Folha - Maio/2019

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De repente você está nas redes sociais e se depara com uma notícia trágica: mais um (a) jovem acaba de tirar a própria vida, deixando familiares, amigos e a sociedade onde vivia perplexos diante da atitude extremada. Pois esta situação é mais comum do que se imagina: no último ano, segundo o Ministério da Saúde, aumentaram em 12% os casos de suicídio no Brasil envolvendo jovens entre 15 e 29 anos, sendo já considerada a segunda causa de morte entre esta faixa etária, só perdendo para a violência. E os casos de suicídio entre os jovens não estão escolhendo classe social, situação financeira, tamanho da cidade onde moram ou cor da pele: o ato de tirar a própria vida tornou-se algo quase corriqueiro, o que tem motivado estu-

dos de especialistas para identificar o porque deste gesto a princípio tão incompreendido, mas que precisa ser analisado com mais profundidade. Os problemas emocionais são, segundo especialistas, um grande mal dos tempos modernos: ansiedade, depressão, estresse, síndrome do pânico, transtorno bipolar, TOC e transtornos alimentares, entre outros, provocam profunda angústia que pode gerar conflitos com final trágico. A depressão é apontada quase sempre como a maior motivadora do suicídio. Estima-se que no Brasil 17 milhões de pessoas sofram deste transtorno terrível, e o que é mais preocupante: 75% destes pacientes nunca receberam tratamento adequado, o que deve ser feito por profissionais experientes na área.

Para a psicanalista Alessandra Garcia, é sim motivo de grande preocupação o aumento do número de suicídio entre os jovens, embora esta situação também ocorra em diversas faixas etárias. “A juventude sempre viveu momentos de descoberta, desde a adolescência até a fase mais madura e muitas vezes tem dificuldade de lidar com as emoções”, revela a psicanalista Alessandra, que tem feito voluntáriamente palestras em escolas de Baixo Guandu especialmente para adolescentes entre 14 e 17 anos. Alessandra revela que neste contato com os adolescentes, é comum queixas, da parte deles, pela falta de tempo dos pais terem mais diálogo dentro de casa. “Isto distancia a família, coloca os adolescentes muito ligados na Internet e as consequências podem ser desastrosas, com o surgimento de problemas emocionais e até o uso de drogas ilícitas”, afirma a psicanalista. “Vejo na minha experiência muitos adolescentes depressivos, até se automutilando. Aprendi também que nunca podemos subestimar um jovem ou uma jovem que chega a falar em se matar, ou que quer sumir, dormir e nunca mais acordar. São sinais graves que precisam ser notados pelos pais e sugerem a necessidade imediata de ajuda profissional”, afirma a psicanalista Alessandra Garcia. A psicanalista atende em Baixo Guandu na Galeria Center, que fica na Av. Carlos de Medeiros, número 600, sala 107, de quarta a sexta –feira, mas dedica a terça-feira a atendimento gratuito, no mesmo local, a quem não tem condições de arcar com os custos do tratamento. Alessandra Garcia se aperfeiçoou em vários cursos ligados à psicanálise, esclarecendo que esta especialidade não possui registro por não se tratar de uma graduação – mas se dispôs a trabalhar profissionalmente para auxiliar especialmente os jovens em busca de lidarem melhor com suas emoções. “Todos tem direito a uma orientação para lidar melhor com suas emoções, especialmente os jovens, num momento grave em que vemos tantos casos de pessoas querendo ou tirando a própria vida”, diz a psicanalista Alessandra Garcia, que confessa ter também vivido momentos de profundo conflito. “Eu encontrei na psicanálise o grande auxílio que precisava e estou à disposição para ajudar aqueles que necessitam de ajuda”, afirma Alessandra Garcia.


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