vila Real. Lá poderá ver e sentir, na primeira pessoa, as texturas, as formas e as cores que fazem das nossas peças únicas e inesquecíveis.
Empreendedorismo
As nossas criações também são sinónimo de tem po. Tempo que, e quem trabalha com cerâmica bem o sabe, é inabalável nas suas vontades e impõe o seu au toritário respeito. Mas de todos os momentos especiais na concepção de uma peça, o que mais nos fascina é sem dúvida o erguer lento e hipnótico do barro na roda. Em cada rotação é imprimido o sentimento e as linhas dos nossos dedos que tentam mandar nas vontades de uma matéria-prima que transborda ancestralidade. Foi ao observarmos isto que descobrimos que quando se deixa respirar esta arte, quando se a não sufoca com produ ções repetitivas e extenuantes, moldar uma peça na roda é quase como uma dança, uma terapia, um momento interior e exterior de plenitude. E foi assim que de um método de fabrico conseguimos extrair um momento, um ato bastante apetecível que quisemos partilhar. É uma experiência relaxante e poética que tira partido das características sensoriais do barro e da roda de oleiro, a que chamamos sessões Ro-Da. Ideais para a família e amigos com capacidade até 5 pessoas por sessão, não
requer qualquer experiência prévia e nós providencia mos todo o material necessário. As sessões Ro-Da mos traram-se um sucesso, fortemente requisitadas pelas pessoas e pelos nossos parceiros que vão desde hotéis e casas de turismo, a museus e até restaurantes. Adoramos ver as pessoas a pegar num pedaço de barro macio e nele sentir o stress e as preocupações a desaparecer por entre os seus dedos. Para além de recebermos as sessões Ro-Da no nosso estúdio, também disponibilizamos cursos com uma vertente mais pedagógica. Estes cursos têm várias modalidades sendo uma delas a possibilidade de sair com peças prontas a serem comercializadas. Queremos manter esta tradição viva e dar-lhe um futuro real, tor nando-a apetecível para as novas gerações.
Contatos:
Instagram: @bacelarpereiradesignhouse
Facebook: @bacelarpereiradesignhouse
e-mail: info@bacelar-pereira.com
Site: www.bacelar-pereira.com
Arquitetura
CAN RAN ARQUITECTURA
por Catarina Almada Negreiros e Rita Almada Negreiros, Can RanDepois de várias experiências em escolas e ate liers de arquitectura no estrangeiro, Catarina por Ve neza, Londres e Boston; Rita por Paris e Barcelona. re gressaram a Lisboa, onde fundaram os Ateliers de Santa Catarina, um centro criativo que promove trabalhos in terdisciplinares entre arquitectos, artistas e designers. O trabalho em parceria das arquitectas CAN RAN arquitec tura inicia-se em 2002 e, neste contexto, as propostas de renovação arquitectónica destacam-se pela utilização do azulejo, enquanto elemento transformador dos espaços em que se insere.
A cidade de Lisboa e o seu espaço público têm sido o principal receptor dos projectos can ran. A Câ mara Municipal de Lisboa, o Metropolitano de Lisboa, tal como diversos gabinetes de Arquitectura têm sido os principais impulsionadores dos seus projectos em azu lejaria.
O azulejo, resulta de um encontro com o mate rial em 2002, após o qual foi necessário um período de afastamento e a oportunidade de regressar a Lisboa, para que, então, fosse criada uma distância com maior pers pectiva para que o reencontro fosse possível.
Voltar a olhar para o azulejo e as suas enormes potencialidades: Um pequeno objecto de barro vidrado que associa o acto singular e arcaico de conjugar num só artefacto os quatro elementos: TERRA; FOGO; ÁGUA e AR e, simultaneamente, através da sua função, de ma terial de revestimento modular, vinculá-lo ao ESPAÇO onde o transforma de forma revolucionária.
O longo percurso da história do azulejo em Por tugal tem-se revelado também uma sólida base de tra balho para as intervenções cerâmicas desenvolvidas pelo atelier que, de certo modo, pretendem assimilá-lo e adi cionar-lhe um novo tempo, um tempo contemporâneo onde existem novas imagens e linguagens, que evocam
vários imaginários, desde o mundo digital ao universo das imagens em movimento.
