Cancioneiro Popular do Sado Alcacer

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O CANCIONEIRO DO SADO: Cantigas de raiz popular da Região de Alcácer do Sal, publicada no Jornal Pedro Nunes

O CANCIONEIRO DO SADO: Cantigas de raiz popular da região de Alcácer do Sal, publicada no Jornal Pedro Nunes

Câmara Municipal de Alcácer do Sal

Alcácer do Sal, 2009

Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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FICHA TÉCNICA

Tema do Quinto Volume: - O CANCIONEIRO DO SADO: Cantigas de raiz popular da região de Alcácer do Sal, publicada no Jornal Pedro Nunes

Colecção Digital – Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5

Coordenação – Vereação do Pelouro da Cultura

Recolha e Análise Poética – Isabel Cristina Vicente e António Rafael Carvalho

Carta Agrícola de Portugal de 1893 (Folha de Alcácer do Sal/Palma) Instituto Geográfico Português – licença de utilização nº 312/06

Capa e Grafismo – Dos autores

Fotografias – Arquivo Histórico do Município de Alcácer do Sal.

Edição on-line – Município de Alcácer do Sal

Alcácer do Sal, Junho de 2009

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Indíce

Apresentação………………………………………………………………………….…………4

Breve Introdução à Poesia Popular de Alcácer do Sal…………………………………….….5 1. Algumas reflexões……………………………………………………………………5 2. Análise preliminar do Cancioneiro do Sado……………………………………….6

O Cancioneiro do Sado: Jornal Pedro Nunes, entre 1908 e 1911………………………….….9 I – Amor e Casamento………………………………………………………………….9 II – Família e Sociedade………………………………………………………………44 III – A Mulher……………………………………………………………………...….48 IV -Modos de Vida…………………………………………………………………….50 V – Pobres e Ricos…………………………………………………………………….52 VI – Religião e Moralidade………………………………………………………...…53 VII – Sabedoria……………………………………………………………………..…56 VIII – Escárnio e Maldizer……………………………………………………...……60 IX -Graça e Malícia………………………………………………………………..….64 X – Indeterminado………………………………………………………………….…70

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Apresentação Permitam-me que vos apresente mais este contributo que se insere na Colecção – Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, que considero de extrema importância para divulgação de alguns aspectos que marcam a nossa História e que assumem grande influência na construção da nossa identidade, do nosso ser. Estas colecções temáticas são, portanto, mais um contributo de dar a conhecer a História e “estórias” de que todo o nosso concelho é portador. Este caderno (em formato digital) dedicase às “Cantigas Populares” tantas vezes cantadas pelos nossos avós nas suas lides diárias como o labor no campo. Felizmente que este registo quase sempre oral passou a escrito, permite-nos, neste início do século XXI, ter acesso a um tesouro de quotidianos, como os seus amores e desamores, as suas tristezas e preocupações, os seus desejos e de uma maneira geral, pequenos flashes das suas vidas. Se é visível pelas várias posturas que temos assumido que consideramos como vector estrutural da nossa política cultural o património arqueológico, histórico e religioso, com este projecto pretendemos marcar uma posição em relação às nossas raízes culturais imateriais, porque a nossa riqueza patrimonial não se esgota no que é visível no nosso concelho. Existe outro tipo de património, igualmente importante, por vezes esquecido que pertence e cimentou a intimidade e alma das gerações passadas. Esta recolha foi realizada num esforço de divulgação. Este registo foi possível porque em todas as épocas existiram homens e mulheres deste concelho que lutaram pela defesa do património. Agora é Vosso e está nas Vossas mãos conhecer uma faceta pouco conhecida do nosso passado colectivo.

Vereadora do Pelouro da Cultura e Desporto

Isabel Cristina Vicente

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Breve Introdução à Cantigas Popular de Alcácer do Sal 1. Algumas reflexões

A poesia popular é um mundo próprio, com as suas regras e os seus autores anónimos, perdidos num tempo que decorre num determinado território geográfico, interiorizado como seu, mas que perpetuaram as suas palavras numa memória de oralidade que sobreviveu até ser registada em suporte escrito. Trata-se de um mundo rico de sentimentos que preveligia uma oralidade, com uma lógica que nos escapa e que é diferente da escrita. Sendo oral, predomina o som, um sentido musical que brota de um mundo social, rural ou urbano, que importa conhecer. Como norma, só sabemos responder às perguntas que somos capazes de responder e ver o que queremos ou sentimos necessidade de olhar. Com a poesia popular poderá passar o mesmo. Temos que estar cientes que ela brota espontaneamente no seio de uma minoria de “ cantadores anónimos1” que nascem, crescem e vivem emersos numa determinada época e contexto social, onde o básico dos nossos dias ainda não existe e os dias correm de maneira diferente, talvez mais lentos, numa direcção sem pressas… Em suma, a poesia é um reflexo de uma época, que espelha os sentimentos de uma comunidade. Como tal é rico em informação historiográfica se a soubermos ler, porque nessa perspectiva pode ser encarada como uma janela aberta para um determinado fragmento do passado. Geralmente quando analisamos a poesia, captamos as palavras, a mensagem, o som, mas esquecemos as pessoas que estão por detrás da sua génese. São homens e mulheres que num quotidiano difícil, conseguem criar dentro de si, um espaço íntimo, onde conseguem dar brilho e sentimento ao que lhe vai na alma, partilhando com a comunidade fragmentos desse mundo. Podemos concluir que a poesia popular tem um papel profilático de espantar os males deste mundo, brincar com a adversidade, convidar-nos a sonhar ou corar e acima de tudo, dános um vínculo poderoso, que permite uma cumplicidade entre nós e os nossos vizinhos, dando sentido à comunidade de um determinado território. Para concluir, que podemos nós saber de Alcácer através da análise desta poesia? 1

Como norma, estes autores populares não se assumem como poetas, eles simplesmente transformam a experiência, os desejos, as crises de crescimento e os sonhos colectivos em palavras para serem cantadas em grupo durante a faina do campo. Havendo uma rígida separação entre os sexos, que começa a diluir no início do século XX, e como norma os casamentos por amor era algo pouco comum à época, as cantigas revelam estratégias rituais de enamoramento e disponibilidade que eram lançadas no seio do grupo de forma subtil. Não é de admirar que a quase totalidade das cantigas recolhidas estejam inseridas no grupo do Amor e Casamento. Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx


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Muito e pouco, dependendo da perspectiva que utilizarmos para a analisar e das respostas que temos necessidade em responder, que vão variando consoante vai decorrendo o processo de investigação. É certo que o passado existiu e que deixou marcas, mas a forma como o vemos, seleccionamos e conseguimos transmitir aos outros, depende da natureza das fontes disponíveis, da nossa base como investigadores e fundamentalmente de nós próprios, porque as respostas só chegam às questões que sabemos ou temos necessidade de colocar!

