Jornal ESAOF 2024

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Notícias p. 7

Abraçar Buba

Reportagem p. 8

Centro de Reabilitação da Granja

Interculturalidade p. 10

A nova Torre de Babel

Natureza p. 12

Birdwatching em Arcozelo

ENTREVISTA

p.

4

“Eu sou uma mulher do Norte, tenho muito gosto, e é esse vento do Norte, esse mar do Norte, que me dá muita força...”

Decorreram já oito anos desde a primeira vez que aparecemos nesta espinhosa e demiúrgica arena da imprensa escolar. Julgamos que o labor empreendido resultou num conhecimento mais profícuo do universo em que nos movemos. Aproximar os agentes da comunidade educativa, divulgar o pulsar da escola, partilhar projetos, no desiderato da construção de uma escola aprendente, onde permanentemente procuramos melhorar processos e resultados, num clima de convivialidade solidária entre alunos, professores, encarregados de educação e assistentes. Mais uma vez, com a produção do jornal escolar, mobilizamos uma série de ações visando a promoção do aluno, através da tomada da consciência crítica dos usos da linguagem no mundo e da sua formação enquanto ser participativo em questões que lhe dizem respeito dentro e fora da escola. Ao promover a função social da escrita, a produção do jornal escolar contribui com os processos de ensino-aprendizagem que a escola conduz, sobretudo na assunção de

promover o espírito crítico dos alunos. A elaboração do jornal estimula a escrita, a leitura, a expressão gráfica e o sentido estético; cultiva o saber fazer e o gosto pela produção de algo concreto. É um espaço de expressão em liberdade e responsabilidade. Mas, sabemo-lo, a escola hoje não detém o monopólio do saber. A escola, como organização, tem de ser um sistema aberto, pensante e reflexível. Sistema aberto sobre si mesmo e aberto à comunidade em que se insere. E a nossa escola, a ESAOF, tem garantido essa aproximação com a comunidade, dando-lhe a conhecer as suas potencialidades, projetos e êxitos, tais como as salas coloridas, o apostar no curso profissional de bombeiros, a par de inovações com a construção de campos de padel. A concretização destas atividades não só favorece o desenvolvimento de diversas competências e capacidades nos discentes, como também valoriza a componente pedagógica e cultural. A escola nunca está verdadeiramente feita, mas encontra-se sempre em construção, mediada pela interação dos diferentes atores sociais que nela vivem e com ela convivem. Esta nossa colaboração propõe, pois, uma vez mais a criação de um espaço onde se dê relevância às expectativas individuais e coletivas, através da abordagem de temas, conferindo, especial relevância aos protagonistas do ato de ensino - os alunos. Em retalhos de manta construímos esta pequena “obra”, onde semeamos objetivos. Continuaremos a nossa demanda com o fito de que cada vez mais os nossos alunos sejam mais interventivos num espaço que é deles. Para trás fica uma caminhada, semeada de muitos sentimentos e aspirações, entretecida de sonhos e realizações. A aposta está feita. A aposta está ganha? Nós continuaremos a pugnar pela defesa de uma imprensa escolar e, mancomunados num mesmo ideal, aspiramos à concretização dos nossos desígnios.

Pedro Campos

Nós gostamos de estar aqui!

A “Arquitecto” é a nossa escola. A tua escola. A nossa escola é paixão. É liberdade. É orgulho. É promoção e igualdade. É mérito. É trabalho. É esforço e emancipação. É convicção e espontaneidade. É responsabilidade e comprometimento. É passado e é presente. Espaço de aprendizagem e de preparação para a cidadania. Cultura. Projetos e expectativas. Janela de oportunidades. Valorização. Motivação. Interação. Prazer. Cumprimento das regras. Aqui, aprender é criar!

A Nossa escola - dela se vê o mar e ele é a fonte dos nossos sonhos…

2 EDITORIAL Editorial

Quando nasci, os meus pais decidiram chamarme Jacinto. Mais tarde explicaram-me que Jacinto é um nome distinto e muito respeitável. Eu cá preferia chamarme António ou João, mas lá terei de carregar este nome para o resto da minha vida. Há coisas bem piores. Sempre vivi numa pequena aldeia, aninhada num vale entre montes cobertos de pinheiros, carvalhos e oliveiras. O meu pai não vê televisão porque diz que ela nos embrutece e esvazia, mas lê muito. E foi assim que aprendi que a oliveira poderá ser a árvore mais velha de Portugal. Pensa-se que terão sido os fenícios (um povo muito, mas mesmo muito antigo) e os gregos que as trouxeram. Todas estas árvores conferem à paisagem diferentes tons de verde. É bonito de se ver! O presidente da Junta, um rapaz novo e, portanto ainda com pouca ronha, quis em tempos mandar plantar o eucaliptus globulus, a espécie mais comum em Portugal, porque é uma árvore rentável e leva menos tempo a crescer do que as outras, mas os aldeãos, que são

(...) eu e o Jáqui, o meu cão rafeiro e cegueta de um olho, mas muito amigo e leal (...), vamos para os montes com as cabras e o imponente bode.”

rústicos, mas não são estúpidos, votaram contra. Disse o Ti Alberto que assim havia menos cobiça e, além disso, os eucaliptos secam os solos. O meu pai, que como já disse lê muito, ainda lhes explicou que não há prova provada. Além disso, a sua floração ajuda a alimentar as abelhas quando outras espécies não têm flor.

Gosto da minha aldeia. Sempre que necessário, eu e o Jáqui, o meu cão rafeiro e cegueta de um olho, mas muito amigo e leal que tenho a certeza nunca me usaria para obter favores, ou envolverme em compadrios interesseiros, calculistas e esconsos, vamos para os montes com as cabras e o imponente bode.

Os bichos apascentam, saltitam com graciosidade, brincam e

Hoje digo eu!

interagem. Sim, porque os animais comunicam entre eles.

A comunicação não é apenas apanágio dos animais racionais. Ora, eu e o Jáqui aproveitamos para pensar, refletir sobre tudo e sobre nada. Muitas vezes penso que gostaria de um dia ser pintor. Adoro estes montes vibrantes e honestos. Eles alimentam-me a alma. O Jáqui gosta de os cheirar e de os marcar como seus. Como é cegueta de um olho, calculo que tenha uma visão parcial da realidade, o que tem as suas vantagens. Acho eu. Amanhã vou pintar a cozinha da Ti Constança, porque ela sabe que eu quero ser pintor, embora eu queira é pintar paisagens, animais e pessoas. Tenho de começar por algum lado - que seja então uma cozinha. Quem sabe, vai servir-me

de inspiração. Às vezes as coisas simples são as mais valiosas, as que contêm mais significado. Aqui há dias, nos nossos passeios de trabalho com as cabras e o bode, ou melhor, o Senhor bode, sempre pronto para cumprir o dever de procriador do seu fato, contei ao Jáqui que a minha professora nos disse que andava irritada com o rumo que a saúde e a educação estavam a levar. Acrescentou que pelo andar da carruagem, não íamos a lado nenhum. Também disse que apesar do nosso Portugal ser pequenino, ele é muito corrupto. E depois acrescentou que devia haver na televisão um Big Brother dos corruptos. Afinal já houve dos famosos, dos não famosos, porque não dos corruptos? Até porque a corrupção continua

a crescer e é fácil de perceber porquê. Eles são presos, logo são postos em liberdade e retomam as suas vidinhas confortáveis. E as consequências? Essas são risíveis. Confesso que não percebi muito bem o que ela quis dizer; deve ser conversa de adultos. O que eu sei é que nas noites de verão, eu gosto de me deitar na relva e olhar para as estrelas. São tão brilhantes, não são, Jáqui? Um dia aqui o Jacinto pintalas-á sob um céu escuro para que o seu brilho seja mais intenso, mais verdadeiro. Talvez assine os meus quadros Jacinto António ou Jacinto João. Que te parece, meu amigo?

