Por que não se casa, doutor? Obra de José Bezerra Dantas.

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Adaptação de Anderson Gomes Obra de José Bezerra Gomes

José Bezerra Gomes, em traços e cores Sozinho, numa mesa de bar, um cigarro, uma bebida barata e nas mãos Por que não se casa, Doutor? (Surto, Natal, 1938). Talvez fosse assim que, por meio de sua obra, eu desejasse conhecer José Bezerra Gomes, mesmo antes de tê-lo conhecido através de Os Brutos (Pongetti, Rio de Janeiro,1938).

Como editor, sempre desejei fazer algo sobre o curraisnovense Seu Gomes, e eis que surge a oportunidade de uma HQ roteirizada, ilustrada e colorida por Anderson Gomes. Advogado e romancista, Seu Gomes desperta uma atração pela sua obra e pela sua vida. Em conversa com seus contemporâneos, é lembrado pela figura do homem boêmio, transitando do Alecrim para a Ribeira, trazido pelo romance e pela poesia.

Após 112 anos de seu nascimento (09/03/1911) e 41 de sua morte (25/05/1982), José Bezerra Gomes é revisitado em uma nova linguagem. A HQ Porque não se casa, Doutor? apresenta a adaptação de um romance, com evidentes vestígios biográficos, e espera encontrar jovens leitores que descortinem Seu Gomes e também encontrar os velhos conhecidos do boêmio que possam agora se deleitar com as (possíveis) imagens criadas na cabeça daquele curraisnovense.

Nos traços fortes e nas cores vivas do arte-educador Anderson Gomes do Nascimento (também Gomes?), Porque não se casa, Doutor? ganha realismo e coloca o leitor praticamente dividindo a mesma mesa com o dr. Flávio, ouvindo as risadas abertas das mulheres e as músicas orquestradas que invadiam as noites dos salões. A HQ também revigora, após cinco anos à deriva, a existência do Caravela Selo Cultural, que vem na esperança de avançar, mesmo sabendo que ainda exista – e acreditando que sempre existirá – um malogro à espreita.

Mas a satistação é plena por tantos outros motivos: pela iniciativa do juiz Marcus Vinícius Pereira Júnior em utilizar os recursos provenientes de penas pecuniárias para uma das obras mais significativas da literatura potiguar; pela apresentação do professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Tarcísio Gurgel e por mais uma ousadia talentosa do arte-educador Anderson Gomes do Nascimento. Agradeço imensamente a Paulo Evanaldo Fernandes, Chefe da Secretaria da 1ª Vara da Comarca de Currais Novos, pelas orientações institucionais, e a Cristinara Ferreira dos Santos, revisora, pelo trabalho dedicado. Boa leitura a todos e todas!

José Correia Torres Neto Doutor em Educação e Editor de Publicações

Seu Gomes em quadrinhos

Tarcísio Gurgel

Professor da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte(UFRN)

Fico imaginando o escritor José Bezerra Gomes a olhar o resultado da versão em quadrinhos do seu emblemático romance Por que não se casa, Doutor?. Provavelmente esboçaria aquele seu riso irônico e, após indagar do interlocutor se concordava com sua frase admirativa – “Um romance em quadrinhos é muito importante, não é não?” –, talvez colocasse, na surrada pasta zero-zero-sete, a revista magnificamente ilustrada por Anderson Gomes e, sem sequer esboçar aceno de despedida, partiria para a granja no Alecrim.

Quem sabe teria momentaneamente assanhado os desejos reprimidos pela reme diaria com que buscou combater sua paranoia de displaced até encontrar no leito de uma amiga anônima, da misteriosa Ribeira, o descanso do sono derradeiro? Quem sabe projetaria novos e inconclusos romances, sempre tendo como ponto de partida o migrante cheio de nostalgia, torturado pela incapacidade de lidar com a questão amorosa (por que não se casa, doutor?).

O livro, agora em quadrinhos, pela oportuna parceria do editor José Correia com o artista Anderson Gomes – que não é seu parente –, é emblemático, por não esconder a maldição autobiográfica. Sendo o único deliberadamente urbano do autor seridoense, ressalta a vida dissoluta do pro tagonista no cenário da jovem capital Belo Horizonte. E eis que vemos o desengonço dessa personagem mascu lina que, formada em advocacia e pendurada num empre guinho público, que apenas remunera suas tristezas, passa todo o tempo da vida adulta às voltas com uma cobrança que jamais con seguirá quitar. Por que não se casa, doutor? Por que não se casa?

Quem já conhece a obra irá vivenciar uma nova e rica experiência: essa de movimentar-se pelos cenários onde o pobre dr. Flávio se mos tra como mero joguete entre a pura Angélica, a insinuante Magda Gon zales e a lúbrica Flora, a ouvir – em meio aos vapores das ressacas de todos os dias – a pergunta irritante de dona Eulália, por que, afinal, ele não se casa, contribuindo para que ele, com a turva segurança dos bêbados, acredite nos versos de um sucesso da época, que ouvirá na voz pastosa de um retardatário que passa na rua, apenas entrevisto por trás da paliçada de garrafas vazias:

Saí de casa disposto a procurar Aquela que há de ser a minha amada Pois o meu coração é que me faz confessar Que o homem sem mulher não vale nada...