2. Analise Preliminar do Cancioneiro do Sado.

As cantigas populares do Sado que tivemos ocasião de recolher para este livro são o resultado de uma lenta evolução em termos de concepção, que remontam numa primeira análise à época islâmica. Como foi exposto num trabalho recente sobre a “Musica através dos ossos?..2, após a reconquista, a actividade musical, as cantigas e a produção poética nas cortes hispânicas, vão beber às raízes profundas da cultura islâmica, cujo rasto iconográfico e textual e métrica poética podemos detectar nas Cantigas de Santa Maria, Cancioneiro da Ajuda, etc. Que produção poética terá existido em Alcácer nessa altura? A existência de uma elite governativa no seio de uma cidade de grandeza média, detentora de um vasto território administrativo, é um indicador seguro da existência de uma actividade intelectual importante. É provável que à semelhança de Silves em contexto islâmico, a população rural alcacerense produzisse cantigas de apoio ao seu quotidiano. O único dado interessante que aponta nesse sentido é a existência de uma Cantiga Popular dedicada ao Santuário de Nossa Senhora dos Mártires, efectuada pouco depois da conquista de Alcácer e recolhida em 1283 na obra de Afonso X, Rei de Castela. Contudo, a obra poética alcacerense mais recuada que temos conhecimento neste momento, é a que foi produzida por Abd Allah Ibn Wazir, que foi o governador islâmico que se rendeu em 1217 às tropas cristãs. Depois abate-se um pesado silêncio documental até ao início do século XX. O Cancioneiro do Sado é uma prova de que a produção de cantigas e poesia não cessou ao longo dos séculos seguintes, contudo ainda falta efectuar muita investigação nesta área. 2

GARCIA, M Moreno e PIMENTA, C., 2006. Música através dos ossos?... Proposta para o reconhecimento de instrumentos musicais no Al-Andalus. In Actas Al-Andalus Espaço de Mudança. Balanço de 25 anos de História e Arqueologia Medievais. Mértola, páginas 226 a 239. Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx


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Não pretendemos efectuar o estudo crítico do Cancioneiro do Sado nesta primeira abordagem e nem queremos dar um contributo para o estudo historiográfico de Alcácer nos inícios do século XX. O nosso objectivo é unicamente chamar a atenção para um património documental muito interessante para o estudo da nossa história local.

Pormenor da “Folha agrícola nº 28” efectuada em 1893. Instituto Geográfico Português, licença de utilização 312/06.

Nesta abordagem preliminar, o que é que podemos extrair deste cancioneiro? Para o efeito, definimos uma metodologia de análise. Após a recolha das canções no Jornal Pedro Nunes, estas foram inseridas num conjunto de itens de carácter temático, e os resultados numéricos obtidos foram os seguintes: Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx


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Amor e Casamento – 89 Cantigas Graça e Malícia – 13 cantigas Família e Sociedade – 9 Cantigas Escárnio e Maldizer – 8 cantigas Sabedoria – 8 cantigas Indeterminado – 7 cantigas Religião e Moralidade – 6 cantigas A Mulher – 4 Cantigas Modos de Vida – 3 cantigas Pobres e Ricos – 2 cantigas

Antes de tecermos alguns comentários, importa referir que as cantigas referem claramente um contexto geográfico regional, de carácter rural que é identificado com o rio Sado. Nota-se uma aparente ausência do meio urbano e a título de exemplo, Alcácer nunca é referida ou quando é indirectamente, o local referido é o Santuário do Senhor dos Mártires. Quando é referida uma estrutura urbana ela é sempre direccionada para as aldeias do nosso concelho, como por exemplo Santa Catarina de Sítimos, Santa Susana, Vale de Guizo, São Romão, Palma e Valle de Reis. Numa análise preliminar, chegamos facilmente à conclusão que a esmagadora totalidade das cantigas encontram-se inseridas no grupo temático definido como Amor e Casamento. Apesar da aparente facilidade que nos deparamos para isolar este vasto conjunto de cantigas, elas encerram dentro de si um conjunto interessante de subgrupos. Uns dizem respeito a estratégias e rituais socialmente aceites para iniciar o namoro, quase sempre a uma certa distância! Outras revelam desencontros amorosos Outros ciúmes e traições Detectamos igualmente críticas às condutas dos progenitores, quase sempre o pai da jovem, notando-se a ausência da figura materna. Outro grupo interessante é o referente à mulher, que necessitava de um estudo mais profundo. Não faltam também referencias a uma critica social e de costumes, que por vezes assumem uma postura de escárnio e maldizer. Muito ficou por dizer, mas o nosso objectivo é por à disposição do leitor este tesouro que foi nascendo nas margens do nosso Sado.

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O Cancioneiro do Sado: Jornal Pedro Nunes, entre 1908 e 1911.

I – Amor e Casamento _____________________________________ Jornal nº 92, de 26 de Abril de 1908

Podesse eu amor, Viver no teu monte; Conversas teria… Contigo na fonte!

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Seriam p´ra nós D´immensa alegria! Comtigo na fonte… Conversas teria!...

_________________________________________ Jornal nº 94, de 10 de Maio de 1908

Amor se não era Do teu próprio gosto, P´ra que me deixaste… Beijar o teu rosto?!

Quando eu te osculei Se tu não gostaste, Beijar o teu rosto… P´ra que me deixaste?!

_________________________________________ Jornal nº 95, de 17 de Maio de 1908

Se eu tivesse a dita Que a guitarra tem. Andava nos braços Do meu lindo bem.

Gosando estaria De tão doces laços, De meu lindo bem Andava nos braços.

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____________________________________ Jornal nº 96, de 24 de Maio de 1908

Amores ao longe Não se podem ter, Dão muito trabalho Aquém os vae ver.

Embora caminhem Por qualquer atalho! A quem os vae vêr… Dão muito trabalho.

