Observatório Anestesia de Valor Ano base 2023
Sumário Carta ao Leitor Visão Geral Pré-Anestésico Transoperatório Pós-Anestésico Insights do Point-of-Care através dos Dados Carta de Encerramento 3 4-6 7-11 12-21 22-24 25-28 29
OAV23
Carta ao Leitor
A anestesia é o momento mais crítico da jornada do paciente anestésico-cirúrgico, também o que gera mais dados. Apesar da sua importância dentro do ecossistema da saúde, esse momento muitas vezes é excluído da adoção digital. Como consequência, temos poucos dados disponíveis, o que gera baixa cultura data-driven.
Para mudar este cenário, a Anestech criou o AxReg, maior e melhor AIMS (Anesthesia Information Management System) da América Latina. Através da nossa plataforma analítica, criamos o Observatório Anestesia de Valor, o primeiro da anestesiologia brasileira, com dados anonimizados de centenas de instituições e milhares de procedimentos.
Com muito orgulho, chegamos à segunda edição do Observatório: informações inéditas sobre a prática anestésica em 2023. Dados reais, precisos e em grande quantidade, organizados e resgatáveis para consulta em tempo real; essa é a visão da Anestech, que compartilhamos através deste material com gestores, empreendedores e profissionais de saúde em geral.
O Observatório Anestesia de Valor é um marco para o benchmarking em anestesiologia e, por meio dele, alavancar a gestão baseada em evidências. Deguste os dados à vontade, pois não há dose tóxica.
Dr. Diogenes Silva
Dr. Giorgio Pretto Ph.D.
Anestesiologista
CMIO da Anestech
/giorgioprettophd
PO Analytics da Anestech
/victorhfmorales
2022 × 2023
O ano de 2023 foi um marco na história da Anestech. Publicamos a primeira edição do Observatório Anestesia de Valor compartilhando dados inéditos da anestesiologia no ano de 2022. Firmamos nosso posicionamento como AIMS #1 da América Latina e expandimos nossos horizontes, levando o AxReg para mais Centros Cirúrgicos e fomentando a cultura data-driven por meio de nossa plataforma de BI AxReg Analytics.
Como resultado, tivemos mais que o dobro de fichas anestésicas documentadas, um aumento expressivo de 135%. O tempo total de anestesia subiu de 548.841 horas em 2022 para 1.129.200 horas em 2023: mais de 1 milhão de horas em dados anestésico-cirúrgicos coletados minuto a minuto, recheados de informação e analisados para transformar os serviços de saúde.
2022
Não apenas no Centro Cirúrgico (CC), também tivemos maior uso do AxReg em clínicas, consultórios e ambulatórios para o registro das consultas pré-anestésicas; engajamento maior do AxReg que resultou em um aumento de 178% na quantidade de fichas pré-anestésicas registradas entre 2022 e 2023.
Por fim, também tivemos aumento no uso do AxReg para monitoramento e documentação dos pacientes durante a recuperação pós-anestésica (RPA). O aumento foi de 99,4% nos registros, de 477.384 horas de RPA em 2022 para 629.532 horas de RPA em 2023.
Visão Geral 2022 Anestesias 2023
309.948 730.456
Pré-anestésicos
2023
Pós-anestésicos
79.817 222.106 2022
2023
49.895 99.469
4
Característica dos Pacientes
A média de idade da população foi 46,6 ± 21,7 anos (1 ano e 4 meses superior à média de 2022) com predomínio de pacientes do sexo feminino (58,1%). A média de idade das mulheres foi 47,1 ± 23,7 anos (de 0 a 109 anos) e a dos homens 46,2 ± 20,3 anos (de 0 a 109 anos).
A população infantil (dos 0 aos 14 anos) foi majoritariamente masculina (62,9%), enquanto que a senioridade (acima dos 75 anos) foi em sua maioria feminina (53,5%).
Outro ponto importante é o aumento da presença de pacientes centenários no CC. Em 2023, 5,28% dos pacientes apresentaram idade superior a 80 anos, uma alta de 2 pontos percentuais para a população de 2022 (3,23%) - 63,5% mais pacientes idosos. É de extrema importância a adequação dos serviços e da assistência para as complexidades desse grupo de pacientes.
Por fim, a população adulta dos 20 aos 39 anos foi constituída predominantemente por mulheres (71,5%) influenciada por ser a faixa etária mais comum na gestação, estatística que vai ao encontro com o procedimento cirúrgico mais frequente registrado em nossa base: Cesariana.
