“seria estranho colocar isso no facebook” o uso de redes sociais

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“Seria estranho colocar isso no Facebook”: o uso de redes sociais pelos jovens e o risco de compartilhar informações sobre saúde sexual Paul Byrona, Kath Alburyb, Clifton Eversc a Pesquisadora Assistente, Centro de Pesquisas Jornalísticas e de Mídia, Universidade de New South Wales, Sydney, Austrália. Contato: paul.byron@unsw.edu.au b Professora Sênior, Centro de Pesquisas Jornalísticas e de Mídia, Universidade de New South Wales, Sydney, Austrália. c Professor, Universidade de Nottingham Ningbo, Ningbo, China

Resumo: No ambiente midiático atual, a informação não é apenas transmitida do produtor ao consumidor, mas é também mediada pelos participantes das novas culturas de mídia. E nisso se inclui informações a respeito da saúde sexual. Pesquisa realizada em Sydney e no interior da Austrália, em 2011, realizou grupos focais com jovens entre 16 e 22 anos de idade sobre o potencial do Facebook e outras redes sociais para a promoção de questões de saúde sexual. Nossos resultados indicam que as formas de utilização das redes sociais pelos jovens são complexas, sendo pouco provável que a maneira tradicional de transmissão de informações sobre saúde sexual seja reproduzida nesses espaços. Cinco questões-chaves foram levantadas: a cultura participativa dos sites das redes sociais, o estigma associado à saúde sexual, especialmente relacionado às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), o cuidado dos jovens com a aparência de seus perfis online, as questões de privacidade e a importância do humor nas mensagens sobre saúde sexual. O medo de bullying e de fofocas (ou ‘dramas’) também apareceu como obstáculo à disseminação de mensagens sobre saúde sexual nesse ambiente. No entanto, vídeos humorísticos online foram mencionados como uma maneira eficaz de evitar o estigma e possibilitar o compartilhamento de informações sobre saúde sexual. Os jovens tinham interesse em informações sobre saúde sexual, mas preferiam não tocar no assunto se isso produzisse desconforto ou os fizesse sentir excluídos das suas redes sociais. Atividades de promoção da saúde sexual nesses sites devem, portanto, levar em conta as especificidades desse tipo de mídia. Palavras-chave: redes sociais, jovens, saúde sexual, promoção da saúde, redes sociais, Facebook, Austrália Esse artigo se baseia nos resultados de um estudo qualitativo sobre as opiniões de jovens a respeito das redes sociais como espaço para a promoção de materiais sobre saúde sexual, financiado pelo Programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) de Nova Gales do Sul. Envolveu também bolsistas do campo dos estudos culturais e de mídia, de modo a considerar as possibilidades e obstáculos que afetam organizações governamentais e não-governamentais que disseminam informações sobre saúde sexual entre jovens por meio de redes sociais e sites de redes sociais (SRS). No ambiente de mídia contemporâneo, a informação não é simplesmente passada de produtores para consumidores, mas é mediada pelos participantes das novas culturas midiáticas. Pesquisadores do cotidiano de jovens observaram que as novas tecnologias e dispositivos têm o potencial

de alterar e expandir as interações sociais entre os jovens1-4. Axel Bruns aponta para a existência de uma “nova cultura” de participação ao unificar os termos produtor e usuário de mídias, criando o termo “produsuário” – uma noção importante para a compreensão dos “processos colaborativos de criação de conteúdo liderados pelo usuário”5. Nesse contexto, a redes sociais e os SRS oferecem aos jovens “novas maneiras de criar e manter conexões com outros”6. Alguns defendem que os jovens estão simultaneamente “criando e recebendo” conteúdos de mídia2, mas nem todos os jovens utilizam as redes sociais da mesma maneira7. Apesar da preocupação pública de que as redes sociais seriam de-socializadoras8,9, Collin et al. argumentam que as comunidades e os relacionamentos em SRS expandem, e não reduzem, os espaços comunitários tradicionais6. Os jovens

http://www.grupocurumim.org.br/site/revista/qsr7.pdf

Doi (artigo original): 10.1016/S0968-8080(13)41686-5

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