Composto por Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti, o samba, consagrado pelo cantor Orlan do Silva, talvez ainda ressoe, imagino, na cabeça do poeta de “Mealheiro” quando, no seu lento caminhar – as pernas arqueadas mal sustentan do o corpo entroncado –, chegar ao sítio onde vive em meio a paus-brasis e papéis, sob a vista amorosa da hierática dona Veneranda.

Quadrinhos,cultura, história e crime têm alguma ligação?

Marcus Vinícius Pereira Júnior Juiz de Direito da 1ª Vara de Currais Novos Gestor das Penas Pecuniárias na Comarca de Currais Novos

No Brasil, quando se fala no cometimento de crimes, penas, logo se pensa em prisão, sofrimento, impunidade e coisas ruins. Contudo, o leitor atento deve saber que, além da prisão, as pessoas que cometem crimes sem violência, como nos casos de quem dirige sob efeito de álcool, podem cumprir suas penas pagando valores que serão revertidos em favor da sociedade.

Pensando nesse tipo de pena, com o fim de definir de maneira mais clara os critérios para o direcionamento dos valores arrecadados com as penas criminais, o Conselho Nacional de Justiça, através da Resolução nº 154/2012, definiu a política institucional do Poder Judiciário na utilização dos recursos oriundos da aplicação da pena de prestação pecuniária em favor de instituições e projetos sociais, sempre pensando na prevenção de crimes.

Mas o que o Conselho Nacional de Justiça tem com a história do Doutor retratado pelo escritor potiguar José Bezerra Gomes na obra Por que não se casa, Doutor?? Para responder à pergunta, basta dizer que a grande obra do romancista seridoense, curraisnovense, José Bezerra Gomes está bem esquecida ou sequer é conhecida pelos jovens do Brasil. E, com a utilização dos recursos provenientes de penas pecuniárias, o povo brasileiro terá a oportunidade de perguntar: “Por que não se casa, Doutor?”. E poderá, muito mais, saber o motivo de o Doutor não se casar, através de um instrumento tão importante culturalmente, a revista em quadrinhos, financiada com valores pagos pelas pessoas que cometeram crimes.

Com essas simples explicações, com o coração cheio de orgulho, no nosso Sertão, destaco que quadrinhos, cultura, história e crime têm forte ligação, pois possibilitam à nossa juventude ter acesso à cultura, da forma estabelecida no art. 227 da Constituição da República, ficando longe do crime, perto do que é nosso, da nossa história, dos nossos cactos, dos nossos costumes e, sabendo, “o porquê do doutor não ter se casado”.

Em nome do Judiciário, desejo boas leituras e que projetos como a publicação da presente revista em quadrinhos possam ser disseminados em todo o Brasil, valorizando histórias, culturas e combatendo o crime, com criatividade e inovação.

Agradeço, por fim, ao Conselho Nacional de Justiça, por pensar em um Judiciário Nacional, valorizando o social, a cultura, enfim, valorizando José Bezerra Gomes! Viva José Bezerra Gomes, Seu Gomes, orgulho da nossa cidade de Currais Novos!

Esta obra é uma ficção. Esclarecemos que o contéudo não foi concebido para provocar descriminação de qualquer espécie. A publicação foi feita respeitando a obra original, mantendo as expressões da época e levando em conta toda a sua ambientação. O artista e o grupo editorial não compactuam com os elementos preconceituosos apresentados nesta obra.

Dr. Flávio de Oliveira Filho

A homenagem que lhe foi prestada por seus amigos e admiradores Ao ensejo da conclusão do seu curso

jurídico pela Universidade de Minas Gerais.

O Dr. Flávio de Oliveira, funcionário da Secretaria de Finanças, foi alvo por parte de seus colegas de trabalho, amigos e admiradores, de significativa homenagem, ontem,numadependênciadaquelarepartição.

Outro colega seu foi nomeado promotor, doutor…

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miu!
apoderava assim da minha existência? Não lhe devo nada! Muito menos
aluguel!
é, eu saí no jornal uma vez, uma homenagem que recebi no meu trabalho
me
em
mas
não são bem assim com diz
Ela não era minha mãe! Por que se
o
ah! Dona eulália… a dona da pensão na qual eu moro desde os meus tempos de estudante no curso de direito.
quando
formei bacharel
direito.
as coisas
no recorte do jornal.

nunca reclamei do seu café ralo, do seu arroz duro e da comida do dia para o outro. Engolia tudo calado.

adorava

tome uma atitude! Você está marcando passo!

Até na minha letra feia ela reparava.

olha aqui! O doutor joão de paula, um preto… formou-se com o senhor… mas já está triunfando… é advogado da rainha do jogo do bicho!

ela era a primeira a me comunicar e adorava me por mais abaixo que um preto.