0 0 10 20 30 40 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100+
Homens Mil P essoas Mulheres 5
Faixa de Idade
Classificação de Risco (ASA)
Os dados mostram predomínio de pacientes saudáveis (ASA I) ou com doença sistêmica controlada (ASA II), que juntos correspondem a 83,4% dos pacientes. Embora a quantidade de pacientes graves e críticos seja pequena comparada aos demais, tivemos um aumento significativo no número de pacientes ASA III (doenças sistêmicas graves), que subiu de 1,52% para 14,2% em 2023 (9x). Além de ASA III, as classificações subsequentes praticamente dobraram entre 2022 e 2023. Pacientes mais graves consomem mais recursos e apresentam desfechos piores, por isto a identificação e atuação pré-operatória nestes pacientes podem gerar uma grande economia e melhora de desfechos.
A maioria dos atendimentos foi hospitalar (77,9%). A anestesia na modalidade declarada ambulatorial apresentou um aumento de 15,7% (2022) para 19,5% em 2023.
Existem muitos procedimentos cirúrgicos que podem ser realizados em regime ambulatorial, porém seguem sendo atrelados a um regime de internação. Há aqui um grande espaço para reduzir custos e melhorar a experiência do paciente sem comprometer os desfechos.
Tipo de Atendimento 29,6% 67,6% 25,3% 58,1% 14,2 % 1,52% 0,05% 1,22% 0,01% 2,29% 0,09% 0,02% ASA VI ASA V ASA IV ASA III ASA II ASA I 2023 2022
15,2% 65,5% 19,1% 62,1% 0,37% 0,46% 1,84% 17,0% 15,8% 2,63% Emergência Urgência hospitalar Urgência ambulatorial Eletiva hospitalar Eletiva ambulatorial
6
2023 2022
Pré-Anestésico
Pré-anestésico
Cenário de Distribuição de Comorbidades
A taxa de comorbidades foi de 1,29 patologias por paciente. Este número representa um aumento de 13,2% em comparação com a taxa de 2022 (1,14 por paciente). De modo geral, todas as comorbidades apresentaram aumento de incidência no último ano (menos psiquiátrica, que se manteve). Em comparação com 2022, houve um aumento relativo de 36% na incidência de doenças respiratórias (de 10,4% para 14,2% dos pacientes) e um aumento relativo de 33,1% na incidência de doenças renais (de 3,61% para 4,81%).
Doenças cardiovasculares continuam liderando o cenário de comorbidades, presentes em 35,5% dos pacientes. Nessas destacam-se: Hipertensão Arterial Sistêmica (79,3%), Arritmia (10,3%), Infarto Agudo do Miocárdio (5,64%), Angina (4,24%) e Insuficiência Cardíaca (4,07%). Em segundo lugar, mantiveram-se as patologias endócrinas (22,1% dos pacientes), com destaque para Diabetes II (49,8%), Hipotireoidismo (32,4%), Diabetes I (2,21%), Hipertireoidismo (1,07%) e Hipopituitarismo (0,23%).
Vale destacar que alterações endócrinas são muitas vezes subvalorizadas ou subdiagnosticadas; como consequência, o descontrole fisiológico pode prejudicar o resultado anestésico-cirúrgico, e esse é um assunto pouco comum em movimentos de educação continuada em anestesiologia.
35,5% 13,1% 22,1% 3,82% 9,29% 9,45% 10,3% 4,81% 14,2% 6,84% Cardiovascular [32,1%] Digestiva [11,2%] Hematológica [3,13%] Endócrina [20,9%] Musculoesquelética [8,03%] Neurológica [7,87%] Psiquiátrica [10,4%] Renal [3,61%] Respiratória [10,4%] Urológica [6,59%] [ ] 2022
8
O controle glicêmico mal sucedido pode resultar em múltiplas complicações e piores desfechos, além de ser um indicador importante para processos de acreditação. Em 2023, 11,3% dos pacientes relataram
Diabetes Mellitus (DM); destes, 94,9% foram DM II, 4,21% DM I e 0,89% diabetes gestacional (DMG).
Ranking das Principais Comorbidades
Pacientes com Diabetes Mellitus
O ranking de comorbidades prévias de 2023 ficou próximo do ranking de 2022, com troca de posição entre Arritmia e Transtorno Depressivo (5º e 6º lugar), e entrada de Infarto Agudo do Miocárdio na 10ª posição no lugar de Urolitíase (2,06% em 2022).