3 CRÓNICA
Jacinto João Leonor Ferreira, 8ºB

A Teresa nasceu no seio de uma família burguesa na Granja. Que memórias tem desse espaço?

Sim, eu nasci no seio de uma família burguesa e tive uma infância muito, muito feliz. Quanto às memórias, lembro-me de uma praia pequena com os ventos fortes e as marés vivas do norte de Portugal. Um forte cheiro a iodo. Eça de Queiroz escreveu sobre a Granja em algumas das suas obras, pois essa praia foi sua morada durante algum tempo. O que eu mais gostava quando chegava à Granja eram os pequenos circos, ali, na praia da Aguda, junto à Nossa Senhora. Eu, sempre que podia, fugia para junto dos artistas de circo. Depois, a minha mãe dava pela minha fuga e mandava-me buscar, e eu lá voltava a casa muito contrariada. Talvez seja por isso que, mais tarde, tenha ido para esta carreira artística de circo e no circo: Palhaço - para fazer rir muita gente.

Foi com o seu pai para África onde teve contacto com outras culturas. Foi aí que começou a definir-se a mulher que lutava contra as injustiças sociais e contra os preconceitos?

Teresa Ricou

Maria Teresa Madeira Ricou nasceu a 12 de novembro de 1946, na Praia da Granja. Artista circense, conhecida por Teté, a primeira mulher-palhaço portuguesa. Foi a mentora e construtora do projeto Chapitô, (fundado em 1981) projeto pedagógico, social e artístico que promove atualmente, através das artes e dos ofícios do espetáculo, a integração social de jovens em situação de fragilidade social. É também conhecida por ser uma mulher de causas e uma mulher cidadã do mundo que ao longo da sua vida defendeu o valor da Liberdade. Foi irreverente a vida inteira É uma mulher que puxa as rédeas do sonho. As artes são o seu cavalo alado para orientar os mais jovens. Quem segue o seu percurso sabe que estamos na presença de uma verdadeira “mulher do Norte”… a viver no sul. E nós, jovens, quisemos conhecer esta mulher, ideóloga de um sonho cultural que não consegue estar parada aos 77 anos...

Sim, claro, o meu pai era médico da UEP, especialista em medicina tropical, e nós, enquanto família (eramos sete irmãos) acompanhávamos sempre o meu pai na sua missão de serviço em África, onde buscava a cura dos doentes com lepra, uma doença que aparecia no tempo das guerras e da miséria humana. É claro que me sensibilizei muito para essa preocupação social. Para mim, que saía e entrava de 6 em 6 meses consoante a “graciosa” do meu pai, chegar a Portugal, a metrópole, com toda a família em período de férias e deparar-me com a mentalidade, os hábitos, a pequenez das terras, era algo estranho. Era um choque de culturas. Vínhamos de África onde tudo era muito grande e onde vivíamos uma liberdade que em Portugal estávamos muito aquém de experimentar. Vivenciar experiências culturais diferentes em África e depois transportá-las para o ambiente social que se vivia, na altura, em Portugal, ajudou-me a crescer e a partilhar com as gentes da Granja, da praia da Aguda, os filhos dos pescadores, todo um universo de diferentes culturas. As desigualdades sociais eram muito evidentes e isto preocupava-me, deixavame sempre a pensar como poderia ajudar a colmatar tais diferenças.

Lembra-se como e quando “equacionou” abraçar o mundo do espetáculo? A Teresa inventou a “Teté, a mulher-palhaço” na década de 80. Quer-nos contar um pouco dessa experiência?

Não me lembro quando decidi abraçar o mundo do espetáculo. Em pequena, julgo que tinha este ADN, de fazer rir os outros, e foi crescendo e foi-se desenvolvendo. Houve uma altura na minha vida em que tive a oportunidade de ir para Paris, onde estive como exilada política durante alguns anos. Aí aprendi o que era uma “casa de jovens e cultura” e trabalhei na rua. Como ainda não havia escolas de circo, eu e os colegas destas artes organizávamo-nos e treinávamos no metro. Não havia escolas de circo, mas estive junto a pessoas do meio artístico, na área do humor e do riso. Mais tarde, com o 25 de Abril, percebi a importância do papel da mulher na sociedade, na igualdade de direitos.

E descobri, por via das mulheres alentejanas, com aquelas saias grandes e sempre a lavar, a varrer e a tomar conta dos animais, a minha imagem e criei a Teté, mulher-palhaço, como figura de humor. Normalmente os palhaços só trabalhavam de calças, eram figuras masculinas, e eu tentei exatamente adaptar o feminino e afirmar o papel da mulher, ligada a essa área da comicidade.

Sentiu discriminação por ser mulher num meio de homens?

Senti discriminação por ser mulher. Há discriminação em todo o lado. E nós, mulheres fortes, e temos que ser fortes, temos de lutar contra essa discriminação. Às vezes eu sou até bastante mais incisiva que qualquer outro homem nas decisões que tomo no sentido da justiça social. É cansativo, mas depois traz orgulho e uma certa satisfação interior. O papel mais gostoso é lutar no teatro da vida.

4 ENTREVISTA
Fotografias de www.facebook.com/teresa.ricou

A primeira mulher-palhaço em Portugal Teté

Num mundo de homens, como é que o público reagiu quando percebeu que o palhaço era uma mulher?

Reagiu muito bem. Corri mundo com essa figura e fui muito bem aceite, sobretudo nos países do norte da Europa, bastante mais evoluídos do que nós em Portugal. Aqui mandavam-me constantemente lavar a cara, vai lavar a cara, vai trabalhar, porque consideravam que o trabalho que eu fazia não era trabalho, era entretenimento. Também é bom ser entretenimento, mas era o meu trabalho. E, por isso, eu sempre lutei por ser o melhor possível e ter grandes mestres comigo, como o Sr. Chen. Na Dinamarca e na Alemanha, onde ganhei prémios, era reconhecida, não por apresentar o maior espetáculo, mas sim o mais pequeno, sobretudo pela inovação que era falar dos direitos da mulher e afirmá-los com uma galinha, minha companheira de palco.

O Chapitô, que fundou nos anos oitenta, é uma casa de arte, um circo, ou é muito mais do que isso?

O Chapitô é uma casa de cultura num espaço outrora da gente da Justiça. Era isto. Era um antigo reformatório. Chamava-se As Mónicas. Hoje, o Chapitô é uma ONG, uma instituição de solidariedade social e uma coletividade cultural e recreativa. Uma casa aberta a todos e onde tudo pode acontecer de uma forma livre e espontânea, desde que a opção de cada um seja aprender e estudar/ praticar esta arte do circo. Aprende-se neste projeto a viver em liberdade, o que não é nada fácil, mas é possível e importante para a humanidade. A parte empresarial num projeto destes é muito importante. A economia social tem que estar presente. Temos que sensibilizar o mundo para a importância desta responsabilidade social. O Estado é parceiro fundamental, as autarquias também. É importantíssimo que o poder regional comece a funcionar da melhor forma, porque Portugal não é Lisboa, é bem mais que isso. Se há sonhos a realizar, eu acho que a realização deste, não está mal, não é? Já fiz muita coisa e ainda tenho muita coisa para fazer. Quero que toda a gente consiga aproveitar o melhor possível do meu contributo para a sociedade, que foi fazer do Chapitô uma instituição de solidariedade social, aliada à minha área artística, que é o riso, que é o humor.

O riso pode ter efeitos terapêuticos. O país precisa de rir?

