Salvador Negro Suor

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MATÉRIAS Bocada - Forte ::: Reportagens

Salvador Negro Suor Data: 21/12/2009

Opinião

- Êa!

GALERIAS Audio Video Fotos

O sol nasce mais cedo em Salvador, pontual feito gentileza, às 5h20 da manhã. E a luta começa, ou termina, ou continua. De sol a sol - forte, quente, de céu chapado e que se põe às 17h37, gaiato, numa vibe Skatalites, pra quem o assiste do Porto da Barra, e o negro corre, corre,

SUA IDÉIA

dança, canta, corre, ginga, se esquiva, sorri e corre, e corre muito. Como cantou Sabote "o negro não pára não...", manja?

Ponto de Vista Rimando

O sobe e desce das escadarias dum lugar que também é Lapa, o vem e vai de turistas nas praias da Barra, vendedores de pulseiras do Bonfim no

PESQUISE

Elevador Lacerda, sacizeiros que vagam por uma praça que também é Sé, a

Biblioteca

filial da Cracolândia que nasce na Baixa dos Sapateiros, o trânsito louco da

Letras de Rap

Sete Portas, a boemia da 2 de julho, e do Farol a Itapuã vendedores de

Gírias

latão a massagistas, e taxistas e muitos e muuitos ônibus com agilidade de

Links

motoboy em uma capital que ainda espera pelo metrô. A cidade baixa, a Ribeira, Cajazeiras... E aquela de que o baiano era devagar? Ah, esta fica pra trás, fácil. Porque o negro corre e corre. Salvador é o corre distante das gravatas de São Paulo, e da afobação. Porque aqui é assim: o negro corre, mas nunca se afoba. Como ensina Fábio Mandingo em Salvador Negro Rancor - coletanea de contos lançada em 2008 e que hoje faz parte da grade curricular de escolas da capital, "O homem nervoso, afobado, tende a ser previsível e isso não é bom para um capoeira", e Salvador não tem nada de previsível, como as histórias deste livro, editado artesanalmente pela Arterisco, com apoio da Positivoz (coletivo de artistas que ajuda a cultura urbana se organizar na cidade) e vendido de mão em mão. É literatura periférica com classe de livro de

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EVENTOS FSM 2010 Processos Emancipatórios no Hip-Hop Data: 29/01/2010 Canoas - RS FSM 2010 Hip-Hop sem fronteiras Data: 29/01/2010 Canoas - RS FSM 2010 Lançamento Prêmio Hip-Hop Preto Ghoez Data: 29/01/2010 Canoas - RS Festa L.S.D com Kamau Data: 29/01/2010 São Paulo - SP 1º Encontro de Hip-Hop na Zona Leste Data: 31/01/2010 São Paulo - SP Z´África Brasil e Rockin´Squat no CCJ Data: 31/01/2010 São Paulo - SP Scratchforfun com 4ª Estrofe Data: 01/02/2010 São Paulo - SP Festa Hip-Hop Vibe com Tio Skooby Data: 03/02/2010 Porto Alegre - RS Lançamento CD Antizona Data: 05/02/2010 Rio de Janeiro - RJ Festa da Bom Som Data: 07/02/2010 Hortolândia - SP

história, ou livro de história com classe de literatura fina. Ou ainda a arte pura, sincera, comprometida e escancarada de quem cresceu no Pelourinho e viu a história da cidade se dividir no pré e pós reforma dos casarões antigos do centro histórico. Pois é, mas e o Pelourinho? De Nelson Maca, do alto da ladeira, te digo: "calma rapaz". Calma, o Pelourinho também corre, corre muito, corre e não dorme. De tão encantador, é cenário a parte, e mereceria um texto muito

