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Ano V - Nº 83 - Junho de 2019
Conectados em Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes LGBTI
50 anos
de Stonewall
avanços e desafios Na década de 60, nos Estados Unidos, a comunidade LGBT era constantemente reprimida e até presa sem razão. No dia 28 de junho de 1969, no bar Stonewall Inn, localizado no bairro de Greenwich Village, em Manhattan, em Nova York, a polícia fez uma batida e tentou prender os usuários do bar, contudo aconteceu algo diferente, as pessoas começaram a resistir a prisão e uma série de manifestações dos membros da comunidade LGBT contra uma invasão da polícia. Esses motins são amplamente considerados como o evento mais importante que levou a o m ov i m e n t o m o d e r n o d e libertação gay e à luta pelos direitos LGBT's no país. Os homossexuais estadunidenses das décadas de 1950 e 1960 enfrentavam um sistema de
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Imagem retirada da Internet
Por Paula Tarcia Membro da Aliança Nacional de Adolescentes - Campanha ANA
muita repressão do estado. Os últimos anos da década de 1960, no entanto, foram muito controversos, visto que muitos movimentos sociais estavam ativos ao mesmo tempo, como o movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, a contracultura dos anos 1960 e as manifestações contra a guerra do Vietnã. Estas influências, juntamente com o ambiente liberal da região de Greenwich Village, serviram como catalisadores para as revoltas de Stonewall. Poucos estabelecimentos recebiam pessoas abertamente
homossexuais nos anos 1950 e 1960.Aqueles que faziam isso eram, frequentemente, bares, embora os donos e gerentes raramente fossem gays. Na época, o Stonewall Inn recebia uma grande variedade de clientes e era conhecido por ser popular entre as pessoas mais pobres e marginalizadas da comunidade LGBT, prostitutas e jovens sem-teto. As batidas policiais em bares gays eram rotina na década de 1960, mas os oficiais rapidamente perderam o controle da situação no Stonewall Inn.
EXPEDIENTE COORDENAÇÃO Lídia Rodrigues SECRETÁRIA EXECUTIVA Cecília Góis ASSESSORES DE CONTEÚDO Paula Tárcia
Rodrigo Corrêa Rosana França DIAGRAMAÇÃO Tatiana Araújo
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Eles atraíram uma multidão que deu início à revolta. As tensões entre a polícia de Nova York e os residentes homossexuais de Greenwich Village irromperam em mais protestos na noite seguinte e, novamente, em vár ias noites posteriores. Dentro de semanas, os moradores do bairro rapidamente organizaram grupos de ativistas para concentrar esforços no estabelecimento de lugares que gays e lésbicas pudessem frequentar sem medo de serem presos. Em 28 de junho de 1970, as primeiras marchas do orgulho gay aconteceram em Nova York, Los Angeles, São Francisco e Chicago, em comemoração ao aniversário dos motins. Marchas semelhantes foram organizadas em outras cidades. Hoje, os eventos do orgulho LGBT são realizados anualmente em todo o mundo, geralmente no final de junho, para celebrar as revoltas de Stonewall e colocar em pauta a luta por direitos. Em 24 de junho de 2016, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama oficializou o palco principal da revolta, o bar Stonewall Inn, como um monumento nacional. Como vemos, a pauta LGBT foi ganhando visibilidade, ao passo em que a luta e a organização av a n ç a r a m , e s s e m ov i m e n t o
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conseguiu alguns avanços na garantia de leis e direitos, e todas essas conquistas foram alcançadas com as mobilizações públicas. Todavia, mesmo com esses avanços ainda temos muitos obstáculos a enfrentar, como vemos cotidianamente, no mundo inteiro várias pessoas que são mortas pelo simples fato de querem viver livremente sua afetividade. Vários desafios conjunturais estão postos diante de nós, em especial no Brasil. O avanço do conservadorismo e do fundamentalismo são algumas barreiras postas na contemporaneidade. As últimas eleições, que conduziu Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência do Brasil, colocou em curso uma série de pautas conservadoras e fundamentalistas, associadas aos costumes e que ataca toda a comunidade LGBTI, além de atentar contra a liberdade de expressão e de manifestação, reproduzindo o preconceito e a discriminação. Podemos notar isso no âmbito do Poder Executivo e do Legislativo, bem como na vida cotidiana e nas instituições, como a escola, a religião e a família. Nesse contexto, um dos principais alvos são aqueles que estão fora do padrão estabelecido e socialmente convencionado, e um
