A capixaba Baixo Guandu e a mineira Aimorés comemoram neste ano de 2015, 80 e 100 anos de emancipação política, respectivamente, reforçando seus laços de amizade e interação econômica. Se até a década de 1970 a rivalidade entres as duas cidades era grande, hoje não existe mais qualquer “ranço” do passado e os moradores de ambas as localidades já enxergam um relacionamento cada dia mais positivo. Emancipado politicamente em 1915, Aimorés manteve a supremacia no Vale do rio Doce durante décadas, especialmente entre 1940 e 1970. Baixo Guandu tornou-se independente em 1935, 20 anos depois de Aimorés e durante mais de 40 anos tinha a cidade mineira como referência de desenvolvimento, porém houve posteriormente um equilíbrio de forças e as duas cidades hoje somam quase 60 mil habitantes. Quem viveu em Baixo Guandu e Aimorés até os anos 1970, sabe perfeitamente que as cidades, afastadas pela linha divisória do Espírito Santo e Minas Gerais, eram rivais a ponto de evitarem uma maior aproximação. Os jovens da época evitaram namorar moças da outra cidade para evitar provocações e até os times de futebol evi-
tavam se enfrentar, com receio de grandes confusões. O interessante é que uma calamidade acabou aproximando muito as duas cidades. Na grande enchente de 1979, quando as águas do rio Doce invadiram impiedosamente Aimorés, os mineiros correram desesperados em busca de abrigo em Baixo Guandu, que localizada em ponto mais alto, foi pouco afetada pela inundação. A solidariedade foi grande dos guanduenses com os aimoreenses, que abrigaram mais de 5 mil pessoas em suas casas, muitas vezes sem conhecer quem procurava abrigo, estabelecendo-se a partir daí uma nova etapa no relacionamento. A estrada Baixo Guandu x Aimorés, inclusive, foi asfaltada pelo governo mineiro, num gestão de gratidão pelo socorro naquele momento difícil, quando eram prefeitos Wilson Santana Lopes e Acindino Dias, respectivamente. Hoje as duas cidades vivem de forma extremamente unida e pacifica. Moradores de Aimorés trabalham em Baixo Guandu e vice versa. Empresários de Baixo Guandu investem em Aimores, o mesmo ocorrendo na direção contrária. “São duas cidades irmãs”, costumam dizer hoje os moradores, que assistem, inclusive, a aproxi-
Aimorés comemorou seu centenário com várias atrações e publicações especiais mação das duas cidades em termos de urbanização: residências e pontos comerciais vão avançando nos 4 quilômetros da estrada que separam as fronteiras e a expectativa é que, dentro de mais 10 a 15 anos, as duas cidades se transformem num só aglomerado urbano. Se hoje Baixo Guandu apresenta uma economia mais fortalecida que Aimorés, em função de uma
série de fatores, esta fato é visto também de forma positiva pelos vizinhos mineiros. Mais emprego em Baixo Guandu significa mais oportunidades de trabalhado aos vizinhos aimoreenses, o mesmo ocorrendo em sentido contrário. O interesse é que as duas cidades continuem crescendo, se aproximando e unindo seus interesses, já que assim todos ganham com
Vista parcial de Baixo Guandu: muito progresso nestes 80 anos de história
este processo de desenvolvimento. Não é a toa que as duas cidades já possuem um jornal, há anos, procurando sempre a união entre o Espírito Santo e Minas Gerais. O “Folha Guanduense” e o “Folha de Aimorés” são um só jornal, circulando nas duas cidades e procurando sempre levar as noticias de forma a fortalecer a união entre os capixabas e mineiros.