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menos quadrado que este, que talvez, quem agora te escreve não tenha propriedade suficiente para retribuir com tanta graça e fineza e candura, à altura, o que todas as suas ladeiras de cabeça de nego representam para a nossa cultura, para nossa brasilidade, para a arte. Seria atrevimento até, das pontas dos dedos de quem ainda tem o coração de lead duro pra ser artista das palavras. Pra falar de Pelourinho há de ser - no mínimo, quem sabe, romancista. E se tá bom é "êa", se tá ruim é "êa" também. Nesta de encantamento, a diversidade é inevitável. E é por isso que quem vem, quer sempre voltar e por aqui ficar. E aí tem argentino baiano documentarista escritor ativista, tem brasiliense baiana professora de língua francesa, tem baiano nigeriano dono de restaurante de culinária africana que abre as portas para um sarau, que é conduzido por curitibano baiano - o professor Nelson Maca: ensinamento em forma de gente com uma cabeleira black e aperto de mão sincero. Foi ele quem trouxe a idéia de organizar o Sarau Bem Black, inspirado na Cooperifa de Sérgio Vaz. Ele abre espaço para os artistas, crianças, jovens, brancos, pretos, pardos, gays, mcs, idosos, moradores da cidade e quem mais chegar, recitarem poesia. No dia 16 foi realizada a última edição do ano, a 11º, com a força de seguir por décadas, e se espalhar por todo o Brasil, já que dentre todas as idéias ´encardidas´ de Maca está a de transmitir as edições do Sarau em tempo real pela internet. É o negro correria que acolhe, que divide, que batalha debaixo de sol, que ginga ao som do tambor, que sobe e desce o Pelô pra fazer poesia. O negro correria que faz Rap com axé, que coloca o hardcore pra gingar no Hip-Hop, que faz scratch de cuíca, que pinta e escreve e dança e apaixona pela maneira como costura tudo com ousadia: os ritmos, as idéias e os ideais. No coração de Salvador os movimentos musicais estão muito ligados. Grande parte dos pioneiros do Hip-Hop faziam parte do movimento Punk. São eles quem movimentam a cena da cidade, que trazem o Rap de São Paulo para Salvador sempre mantendo as raízes de um lugar onde o país começou. São eles que estão por trás das grandes festas que abrem espaço para os novos artistas, e são eles quem criam e mantém canais de comunicação, tudo muito bem articulado, com finalidade e propósito. E até por esta proximidade com o Punk, é também muito comum que integrantes de grupos de Rap façam parte de bandas de hardcore - hardcore temperado, que se apresenta em uma praça que tem nome de Praça do Reggae, e a rapa que é do Reggae também é dj de Rap, e fazem participações em outros estilos, como o Axé, o Black Semba, o Pagode, e várias outras batidas que gingam pelo Estado que respira e inspira e espira música. É o "junto e misturado" muito bem exemplificado e ritimado. E tem muita música Rap bem feita na terra boa. Dá pra citar com gosto o Rap do Daganja, com o disco "Entre Versos e Prosas", com produção de Finado, DJ Leandro, Armeng e uma bônus track por Ghost Killer de Cabo Verde. È coisa fina, e uma amostra de que a musicalidade do Rap baiano é tratada com cuidado e respeito áqueles que tem dois ouvidos. A música de Daganja dialoga com os ritmos regionais, ousa e acerta, com classe. O show com a banda surpreende. 157 Nervoso, grupo do já conhecido pelos bons beats, Diego, do Classe A Beats dá lição de resistência nas letras. O show é pesado, Rap puro, daquele que levanta a rápa e te faz sentar ao lado da caixa pra sentir o bpm. E claro, Versu2, um dos mais importantes grupos de Rap do Estado, que foi formado por Rangel Blequimobiu após a saída do Testemunhaz, grupo que fez história no Rap baiano. Hoje, na batida do "Que som é este man?" mostra a maturidade da música Rap, que sabe misturar pra ver no que é que dá. Tem também o Otravidda, que tem uma mulecada nova e que já impressiona com música boa, bem produzida e autêntica. E ainda dá pra citar o Nova Saga, Da Rua, RBF, Nouve, o coletivo Vitrola 71, Afrogueto, Opanijé... Sem contar a rápa do Graffiti, do Hardcore, do Break, do Reggae, do Black Semba, do Cinema, da Fotografia, da Capoeira... E o ativismo surpreendente de todos eles: correria.

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Salvador é cultura pura, e teu povo é pura arte. Ensinamento de diversidade que caberia bem em qualquer dicionário. O respeito e o diálogo entre os ritmos, as cores, as crenças. A abertura de espaços para que todos se expressem, sem hierarquia, de igual para igual, cada um com teu lugar ao sol - ao pé da letra, tira a mulecada da falta de perspectiva e dá oportunidade ao negro se unir contra as desgraças típicas de toda grande cidade - as drogas, o crime, a fome, a desigualdade, a miséria... E nesta, Salvador ensina e reafirma, que o poder da arte, tiuzão, vai muito além da brisa. (Muito amor) [+] Daganja [+] Versu2 [+] Otravidda [+] Nouve [+] 157 Nervoso [+] Classe A Beats [+] Vitrola71 [+] Freedom Soul Records [+] Nova Saga [+] RBF [+] Opanijé [+] Lumpen [+] Sarau Bem Black (blog Gramática da Ira) [+] Fábio Mandingo [+] Carlos Pronzato [+] Rap Baiano.com [+] Correio Nagô [+] Rádio Evolução Hip-Hop [+] Rango Vegan [+] Sankofa [+] Confira as fotos da festa Guetto Star, com Kamau Por: AnaJu

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Foram localizado(s) 10 comentário(s) Tive a ousadia de reproduzir o texto no blog do Bandeira Negra - www.bandeiranegrarep.blogspot.com Por: Fábio Emecê - Em: 28/12/2009 19:30:58 Agradeço em meu nome, em nome do Sarau Bem Black e, principalmente, em nome do coletivo Blackitude: Vozes Negras da Bahia, a lembrança e o espaço a nós demonstrado nesta reportagem! Nelson Maca Por: Nelson Maca - Em: 27/12/2009 06:55:21 Em momentos de dificuldade o universo nos presenteia com estas oportunidades de ver que vale a pena continuar. Você tem a mandiga! Beijos Nega Por: Róbson Véio - Em: 25/12/2009 00:25:59 Estou emocionado! xD Por: Johnny Bongos - Em: 24/12/2009 14:12:34 Aninha, não vou mentir os primeiros versos mim inspirou uma musica, logo mais mostro ela pra vc rsss, só que nem naquela de querer metade certo? huauaha Neguinha, muito grato por tudo , pela dedicação, pelo cuidado, amor, respeito e confiança depositida nessa grande Familia , tamo junto irmã, e volta logo pois a cidade tem saudades de ti, Beijão Por: Coscarque - Em: 24/12/2009 10:57:13 E eu aqui no meio desta confusão só queria respirar, minha irmã obrigado por mostrar vida onde a gente só via corre, corre... Por: Blequimobiu - Em: 23/12/2009 23:05:45 Tem dendê, essa menina, né? Percepção também é arte, seja sempre bem vinda em nossa cidade. Por: Mandingo - Em: 23/12/2009 19:19:08 Ótimo texto, sintetizou de forma belissíma um pouco de nossa cultura e de nossos costumes, parabéns. Salvador lhe reberá novamente de braços abertos, pois é assim que somos. Axé!!! Por: Paulo Brazil - Em: 23/12/2009 18:34:59 êa! Salve Ana, tamo junto irmã! Por: Danilo - Em: 23/12/2009 18:12:43 Sem Palavras. Por: Eliézer - Em: 23/12/2009 17:01:24

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