desses grupos são os LGBTI's, que não seguem o modelo heteronormativo, tão enraizado na nossa sociedade. Esses sujeitos também são os que tem menos acesso aos direitos básicos e ficam à margem da sociedade, em uma situação de maior vulnerabilidade. Precisamos exigir políticas públicas, principalmente na área da educação, saúde e segurança, bem como a garantia do direito aos espaços públicos e ao livre exercício de suas liberdades. Precisamos não apenas exigir do Poder Público, mas também conscientizar a sociedade, destacando que ela é responsável pela construção de mundo que abrace e acolha todos/as e não somente alguns poucos privilegiados, escolhidos conforme o padrão, embasado historicamente em construções racistas, capitalistas, patriarcais e heteronormativas. REFERENCIAS h t t p s : / / i g ay. i g. c o m . b r / c o l u n a s / c o l u n a - d o pomba/2017-06-28/stonewall-orgulho-lgbt.html https://www.bbc.com/portuguese/geral-48432563 https://draglicious.com.br/2018/06/19/a-revolta-destonewall/ http://books.scielo.org/id/ck2pg/pdf/bastos9788575413012-03.pdf https://www.esquerda.net/dossier/batalha-destonewall-marco-do-movimento-lgbt/17046 https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/50-anos-destonewall-saiba-o-que-foi-a-revolta-que-deu-origem-aod i a - d o - o r g u l h o lgbt,dbe775c0061a6693b309d9ecbb4b0604ziedab8a.ht ml
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MURALIDADE
FIQUE
por dentro 12 de junho Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil No dia 12 de junho aconteceu o evento no Rio de Janeiro para lembrar o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, instituído pela organização (OIT) em 2002, com a realização do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), em parceria com fóruns estaduais e suas entidades-membros, coordena campanhas e mobilizações. Ao longo do evento, foi apresentado o Levantamento do Trabalho Infantil nas ruas da cidade do Rio de Janeiro, feito pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH), e a metodologia de identificação do trabalho infantil utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Também foram realizadas atividades lúdicas para crianças e famílias, oficinas e apresentação do Unicirco Marcos Frota e da Orquestra Sinfônica Juvenil (Orquestra das Escolas), da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. A mobilização deste ano está ocorrendo em meio às celebrações do centenário da OIT, dos 25 anos do FNPETI e dos 20 anos da Convenção 182 da OIT, que trata das piores formas de trabalho infantil. Fonte: www.nacoesunidas.org
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dICIONÁRIO DE DIREITOS HUMANOS Manifestações: é um ato coletivo em que os cidadãos se reúnem publicamente para expressar uma opinião pública. É habitual que se atribua a uma manifestação um êxito tanto maior quanto maior o número de par ticipantes. O objeto das manifestações são, em geral, tópicos de natureza política, econômica e social.
Desigualdade racial: O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo e a cor de pele é um elemento estruturante da diferença entre grupos. É refletida em diferentes condições de educação, renda e emprego dessa população.
Olá pessoal! Fique ligado nas matérias do boletim desse mês de junho. Temos várias matérias interessantes falando sobre o dia 12 de junho, que é o dia mundial contra o trabalho infantil e uma entrevista incrível com as mães pela diversidade.