É claro que o país precisa de rir. O país precisa de estar com uma saúde mental bastante apurada. As novas tecnologias são relevantes, contudo não se devem sobrepor à componente humana. A vida tem que ser aprazível enquanto cá estamos. Quando a gente morre, acabou, morreu. Agora, enquanto cá estamos, é preciso realmente ter prazer de viver. O riso pode ser terapêutico e, até em determinadas situações, pode ser uma forma de denúncia da verdade, das situações, dos factos. E muitas vezes, a rir, a gente vai dizendo algumas verdades e vai impondo outras...

Olhando para a sua biografia, percebemos que é uma mulher que ao longo da vida tem abraçado muitas causas, sempre na defesa dos marginalizados, das crianças desfavorecidas, na luta pela igualdade de direitos, na luta contra racismo. Sente-se recompensada pelos resultados?

Claro! Eu sou uma pessoa que viaja pelo mundo e que está atenta àquilo que acontece, não só como turista, mas como interveniente e ser participativo. Acho que nós devemos manter a revolução diária, para além da transformação que foi a Revolução do 25 de Abril. Temos que trabalhá-la diariamente. Isso é esforço muito grande e, enfim, a conjuntura tem que estar propícia também para isso. Mas claro que, a minha aprendizagem, como mulher preocupada com a educação, com a cultura, com a ciência social, aprendi-a pela vida fora. Mas sim, eu sou uma mulher de causas.

Esforço-me na luta contra o racismo, a xenofobia, a favor da igualdade de direitos e da aceitação do ser humano tal qual ele é. É preciso ter muito respeito, apoiar, não excluir e, sobretudo, incluir de alguma maneira. Eu incluo pelas artes, pelas artes do circo.

A Teresa conviveu com o meio artístico - pintores, poetas, meio social e político. Quer destacar alguma personagem que a tenha influenciado?

Eu sempre me rodeei de gente das artes, da área do cinema, da política, da política social, que para mim é absolutamente fundamental. Há gente muito relevante como o Herberto Helder, que é uma pessoa que me inspira bastante e, na parte social, madre Teresa de

Calcutá, uma mulher que lutou pelos mais desfavorecidos. Enfim, não vou à utopia do que foi o Che Guevara, mas passei por lá, não é? Eu sempre procurei gente boa à minha volta. Claro que eu sou o resultado de muita gente que me rodeia e que eu me fiz rodear também.

Tem recebido prémios/nomeações, alguns deles internacionais. Que significado têm na sua história de vida?

Os prémios?! Não é a coisa que mais me agrada, porque eu acho que, como cidadã, tenho obrigação de dar o meu contributo, para que tudo o resto melhore. Não vamos ser todos iguais, porque no mundo não é possível haver igualdade, não havia sequer democracia, mas efetivamente, os prémios e as nomeações são referências. Temos que ser reconhecidos e ser todos juntos uma força para a mudança. Agora, a nível internacional, as pessoas estão mais atentas ao que acontece do que muitas vezes em Portugal. Nós, às vezes, temos a galinha dos ovos na nossa casa e não a valorizamos.

Teresa Ricou… aos 77 anos ainda há sonhos por realizar?

Eu estou quase com 80 anos e... Sou uma mulher do Norte, tenho muito gosto, e é esse vento do Norte, esse mar do Norte, que me dá muita força, muitas vezes, para continuar aqui, em Lisboa, numa terra mais cosmopolita, mas que é de todos. Temos que seguir em frente, porque não só Portugal como também a Europa estão a correr o risco de virar para um pensamento menos social. É preciso estarmos muito atentos a tudo isso. Assim, a nossa capacidade de sobrevivência tem de continuar com a revolução todos os dias. Vamos fazer 50 anos de Abril, não é? Temos que estar a comemorar e não esquecer que há ainda muito caminho…para andar!!!

O que eu mais gostava quando chegava à Granja eram os pequenos circos, ali, na praia da Aguda…”
5 ENTREVISTA
Botelho, Manuel (Fotógrafo) 2014. Foto editada para esta publicação

EFA

Aprender depois dos 18

O Curso de Educação e Formação de Adultos (EFA) destina-se à realização ou conclusão dos ensinos básico e secundário, em regime noturno, para maiores de 18 anos. Destacamse as experiências dos alunos mais velhos, neste ano letivo, Palmira Maia e Hélder Morais. A formanda Palmira Maia (46 anos), a trabalhar na área da geriatria, deparando-se diariamente com vários desafios físicos e mentais, referiu que “apesar do sacrifício pessoal para poder frequentar as aulas noturnas, encontra gratificação na perspetiva de crescimento pessoal e profissional”, reconhecendo “o impacto positivo que a melhoria da sua habilitação poderá ter no seu futuro”.

O formando Hélder Morais (41 anos), programador numa fábrica, referiu que o objetivo principal para se inscrever no curso foi “a convicção de que o conhecimento adquirido é crucial para o seu desenvolvimento e para a procura de novas oportunidades profissionais, uma vez que se abordam questões relacionadas com a complexidade de programação e gestão de equipas”.

A mediadora EFA, professora Manuela Costa Gomes, responsável pela gestão e implementação deste curso, desde a sua divulgação, ao acolhimento e acompanhamento dos formandos, referiu que este curso é uma mais-valia para os adultos, visto que lhes permite concluir a escolaridade de uma forma flexível e ajustada às necessidades de cada um. A nossa escola é das poucas instituições do concelho que disponibiliza esta oferta formativa. É, por isso, necessário um maior investimento na sua divulgação dada a relevância social, profissional, económica e educacional para os formandos, para o concelho e para o país.

verde azul vermelha

Salas Coloridas

Uma experiência inovadora

A visão do Diretor

A ideia das salas coloridas surgiu da necessidade de fazer um projeto educativo que fizesse a diferença nas aprendizagens, algo diferente do método tradicional que muitas vezes não promove um acompanhamento mais atento aos diferentes ritmos de aprendizagem dos alunos. São respeitados os diferentes ritmos de trabalho conforme as capacidades de aprendizagem. Uma das mais-valias prende-se com o facto de, por exemplo, um aluno com nível 1 integrado numa turma dita “normal”, dificilmente alcançaria nível 3. Nas salas coloridas, a possibilidade de êxito é maior uma vez que, para além de um acompanhamento mais estreito, é também respeitado o seu ritmo de aprendizagem. Todos os anos as cores das salas mudam, porque a sociedade adora atribuir conotações a tudo. Atribuir uma cor fixa a cada sala rapidamente se tornaria um motivo para “etiquetar” os alunos consoante a cor em que estão inseridos.

Fazer a gestão deste projeto não é fácil e exige muita imaginação. Este ano, terceiro ano do projeto, foram atribuídos seis professores para quatro turmas. O objetivo é motivar os professores para esta ideia. É uma inovação que a nível da docência implica e exige um trabalho muito maior, obrigando-os a fazer um esforço suplementar, o que provoca algum desânimo, até porque grande parte dos professores estão já no fim da sua carreira e, consequentemente, menos abertos para abraçar um projeto tão exigente.

Já os Encarregados de Educação, na sua maioria, aprovam, pois é uma solução para a obtenção de melhores resultados dos seus educandos.