Nos cinco séculos de história do azulejo em Por tugal as diferentes técnicas foram permitindo diversos resultados. Estas superfícies foram-se sucessivamente adaptando aos diferentes momentos da história. É pre cisamente neste movimento contínuo do uso do azulejo, que se insere o trabalho do atelier.
Espacialidade e movimento
A espacialidade e o movimento são característi cos do trabalho desenvolvido pelo atelier. A formação em arquitectura faz com que o espaço seja fundamental e indissociável do resultado final de cada obra. Carac terísticas que são enfatizadas em alguns projectos em espaço público, tal como Cota Zero e os projectos que utilizam o Azulejo Cinético , onde é possível reconhecer a importância do espaço e do movimento do transeunte como partes fundamentais para a sua apreensão.
A intervenção Cota Zero (2010) para o novo átrio da Estação Sul e Sueste integra-se no projecto de ampliação e remodelação da Estação Fluvial do Sul e Sueste em Lisboa, projecto que data de 1932 da autoria de Cottinelli Telmo. Esta ampliação, da autoria do Atelier Daciano da Costa, teve como objectivo transformar a
Arquitetura
estação Fluvial em Interface, criando neste edifício a ligação entre o metropolitano e os navios da Transtejo.
O suporte desta intervenção cerâmica é o con junto do tecto e colunas do novo átrio do Interface. Pre tendeu-se que esta se desenvolvesse de forma indissociá vel do espaço, fundindo-a com a arquitectura mas, em simultâneo, enaltecendo-a.
O tecto, com as dimensões de 17m por 23m, des taca-se das paredes e assume um pé direito de 5.6m, su portado por 8 colunas de 0.60m de diâmetro. Sob este tecto emergem as escadas de acesso ao metropolitano.
Neste espaço coexistem dois movimentos: a che gada de barco à cota pela superfície da água e a chegada de metropolitano a uma cota negativa. A ligação entre esses dois movimentos é feita ao nível da superfície da água. A união entre estes dois fluxos acontece aqui e é desta especificidade do lugar que surge a ideia-base des ta intervenção: uma reflexão sobre a Cota Zero.
É sobre a superfície de cerâmica do tecto que surge o desenho que induz uma imagem da superfície da água que é tocada. As formas de aparência circular sugerem os pontos de toque que interceptam as colunas e é precisamente aqui que é enfatizada esta relação entre a superfície plana e brilhante do tecto e as colunas. Des ta relação/reflexão, nasce um espaço virtual colocando o espectador num novo lugar que, através da experiên cia reforça o seu significado simbólico. A passagem dos utilizadores enquanto expectadores, a variação da luz no espaço torna-se fundamental para a apreensão deste lugar.
O azulejo cinético foi a primeira criação em ce râmica do atelier can ran, resulta de uma pesquisa ela borada na Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego com o seu administrador, em 2002, Duarte Garcia — altura em que
a Arte Cinética do século XX assumia um papel funda mental.
Desde a sua criação foram desenvolvidos vários projectos da autoria do atelier que usam este azulejo. Em cada um destes projectos, a sua utilização é específica, precisa e pensada para o espaço público, já que este é por excelênciao seu lugar de exposição.
Este objecto cerâmico com as dimensões tradi cionais do azulejo português (14cm x 14cm) tem um per fil em ziguezague, podendo ser bicromático, o que per mite percepções diferentes consoante o posicionamento do observador.
Com este módulo podem-se criar painéis e trans mitir reflexões. As imagens produzidas podem ser infin dáveis, justapostas e comunicar ideias através da cor, da forma, ou da palavra.
Estas leituras revelam-se com o movimento do observador no espaço, através de uma sucessão de ima gens que se transformam e se expõem. Essa percepção tanto é feita pelo ângulo de visão em relação ao plano da superfície, como também é influenciada pela própria distância.
A leitura dos painéis ou murais pode ser efectua da de várias formas, consoante o que se quer transmitir. Por exemplo, podem-se criar superfícies que têm apenas uma leitura frontal, tal com o painel Presente , exposto e actualmante parte do espólio do Museu do Azulejo, per dendo a leitura com a perspectiva, assim como criando dualidades entre duas imagens que apenas têm leitura em perspectiva, tornando-se frontalmente imperceptí veis.