DM II DM I 4,21% 94,9% DMG 0,89% 11,3% [10,7% em 2022]
9 # Comorbidade 2023 2022 1 Hiper tensão Ar terial Sistêmica 27,3% ↑ 26 9% 2 Diabetes II 10,8% ↑ 10 2% 3 Hipotireoidismo 6,95% ↑ 6 81% 4 Ansiedade Generalizada 5,66% ↓ 5 75% 5 Arritmia ↑ 3,56% ↑ 2 96% 6 Transtorno Depressivo ↓ 3,33% ↓ 3 45% 7 Asma 3,31% ↑ 2 91% 8 Gastrite 2,36% = 2 31% 9 DRGE 2,30% ↑ 2 24% 10 Infar to Agudo do Miocárdio NOVO 1,96% não incluso em 2022
Previsão de Intubação Difícil
7,2% [11,3% em 2022]
Solicitação de Hemoderivados
6,1% [4,9% em 2022]
Solicitação
Antecipada de UTI
9,2% [8,3% em 2022]
Via Aérea Difícil (VAD) não-prevista é um dos principais incidentes relacionados a desfechos graves de causa anestésica. Devido à subjetividade na definição de VAD, a incidência varia amplamente na literatura, podendo ultrapassar 20%. A Avaliação de Intubação Difícil é o momento de rastreio e ponto de início em todo o algoritmo de manejo de VAD, e se positivo, resulta em provável VAD ou VAD reconhecida. Após a identificação, o profissional anestesiologista e a instituição devem estar alertas e preparados para este evento. Esse gerenciamento de risco e de materiais é responsabilidade direta do anestesiologista e corresponde a maior causa de judicialização sobre maus desfechos de origem exclusivamente anestésica.
Solicitação de Hemoderivados é outro complexo processo multidisciplinar e que precisa ser muito bem executado. É fundamental acompanhar as reais necessidades da instituição e se as reservas estão sendo utilizadas com frequência. As demandas de reserva sem utilização geram custos, riscos e consomem tempo das equipes e podem gerar desperdício. As estatísticas de consumo neste mesmo período são de 1,15%, menos vezes do que foi solicitado. Neste indicador temos uma clara oportunidade de melhoria e impacto na economia hospitalar.
A Indicação de UTI é baseada no porte cirúrgico e na gravidade do paciente, e, de maneira ideal, deve ser feita no pré-operatório. O processo operacional de reserva e transferência para UTI é crítico e merece grande atenção. Apesar de observado aumento de ASA III em 2023, os números de pacientes graves e de cirurgias de grande porte somam pequena parcela no total de procedimentos realizados, e são menores em número que as indicações prévias de utilização da UTI. É possível que esteja ocorrendo uma indicação exagerada de reserva de UTI, com grande impacto nos custos assistenciais.
Preparação do Procedimento Anestésico
10
Ranking das Principais Alergias Informadas
7
Tramadol e Diclofenaco Sódico entraram para o ranking de alergias em 2023, com a saída de Bromoprida que ocupou a 8ª posição em 2022. Sulfa (sulfametoxazol + trimetoprima) subiu do 5º para o 4º lugar, e Amoxicilina subiu 2 posições no ranking, da 7ª para a 5ª posição. #
Alergia em 2023 Alergia em 2022
Dipirona Dipirona
Penicilina Penicilina
Metoclopramida Metoclopramida
Sulfa ↑ Iodo
Amoxicilina ↑2 Sulfa
Iodo ↓2 Ácido Acetilsalicílico (AAS)
1
2
3
4
5
6
Ácido Acetilsalicílico (AAS) ↓ Amoxicilina
Tramadol NOVO Bromoprida
Diclofenaco Sódico NOVO Ibuprofeno
Ibuprofeno ↓ -
8
9
10
Transoperatório Transoperatório Transoperatório
Transoperatório
Porte Cirúrgico
Chama a atenção o número de cirurgias de Grande Porte, evidenciando que o mercado anestésico global é o de Pequena e Média complexidade. As cirurgias de grande porte consomem grande parte dos recursos econômicos, assistenciais e tempo de internação, e, aparentemente, são mais frequentes no Sistema Único de Saúde (SUS) do que no setor privado.
Pontualidade Anestésica
Pontualidade
Global
[67% em 2022]
Pontualidade da 1ᵃ
Anestesia do Dia 72,3% [83% em 2022]
50,6% Médio
44,6% Pequeno
A taxa de pontualidade é um indicador que demonstra a eficiência dos processos e dos fluxos da instituição, além da capacidade preditiva e de preparo dos itens necessários à execução do procedimento. Busca-se sempre a máxima pontualidade, identificando e tratando as causas de atraso. Pontualidade é também muito importante na experiência e percepção de valor dos pacientes e dos profissionais – métrica frequentemente avaliada nos questionários de satisfação e NPS médicos.