O senhor precisa é casar e sossegar, doutor!

Estou falando sério, minha filha!

não dá para fechar os olhos para essa bebedeira infernal, enquanto os outros que se formaram com você estão se dando bem na vida!

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Ela colecionar fatos para lançar na minha cara.
...
Mãe!
Toma isso! Arranjei dois convites para o baile. Leve a minha filha Angélica, Para irem se acostumando um com o outro.

ela queria a filha casada, E de preferência comigo. Até a colocou no curso de cozinha no “lar moderno”, achando que a dona de casa precisa aprender a cozinhar e ser econômica para ajudar o marido.

Então, afundava-me no passado e revia a figura do meu tio magno a rolar infortúnio conjugal pela casa dos parentes e desabafar com os sobrinhos.

Dona Eulália, além de reclamar da minha vida boêmia, também reclamava da carestia da vida.

a pensão era perto da faculdade e do meu trabalho, na secretaria de finanças, e da fuga para as noites de farra e bebedeiras.

Meu bacharelado nunca passou de uma consequência da vontade de meu pai. Em nada veio modificar a minha existência.

Minha mãe ficou orgulhosa ao me formar. Recebi cartões e telegramas de felicitações. Meu chefe de seção e colegas de repartição me prestaram comoventes homenagens.

E angélica só falava de casório.

tá tudo caro! Um absurdo!

foi o maior casamento de BH! Tá aqui na coluna social.

Mas antes da minha formatura, perdi o meu pai. Senti-me sem forças para caminhar dentro da profissão a mim imposta pelos desígnios paternos.

Não se case nun-ca, menino! É o conselho que te dou. Mulher não falta no mundo...

Depois de todas as celebridades da formatura, tudo voltou ao normal: indiferença de todos.

5
...
6
Pensando em alguma coisa, doutor? Não, senhora. Está tão calado! O Senhor morre de tanto fumar, doutor! sou Um verdadeiro Sentenciado aos olhos dos outros... Só dona Eulália ainda insistia em me salvar, com o matrimônio, dos meus Abismos.

Dona Eulália nem deve sonhar em me ver na bebedeira agora. Duvido que desejaria que me casasse com angélica de feições de santa.

Que vá tudo pro inferno! já passei no puteiro, onde não deu em nada, e agora estou aqui no cassino.

Dona Eulália, angélica, o negro joão de Paula e até o doutor mourão. Tudo pro inferno!

senhoras e senhores, aplausos para magda gonzales, notável cantora internacional de tangos, em mais um dos seus sucessos...

os olhos de magda brilham nos meus num olhar que não me enganava mais.

Percebo os seus olhos me procurando como nunca e sua voz vem inteira do íntimo. Era como se me estivesse falando na música de sua língua, anunciando-me os seus desejos de mulher.

Hermano! Yo no quiero rebarjarme Ni pedirle, ni llorarle, Ni decirle que no puedo más vivir...

Tem todo tipo de gente. Até polícia secreta, que está de olho no Cavalcanti que bebeu umas comigo.

Alertaram-me que era um agitador.

Viera da argentina, não era como as outras da sua profissão que se trocavam por um cálice de bebida ou por uma ceia.

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*Traduzido do espanhol: Irmão! eu não quero segurar Nem mesmo perguntar, Não para dizer a ele que não posso mais viver...

certa vez, a levei atrapalhado até a porta do palácio das artistas, onde ficava o seu apartamento.

tengo sueno, mi maridito…*

bem, daqui eu vou. Tenho que me levantar cedo… preciso ir… tchau!

Adiava sempre algo que poderia acontecer entre nós, dando-lhe desprazer.

trato de escapulir-me antes que ela venha ao meu encontro.

Nem espero que o garçom venha receber o seu pagamento.

Ahora tengo uno maridito. Esta noche estoy casada*.

Arrumou bem, magda!

tinha ímpetos desconhecidos e vivia situações impossíveis.

sem sono! Com fome! E os bolsos furados!

Preparava frases e diálogos amorosos para o nosso primeiro encontro. Elaborava planos e fazia mil projetos…

… mas amolecia vergonhosamente diante da argentina, distanciando-me cada vez mais dela.

Os primeiros bondes, os primeiros pássaros.

Eu penso em Magda adormecida, caída no seu sono de prostituta, e nos seios descobertos.

O meu êxtase, porém, é todo cercado de angútias. Sou o mais inebriado dos homens e o mais miserável deles.

Tenho pés e tenho mãos e não posso andar nem pegar.

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Mi amor… *Agora eu tenho um marido. eu sou casada esta noite. *Estou com sono, meu marido...

acordo com o dia alto e com dona Eulália falando com os demais hóspedes da pensão. a Cabeça dói e sinto a garganta seca.

O meu finado marido antero era assim antes de casar... o casamento conserta o homem! A vida de solteiro nunca é como a de casado. O doutor ainda há de me dizer...

Meu quarto é uma desordem. Não é novidade eu ser desleixado, minha mãe já falava que a moça que se casar comigo tinha que ter muitas empregadas.

sinto-me sufocado. Sem ânimo. Estou desfigurado, pálido...