No projecto de revestimento cerâmico da Estação de Metropolitano de São Sebastião II, em Lisboa (20042009), foi utilizado também o azulejo cinético, aqui quase
sem aplicação de cor, dando-se ênfase à sua textura. Este projecto tem o trabalho de Maria Keil (1914-2012) como referência e foi desenvolvido com a participação da au tora.
Neste projecto,a partir do azulejo cinético, foram desenvolvidos uma série de outros azulejos tridimensio nais, com a finalidade de implementar ritmos diferentes nas superfícies, trabalhando o binómio da sensação de ‘acelerar’ e ‘desacelerar’.
A intervenção cerâmica Vai Vem de 2013, locali zada no Largo de Santo Antoninho, faz parte integran teda Reabilitação do Bairro Histórico da Bica em Lisboa, a cargo de Teresa Nunes da Ponte Arquitectura e é outro exemplo da utilização do azulejo cinético.
A intenção desta intervenção, foi de acentuar o movimento do elevador através de signo da seta. Nestes dois painéis, simétricos entre si, pretendeu-se evidenciar esse movimento num gesto simbolicamente representado com duas direcções.
Nos painéis, que têm múltiplas visões, utilizam -se duas imagens distintas que se compreendem apenas quando observadas em perspectiva, uma com setas no sentido descendente e outra ascendente, respectivamen te.
Usando as cores branco e preto, que são também as cores da cidade de Lisboa e o signo mencionado (a seta), o azulejo adquire a função de sinalética aludindo, graças às suas características mutáveis, à sinalética digital, aqui, alusivo ao mundo contemporâneo, parte intrínseca desta obra que está em contínua interacção e mutação.
Reconciliar e transformar
Reconciliar e transformar é mais um dos centrais temas explorados e trabalhados neste atelier. Aqui a his tória e o património azulejar português, nas suas dife rentes expressões e técnicas, servem de ponto de partida para os projectos.
No caso da Avenida da Índia e no 5pm exploram -se e revelam-se técnicas com base em imagens existen tes que são trabalhadas e devolvidas para o espaço pú blico.
O Projecto de Alçados em Azulejo Avenida da Índia de 2016 é inserido no projecto de remodelação e ampliação de um conjunto de edifícios na Avenida da Índia em Lisboa, projecto de arquitectura de Appleton & Domingos, que adaptou este edifício, propriedade da Câmara Municipal de Lisboa, a um equipamento público que alberga dois centros culturais.
O projecto azulejar pretendeu assumir-se como um projecto de continuidade e não de rotura, seguindo a linha traçada pelo projecto de arquitectura.
As fachadas do edifício principal foram integral mente revestidas de azulejo, reutilizando os originais (azulejo padrão do séc. XIX) e foi criado um novo tipo de azulejo para o revestimento das restantes áreas.
É da decomposição do desenho, constituído pela sobreposição de vários desenhos, a que correspondem outras tantas estampilhas do azulejo original, que surge o novo conjunto.
Neste exercício de decomposição do azulejo ori ginal pretendemos revelar, e sublinhar, não só os dife rentes desenhos mas também a técnica utilizada, a téc nica da estampilha.
A composição proposta para estes alçados pre tende criar um efeito de diluição, na vertical, do padrão do azulejo original. Utilizou-se à cota mais baixa do azu lejo existente, mais denso, e à medida que a intervenção sobe em altura o desenho foi sendo simplificado, pouco a pouco, através do uso dos diferentes azulejos até che gar ao topo completamente branco.
A intervenção plástica 5pm localiza-se no Paço da Rainha, em duas grandes superfícies laterais que limi tam os arruamentos desnivelados da via central da rua e também numa pequena área junto a uma escada de pe dra existente. Neste local destaca-se ainda, pela sua forte
Arquitetura
presença, o Palácio de Bemposta, que marca o regresso de Inglaterra da Rainha Catarina de Bragança a Portugal, em 1693.