__________________________________ Jornal nº 97, de 31 de Maio de 1908

Despreza-me amor, Se o teu gosto é esse. - Só fazes as coisas A quem não merece!

Com tanto adejar Vê lá onde poisas. - A quem não merece Só fazes as coisas!

______________________________________ Jornal nº 98, de 7 de Junho de 1908

Já lá vae a lima Cá fica o limão. -Fiquei sem a prenda Do meu coração!...

Ainda não fiz Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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D´amor encommenda. - Do meu coração Fiquei sem a prenda!...

_____________________________________ Jornal nº 99, de 15 de Junho de 1908

Amor se te fores Leva-me também, Em tua companha Sempre eu ando bem!...

Embora só coma Feijão e castanha, Sempre eu ando bem Em tua companha!...

______________________________________ Jornal nº 100, de 21 de Junho de 1908

O meu bem se foi, Nem adeus me disse Nunca tive penas Que menos sentisse.

Como elle só gosta De moças morenas, Que menos sentisse Nunca tive penas.

_____________________________________ Jornal nº 102, de 12 de Julho de 1908

Parece-me amor Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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Que tu me dizias: Logo me´screvias.

Caso te fizessem Ir ao mel, à serra, Logo me ´screvias Em chegando à terra.

_______________________________________ Jornal nº 103, de 19 de Julho de 1908

Amor dá-me um ramo Do teu mangerico, São obrigações Que a dever te fico.

Satisfaz-me tu Minhas petições, Que a dever te fico Mil obrigações.

____________________________________ Jornal nº 104, de 26 de Julho de 1908

Andam os rapazes Dizendo p´la rua: - Aqui mora a minha, ali mora a tua.

A minha da tua Vem a ser visinha. Ali mora a tua, Aqui mora a minha.

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________________________________________ Jornal nº 106, de 9 de Agosto de 1908

Emquanto não tive Comtigo contractos, ´Stragava de menos Um par de sapatos.

Antes d´eu gosar Teus lindos acenos, Um par de sapatos ´Stragava de menos.

____________________________________ Jornal nº 110, de 6 de Setembro de 1908

O meu amor se foi A´segunda feira, Deixou-me saudades P´r´a semana inteira.

Como foi sósinho Ver outras herdades, P´r´a semana inteira Deixou-me saudades.

___________________________________________ Jornal nº 111, de 13 de Setembro de 1908

Senhor dos Martyres Meu rico santinho, Hei de convidal-o Para meu padrinho. Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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Quando me casar Irei adoral-o, Para meu padrinho Hei de convidal-o

____________________________________________ Jornal nº 114, de 4 de Outubro de 1908

Pega na viola Fal-a retinir, Meu amor ´stá longe Fal-o aqui vir.

´Stando em companhia D´um beato monge Fal-o aqui vir, Meu amor´stá longe.

____________________________________________ Jornal nº 115, de 11 de Outubro de 1908

Quando eu não tinha Desejava ter, Uma hora no dia.

Meu bem p´ra te ver. Agora já tenho Com muita alegria, Meu bem p´ra te ver Uma hora no dia.

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____________________________________________ Jornal nº 116 de 18 de Outubro de 1908

O meu lindo amor Ficou d´aqui vir, Deitou-se na cama Deixou-se dormir.

Como qu´ria ser Cantador de fama, Deixou-se dormir Deitou-se na cama.

____________________________________________ Jornal nº 118, de 1 de Novembro de 1908

Se o meu lindo amor Viesse aqui ter, Uma missa às almas Mandava dizer.

P´ra ver o meu bem Coberto de palmas, Mandava dizer Uma missa às almas.

_________________________________________ Jornal nº 119, de 8 de Novembro de 1908

Passas-me pela porta Uma vez e outra, E nada me dizes Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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O´cara marota!

Eu sei que tu gosas Momentos felizes O´cara marota, E nada me dizes!

____________________________________________ Jornal nº 122, de 29 de Novembro de 1908

Assenta-te amor Conchega-te a mim, N´esta cadeirinha De pau d´alecrim.

Comtigo assentado Me julgo rainha De pau d´alecrim N´esta cadeirinha.

____________________________________________ Jornal nº 123, de 6 de Dezembro de 1908

Assenta-te amor Aqui a meu lado, N´esta cadeirinha De pau encarnado.

Não tenhas receio Porque é muito minha, De pau encarnado Esta cadeirinha.

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__________________________________________ Jornal nº 125, de 20 de Dezembro de 1908

Vim eu de tão longe P´ra te ver querida, Por ti me arrisquei A perder a vida.

Por muitos caminhos P´rigosos andei. A perder a vida Por ti me arrisquei.

__________________________________________ Jornal nº 126, de 27 de Dezembro de 1908

A minha adorada Já se foi deitar, Não inha sapatos Para vir dançar!

Trazia uns chinellos Sem solas nem saltos! Para vir dançar Não tinha sapatos.

__________________________________________ Jornal nº 127, de 3 de Janeiro de 1909

Eu subi ao alto A´meia ladeira, P´ra ver o meu bem Que andava na eira! Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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Ainda depois Subi mais alem, Que andava na eira P´ra ver o meu bem.

__________________________________________ Jornal nº 128, de 10 de Janeiro de 1909

O´meu qu´rido amor Só tu, ninguèm mais, Tiveste a dita, D´ouvir os meus ais.

Alem de não teres Figura bonita, D´ouvir os meus ais Tivestes a dita.

__________________________________________ Jornal nº 129, de 17 de Janeiro de 1909

O´meu lindo amor Só tu, mais ninguém, Me tira a paixão Que a minh´alma tem.

De te ver meu bem E´grande alegrão, Que a minh´alma tem E me tira a paixão.

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__________________________________________ Jornal nº 131, de 31 de Janeiro de 1909

Fui ao verde campo P´ra ver um amigo, Que encontro tão lindo Eu tive comtigo.

Ao ver-te meu bem Alegre e sorrindo, Eu tive comtigo Um encontro lindo.

__________________________________________ Jornal nº 132, de 7 de Fevereiro de 1909

Toma lá amor Que te manda a prima, Um lenço d´abraços Com beijos em cima.

Acceita meu bem, Envolve em teus laços, Com beijos em cima Um lenço d´abraços.