Mais uma vez, sinto que decepcionei dona Eulália que, na sua viuvez, esperava o casamento da sua filha angélica comigo.

boa tarde, doutor!

Boa tarde!

era ainda 11:30!

aproveito a bronca e o atraso em chegar no trabalho para fugir do sermão.

Já vai? Ainda tem dez minutos. Quer comer mais alguma coisa? Estou satisfeito.

E o chapéu, doutor? Um doutor não deve andar sem chapéu...

Está na tinturaria!

a vida de casado é como esse pão seco que você nos oferta como café da manhã.

antipático!

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Devo ter perdido o meu chapéu no meu último porre.

O sol arde e o suor me escorre pela testa.

Só penso em magda, mas o que uma mulher que correu o mundo iria ter alguma coisa de futuro de mim?

E gostaria de poder entender como eu, morando em cima do meu trabalho, ainda chego atrasado.

um homem que gastava o opróbrio afogando o seu sofrimento na boemia.

chego na repartição e doutor mourão me encara feio. lilita datilografa ofícios e relatórios. Pego um maço de processos e olho o meu chefe de seção, que veio de ouro preto, antiga capital do estado. viveu todo o processo de mudança para a nova capital, belo horizonte*.

E eu tento escrever, com muito esforço, alguma coisa com minha mão trêmula.

*a capital de minas gerais era ouro preto que, com o declínio da exploração do ouro, sofreu uma queda em sua atividade econômica e já não tinha mais um desenvolvimento físico-urbano correspondente a uma capital estadual. Por isso, a cidade de belo horizonte foi fundada em 1897, quando ainda era chamada de arraial curral del rei. Fonte: www.infoescola.com.br

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Já estou há uma semana sem beber. Até penso em seguir os conselhos de dona Eulália para me casar e sossegar. Até jurei:

Não bebo mais, vão ver!

pois não?

Liga para o palácio das artistas e fale com a cantora magda gonzales... diga-lhe que Flávio está aqui bebendo nesse bar e gostaria de saber se ela que ir ao cinema comigo.

Mas cá estou eu novamente. Nem bem recebi o ordenado, já me enfurno num bar.

que se danem dona Eulália, angélica, doutor mourão e aquele negro besta do joão de Paula.

sinto muito, senhor. Ela viajou pelo noturno de hoje para o rio de janeiro.

Claro. Um momento, sim?

na minha ansiedade, pego-me pensando nela atendendo ao telefone seminua e aceitando o meu convite.

Bebo com meu dinheiro e não é da conta de ninguém.

As palavras do garçom me varam o coração.

a partida da cantora me deixou atônico e perplexo. Sei que ela é uma mulher do mundo. Hoje aqui, amanhã ali. Sou um pobre funcionário e um homem inútil. Nunca tivemos nada um com o outro.

Sua passagem na minha existência me deixou raízes profundas, fazendo-me perder noites de sono.

Garçom, vem aqui, por obséquio

dile que estaré allí esperándolo.*

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*diga a ele que estarei lá esperando-o.

exponho minhas feridas da minha alma ao garçom, que mesmo atendendo aos demais clientes, sempre procurava me escutar com interesse e admiração.

de vista...

Menti para agradar.

ela nunca me explorou. Não queria o meu dinheiro. Era uma mulher diferente.

durmo abalado e acordo indisposto.

Aquilo é que era uma mulher!

mesmo com o desapontamento da partida de magda, ainda lembro do meu tio magno, morto moralmente, crucificado em vida pela sua esposa.

ou eu, ou ela dentro da casa! juntos é que não podemos mais morar!

E contou toda a sua vida amorosa com a meretriz.

Apesar disso, reparo em lilita na repartição com os seus seios redondos sob a blusa apertada.

Vejo-a despachar um coitado que está preso na burocracia do vai pra lá, vem pra cá.

Penso no aumento dos meus vencimentos que falaram que dariam. Até cogito em fazer alguma coisa da vida, mas sou vencido pela tristeza sem a magda.

imagino. Mas o senhor conhece Lilica do palácio cristal?

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um dia, tentei assistir a um filme*, só que dormi no meio dele. Só acordei na hora que todos estavam saindo.

bebi tanto, que tiveram que me ajudar a entrar no palatium.

No meio da multidão, ainda avistei doutor mourão, mas o evitei.

Vou à região da zona em que o mundo é diferente e as pessoas que o habitam são outras.

não

és casado, amor?

pois parece que brigou com a mulher...

estou amolado hoje...

Com quem, amor? à toa... não acredito.

toma cerveja? só guaraná.

Depois da meia-noite, ela se cansou de mim e levou a sua chave consigo para tentar a sorte com outro cliente em potencial.

Também penso em angélica, cuja a mãe insistia constantemente no nosso enlace. pode pedir!

Mesmo com a briga do casal na mesa da frente, imaginava magda brigando com outras mulheres por mim.