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notÍcias
da rede
Desigualdade de gênero e raça no mercado de trabalho no Brasil. A desigualdade racial e de gênero persiste no mercado de trabalho brasileiro e é preciso agir para combater práticas que perpetuam a discriminação, informando e promovendo espaços empresariais mais inclusivos. Embora sejam mais da metade da população brasileira, pessoas negras ainda têm dificuldades em acessar o mercado de trabalho no Brasil, o que piora significativamente no caso de mulheres negras. Segundo pesquisa do Instituto Ethos, pessoas negras ocupam apenas 6,3% dos cargos de gerência e 4,7% de cargos executivos em empresas brasileiras. Quando há inclusão de gênero, ela é de mulheres brancas, e não de negras. O coordenador-residente do Sistema ONU no Brasil, Niky Fabiancic, lembrou que a ONU trabalha no enfrentamento do racismo e das desigualdades. Ele citou a campanha Vidas Negras pelo fim do racismo e da violência letal contra a juventude negra no Brasil, e todas as ações planejadas no contexto da Década Internacional de Afrodescendentes, de forma a promover o respeito, a inclusão e os direitos humanos das pessoas negras. “Este debate é outra demonstração do compromisso da ONU com a eliminação do racismo e da discriminação, para contribuir com um país mais justo e inclusivo”. A representante adjunta do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Júnia Quiroga, ressaltou a importância de potencializar as ações da Década Afro. O debate sobre essas questões nos ajuda a responder algumas perguntas, superar limitações e contribuir de maneira mais profunda para reduzir as desigualdades”.
Fonte: www.nacoesunidas.org
www.anamovimento.blogspot.com
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entrevista
Clélia Schener Roque tem 54 anos é dona de casa e tem um casal de filhos. A Bruna, de 28 anos que é heterossexual, e o Giovanni, de 23 anos e gay. O meu grande sonho é ver meus filhos felizes e seguros, porque viver em um país mac hista e homofóbico é muito complicado, e é por isso que eu luto. Campanha Ana: Vocês são mães de pessoas LGBTI. Como foi para vocês se descobrirem Mães pela Diversidade e o que as trouxe para esse movimento de afirmação? Clélia Schener Roque: Meu filho me contou ser gay aos 17 anos. Eu digo que esperei essa conversa desde sempre. E mesmo assim me deu um pânico, um medo de como seria a nossa relação, como seria para toda a família. Depois percebi que nada mudou. Ele continuou o mesmo filho maravilhoso de sempre. Daí eu vi a importância de sair do armário com ele enquanto mãe de um filho gay. Foi libertador, lindo e empoderador. Então, no ano passado, meu filho me contou sobre a associação das Mães pela Diversidade aqui em Belo Horizonte e assim que eu fui em um acolhimento já me senti parte desse grupo. C. Ana: Diante de um contexto opressor, de negação de direitos e em que a “norma” obriga ao
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não reconhecimento da existência e representatividade da pessoa LGBTI, é possível ter e construir orgulho LGBTI? Clélia S. R.: A própria existência dos nossos filhos já é um grande motivo de orgulho, por isso acho importante a saída do armário. É mostrar que m e u f i l h o e x i s t e, re s i s t e e é identificado como uma pessoa LGBTI. É muito importante também que pessoas públicas saiam do armário, pois a coragem dessas pessoas em serem quem são fortalece nossa luta e traz representatividade . C. Ana: A missão das Mães pela Diversidade é tirar famílias da população LGBTI do “armário”. O que quer dizer isso na pratica e como vocês p e r c e b e m o ava n ç o d e s t e movimento? Clélia S. R.: Na prática é ajudar essas famílias conversando e mostrando q u e e l a s n ã o e s t ã o s o z i n h a s. Precisamos dar visibilidade a essas famílias. A gente tenta mostrar que está tudo bem. E se a princípio a pessoa acha que não está tudo bem, que tudo pode ficar bem, basta ter um pouco de informação, respeito e amor. No acolhimento, percebemos