Beatriz Oliveira, 12ºA

Biblioteca

Viva

“É proibida a entrada a quem não andar espantado de existir…”

A biblioteca da ESAOF é uma biblioteca viva! Ao longo de três décadas deixou de ser um só espaço de estudo, de consulta, de atividades lúdicas (jogos), apresentando-se hoje como um local de encontro, de partilha de emoções, de leituras vivas, onde o leitor/ aluno revela a sua expressividade e convida o espetador a viajar pelo mundo das palavras. A equipa da biblioteca realiza ao longo do ano letivo múltiplas atividades, em épocas festivas, e apresenta ao longo do ano a obra de autores portugueses e internacionais. Espaço de pequenas representações e declamações, destacando-se o já famoso “Chá, bolos e poesia”, no final de cada ano letivo, onde docentes, alunos, assistentes ou encarregados de educação são convidados ao bruxulear das palavras, a saborear o gosto de palavrar, como se as palavras fossem corpos tocáveis, sereias visíveis. É estimular os alunos na sua capacidade demiúrgica e torná-los seres pensantes que gostem de navegar e elas, as palavras, levam-nos pela mão, a descobrir não apenas o mundo conhecido, mas também o mundo que está continuamente à espera que o descubram. E para que possamos “correr” mundo pela rota das palavras, lemos sempre na porta de entrada da biblioteca o nosso lema “Proibida a entrada a quem não andar espantado de existir” (in Aventuras de João Sem Medo, de José Gomes Ferreira), que nos transporta a outra dimensão da nossa existência.

Almoços Pedagógicos

A ESAOF criou este ano uma atividade na área da gastronomia a que chamou de almoços pedagógicos. A equipa do curso profissional de restauração e a direção da escola salientam que esta atividade decorre num espaço destinado para o efeito, a sala de restauração, onde os alunos desenvolvem as aprendizagens e técnicas de mesa e bar. Com o objetivo de favorecer as atividades práticas, o curso de restauração promove estas iniciativas, que têm vindo a decorrer desde o início do ano letivo e vão continuar até ao final do ano. Foram convidados vários elementos da comunidade educativa, como assistentes técnicos e operacionais, associação de pais, associação de estudantes, professores dos vários departamentos, e também outras entidades como a presidente da junta de freguesia de Arcozelo e a direção da escola Sophia de Mello Breyner Andresen. A ementa, inovadora e requintada, é cuidadosamente elaborada pelos alunos com a supervisão dos respetivos formadores, e demonstra já um grau considerável de profissionalismo, tendo sido do agrado de todos os comensais. Os almoços têm sido um evento importante para degustar uma bela refeição, com um ambiente muito agradável para o convívio entre todos e para reforçar o espírito colaborativo da nossa escola.

Nuno Castro, 12ºA

6 NOTÍCIAS
Hélder Morais Palmira Maia

Abraçar

Casa Fiz do Mundo – Guiné

A Comunidade Paroquial de Espinho aceitou o desafio das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras e o projeto Casa Fiz do Mundo – Guiné. Quatro jovens da paróquia de Espinho, que já estiveram como voluntários na Guiné e onde desenvolveram um trabalho no âmbito da assistência médica, da formação de educadores e da dinamização de aprendizagens que corresponderam às principais necessidades, estiveram na nossa escola, onde explicaram a essência do projeto. O grande objetivo do projeto é a construção de uma Escola do 1º e 2º ciclo em Buba (já iniciada), capaz de assegurar o ensino e o acompanhamento das crianças.

A ESAOF abraçou e envolveu-se no projeto, no âmbito da disciplina de cidadania e desenvolvimento. A maioria das turmas e os alunos de educação especial participaram em diversas atividades de criação de trabalhos manuais, produtos gastronómicos, recolha de material escolar, roupas e brinquedos. Os fundos angariados no mercadinho de Natal reverteram para esta causa.

Buba é uma cidade da região administrativa de Quinara na Guiné-Bissau e fica na zona sul do país junto ao estuário do rio Grande de Buba. As Irmãs Franciscanas têm, em Buba, um pequeno jardim de infância onde acolhem crianças de toda a região. Algumas destas crianças percorrem mais de 6 km para chegarem à escola. Aí encontramos crianças desde os dois aos cinco anos de idade e educadoras com muita vontade de ensinar. A missão da “Casa” é favorecer instituições que apostem no ensino para o desenvolvimento sustentável do país e, desta forma, potenciar o surgimento de gerações mais cultas e capazes de formar as próximas. É nisto que a Casa Fiz do Mundo acredita: educar para fazer crescer um país, tendo sempre como base a sustentabilidade do projeto. Para além disso, asseguramos o bom funcionamento de uma escola que vai desde o pré-escolar até ao sexto ano. A “Casa Fiz do Mundo” tem apenas um sonho: fazer deste mundo uma casa para todos. Os voluntários chegam nos meses das suas férias (julho e agosto) e contribuem com o seu conhecimento para a formação dos educadores e formadores do país em causa. Estes continuarão a construção da casa na transmissão dos conhecimentos aos seus educandos e a nossa ajuda estará sempre presente. No caso da Guiné, a formação realizou-se sobretudo nas áreas da saúde, informática, português, inglês, música,

matemática e jogos didáticos. Os voluntários rapidamente constataram que a vontade dos educadores em adquirirem competências é muita e que a sede de conhecimento é imensa. Educadores, crianças, adolescentes e jovens, todos procuram aproveitar ao máximo esta experiência e o sentimento de júbilo está em todos. Os contentores com apoio humanitário enviado pela comunidade paroquial de Espinho possibilitaram também a criação de bibliotecas com jogos e livros didáticos e infantis. Com os donativos de computadores, de algumas empresas, organizou-se uma pequena sala de informática e de imediato se passou à formação dos jovens nesta área. Por último, é fundamental explicar o nosso projeto de apadrinhamento das crianças.

A partir de uma pequena quantia anual, podemos assegurar a sustentabilidade da escola e a distribuição de refeições diárias. O apadrinhamento de crianças é o que nos permite garantir que o projeto não para, mesmo quando os voluntários não estão no terreno.

(...) educar para fazer crescer um país (...)”

“Acreditamos que estamos sempre em missão, fazer deste mundo uma casa para todos.”
7 NOTÍCIAS
Escola em Buba financiada pela Comunidade de Espinho

Centro de Reabilitação da Granja

O preparar para a vida!

Chegamos ao CRG (Centro de Reabilitação da Granja) numa radiosa manhã de Inverno. Num antigo edifício à beira da estrada nacional 109 e em frente à estação da Granja, três alunos e dois professores da ESAOF entram no espaço, onde logo pela manhã um corre-corre de gente de todas as idades anuncia um espaço de acolhimento, de formação, criação, animação e intervenção sociocultural, que há mais de 57 anos cuida e anima os jovens do nosso concelho com necessidades educativas especiais. É dia de festa. Final de período que coincide com a mostra dos trabalhos realizados pelos alunos. Tivemos sorte!!!

O CRG presta um estímulo e uma valorização constantes. Alguns chegam com uma baixa estima, porque são vistos como diferentes. Aqui são todos iguais.”

À nossa espera à porta do edifício do séc. XIX estava Rosalina Gonçalves, 58 anos, diretora da instituição desde 2018. Desde há muito tempo existem vários mitos e preconceitos relativos aos alunos com deficiência. Por isso, a nossa conversa com alguém que sabe como integrar jovens com necessidades educativas na sociedade e que muitas vezes se esquece deles. Rosalina Gonçalves já trabalhou com alunos com paralisia cerebral no centro distrital do Porto e hoje assume a função de dirigir o CRG. “Este centro de reabilitação está a funcionar há mais de cinquenta anos na Granja. Inicialmente era um espaço na Quinta do Bispo, mesmo aqui ao lado, para crianças nvisuais e surdas. Mais tarde, mudamos para este edifício e começamos a acolher jovens entre os treze e os dezoito anos de idade. Mais recentemente, temos utentes com mais idade. Atualmente temos cerca de cinquenta e um jovens em regime de frequência, cerca de vinte alunos em atividades socialmente úteis e oito utentes de idade avançada nas oficinas

de apoio local. A expectativa de irem para o emprego protegido não se concretizou, por isso mantêm-se na instituição. Eles estão a fazer o seu percurso académico e necessitam de trabalhar algumas competências que numa escola dita normal não conseguem obter”, começou por referir na apresentação. No edifício principal, observamos nas paredes quadros e artesanato da autoria destes alunos. ”Aqui são trabalhadas competências relacionais, pessoais e comportamentais. Os alunos também trabalham a atenção, desenvolvem competências funcionais, por exemplo, como deverão estar na rua, como fazer compras e escolher produtos. São as competências para a vida”, acrescentou.