Conforme descrito, pontualidade é um dos itens primários em eficiência operacional, sendo o indicador Taxa de Pontualidade da Primeira Anestesia do Dia um dos mais citados na literatura. O atraso na primeira anestesia gera atrasos em cadeia que se refletem em horas extras não planejadas. Os dados mostraram que, após o primeiro atraso, 50% dos segundos procedimentos do dia também ficaram atrasados.
Em comparação com 2022, ambos os indicadores mostraram redução da pontualidade, com destaque para a Primeira Anestesia do Dia, que reduziu 10,7 pontos percentuais.
4,8% Grande
13
65,7%
Ranking dos Principais Procedimentos Cirúrgicos
# Procedimentos Cirúrgicos Quant % Tempo (h) Anestésico Tempo (h) Cirúrgico 1 Cesariana 38 278 5,24 00:59 00:44 2 Facectomia com lente intra-ocular com facoemulsificação 12 492 1,71 00:30 00:19 3 Colecistectomia sem colangiografia por videolaparoscopia 11.878 1,63 01:25 00:55 4 Varizes - tratamento cirúrgico de dois membros ↑ 7.784 1,07 01:42 01:19 5 Histeroscopia com ressectoscópio para miomectomia, polipectomia, metroplastia, endometrectomia e ressecção de sinéquias ↑ 7.663 1,05 00:47 00:29 6 Postectomia ↑ 7 400 1,01 00:45 00:29 7 Gastroplastia para obesidade mórbida por videolaparoscopia ↓3 7 374 1,01 02:05 01:28 8 Ureterorrenolitotripsia flexível a laser unilateral 6.730 0,92 01:13 00:48 9 Cateterismo cardíaco e e/ou d com cineangiocoronariografia e ventriculografia ↑ 6.390 0,87 00:42 00:26 10 Apendicectomia por videolaparoscopia ↓ 6 089 0,83 01:20 00:52 11 Colecistectomia com colangiografia por videolaparoscopia 5 595 0,77 01:33 00:59 12 Retirada endoscópica de duplo j ↑ 5 299 0,73 00:25 00:14 13 Extensos ferimentos, cicatrizes ou tumoresexcisão e retalhos cutâneos da região ↓ 5 063 0,69 01:00 00:41 14 Adenoidectomia por videoendoscopia ↑4 4.825 0,66 01:16 00:46 15 Septoplastia (qualquer técnica sem vídeo) ↓ 4.641 0,64 01:49 01:15 16 Herniorrafia umbilical ↓ 4.155 0,57 01:01 00:39 17 Herniorrafia inguinal - unilateral por videolaparoscopia ↓ 3.911 0,54 01:56 01:23 18 Histeroscopia cirúrgica com biópsia e/ou curetagem uterina, lise de sinéquias, retirada de corpo estranho NOVO 3 907 0,53 00:33 00:19 19 Ureterorrenolitotripsia rígida unilateral 3 567 0,49 00:50 00:29 20 Herniorrafia inguinal - unilateral ↓3 3 501 0,48 01:27 01:00
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Está curtindo esses indicadores?
Imaginamos que sim :)
Mas a notícia boa mesmo é que você pode ter todos eles para monitorar a saúde do seu negócio.
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anestech.com.br/solucoes/analytics
Média de Procedimentos e Tempo Anestésico Médio
É comum a realização de mais de um procedimento cirúrgico por anestesia. A média de 2023 foi 1,71 ± 1,36 procedimentos por anestesia, com tempo anestésico médio de 01:33 ± 01:29.
Geral Venosa Total (AVT)
Geral Venosa Inalatória Balanceada (AGVI)
Geral Inalatória (AGI)
Bloqueios Periféricos
A anestesia geral foi a técnica mais utilizada em 2023, com destaque para a Geral Venosa Inalatória Balanceada (AGVI). A Anestesia Venosa Total (AVT) não apresentou crescimento no último ano. Dentre as anestesias regionais, a Raquianestesia é a mais utilizada, apesar do crescimento dos bloqueios periféricos, provavelmente devido à popularização do uso do ultrassom no point-of-care.
O destaque ficou para procedimentos com Sedação, que subiu 3,8 pontos percentuais (de 27,7% em 2022 para 31,5% em 2023), provavelmente devido ao aumento da participação dos anestesiologistas em procedimentos de diagnóstico por imagem e anestesias fora do centro cirúrgico.
