6 minute read

violências na scola

Next Article
ninguém m r c

ninguém m r c

violências

na escola

Advertisement

Por Sheila Costa

O ponto de partida para esta matéria foi uma observação em sala de aula, quando percebi que a maioria dos meus alunos LGBTIQ, que chegaram ao ensino médio não liam nem os livros solicitados para vestibular, sob a alegação de não gostarem de ler.

Preparei um “Kit Gay” com livros de literatura LGBT (da editora Malagueta e Editora Metanoia) e apresentei a algumas alunas e alunos, de imediato a repulsa pelo livro foi enorme, insisti para que lessem até a página três e se não gostassem poderiam me devolver.

Observei-os lendo e o sorriso abrindo enquanto viam naquelas páginas personagens que pareciam-se com eles. A maior recompensa foi ver o contrabando de livros nos corredores da escola. Eles liam e socializavam os livros e as histórias. Foi a primeira vez que não me devolveram livros emprestados e eu fiquei extremamente feliz, ora ou outra um me avisa do paradeiro de algum título.

As observações partiram para o ensino fundamental e percebi que os LGBTs diminuíam a cada ano e principalmente quando saiam do fundamental para o médio e me assustei quando vi apenas uma meia duzia na formatura do ensino médio. Procurei por dados estatisticos e encontrei diversos estudos que comprovavam as minhas observações.

A Lgbtfobia contribui e muito para a evasão escolar dos jovens LGBTs do espaço escolar, as violências contribuem para que eles desenvolvam uma total aversão ao estudo e esse ambiente hostil.

O primeiro ambiente que deveria acolher os jovens LGBTs seria o lar e depois a escola. A familia nem sempre acolhe e a próxima esperança dos jovens também é cheia de falhas.

O ambinete escolar pode ser extremamente cruel com os lgbts, discriminação, bullying, indiferenças por parte do corpo gestor, diminuição das suas dores aos olhos dos adultos e silenciamento perante as maldades que esses jovens sofrem.

As violências homofóbicas, lesbifóbicas ou transfóbicas atingem estudantes que são declaradamente assumidos ou àqueles que aparentem ser lgbt, de acordo com estereótipos de gênero, e essa violência é reforçada pela invisibilidade dessa parcela, e a certeza da impunidade aos agressores reforçam essas violências.

As diversas expressões de gênero que fujam à heteronormatividade também são alvo de violências físicas, verbais ou psicológicas. A escola apresenta inúmeros locais para a prática dessas violências (sala de aula vazias, banheiros, pátio, número inferior ao necessário de funcionários, que comprometem o andamento das atividades escolares) e que nem sempre são longe da presença de um adulto.

Em entrevista com 589 LGBTs de idade entre 18 a 70 anos (enquete realizada on line e presencial entre maio e agosto de 2018) e profissionais da área da educação em São Paulo, capital, chegamos a números alarmantes:

che gam 10% ao ensino mé dio concluem 3% o ensino mé dio

90% dos transse xuais concluem o ensino fun damental na idade apro pria da não

Após coletar estes dados entrevistamos mais 22 mulheres e homens trans, que participam do programa Transcidadania da prefeitura municipal de São Paulo (implantado em 2015) na unidade da zona leste Laura Vermont. A pergunta principal foi:

Você sofreu discriminação pelos seus colegas de escola na infância ?

não so freram 25% discriminação

so freram 75% discriminação

Entre os que iniciaram o processo de transição durante a vida escolar regular:

“Comigo não mexiam, não, pois eu sempre fui brava e ninguém se metia comigo! Já partia pra porrada.” Nicole Domingos

Voce sofreu Discriminação pela gestão/coordenação escolar ?

20% não so freram discriminação (não passaram pela transição na vida escolar regular, pois pararam de estudar quando iniciaram o processo).

80% Sofreram al gum de discriminação ti po

As discriminações relatadas foram de diversas formas, desde uma reclamação de agressão física de um colega e a coordenação não fazer nada e ainda mandar o aluno de volta para a sala sem tomar providencias com o agressor a casos de professores que expuseram os LGBTs para a turma salientando e inferiorizando sua orientação sexual aos demais colegas de

classe. Na vida adulta quando retornaram aos estudos, com apoio do programa Transcidadania, a maior resistências dos docentes foi quanto a utilizarem o nome social dos alunos e alunas em sala. Mesmo com o decreto 8727/16 alguns profissionais recusam-se a tratar os discentes pelo gênero que se identificam.

A leitur

A leitura é encarada pela maioria como algo necessário e lêem somente o básico, para alguns a leitura representa uma volta ao ambiente escolar cheio de discriminação, bullying dos colegas de classe, dos professores e grupo gestor.

Armando, homem trans, 26 anos era excluído das atividades escolares, pela professora na terceira série primária. Ele ficou 3 anos afastado da escola e seu primeiro retorno aos 12 anos foi bem dificil, devido ao histórico de vida escolar recheado de discriminações por parte da professora e ele não conseguia tirar dúvidas das atividades, por medo de sofrer represárias e mais uma vez abandonou os estudos. “ Eu não gosto muito de ler, preciso treinar a leitura e sempre que possível eu leio os textos na escola (cursa o “ Apesar das pessoas me verem diferente não em tratavam com discriminação. Na sexta série quando assumi minha 9ºano com apoio do programa sexualidade e iniciei o processo de transcidadania) pois sei que será útil transição fui expulsa de casa, entrei na vida profissional, já passei por para o mundo da prostituição e a dificuldades em uma entrevista de escola não fazia mais parte do meu empregos, por não conseguir ler em novo universo” público.” – Marinara Azevedo, - Armando 40 anos voltou a estudar com o programa Transcidadania. “ Saí da escola na sétima série, sem apoio da familia para continuar os estudos e por começar a trabalhar na noite. A maior violência que sofri foi por ser negra e após a transição alguns professores “ Na escola a maior violência que sofri foi a não utilização do meu nome social. (na adolescência a professora não respeitavam meu nome social na anunciou para a sala toda que eu lista. Após algumas conversas com a era gay, antes mesmo de eu saber a direção escolar a violência foi resolvida. minha sexualidade”. – Andreia - Paula Soares

“Em 2011, ainda no ensino médio, eu e um ex namorado sofremos homofobia dentro da escola. Um grupo de garotos sentiu-se ofendido e altamente incomodados por nos cumprimentarmos e nos despedir com um selinho no horário de entrada e volta do intervalo, como todos os casais heterossexuais da unidade escolar. Esse grupo foi até a gestão e avisou à direção se caso não parássemos eles iriam nos bater. A direção tomou providências: chamou nossos responsáveis e comunicou-lhes da “nossa promiscuidade” e que para manter a nossa integridade física deveríamos não dar motivos para a violência.

Ainda não contentes com a fala me fez assinar um documento interno onde me comprometia em não incitar o grupo à violência. -

Roberto S. - Homem cis gay

Transcrição do texto da advertência:

Nesta data compareceu a U.E a mãe do aluno a fim de esclarecer uma conversa entre o aluno e o diretor da U.E, após um diálogo concordou-se que todo o mal-entendido fora resolvido.

O aluno se compromete a cuidar de suas atitudes a fim de evitar qualquer tipo de confronto.

(01/07/2011)

voce sabia ?

This article is from: