Carpe Diem VIII

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REVISTA CULTURAL

CARPE DIEM Revista dos alunos da Fundação Torino - Número VIII - Março, 2009 - Distribuição gratuita


Editorial Apagam-se

Daniela Mendes Diretora didática

Arte: Fernanda Valle de Salles Coelho Nunes 5ª Elementar A

as luzes. Abrem-se as cortinas. No palco, atores e atrizes dão vida a histórias, personagens, recortes da vida, ilusões, memória. Esse é o movimento que embala uma das mais gratas e envolventes manifestações da arte: o teatro. Sedutor, um espetáculo teatral leva para o palco a expressividade do corpo em movimento. Sem os recursos mirabolantes – e, muitaas vezes, artificiais – da tecnologia, o teatro põe em cena a prosa, o verso, o conto, as histórias tristes, a paródia, enfim, as expressões da “vida como ela é”. A equipe do Carpe Diem cresceu. Recém-chegados à redação da revista, esses jovens “alunos-atores” incorporam novos personagens e travestem-se de jornalistas e escritores para trazer para você, leitor, exatamente um pouco dessa nuance mágica do teatro. Neste número, você terá a oportunidade de conhecer a trajetória de Teuda Bara, atriz e diretora que participou da criação do Grupo Galpão; a produção de Gil Vicente, autor medieval português, e muito mais. Desejamos a todos uma ótima leitura!


Cartas

Prezados amigos,

Uma Boa Idéia!

Gostaria de parabenizá-los pela altíssima qualidade da revista Carpe Diem. Ótima seleção de referências e textos muito bem escritos que, além da qualidade atual, preservam um ar de promessa... Uma única sugestão: publicar os artigos em italiano/português e não exclusivamente em uma das línguas. João Gabriel. Colaborador

Equipe da Carpe Diem,

Se você deseja a tradução de algum texto, mande um e-mail para carpediem@fundacaotorino.com.br com o nome dele e o número da edição em que foi publicado, ou peça a tradução pelo nosso site www.revistacarpediem.tk e fique por dentro das novidades da revista! Em qualquer língua que seja, queremos possibilitar o entendimento de nossos textos. O período de espera pode variar de acordo com as necessidades do grupo. Obrigada pela Idéia! A Redação

Index

foi com muita surpresa que achei um exemplar da revista, em uma das mesas do Cinema Belas Artes, no domingo passado. Pensei comigo inicialmente: um material gráfico tão bonito, fomentado pela Fundação Torino e feito por jovens só pode ser a combinação completa de um excelente produto. Sou professor de Jornalismo, no UNI-BH e na Faculdade PITÁGORAS. Por causa disso, fico atento às qualidades e aos problemas na transmissão de qualquer mensagem. Confesso que nem a especificidade de alguns textos em italiano foi impeditivo para gostar da revista Carpe Diem. Deixo meus parabéns a todos os alunos envolvidos, aos professores orientadores e à mantenedora pela iniciativa. Luciano Andrade Colaborador

Cartas 3 Pelo Mundo 4 Entrevista 5 Clinamen 8 Opinião 14 Poesias 16 Perfil 18 Biografia 20 Etimologia 21 Carpe Noctem 21 Recomenda 22 Tirinha 24 Passatempo 25 Seção Curinga 26 Plunkt Plakt Zum 27

Errata: informamos que o nome do aluno Francisco Bignotto teve o nome publicado como Francisoco. Desculpe pelo transtorno.

Envie sua crítica, sugestão, desenhos, textos ou comentários: carpediem@fundacaotorino.com.br CARPE DIEM

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Pelo Mundo

Valparaíso Valparaíso a un rato de Santiago, tiene su propia personalidad y cultura. Está al lado del mar, donde se escuchan los barcos que llegan, y se ve la gente caminando en sus calles, cerros y subiendo las infinitas escaleras o los ascensores, para los flojos. Esta perdió su importancia portuaria en Chile y en el mundo con la abertura del canal de Panamá, pero continúa siendo una ciudad viva y con mucha gracia. Los cerros Concepción y Alegre, con sus lindos paseos es parada obligatoria para apreciar el mar y las casas coloradas. Caminar por sus calles y ver siempre el mar, es una sensación increíble. Y después de caminar mucho, es bueno apreciar un pescado o una mariscal, plato típico en el mercado. Un recorrido interesante es tomar el ascensor Concepción que te lleva a un de los mirantes más lindos de la ciudad, el paseo Gervasoni y apreciar las casas revestidas con placas metálicas. Para aquellos que les gusta carretear (salir por la noche), no se preocupen en levantarse temprano porque el comercio, los museos, todos abren muy tarde, como a las 10 horas, así que pueden dormir tranquilos. A parte los cafés, los cerros, el puerto, Valparaíso respira literatura con Pablo Neruda, a través de su famosa casa, La Sebastiana. Está hecha como Valpo, llena de escaleras, ventanas hacia todos lados para ver el paisaje, o sea, el mar. Como decía Neruda, “El OCÉANO PACÍFICO SE SALÍA DEL MAPA. No había dónde ponerlo. Era tan grande, desordenado y azul que no cabía en ninguna parte. Por eso lo dejaron frente a mi ventana.” ¹ Este es Valparaíso, con muchos artistas en la calle mostrando su trabajo, gente que llega y va, no más por el mar, pero recibe muy bien a todos. Entonces si va a Chile, tiene que conocer Valparaíso. Priscila Portugal Jorge ex-aluna.

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Entrevista José Walter Albinati e Cláudio Dias, da

Cia. Luna Lunera A peça Aqueles Dois estreou em março de 2007.De lá para cá, ganhou o prêmios Sesc-Sated de melhor espetáculo e melhor direção (Cláudio Dias, Marcelo Souza e Silva, Odilon Esteves, Rômulo Braga e Zé Walter Albinati); prêmio Usiminas-Sinparc nas mesmas categorias, além de melhor atuação (para Rômulo Braga); foi indicado ao Prêmio Shell 2008 São Paulo nas categorias de melhor direção, cenário e iluminação e eleito pelos jornalistas do Guia da Folha de São Paulo, junto ao “Rainha (s) – duas atrizes em busca de um coração”, o melhor espetáculo do ano em São Paulo. Participou, ainda, de uma miríade de festivais, nacionais e internacionais. Outros espetáculos da Cia. Luna Lunera, como “Perdoa-me por me traíres” e “Não Desperdice sua Única Vida ou...” também foram aclamados pela crítica. Os prêmios apenas comprovam o que o público vê em cena: a Cia. vem se firmando como uma das melhores de Minas Gerais e está em uma fase madura de experimentação.

Como surgiu a Cia Luna Lunera?

Quais espetáculos se seguiram?

Cláudio: A Cia. surgiu em 2001, quando nós fazíamos o curso profissionalizante de atores no Palácio das Artes e montamos dois espetáculos para sua conclusão: Fuleireices em Fuleiró (direção de Marcos Vogel) e Perdoa-me por me traíres (direção de Kalluh Araújo). Este último espetáculo teve uma boa repercussão e, como havia dentro do grupo uma vontade de continuar o trabalho, fundamos a Cia. Neste mesmo ano, fomos convidados para um festival no Chile, entre outros festivais internacionais. O Perdoa-me continuou em cartaz até 2003 e permitiu que nos capitalizássemos para desenvolver o projeto da Sede.