Técnicas Anestésicas 1,62% 23,9% Local Sedativa Regional Geral 2023 2022 14,1% 1,43% 14,1% 7,79% 2,26% 25,6% 7,55% 2,60%
Peridural
Local Sedativa 31,5 % 1,39% 1,37% 27,7% 29,9% 28,3% 16
Raquidiana
Anestésicos inalatórios
Anestesia Geral Venosa Inalatório Balanceada (AGVI)
98,8% Sevoflurano [98,2%]
8,38% N2O
[9,56%]
1,08% Isoflurano [1,57%] 0,04% Desflurano [0,12%]
[ ] 2022
Foram analisadas as proporções de anestésicos inalatórios usados na técnica Geral Venosa Inalatória Balanceada (principal técnica nos últimos 2 anos).
O Sevoflurano foi utilizado em 98,8% das anestesias, seguido pelo Isoflurano com 1,08% e o Desflurano com 0,04%. Como em 2022, no ano de 2023 não houve registro de uso de Halotano ou Enflurano.
O N2O teve uma redução de 1,18 pontos percentuais de 2022 para 2023 (-12,3%).
Apesar da tendência de redução em seu uso, o N2O foi usado em 8,38% das anestesias balanceadas. Uma questão relevante sobre o N2O é o impacto ambiental, sendo o agente anestésico mais poluente.
Anestesia Geral Venosa
Total (AGVT)
4,79% Sevoflurano [4,65%]
0,39%
N2O
[0,63%]
0,01% Isoflurano [0,02%]
[ ] 2022
Um dado que chamou atenção nas anestesias Venosas Totais foi o uso do Sevoflurano em 4,79% dos casos, do N2O em 0,39% e do Isoflurano em 0,01%. Os motivos dessa associação são pontos de atenção para a gestão e assistência.
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Incidentes
Taxa de Incidentes
0,81%
[0,6% em 2022]
Dano ao Paciente
O acompanhamento de incidentes, eventos adversos e dos danos decorrentes deles é parte de todos os manuais de qualidade e segurança. Existem várias iniciativas em todo o mundo para melhorar a transparência e a notificação de eventos, para possibilitar medidas preventivas e corretivas.
Neste ponto, temos um possível viés de subnotificação, o que pode explicar os valores baixos (0,81%). A cultura do país, de cada instituição e o receio de judicialização contribuem para o baixo número de notificações. Contudo, tivemos um aumento relativo de 35% na comparação com o ano de 2022.
Em 2023, 5,03% dos incidentes tiveram relato de dano ao paciente, mais da metade resultando em Lesões (55,7%), seguido por Incapacidade (22,5%) e Sofrimentos (21,8%).
Ranking dos Principais Incidentes
Sofrimento Lesão 21,8% Incapacidade 55,7% 22,5%
# Incidentes % 1 Dificuldade de Intubação 30,4 2 Hipotensão 19,9 3 Bradicardia 16,6 4 Broncoespasmo 12,9 5 Alteração Dinâmica do ECG - disritmias 12,9 6 Laringoespasmo 12,7 7 Reações Alérgicas e/ou Anafilaxia 11,0 8 Cardioversão 9,90 9 PCR - Parada Cardio Respiratória 9,47 10 Hipoxemia 4,68
6,8%
Os cancelamentos são pontos críticos na eficiência operacional de qualquer instituição. Um número elevado mostra falhas em processos que deveriam ser realizados antes dos pacientes chegarem ao centro cirúrgico. É impossível zerar este indicador, porém deve-se buscar maturidade e alinhamento dos processos institucionais objetivando baixo índice.
Origem de Cancelamento
Em 2023, tivemos uma alta de 4,2 pontos percentuais de cancelamentos em comparação com a taxa de 2022, fechando o ano com 6,85%. A principal origem dos cancelamentos foram os próprios pacientes, com destaque para o motivo “A pedido do paciente ou familiares” (31,9%). Equipe foi a segunda principal origem, com destaques para “Procedimento suspenso pelo cirurgião” (22,8%) e “Duplicidade de aviso” (8,30%).
Ranking dos Principais Motivos de Cancelamento
[2,6% em 2022] #
Paciente Equipe 42,2% Instituição 39% 18, 8%
Motivo do Cancelamento % Origem 1 A pedido do paciente ou familiares 31,9 Paciente 2 Procedimento suspenso pelo cirurgião 22,8 Equipe 3 Erro de cadastro de informações 13,5 Instituição 4 Duplicidade de aviso 8,30 Equipe 5 Mudança no plano terapêutico 6,51 Equipe 6 Paciente não compareceu 3,82 Paciente 7 Não autorização pelo convênio 3,37 Instituição 8 Cirurgia transferida para dia outro 2,05 Equipe 9 Aviso cirúrgico não encontrado 1,88 Instituição 10 Paciente não internou 1,49 Paciente
Dose Inicial Correta
Antibioticoprofilaxia
Utilização de Hemoderivados
Antibioticoprofilaxia é uma meta internacional de segurança e deve ser realizada antes da incisão cirúrgica. Percebe-se que ainda há espaço para melhoria, visando 100% de preconização correta. Ao analisar mais a fundo, identificou-se que a maioria das primeiras doses em horário inadequado são de uso de antibióticos diferentes da Cefazolina. Ajustes na solicitação, prescrição, disponibilidade dos antibióticos usados no protocolo institucional e educação continuada sobre antibióticos de classes diferentes das cefalosporinas podem contribuir para melhorar o indicador.