O cheiro de esperma é forte invadindo esse quarto sujo, misturado a essências baratas.

ela se admira com a quantidade de dinheiro que deixo. Não tínhamos feito nada. Só ganhei um asco pela seboseira do lugar.

E passo o resto do dia fumando e bebendo água.

* Carmen Miranda no filme Alô,

(1935) 13
Alô, Brasil! Ei, acorda! Chegas-te bem ruizinho!

dona Eulália um dia foi rica, mas ficou pobre da noite pro dia. Perdera o marido e seus recursos com a queda do café*.

E toda a sua vida se resume à sua pensão. Vivendo só para ela. Mas, num domingo desse, a sua parente rica, de quem tanto falava, apareceu na pensão para visitá-la.

se não quer me dar um doce, quer se casar comigo? Eu dou uma coisinha bonitinha...

vamos, meu filho, cuidado para não sujar a roupa com esses doces! É melhor largar isso!

Todos na pensão se impressionaram com dona Eunice. Era muito luxo em cima de uma só mulher.

Lembrava-me com uma profunda dor do que magda me fizera.

minha querida Eulália, como você está acabada.

E você, angélica, já casou? Os homens não querem moça pobre, viu?

não vou demorar, só vim para convidar Angélica para uma festa lá em casa em benefício do natal dos pobres. Toda a elite social de Belo horizonte vai estar lá.

*em 1929 com a quebra das bolsas de valores de nova York, o café brasileiro perdeu o valor de mercado.

** Sigmund freud – neurologista e psiquiatra austríaco. Freud foi o criador da psicanálise. Fonte: www.infoescola.com.br

sinto-me honrada por convidar minha filha. Muito obrigada, Eunice! Quer ficar para um cafezinho?

Não, obrigada. Estou de dieta rígida! Vamos, meu filho.

Minha mãe não deixa. e já tenho um automóvel que papai comprou. vamos, menino!

Mas meus amigos diziam que fazia parte da profissão dela: Explorar ao máximo os clientes. Tudo por dinheiro.

Descobri depois que fora fiel demais ao seu gigolô, Lucilo, dando-lhe cama e comida ao seu corpo.

Cavalcanti dizia que era instinto materno. Coisa de freud**. Coisa avançada.

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Eunice! Tia Eunice!

Já não bastava ter perdido magda, que se fora sem me dizer adeus, furtaram-me angélica, assim de repente.

Dona Eulália era só afagos para ele. Ele, bom, ele era um médico!

Fui até apresentado a ele.

sim. Conhecia-nos do palatium, quando roubou meu par na dança e ficou falando mal ao meu respeito.

Na hora da refeição, sempre encontrava as mesmas pessoas, seu Amaro, seu Celestino, Moura e celso, mas o assunto do momento era:

enquanto eu vagava no mundo da lua, platônico e espiritual, botando a estrangeira nas nuvens, Angélica também estava assim.

Aonde vai nessa pressa toda?

Angélica e o médico vão fazer um ótimo casamento...

mu... muito prazer.

acho que já nos conhecemos de alguma parte...

É tia Eunice que quer que eu faça umas compras para ela...

verdade.

o negro besta do joão de Paula fazendo furor nos meios forences.

Magda embarcada, deixando-me com o coração sangrando, recebendo carícias de lucilo

Fiquei encostado, como traste quebrado agora. Descartado e com uma fama de ter muitas amantes devido a minha vida noturna.

Lilita sendo promovida e ganhando mais do que eu.

Você não é criada de ninguém! Se fosse para um teatro, para um cinema, nem se lembrava...

Agora é ir! Vou?

Já não tinha falado que ia? Disse...

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Isso tudo era demais para mim.

mesmo com a bagunça da minha vida, resolvo arrumar as minhas coisas e encontro uma carta de minha mãe.

um dia, apareceu gente nova na pensão...

perco-me no caos da minha desesperança.

Minha saúde está escangalhada! Fumo 3 maços de cigarro por dia. Sem falar na minha bebedeira desenfreada e minha reputação abalada.

Alguns amigos têm condoído do meu martírio e dizem em tom judicial:

tenho certeza que vocês irão gostar de belo horizonte.

Cof! Cof! Cof!

Meu querido filho,

Deus queira que esta o encontre bem e que Jesus lhe acompanhe em tudo! Eu com todos de casa vamos em paz, graças à Santíssima Maria. Tenha muito cuidado com a sua vida e as perdições do mundo: evite as más companhias quando andar na rua.

é, lembro-me do meu tempo de menino! Minha prima lourdes, minha avó.

Queria ser como Cavalcanti, cujos os sofrimentos são impregnados. O nortista tem força de um vidente e o seu entusiasmo parece renovar o mundo.

Os dois eram cariocas, ele é da delegacia fiscal e está com tuberculose. Os médicos recomendaram o ar de belo horizonte.

Não sei se vou me acostumar fora do rio de janeiro.

Ninguém chamou a senhora nem seu marido. Vieram porque quiseram!

dona Eulália, que já encaminhou a filha para o casório, fazia prognósticos tétricos a meu respeito.