C: Em 2003, participamos do projeto “Cena 3x4”, do Galpão Cine Horto, que tinha como base a investigação do processo colaborativo de criação. Assim nasceu o espetáculo Nesta Data Querida (direção de Rita Clemente), que teve seus 3 personagens retirados dos jornais de Belo Horizonte. Com ele, retornamos ao Chile. Em 2005, montamos Não desperdice sua única vida (direção de Cida Falabella), que foi selecionado para o FIT-BH 2006 – Festival Internacional de Teatro. O espetáculo tem uma forte faceta biográfica dos atores. Ele nos fez questionar o porquê de cada um de nós fazer teatro, especialmente em grupo. Isso fez com que revíssemos

algumas questões pessoais e estruturais sobre a manutenção de nossas carreiras e do grupo. Tivemos, então, uma pausa nos trabalhos artísticos, retomados em 2007, quando nos reencontramos e fizemos uma oficina de contato-improvisação e uma de ação verbal. Escolhemos um texto para aplicarmos o que estávamos aprendendo, o conto Aqueles Dois, do Caio Fernando Abreu. Montamos um espetáculo a partir dele, dirigido coletivamente por atores do grupo, que estreou em novembro. Antes mesmo da estréia, recebemos o prêmio Myriam Muniz, da FUNARTE, para montarmos o Cortiços (direção de Tuca Pinheiro) que entrou em cartaz em maio de 2008.

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Entrevista

C: Fizemos projetos de circulação dos espetáculos pelo interior do estado e temos também a Expedição Lunar: escolhemos três cidades do interior e fazemos um workshop de atuação, criação e uma oficina de produção cultural. Dessas oficinas, tiramos um grupo de alunos para fazer um estágio remunerado e cuidar da produção local do espetáculo Nesta data querida. Desde de 2003, temos um curso livre de teatro, o In Cena, que a partir de 2008 conta com um segundo módulo. O projeto da Cia Excêntrica, inclusive, é um núcleo que se forma a partir do encontro de exalunos do In Cena. Também queremos intensificar o treinamento atoral dentro da nossa rotina, para termos uma freqüência de exercícios independente da montagem de espetáculos. O Cláudio disse que, durante a montagem de Não desperdice sua única vida, vocês começaram a questionar o porquê do teatro, sobretudo do teatro em grupo. A que conclusão vocês chegaram? Albinati: Por estímulo da Cida Falabella (diretora de Não desperdice sua única vida), radicalizamos nossa postura autoral e a reflexão até política de fazermos teatro em grupo. Um dos pontos de unidade que identificamos entre nós logo de início, no curso do Palácio das Artes, foi o fato de termos a mesma energia no jogo cênico. Um outro fator é o que chamo de “somatório de competências complementares”: cada um de nós tem uma formação profissional diferente (nas áreas de História, Biologia, Relações Públicas, Jor nalismo, Psicologia, Teatro, Direito etc.), o que nos ajuda tanto na sustentação da ideologia do teatro em grupo quanto no exercício artístico. No Luna Lunera a

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Foto: Amanda Bruno

Vocês desenvolveram outros projetos, paralelos aos espetáculos?

Cláudio Dias, no espetáculo “Aqueles Dois”

“[...] a arte é um produto criativo que traz algum encantamento, ruptura ou reflexão crítica [...]” José Walter Albinati, na sede da Cia.

gente tem liberdade de realizar nossos projetos pessoais paralelos e ter no grupo o nosso esteio, nosso lugar de retorno, o que ajuda também na unidade e na fluidez da convivência. Por ser um grupo, deve ter sido mais difícil achar uma linha de trabalho que satisfizesse a todos. Quais foram as influências mais significativas, os pontos de partida? A: Em princípio, o grupo não tem uma estética pré-definida. A cada trabalho, nós nos estimulamos e é como se essa imersão revelasse, de certa forma, uma linha artística a ser explorada no espetáculo em questão. Cada montagem viabiliza que a gente possa se redescobrir. As peças mais recentes da Cia., “Aqueles Dois” e “Cortiços”, foram criadas a partir de textos literários consagrados (de Caio Fernando Abr eu e Aluísio Azevedo, respectivamente). Como é construir uma peça a partir de textos originalmente não teatrais? A: Para alguns artistas, ter um texto, digamos, “pronto” é um certo conforto, se forem transpor ou adaptar diretamente esta obra para o teatro. Mas há, também, o caminho das “transgressões criativas”, que exige uma imersão maior no trabalho e que permite criar algo mais próximo da nossa identidade e daquilo que desejamos partilhar. Ambos os processos demandam um alto grau de envolvimento e disponibilidade dos artistas, para que o resultado venha tocar o público. Mas, no Luna Lunera, a gente tem trilhado esse segundo caminho, imprimindo no espetáculo o nosso ponto de vista sobre a obra literária.


Entrevista A Cia. Luna Lunera costuma surpreender pela beleza de suas peças. Você acredita em alguma função específica da estética no teatro?

macroestrutura da sociedade, ao menos no microcosmo de cada um que se encanta e que de alguma maneira acredita, com a gente, no exercício do teatro.

A: Numa cena do espetáculo Não desperdice sua única vida, quando o Odilon Esteves respondia à questão sobre por que fazer teatro, ele dizia que era para construir a beleza. Eu tomo de empréstimo essa expressão dele para responder que compartilhar a “boniteza” das coisas com alguém é um privilégio, e o teatro pode ser um canal para isso.

Como você vê a cena atual do teatro em Belo Horizonte?

Com que olhos você acha que a sociedade, em geral, vê as artes? A: - Algumas pessoas assimilam a arte como puro entretenimento. Outras, sentem que a arte pode proporcionar uma transformação de vida, sendo um meio de percepção diferente das coisas. Eu prefiro acreditar que nós estamos a serviço dessa segunda possibilidade, por termos a esperança de provocar pequenas transformações, se não na

A: Belo Horizonte vive experiências muito bacanas: o FIT – Festival Internacional de Teatro, o FID – Festival Internacional de Dança, o ECUM – Encontro Mundial de Artes Cênicas, o Encontro Mundial de Circo, pra citar alguns, são importantes pela oportunidade que dão ao público de assistir a montagens tanto nacionais quanto internacionais de alto nível. Isso ajuda também na formação dos profissionais de artes cênicas, porque são eventos que promovem também oficinas. Minas tem uma tradição muito grande de investigação através do teatro em grupo. Em Belo Horizonte há grupos que são forte referência, como o Galpão, a ZAP 18 e a Oficina Multimédia. O Palácio das Artes, o T.U. e, posteriormente, o curso superior de teatro da UFMG vêm possibilitando a

formação de profissionais engajados e o surgimento de grupos, como o Pierrot Lunar, a Cia. Clara, o Espanca! e, mais recentemente, a Liga Profissional de Improvisação. A Luna Lunera faz parte de um coletivo que se chama MTG – Movimento de Teatro de Grupo de Minas Gerais. Este é um momento de muita de interação entre os grupos, até mesmo com os de outros estados. De alguma forma, isso qualifica o nosso trabalho, nos coloca num clima de diálogo e inquietude, fundamentais para a criação artística. Para você, o que é arte? A: Uhnm, definição difícil (risos). Acho que a arte é um produto criativo que traz algum encantamento, ruptura ou reflexão crítica, com uma visão especial sobre o cotidiano, sobre o que há de peculiar na vida. Amanda Bruno III Liceu

Foto: Amanda Bruno

Marcelo Souza, Rômulo Braga, Odilon Esteves e Cláudio Dias no espetáculo “Aqueles Dois”

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Clinamen

La Morte l'ha presa così, alla sprovvista, senza che essa se ne accorgesse nemmeno. La Morte che prevale sul classico “e vissero tutti felici e contenti”. Perché l'ha uccisa a poco a poco, circondandola in silenzio, pregando di non essere scoperta. E, come d'incanto, muore la Favola, muore la storia, muore il bambino. Il bambino che cresce con i suoi 357 giocattoli che non usa mai. Il bambino che vive per la scherma. Sì, perché è morto Peter Pan, è morto Pinocchio ed è morta persino l'IsolaCheNonC'È. Perché il bambino adesso è giovane, è uomo, è anziano. E impara a memoria i nomi dei Pokemon, tutti e cento, ma non sa la tabellina del tre. E si lamenta e piange perché non ha il nuovo video game che ha appena comprato Tizio, mentre un altro bambino, uno che magari ci crede ancora alle favole, muore di fame. In Africa, sì, certo. Ma anche in Brasile, in Giappone e in Svizzera. Perché magari quel bambino che credeva alle favole aveva fame. Perché magari la madre non riesce nemmeno a ricavare lo stretto indispensabile. E poi, naturalmente, appare la sua foto su tutti i giornali: “Bambino ucciso dalla Fame”. Perché magari, a quelli dei giornali, non hanno raccontato che la colpa non è che loro. Dei genitori che raccontano a quei tanti bambiniuomini delle disgrazie del mondo, del costo della benzina, della politica e della guerra, ma dimenticano sempre Cenerentola e la sua scarpetta.