O CRG tem várias parcerias. “A nossa instituição não vive sozinha. Temos parcerias com escolas de Gaia e Espinho, bem como algumas instituições como juntas de freguesia dentro e fora do concelho, Misericórdia de Gaia e também a Câmara de Gaia, que fornece todos os transportes de múltiplas atividades, dando apoio aos jovens.

A Câmara de Gaia é uma grande parceria com o CRG”, admitiu. O CRG encontra desde logo algumas limitações, destacando-se em primeiro lugar as instalações que são já muito antigas e que precisam de uma recuperação muito profunda, pois limita a realização de algumas atividades, tendo repercussão no bem estar dos utentes. “Alguns equipamentos também precisam de uma renovação, como por exemplo, o campo de jogos exterior, o que é muito dispendioso para a instituição. Preocupa-nos também a falta de pessoal auxiliar”, comentou a diretora Rosalina. Enquanto observamos alguns trabalhos dos alunos expostos na sala principal, Rosalina Gonçalves confidenciou que os assistentes operacionais são antigos alunos com limitações físicas e cognitivas. Fomos aliás muito bem recebidos na portaria pelo João, porteiro há muitos anos na instituição e um dos alunos mais antigos.

“As escolas encaminham os alunos para aqui, é uma espécie de complemento do

seu currículo. Eles são integrados nas várias oficinas no primeiro ano de avaliação para vermos as suas competências. Mais tarde são encaminhados para situação de estágio”, referiu, enquanto a acompanhamos para presenciarmos “in loco” o trabalho nas diferentes oficinas.

Na educação especial há uma multiplicidade de casos, analisados individualmente, que levam a que cada aluno tenha um acompanhamento adequado às suas necessidades educativas. É na presença física da professora de madeiras, Ana Paula, que nos deparamos com quatro alunos na faixa etária dos 16 anos, o Rodrigo, o Afonso, o Francisco e o Duarte que nos contagiaram pela sua boa disposição e exprimiram o seu gosto pela escola. “É muito bom estar aqui, mas eu gosto mais de educação física“, confessou o Duarte. Já o Afonso afirmou ”onde eu mais gosto de estar é nos têxteis”, enquanto Francisco de sorriso largo referiu a sua preferência pelos trabalhos nas oficinas de madeira. “Gosto muito de lixar e de pintar”.

8 REPORTAGEM
Dr.ª Rosalina Gonçalves com os repórteres Beatriz Oliveira, Hugo Costa e Raul Sousa Centro de Reabilitação da Granja

A professora reiterou que “o maior desafio é chegar a eles todos os dias e perceber as suas necessidades, mas fazemos de tudo para que isso aconteça”. Já na aula de cerâmica, a professora Isabel mostrou os anjos e os presépios de Natal feitos pelos alunos e refere que “é preciso muita paciência, mas é muito gratificante”, para de seguida salientar que “o trabalho é muito desafiante para nós. Consome-nos muito.”

Passam umas meninas na azáfama da preparação da festa de natal, danças e pequenos teatrinhos e dizem aos colegas que está ali a TVI.

Continuamos a nossa viagem pelas oficinas de metais criativos, bricolage, carpintaria, expressões, cerâmica, informática, cozinha e atividades diárias. E ouvimos o desejo da diretora: “O que eu gostaria de ter na nossa escola era a introdução de uma sala de música. Admito que é uma lacuna, pois seria extremamente relevante para o

“a instituição. A diretora salienta que é uma aventura diária para a Conceição, em virtude das obras no metro do Porto, mas que a Conceição é muito persistente e nunca falta. Ao sairmos para outra oficina, encontramos Joana Rodrigues, psicóloga, que nos confessou “Os alunos têm problemas de autoestima baixa. Tentamos motivá-los, trabalhar as suas capacidades e depois é gratificante ver o seu sucesso. Pretendemos que os alunos adquiram competências de trabalho de equipa, dinâmicas de grupo e sobretudo o sentido de responsabilidade. As atividades aqui desenvolvidas preparam-nos para a vida”, defendeu.

Enquanto alguns alunos desempenhavam tarefas como a limpeza do espaço exterior, a diretora cumprimentava-os pelo nome e dizia-nos que há encarregados de educação muito envolvidos no acompanhamento dos seus educandos e outros nem tanto. É preocupação da escola manter sempre todos

Aceitar que existem pessoas com condições

desenvolvimento dos alunos. Vamos tentar no futuro algumas parcerias” e asseverou “Nós nunca baixamos os braços, não fazemos é omeletes sem ovos”.

No nosso roteiro interior encontramos dois adultos que nos encheram a alma, o Francisco, o aluno mais antigo e jardineiro. “Adoro trabalhar em jardinagem. Adoro a paz no trabalho”, disse com um elevado sentido de responsabilidade, enquanto na sala dos têxteis (oficinas de emprego protegido) encontramos a Conceição, invisual, que faz trabalhos em malha e renda. Vem todos os dias da zona de Ramalde (Porto) e tem de apanhar três transportes para vir para

os encarregados de educação informados sobre o percurso dos seus educandos. Já no final da nossa reportagem encontramos a mãe do Rodrigo, a Deolinda Ferreira que nos fez notar “O Rodrigo vem dos Carvalhos todas as manhãs. No início não reagia bem, mas agora gosta de vir. Aprecia os trabalhos e até já me fez um bolo de caneca. Ficou muito orgulhoso. Também ajuda nas tarefas lá em casa, como lavar a louça ou pôr a mesa. Estou muito satisfeita com o trabalho aqui desenvolvido, pois é importante para a vida futura e a integração dos jovens na sociedade”. Era notório o grau de satisfação e orgulho do seu “novo” Rodrigo.

Ao lado, a diretora sorriu e acrescentou: “O CRG presta um estímulo e uma valorização constantes. Alguns chegam com baixa estima, porque são vistos como diferentes. Aqui são todos iguais. A avaliação é mais focada nas competências. Não queremos que se sintam discriminados, postos à parte. Todos se respeitam e valorizam”. Aceitar que existem pessoas com condições diferentes das nossas é o primeiro passo para uma sociedade mais inclusiva. Dentro da sociedade, a escola tem o papel de acolher e ensinar o respeito às crianças e adolescentes que possuem algum tipo de deficiência, seja ela física ou intelectual. Aquilo que

encontramos no CRG foi uma lição de vida para nós, pois vimos um ambiente saudável, adaptado para as necessidades dos estudantes e que respeita as suas diferenças. Foi bom contactar com esta realidade e ver que estes alunos, apesar das diferenças, são FELIZES!!!

9 REPORTAGEM
Oficina de cerâmica Oficina de têxteis Oficina de carpintaria

Torre de Babel a nova

O que mais nos unifica enquanto povo é a língua. Mas mesmo a nossa língua é feita de muitas outras línguas! Portanto, aquilo que nos une também é construído com base na diversidade! A isto chama-se interculturalidade. Agora, nas nossas escolas e na nossa sociedade ouvem-se muitas línguas diferentes e esta realidade está a aumentar a cada dia.

A ESAOF tem sido neste domínio uma escola que tem acolhido alunos de várias nacionalidades, como brasileiros, ucranianos, colombianos, chineses, israelitas, namibianos, venezuelanos, angolanos, russos, e tem-se assumindo como um agente responsável pelas aprendizagens e formação, mas também pela promoção do diálogo intercultural e da coesão social nesta nova torre de Babel. Quisemos, pois, ouvir alguns dos alunos oriundos de outras paragens e conhecer a sua integração na nova realidade escolar e social. Eis aqui os seus testemunhos.

