Desenvolvimento sustentável, população e saúde e direitos sexuais e reprodutivos: construindo uma agenda comum Karen Newmana, Sarah Fisherb, Susannah Mayhewc, Judith Stephensond a Coordenadora da Rede de População e Sustentabilidade, Londres, Reino Unido. Contato: kn@populationandsustainability.org b Supervisora de Ativismo e Políticas Públicas da Rede de População e Sustentabilidade, Londres, Reino Unido. c Coordenadora do Grupo de Antropologia, Política e Políticas Públicas do Departamento de Saúde Global, Faculdade de Higiene e Medicina Tropical de Londres, Reino Unido. d Cátedra Margaret Pyke de Saúde Sexual e Reprodutiva, Instituto de Saúde da Mulher da University College de Londres, Reino Unido.
Resumo: Este artigo sugere que os ativistas do campo da saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos que procuram influenciar o modelo internacional de desenvolvimento pós-2015 devem trabalhar em conjunto com ativistas do desenvolvimento sustentável de diversas áreas, como mudança climática, questões ambientais, segurança alimentar e abastecimento de água. Uma maneira de criar conexões com esses grupos é demonstrando a relevância da saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos para essas questões. A compreensão das dinâmicas populacionais, como urbanização, migração e crescimento populacional, pode ajudar a tornar mais claras essas conexões. Este artigo sugere, portanto, que essas são questões centrais no futuro próximo, independentemente da resistência dos ativistas da SDSR em discutir questões relacionadas à população, em expandir o conhecimento sobre desenvolvimento sustentável e em trabalhar com pessoas de outras áreas para avançar a agenda global de desenvolvimento sustentável. O artigo também argumenta que é possível tratar das dinâmicas populacionais (incluindo o envelhecimento e os problemas dos países com uma grande proporção de jovens) levando em consideração os direitos humanos. Finalmente, expressa a preocupação de que a ausência dos ativistas da SDSR no discurso das dinâmicas populacionais leve à ocupação desse espaço por aqueles que não priorizam o respeito e a proteção aos direitos fundamentais. Palavras-chave: saúde e direitos sexuais e reprodutivos (SDSR), ativismo e processo político, políticas de população, agenda pós-2015, desenvolvimento sustentável A comunidade da SDSR se encontra em uma encruzilhada à medida que a comunidade global avança em direção às últimas fases de negociação da agenda de desenvolvimento sustentável pós2015. A experiência da omissão das nossas questões nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) em 2000 torna prioritária a meta de explicitar os temas da saúde e dos direitos reprodutivos e sexuais nos próximos 18 meses. Isso só será possível se os ativistas da SDSR puderem chegar a uma linguagem comum que ajude a explicar porque e como essas questões são relevantes para as outras prioridades do desenvolvimento, como as questões ambientais, a mudança climática, a segurança alimentar e o abastecimento de água. A tese subjacente a esse artigo é de que a compreensão das dinâmicas populacionais e a habilidade de demonstrar como se articulam com outras questões de desenvolvimento podem ajudar a preencher essa lacuna e a aumentar o investimento em programas de saúde e direitos sexuais e Conteúdo online: www.rhm-elsevier.com
reprodutivos. Esse entendimento pode incentivar parcerias com outros setores do campo do desenvolvimento, ampliando o acesso a serviços voluntários de saúde sexual e reprodutiva, incluindo serviços de planejamento familiar que respeitem, protejam e realizem os direitos humanos. Pode ajudar ainda a demonstrar que os defensores da saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos também se importam com outras questões do desenvolvimento sustentável. A ampliação de expertise no nível dos programas demonstra que a colaboração intersetorial não apenas é possível, como leva à apropriação dos projetos e programas por parte da comunidade. Os autores deste artigo reúnem experiência em pesquisa e ativismo nos campos da saúde da mulher, desenvolvimento internacional, demografia, políticas de população e saúde e direitos sexuais e reprodutivos. Escrevemos este artigo para desafiar a percepção de que direitos humanos e dinâmicas populacionais são temas incompatíveis, porque Doi: (do artigo original) 10.1016/S0968-8080(14)43770-4
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