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E i bambini crescono con la TV, e dopo un po' vogliono pure loro andare a fare la guerra. Ad uccidere i bambini che non sono mai stati. E dopo un po' anche loro cominciano a scrivere del proprio dolore, delle disgrazie del mondo, dei bambini morti in paesi dell'Africa, del Giappone, del Brasile e della Svizzera. E, certo, c'è sempre qualcosa a cui dare la colpa. La fame, la povertà, il caldo, il freddo, la miseria e la Guerra. Ma chi le causa queste cose, non se lo sono mai chiesti, i figli giornalisti, architetti, medici e professori. E continueranno sempre e sempre a gridare al mondo la loro tristezza, la loro solitudine. E continueranno a morire i bambini. Quelli distrutti dalla fame, dalla guerra, dalla poverta, dal caldo e dal freddo. Quelli uccisi da noi! E continueranno a nascere i bambini-uomini per far la guerra e investire contro il governo, a favore dell'ambiente, del mondo e della pace. E così, la Morte, alla fine, vincerà. La stessa Morte che prende i parenti anziani, il cane da compagnia, e i bambini in Africa. La Morte che, a poco a poco, ha ucciso le favole. La Morte che, a poco a poco, ucciderà anche noi.

Laura Rende I Liceu

Arte: Mateus Portugal Jorge - The Almighty F.S.M.

La Colpa è Loro, la Colpa è Nostra


Clinamen Trem Lá, além das montanhas, além dos moinhos

destinado a viver sem destino, sem rumo. o trem voa, o trem avança, segue as estrelas Em minha mente, na imaginação de uma criança no ar, no ar....

tentando fazer o mundo rodar a Terra girar o país correr o povo falar o rico bater o pobre apanhar Mas sem nunca desistir de Lutar.... E viver, viver o máximo, viver com fé Viver alegre, viver com os amigos. Viver com a liberdade de um Trem Liberdade limitada aos trilhos Pois a verdadeira liberdade Tem limites e solidariedade Viver é seguir os trilhos da vida. Ame seu irmão Ame seu amigo Ame seu inimigo Ame a si mesmo

Lá, onde vai a vida a viver e a morte a morrer o trem corre, vendo o mundo a Rodar vencendo metas, sem descansar Avançando rumo ao luar sem medo do que encontrar isso! jamais temer apenas correr

Pois sempre há, numa viagem de trem, Aquele momento comum, a que todos estamos fadados a viver. Aquela hora, tão temida, tão ignorada, mas tão inevitável. Em que se houve o maquinista: "Estação final, solicitamos a todos que desembarquem nessa estação”

ou cá, no fundo do vale, no meio da floresta Vai o trem, vai a vida, seguindo o caminho sempre o mesmo, sempre diferente, sempre... o trem avança, o trem avança... segue seu rumo, perseverança sempre com muita confiança levando ao povo, esperança trilhos, paradoxo: liberdade e prisão um Menino, preso dentro de casa, livre a brincar, livre a sorrir... Falsa liberdade? Limites ao coração?

Diogo Campos Sasdelli Colaborador

Arte: Mateus Portugal Jorge (Trena)

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Clinamen

Pastoril Português, uma O tema é TEATRO. Importante lembrar o teatrólogo que inaugurou o teatro português: Gil Vivente. Inquestionável a universalidade e a atualidade das obras deste autor. Seus autos mais conhecidos são o da Índia, da Barca do Inferno e da Inês Pereira. O Pastoril Português tem sido considerado um peça “menor”, apesar da temática social uni versal que permanece atual: miséria, dramas e tragédias humanas. O Auto em Pastoril português foi representado ao rei Dom João III, em Évora, por ocasião do Natal, em 1523. Onze são os personagens da peça: um lavrador, quatro clérigos, três pastores e três pastoras. Os três casais de pastores evidenciam o argumento: peripécias amorosas e matrimoni ais, reflexões sobre o amor; é o sentimento emergindo como protagonista, a impossibilidade de governar o amor, a incapacidade humana de conciliar razão e sentimento; a inconstância do sentimento amoroso, sua volubilida-

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de, uma vez que os personagens mudam repentinamente o rumo dos sentimentos. Através dos diálogos os pastores, despretensiosamente, evidenciam os encontros e desencontros humanos e amorosos. Gil Vicente, com humor, ressalta o ciclo dos amados que amam outros, e estes, por sua vez, outrosoutros, numa possibilidade de sempre poder acontecer, na poética e na realidade, amores não correspondidos. Já no primeiro diálogo dos pastores, Caterina recusa os amores de Joane: “Tirai os olhos de mim”. Joane quer Caterina, que quer Fernando, que gosta de Madalena, que deseja Afonso. Ao final, não se sabe quem casa com quem, nem como termina a história, comprovando que não são os eventos dos personagens envolvidos o que importa. A história ressalta o amor louco, a loucura do amor. Há outra personagem estranha ao enredo que é pura e inocente, não arrastada pela paixão, traz a imagem da Virgem Maria e - diante dela – todos se pacificam e rezam, com devoção. Essa é a ação que muda tom e perfor mance, tor nando o texto devocional, mas mantendo o aspecto cômico e satírico. Fica evidente a intenção de Gil Vicente ao descrever os pecados dos religiosos que indicam a oposição para onde dirigir o amor e a atemporalidade da peça, marcada pela estrutura mencionada: amores desenganados de seis personagens que desvelam suas infelicidades sentimentais perante a personificação do Amor. Drummond herdou de Gil Vicente a estética, o tom paródico, burlesco e humorístico no poema “Quadrilha”: João amava Teresa que amava Raimundo/ que amava Maria que


Clinamen/Tarja Preta

”literatura menor”? amava Joaquim que amava Lili / que não amava ninguém. Comprova-se assim, a modernidade do teatro Vicentino e a impossibilidade desse Autor ser uma literatura de “segunda classe”. Anna Motta Professora de Português

Arte: “O Banguela” Renato Gomes Sá Colaborador

Venda sobre prescrição médica. O abuso deste medicamento pode calçar decência.