A proposta, teve como principal objectivo estabe lecer uma relação entre um azulejo de padrão do séc. XVII aplicado de forma tradicional (AP 198 tradicional ainda em produção na Fábrica Viúva Lamego), que preenchia de uma forma económica e eficaz as grandes superfícies interiores (palácios, igrejas e conventos) e um azulejo com o mesmo padrão aplicado com uma nova lógica (AP 198 contempo râneo).
Deste modo, surgem cinco azulejos distintos, o primeiro consiste na réplica do padrão tradicional (AP 198) e os restantes surgem a partir de uma ampliação/ /variação deste. A sua utilização em simultâneo nos gran des planos, permitem criar a composição final.
Relativamente ao troço lateral das escadas existen tes, este é preenchido com azulejo de fundo “azul inglês”, destacando um poema a branco de homenagem à Rainha (Edmund Waller 1606–1687).
A designação 5pm, inspira-se na teoria de que terá sido a Rainha a responsável pela introdução do ritual do chá na corte inglesa.
Simultaneamente o atelier tem desenvolvido pro jectos para espaços interiores onde explora técnicas menos comuns, tal como a técnica dos enxaquetados, e desenvol vendo murais para diferentes locais. NY.NY. é um exemplo de um projecto desenvolvido para a recepção de um edifí cio co-living em Montclair nos EUA.
Ainda dentro do tema Reconciliar e Transformar, atelier tem trabalhado em parceria com outros ateliers de arquitectura, em projectos, onde desenvolve o tema da reabilitação, nomeadamente em edifícios históricos e clas sificados com grandes espólios azulejar, vitimas de furto e vandalismo, onde o desafio é, como reutilizar o azulejo remanescente e como colmatar a lacuna, sendo que recor rer à réplica, por si só, não será o nosso modo de resposta. O projecto da Esperança, com Gabinete de Arquitectura Appleton & Domingos, é um bom exemplo disso.
Aqui, perante o furto de Azulejo (do Séc. XVIII), propõem-se para o preenchimento das lacunas a criação de novo azulejo, utilizando as mesmas técnicas utilizadas no azulejo original: pintura à mão sobre uma chacota (base de azulejo) artesanal.
Deste modo, é recuperada a continuidade do dese nho original do painel. No entanto, não se pretende colma tar a lacuna com uma cópia exacta, mas antes revelando e expondo essa diferença.
Assim, propõe-se que o desenho (sustentado em fotografias de arquivo de 2004 - antes do furto) seja contí nuo mas que a cor seja diferente (preto e branco), revelan do, claramente, que se trata de um outro momento, agora contemporâneo.
Biografias
Catarina Almada Negreiros (CAN)
Licenciada em Arquitectura pela Faculdade de Ar quitectura da Universidade de Lisboa, em 1996, com Pro grama Erasmus no Istituto Universitario di Architettura di Venezia, Veneza em Itália (1995). Catarina Almada Negrei ros estagiou no atelier londrino MUF: ART/ARCHITEC TURE entre 1997 e 1999. Em 2002 concluiu o mestrado em arquitectura na G.S.D. Universidade de Harvard, em 2011, o mestrado em Comunicação e Artes, na F.C.S.H., Universidade Nova de Lisboa. Anos antes, em 2000, tinha fundado, com a sua irmã Rita Almada Negreiros, os ate liers de Santa Catarina, em Lisboa e em 2002 can ran ar quitectura..
Rita Almada Negreiros (RAN)
Licenciada em Arquitectura pela Universidade Lusíada de Lisboa, em 1994, Rita Almada Negreiros esta giou nos ateliers Wilmotte&Associés, em Paris (1994-1997) e BCQ Arquitectes (1997-1998) e ainda no atelier do arqui tecto Jordi Castel (1998-1999), estes últimos em Barcelo na. Anos antes, em 2000, tinha fundado, com a sua irmã Catarina Almada Negreiros, os ateliers de Santa Catarina, em Lisboa e em 2002 can ran arquitectura.
Avenida da India Fernando GuerraInformação Diversa
BREXIT: CERTIF ESTABELECE ACORDO COM CARES PARA ATRIBUIÇÃO DA MARCAÇÃO UKCA
A CERTIF, líder em Portugal na certificação de produtos e, também, na Marcação CE para produtos de construção, estabeleceu um acordo com o CARES, or ganismo britânico líder mundial na certificação de aços para construção, com vista à atribuição da marcação UKCA a qual, em consequência do BREXIT, vai substituir a marcação CE no Reino Unido e tornar-se indispensável à circulação de produtos naquele espaço económico.