__________________________________________ Jornal nº 138, de 21 de Março de 1909

Conta-me o motivo Da tua paixão, Pode ser que eu traga Remédio na mão. Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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E´d´algum rival Com certeza praga, Remédio na mão Pode ser que eu traga.

__________________________________________ Jornal nº 139, de 28 de Março de 1909

Amor não me´screvas, Cartas em latim, Que eu não as sei ler. São paixões p´ra mim.

Se das mesmas cartas Teimas em ´screver, São paixões p´ra mim Que eu não as sei ler.

__________________________________________ Jornal nº 145, de 9 de Maio de 1909

Amor não me escrevas Que me mata mais, Cartas são papeis Lettras são signaes.

Pois já me aborrecem Os seus aranzeis, Lettras são signaes Cartas são papeis.

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____________________________________ Jornal nº 147, de 23 de Maio de 1909

Não vejo o meu bem Senão ao domingo, Em toda a semana Em chorar me vingo.

Somente em pensar Que elle me engana, Em chorar me vingo Em toda a semana.

__________________________________ Jornal nº 148, de 30 de Maio de 1909

Anda cá meu bem Anda cá, vem ver, Amorinhos novos Qu´eu ´stou para ter!

Vê lá se me arranjas Uma assorda d´ovos, Qu´eu s´tou para ter Amorinhos novos.

_____________________________________ Jornal nº 149, de 6 de Junho de 1909

O meu coração A tudo se anima, Recebe desfeitas De quem mai estima Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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Em tudo consente Nunca tem suspeitas, De quem mais estima Recebe desfeitas.

______________________________________ Jornal nº 150, de 13 de Junho de 1909

O meu coração Em tudo é valente, Mesmo com ciúmes Vive alegremente.

Da vida dos outros Não toma os costumes, Vive alegremente Mesmo com ciúme.

_______________________________ Jornal nº 152, de 27 de Junho de 1909

Adeus oliveiras Adeus olivaes, Adeus meu amor Para nunca mais.

Desculpem se fujo Como desertor, Para nunca mais… Adeus meu amor.

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_______________________________ Jornal nº 153, de 4 de Julho de 1909

O meu lindo amor Tem bonitas prendas, Não gosta de vinho Nem joga nas vendas.

Como elle não há Tão bom rapazinho, Não joga nas vendas, Nem joga nas vendas.

_______________________________ Jornal nº 154, de 11 de Julho de 1909

O´moças não queiram Amar o meu bem, Elle ainda não foi Leal a ninguém.

Pois alem de ter Força como um boi, Leal a ninguém Elle ainda não foi.

_______________________________ Jornal nº 155, de 18 de Julho de 1909

Deixa-te estar rosa Na tua roseira, Para mal casada Mais vale solteira. Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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Para não viveres Bem acompanhada, Mais vale solteira Que mal casada.

_______________________________ Jornal nº 158, de 8 de Agosto de 1909

O´ amor, amor, O´amor vadio, Já há tanto tempo Que andas arredio.

Eu tenho soffrido Muito contratempo, E tu arredio Já há tanto tempo.

_______________________________ Jornal nº 159, de 15 de Agosto de 1909

Triste coração Alegra-te agora, Aqui tens à vista Um bem que te adora.

Se do meu amor Tu andas na pista, Um bem que te adora Aqui tens à vista.

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_______________________________ Jornal nº 161, de 29 de Agosto de 1909

Adeus oliveiras Adeus olivaes, Adeus meu amor Para nunca mais.

Eu sei que te faço Com isso favor, Para nunca mais Adeus meu amor.

_______________________________ Jornal nº 162, de 5 de Setembro de 1909

Amor de viúvo Amor bandoleiro, Quanto mais não vale Um rapaz solteiro.

Em amor p´ra velhos Meu pae não me fale. Um rapaz solteiro Quanto mais não vale.

_______________________________ Jornal nº 163, de 12 de Setembro de 1909

Estás bem de preto Senão fosse o dó, Paciência amor E´um anno só. Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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O CANCIONEIRO DO SADO: Cantigas de raiz popular da Região de Alcácer do Sal, publicada no Jornal Pedro Nunes

Satisfaz o mundo Que elle é impostor, E´um anno só.

_______________________________ Jornal nº 164, de 19 de Setembro de 1909

Considera amor Ao depois não digas: - As mulheres são Como as raparigas.

Se o amor não é Sincera paixão, Como as raparigas As mulheres são.

_______________________________ Jornal nº 165, de 26 de Setembro de 1909

Eu hei de te amar Eu hei de te querer, Sem teu pae sonhar Sem teu pae saber.

Sempre que poder Te hei de falar, Sem teu pae saber Sem teu pae sonhar.

Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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_________________________________ Jornal nº 167, de 10 de Outubro de 1909

Amores, amores Como eu tenho tido «Agora já» não Teem-me morrido.

Amores eu tive Mais d´um quarteirão Teem-me morrido «Agora já» não.

___________________________________ Jornal nº 168, de 17 de Outubro de 1909

Vae-te embora amor, Desculpa mandar-te… Sabe Deus a pena Que tenho em deixar-te.

Enormes castigos O destino ordena, «Que tenho em deixar-te» «Sabe Deus a pena»

_______________________________________ Jornal nº 169, de 24 de Outubro de 1909

N´outro tempo amor Que te não amava, Lograva saude Pouco me ralava. Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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S´isto não é certo Deus me ajude, Pouco me ralava Lograva saude.

___________________________________________ Jornal nº 176, de 17 de Dezembro de 1909

A tua abalada Para mim foi boa, Já cá ´stou virada P´ra outra pessoa.

Nunca mais serei Tua namorada, P´ra outra pessoa Já cá ´stou virada.

___________________________________________ Jornal nº 177, de 19 de Dezembro de 1909

Eu não sei mal Que te tenho feito, Para mim não tens O olhar com geito!

Sempre carrancudo P´ra meu lado vens, E o olhar com geito Para mim não tens!

Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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________________________________________ Jornal nº 181, de 16 de Janeiro de 1910

Adeus oliveiras Adeus olivaes, Adeus meu amor Não vos vêjo mais.

Eu bem sei que morro De paixão e dôr, Não vos vêjo mais Adeus meu amor!

________________________________________ Jornal nº 182, de 23 de Janeiro de 1910

A paixão d´amores Mata muita gente, A mim não me mata Andando eu doente.