De sem em Cem, veio, por meio desta, informar a minha inconformidade com um escorregadio, polido e lixado ponto do mundo atual. Já não suporto mais deslizar os olhos pelas páginas de qualquer jornal e ver centenas de eventos, palestras, busto em bronze de celebridades, etc. Só neste ano já me cansei de tanto cem. Começamos 2008 com o centenário da imigração japonesa, como se já não bastasse a aparente decadência, ou melhor, estagnação dos mangás, desenhos japoneses e da banalização de milhares de músicas e de outras franquias no mercado (agora já parte da cultura pop). Falando em letras e números, na literatura brasileira temos mais dois vencedores. Alguns dizem ser coincidência, outros, milagre divino, eu acho que foi mais “procurar asas ao burro” (sem ofensas). Sendo assim, no pódio deste ano que passou, logicamente, estão Machado de Assis e Guimarães Rosa que completam, respectivamente, os cem depois da morte e os cem incompletos. Fato é que o primeiro nasceu quando o segundo morreu. De que quando nasce um gênio morre outro seria banalizar nossa história, já que, dos cem metros rasos dessa olimpíada editorial, Cartola nasceu em 1908. Mas já estamos nos cansando, a corrida já está acabando e já são 99 à frente, não? Pena que quem publica também vai gastar muito tempo e fôlego procurando mais gente e mais feitos pro ano que vem. Já disse a minha opinião, e agora ressalto, por meio desta imprensa, que comunico não o centenário, mas o bi-centenário da imprensa no Brasil, de forma repetitiva e puntilista que não pode ficar sem ser “cem” e lembrada. De sem em cem a galinha enche o papo e eu, a lingüiça. Pensemos que talvez, só talvez, seja um pouco interessante o fato de que em “1808” veio também a família real, mas isso deve ser “papo” pra best-seller. Mateus Portugal Jorge IV Liceu

Medicamento

G Generico

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Clinamen Zé Ninguém Sozinho, aos cinqüenta anos, sentado à mesa do café da manhã, finalmente percebeu que não sabia quem era. José era um pouco de tudo e muito de nada. Mentia sobre tudo e para todos. Era mais forte do que ele e nada podia fazer. Pela primeira vez na vida sentia vontade de mudar, falar a verdade, simples e pura. Aliás, para Zé, a verdade era qualquer coisa menos simples. A mentira apenas o ajudara até aquele momento, o tornara o um cara agradável, extrovertido e de boas histórias. O que seriam de suas histórias!? Naquele momento ocorreu-lhe o porquê daqueles pensamentos que vinham atormentar sua mente numa bela manhã de sábado. Sonhara na noite anterior com seu enterro, pleno de pessoas conhecidas. Estavam todos lá, os amigos do futebol, das mesas de bar, das filas de banco, da padaria, o s vizinhos, enfim, todos. Apesar de um pouco esfumaçado em sua memória, o pesadelo da n o i t e anterior não

saía de sua cabeça. Seu maior medo era certamente aquele, ser desmascarado. Esforçará-se tanto para manter suas mentiras compatíveis até aquele momento, não poderia deixar tudo ir por água abaixo no seu enterro. Os diversos amigos que inventara para outros amigos não estariam ali, e ele nem estaria vivo para inventar alguma desculpa pela ausência destes. Era triste pensar que seus amigos mais próximos existiam apenas em suas histórias. Suas mentiras lhe custavam muito caro. Por causa delas, não se aproximava muito de ninguém por medo de ser descoberto. Ao longo da vida, adquirira inúmeros amigos e namoradas, todos descartáveis, porção única. Aliás, arrumava novos amigos com muita facilidade, sua flexibilidade e senso de humor apurado faziam dele uma companhia extremamente agradável. Era simpático, sorridente, e não encontrava dificuldade em se dobrar perante opiniões alheias. Mentia não apenas a favor dele mesmo, mas também dos outros. Assim, agradava a todos, e era bem aceito em todos os lugares que freqüentava. Mas, onde ia sua mentira, seguia a solidão. Era tarde demais para voltar atrás, como se desfazer de sua falsa identidade. Ele havia se perdido há muito no meio de suas fabulações infinitas. Não sabia mais distinguir entre o que era ou não verdade naquele mar de aleives. Estava se afogado e não tinha nada para se segurar. O vazio de suas mentiras o preenchera ao longo de sua vida, mas percebia naquela manhã que era um falso sentimento. Voltou a pensar no sonho. Como seria seu enterro? Todas aquelas pessoas que conhecia de diferentes lugares se encontrando e conversando sobre ele. Certamente descobririam que não passava de uma farsa. Isso seria seu fim. Precisava morrer em um lugar isolado. Juntaria um dinheiro e compraria uma casa bem longe dali. Não teve dúvida: ligou seu melhor amigo, entrou no Google e digitou: Roraima. Alice Pereira Colaboradora

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Arte: Mateus Portugal (Weight and up!)

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Clinamen

O Juízo Final Eu devo estar louco. Eu só posso estar louco. Sentado naquela velha poltrona de couro marrom com o couro gasto e comido pelas traças. Um cheiro de mofo que não me incomoda mais. Não mais. A única luz do cômodo era a luz falha daquele poste, posto em frente à minha sacada, que insistia em penetrar no quarto pela fresta da persiana suja e amarelada pelo tempo. Tica-tac. Tic-tac. O olhar perdido do cuco e aquele barulho ensurdecedor que irrita até o mais profundo dos silêncios. Apoiando os cotovelos sobre a perna entreaberta, juntando as mãos em forma de ponte, cobrindo a minha boca com as mãos, meus olhos se enchem de lágrimas. Tristeza? Ódio. Puro. Eu, olhando para ela. Ela, olhando para mim. Não sabia que a máscara da ironia, antes tão vestida por mim, incomodava tanto. Me procura, me acha, me olha, me chama para perto dela com aquele ar de zombaria.... Alguns livros, postos sobre uma mesa de vidro, perto de um copo de wisk.... perto dela. Ela conseguiu. Quando as pernas não se agüentam mais, me levanto calmamente em sua direção. Ela fixa o olhar no meu, mas de mim só transparece o ódio. Pego o copo de wisk e o dirijo à minha boca. Dou um gole seco, sem fazer nenhum rumor. O tic-tac enchia aquela sala, quase sufocando todos nós. O gelo tinha derretido. O copo estava suado. O wisk ainda estava frio. Ela sorri, eu desvio o olhar. Caminho, perdido no espaço do cômodo, mas me viro para a mesa com os livros. Abro a capa de um, leio dois versos de outros. Sinto uma gota que escorre do copo suado entre os meus dedos. Antes que ela possa atingir o chão, jogo o copo contra a parede acompanhado por um grito. Uma sinfonia que encobre o tic-tac. O meu ódio não é mais segredo, agora os vizinhos sabem. Ela continua na mesma posição, mas agora impassível. As lágrimas ficam cada vez mais incontroláveis e, em um só golpe, pego ela com as duas mãos e a levanto. Passo minha mão por toda a sua silhueta, mas ela está gelada. Miro, puxo o gatilho, BUM! Ela está funcionando! O tictac para. Dessa vez, para sempre. Minha ruína é a minha fortaleza. A maçaneta daquela porta, dourada e reluzente, era

só mais um obstáculo com cara de presente. Esse, eu supero com facilidade. Abro a porta lentamente, pois o que me espera por trás daquela fortaleza de madeira é uma luz branca forte a ponto de me cegar. Eu devo estar louco. Eu só posso estar louco. Por reflexo, fecho os olhos e os cubro com um braço. O outro a segura firme, mas agora à altura de meu ombro. Puxo o gatilho. Puxo mais uma vez. Não ouço nada. Não vejo nada. Não sinto nada. Nem o tic-tac, nem o mofo, nem a luz. Vou abaixando a mão que a segurava. A lágrima corre pelo ar com ela, como se dançassem a valsa das flores e juntas, atingem o chão. Aos poucos consigo abrir os olhos, mas só ao ponto de ver uma silhueta. Me entrego à luz. Eu estou louco. Vitória Ballesteros Moura I ITC A

