Revista Amazônia Viva ed. 49 / setembro de 2015

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CAPA

que 60% da produção é consumida no Estado e apenas 10% é destinado à exportação. Os principais municípios produtores são Igarapé Mirim, Abaetetuba , Bujaru, Cametá e Limoeiro do Ajuru. Apesar de toda essa estrutura da indústria formal, Carlos Noronha, da Avabel, reforça que é a indústria artesanal que mais consegue garantir a qualidade do fruto. A maioria das empresas e indústrias conta com aparato tecnológico para, no máximo, pasteurizar a polpa. No entanto, outros processos de higiene e que garantem a distância do barbeiro muitas vezes não são feitos. As indústrias do setor discordam e o presidente da associação reafirma: a inovação tecnológica e forma legítima de extrair o sabor do fruto está nas mãos dos batedores artesanais.

DO TOCO AO TOPO

O presidente da Avabel, Carlos Noronha, recorda de parentes e do próprio pai batendo açaí do modo original: um toco de árvore era furado e lá eram inseridas as palhetas para bater o fruto e extrair a polpa, bem diferente e distante das máquinas de aço inoxidável com motores da atualidade. Com o tempo, os tocos foram sendo substituídos por cilindros semelhantes aos que existem hoje, mas os motores ficavam no chão e eram movidos a óleo diesel. O procedimento não era muito seguro e os odores do combustível muitas vezes contaminavam o ambiente todo, apesar de que 50 anos atrás, muita gente ainda batia açaí no quintal de casa, onde geralmente plantava o fruto também. “Tenho 52 anos e bato açaí desde os oito. Aprendi com meu pai, que criou dez filhos batendo açaí. Até cheguei a pensar em fazer outra coisa, mas não deu tão certo e voltei ao ramo e criei meus filhos “ comenta o presidente da Avabel, que inventou o tanque de branqueamento a partir de uma fritadeira de batatas. 42 • REVISTA AMAZÔNIA VIVA •

SETEMBRO DE 2015

A EVOLUÇÃO DA MÁQUINA

O que mudou na forma de bater o açaí ao longo do tempo

Cilindro A forma contemporânea do toco de árvore onde os frutos eram colocados. Possui 17 a 18 centímetros de diâmetro e é onde os caroços são batidos. Atualmente é de aço inoxidável, mas já foi de alumínio.

Palhetas São elas que batem o açaí. Já foram totalmente de madeira, mas se desgastavam rápido, quebravam e deixavam resíduos. Depois foi parcialmente de metal com partes de madeira. Atualmente toda em aço inoxidável.

Tampa do tambor Protege a saída dos caroços já batidos. Antes era toda em madeira, depois de alumínio com madeira e então toda em aço inoxidável. Era uma das maiores fontes de contaminação.

Peneira Retém os caroços e deixa passar o líquido da polpa batida. Já foi em plástico e também alumínio, mas hoje em aço.

Motor Antes era separado do máquina e usava diesel. Hoje é acoplado à máquina e usa energia elétrica. Foi ganhando versões cada vez menores e menos barulhentas, com proteções para as polias e correias, que antes resultavam em escalpelamento de mulheres e homens de cabelos longos.

Cada máquina, atualmente, produz cerca de 50 litros de açaí por hora. As mais possantes processam 500 quilos de açaí por hora.


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