Os anestesiologistas são responsáveis pela gestão da administração dos Hemoderivados no centro cirúrgico, sendo a anestesiologia a especialidade que mais realiza transfusões no point-of-care. Os dados mostram que em 1,15% das anestesias foi usado algum tipo de hemoderivado, sendo a transfusão de concentrados de hemácias a mais comum. A Transfusão Maciça, caracterizada pelo uso de hemácias, plasma fresco congelado e plaquetas, ocorreu em 0,04% das anestesias, ou seja, 3,91% dos casos em que algum hemoderivado foi utilizado. Os hemoderivados devem ser bem indicados, para que os benefícios superem os riscos implícitos da transfusão. Baseado em dados das avaliações pré-anestésicas, em 6,1% dos casos é indicada a reserva de hemoderivados, mostrando uma considerável diferença entre o reservado e o realmente consumido. Este é um ponto de atenção com potencial redução de desperdício com reservas desnecessárias de hemoderivados.
Transoperatórios
Indicadores de Processos
91,1%
,
em
1,15% [1,20% em 2022] 20
[91
1%
2022]
Utilização de UTI
O indicador Utilização de UTI revela a quantidade de pacientes transferidos para UTI após o transoperatório, incluindo os casos de UTI prevista e UTI não-prevista. Percebemos que a real utilização (8,6%) é menor que a solicitada na etapa de pré-anestésico (9,2%), sendo que, no destino UTI, estão os pacientes que tiveram intercorrências, os casos de emergência e os pacientes que vieram da própria UTI. UTI é um recurso de alto custo e que deve ser gerenciado com maestria para atingir a melhor relação entre eficiência e investimento. Percebemos que há espaço para melhorar a relação: indicação x real necessidade.
8,6% [8,6% em 2022]
Pós-Anestésico
Pós-anestésico
Cenário de Permanência na SRPA
O tempo de permanência na Sala de Recuperação Pós-anestésica (SRPA) é reflexo de uma série de fatores e está diretamente ligada à qualidade do cuidado anestésico.
As complicações anestésicas e cirúrgicas podem aumentar o tempo de recuperação e, de maneira global, esse indicador mostra um panorama da saúde, morbidade e em quanto tempo os pacientes estão em condição de alta da SRPA. Além de refletir sobre o cuidado anestésico, também mostra a eficiência de processos e protocolos da instituição. Deveriam ser raros os casos de permanência maior que 4 horas.
O tempo médio de permanência na SRPA em 2023 foi 01:05 ± 01:45, enquanto que a média de 2022 foi 02:03 ± 02:41 – uma redução de 00:59. Os dados mostram uma diminuição muito importante no tempo de recuperação e também uma redução do desvio padrão, revelando uma melhor dinâmica no cuidado com o paciente e/ou otimização dos processos institucionais. Houve um evidente ganho de eficiência, um objetivo constante da gestão em saúde. Outro ponto que pode ter contribuído para esta redução foi a maior participação dos anestesiologistas em exames diagnósticos e terapêuticos, procedimentos com rápido tempo de recuperação.
26,1% 32,1% 46,7% 36,8% 13,0 % 30,2% 11,7% 3,5% > 4h 2h - 4h 1h - 2h ≤ 1h 2023 2022
23
Visitas à SRPA e Analgesia
Registrou-se uma média de 1,32 ± 0,59 visitas pelo anestesiologista na SRPA por paciente em 2023 (a média de 2022 foi de 1,41 ± 0,68 visitas). Eliminar a dor e reduzir o desconforto são pilares da anestesiologia e um dos principais itens da experiência do paciente. O indicador de dor (Escala Visual Analógica de 0 a 10 – EVA) está relacionado ao cuidado anestésico, à adesão aos protocolos de analgesia, à individualização de casos complexos e à disponibilidade de materiais e medicamentos.