Chego a ter medo de que aconteça alguma coisa com o doutor...

por que não se casa? Por que não muda de vida?

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Calma, querido. Mas antes de me dispensar, era eu quem vivia nas graças da mãe e da filha. Não tinha defeito, não fedia nem bebia.

quando estamos sofrendo as mazelas de uma noite de bebedeira, conhecemos cada figura...

Aparte essa ossada, mano!!

Não me conheces?

Se fosse comigo ... sei não, só o principal.

Na pensão, quando o marido tísico* sai para o trabalho, a esposa ganha a rua a dançar com o seu lindo andar.

Bom... as nossas belas qualidades de bêbados... proveniente disso... bebemos... E também vi você com a estrangeira. Topaste com ela?

*característica atribuída à doença tuberculose, como também a pessoas que têm aparência de pouca saúde; magro; anoréxico. Fonte: Dicionário Aurélio.

e dona Eulália...

mãe se finda nesse choro sem fim por um gato?

É porque mimi não era seu...

Só pode ter sido ele!

proveniente disso...

Estou na minha casa e falo o quê quiser.

Mãe, ele pode ouvir!

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topar... não topei... perdi o meu tempo. Sou mole mesmo, levo culpa sem fazer nada. Bebamos...

no trabalho, lilita retornou de 1 mês de férias, até senti a ausência de um rosto feminino. Ela ficou até mais moça.

aproveitei bastante, mas já estava com saudades de todos. Muito serviço? Vim disposta...

o senhor conheceu lucilo?

Sim, conheço. por quê?

fiquei sabendo que Ele morreu no sanatório*.

no meu espanto não há fingimento ou falsidade, embora não fosse amigo do gigolô e andasse magoado com ele.

Ele aproveitou a sua curta existência vivendo a plenitude do efêmero. Não trabalhava porque achava que hoje poderia estar vivo e amanhã morto e fedendo.

eu deveria tirar uma licença para rever minha mãe e os meus.

parecia que o tango que tocava no salão do palatium era uma homenagem, para aquele gigolô que me roubou magda. Saio abalado, lembrando das prematuras perdas de amigos de curso, de infância e dos homems da minha família que se perderam pelo caminho.

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sério? Sim, senhor.
*estabelecimento que se destina à internação e ao tratamento de doentes com tuberculose, cuja cura se baseia no repouso e, normalmente, nas condições climáticas. Fonte: www.infoescola.com.br
Mas antes disso...

a carioca, vista melhor, é bastante encantadora. Começo a modificar a minha opinião a seu respeito.

O doutor poderia emprestar-me um romance? Oscar vai para o trabalho e eu fico sem ter o que fazer...

Acho que eu tenho. Só está um pouco bagunçado, não repare.

bom.. a senhora tem saudades do rio?

O doutor sabe que o rio é o rio. Não tenho desgosto de belo horizonte. O povo é que é seco.

última

que tiveram na frente de todos da pensão, ela deixou bem claro.

não tem problema. Não ligo para isso. É a sua noiva, doutor?

Não, senhora. Minha mãe quando era mais moça. bem bonita. Ainda viva?

obrigada, doutor.

Sem querer me intrometer na sua vida, mas o senhor ainda gosta da angélica?

Está com cinquenta e dois anos.

Uma felicidade. O senhor deve querer muito bem a ela. A minha morreu quando nasci.

os rapazes da pensão falaram que o tísico era um corno manso no mundo da lua.

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na briga Só quem está cego é o senhor... bom! Vou indo. Obrigada pelo livro, doutor. Já imagino o porquê. nunca gostei! Pois ela gosta muito do senhor. De mim? O seu perfume é estonteante saindo dos seus recantos de mulher. Acende-me os sentimentos.

flora me encantava com a sua desenvoltura e o seu desembaraço...

Ela e o marido tomavam banhos juntos. Ficavam horas no banheiro.

já até tentei ouvir pela parede e percebo as minúcias do banho.

eu ficava imaginando coisas!

A água escorrendo no cabelo, nos bicos dos peitos, umbigo e virilhas.

Seus pedidos de empréstimos de livros são apenas pretexto para o que ela deseja de mim na verdade.

... Um bem amoroso, doutor, bem amoroso...

O ciúme me toma, mas sinto nojo de minha vilania e do estado de minha saúde precária.

E lembro das palavras do médico: É preciso abolir qualquer bebida alcoólica e nada de fumo.

É, vou tentar tirar umas férias, mas acho que dá para deixar tudo para depois. Enquanto isso, eu bebo e fumo ainda mais.

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Sim, mas... Mas as coisas

São do senhor?

o tísico, com ciúmes, briga constantemente com a sua mulher e agora na frente de todos.

Sua vadia, pensa que eu não noto as coisas!

Me acuda, doutor!

Essa cadela me paga!

É para o senhor ver o quanto sofro, doutor.