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Opinião

DAI CRACHA' A Mentre

alla Fundaçao Torino l'anno scolastico procede più o meno tranquillamente (se si eccettuano i problemi dovuti alle lunghe code per entrare- e, soprattutto, per uscire- dovute ai famigerati crachà d'acceso), in Italia gli studenti e gli insegnanti delle scuole superiori e delle università sono in grande agitazione. Il motivo delle proteste è il cosiddetto “Decreto Gelmini”, dal cognome del ministro dell'Istruzione, che di nome fa Mariastella. Le nuove norme, contenute nella legge, hanno provocato un terremoto nel mondo della scuola, con un forte coinvolgimento di tutte le componenti scolastiche. Ciò che ha provocato irritazione e malcontento è stato soprattutto il fatto che è mancata qualsiasi forma di dialogo e concertazione e, in particolare, molti hanno criticato il tentativo, assai maldestro, a essere sinceri, di spacciare per “Riforma” una semplice operazione ragionieristica di tagli alle spese. Le principali novità introdotte dal governo sono: il ritorno del maestro unico alle elementari; il voto in condotta, che, alle medie e alle superiori, può determinare la bocciatura; la reintroduzione del voto in decimi nelle scuole elementari e nelle scuole medie, al posto del giudizio; nuove regole sull'ammissione all'esame di stato . Accanto a queste norme, il decreto prevede, per i prossimi anni, una forte diminuzione del numero degli insegnanti e del personale (circa 150.000 posti di lavoro) non docente, con conseguente diminuzione del numero degli istituti scolastici. A margine di questi provvedimenti, il ministro, forse per compiacere certo elettorato nostalgico, ha tirato fuori una proposta, di cui si è parlato molto, ma di cui non c'è traccia nel decreto, quella di reintrodurre il grembiulino nelle elementari, una sorta di divisa uguale per tutti. Il cambiamento che, comunque, suscita maggiore perplessità, soprattutto nei genitori, è il ritorno al maestro unico nelle scuole elementari: chi è contrario afferma che si tratterebbe di un pericoloso ritorno al passato: in un'epoca in cui le conoscenze di base si ampliano sempre di più, è

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indispensabile la compresenza di più insegnanti, ognuno con la sua specializzazione. Le famiglie temono anche che maestro unico voglia dire meno ore settimanali di lezione. Gli insegnanti esprimono preoccupazione per l'avvenire della scuola italiana e sono preoccupati per il taglio delle risorse che si prefigura. I docenti italiani, che sono tra i meno pagati d'Europa, temono un ulteriore scadimento del la qualità dell'istruzione e, quindi, del loro ruolo ed è per questo che circa il 70% dei presidi, dei docenti e del personale scolastico ha scioperato il 30 ottobre scorso. E gli studenti? Quelli delle superiori si sono mossi per primi, dando, però, spesso l'impressione di mobilitarsi in ordine sparso, senza rivendicazioni chiare e, soprattutto, senza coordinarsi tra loro. In questo modo è stato facile per i mezzi di comunicazione, in


Opinião

MARIASTELLA particolare quelli più filogovernativi, accusarli di essere velleitari e di agitare sterili luoghi comuni. Gli studenti universitari hanno, invece, creato un movimento, chiamato Onda, al quale, in alcuni casi, si sono uniti docenti e ricercatori e hanno indicato all'opinione pubblica una serie di rivendicazioni chiare: contrarietà alla possibile privatizzazione degli istituti universitari, che, secondo il progetto di legge, potranno trasformarsi in fondazioni; blocco dei tagli previsti dalla legge finanziaria, che, in alcuni casi, potrebbero portare al fallimento e alla chiusura di alcune sedi universitarie. Alla fine chi ha vinto? Direi: nessuno. Il governo ha già cominciato a fare marcia indietro, rinviando d'un anno l'attuazione dei punti più contestati del decreto (e tra un anno tutti- maggioranza, opposizione, sindacatifaranno finta di niente); gli insegnanti approvano mozioni e indicono riunioni, ma si ritroveranno probabilmente a gestire una situazione sempre più pesante, senza alcuna risorsa aggiuntiva; gli studenti sognavano un nuovo '68 e ora sono alle prese con le interrogazioni di fine quadrimestre o con gli esami della sessione di novembre. Come sempre, ha vinto la solita Italia gattopardesca, in cui, ogni tanto, qualcuno si presenta per cambiare tutto e in realtà lascia tutto come prima.

Nel frattempo, uno studente di 17 anni, di nome Vito Scafidi, è morto durante l'intervallo a causa del crollo del soffitto dell'aula di un liceo scientifico di Rivoli, alle porte di Torino, a dimostrazione che l'urgenza non sono certamente i grembiulini o i voti di condotta ma l'annoso problema dell'edilizia scolastica, criminalmente sottovalutato dai governi che si sono succeduti (può sembrare incredibile, ma in Italia due scuole su tre non sono in regola con le norme della sicurezza). Il nostro ineffabile presidente del consiglio ha parlato di fatalità; altri parlano di 13 miliardi (!) di euro da destinare alla manutenzione delle scuole. Di fronte a una morte tanto assurda quanto tragica, non resta che tacere. Nulla da salvare, quindi? Forse un lato positivo in tutta la faccenda c'è: in un paese dove di scuola non s'interessa nessuno, per poco più di un mese i problemi dell'istruzione hanno avuto l'onore della prima pagina. Chissà che finalmente anche in Italia a qualcuno non venga in mente di istituire un “Dia do professor” e che i principali mezzi di comunicazione dedichino un'intera settimana ai problemi della scuola, come avviene qui in Brasile? Sarebbe un piccolo ma significativo contributo che restituirebbe dignità a chi nella scuola e con la scuola ci vive ogni giorno. Jeanclaude Arnaud Professor de italiano

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Poesia

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Amanda Bruno III Liceu

Os atores desfilam no tablado. Carregam bandeiras incógnitas, marcham passos rítmicos cheios de cósmico sentido. No primeiro e único ato da farsa, Atinge-se o ápice da catarse. As cortinas descem apressadas. Assim, sem mais nem menos. Ana Priscila C. Luz IV Liceu

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Ex tava estável. Eis na esquina o esboço do ex tanto do ex moço. Esquadrinha o espantalho, Instantânea o dispara na ex-quina do espelho. Despedaça-se, ex-pele! Inspira, explode. Expira, implode. Executa, exulta. Ex tava in(s)pirada.


Poesia Writing A little pencil A weak light from my mobile Here I am writing in the dark It’s way passed bedtime I can’t sleep Writing helps me kill some time.

Não adianta negar, isso é fato Alguns dos melhores poemas, Se escrevem em papel higiênico ou guardanapo.

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Perfil

Teuda Bara Teuda Bara, filha de um major que fez crescer a família tocando trompete. Costureira, cozinheira, esposa. Dramaturga? Bom, com certeza não estava nos seus planos. “Nascida para casar”, Teuda teve que esperar quase 30 anos antes de se considerar uma atriz... Um dia, apareceu na sua vida um Otto. Ele jogava buraco, enquanto ela fritava bolinhos. O plano era casar. O enxoval já estava pronto. Até que apareceu um trapezista. O trapezista era muito mais interessante. Basta dizer que era trapezista. Não queria casar, nem jogar buraco. E talvez nem gostasse de comer bolinhos. Para piorar, um dia - ou mais precisamente uma noite – ela foi vista sozinha numa boate do Maletta. Otto ficou sabendo e virou um bicho.

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Depois que o seu sonho de felizes para sempre saiu aos pulos e piruetas com o coração do trapezista e um noivado guardado apenas nas lembranças, ela começou a estudar na UFMG. Fazia teatro-jornal no Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH), que se baseava na dramatização de notícias para um público de passagem - os próprios alunos Mesmo sem nunca frequentar nenhum curso de formação teatral, ela se deu conta de que não poderia mais viver longe dos espetáculos. - Se eu fosse sapateira, dizia, faria sapatos para os que não podem comprá-los; como sou atriz, faço teatro nas ruas para os que não podem pagar seus ingressos. Folias Bananas, o primeiro grupo de que fez parte, teve que ser abandonado pouco depois. Teuda então decide ser atriz. Vai para São Paulo com