Pacientes com Dor na Entrada
4,52% [4,67% em 2022]
Pacientes com Dor na Saída
Pacientes com Dor Forte ( 7)
2,76% [2,82% em 2022] 1,51% [1,72% em 2022]
Apenas 4,52% dos pacientes relataram dor na entrada da SRPA, e somente 2,76% relataram dor na saída. Este indicador é considerado baixo e mostra um protocolo adequado para analgesia pós-operatória. Uma reflexão importante que pode ter contribuído para a baixa ocorrência de dor na SRPA são os pós-anestésicos de exames diagnósticos, onde não é esperado que exista dor.
Dos pacientes que relataram dor na entrada da SRPA, a EVA média foi 5,07 ± 2,3, reduzindo para EVA 3,57 ± 2,0 na saída da SRPA. Os dados mostram que os pacientes que relatam dor estão na faixa considerada dor média, ou seja, analgesia inadequada. Este indicador mostra um ponto importante de melhoria nos protocolos de analgesia pós-operatória, pois os pacientes que estão chegando com dor na SRPA relatam dor não controlada. O resgate de analgesia pode ser considerado adequado, pois os pacientes deixaram a SRPA com EVA 3, considerada dor controlada.
Em 2023, 1,51% dos pacientes relataram Dor Forte (EVA ≥ 7) em ao menos uma das visitas na SRPA, uma queda relativa de 12,2% em comparação com 2022 (1,72% dos pacientes). Aproximadamente ⅓ dos pacientes que tiveram dor relataram nível forte. Este é um indicador que deve ser acompanhado constantemente para identificar quais cirurgias e perfis de pacientes que apresentam maiores queixas e ajustar os protocolos.
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Insights do Point-of-Care através dos Dados
Insights do Point-of-Care através dos Dados
O Crescimento da Anestesia Multimodal
A utilização de Opióides como única forma de analgesia no perioperatório ainda é a mais aplicada em todo o mundo (quando bloqueios não são possíveis). A necessidade de redução dos efeitos colaterais dos Opióides, associado com a epidemia de mortes por overdose de Opióides na América do Norte, fizeram com que a anestesia multimodal ganhasse popularidade nos últimos anos. O contexto é a utilização de baixas doses de medicações que agem em vias diferentes de analgesia, possibilitando o uso dos Opióides Nossa análise mostrou que os Agonistas Alfa-2 foram usados em 12,7% de todas as anestesias, com a Clonidina responsável por 8,85% e a Dexmedetomidina por 3,88% dos casos. A Cetamina foi usada em 14,5% de todas as anestesias; a Clonidina foi associada à Cetamina em 38,5% das vezes em que foi utilizada e a Dexmedetomidina associada à Cetamina em 59,5% das vezes em que foi utilizada.
O Sulfato de Magnésio foi incluído no arsenal terapêutico como poupador de Opióides mais recentemente, sendo o adjuvante menos usado na anestesia multimodal. Ele foi usado em 3,99% das anestesias, com dose média de 2,1 g. Essa dose é considerada baixa, visto que a recomendação das metanálises são doses de 30 a 50 mg/kg. O Magnésio tem grande potencial como adjuvante, pois pode reduzir o uso não apenas de opióides, mas também de relaxantes musculares e hipnóticos.
Os dados revelam um aumento do uso da anestesia multimodal, apontando uma clara tendência da incorporação desta técnica no arsenal terapêutico dos anestesiologistas brasileiros. Percebemos não somente um aumento no uso de adjuvantes, mas também uma tendência de combinações de adjuvantes em busca da redução de Opióides.
Uso de Benzodiazepínicos em Pacientes acima de 80 Anos
A população idosa está cada vez mais presente no centro cirúrgico, sendo que 5,28% dos pacientes anestésicos de 2023 estavam acima de 80 anos (em 2022 eram 3,23%). Uma grande preocupação nesta população é a saúde cerebral e o risco de delirium e disfunção cognitiva pós-operatória. Um único episódio de delirium aumenta o tempo de internação, acrescenta morbidade e custos, e a melhor abordagem ainda é a prevenção.
Sabemos que o delirium e a disfunção cognitiva são complexos e multifatoriais, e que um dos fatores de risco para essas complicações é o uso de Benzodiazepínicos. Os dados mostram que o uso destas medicações ocorreu em 45,2% das anestesias na população acima de 80 anos; com o Midazolam respondendo por 87,2% dos usos e o Diazepam pelo restante. Devido à relevância do assunto, a Sociedade Americana de Anestesiologia criou o Brain Health Initiative para guiar a identificação dos fatores de risco, atuar na prevenção, diagnóstico e manejo das complicações. Estes dados mostram um ponto importante de atenção e atuação.