Julgo-me culpado por tudo isso, mas me sinto, no íntimo, satisfeito, por me ver envolvido naquele drama de amor. Tudo por minha causa.

os dias se passaram e, pelos periódicos, leio do “elegante” chá de caridade realizado por dona Eunice aos pobres. Lembro-me de Cavalcanti que foi preso e levado para o rio de janeiro como preso político, da partida de magda, da morte de lucilo e do noivado de angélica.

apartei a briga, mas tive ímpeto de tomá-la para mim e ser franco com o tísico: abrir-me sem medir as consequências.

Mas depois de tudo, eu me tranquei no meu quarto até as coisas se acalmarem.

Dona Eulália ficara como se houvesse um roubo dentro de sua casa.

E como surpresa, descubro, também pelo jornal, que lilita está nas páginas policiais com envolvimento por agiotagem. 20 a 30% de juros...

Bem que aqueles óculos novos na sua cara enganam muito quem ela é.

Eu devia mesmo é ter cuidado com o tísico, como moura me avisou.

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Tome de volta!
mudaram...

mas eu, ou melhor, nós não tivemos.

Sou um novo homem! Trabalho com mais ânimo. Até pedi uma promoção.

Dona Eulália reparou e veio questionar o meu envolvimento com flora.

Não pedi a sua opinião!

É melhor que a senhora repare a vidinha da sua filha com aquele médico!

Nem eu a da senhora!

no meu quarto não! Podem ouvir...

Nunca pensei que os nossos desejos fossem tão desesperados e que tão bom fosse o que uma mulher podia dar a um homem.

Mas a sombra do tísico me assombrava por não possuí-la plenamente.

é melhor acabarmos com tudo!

Não seja incompreensível!

A senhora está despeitada porque eu não quis casar com sua filha. e não se deixe enganar pela santidade dela.

Passamos dias sem nos falar. ela veio pedir desculpa. Tratavame como um filho e acabei destratando mãe e filha. Senti-me envergonhado diante do retrato do finado antero.

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Flora?
Shh!

quero desprezar a mim e minha comparsa pela nossa conduta promíscua. Mas não resistia e cada vez mais necessitava daquela mulher.

e essas tuas noitadas sem fim?

É verdade quem tens outra, Flávio?

Não...

Pois eu soube.

Como?

Sabendo.

essa nossas desavenças alimentavam poderosamente o nosso amor. Fazia-me feliz e ditoso.

É, minha vida de boêmio incorrigível lhe dava desconfiança.

e a senhora não tem outro homem?

Mas é o meu marido!

E com quem aprendeu tudo aquilo que sabe na cama? Com o marido que não foi, eu acho.

por que perguntas, Flávio?

Agora havia de verdade um mulher na minha vida, uma amante que me vigiava os passos, que me queria só para ela, uma mulher que se abastecia nas minhas forças e eu nas delas.

A minha vida de homem deixava de ser povoada apenas de amores fictícios.

Mas o meu amor era todo feito de incertezas e rodeado de cautelas pelo medo de que o tísico viesse a descobrir tudo.

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e Angélica e o médico casaram-se algum tempo depois.

felicitei os noivos e dona eulália como sempre...

E o senhor, doutor, quando cria coragem e faz o mesmo? Só me falta a noiva...

Moça é o que não falta no mundo, Doutor...

E mais uma vez, sofri outro revés na minha vida amorosa.

Estou de partida para o rio. Meu marido decidiu de última hora.

Eu juro que te escreverei de lá, Flávio. Não me esquecerei jamais...

sou preso e o delegado me questiona por que um bacharel, funcionário do estado, vive na farra, com amizades comprometedoras e promovendo desordens. Mas alguém que não esperava veio ao meu socorro.

sem a carioca, volto a beber desbragadamente. Pensei em ir ao rio, mas como vê-la em uma cidade tão grande?

Até sofro zombaria dos rapazes da pensão com a perda da carioca.

Mas os dias se passaram e nenhuma linha dela. Já teria esquecido de mim?

Vamos sair daqui! Usei da minha influência para tirar você dessa situação. Tome juízo, colega.

Mais humilhante do que a minha própria prisão, é ter que dizer a todos que foi o negro joão de Paula quem me soltou com o seu prestígio e sua influência, socorrendo-me na condição deplorável de bêbado.

E minhas bebedeiras me levam a brigas no cassino.

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Magda linda e deslumbrante, conquistando novos homens.

Findo mais uma vez num botequim, entre a escória do meretrício. Minhas dores aumentando como nunca e eu não sabia mais o que bebesse.

Todas são iguais!

Todas são iguais!

sinto o volume da minha derrota me aniquilando. meus gestos nada exprimem. Vivo bêbado e mudo, curtindo comigo as minhas dores, afundando na mesma vida de todas as horas.

Angélica, casada e bonita, dormia ao lado do marido.

Todas são iguais!

A mulher do tísico, que fora tudo para mim, por certo me teria esquecido. De volta à sua terra, da qual não se esquecia.

E continuo a caminhar sem rumo dentro da noite.

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Vivo bêbado e em pânico. Estou com o meu crédito já abalado e um dos meus credores já me procurou à porta da repartição.