Este acordo agora assinado entre o CARES e a CERTIF sucede a um outro já anteriormente assinado com o BBA e foi estabelecido com o objetivo de alargar o âmbito dos produtos que poderão aceder à marcação UKCA. Estes acordos permitem que um cliente da CER TIF que tenha já a marcação CE e pretenda exportar para o Reino Unido possa aceder mais facilmente à marcação UKCA, obrigatória para os produtos da construção cons tantes da respetiva lista, que é semelhante à do Regula mento dos Produtos da Construção.
Nos termos dos acordos, as auditorias realizadas pela CERTIF são aceites pelo CARES e BBA, havendo
apenas a pagar custos relativos ao acompanhamento e análise da documentação técnica.
O período de transição termina no final do ano e, a partir de 1 de Janeiro de 2023, deixará de ser reconhe cida a marcação CE e apenas produtos com a marcação UKCA poderão entrar.
Embora o Reino Unido produza a maior parte dos produtos de construção que utiliza, dados de 2017 mostravam que 60% dos produtos importados eram provenientes da União Europeia. Para várias empresas clientes da CERTIF este é um mercado com interesse e, por isso, a preocupação em estabelecer acordos que faci litem futuros negócios.
Notícias & Informações
por Albertina Sequeira, Diretora-Geral da ApicerCOSTA NOVA
COSTA NOVA é parceira do projeto Naked Kit chen no seu 10º aniversário
O projeto de hotelaria, localizado no coração de São Francisco, celebra o seu 10º aniversário com a organi zação de uma série de jantares apresentados em diferen tes coleções da COSTA NOVA.
A maioria dos chefs de cozinha mais prestigiados do mundo vieram de contextos humildes e precisaram do apoio da sua comunidade para aperfeiçoar a sua arte. Ter acesso a recursos para estimular a criatividade e experi mentar novas ideias é fundamental e um valor em que a COSTA NOVA acredita. Assim sendo, a parceria com a Naked Kitchen que há 10 anos ajuda a fomentar uma nova geração de excelência culinária é, não só um compromis so para a marca, mas também um motivo de orgulho.
O primeiro jantar foi dirigido pelo Chef Alex Hong que provou ter o mesmo nível de detalhe que dedicou ao seu menu no Sorrel, o restaurante em São Francisco que é conhecido por adquirir produtos locais para uma frescura máxima nos seus pratos de inspiração italiana. No evento, serviu 40 convidados também com uma mistura de ingre dientes sazonais.
Sobre a Naked Kitchen
Iniciada em 2012, a ideia da Naked Kitchen nasceu na casa do fundador Ko Son em São Francisco, como um clube social. Os principais objetivos eram proporcionar aos chefs a liberdade criativa para explorar algo novo num espaço casual e descontraído, oferecer aos membros uma experiência íntima e apoiar os artistas locais através da exibição de coleções visuais que valorizem a experiência. O nome do projeto simboliza a transparência entre os membros e os chefs enquanto estes experimentam novos conceitos
Notícias & Informações
GRESTEL GRESTEL marca o regresso à normalidade através do seu primeiro Arraial
Depois de dois anos totalmente atípicos por todo o mundo, a Grestel decidiu marcar o regresso à norma lidade através da celebração dos Santos Populares. O evento, que teve lugar nas instalações da empresa no passado dia 2 de julho, foi totalmente dedicado a colabo radores e pretendeu promover um momento de convívio e descontração para toda a comunidade. Para isso, con tou com várias atividades recreativas, animação com um grupo musical, DJ e fogo-de-artifício. A iniciativa foi um verdadeiro sucesso, com grande aderência por parte dos colaboradores e vários momentos de diversão
Notícias & Informações
MATCERAMICA MATCERAMICA DISTINGUIDA PELA SE GUNDA VEZ COM O ESTATUTO INOVADORA CO TEC
A Matceramica, empresa de fabrico de louça com a sua unidade fabril localizada em S. Mamede, Batalha, foi distinguida, pelo segundo ano consecutivo, com o Es tatuto Inovadora COTEC.