Só o que faz falta A morte arrebata, Andando eu doente A mim não me mata.

_______________________________________ Jornal nº 183, de 30 de Janeiro de 1910

Se a morte viesse E ella me levasse, Não tinha ninguém Que por mim chorasse. Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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A não seres tu Oh! Meu lindo bem, Que por mim chorasse Não tinha ninguém.

__________________________________ Jornal nº 185, de 13 de Fevereiro de 1910

O´meu lindo amor Despacha, despacha, Não te posso vêr De cabeça baixa.

A tua attitude Me faz esmor´cer, De cabeça baixa Não te posso vêr.

________________________________________ Jornal nº 186, de 20 de Fevereiro de 1910

Se tu me não amas Maria meu bem, Vou assentar praça Não olho a ninguem.

Sendo tu a causa Da minha desgraça, Não olho a ninguem Vou assentar praça.

Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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____________________________________________ Jornal nº 187, de 27 de Fevereiro de 1910

Tens os olhos pretos Como o cezirão, Namora-te agora Bella occasião!...

Que lindo zaga! Ao pé de ti móra, Bella occasião Namora-te agora!...

____________________________________ Jornal nº 188, de 6 de Março de 1910

Moças não se enlevem Nos homens de c´rôa, Pois é um peccado Que Deus não perdoa…

Nem devem olhar P´ra quem é prelado, Que Deus não perdoa Pois é um pecado.

____________________________________ Jornal nº 194, de 17 de Abril de 1910

Se quizeres saber Pergunta meu bem, O mar de fundura Quantas braças tem. Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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Como és curioso Meu amor procura, Quantas braças tem O mar de fundura.

_______________________________________ Jornal nº 195, de 24 de Abril de 1910

Vae-te embora amor Desculpa mandar-te, Só Deus sabe a pena Que eu tenho em deixar-te!

Um vilão maldito A tal nos condemna. Que eu tenho em deixar-te Só Deus sabe a pena1…

_____________________________________ Jornal nº 196, de 1 de Maio de 1910

Eu não venho aqui P´ra ganhar a palma. Vim só p´ra te vêr Amor da minh´alma!

Há quem se admire D´eu aqui vir ter. Amor da minh´alma Vim só p´ra te vêr!

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___________________________________ Jornal nº 197, de 8 de Maio de 1910

Já não tenho amores Já não tenho nada, P´ra mim se acabou Tudo de pancada.

´Té já como os velhos A um canto estou, Tudo de pancada P´ra mim se acabou.

_________________________________________ Jornal nº 198, de 15 de Maio de 1910

Amor se te fores Has de me levar, Na tua companha E´que quero andar.

Só porque te tenho Affeição tamanha, E´que quero andar Na tua companha.

_______________________________________ Jornal nº 199, de 22de Maio de 1910

Meu bem se te fôres Leva-me tambem, Em tua companha Eu vou muito bem. Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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Embora me leves Para terra extranha, Eu vou muito bem Em tua companha.

__________________________________________ Jornal nº 203, de 19 de Junho de 1910

Não tenho alegria Se não em te vendo, Cada vez mais lindo Me estás parecedo.

Para mim amor E´s sempre bemvindo, Me estás parecendo Cada vez mais lindo.

_________________________________________ Jornal nº 205, de 3 de Julho de 1910

Quando eu não tinha Contractos comtigo, Vivia contente E livre de p´rigo…

Andava bem visto Pela fina gente, E livre de p´rigo Vivia contente.

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_________________________________________ Jornal nº 207, de 17 de Julho de 1910

Meu bem anda triste Anda imaginario, Eu bem o conheço Pelo seu duario.

Parece-me que eu Tambem lhe aborreço Pelo seu duario Eu bem o conheço.

________________________________ Jornal nº 208, de 24 de Julho de 1910

Amores, amores, Como eu tenho tido, Se agora os não tenho Teem-me morrido.

Por lindos amores Sempre eu fiz empenho, Teem-me morrido Se agora os não tenho.

______________________________________ Jornal nº 210, de 7 de Agosto de 1910

Não chores amor Que eu não vou morrer, Dá graças a Deus Qu´inda me has de vêr. Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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Vou servir o rei Por peccados meus, Qu´inda me has de vêr Dá graças a Deus.

____________________________________________ Jornal nº 211, de 14 de Agosto de 1910

Não chores amor Que a desgraça é minha, Isto são dois annos Que eu sirvo a rainha.

Obrigam-me a ir Servir os tyrannos, Que eu sirvo a rainha Isto são dois annos.

_____________________________________ Jornal nº 213, de 28 de Agosto de 1910

Se eu quizesse amores Tinha mais d´um moio, Se tenho só um E´trigo sem joio.

E não desejando De ter mais nenhum, E´trigo sem joio Se tenho só um.

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_______________________________________ Jornal nº 214, de 4 de Setembro de 1910

Se eu quizesse amores Tinha mais d´um cento, E´pão bolorento.

Até já com elle Me não entretenho, E´pão bolorento Esse qu´inda tenho.

___________________________________________ Jornal nº 215, de 11 de Setembro de 1910

Lindo amor eu tenho Sezões a morrer, Suppõe o valor Que eu poderei ter.

Sem te vêr meu bem Soffro tanta dôr, Que eu poderei ter Suppõe o valor.

________________________________________________ Jornal nº 216, de 18 de Setembro de 1910

O´juizo vario Vareia, vareia. Não posso ser firme A quem me falseia. Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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Se amar quem é falso E´um grande crime, A quem me falseia Não posso ser firme.

______________________________________________ Jornal nº 222, de 30 de Outubro de 1910

O´rosa não queiras Viver nos quintaes, Aqui no meu peito ´Inda brilhas mais.

Para me tornares Um rapaz perfeito, ´Inda brilhas mais Aqui no meu peito.

_________________________________________ Jornal nº 224, de 13 de Novembro de 1910

A paixão d´amores Não mata mas moe, O meu coração De leal se doe.

Porque espero amor A nossa união, De leal se doe O meu coração.

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___________________________________________ Jornal nº 226, de 27 de Novembro de 1910

Anda meu amor Anda vem dançar, Inda é muito cedo Para te ires deitar.

Vem dançar commigo E não tenhas medo, Que p´ra te ires deitar Inda é muito cedo.

