Nº 377 Edição Brasil

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Plata, gigante dos alimentos manufaturados. “Desde 2006, quando comprou a San Lorenzo e passou a adquirir capacidade de moenda, a Molinos se tornou um negócio dividido entre moenda (50%) e marcas (50%)”, afirma Gabriela Catri, analista da Fitch. Através dessa nova unidade da Molinos, a companhia passou a ser uma grande produtora de óleo e de farinha de soja. “Esse negócio, entretanto, sofre de grande volatilidade, pois está exposto à mudança de margens, fruto da diferença entre o preço do óleo e do grão, que não necessariamente se movem no mesmo ritmo”, afirma. Em consonância com isso, “eles realizaram um pequeno investimento em diesel, que hoje é um negócio menor”, diz. Trata-se de uma fábrica com capacidade de refino de 100 mil toneladas anuais. Estima-se que o plano dos empresários do grupo é fazêla crescer. Em fevereiro, a Molinos Río de la Plata pediu autorização para ampliar seu porto de San Lorenzo, no rio Paraná, o que pode significar a intenção de ampliar sua capacidade exportadora de óleos e de biodiesel. Em 2008, a companhia obteve com óleos e farinhas quase US$ 1,2 bilhão de um total de cerca de US$ 2,4 bilhões em vendas líquidas – no mesmo período, o lucro ficou próximo dos US$ 230 milhões. Mas 2008 “foi um ano recorde que possivelmente não se repetirá”, diz Gabriela Catri, da Fitch. Mas, isso “não nos preocupa: a dívida da companhia é praticamente de pré-financiamento às exportações”. A crise poderia significar um mero tropeço tanto para a

Molinos quanto para todas as outras empresas do setor. O economista Mariano Lamotte vê um mercado de alimentos em provável recuperação. Primeiro, porque a partir de agosto se espera o fim da seca e a melhoria nas margens de lucro da soja. E, dado que “em qualquer crise o último a ser cortado é o consumo de

vendas de 28,5 milhões de euros. “É um negócio que eles conhecem bem”, diz um economista que acompanha as atividades do grupo, para quem “o mercado italiano é muito complexo e ainda está muito fragmentado”, o que é uma vantagem. Ao que parece, Perez Companc busca dois objetivos.

primogênito de Gregorio, para recompor a situação, tarefa que incluiu demissões em massa de operários e funcionários administrativos. A maior presença de Jorge Pérez Companc é considerada um sinal da mudança de gerações causada pelo afastamento de Gregorio do dia-a-dia da empresa. Mas

MILHÕES DE DÓLARES É QUANTO A EMPRESA LUCROU EM 2008 alimentos e na Argentina não houve queda de renda, nem houve migração a marcas secundárias”, afirma. E se existe algo que não falta à Perez Companc são marcas de primeira linha. “Arcor e Molinos são duas grandes carteiras para sobreviver aqui”, diz um analista do setor. E esta última melhorou ainda mais seu poder de fogo depois de ficar, em outubro de 2008, com 49,44% da então Bonafide Golosinas, pertencente ao grupo chileno Carozzi. A aposta da Molinos foi obter marcas de alto perfil no segmento de guloseimas, chocolates e biscoitos como Billiken, Bocadito, Nugatón e Costa. Em 2007, a companhia tinha feito algo semelhante ao ficar com 83% da local Química Estrella, abocanhando marcas como Gallo (arroz) e Toddy (chocolate em pó). Mas a compra mais chamativa é a da Delverde Industrie Alimentari, na Itália, fabricante do macarrão Delverde. Com capacidade produtiva de quase 50 milhões de quilos somente de pastas secas, em 2007 a empresa registrou

Fortalecer-se no mercado interno, que é temido por muitas empresas de marca devido a seus bruscos vaivéns, e tentar uma expansão regional com foco no Uruguai e no Chile. No Chile, porém, não tem sido fácil. “O Chile é um mercado complicado para as empresas argentinas”, diz a mesma fonte. Em 2006, o grupo comprou o Frigorífico O’Higgins por US$ 70 milhões e anunciou um investimento de US$ 17 milhões para a construção de um frigorífico em Aysén, na Patagônia chilena. As coisas andaram bem no começo, mas este ano surgiram problemas graves. Alguns externos, como a proibição da entrada de carne chilena no Japão e na Coreia do Sul, devido à presença de dioxinas. E outros locais, como denúncias de falha no manejo ambiental em duas plantas de processamento de suínos, que entraram em processo de fechamento. O episódio levou a substituição de praticamente toda a gerência da empresa e a entrada de Jorge Pérez Companc,

há versões desencontradas em Buenos Aires. Algumas fontes garantem que o que está acontecendo é que “não há nenhum bom nome para a sucessão”. Outras dizem que “Jorge é quem mais sabe e quem realmente tem mais interesse pelo negócio”. E há os que falam de uma profissionalização com controle familiar, através de um fundo na Ilha Gran Cayman. Por um curioso efeito de contraste, a rede de sorveterias Munchi’s, Helados San Isidro Labrador e outras operações comparativamente menores (resultado da iniciativa de María Carmen “Munchi” Sundblad, mulher de Gregorio) possuem um perfil muito mais chamativo que o das empresas do grupo propriamente ditas. Isso porque, apesar dos desejos dos Pérez Companc, a fama e os negócios caminham de mãos dadas. E o fato de uma sorveteria como a Munchi’s financiar o Munchi’s Ford Word Rally Team, que tem entre seus pilotos o herdeiro Jorge Pérez Companc, não colabora para dividir as águas. Q

JULHO, 2009 / AS 500 MAIORES EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA AMÉRICAECONOMIA 53


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