“Sou o Cristhian Pajaro, 17 anos e vim da Colômbia (da cidade de Bogotá). Estou há três meses e gosto muito. Há muitas diferenças entre a minha escola e esta. Aqui os professores são mais calmos. Lá havia mais indisciplina e não tínhamos intervalos. Adaptei-me bem e estou a aprender a vossa língua. No futuro quero tirar um curso de informática. Eu e os meus pais pensamos ficar em Portugal, porque é um país com mais segurança e tem paisagens muito bonitas.”

“Olá! Chamo-me Matilde Nunes e tenho 13 anos. Nasci na Inglaterra e vim para Portugal há dois anos e agora estou na ESAOF. Estudei na Andrews Been School e vivia numa cidade chamada Rugby, local onde nasceu o desporto rugby. Há muitas diferenças entre a minha escola antiga e a atual. Lá não podíamos usar o telemóvel nas aulas, nem na escola. Se o levássemos tínhamos uma suspensão. Outra diferença é que lá os quadros da sala de aula eram todos brancos e não negros, como a maioria deles aqui. Eu achei a minha transferência fácil, exceto na língua portuguesa. Aí sinto muitas dificuldades, mas estou a ter aulas de apoio. Acho também que em Inglaterra a escola era mais difícil e havia mais disciplina. Também tinha alunos de várias nacionalidades, mas davamo-nos todos bem. Aqui há apenas uma coisa que não gosto, o calor. Prefiro o frio inglês. No futuro, espero trabalhar na área de Marketing, mas desejo voltar para Inglaterra.”

“Chamo-me Maite Garcia, sou chilena, tenho 15 anos e estou há 8 meses em Portugal. Recomendo a ESAOF, apesar de apontar a necessidade de melhorias na organização para apoiar alunos estrangeiros. A minha irmã, fluente em português, teve uma adaptação mais fácil. Acho que Portugal tem uma população mais envelhecida, tornando o país menos atrativo para os mais jovens. Destaco também a simplicidade de processos, tais como a aquisição de visto e a matrícula numa escola, o que torna tudo muito menos burocrático. O meu sonho é ser independente e bem-sucedida. Provavelmente não frequentarei a universidade em Portugal, prefiro outras opções.”

“Chamo-me Nina Izmaialova, tenho 14 anos, sou natural da Letónia, mas vivi na Rússia e frequento a turma B do 9º ano. Integrarme foi um pouco difícil no início, porque a barreira entre as línguas é muito grande. Nem sempre conseguia entender os meus colegas, assim como criar ligações com as pessoas. Vivo com os meus pais e irmã, que também sentem dificuldades com a língua portuguesa, por isso tento ajudá-los nas situações do dia a dia. Uma das grandes diferenças entre Portugal e a Rússia é sem dúvida o espírito da população. Aqui as pessoas são mais abertas, mais simpáticas, enquanto que na Rússia toda a gente tende a ser mais contraída. Muitas pessoas dizemme que não se querem dar comigo porque eu “meto medo” e sou fria. Contudo, gosto muito de estar aqui, porque tenho liberdade. No futuro pretendo continuar em Portugal. Só voltarei à Rússia se a situação melhorar!”

10 INTERCULTURALIDADE

“Sou o Fábio Coutinho, tenho 14 anos, venho da África do Sul e estou no 8º A. No meu país a escola é muito rígida. Não é permitido usar a própria roupa, assim como outros acessórios, nomeadamente anéis e pulseiras. Até os sapatos são iguais para todos. Também não podemos levar o telemóvel por causa dos constantes roubos. Os professores são exigentes e gritam com frequência e, por vezes, batem nos alunos quando estes não entendem a matéria. Sempre que um aluno é chamado ao gabinete do diretor já sabe que os pais vão ser contactados. Esta escola é muito diferente. Aqui existe um bom clima entre professores e alunos. Gosto de cá estar.”

“Sou a Evandra Samalata, tenho 14 anos, natural de Angola. Cheguei a Portugal em agosto, apesar de já ter cá estado com a família. Não gosto muito de Portugal, pois a vossa forma de falar e expressar é diferente da minha. Por isso, fiquei quase dois meses sem falar com ninguém. Acho estranho o povo português gostar tanto de futebol. Para mim, o maior desafio na escola são os horários, pois em Angola tínhamos menos aulas e a matéria era mais fácil; os testes eram todos numa semana e não ao longo do ano. No meu país, a escola é mais liberal, isto é, não tem tantas regras. A minha família veio para Portugal por causa da segurança e dos cuidados de saúde.”

“Chamo-me Liv Tschá, tenho 17 anos e tenho dupla nacionalidade: brasileira e alemã. Nasci no Recife e vivi em Kaiserslautern. Integreime bem, mas ainda não me acostumei à cultura e às pessoas. Agora, começo a relembrar-me da língua portuguesa, mas ainda tenho dificuldades em expressar-me. A minha família veio para Portugal por questões políticas e também porque a Alemanha está a atravessar uma grave crise económica. Quanto aos sistemas de educação, julgo que o alemão é mais exigente. Relativamente às diferenças entre países, acho que em Portugal é tudo muito burocrático e as pessoas são pouco organizadas. Sinto falta da liberdade que tinha na Alemanha, pois aqui tenho medo de andar sozinha.”

11 INTERCULTURALIDADE

Birdwatching em Arcozelo

De monóculo em punho... para ver o voo da passarada

Estorninho-preto

Inicio a minha caminhada a partir da Estação da Granja. Uma frente fria fraca passou no início do dia, trazendo consigo um pouco de chuva. Mas o tempo instável estava a melhorar. Um arco-íris, não muito grande, ergueu-se para além dos telhados das casas fronteiriças à estação. Percorridos alguns metros na Avenida das Árvores, ouço um som familiar. Com um monóculo, que trago sempre comigo, observo um casal de peneireiros-vulgares a sobrevoar a Quinta dos Bispos. A fêmea pousa no peitoral de uma janela do edifício em parcial ruína, enquanto o macho continua a percorrer o espaço aéreo à procura de uma possível refeição. A sua frequência e o seu comportamento diário denunciam a presença de um ninho dentro do edifício. Os pombos pousados nos telhados das imediações mostram-se irrequietos e levantam voo em grupo a fim de se defenderem de um possível ataque. No mesmo instante, os sons ruidosos que as pegas-rabudas emitem despertam a minha curiosidade. De seguida, passo a observar os seus movimentos agitados, pulando de galho em galho perto da copa das árvores onde têm os ninhos. O seu voo é delicado e suave. A sua presença começa a ser constante na vizinhança dos espaços urbanos tornando-a numa ave de fácil identificação. Ainda por entre a vegetação das árvores, vislumbro outras espécies de aves destacando-se os estorninhos-pretos, melros, os pardais comuns, os chapins-carvoeiros e o periquitode-colar, ave exótica que hoje está em expansão em diversas cidades do país. Começo a perceber que algumas aves se tornam francamente comuns depois de um certo tempo. No entanto, o habitual encontro com algumas destas espécies é sempre uma inspiração. Assim o meu trajeto vai-se fazendo entre sons já conhecidos. Mais tarde, consigo identificar

(...) a companhia destes seres alados com os seus cantos e gestos fazem-me voar para bem longe de todas as preocupações mundanas e lembram-me como é fácil conquistar a quietude espiritual.”