___________________________________________ Jornal nº 227, de 4 de Dezembro de 1910

O´olhos azues Que já foram meus, Agora são d´outros Paciencia, adeus.

Olhos que parecem De fogazes pôtros, Paciencia, adeus, Agora são d´outros.

_______________________________________ Jornal nº 229, de 18 de Dezembro de 1910

O meu bem me disse Hontem no jardim, Querida adorada Não chores por mim. Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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Forçam-me fazer Tamanha jornada, Não chores por mim Querida adorada.

_____________________________________________ Jornal nº 230, de 25 de Dezembro de 1910

Tenho cinco amores Contigo são seis, Tenho quatro em Palma Dois em Valle dos Reis.

Com tantos amores Se expande minh´alma, Dois em Valle dos Reis E quatro em Palma.

______________________________________ Jornal nº 232, de 8 de Janeiro de 1911

Venho de tão longe P´ra te ouvir cantar, Essa tua fala Me foram gabar.

E porque o teu canto A todos regala, Me foram gabar Essa tua fala.

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________________________________________ Jornal nº 235, de 29 de Janeiro de 1911

O meu bem é lindo Não pode ser mais, Só basta não ter No rosto signaes.

E p´ra sua cara Mais bonita ser, No rosto signaes Só basta não ter.

_____________________________________ Jornal nº 238, de 19 de Fevereiro de 1911

Querida Maria O teu pae é meu, Minha mºae é tua Teu amor sou eu

Pois que nos casamos Em noite de lua, Teu amor sou eu Minha mãe é tua.

_________________________________________ Jornal nº 239, de 26 de Fevereiro de 1911

Amor se não era Da tua vontade, Para eu me deste Tanta liberdade. Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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P´ra que me censuras Se assim o quizeste; Tanta liberdade Para que me deste?

_________________________________________ Jornal nº 240, de 5 de Março de 1911

O´meu lindo amor Despacha, despacha, Não te posso vêr De cbeça baixa.

Pois tal posição Faz aborrecer, De cabeça baixa Não te posso vêr.

__________________________________________ Jornal nº 241, de 12 de Março de 1911

O´meu lindo amor Despacha que é tempo, Eu não estou guardada P´ra nenhum convento.

Se não fosses tu Já estava casada, P´ra nenhum convento Eu não estou guardada

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II – Família e Sociedade _______________________________________ Jornal nº 87, de 22 de Março de 1908

Maldito ferreiro Que tem quanto quer; Por já não ter ferro… Malhou na mulher!

A pobre até treme! Em lh´ouvindo um berro; Malhou na mulher… Por já não ter ferro.

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_______________________________________ Jornal nº 135, de 28 de Fevereiro de 1909

O meu pae não quer Que eu fale comtigo, Fazemos-lh´o gosto Fala tu commigo.

E não há por isso O menor desgosto, Fala tu commigo Fazemos-lh´o gosto.

_______________________________________ Jornal nº 140, de 4 de Abril de 1909

Minha q´rida mãe Tudo sei fazer Menos namorar Eu hei de aprender.

O pouco que falta P´ra poder casar Eu hei de aprender Menos namorar.

____________________________________ Jornal nº 142, de 18 de Abril de 1909

Menina de luto Seu pae lhe morreu, Já não vale tanto… Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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Como já valeu!

Embora a menina Se desfaça em pranto, Como já valeu… Já não vale tanto.

____________________________________ Jornal nº 144, de 2 de Maio de 1909

Assim não me custa Subir a ladeira, Somente receio Que teu pae não queira.

Meu bem p´ra te ver Descobri o meio, Que o teu pae não queira Somente receio.

____________________________________ Jornal nº 146, de 16 de Maio de 1909

Tenho ódio aos paes Da minha adorada, Pois me dão a filha Por mal empregada.

Malditos que lêem P´la mesma cartilha. Por mal empregada Não lhes quero a filha.

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________________________________________ Jornal nº 191, de 27 de Março de 1910

Quem quizer vêr gente Da côr do carvão, Vá dar um passeio Até S. Romão.

Vêja o nosso Sado Não tenha arreceio, Até S. Romão Vá dar um passeio.

____________________________________ Jornal nº 202, de 12 de Junho de 1910

Tenho o coração No peito afflicto, E´de tanta coisa Que me teem dito.

Se este passarinho Já não cae em loisa, Que me teem dito E´de tanta coisa.

___________________________________________ Jornal nº 228, de 11 de Dezembro de 1910

Quem quizer ser homem Vá p´r´as Amoreiras, Que lá não se dormem As noites inteiras. Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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Vae p´ra lá meu bem Apprende a ser homem, As noites inteiras Que lá não se dormem.

III – A Mulher ________________________________________ Jornal nº 124, de 13 de Dezembro de 1908

Minha querida mãe Tudo sei fazer, Menos namorar Nem quero aprender!...

No rol dos honrados Me vou collocar, E tudo aprender Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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Menos namorar. ________________________________________ Jornal nº 206, de 10 de Julho de 1910

Cautella Maria Co´os teus palavrões, Que a gente vê caras Sem vêr corações!

Vê bem com quem falas, Pois tu não reparas Bem vêr corações Que a gente vê caras?!

_______________________________________ Jornal nº 212, de 21 de Agosto de 1910

Eu não sei cantar Nem armar cantigas, Todos os meus enlevos São as raparigas.

Quando ellas se enfeitam Com cheirosos trevos, São as raparigas… Todos os meus enlevos.

________________________________________ Jornal nº 225, de 20 de Novembro de 1910

O´moças, ó moças Cá da minha aldeia, Não queiram andar Commigo em garreira. Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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Porque eu só assim As posso estimar, Commigo em garreira Não queiram andar.

IV – Modos de Vida _____________________________________ Jornal nº 86, de 15 de Março de 1908

Ribeira do Sado, Ella é toda minha, Do Porto d´El Rei… ´Te à Barrozinha!

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Tem lindas herdades! São minhas por lei., `Te à Barrozinha… Do Porto d´El Rei.

_______________________________________ Jornal nº 218, de 2 de Outubro de 1910

E´um gosto ouvir Nas manhãs d´Abril, Chiar os carrinhos De Banagazil (1)

Há quem se aborreça D´ouvir p´los caminhos, De Banagazil Chiar os carrinhos.

(1) Grande herdade na margem sul, do alto Sado, da qual teem fama os seus grandes palheiros e a chiada dos seus carros.