Este é um reconhecimento à Matceramica e aos seus elevados padrões de estabilidade financeira, efi ciência operacional e inovação tecnológica com foco na valorização e internacionalização da cerâmica portugue sa, que se traduzem em exportações que representam mais de 90% do volume de negócios.
A COTEC Portugal, Associação para a Inovação, em conjunto com instituições do sector bancário, tem como principal missão promover o reconhecimento pú blico das empresas nacionais que, pelo seu desempenho, são um exemplo de criação de valor para o país.
Sobre a Matceramica
Tendo começado a sua história no ano de 2000 em Vale de Ourém, na freguesia de S. Mamede, Bata lha, a Matceramica produz cerâmica de mesa em grés e faiança.
A empresa investe continuamente em Investi gação & Desenvolvimento para potenciar capacidades técnicas e produtivas através de equipamentos automa tizados tais como robótica, CNC e impressão 3D, sendo pioneiros mundiais na tecnologia de impressão digital aplicada à louça de mesa.
Em 2021 concluiu as obras de expansão da sua central fotovoltaica que é agora capaz de fornecer uma parte significativa das suas necessidades de consumo de energia anuais, produzindo até 100% da energia necessá ria em período solar.
Promovendo, com orgulho, um ambiente de de sign dinâmico, atualiza constantemente a sua oferta de produtos de acordo com as principais tendências, garan
MATCERÂMICA - FABRICO DE LOUÇA, S.A.
tindo a permanência na vanguarda como um dos prin cipais players do setor. A sua estratégia de crescimento assenta numa lógica de sustentabilidade e na valorização e qualificação dos seus recursos humanos.
Com uma equipa com mais de 500 colaborado res, uma unidade de produção com uma área coberta su perior a 30.000 m² e uma produção mensal de mais de 1 milhão de peças, exporta cerca de 95% da sua produção, principalmente para os EUA, Alemanha, França, Espa nha, Reino Unido e China.
REVIGRÉS
REVIGRÉS DISTINGUIDA COMO EMPRESA
“INOVADORA 2022”
A Revigrés obteve, pelo segundo ano consecuti vo, o estatuto INOVADORA COTEC, atribuído pela CO TEC Portugal – Associação para a Inovação.
Desta forma, a empresa vê reconhecida a sua ca pacidade para aliar solidez financeira ao investimento tecnológico e à convicção de que a Inovação é essencial para aumentar o potencial competitivo e resultados eco nómicos.
Segundo Victor Ribeiro, CEO da Revigrés “Esta distinção é mais uma razão para prosseguirmos o nosso compromisso com a criação de processos de produção disruptivos e de soluções diferenciadoras, antecipando as exigências do setor e expetativas dos nossos parcei ros.”
A aposta da Revigrés na inovação resulta em so luções que contribuem significativamente para a promo ção da sustentabilidade na construção.
A empresa disponibiliza as referências de várias coleções do seu portfólio em Objetos BIM, utilizados pe los projetistas e arquitetos em modelos 3D interativos com vista a uma projeção, conclusão e manutenção de edifícios mais rápida, económica e sustentável.
A Revigrés é também a primeira empresa por tuguesa de revestimentos e pavimentos cerâmicos a apresentar Declarações Ambientais de Produto (tipo III) que atestam o impacto dos seus produtos e processos na saúde humana, ecossistemas e consumo de recursos materiais e enérgicos.
Desta forma, garante o cumprimento dos requi sitos de diversos sistemas de certificação ambiental dos edifícios, entre os quais os sistemas BREEAM e LEED, contribuindo para sustentabilidade da construção e con sequente valorização económica dos edifícios.
A Revigrés desenvolve ainda produtos de design exclusivo e personalizado, adaptados às especificidades de cada projeto e às necessidades dos seus parceiros, ao mesmo tempo que investe na criação de ferramentas di gitais que apoiam os consumidores e lhes permitem uma decisão de compra informada.
Em www.revigres.com, o utilizador pode iden tificar e comparar produtos para escolher a melhorar solução, simular a sua aplicação em modelos 3D, num ambiente virtual ou no seu próprio espaço e guardar os seus favoritos numa área reservada que facilita a gestão das suas escolhas e dos seus projetos.
