Boletim ana edição nº 44 consciência negra

Page 1

Ano III - Nº 44 - Novembro de 2015

ANA

a d

A MARCHA DAS MULHERES NEGRAS E O 20 DE NOVEMBRO

O que eu tenho com isso? Por Domênica Rodrigues - Mãe de Ana, mulher, negra, professora, psicopedagoga, Mestranda em educação e aprendente.

A marcha que começou a ser idealizada em Salvador durante o Encontro Paralelo da Sociedade Civil no encontro Ibero Americano do Ano dos Afrodescendentes tem como intenção aglutinar o máximo de organizações de mulheres negras e outras organizações do Movimento Negro que apoiem a equidade sócio racial e de gênero. O PROTAGONISMO É DE MULHERES NEGRAS BRASILEIRAS. É pensando no enfrentamento à violência, racismo e pelo bem viver que nós estaremos marchando, porque sabemos que racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata revelam-se de maneira diferenciada para mulheres e meninas e estão entre os fatores que levam a deterioração de sua condição de vida, além da limitação ou negação de seus direitos humanos. A Marcha da Mulher Negra vem declarar que repudiamos as mais variadas formas de violência que vem sofrendo o povo negro! Todos os dias, um grande número de mulheres, jovens e meninas, no Brasil e no mundo, são submetidas a alguma forma de violência. A violência contra as mulheres é a extrema manifestação de

ANA

da

desigualdades, que foram sendo historicamente construídas e vigoram na maioria absoluta das sociedades e culturas. No Brasil, a população feminina ultrapassou 103 milhões de mulheres em 2014. Uma em cada cinco, considera já ter sofrido alguma vez “algum tipo de violência de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido” (Fundação Perseu Abramo, 2010). Podemos afirmar que cerca de mais de 60% das mulheres que ocupam celas de prisões e penitenciárias deste país são mulheres negras que tem seus corpos violados e dilacerados pela história e pelo machismo colonialista que vê essa mulher Negra como objeto de uso e não como pessoa. Somos desafiadas a pensar e elaborar ações urgentes para esses dados. Os números nos revelam que é preciso fazer mais para que possamos levar todos os povos a refletir sobre os caminhos e escolhas feitas até os dias de hoje. Os dados oficiais que expõe a violência são só para não dizer que não falamos de flores: ... De 2004 a 2007, o número de mortes da juventude negra supera o de

Imagem retirada do Site da Arquidiocese de Fortaleza

mortos na guerra do Afeganistão. De acordo com as estatísticas, os jovens negros morrem 3,7 vezes mais que os jovens brancos... ...No Brasil, mais de um milhão de jovens foram vítimas de assassinato entre 1980 e 2010, em sua maioria jovens negros e pobres... ...Dados do ano de 2013 ao 180 apontam que 59,4% dos registros de violência doméstica no serviço referem-se a mulheres negras... Estamos marchando por um mundo que se constitua para minimizar e até eliminar todas às desigualdades e violências históricas enraizadas hegemonicamente no seio de nossa cultura e sociedade. Já está na hora de avançar!

Expediente Coordenação Lídia Rodrigues Secretária Executiva Rose Costa Técnica em Comunicação Tatiana Araújo Assessores de Conteúdo Rosana França Rodrigo Correa

1


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.