________________________________________ Jornal nº 219, de 9 de Outubro de 1910

Já não há quem queira Ganhar um vintem, Ir à outra banda Chamar o meu bem.

Esse que quer vae E o que não quer manda, Chamar o meu bem Ir á outra banda.

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V – Pobres e Ricos ______________________________________________ Jornal nº 107, de 16 de Agosto de 1908

Se algum dia fores A ´salvada à missa, Emprega os teus olhos N´uma campaniça.

Se quer´s que te tenham Amisade, aos molhos, N´uma campaniça Emprega os teus olhos.

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______________________________________ Jornal nº 189, de 13 de Março de 1910

Dizem que não há Na terra «pardaes», De bico amarello Cada vez há mais.

D´esses «passarinhos» Ali p´r´o castello, Cada vez há mais De bico amarello.

VI – Religião e Moralidade

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_________________________________________ Jornal nº 107, de 16 de Agosto de 1908

Lá em S. Mamede Já se não diz missa, Queimaram-se os santos Que eram de cortiça!

Devastando o fogo As c´roas e mantos, Por serem de cortiça Queimaram-se os santos.

______________________________________ Jornal nº 108, de 23 de Agosto de 1908

Quem quizer fazer Um ladrão bem feito, Alevante a fala Não puxe do peito.

Que as notas lhe saiam Como por escala, Não puxe do peito Alevante a fala.

_______________________________________ Jornal nº 109, de 30 de Agosto de 1908

Lá em Valle de Guizo Não se pode estar, `Stá lá um prior Que em todos quer dar.

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Já da freguezia Se julga senhor, E em todos quer dar Tão bello prior.

________________________________________ Jornal nº 190, de 20 de Março de 1910

Quem quizer ouvir Cantar o grazina, Vá domingo á missa A Santa Cath´rina…

Levante-se cedo Não tenha preguiça, A Santa Cath´rina Vá domingo á missa.

________________________________________ Jornal nº 193, de 10 de Abril de 1910

Estes namorados Agora de novo, Querem pôr peneiras Nos olhos do povo.

Para lhe não vêrem As suas asneiras, Nos olhos ao povo Querem pôr peneiras.

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_________________________________________ Jornal nº 220, de 16 de Outubro de 1910

Eu ouvi tocar A campa no adro, Abalei, fui vêr Meu bem sepultado.

Com muito desgosto E nenhum prazer, Meu bem sepultado, Abalei, fui vêr.

VII – Sabedoria

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_________________________________________ Jornal nº 85, de 8 de Março de 1908

Ribeira do Sado Verdura, verdura… O que é bom acaba, O que é mau atura!

De ter boas moças, Tal gente se gaba. O que é mau atura… O que é bom acaba.

______________________________________ Jornal nº 105, de 2 de Agosto de 1908

O´Elvas, ó Elvas, Badajoz á vista. Já não faz milagres S. João Baptista.

Para quem navega No porto de Sagres, S. João Baptista Já não faz milagres.

________________________________________ Jornal nº 117, de 25 de Outubro de 1908

Cantador de fama Deita-te a dormir, Quem te cá mandou Mais valia vir.

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O CANCIONEIRO DO SADO: Cantigas de raiz popular da Região de Alcácer do Sal, publicada no Jornal Pedro Nunes

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A´s tuas cantigas Valor nenhum dou, Mais valia vir Quem te cá mandou.

________________________________________ Jornal nº 120, de 15 de Novembro de 1908

Mais vale um ganhão Sem manta nem nada, Que vale um «dandy» De bota engraxada.

O´meu lindo amor Pergunto-te a ti, De bota engraxada Que vale um «dandy»?

________________________________________ Jornal nº 121, de 22 de Novembro de 1908

O´moças não queiram Casar com ganhões, (1) O seu ganho não chega P´r´os nossos botões.

Até ao domingo Nem vão p´ra a adega. P´r´os nossos botões O seu ganho não chega!

! – Creados de lavoura a quem os lavradores do Sado não chegam a pagar 200 réis por dia!...

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___________________________________________ Jornal nº 175, de 5 de Dezembro de 1909

Ainda que cuide De levar pancadas, Eu hei de seguir As tuas passadas…

Embora p´ra longe Tu queiras partir, As tuas passadas Eu hei de seguir!

______________________________________ Jornal nº 180, de 9 de Janeiro de 1910

Oliveira secca Quem tevarejou? Nem uma raminha Sequer te deixou.

Para te despir A gente damninha, Sequer te deixou Nem uma raminha.

_______________________________________ Jornal nº 221, de 23 de Outubro de 1910

Se te dei palavra Agora não quero, Palavras não são Correntes de ferro.

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Se a palavra d´honra Tem acceitação, Correntes de ferro Palavras não são.

VIII – Escárnio e Maldizer _______________________________________ Jornal nº 90 de 12 de Abril de 1908

Lá em Val de Guizo Navegam bateis; As moças do Sado… Não valem dez reis!

Todas ellas teem Calcanhar rachado! Não valem dez reis… As moças do Sado!.... Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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_______________________________________ Jornal nº 91 de 19 de Abril de 1908

As moças do Sado Ajuntam-se às dez! Derrubam a lenha… Co´as unhas dos pés!...

P´ara dentro dos mattos… Se alguma se embrenha, Co´as unhas dos pés… Derrubam a lenha!...

_________________________________________ Jornal nº 101, de 28 de Junho de 1908

O senhor dos Martyres Lá da carvalheira, É o pae dos pretos D´aquela ribeira.

S´nhor João da Costa Quem lh´o diz sou eu!... Se elle é pae dos pretos… Também elle é seu.

_______________________________________ Jornal nº 136, de 7 de Março de 1909.

A minha rival E´um escarapão; Tem nariz de bicha Testa de Furão.

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Arrebita o rabo Como a lagartixa, Testa de furão, E nariz de bicha.

_______________________________________ Jornal nº 137, de 14 de Março de 1909.

´Inda que meu pae Na rua te ponha, Amor finge ter Cara sem vergonha.

Nunca dês ouvidos, Ao que elle disser, Cara sem vergonha Amor finge ter.

_______________________________________ Jornal nº 156, de 25 de Julho de 1909

Já não há quem ouça Cantar um ganhão, Só lá na lavoura Tanto á língua dão!