o canto trissilábico de uma rola turca pousada sobre um fio elétrico suspenso entre dois postes de madeira. Observa-me atentamente. Ergo o monóculo e ela parte em voo para o outro lado da rua, em direção a um ramo de um pinheiro manso. Sigo-a e agora consigo identificar duas rolas turcas. Suponho serem um casal, pois não se consegue identificar visualmente a diferença entre o macho e a fêmea desta espécie. Mais adiante observo algumas das aves já descritas a sobrevoarem os campos agrícolas. No entanto, consigo identificar duas outras espécies: a andorinha dos beirais e o pombo torcaz. O voo agitado e rápido da andorinha dos beirais impede-me de a ver em pormenor com o monóculo. Aprecio-a a olho nu e deslumbro-me com a sua agilidade. Um pombo torcaz repousa sobre um poste elétrico e por isso de fácil identificação. O seu tamanho é ligeiramente maior que o de um pombo doméstico e apresenta manchas brancas nos lados do pescoço. Quando dei por terminada a minha observação de aves, surpreendido por um som diferente do habitual, dirigi atentamente o olhar por entre a quietude da vegetação e vi uma ave que mais tarde identifiquei como sendo uma toutinegra de cabeça preta. Satisfeito, guardei o monóculo. À vista desarmada ainda consegui distinguir ao longe alguns piscos de peito-ruivo a debicar no chão e um corvo por entre as ramagens dos eucaliptos. Não há melhor forma de iniciar um dia. A familiaridade e a companhia destes seres alados com os seus cantos e gestos fazem-me voar para bem longe de todas as preocupações mundanas e lembram-me como é fácil conquistar a quietude espiritual. Basta apenas estar atento!

Periquito-de-colar

Toutinegra-de-cabeça-preta

Peneireiro-vulgar

12 NATUREZA
Pisco-de-peito-ruivo Pega-rabuda Chapim-carvoeiro

O Futuro próximo

Aceitamos o convite ao agir, ao tomar parte nos acontecimentos, à envolvência e à comunhão com todos aqueles que nos rodeiam e que fazem parte da nossa comunidade. Quisemos apostar num ideal de construção, deixar o sentimento de juventude perpassar através de todos, de idealizar novas ideias, de traçar novos rumos. Quisemos auscultar as nossas gentes e criar o espelho de almas várias que ao refletir o conjunto cria uma e só imagem - a de uma nova visão da nossa terra. Assim, de rua em rua, de bairro em bairro, perguntamos às gentes da terra o que desejariam que acontecesse em Arcozelo e região envolvente até ao ano 2030.

Como perspetiva a sua freguesia em 2030?

A ESAOF saiu à rua!

VOX POPULI

Isabel Costa

48 anos

Gestora de stock e compras

Francisco Fonseca

17 anos

Estudante

“Moro na vila de Arcozelo e enquanto atleta gostaria de ver mais contributos na área do desporto, nomeadamente com a fomentação da realização de torneios de âmbito regional, nacional e, quem sabe, internacional de algumas modalidades desportivas, permitindo desta forma, dar a conhecer a nossa região com tudo o que ela tem para oferecer.”

“Daqui a seis anos, imagino que Arcozelo será uma vila dinâmica e viva, com pontos de encontro entre os seus moradores, quer em espaços ao ar livre como jardins e zonas junto ao mar, quer em espaços fechados como pavilhões e um auditório que acredito nessa altura esteja prestes a ser concluído. A gente de Arcozelo é gente de garra e de farra. Acredito que a geração que está agora prestes a chegar aos 50, se empenhará e será capaz de colocar as gerações mais novas a trabalhar a favor da freguesia e das suas comunidades. Acredito que num futuro próximo, Arcozelo será uma freguesia onde todos vão querer viver, trabalhar e estar, porque seremos todos em prol de todos e, quando assim é, não há buracos na rua, nem paralelos levantados que impeçam uma terra de ser maravilhosa.”

Maria Noémia Santos

55 anos

Auxiliar da ação educativa

“Moro em Grijó e gostaria que houvesse melhorias no centro de saúde, nomeadamente na marcação de consultas, uma vez que há utentes que têm de se dirigir às 06 horas da manhã para obterem vaga para uma consulta. Gostaria também que a rede de transportes fosse melhorada, pois estes são poucos para os diferentes destinos, o que acarreta para a população muitos constrangimentos. Saliento ainda o mau estado de algumas ruas esburacadas, que chegam a condicionar o trânsito. Na área do lazer seria muito importante a construção de uma piscina e o incremento de mais atividades desportivas para a população em geral. E não esquecendo a cultura, faz falta uma biblioteca equipada com tecnologias digitais. É importante a componente inovadora, para que a freguesia de Grijó não continue parada no tempo.”

Paula Pereira Pinto

54 anos

Diretora de serviços de hotelaria

“Vivo há poucos anos em Arcozelo e espero que esta freguesia continue a desenvolver-se, pois há ainda muito trabalho a fazer.

Estou muito contente com a possibilidade de aceder ao comércio que é tão variado. Na zona em que vivo tenho bons supermercados e, como trabalho no Porto, posso escolher logo de manhã os produtos que necessito, fugindo ao trânsito. É uma vila tranquila. Para os anos vindouros gostaria que fossem implementadas medidas que tornassem o acesso à cidade do Porto mais fácil em hora de ponta. Destaco ainda a necessidade de intervenção a nível do pavimento de algumas ruas e estradas, melhor iluminação nas ruas e escoamento das águas pluviais. Como conduzo bastante sugiro mais espelhos de visualização nas ruas mais estreitas.

Na zona de Miramar já temos o túnel, que é maravilhoso. Seria ótimo que houvesse também uma agência bancária, uma vez que a mais próxima fica distante.”

Rui Moreira

46 anos

Técnico de construção civil

“Os arcozelenses são bastante bairristas e acolhedores. Um exemplo notável foi a forma como receberam os jovens que participaram nas Jornadas Mundiais da Juventude em 2023. Acredito que esse evento reavivou o espírito de muitos arcozelenses, lembrando-lhes a energia positiva de trabalhar em benefício de um objetivo comum.

É urgente que a ampliação do Centro Social de São Miguel de Arcozelo seja concretizada, bem como a reabilitação e a criação de vias pedonais melhores e mais numerosas. Durante anos, houve um investimento em passadiços, mas negligenciouse completamente os passeios pedestres, que se encontram bastante degradados. No âmbito da segurança, gostaria de ver atendido um pedido antigo: garantir acesso pedonal seguro entre as nossas escolas secundária e preparatória, que carecem de passadeiras e passeios. Além disso, é urgente concretizar a construção do novo posto da GNR, proporcionando dignidade a estes profissionais!

Tenho esperança de que, daqui a seis anos, todas as necessidades descritas estejam atendidas, tornando-nos uma freguesia cada vez mais atrativa para todos.”

13 VOX POPULI
Imagem de “Freepik”

Retratos do Desporto

Futebol

Gonçalo Magalhães, 17 anos, aluno do 12º ano, é jogador e treinador de futebol de um grupo de 15 pequenos benjamins!