Fique tranquilo! Pagarei tudo ao senhor quando receber os meus vencimentos...

Espero que sim, doutor!

Afundo-me nas saudades da carioca que me abandonou e nunca mais me deu notícias.

Custarás a achar outra que aguente teus porres.

senhor, está bem?

Cortou-se muito?

o senhor sabe, não é por mim, mas tudo está caro! E o senhor fica avisado: eu vou ter que aumentar o valor do aluguel.

Ela me queria tanto como genro. falando assim, parece que estava me pondo para fora da sua casa. E olha que ela estava feliz porque estava preste a ser avó.

Coloque na conta o copo quebrado e me dê mais uma cerveja.

o meu ex-chefe de seção não chegou a se aposentar. Mal morreu e lilita briga por seu cargo, mesmo depois do escândalo dos empréstimos. Eu sinto que preciso abandonar esse emprego humilhante para um bacharel.

não foi nada. Amanhã estará curado. E se morrer, não farei falta a ninguém...

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O negro joão de Paula vai abrir um novo escritório por cima do cine-brasil. Eu brigo com as putas por não ter dinheiro para pagá-las pelo tempo que perderam comigo.

Cavalcanti ainda está preso no rio.

Eu vendi meus livros de direito e penhorei o meu anel de formatura para torrar em mais bebida.

O meu cinismo tinha chegado ao cúmulo.

Arranjei uma tal de nila, que nem eu a amava, nem ela amava a mim...

Sinto a inutilidade da minha vida, sem ter uma mulher que me confortasse, que me encorajasse, que me estimulasse. O que ganho entra por um bolso e sai pelo outro. Não junto um tostão e vivo sempre malvestido, malcomido e maldormido, socado dentro das quatros paredes de um quarto de pensão.

Penso diariamente no casamento e revivo as palavras de dona Eulália: “o senhor precisa é se casar e sossegar, doutor!”

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Saí de casa disposto a procurar Aquela que há de ser a minha amada Pois o meu coração é que me faz confessar Que o homem sem mulher não vale nada...

de casa disposto a que há de ser minha amada meu coração que confessar sem vale

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Sinto, como uma punhalada, a letra do samba. Os bondes se recolheram e, na rua, só o bar onde bebo está aberto. O salão está vazio de um tudo e o garçom começa a cerrar a portas.
FIM
É noite alta e ainda bebo.

Anderson Gomes do Nascimento formou-se em Educação Artística com habilitação em Desenho pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em 2003. Atualmente, trabalha na Secretaria de Educação a Distância (SEDIS-UFRN)

como programador visual, ilustrando e diagramando materiais didáticos e livros técnico-científicos da referida instituição. Participou dos seguintes projetos: Hivinho: uma história de vida, com Kaline Sampaio e Francisco Micussi; HIV-AIDS – Histórias contadas na Atenção Básica, junto ao AVASUS; além de outras revistas em quadrinhos, cartilhas e campanhas institucionais. Lançou, pelo Caravela Selo Cultural, o quadrinho Potiguaçu (2017), Nação Zambêracatu (2019) e os livros infantis Uma menina chamada Perereca (2020), Pereca e Cascudo (2021), O gato Bartô (2021) e Um conto contado para não ser esquecido... no Planetinha Azul (2022). Ganhou o Prêmio Evaldo Oliveira de HQ em 2020 com Natal daqui a 50 anos (2021) pelo Caravela Selo Cultural.

Título Por que não se casa, Doutor?

Roteiro e Arte Anderson Gomes

ISBN 978-65-88076-42-2

Editora Caravela Selo Cultural

Coordenação editorial José Correia Torres Neto Revisão de texto e tipográfica Cristinara Ferreira dos Santos

Normalização bibliográfica Aline Graziele Benitez

Capa, Projeto gráfico e Editoração eletrônica Anderson Gomes do Nascimento

Formato 21 cm x 30 cm

Número de páginas 28

Tipologia Lula Borges, Open Sans, Chalkduster, Times New Roman, Noteworthy Papel do miolo Couche mate (fosco) 90 g/m2

Papel de capa Cartão duo design 250 g/m2 Loca e data Natal, RN - 2023

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Gomes, José Bezerra Por que não se casa, Doutor? / José Bezerra Gomes; ilustração Anderson Gomes do Nascimento. --1. ed. Natal, RN: Caravela Selo Cultural, 2023.

ISBN 978-65-88076-42-2

1. Ficção brasileira I. Nascimento, Anderson Gomes do. II. Título

CDD-B869.3

23-151225

Índices para catálogo sistemático:

1. Ficção: Literatura brasileira B869.3

Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129

“Sinto a inutilidade da minha vida, sem ter uma mulher que me confortasse, que me encorajasse, que me estimulasse. O que ganho entra por um bolso e sai pelo outro. Não junto um tostão e vivo sempre malvestido, malcomido e maldormido, socado dentro das quatros paredes de um quarto de pensão.”

NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS

Poder Judiciário do Estado do Rio Grande do Norte Comarca de Currais Novos Edital de Penas Pecuniárias 001/2023

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