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a arte tem gênero ?

Por Sheila Costa Arte Patricia Riska

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A violência apresenta-se sob as mais variadas formas. Ainda não consigo entender o porque das pessoas criticarem o artista e sua obra, caso ela/ele retrate uma realidade que não seja a sua, mas seja empático a ela e capte sua essência em estado bruto.

A partir de várias inquietações, conversei com alguns artistas e os relatos de represálias foram muitos, o que mais me chamou a atenção foram as agressões verbais que sofreu a grafiteira Patrícia Rizka, por conta de retratar duas telas e um mural cenas de carinho entre pares homossexuais,

negros e uma portadora de mobilidade reduzida.

Como nos tornamos críticos de arte?

As orientações generificadas das práticas artísticas se situa nas socializações de gênero; desde a infância associando a delicadeza, às cenas domésticas heterossexuais, a maternidade, cenas infantis e qualquer outra associada às práticas femininas como naturais de serem reproduzidas pelas artistas. Neste raciocínio descarta-se práticas masculinas da arte elaborada por mulheres. Todas as atividades fora do meio doméstico, seja retratação ou utilização do meio é considerado inadequada à arte feminina, e ainda dentro deste senso comum a arte do grafite seria uma arte masculina e logo

a grafiteira em questão já estaria fora do mundo estipulado a ela, a sua transgressão já está na profissão. O feminino é comumente inferiorizado no meio social e artístico, e quando uma artista mulher, grafiteira retrata casais homoafetivos em sua arte, ela sofre violências e críticas negativas sobre essas representações. Na escala de discriminação a artista, considerada inferior pelo senso comum, retratou uma outra parcela de gênero considerada inferior à sua. Ela só não poderia imaginar de onde também viriam as críticas. Outros artistas, grafiteiros, masculinos e femininos, criticaram seu trabalho. Os LGBTs também questionaram a legitimidade da arte, já que a Patricia Rizka não se posiciona quanto a sua sexualidade, mas te pergunto caro leitor: A sexualidade do artista realmente é importante para legitimar a sua arte como boa ou ruim ? O produto de sua arte e o impacto que ela causa na sociedade seria inferior

pois o artista não retratou sua realidade de vida? Quando foi que nos tornamos críticos de arte ? Ou a meu ver inquisidores artísticos: julgando arte melhor ou arte pior, boa ou degenerada (termo nazifascista utilizado no III reich para inferiorizar a arte judaica). Os estereótipos de gênero, questões de gênero, simplesmente a palavra gênero, causam tanto medo e ojeriza nas pessoas e automaticamente desencadeiam as violências à homens, mulheres e todos as vertentes da homossexualidade. O medo gerado em torno desta palavra tomou proporções gigantesca de ignorância sobre tudo que o envolve, como se alguém pudesse moldar a identidade de gênero de alguém. O maior medo é que alguém ensine seu filho ou crianças consideradas meninos, portanto no 11

senso comum consideradas superiores, a serem gays e efeminados, considerados inferiores à mulher. O medo da palavra gênero em tudo é por medo de um homem se inferiorizar e “querer” ser mulher. O que mais nos espantou sobre as telas e o mural da artista foram os comentários feitos por parte do público LGBT. Somos silenciados, esmagados pela mídia, massacrados pela política e ainda estamos nos agredindo.

O ser humano é incapaz de viver sem a arte, independente de sua utilidade, seja ela funcional, mista, econômica ou contemplativa. Sempre questionamos a visibilidade da arte das mulheres e como somos anuladas no meio acadêmico artísticos, e 12 porque repetimos essa violência contra uma mulher ? Muito já li sobre expressões de ordem em diversos tipos de manifestações, pra mim, REVOLUÇÃO É NASCER MUL

HER E CONTINUAR VIVA!

Patrícia Rizka, 32 anos, mãe, cresceu em um ambiente artísticos tímido, aos 16 anos entrou em um curso de desenho e foi conquistada pelo grafite.

Seus trabalhos apresentam-se em paineis coletivos e solos, atualmente desenvolve oficinas de desenho e grafite pelo projeto Hip Hop Neon (segunda edição do Fomento à Periferia da cidade de São Paulo) e administra um sebo online.

INSTAGRAM - Rizka (@ari2ka

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