Universidade Federal do Espírito Santo Centro Universitário do Norte do Espírito Santo Departamentos Engenharias e Tecnologias Engenharia de Petróleo
Indústria da Fundição Antonio Augusto Martins Pereira Júnior Rafaela Fracalossi Vaccari Sara Saraiva de Lira Araújo São Mateus Novembro de 2013
Introdução A indústria da fundição é caracterizada pelos processos de modelagem e beneficiamento de metais utilizados de forma ampla e direcionados para diversos setores da cadeia produtiva metalúrgica. Para funcionamento desse segmento torna-se necessário evidenciar as etapas de fusão e solidificação entre a matéria-prima e o produto semi-acabado. No Brasil, a primeira casa de fundição surgiu por volta do ano de 1580 em São Paulo, já no século XVIII houve uma expansão dessa prática em outros estados do território nacional. Atualmente a fundição tem-se mostrado com um expoente significativo para a produção brasileira, estatisticamente destaca-se que a produção de fundidos é da ordem de três milhões de toneladas anual, fato este que coloca o Brasil na sétima posição do ranking entre os maiores produtores globais, atuando diretamente para a existência de sessenta mil empregos. No entanto, por ser considerada uma indústria de expressiva escala é necessário avaliar sobre as condições dessas atividades que trazem consigo diversos riscos ao meio-ambiente e à integridade física do trabalhador. Dessa forma infere-se sobre a importância de políticas que assegurem o bem estar e a qualidade de vida dos envolvidos nesse setor, preservando a saúde e segurança desses.
Funcionamento da Indústria e seus riscos 2.1 PROCESSO DE CONFORMAÇÃO POR FUNDIÇÃO De forma geral pode-se dizer que as etapas que estruturam a indústria da fundição consistem em despejar o metal liquido no molde e por conseguinte modelá-lo a altas temperaturas (superiores a 1500 ºC), através da laminação continua, forjamento, estampagem e por fim trefilação que pode ser á quente ou à frio. Os produtos desse processo são peças de complexos formatos, dentre os quais destacam-se os lingotes de aço obtidos no processo siderúrgico.
2.2 RISCOS AMBIENTAIS Definem-se por riscos ambientais quaisquer agente ou fator que comprometa a estabilidade do meio e dos indivíduos, que são riscos de natureza física, química, biológica, mecânica e ergonômica. Tem-se observado uma dinâmica industrial voltada para a produção exacerbada sem que haja uma responsabilidade social para com o bem-estar de seus funcionários, decorrente desse fenômeno é pertinente destacar a existência de normas regulamentadoras que regem e garantem a segurança e premissas básicas para um programa de prevenção e análise de potenciais riscos no ambiente de trabalho. Normas Regulamentadoras: Norma Regulamentadora nº 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais; Norma Regulamentadora nº 15 – Atividades e Operações Insalubres (Anexo 11, 12 e 13). 2.2.1. RISCOS QUÍMICOS Os agentes químicos e apresentam nas seguintes formas nos ambientes de trabalho: Particulados (poeiras e fumos), líquidos, gases dentre outros. Esses agentes podem ocasionar lesões ou perturbações funcionais e psíquicas. Os fatores relativos aos riscos químicos são mensurados pelos limites de tolerância (limite máximo de exposição recomendado) baseados nas normas regulamentadoras, um dos principais riscos é a sílica cristalina que é um dos principais agentes causadores de doenças pneumoconióticas, já que a sílica está presente na fundição de metais ferrosos e não ferrosos que utilizam areia no seu processo de modelagem. Em vista disso é necessário verificar os riscos desse agente para os trabalhadores e na elaboração de métodos eficazes no controle e manutenção desses riscos.
Métodos Para fundamentar as condições ambientais dos setores fabris é necessário compilar os dados de levantamento quantitativo de agentes químicos. O levantamento de agentes químicos leva em conta: Concentração de poeira total, poeira respirável com sílica e negro fumo. Os métodos mais utilizados no Brasil são gravimetria, cassete com filtro PVC e difratometria Raio-X. Torna-se necessário destacar que para os levantamentos quantitativos e coleta de dados foram compiladas informações relativas aos setores: Gerência Industrial; Manutenção e Central de areia verde.
Análise e Resultados GERÊNCIA INDUSTRIAL Esse setor é responsável pela supervisão e direção em toda á área fabril, em destaque para os setores de preparação da matéria-prima, fusão, modelagem, macharia e acabamento.
AMBIENTE DE TRABALHO: Sala localizada no interior do prédio da administração, que possui ventilação natural.
Tabela 1 – Dados da avaliação dos agentes químicos no setor Gerência Industrial Agentes
Poeira Respirável
Valor Obtido (mg/m³)
0,47
LT – ACGIH (*)
LT (*) – NR15 (*)
Situação de
(mg/m³)
(mg/m³)
Exposição
2,64
4,00
Condições Salubres (*)
Silica livre cristalina
n.d.