Perfil

Fotos: www.grupogalpao.com.br

a intenção de trabalhar com o diretor José Celso Martinez Correa, líder do grupo Teatro Oficina. Volta a Belo Horizonte um ano depois, grávida de seu segundo menino. Acaba sentindo a necessidade de criar algo mais seu. E encontra a forma certa de fazê-lo em 1982.Com Eduardo Moreira, Wanda Fernandes e Antônio Edson, forma a semente do que mais tarde se transformaria no Grupo Galpão. Com o auxílio de dois diretores vindos de Munique, o grupo faz uma série de oficinas por BH. Quando os tais diretores voltam para casa, os órfãos se reúnem e montam o seu primeiro espetáculo independente. Com a ajuda somente de um pedaço de papel, um baú de figurinos, e muita imaginação, nasce 'E a Noiva não Quer Casar'. A peça obteve sucesso imediato e foi logo seguida de várias outras como “De Olhos Fechados”, “Romeu e Julieta” [que levou consigo 'Wandinha', morta em um trágico acidente], “Arlequim, Servidor de Tantos Amores”, “A Rua da Amargura”, e assim por diante. Um dia, uma surpresa: chegou um pessoal falando inglês e fazendo um convite. Teuda afastou-se do Grupo Galpão por quatro anos, para trabalhar no Cirque du Soleil, como atriz convidada em Las Vegas. Passado esse período,

decidiu voltar ao Brasil e ao Grupo Galpão, um pouco cansada, talvez, das luzes da cidade. Embora não seja alta, Teuda é uma mulher meio grande, bem gordinha. Na verdade, parece ainda maior do que é. Fala alto, ri muito, quase sempre às gargalhadas. Enche os espaços com a sua presença, a sua alegria. As pessoas que a conhecem a descrevem como uma pessoa boa, incapaz de fazer mal a quem quer que seja. Embora o meio artístico seja de muita concorrência, ela não vive esse clima. Cuida de sua vida e ajuda os colegas em começo de carreira. Já ganhou vários prêmios, trabalhou até no cinema, mas o sucesso não lhe sobe à cabeça. É uma pessoa simples, que gosta de cozinhar, de ver novela, de conversar fiado, de discutir política, de beber cerveja no mercado. A costureira, cozinheira, esposa, atriz, nunca se casou. Ou talvez tenha se casado com o teatro. Hoje, vive feliz, com todos os seus 68 anos. Rindo, chorando... “Nascida, no final das contas, para ser atriz”. Laura Rende I Liceu

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Biografia Caio Fernando Abreu amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? Sim, passou. Sua vida passou. Mas ainda que tenha passado um dia, uma semana, um mês ou vários tantos quanto uma década e mais, as palavras de Caio Fernando Abreu não passaram. E não vão. Serão sempre isto: ora sutis, ora explícitas e amargas mas tão belas! Nasceu no interior do Rio Grande do Sul, em 1948 e, homem de mudanças que era, foi-se ainda jovem para Porto Alegre, onde cursou Letras e Artes Cênicas, sem, no entanto, concluir nenhuma delas; preferia passar pelas coisas como num vôo, num mergulho sem método, mas nem por isso menos alto e profundo. E tão altos e profundos eram estes sonhos de Caio, que assim seguiu sua vida: sem separar-se da escrita ou do teatro. Ainda que não tenha escrito muitas peças, sua obra literária – por si só muito teatral – serviu de inspiração para vários espetáculos. Trabalhou como jornalista algumas vezes, mas não suportava a pressão e o desgaste desta rotina. Provavelmente pela incapacidade da mente em forçar um coração a escrever tão bem quanto um coração que força o corpo inteiro a colocar as palavras no papel. E Caio era isso: sentimento impresso. Quando pôde, portanto, viveu apenas de seus contos (publicados sempre em coletâneas que seguiam um fluxo temático) e romances de ficção. Sim, existir é incompreensível e excitante. As vezes que tentei morrer foi por não poder suportar a maravilha de estar vivo e de ter escolhido ser eu mesmo e fazer aquilo que eu gosto - mesmo que muitos não compreendam ou não aceitem. Tantas vezes autobiográfico, Caio assumiu tudo o que fez ou escreveu, encarando suas escolhas como uma parte de si. Exemplo disto é nunca ter tentado mascarar sua homossexualidade, que influenciou grande parte de sua literatura, mas não a limitou. Só que homossexualidade não existe, nunca existiu. Existe sexualidade - voltada para um objeto qualquer de desejo. Que pode ou não ter genitália igual, e isso é detalhe. Mas não determina maior ou menor grau de moral ou integridade. Meus heróis morreram de overdose, meus inimigos estão no poder. Caio Fernando Abreu costumava fazer muitas referências – reverências – às artes em seus contos, e esta é uma das tantas citações que poderiam estar em um deles, pois retratavam – crua, mas não friamente - a geração da qual fazia parte, que na

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Arte de Fundo: Alexandre Fonseca

Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não

e buscou refúgio no álcool, nas drogas, no sexo. Colhemos cogumelos pelos montes e sabemos que o mundo não vale a nossa lucidez. E era crítico: sempre; com os padrões, as regras e outras formalidades que considerava uma babaquice. É fácil, magro, tu desdobra numa boa: primeiro procura apartamento, depois trabalho, depois escola, depois, se sobrar tempo, amor. E por contrariar a ditadura, foi perseguido pelo DOPS, refugiando-se na casa de campo de Hilda Hilst. Partindo, então, para a Europa, passou a maior parte do tempo na França e na Inglaterra. Permitia-se apenas esse medo: o de estar sozinho. Teve muitos amigos e amou muito, mas seus amores não costumavam dar certo. Teria mesmo chegado ao ponto de dizer nutro? Teria, teria sim, teria dito nutro & relacionamento & rompimento & afeto, teria dito também estima & consideração & mais alto apreço e toda essa merda educada que as pessoas costumam dizer para colorir a indiferença quando o coração ficou inteiramente gelado. Daí, talvez, o seu sofrimento; daí talvez a desilusão, a melancolia que acompanha seus textos. Justamente por isto, talvez, mais tocantes. Uma vez me disseram que eu jamais amaria dum jeito que “desse certo”, caso contrário deixaria de escrever. Pode ser. Pequenas magias. E ele amava, talvez por ter sido virginiano, essas miudezas mágicas. Como os encontros. Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra. Essa ternura bruta que destrói por excesso inábil de amor. Caio disse que amor matava. Era frágil, sensível, mas ao mesmo tempo pungente. Quiçá por isso mereceu o apelido de “Ney Matogrosso da literatura brasileira”. No começo dos anos '90, contraiu AIDS – a doença do amor, e voltou ao Brasil para realizar um de seus sonhos – ser um jardineiro. Amor mata, amor mata, amor mata. Morreu de amor. Amanda Bruno e Ilana Caiafa Aluna e colaboradora


Etimologia O teatro ocidental moderno surgiu na Grécia, séculos antes de Cristo e, depois, foi levado para Roma. Por isso, as palavras mais usadas, quando nos referimos à arte de encenar, vêm do grego, passadas posteriormente para o latim até chegarem às línguas dele derivadas como o francês, o italiano... e , enfim, o português . Cena: do lat. scena ou scaena, deriv. do grego skene, originariamente “tenda”, “palco, episódio, espetáculo”. Depois, cenário (do it. scenàrio), cenografia (arte e técnica de projetar e dirigir a execução de cenários para espetáculos teatrais), encenar etc. Mamulengo: Dos termos “mão” e “molengo”, teatro de fantoches, em que o ator, para operar os bonecos, teria que ter uma mão mole ou molenga. Nesses espetáculos não existe um texto pronto, o roteiro vai sendo mudado de acordo com a reação das crianças.