Julgam que a mulher E´d´elles vassoura, Tanto á língua dão Só lá na lavoura!

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_______________________________________ Jornal nº 160, de 22 de Agosto de 1909

Eu tenho-te dito Tu tens ateimado, Agora é que temos O caldo entornado.

D´essas teimosas O resto veremos, O caldo entornado Agora é que temos.

________________________________________ Jornal nº 233, de 15 de Janeiro de 1911

Maria Paulina Diz que canta bem, Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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E´maior a fama Que a fala que tem.

Não sei p´ra que gabam Uma tal madama. Que á fala que tem E´maior a fama.

IX – Graça e Malícia __________________________________________ Jornal nº 130, de 24 de Janeiro de 1909

Venho de tão longe Patinhando poças, Venho só à fama De tão lindas moças.

Não disse nem digo Quem aqui me chama, De tão lindas moças Venho só à fama.

______________________________________ Jornal nº 133, de 14 de Fevereiro de 1909

Assim pequenina Como um cascabulho, Eu sou a que faço Nos bailes barulho.

Quando o tocador Não toca a compasso, Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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Nos bailes barulho Sou eu que o faço.

______________________________________ Jornal nº 141, de 11 de Abril de 1909

Gosto de cantar Com quem canta bem, Gosto de ter graças Com quem graças tem.

P´ra que acceites sejam As minhas chalaças, Com quem graças tem Gosto de ter graças.

______________________________________ Jornal nº 143, de 25 de Abril de 1909

DESCANTE

ELLE

O´minha menina Viva descançada, Da sua belleza Não pretendo nada.

Se quer que lhe fale Com toda a franqueza, Não pretendo nada Da sua belleza.

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ELLA

Nobre cavalheiro, A minha belleza Que o não enfeitiça Eu tenho a certeza.

Até a menina Que agora derriça, Eu tenho a certeza Que o não enfeitiça.

________________________________________ Jornal nº 192, de 3 de Abril de 1910

Quem quizer ouvir Cantar minha mana, Vá vêr uma festa A Santa Susana.

Quem santos adora E attenção lhe presta, A Santa Susana, Vá vêr uma festa.

_____________________________________ Jornal nº 200, de 29 de Maio de 1910

Mana Claudina Que tens que não cantas? Onde estão senhoras Não se adoram santas.

Muito embora ellas Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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Sejam seductoras, Não se adoram santas Onde estão senhoras.

_______________________________________ Jornal nº 201, de 5 de Junho de 1910

Eu tenho-te dito Tu tens teimado, Agora é que temos O caldo entornado.

Como há muitos annos Que nos conhecemos, O caldo ntornado Agora é que temos.

________________________________________ Jornal nº 217, de 25 de Setembro de 1910

O Anna, ó Anna, Quem cahiu, cahiu, Levanta-te ó Anna Que ninguem te viu.

Pareces a ser Muito leviana, Que ninguem te viu Levanta-te ó Anna.

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_______________________________________ Jornal nº 223, de 6 de Novembro de 1910

Ateima teimoso Tens bem que ateimar, Tua teima ávante Não has de levar.

Embora teimoso E mito embirrante, Não has de levar Tua teima ávante.

____________________________________ Jornal nº 231, de 1 de Janeiro de 1911

Gosto de cantar Com quem canta bem, Gosto de ter graças Com quem graças tem.

Como me admittam As minhas chalaças, Com quem graças tem Gosto de ter graças.

_______________________________________ Jornal nº 234, de 22 de Janeiro de 1911

O cantar quer hora E o bailar maré, Diga lá menina Se isto assim não é.

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Sei que sempre foi Boa dançarina, Se isto assim não é Diga lá menina.

_______________________________________ Jornal nº 236, de 5 de Fevereiro de 1911

Aquella menina Do lenço encarnado, Já me perguntou Se eu era casado.

Não sei se a pequena Commigo engraçou, Se eu era casado Já me perguntou.

___________________________________________ Jornal nº 237, de 12 de Fevereiro de 1911

Aquella menina Do lencinho branco, Já me perguntou Se eu era do campo.

Que int´resse terá De saber quem sou, Se eu era do campo Já me perguntou.

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X - Indeterminado ________________________________________ Jornal nº 88, de 29 de Março de 1908

(referência à Feira Nova de Outubro)

Este é o «ladrão» Que a «Ritta» cantava; Lá na feira nova… Ninguém lhe ganhava!

De boa cantora Sempre ella deu prova; Ninguém lhe ganhava… Lá na feira nova! Colecção - Elementos para a História do Município de Alcácer do Sal, nº 5 http://www.cmalcacerdosal.pt/PT/Actualidade/Publicacoes/Paginas/EstudosdoGabinetedeArqueologia.aspx

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______________________________________ Jornal nº 89, de 5 de Abril de 1908

O Senhor dos Martyres, Lá nos olivaes, Senhora Sant´Anna… No meio dos sapaes!

Tem seu lindo altar, Bem feito à romana! No meio dos sapaes… Senhora a Sant´Anna!

___________________________________________ Jornal nº 113, de 27 de Setembro de 1908

Já não tenho pae, Nem mãe, nem ninguém, Sou um desgraçado Que´este mundo tem!

NEM tenho parentes Por quem seja olhado, Qu´este mundo tem Mais um desgraçado!

______________________________________ Jornal nº 170, de 31 de Outubro de 1909

Oliveira secca Quem te varejou, Nem uma raminha Sequer te deixou.

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Quem tão mal te fez Foi alma damninha, Sequer te deixou Nem uma raminha.

_________________________________________ Jornal nº 173, de 21 de Novembro de 1909

Eu sou oliveira Sou oliveirinha, Creada e nascida Na «Enxarraminha»

No Sado formoso Passo minha vida, Na «Enxarraminha» Creada e nascida

__________________________________________ Jornal nº 174, de 28 de Novembro de 1909

Ateima teimoso Tens bem que ateimar, Eu sou ferro frio Que é mau de dobrar.

Talvez não triumphes N´este desafio, Que é mau de dobrar. Eu sou ferro frio.

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_____________________________________ Jornal nº 179, de 1 de Janeiro de 1910

Ò morte tyranna Porque me não levas? Não tenho ninguem Sou filho das hervas…

Se ella me levasse P´ra mim era um bem, Sou filho das ervas Não tenho ninguem…

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