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ninguém m r c
ninguém merece
Texto e Arte por Simone Almeida
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São falas comuns vindas de alguns homens que desconhecem nossa realidade, e também de mulheres (continuo pasma): “Vocês agüentam a menstruação, então agüentam qualquer coisa”, ”Vocês sangram e não morrem”.
São comentários reproduzidos à exaustão reforçando o imaginário social de que as mulheres são e que devem ser resistentes quanto à dor física ou psicológica em qualquer momento. Mulheres não são mais resistentes à dor por serem mulheres (no sentido biológico) o que acontece é que no perío do menstrual estão mais sensíveis devido às variações hormonais, o que nã o ocorre nos homens (no sentido biológico). Portanto, mulheres não “Merecem sofrer física ou emocionalmente porque estão habituadas”, e uma amiga até desabafou, ”Deus não é mulher, se fosse não herdaríamos os perrengues da menstruação”, se referido aos incômodos do período, e ressalto que cada corpo é um universo.
Há uma parcela de mulheres que “sangram” mentalmente, e por vezes, de maneira inconsciente e em silêncio sofrem com essas falas constantes: “ Isso é coisa da sua cabeça”, “Deixa de frescura porque só foi uma brincadeira“, “Você tá doida ,nem sei do que tá falando”. Pois é, as mulheres são a maioria das vítimas da prática do abuso emocional conhecido como GASLIGHTING, o termo originou-se do filme Gaslight (1944) ,onde um marido de início gentil torna-se frio e manipulador ao tentar levar a sua esposa à insanidade para apoderar-se de sua fortuna e como forma de simular essa loucura ele utiliza as luzes à gás da residência. Essa prática abusiva psicológica pode vir de parentes próximos, conhecidos do ambiente de trabalho, namorado(a). Uma pessoa manipula a outra de maneira constante fazendo-a acreditar que está equivocada quando na realidade não está. Há vítimas que chegam a justificar o comportamento do abusador ou abusadora para si e para os outros. A intenção de quem pratica o GASLIGHTING é favorecer-se de algum modo à custa do desrespeito ao outro, são pessoas inseguras que querem engrandecer-se diminuindo o outro. Para existir uma rede de apoio é fundamental que a vítima não se isole e converse com amigos, professores e familiares CONFIÁVEIS, pois alguns não querem ajudar querem fofocar.
Felizmente ,também há auxílio na Lei 11340 , de 7 de Agosto de 2006 publicada no Diário Oficial da União , Seção 1 ,de 8 de agosto de 2006 , p. 1. Artigos 2º e 3 º da Lei Maria da Penha Art. 2 Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, 15
sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
Art. 3. Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Em tempo, atenção para os termos machistas nas relações que podem passar despercebidos.
Manterru ptin g: termo junção das palavras em inglês man (man) e interrupting (interrupção) quando o homem interrompe a fala da mulher não permitindo que ela conclua a ideia. Vale lembrar Manuela D’Ávila no programa Roda Viva em 25/06/2018 onde ela fora interrompida várias vezes e pergunta , “Eu queria retomar à palavra como entrevistada se permitirem , pode ser ?” .
Mans plainin g: termo junção das palavras em inglês man (homem) e explain (explicar) quando o homem explica algo óbvio para a mulher, essa atitude é desmerecer o conhecimento da mulher.
Bro priatin g: junção gíria em inglês bro (brother) de “cara” e appropriating (apropriação) geralmente, ocorre em reuniões de trabalho e é quando o homem apropria-se da idéia já apresentada por uma mulher, temos aqui o preconceito de gênero.
Em tempos de ódio é difícil saber quem realmente se importa contigo, mas verdadeiras companheiras e companheiros de caminhada aliados às leis vigentes podem ser uma das maneiras de interromper e prevenir “sangue” psicológico ou não.
Ainda há tempo.