Ator: do lat. actor, “agete do ato, do feito”, radicado em agere, fazer; aquele que representa, que faz o personagem, em espetáculos. Nos antigos grupos de teatro, havia apenas o coro e somente dois ou três atores. Não havia atrizes, que só foram admitidas no palco a partir do séc. XVI, e os homens representavam papéis masculinos e femininos. . Personagem: para interpretar os vários personagens nos antigos teatros dois ou três atores usavam máscaras reconhecidas pelo público. Os gregos c hamavam essas máscaras de prosopon, que significa literalmente “que tem olhos”. Os romanos mais tarde se apropriaram do teatro grego e deram às máscaras o nome de persona. Daí personagem (que pode ser masc. ou fem. o/ a personagem).

se originou na Idade Média. O Auto da Compadecida, que tanto sucesso ainda faz entre nós, foi inspirado certamente nos famosos autos de Gil Vicente, renomado teatrólogo português do séc. XV. Os atores representam entidades abstratas, como o pecado, a luxúria, a hipocrisia, a virtude etc. Máscara: do it. maschera (der., provavelmente, do ár. máschara, “personagem ridículo, bufão”), pedaço de papel ou madeira usado para tapar o rosto e disfarçar ou esconder a identidade. O teatro grego tinha basicamente duas máscaras: a da tragédia e a da comédia. Essas máscaras tinham traços acentuados, principalmente a boca, que tornava a voz do ator audível para os 14 mil espectadores que comportava o teatro.

Auto: do lat. actum, auto, “ato, solenidade, peça teatral”. Breve peça de conteúdo religioso ou profano, que

Lourdinha Professora de Português

Carpe Noctem Confiserie Du Chocolat Jambreiro A Confiserie Du Chocolat é uma casa de chás, inaugurada em 2007, sob o comando de Cynthia Géo. Eles oferecem quiches, biscoitos e trufas que acompanham os chás. Atende também encomendas para festas. São especializados em pâtisserie e lembrancinhas, usando sempre matérias-primas de primeira qualidade como o chocolate belga “Callebaut”. Algumas sugestões do menu são: rocambole de nozes e a minitortinha de ganache com amêndoas laminadas. Outra boa pedida são os bombons recheados que ficam expostos na vitrine. R.Joaquim Murtinho, nº229, Santo Antônio 3297-8976 Horário: De segunda a sexta até às 19h; sábado das 9h às 18h www.confiserie.com.br

O Restaurante do Jambreiro é um bistrô nos arredores de Nova Lima, um lugar aconchegante com uma vista exuberante para a mata do Jambreiro.Todos os pratos são rigorosamente preparados com cogumelos, pelo chef Leonardo Espínola. A maioria dos cogumelos é cultivada na região. Algumas das especialidades da casa são: o pout-pourri de cogumelos e a sobremesa “Doce Paris” feita com cogumelos Paris e uma calda de especiarias orientais. Às quartas feiras ocorre um evento especial chamado “Cogumelança”. Alameda Olavo Carsalade Vilela (entrada do condomínio Ipê da Serra), nº 70, Nova Lima 3581-7732 Horário: De segunda a sexta das 18h até o último cliente. Aos finais de semana, para almoço a partir do meio dia. Clarissa Borba I Liceu

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Carpe Diem Recomenda Livros Qual era mesmo o título? -Um mundo peculiar

Muitas pessoas, quando sonham, vão a lugares inacreditáveis, fantásticos. Sentem coisas inimagináveis [insentíveis] diante de tanta fantasia. Através de todo este sentimento e imaginação, Lewis Carrol foi capaz de criar um mundo obscuro, marcado pela incer teza e o “sem sentido”, onde tudo pode ou não pode acontecer. Quem visita este mundo é Alice, uma menina que, seguindo um coelho, acaba chegando em lugares nunca visitados com animais e pessoas estranhas, de comportamentos peculiares e absurdos. Preocupada, Alice

tenta voltar para casa mas, na tentativa, se perde mais na fantasia e acaba fazendo muitos amigos aos quais ajuda mundo. Lewis Carrol, um grande matemático e lógico inglês, coloca em sua famosa obra grande parte dos seus enigmas, muitos até hoje sem resposta. E resolve-los é um grande desafio. Dentro de seu mundo imaginário, “Alice no país das maravilhas” pode nos mostrar o quanto o “sem sentido” pode ter sentido e o quanto a linguagem nos possibilita tornar Fantasias realidade. Após o sucesso de “Alice no país das maravilhas”, Carrol escreveu ainda “Alice por trás do espelho” (1862), uma espécie de continuação da história. Porém, este não conseguiu atingir o público como esperado. Talvez ele tenha abusado ainda mais de sua capacidade de fantasiar, quando seu público ainda “digeria” sua primeira história. André Bicalho Cecotti II Média B

Arte: John Tenniel

Mallu Magalhaes

Mallu Magalhães é o mais novo fenômeno musical brasileiro do cenário independente. Tudo começou quando ela, procurando LPs na casa de sua avó, conheceu e se encantou por Bob Dylan e Jhonny Cash, criando assim um gostou musical muito refinado para a sua idade. A talentosa garota começou a compor aos 12 anos (em inglês, por preferência). Aos 15, queria “fazer coisas legais” mantive entre aspas pois é uma fala dela, então cortou seu cabelo bem curtinho e o doou ao Hospital do Câncer, e pediu seu presente de 15 anos em dinheiro, que usou para gravar algumas canções em estúdio, depois colocadas na sua página no

Myspace. O sucesso de suas canções foi tamanho que repercutiu em entrevistas em programas como Altas Horas, Programa do Jô, e Circo do Edgard. Mallu é uma garota muito carismática e, com seus 16 anos, carrega consigo uma certa ingenuidade e timidez, o que a tornam bastante engraçadinha. Seu talento musical se expande ao violão, gaita, piano, escaleta e banjo. Mas não para por aí, ela também desenha e cria moda. É impossível não se encantar por ela. Seu primeiro CD saiu no dia 15 de outubro. E agora!?, vale a pena conferir algumas de suas músicas mais famosas como “J1” e “Tchubaruba”, e se encantar pelo trabalho dela. Jade Marra I Liceu

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Carpe Diem Recomenda

SWEENEY TODD - O BARBEIRO DEMONÍACO DA RUA FLEET

Fazer um artigo sobre um musical é tocar num dos gêneros que mais divide opiniões entre cinéfilos de todas gerações. Talvez pela excessiva exposição por anos a fio aos grande musicais produzidos nos anos 50, e que, por mostrarem uma estética e visão de uma época que não atendem mais aos padrões atuais, o musical se tornou um dos gêneros menos apreciados pelas novas gerações. Contudo Hollywood já produziu inúmeros musicais que marcaram sua época e que estão presentes na memória de muitos. Quem não se recorda de “Hair” ou “Tommy” que registraram os inflamados anos 70? Ou “Cantando na chuva” e “Gigi”, grandes clássicos dos anos 50? Os anos se passaram e este gênero caiu em desuso no cinema, mas jamais saiu de moda nos grandes teatros ingleses e americanos, o West End, de London, e Broadway theater, de New York, que juntos representam o mais elevado nível do teatro comercial no mundo de língua inglesa. O que poucos sabem, porém, é que a grande maioria dos musicais do cinema saíram dos palcos destes mesmo teatros graças a grandiosas adaptações para a telona, e que hoje retomam o fôlego em ótimas produções contemporâneas como “Moulin Rouge”, “Across the Universe” e “Sweeney Todd - O barbeiro demoníaco da rua Fleet”. Dos musicais atuais que mais tem agradado a nova geração é “Sweeney Todd”, que apesar de ser um musical traz consigo o dedo mágico de Tim Burton, experiente diretor de temas fantásticos e sombrios como “Edward, mãos de tesoura”, “O estranho mundo de Jack”, e a “Noiva cadáver”, e ninguém mais que Johnny Depp, astro dileto de Burton que protagonizou todas estas produções, e que arranca suspiros da maioria das adolescentes. Burton constrói um longa-metragem completamente sombrio e gótico, tendo como base a obra escrita por