Registro de Temperatura e Ocorrência de Hipotermia
O registro da temperatura é obrigatório em anestesias com mais de 60 minutos, conforme Resolução CFM Nº 2174 de 14/12/2017. Apesar disso, os dados mostram que somente 48% deles possuem ao menos um registro de temperatura. Esse ponto revela uma grande necessidade de melhoria para a construção de um prontuário mais completo e com maior segurança jurídica, com respaldo das tecnologias disponíveis no point-of-care.
Entre os pacientes monitorizados, a Hipotermia Não-Intencional ocorreu em 25% dos casos, sendo 2% com temperatura menor que 34 graus Celsius (foram excluídos desta análise os pacientes que realizaram cirurgias cardíacas com circulação extra-corpórea). A hipotermia é fator de risco para várias complicações importantes, como infecções, arritmias, distúrbio de coagulação e aumento do sangramento, além de causar desconforto considerável para o paciente. Esse indicador mostra um ponto importante de melhoria de resultados e de conformidade legal.
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Uso Não Indicado do Sugamadex
O Sugamadex modificou a forma como gerenciamos o relaxamento muscular na anestesiologia, possibilitando reversão rápida e completa do Rocurônio e do Vecurônio a qualquer momento da anestesia.
Desde a introdução desta medicação, muita atenção foi voltada para o custo do fármaco e para a criação de protocolos de uso bem estabelecidos. A recente introdução dos genéricos aumentou muito a utilização desta medicação. Apesar de toda a atenção sobre este tema nos últimos anos, os dados mostram que, do total de anestesias que utilizaram Sugamadex em 2023, 0,23% (199 casos) utilizaram Sugamadex em conjunto com com o Atracúrio ou com o Cisatracúrio, situações onde o Sugamadex não exerce nenhum efeito. Esses dados mostram uma necessidade de educação continuada, um risco iminente ao desfecho esperado para o paciente além de um custo adicional de desperdício evidente.
Descarte de Medicamentos em Apresentações Diferentes
A Cetamina está cada vez mais sendo usada em baixa dose como um dos adjuvantes mais importantes da anestesia multimodal, presente em 14,5% das anestesias. A realidade mostra que as doses utilizadas estão entre 21,8 e 26,2 mg por paciente, independente da apresentação (volume da ampola ou frasco). Os dados mostram que é rara a utilização de mais de 50 mg, que corresponde a 1 ml de solução. Ou seja, na ampola de 2 ml, mais da metade da apresentação é descartada por anestesia. Quando o frasco de 10 ml é utilizado, mais de 90% são descartados, sendo que os frascos de 10 ml foram usados em 9,85% dos casos em 2023. Nesta análise evidencia-se um claro desperdício que pode ser facilmente gerenciado.
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Carta de Encerramento
Os serviços de saúde estão enfrentando desafios cada vez mais complexos e dinâmicos, impulsionados pela rápida evolução tecnológica e crescente expectativa dos pacientes. Neste contexto, a capacidade de tomar decisões ágeis e fundamentadas (datadriven) tornou-se essencial para o sucesso das instituições.
A complexidade dos dados em saúde, entretanto, é alta. Os dados são massivos, variados em formatos e fontes, e gerados em alta velocidade, demandando tratamentos especializados para garantir sua qualidade, segurança e utilidade. Lidar com essa complexidade requer não apenas habilidades avançadas em ciência de dados, mas também um profundo entendimento das particularidades do setor de saúde. Somente um time de dados multidisciplinar é capaz de enfrentar tais desafios, integrando diferentes perspectivas e expertise para impulsionar a inovação e garantir uma gestão eficaz da informação.
Essa abordagem colaborativa permite uma compreensão mais profunda das dinâmicas do setor, fornecendo insights valiosos aos profissionais de saúde e capacitando-os a responderem de forma ágil e eficaz aos desafios do ambiente assistencial. Tomada de decisões com base em evidências, personalização de tratamentos, prevenção de incidentes, otimização operacional e engajamento do paciente são apenas alguns exemplos dos benefícios da cultura data-driven na saúde e estão precisamente alinhadas com o desafio de entrega de real valor.
Em resumo, a cultura data-driven é essencial para impulsionar a inovação e aprimorar os serviços de saúde, garantindo melhores resultados para os pacientes, maior eficiência operacional e uma abordagem mais proativa para a saúde e o bem-estar da população. É crucial investir em uma infraestrutura de dados robusta e em times multidisciplinares para enfrentar os desafios complexos dos dados em saúde e aproveitar ao máximo seu potencial para transformar a assistência à saúde.
Me. Karla Nakamura Engenheira Eletricista Data Scientist
Bruno Laboissiere Engenheiro Eletricista Data Science Lead
/karlanakamura /brunolaboissiere /victorhfmorales PO Analytics e Data Scientist
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