Calendário de eventos
MAISON & OBJET’2022 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Bianual - Paris (França)
De 08 a 12 de Setembro de 2022 maison-objet.com
HOMI’2022 (Design/Tendências)
Anual – Milão (Itália)
De 16 a 19 de Setembro de 2022 homimilano.com/en/
100% DESIGN’2022
(Design/Tendências)
Anual – Londres (R.U.)
De 21 a 24 de Setembro de 2022 100percentdesign.co.uk/
CERSAIE’2022
(Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Bolonha (Itália)
De 26 a 30 de Setembro de 2022 cersaie.it
TECNARGILLA’2022 (Tecnologia Cerâmica)
Anual – Rimini (Itália)
De 27 a 30 de Setembro de 2022 en.tecnargilla.it/
HOMEING’ 2023 (Design/Tendências)
Anual – Lisboa De 29 Setembro a 01 de Outubro de 2022 homeing.exponor.pt/
BATIMAT’2022 (Materiais de Construção)
Bienal – Paris (França)
De 03 a 06 de Outubro de 2022 batimat.com
IDEOBAIN’2022 (Louças Sanitárias)
Bienal – Paris (França)
De 03 a 06 de Outubro de 2022 ideobain.com
CONCRETA’2022 (Construção)
Anual – Matosinhos (Portugal)
De 13 a 16 de Outubro de 2022 concreta.exponor.pt/
The New York Tabletop Show´2022 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Anual – New York (EUA) De 18 a 21 de Outubro de 2022 41madison.com/
EQUIPHOTEL’2022 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Bienal – Paris (França)
De 06 a 10 de Novembro de 2022 equiphotel.com
LONDON BUID ‘2022 (Materiais de Construção)
Anual – Londres (UK)
De 16 a 17 de Novembro de 2022 londonbuildexpo.com
BIG 5 SHOW´2022 (Materiais de Construção)
Anual – Dubai (EAU)
De 5 a 8 de Dezembro de 2022 thebig5.ae/
THE INTERNATIONAL SURFACE EVENT’2023 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Las Vegas (USA)
De 31 de janeiro a 02 de Fevereiro de 2023 Intlsurfaceevent.com
AMBIENTE’2023 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Anual – Frankfurt (Alemanha) De 3 a 7 de Fevereiro de 2023 ambiente.messefrankfurt.com
MAISON & OBJET’2023 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Bianual - Paris (França) De 19 a 23 de Janeiro de 2023 maison-objet.com
SURFACE DESIGN SHOW’2023 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Londres (R.U.) De 7 a 9 de Fevereiro de 2023 surfacedesignshow.com/
CEVISAMA’2023 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Valência (Espanha)
De 27 de Fevereiro a 3 de Março de 2023 cevisama.feriavalencia.com
ISH’2023 (Cerâmica de Louça Sanitária)
Bienal – Frankfurt (Alemanha)
De 13 a 17 de Março de 2023 ish.messefrankfurt.com/frankfurt/en.html
EXPOREVESTIR’2023 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – São Paulo (Brasil)
De 14 a 17 de Março de 2023 exporevestir.com.br/
MOSBUILD 2023 (Materiais de Construção)
Anual – Moscovo (Rússia)
De 28 a 31 de Março de 2023 mosbuild.com
The New York Tabletop Show´2023 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Anual – New York (EUA) De 18 a 21 de Abril de 2023 41madison.com/
BAU’2023 (Materiais de Construção)
Anual – Munique (Alemanha) De 17 a 22 de Abril de 2023 bau-muenchen.com/en/
COVERINGS’2023 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Orlando (USA) De 18 a 21 de Abril de 2023 coverings.com/
TEKTONICA’2023 (Construção)
Anual – Lisboa (Portugal) De 04 a 07 de Maio de 2023 tektonica.fil.pt/
THE HOTEL SHOW’2023 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
AAnual – Dubai (EAU)
De 23 a 25 de Maio de 2023 thehotelshow.com/
NEOCON’ 2023 (Design/Tendências)
Anual – Chicago (USA)
De 12 a 14 de Junho de 2023 neocon.com//