Stephen Sondheim e Hugh Wheeler adapta da peça sobre o barbeiro assassino que foi escrita em 1973 pelo britânico Christopher Bond baseado em lenda urbana londrina do século XIX. Nosso história se passa na sombria Inglaterra vitoriana, auge da II Revolução Industrial, era de ouro dos vampiros e dos assassinos em série. Este cenário sujo e desprezível, é mostrado na tela da mesma forma que seu protagonista a vê, sendo o cenário ideal para Todd e suas navalhas. Ao final, temos a sensação de que o palco do teatro, onde há o musical, tenha se expandido para abrigar a Londres do século XIX em toda a sua beleza gótica e aristocrata, em um filme com todos os elementos típicos de Bur ton que o consagraram como diretor de histórias f a n t á s t i c a s, e q u e garantem aos amantes do gênero uma ótima diversão. Vale dizer também que esta não é a primeira vez que a lenda do barbeiro maníaco ganha as telas do cinema, existe um filme homônimo de 1936 com Tod Slaughter fazendo o papel principal, contudo, ao contrário do que alguns dizem, é errôneo afirmar que a produção de Tim Burton é um remake deste filme. Para quem quiser conferir e comparar, o Sweeney Todd mais antigo está disponível em DVD no Brasil pela Works com o título “O diabólico barbeiro de Londres” 1982. Esta é a 8ª adaptação da peça para as telas. As anteriores foram “Sweeney Todd” 1926, “Sweeney Todd” 1928, “Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street” 1936, “Bloodthirsty Butchers” 1970, “Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street” 1982, “O Barbeiro de Londres” 1998 e “Sweeney Todd” 2006. Kleber Lommez- S!M DVD. Colaborador

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Tirinha

Samurai Bigode Kabuki O teatro japonês de maior difusão, o Kabuki (habilidade de dançar e cantar), foi criado no séc. XVII por uma mulher, Okuni, às margens dos rios em Edo (atual Kyoto). Inicialmente como drama em forma de paródia à religião, em que as atrizes representavam os papéis femininos e masculinos, logo subiu às classes mais altas da sociedade. A proibição da participação das mulheres foi eminente para não degradar o estilo: eram comuns os assédios de seus espectadores sobre as atrizes. Nesse sentido o teatro Kabuki já era largamente difundido e, assim, jovens homens, geralmente com pouca barba, assumiram os papéis femininos. Proibido novamente devido às segundas intenções de seus espectadores sobre os jovens rapazes, o Kabuki só retornou no período de industrialização do Japão. Muito da sua tradição ainda permaneceu: além da dança e do canto ritmados ao rufar de tambores e flautas, a rápida troca de vestimentas, a elevação ao palco para introdução dos atores e, normalmente, homens nos papéis femininos com muita, muita maquiagem.

Golpe da Bandana

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Arte: Panda Colaboradora

Arte e Texto: Mateus Portugal IV Liceu


Passatempo Esse é pra quem é cuca! Existira Geografia típica da Finlândia

Voltam ao avesso Problema relacionado à respiração

Rio Europeu

Peça do teclado (comp.)

Lei em Francês

“La Locandiera” (teatr.)

Sudoku!

Protag. do Jeitinho Brasileiro

I Forma de r Medida e Kami-... i (Deus, jap.)

Interesse do Ufólogo

O concunhado de R.R. Soares é fundador Boston Azo- Symphonic to Orchestra

Monitor (Portugal)

Suazilândia (sigla)

Ordem Monástica citada em: “O Código da Vinci” Navegam, Dirigem o barco (naut.)

“I Promessi Sposi” (Lit.) Dicas: Sama, Goldoni, Ecran, Gerson, Boreal Lago

Cruciverbalista e desenvolvedor do ligue os pontos: Mateus Portugal

Ache o um e ligue os números inteiros!

Fim

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Seção Curinga

Ins- Piração Pirar a piracao para dentro de cada um. Tudo o que vem e o que foge. A chuva que cai, e a chuva que deixa de cair. Pirar todos os sentidos num texto louco. Louco de doidura morbida e seca. Que molha e escorre. Queria eu poder inspirar ar e expirar palavras. Ou antes, ex-pirar os ares todos, os ventos e os perfumes, ins-pirando palavras e textos que escorressem da ponta dos dedos direto para as letras da maquina de datilografia. Se-parar pra pensar pensa mais que deve, se nao parar pra separar no que pensar, se deita e derrete em silabas tortas. Deixa! Deixa pirar a cabeca, endoidecer a mente, livrar-me das maos e do pudor. Deixa enlouquecer os prazos. O beijo como prazo, voce como o carrasco. Tudo o que se deve escrever, descrever e opinar. Tudo aquilo que nao sou eu, que nao somos nos, que nao sou nem eu, nem vc, nem meu pensamento. Com data marcada me colocam cerca na mente. Deve-se falar sobre aquele, mas meu tesao eh simplesmente pensar n'aquilo. E escrever sobre aquilo. Aquilo que eh voce, que somos nos. Nossas fotografias e nossas artes. Nossos teatros e nossos textos. Aquilo que eh isto, e tao puro e simples. Trancar-me com as letras que voam, palavras que saem da boca e caem, palavras de verissimo. A vontade que sinto, doida, eh de puxar os cabelos da cabeca, me fazer mais leve de prazos e cair do penhasco mais alto. E voar com a palavra borboleta. Andar ate o topo do mundo nas asas do azul da palavra borboleta. E sentir. E sentir. E sentir. O prazer. Ilana Caiafa Colaboradora

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Trabalhos com referência a Niemeyer realizados durante as aulas de educação artística da professora Shewa Geruza

Plunkt Plakt Zum! Girassol e Rosa Primavera uma bela estação, com muitas flores, mais as belas mesmo são os girassóis e as rosas. O girassol girando ao redor do Sol e a rosa com a cor de apaixonar qualquer coração. Matheus 2ª Elementar A Nicola 3ª Elementar A Ana Luíza 2ª Elementar A

Raphael 4ª Elementar B Técnica: Caneta hidrocor Ítalo 4ª Elementar B Técnica: Caneta hidrocor


Coordenação Geral: Maria de Lourdes Barreto Carneiro Revisão: Professores Maria de Lourdes Barreto Carneiro - Português Marco Sbicego - Italiano Projeto Gráfico: Renato Araújo Fábio Coelho Diagramação: Amanda Bruno Mateus Portugal Jorge Capa: Raquel França Textos: Alunos, Ex-alunos, Pais, Professores, Diretores, Funcionários da Fundação Torino. Amigos, Colaboradores-Simpatizantes do Projeto. Equipe Carpe Diem: Alunos Amanda Bruno Jéssica Ballesteros Laura Rende Raquel França Ricardo Guimarães Mateus Portugal Agradecimentos a: Annie Oviedo, Daniel Nunes, Alexandre Fonseca, Sandra Cavalcante, Giuseppe Ferraro, Alessio Gava, Marco Sbicego, Anna Motta, Daniela Mendes, Luciano Sepulveda, Jaime Quintão, Cláudio Dias e José Walter Albinati, Teuda Bara, Gina, Guiomar de Grammont, Horácio e demais pessoas que, indiretamente, colaboraram para a conclusão deste projeto. Gráfica: Pampulha Editora Gráfica - (31) 3468-3969 Rua Taquaril, 660 - Saudade, Belo Horizonte - Minas Gerais Tiragem: 2000 exemplares Carpe Diem - Revista Cultural é uma publicação da Escola Internacional Fundação Torino, produzida pelos alunos. Distribuição Gratuita. Laboratório de Produção e Recepção de Textos Rua Jornalista Djalma Andrade, 1.300 Piemonte - Nova Lima - MG - BRASIL tel: (31) 3289-4200 www.fundacaotorino.com.br E-Mail: carpediem@fundacaotorino.com.br Acordei bemol Tudo estava sustenido Sol fazia, só não fazia sentido. Paulo Leminski

Presidente: Raffaele Peano Cônsul da Itália: Bryan Bolasco Diretor Didático - Parte Italiana: Umberto Casarotti Diretora Didática - Parte Brasileira: Daniela Mendes

“Carpe diem, quam minimum, credula postero” Horácio


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