Resiliência, desenvolvimento integrado e planejamento familiar: construindo soluções duradouras Roger-Mark De Souza Diretor de População, Segurança Ambiental e Resiliência, Wilson Center, Washington, DC, EUA. Contato: Roger-Mark.DeSouza@wilsoncenter.org
Resumo: Para muitas pessoas e comunidades que enfrentam desastres naturais e degradação ambiental, aumentar a resiliência significa se tornar mais competente nas artes da antecipação, prevenção, recuperação e reconstrução após situações de tensão e impactos negativos. Em todo o mundo, profissionais do campo do desenvolvimento vêm trabalhando há décadas para desenvolver essas competências em comunidades vulneráveis. Este artigo examina o significado da resiliência como um componente da resposta a desastres e um dos componentes mais importantes para se aumentar a capacidade de resiliência. A partir daí, resumo as abordagens à resiliência desenvolvidas pelas Fundações Rockefeller e Packard, pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, sigla em inglês), pela USAID e pelo Departamento de Desenvolvimento Intergovernamental da Grã-Bretanha (DDI), que demonstram como os serviços de planejamento familiar podem contribuir para o aumento da resiliência. Em seguida, apresento alguns exemplos de como o planejamento familiar vem sendo integrado em alguns programas ambientais e de desenvolvimento. Por último, descrevo como esses programas integrados obtiveram êxito ao ajudar as comunidades a diversificar suas atividades de subsistência, melhorar a participação da comunidade e aumentar a resiliência, desenvolver novas estruturas de governança e posicionar as mulheres como agentes de mudança. Palavras-chave: resiliência, adaptabilidade, transformação, choques e tensões ambientais, desenvolvimento, serviços de planejamento familiar O conceito de resiliência vem sendo usado em diferentes áreas como, por exemplo, na psicologia (resiliência individual, particularmente entre crianças que passaram por traumas), engenharia (resiliência estrutural de pontes, por exemplo), segurança (isto é, planejamento e gestão de conflitos e tensões políticas e econômicas), e ecologia (a força de recuperação dos sistemas naturais quando seu funcionamento é interrompido)1. Nos dias de hoje, testemunhamos o interesse em expandir o conceito de resiliência e sua aplicação pela comunidade internacional de desenvolvimento e de mudança climática1-5. A Fundação Rockefeller, por exemplo, está interessada em formas sistêmicas de aumentar a resiliência:
micas, ambientais, políticas e sociais. O aumento da resiliência, tal como descrito pela Fundação - o aumenta da capacidade de um indivíduo, comunidade ou instituição de sobreviver, se adaptar e crescer durante o enfrentamento de crises agudas e tensões crônicas - é uma atividade que requer estratégias multifacetadas e interdisciplinares e uma visão sistêmica para captar a essência interconectada e intersetorial de problemas especialmente ‘perversos’, como a pobreza crônica e o aquecimento global.”(p.2)1 De maneira similar, em um relatório de 2012 sobre a gestão de riscos de acontecimentos extremos e desastres, o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (PIMC) define a resiliência como:
“Visto que o aumento da resiliência é um objetivo interdisciplinar e parte de diversas iniciativas de nossa Fundação, continuamos a refletir sobre como o ‘pensamento resiliente’ pode ser posto em prática para melhorar o bem-estar das pessoas. Isso requer, frequentemente, uma perspectiva sistêmica. As crises e os conflitos ocorrem em diferentes níveis de escala e duração, interligando dimensões econô-
“A habilidade de um sistema e de seus componentes de antecipar, absorver, acomodar ou se recuperar dos efeitos de um evento danoso de maneira oportuna e eficiente.” (p.3)6 Mas, em termos práticos, o que significa a resiliência e o que pode ser feito para incentivá-la? Este artigo: 1) examina o significado da resiliência como componente da resposta e superação
82 Conteúdo online: www.rhm-elsevier.com
Doi: (do artigo original) 10.1016/S0968-8080(14)43773-X