que as histórias se repetem e os casos são parecidos, assim, as famílias que nos procuram se identificam e se sentem menos sozinhas. C. Ana: Ainda segundo a pesquisa, as violências se dão em estabelecimentos (lojas, shopping centers, mercados, escolas públicas e privadas, local de trabalho, igreja, museu e hospital), 54,1% dos casos. E 23,6% em espaços públicos (lugares abertos, via pública, avenidas, praças, etc.). Os locais domésticos ocupam 14,6%, como condomínio e residência, e, por último, os ambientes virtuais 7,6%, representados pelas redes sociais e aplicativos d e r e l a c i o n a m e n t o. C o m incidência maior de pessoas (violadoras) que não tem relações (desconhecidas) com
as vítimas. O que vocês sugerem para tor nar esses espaços e pessoas mais comprometidas com a defesa dos direitos LGBTI? Clélia S. R.: O mais importante é o diálogo, a informação e a conversa. Precisamos falar de uma forma clara e assim somos capazes de desarmar o discurso preconceituoso. O diálogo precisa chegar em todos os lugares, nas escolas, nos espaços púbicos e no trabalho. O Mães Pela Diversidade busca promover palestras com psicólogos e médicos para trazer informações para a população. Além do nosso trabalho no Centro de Referência da Juventude em Belo Horizonte, buscamos levar nossos depoimentos enquanto mães também em Centros de Referência de Assistência Social pela cidade. C. Ana: Porque é importante que as famílias se envolvam na defesa das pessoas LGBTI's e quem mais precisa se implicar nessa defesa? Clélia S. R.: A família é fundamental para que qualquer pessoa se sinta acolhida na sua base. A pessoa não precisa ser LGBTI para defender a causa. Um filho LGBTI quando tem aceitação em casa não se sentirá tão sozinho ao sofrer preconceito fora de casa, pois saberá que tem o apoio da sua família nessa luta. C. Ana: Quando as famílias percebem que as crianças e adolescentes não se enxergam na heteronormatividade, quais podem ser os caminhos e ações que elas podem fazer para apoiar? Clélia S. R.: É muito importante mostrar para essas cr ianças e adolescentes que existe, sim, espaço para elas no mundo. Criar uma criança livre de restrições de gêneros, de “coisas de menino” ou “coisas de menina”, por exemplo, já pode ser um começo. Buscar exemplos em séries de TV e no cinema de outras configurações de família pode ajudar também.
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Fica dica
Livros Deixa-me Ser
Filmes Crianças invisíveis (História de Bilu e João)
Seja coletando sucata nas ruas de São Paulo ou roubando para viver em Nápoles e no interior da Sérvia, os filmes são protagonizados por personagens infantis que lidam com uma dura realidade, na qual crescer muito cedo acaba sendo a única saída.
Aos 20 anos cheguei em casa e rebentei com as portas do armário, assumindo-me como homossexual à minha família. O meu pai não aceitou o que eu era. Dois meses depois decidi que queria morrer. Mas nem a morte me quis ao seu lado. Sobrevivi. Para reescrever a minha história. E não parece, mas esta terminou bem. "Deixa-me ser" é o livro biográfico que relata uma parte fulcral da minha vida, aquela me definiu para sempre.
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ana.movimento@gmail.com
O representante brasileiro da lista mostra que podemos ter orgulho do nosso cinema – a estreia de Marcelo Caetano nos longas-metragens é cheio de energia, autenticidade e originalidade. Mostrando quase sem filtros o cotidiano de personagens LGBTQ+ de classe operária, Caetano revela identidades e dilemas até então escondidos da tela grande.
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Realização
Brasil
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União Europeia
Esta publicação foi produzida com o apoio da União Europeia. O conteúdo desta publicação é de exclusiva responsabilidade da Associação Barraca da Amizade e não pode, em caso algum, ser tomado como expressão das posições da União Europeia.
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