O jovem Gonçalo tem uma enorme paixão pelo futebol. É jogador do Sporting Clube São João de Ver – Futebol, SAD e treinador dos benjamins no Sporting Clube de Arcozelo. Confessa que é algo que o deixa muito feliz treinar um grupo de meninos de 10 anos, sobretudo para ajudá-los a crescer, tal como o ajudaram no seu início de desportista. Para além de ser um aluno de Ciências e Tecnologias, um curso muito exigente, consegue conciliar esta atividade com os estudos, pois a vontade é enorme, e apesar dos sacrifícios, a paixão supera tudo. Contou que os miúdos são muito motivados e competitivos, visto existir rivalidades com os clubes vizinhos, como o Serzedo, ou o São Félix. O seu principal foco é incutirlhes determinados valores. ”Trabalho o fair play e lembro sempre aos miúdos os valores que estão na parede dos nossos balneários, como a “Lealdade, Humildade, Superação, Dedicação e Audácia”. Um dos coordenadores do departamento de futebol do clube, José Gouveia, acredita que esta nova geração irá contribuir para um futebol mais honesto e com mais fair play. Aliás, um dos lemas deste clube é “Não somos melhores, não somos piores, somos diferentes.”. Gonçalo confessou que por vezes quando está no banco tem uma atitude mais explosiva, porque vive o jogo de forma intensa. Mas sim, o fair play está muito incutido nos valores do clube, e é algo

“que nós precisamos de trabalhar diariamente com eles. A par disso, no seu trabalho diário destacou a questão da mentalidade, pois nem sempre é fácil aceitar a derrota e nem sempre se conseguem séries vitoriosas ou estar ao mais alto nível. “Por isso, eles também têm que perceber que, de vez em quando, não é porque o árbitro errou, não é porque eles jogaram mal, é simplesmente porque o adversário teve mérito e conseguiu ser melhor nesse jogo.” Quanto ao futuro, Gonçalo acredita que está muito focado no plano de ser jogador, ou treinador, mas sobretudo tem a certeza absoluta que o futebol irá fazer parte da sua vida. Manifestou também a vontade de ingressar para o próximo ano na FADEUP, a faculdade mais conceituada do país na área do desporto.

Gonçalo Magalhães é indubitavelmente um exemplo de adolescente ambicioso e determinado em alcançar o seu objetivo de vida. Desejamos-lhe um futuro promissor!

Carolina Fonseca, 10ºA Hugo Costa, 10ºA

Rugby

Paulo Ribeiro frequenta o 12º ano do curso de Línguas e Humanidades, na ESAOF. Conversamos com o nosso colega e ficou logo notória a sua paixão pelo rugby. Confidenciou desde logo que a melhor sensação da sua vida foi ter sido convocado para jogar na seleção nacional. “Carregar no peito o símbolo das quinas e defender a nossa pátria é uma sensação indescritível”, disse. Quisemos saber mais sobre este desporto e ele salientou que o rugby é um desporto de brutos jogado por cavalheiros, havendo, no entanto, fair play, muito trabalho de equipa e respeito entre todos. É também na sua perspetiva um desporto muito inclusivo. E para aqueles que querem ingressar no mundo do desporto, referiu que é uma mais-valia, não só ao nível mais físico, como também ao nível psicológico, sendo esse um dos poucos momentos onde nos abstraímos das coisas ao nosso redor. ”É, sem dúvida, a minha válvula de escape”, referiu.

Há, no entanto, muitas pessoas que confundem futebol americano com rugby: Paulo Ribeiro relatou que existem algumas diferenças claras. Uma delas é a proteção usada no jogo. No futebol americano os jogadores estão mais protegidos do que no rugby, portanto as lesões são menos frequentes. Outras diferenças são a bola e algumas regras de jogo. No rugby os jogadores passam a bola para trás ou para os lados quando querem ganhar terreno de jogo ou lançar a bola para a frente, utilizando pontapés. Além disso, o rugby utiliza uma formação ordenada, alinhamento e número

“(...) é um desporto de brutos jogado por cavalheiros”

de pessoas muito distinto.

Quando começou a jogar tinha preconceitos e pensava, tal como nós, que o rugby era apenas um jogo agressivo. No entanto, quando começou a frequentar os treinos, apaixonou-se pela modalidade e percebeu que o rugby era muito mais que isso. Apela para que todos tenham a possibilidade e oportunidade de experimentar sempre coisas novas, pois o desporto é fundamental para o ser humano.

Rita Marinho,12ºA

Sofia Couto, 12ºA

14 DESPORTO
Paulo Ribeiro com a camisola número 16 a jogar pela Seleção do Norte contra a Seleção do Sul Gonçalo Magalhães com os seus 15 benjamins Trabalho o fair play”

Prazeres da boa mesa

“Bolo d’Anita” e as nossas recomendações

A sobremesa mais popular do Restaurante Pedagógico da ESAOF!

A Anita é uma aluna do Curso Profissional de Técnico de Restauração da nossa escola, que recriou este bolo que todos adoram e que combina bem com qualquer momento do dia.

Ingredientes

Bolacha Maria

Leite Condensado Cozido

Ovos

Açúcar Manteiga

Modo de preparação:

1 – Ligar o forno a 200 graus. (A 400 graus despacha o bolo mais rapidamente ☺)

Quantidades

3 pacotes

1 lata

2

500 gr

400 gr

2 – Ralar a bolacha Maria, separar as gemas das claras, reservar as claras, juntar à bolacha ralada a manteiga e metade do açúcar. (Se a receita pede ovos e não os colocou, é aí que errou! Ah! Não se esqueça de tirar a casca aos ovos ☺)

3 – Numa taça à parte, bater as claras em castelo, adicionando a pouco e pouco o restante açúcar. (Exagere e depois queixe-se dos diabetes ☺)

4 – Numa forma (que pode ser retangular oval ou outra qualquer ☺), colocar a massa da bolacha a barrar o fundo, moldando-a manualmente. (Também pode ser eletricamente, …depois queixe-se! ☺)

5 – Acrescentar o leite condensado em cima da massa já moldada, de forma a cobrir toda a superfície. (Neste momento o pânico apodera-se de si…os convidados estão quase a chegar ☺)

6 – Acrescentar as claras (são a parte branca do ovo ☺) batidas em castelo, fazendo o mesmo processo de colocação do leite condensado. (Não adianta disfarçar, se a sua forma pudesse falar… ☺)

7 – Colocar no forno durante 15 minutos à temperatura de 190 graus, até as claras ficarem com o tom “dourado”. (Agora apercebe-se que é um amador e que fez tudo errado. Game over! Tente outra vez ou telefone à Anita! ☺)

Dicas d’ Anita:

. Servir em pequenas porções acompanhado de uma bola de gelado com sabor a nata.

. O tempo e a temperatura recomendada podem variar em função dos equipamentos utilizados.

A nossa dica:

Se não tiver os ingredientes, não faça!!! ☺

Ficha Técnica

Coordenação:

Ana Paula Tavares, Cármen Martins, Cecília Melo, Manuela Teixeira e Pedro Campos.

Colaboradores-alunos:

Beatriz Oliveira, Hugo Costa, Carolina Fonseca, Nuno Castro, Nuno Maia, Nuno Oliveira, Rafael Santos, Raul Sousa, Rita Marinho, Rita Sousa e Sofia Couto.

Colaboradores-professores:

Manuela Coelho, Manuela Costa Gomes, Pedro Ferreira, Ricardo Machado e Susana Silva.

A ESAOF de A a Z

Arquitecto Oliveira Ferreira, o nosso patrono.

Bongo de 8 frutos acompanha uma refeição no buffet.

Concretizamos sonhos. Campos de Padel iremos nós ter.

Desporto escolar - sempre a bombar!

Erasmus, também já temos.

Fiambre não pode faltar no pão misto.

Good luck é o que ouço quando tenho teste e não estudei.

Ha! Ha! Ha! Rio-me da piada do professor para subir nota.

Iamos furar a fila do buffet, mas estava lá a D. Ana.

Juro que não fui eu...

Keep calm, o teste vai correr bem.

Lemos todos os Maias. (não lemos nada!)

Mas os TPC’s não eram só para a próxima semana?

Não nos podemos atrasar. A aula vai começar.

O tempo passa, mas memórias ficam.

Prémio vou ganhar se as melhores notas tirar.

Quando chega a minha vez, os croissants já voaram.

Riso da D. Fatinha ecoa pela escola e faz-nos sorrir.

Selo EQAVET é garantia de qualidade.

Tantos trabalhos que até andamos baralhados.

Uma escola, uma família.

Vais para a aula? Já?!

Website da escola tem muita informação.

Xadrez na biblioteca para estimular os neurónios.

Yeah, tirei positiva e não copiei!

Zebra? Não! Já temos o Timon.

15 LAZER

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