0,022
-
Condições Salubres (*)
Poeira Total
0,08
8,8
8,00
Condições Salubres
(*)
(*) LT – Limite de Tolerância. (*) ACGIH – Conferência Norte Americana de Higienistas Industriais Governamentais. (*) NR 15 – Norma Regulamentadora nº 15. (*) Não hás riscos em relação aos dados analisados.
Análise e Resultados De
acordo com os dados apresentados percebese que a concentração de poeira total, respirável e sílica livre cristalina são inferiores aos índices e limites recomendados pela ACGIH e pela Norma Regulamentadora nº 15.
Análise e Resultados
MANUTENÇÃO
O setor de manutenção é responsável por gerenciar e executar as manutenções mecânicas e elétricas. Destaca-se que os funcionários são responsáveis pela coordenação e orientação dos trabalhos com referência às manutenções corretivas, faz avaliação dos reparos, analisam e organizam os pedidos dos processos maquinários de montagem e remontagem, de modo que possam estabelecer suas próprias normas referentes aos serviços desse processo.
AMBIENTE DE TRABALHO: Sala que possui ventilação natural e artificial, anexa ao barracão fabril que possui tanto iluminação natural como artificial.
Tabela 2 – Dados da avaliação dos agentes químicos no setor Manutenção Agentes
Valor Obtido (mg/m³)
LT – ACGIH (*)
LT (*) – NR15 (*)
(mg/m³)
(mg/m³)
Situação de Exposição
Poeira Respirável
<0,1
3,00
0,2
Condições Salubres (*)
Sílica livre cristalina
0,036
0,05
-
Condições Salubres (*)
Poeira Total
14,5
10,00
7,40
Condições Insalubres (*)
Análise e Resultados
De acordo com os dados apresentados percebe-se que a concentração de poeira respirável e sílica livre cristalina são inferiores aos índices e limites recomendados pela ACGIH e pela Norma Regulamentadora nº 15. Entretanto observa-se que os dados referentes à poeira total estão acima dos índices descritos pelo limite de tolerância da ACGIH e da Norma Regulamentadora nº 15. Os limites considerados são diferentes ao passo que a Norma Regulamentadora nº 15 refere-se à insalubridade, já a ACGIH relaciona-se com o teor de silicose (sílica livre cristalizada) no ambiente de trabalho e é definida pela massa de sílica sobre o volume amostrado.
Destacam-se abaixo os respectivos cálculos:
Cálculo Norma Regulamentadora nº 15 LT = 24 / (%quartzo+3) (Poeira Total); LT = 8 / (%quartzo+2) (Poeira Respirável).
Análise e Resultados CENTRAL
DE AREIA VERDE
O setor de central de areia verde é responsável por operar e auxiliar a produção, trabalha intimamente com os serviços de verificação, distribuição e análise da areia, limpam as passarelas superiores, galerias do sistema de areia e elevadores. Além disso, executam a mistura da areia com carvão e bentonita.
AMBIENTE DE TRABALHO: Interior da indústria no setor central de areia que possui ventilação natural por meio de exaustores, iluminação natural e artificial, possuindo piso cimentado.
Tabela 2 – Dados da avaliação dos agentes químicos no setor Central Areia Verde Agentes
Valor Obtido (mg/m³)
LT – ACGIH (*)
LT (*) – NR15 (*)
Situação de
(mg/m³)
(mg/m³)
Exposição
Poeira Respirável
0,60
2,64
4
Condições Salubres (*)
Sílica livre cristalina
0,050
0,022
3,9
Condições Insalubres
(*) Poeira Total
6,62
8,8
8,00
Condições Insalubres (*)
Negro Fumo
2,63
3,08
3,50
Condições Insalubres (*)
Análise e Resultados De
acordo com os dados apresentados percebe-se que a concentração de poeira respirável, poeira total e negro fumo são inferiores aos índices e limites recomendados pela ACGIH e pela Norma Regulamentadora nº 15. Entretanto observa-se que os dados referentes à sílica livre cristalina estão acima dos índices descritos pelo limite de tolerância da ACGIH e da Norma Regulamentadora nº 15.
Proposta
Qual das áreas possui maior risco?
Com base nos dados evidenciados no roteiro de trabalho pode-se verificar que na Central de Areia Verde os riscos são mais agravantes devido a presença de mais agentes químicos, como o negro fumo. Além disso, notou-se que os limites de tolerância considerados são mais restritos em comparação com os demais, o que nos possibilita dizer as atividades desta área são realizadas em um território que permite com maior contato com agentes químicos nocivos, sendo um setor mais propenso a condições insalubres para seus trabalhadores.
Considerações Finais O
trabalho realizado nos proporcionou aos discentes a aquisição de novos conhecimentos referente ao setor produtivo da Indústria de Fundição, desencadeando uma perspectiva abrangente sobre os efeitos desse segmento na sociedade de forma direta e indireta.